1. Citoesqueleto
Quando se diz que o hialoplasma é um fluido viscoso, fica-
se com a impressão de que a célula animal tem uma
consistência amolecida e que se deforma a todo o
momento. Não é assim. Um
verdadeiro “esqueleto” formado por vários tipos de fibras
de proteínas cruza a célula em diversas direções, dando-lhe
consistência e firmeza. Essa “armação” é importante se
lembrarmos que a célula animal é desprovida de uma
membrana rígida, como acontece com a membrana
celulósica dos vegetais. Entre as fibras
protéicas componentes desse “citoesqueleto” podem ser
citados osmicrofilamentos de actina, os microtúbulos e
os filamentos intermediários.
Os microfilamentos são os mais abundantes, constituídos
da proteína contráctil actina e encontrados em todas as
células eucarióticas. São extremamente finos e flexíveis,
chegando a ter 3 a 6 nm (nanômetros)
de diâmetro, cruzando a célula em
diferentes direções , embora
concentram-se em maior número na
periferia, logo abaixo da membrana
plasmática. Muitos movimentos
executados por células animais e
vegetais são possíveis graças aos
microfilamentos de actina.
Os microtúbulos, por sua vez, são
filamentos mais grossos, de cerca de 20
a 25 nm de diâmetro, quefuncionam como
verdadeiros andaimes de todas as células
eucarióticas. São, como o nome diz, tubulares,
rígidos e constituídos por moléculas de
proteínas conhecidas como tubulinas,
dispostas helicoidalmente, formando um
cilindro. Um exemplo, desse tipo de filamento é
o que organiza o chamado fuso de divisão
celular. Nesse caso, inúmeros microtúbulos se
originam e irradiam a partir de uma região da
célula conhecida como centrossomo (ou centro
celular) e desempenham papel extremamente
importante na movimentação dos cromossomos durante a divisão de uma célula.
Outro papel atribuído aos microtúbulos é o de servir como
verdadeiras “esteiras” rolantes que permitem o deslocamento
de substâncias, de vesículas e de organóides como as
mitocôndrias e cloroplastos pelo interior da célula. Isso é
possível a partir da associação de proteínas motoras com os
microtúbulos.
Essas proteínas motoras ligam-se de um lado, aos
microtúbulos e, do outro, à substância ou organóide que será
transportado, promovendo o seu deslocamento.
Por exemplo, ao longo do axônio (prolongamento) de um
neurônio, as proteínas motoras conduzem, ao longo da
“esteira” formada pelos microtúbulos, diversas substâncias
para as terminações do axônio e que terão importante
participação no funcionamento da célula nervosa.
2. Filamentos intermediários
Os filamentos intermediários são assim chamados por terem um diâmetro intermediário – cerca de 10 nm – em relação aos
outros dois tipos de filamentos protéicos.
Nas células que revestem a camada mais externa da pele
existe grande quantidade de um tipo de filamento
intermediário chamado queratina. Um dos papeis desse
filamento é impedir que as células desse tecido se separem
ou rompam ao serem submetidas, por exemplo, a um
estiramento.
Além de estarem espalhadas pelo interior das células,
armando-as, moléculas de queratina promovem uma
“amarração” entre elas em determinados pontos, o que
garante a estabilidade do tecido no caso da ação de algum
agente externo que tente separá-las. Esse papel é parecido
ao das barras de ferro que são utilizadas na construção de
uma coluna de concreto. Outras células possuem apreciável quantidade de outros filamentos intermediários. É o caso das
componentes dos tecidos conjuntivos e dos neurofilamentos encontrados no interior das células nervosas.
Resumo
3. Os centríolos
Os centríolos são organelas NÃO envolvidas por
membrana e que participam do progresso de divisão
celular. Nas células de fungos complexos, plantas
superiores (gimnospermas e angiospermas) e
nematóides não existem centríolos. Eles estão
presentes na maioria das células de animas, algas e
vegetais inferiores como as briófitas (musgos) e
pteridófitas (samambaias). Estruturalmente, são
constituídos por um total de nove trios de
microtúbulos protéicos, que se organizam em
cilindro. São autoduplicáveis no período que
precede a divisão celular, migrando, logo a seguir,
para os pólos opostos da célula. Uma das
providências que a fábrica celular precisa tomar é a
construção de novas fábricas, isto é, a sua
multiplicação. Isso envolve uma elaboração prévia de
uma serie de “andaimes” protéicos, o chamado fuso
de divisão, formado por inúmeros filamentos de
microtúbulos. Embora esses microtúbulos não sejam
originados dos centríolos e sim de uma região da
célula conhecido como centrossomo, é comum a
participação deles no processo de divisão de uma
célula animal. Já em células de vegetais superiores,
como não existem centríolos, sua multiplicação se
processa sem eles.
Os Cílios e Flagelos
São estruturas móveis, encontradas externamente em
células de diversos seres vivos. Os cílios são
curtos e podem ser relacionados à locomoção e a
remoção de impurezas. Nas células que revestem a
traquéia humana, por exemplo, os batimentos ciliares
empurram impurezas provenientes do ar inspirado,
trabalho facilitado pela mistura com o muco que,
produzido pelas células da traquéia, lubrifica e
protege a traquéia. Em alguns protozoários, por
exemplo, o paramécio, os cílios são utilizados para a
locomoção. Os flagelos são longos e também se
relacionam a locomoção de certas células, como a
de alguns protozoários (por exemplo, o tripanosssomo
causador da doença de Chagas) e a do
espermatozóide.Em alguns organismos pluricelulares,
por exemplo, nas esponjas, o batimento flagelar cria
correntes de água que percorrem canais e cavidades
internas, trazendo, por exemplo, partículas de
alimento.
Estruturalmente, cílios e flagelos são idênticos.
Ambos são cilíndricos, exteriores as células e cobertos por membrana
plasmática. Internamente, cada cílio ou flagelo é constituído por um
conjunto de nove pares de microtúbulos periféricos de tubulina,
circundando um par de microtúbulos centrais. É a chamada estrutura 9 +
2. Tanto os cílios como flagelos são originados por uma região
organizadora no interior da célula, conhecida como corpúsculo basal. Em
cada corpúsculo basal há um conjunto de nove trios de microtúbulos (ao
invés de duplas, como nos cílios e flagelos), dispostos em círculo. Nesse
sentido, a estrutura do corpúsculo basal é semelhante à de um centríolo.
4. Mitocôndrias
Estrutura e função das mitocôndrias
As mitocôndrias estão imersas no citosol, entre as diversas bolsas e filamentos que preenchem o citoplasma das células
eucariontes. Elas são verdadeiras “casas de força” das células, pois produzem energia para todas as atividades celulares.
As mitocôndrias foram descobertas em meados do século XIX, e, durante décadas, sua existência foi questionada por alguns
citologistas. Somente em 1890 foi demonstrada, de modo incontestável, a presença de mitocôndrias no citoplasma celular. O
termo “mitocôndria” (do grego, mitos, fio, e condros, cartilagem) surgiu em 1898, possivelmente como referência ao aspecto
filamentoso e homogêneo (cartilaginoso) dessas organelas em alguns tipos de células, quando observadas ao microscópio
óptico.
As mitocôndrias, cujo número varia de dezenas até centenas, dependendo do tipo de célula, estão presentes
praticamente em todos os seres eucariontes, sejam animais, plantas, algas, fungos ou protozoários.
Estrutura interna das mitocôndrias
As mitocôndrias são delimitadas por duas membranas
lipoprotéicas semelhantes às demais membranas celulares.
Enquanto a membrana externa é lisa, a membrana interna
possui inúmeras pregas – as cristas mitocondriais – que se
projetam para o interior da organela. A cavidade interna das
mitocôndrias é preenchida por um fluido denominado matriz
mitocondrial, onde estão presentes diversas enzimas,
além de DNA e RNA e pequenos ribossomos e
substâncias necessárias à fabricação de determinadas
proteínas.
A respiração celular
No interior das mitocôndrias ocorre a respiração celular,
processo em que moléculas orgânicas de alimento reagem
com gás oxigênio (O2), transformando-se em gás carbônico
(CO2) e água (H2O) e liberando energia.
C6H12O6 + O2 -> 6 CO2 + 6 H2O + energia
A energia liberada na respiração celular é armazenada em uma substância chamada ATP (adenosina trifosfato), que se
difunde para todas as regiões da célula, fornecendo energia para as mais diversas atividades celulares. O processo de
respiração celular será melhor explicado na seção de Metabolismo energético.
A origem das mitocôndrias
Toda mitocôndria surge da reprodução de uma outra mitocôndria. Quando a célula vai se dividir, suas mitocôndrias se
separam em dois grupos mais ou menos equivalentes, que se posicionam em cada um dos lados do citoplasma.
5. As mitocôndrias do espermatozóide penetram no óvulo
Ao final da divisão cada um dos grupos fica em uma célula-filha.
durante a fecundação e degeneram-se logo em
Posteriormente, no decorrer do crescimento das células, as
seguida, portanto, as mitocôndrias presentes na célula-
mitocôndrias se duplicam e crescem, restabelecendo o número
ovo são originárias exclusivamente da mãe. As
mitocôndrias ovulares, que se multiplicam sempre que
a célula se reproduz, são as ancestrais de todas, as
mitocôndrias presentes em nossas células.
Muitos cientistas estão convencidos de que as
mitocôndrias são descendentes de seres procariontes
primitivos que um dia se instalaram no citoplasma das
primeiras células eucariontes. Existem evidências que
apóiam essa hipótese, tais como o fato de as
mitocôndrias apresentarem material genético mais
parecido com a das bactérias do que com a das células
original. eucariontes em que se encontram.
O mesmo ocorre com relação a maquinaria para a síntese de proteínas: os ribossomos mitocondriais são muito semelhantes
aos das bactérias e bem diferentes dos ribossomos presentes no citoplasma das células eucariontes.
Plastos
Classificação e estrutura dos plastos
Plastos são orgânulos citoplasmáticos encontrados nas células de plantas e de algas. Sua forma e tamanho variam conforme
o tipo de organismo. Em algumas algas, cada célula possui um ou poucos plastos, de grande tamanho e formas
características. Já em outras algas e nas plantas em geral, os plastos são menores e estão presentes em grande número por
célula. Os plastos podem ser separados em duas categorias:
cromoplastos (do grego chromos, cor), que apresentam pigmentos em seu interior. O cromoplasto mais freqüente
nas plantas é o cloroplasto, cujo principal componente é a clorofila, de cor verde. Há também plastos vermelhos,
os eritroplastos (do grego eritros, vermelho), que se desenvolvem, por exemplo, em frutos maduros de tomate.
leucoplastos (do grego leukos, branco), que não contêm pigmentos.
Cloroplastos
Os cloroplastos são orgânulos citoplasmáticos discóides que se assemelham a uma lente biconvexa com cerca de 10
micrometros de diâmetro. Eles apresentam duas membranas envolventes e inúmeras membranas internas, que formam
pequenas bolsas discoidais e achatadas, os tilacóides (do gregothylakos, bolsa).
Os tilacóides se organizam uns sobre os outros, formando estruturas cilíndricas que lembram pilhas de moedas. Cada pilha é
um granum, que significa grão, em latim (no plural, grana).
6. O espaço interno do cloroplasto é preenchido por um fluido viscoso denominado estroma, que corresponde à matriz das
mitocôndrias, e contém, como estas, DNA, enzimas e ribossomos.As moléculas de clorofila ficam dispostas organizadamente
nas membranas dos tilacóides, de modo a captarem a luz solar com a máxima eficiência.
Funções do cloroplasto
Se as mitocôndrias são as centrais energéticas das células, os cloroplastos são as centrais energéticas da própria vida. Eles
produzem moléculas orgânicas, principalmente glicose, que servem de combustível para as mitocôndrias de todos os
organismos que se alimentam, direta ou indiretamente, das plantas. Os cloroplastos produzem substâncias orgânicas
através do processo de fotossíntese. Nesse processo, a energia luminosa é transformada em energia química, que fica
armazenada nas moléculas das substâncias orgânicas fabricadas. As matérias-primas empregadas na produção dessas
substâncias são, simplesmente, gás carbônico e água. Durante a fotossíntese, os cloroplastos também produzem e
liberam gás oxigênio (O2), necessário à respiração tanto de animais quanto de plantas. Os cientistas acreditam que
praticamente todo o gás oxigênio que existe hoje na atmosfera terrestre tenha se originado através da fotossíntese.
Como surgem os plastos
Os plastos surgem, basicamente, a partir de estruturas
citoplasmáticas denominadas proplastos, pequenas
bolsas esféricas, com cerca de 0,2 micrometros de
diâmetro, delimitadas por duas membranas. No interior
dos proplastos existem DNA, enzimas e ribossomos,
mas não há tilacóides nem clorofila. Os proplastos são
capazes de se dividir e são herdados de geração em
geração celular, transmitindo-se de pais para filhos pelos
gametas.
Origem dos cloroplastos
Nas células vegetais que ficam expostas à luz, como as
das folhas, por exemplo, os proplastos crescem e se
transformam em cloroplastos. A necessidade de luz para
a sua formação explica porque não existem cloroplastos
nas células das partes não iluminadas das plantas,
como as das raízes ou as das partes internas dos
caules. Se deixarmos uma semente germinar no escuro,
as folhas da planta recém nascida serão amareladas, e
em suas células não serão encontrados cloroplastos
maduros, mas sim estioplasto.
7. Cloroplasto e Estioplasto
Amiloplastos ou grãos de amido
Em certas situações, os cloroplastos ou os leucoplastos podem acumular grandes quantidades de amido, um polissacarídeo
sintetizado a partir da glicose. O amido pode ocupar totalmente o interior da organela, que se transforma em uma estrutura
conhecida como amiloplasto ou grão de amido. Os amiloplastos são grandes reservatórios de amido, que em momentos de
necessidade (se faltar glicose) pode se reconvertida em glicose e utilizado.
Amiloplasto
A capacidade de multiplicação dos plastos e suas semelhanças bioquímicas com os seres procariontes atuais sugerem que
essas organelas tiveram como ancestrais bactérias fotossintetizantes primitivas, que há centenas de milhões de anos
estabeleceram uma relação de cooperação com células eucariontes. No decorrer do processo evolutivo, a dependência entre
os dois tipos de organismos teria se tornado tão grande que as bactérias fotossintetizantes e a célula eucarionte hospedeira
perderam a capacidade de viver isoladamente.