SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 5
Baixar para ler offline
Cap´
   ıtulo 1

O Ensemble Canˆnico
              o

No cap´ıtulo anterior discutimos a abordagem estat´   ıstica de sistemas que est˜o isolados, no con-
                                                                                  a
texto do ensemble canˆnico. Embora tenhamos condi¸˜es de resolver um n´mero grande de
                        o                                   co                       u
problemas com estas caracter´  ısticas, o ensemble microcanˆnico tem uma utilidade mais te´rica
                                                               o                                 o
do que pr´tica. A raz˜o ´ simples: os sistemas em condi¸˜es de laborat´rio n˜o est˜o isolados.
          a            a e                                   co                o    a      a
Colocamos nossas amostras em contato t´rmico com fornos e criostatos, o reservat´rio em que
                                            e                                              o
estas est˜o confinadas s˜o comprimidos e expandidos, trocamos part´
         a                a                                                 ıculas com reservat´rios,
                                                                                                 o
etc. Assim, precisamos achar uma forma de estudar do ponto de vista estat´       ıstico sistemas aber-
tos, ou seja, que n˜o est˜o isolados. Isto ser´ feito neste cap´
                   a     a                    a                  ıtulo atrav´s do chamado ensemble
                                                                             e
canˆnico.
    o


1.1      Defini¸˜o estat´
              ca       ıstica
O ensemble canˆnico ´ usado na descri¸˜o de um sistema que n˜o est´ isolado, e sim em contato
               o     e               ca                       a   a
t´rmico com um reservat´rio de calor (ou reservat´rio t´rmico). Assim, este sistema tem o
 e                        o                          o    e
n´mero de part´
 u             ıculas N fixo, j´ que suas paredes s˜o imperme´veis, e V fixo, pois suas paredes
                              a                    a          a
s˜o fixas. Por fim, como as paredes que cercam o sistema em estudo s˜o diat´rmicas, o sistema
 a                                                                   a      e
pode trocar calor com o reservat´rio exterior, tal que sua temperatura T ´ fixa e igual a do
                                 o                                         e
reservat´rio. Por conta destas caracter´
        o                               ısticas, o ensemble ´ conhecido na literatura como o
                                                            e
ensemble N V T . Assim, considere um sistema termodinˆmico A, em contato com outro sistema,
                                                       a
muito maior do que A, que chamaremos de reservat´rio A . No formula¸˜o do ensemble canˆnico,
                                                  o                 ca                  o
a pergunta que queremos responder sobre o sistema aberto A ´ a seguinte:
                                                              e
      “No equil´
               ıbrio, qual ´ a probabilidade Pr de encontrarmos o sistema A num particular
                           e
      microestado r de energia Er ?”
   Para responder esta quest˜o, come¸amos analizando o sistema composto A(0) = A + A , na
                             a       c
formula¸˜o microcanˆnica, pois A(0) est´ isolado. Neste caso, a energia total E (0) do sistema
       ca          o                   a
composto ´ constante, ou seja,
          e

                             A(0) = A + A      =⇒     E (0) = Er + E ,                          (1.1)

onde Er ´ a energia do estado r no qual o sistema A se encontra, e E ´ a energia do reservat´rio
        e                                                             e                     o
A . Assim, enquanto A tem energia Er , o reservat´rio A tem uma energia E = E (0) − Er .
                                                     o
Neste caso, o n´mero de estados acess´
               u                      ıveis para o sistema composto ´ dado por
                                                                     e

                                        Ω(0) = Ω(E)Ω (E ) ,                                     (1.2)

                                                  1
2                                                              CAP´                      ˆ
                                                                  ITULO 1. O ENSEMBLE CANONICO

onde o sistema A tem energia entre E e E + δE. Como o postulado da igual probabilidade
                            ıbrio, A(0) pode ser encontrado em qualquer um dos seus estados
a priori afirma que, no equil´
acess´
     ıveis,
                                       P (E) = CΩ(0) (E)                               (1.3)
´ a probabilidade de encontrarmos o sistema A(0) numa configura¸˜o onde A tem energia entre
e                                                             ca
E e E + δE, ou seja,
                               P (E) = CΩ(E)Ω (E (0) − E) .                          (1.4)
Como estamos admitindo que A est´ num particular estado r de energia Er , Ω(E) = 1, tal que
                                a
                                             Pr = CΩ (E (0) − E) .                                               (1.5)
   A constante de proporcionalidade C na equa¸˜o (1.5) pode ser obtida da condi¸˜o de nor-
                                             ca                                ca
maliza¸˜o,
      ca
                                          Pr = 1 ,                                   (1.6)
                                                     r
onde a soma se extende sobre todos os estados acess´   ıveis de A. Se A ´ muito menor do que A ,
                                                                        e
ou seja, A ´ um reservat´rio t´rmico, Er
           e            o     e              E (0) , tal que podemos expandir Ω (E ) na equa¸˜o
                                                                                             ca
(1.5) em torno do valor E = E (0) , ou em termos do seu logaritmo (pois este tem uma varia¸˜oca
mais lenta),
                                              ∂ ln Ω                       1 ∂ 2 ln Ω
       ln Ω (E (0) − Er ) = ln Ω (E (0) ) −                         Er +                            2
                                                                                                   Er + . . .    (1.7)
                                               ∂E        E =E (0)          2 ∂E 2       E =E (0)

Nota que o termo quadr´tico na expans˜o pode ser reescrito como
                      a              a
                         ∂ 2 ln Ω    ∂      ∂ ln Ω            ∂β    1 ∂           1
                                2
                                  =                      =       =                       →0,                     (1.8)
                           ∂E       ∂E       ∂E               ∂E   kB ∂E          T
pois para o reservat´rio A a temperatura T ´ fixa. Assim, em (1.7) teremos
                    o                      e
        ln Ω (E (0) − Er ) = ln Ω (E (0) ) − βEr         =⇒       Ω (E (0) − Er ) = Ω (E (0) )e−βEr ,            (1.9)
onde j´ tomamos β = β, pois o sistema A est´ em equil´
       a                                       a          ıbrio com o reservat´rio A . Como
                                                                              o
Ω (E (0) ´ uma constante que independe do estado r, a equa¸˜o (1.10) pode ser reescrita como
         e                                                 ca
                                                Pr = Ce−βEr ,                                                   (1.10)
onde C pode agora ser calculada usando (1.6),
                                                              1
                                               C=                      .                                        (1.11)
                                                              e−βEr
                                                         r

Com isto,
                                                             e−βEr
                                                 Pr =              ,                                            (1.12)
                                                               Z
onde
                                                Z≡            e−βEr                                             (1.13)
                                                          r

´ a fun¸˜o de parti¸˜o canˆnica1 do sistema. A equa¸˜o (1.12) ´ a distribui¸˜o de pro-
e        ca        ca     o                           ca      e            ca
babilidade canˆnica. O termo e−βEr ´ conhecido como o fator de Boltzmann. Assim, uma
               o                    e
poss´ defini¸˜o para o ensemble canˆnico ´ a que se segue:
     ıvel   ca                    o     e
    1 Esta   terminologia ´ derivada do termo em alem˜o Zustandsumme, o que significa soma sobre estados.
                          e                          a
´                    ˆ
1.2. VALORES MEDIOS NO ENSEMBLE CANONICO                                                                                              3

      “O ensemble canˆnico ´ constitu´ pelo conjunto de microestados {r}, associados `
                       o     e         ıdo                                               a
      distribui¸˜o de probabilidade canˆnica (1.12), acess´
               ca                       o                 ıveis a um sistema A, em contato
      com um reservat´rio t´rmico A a temperatura T .”
                       o    e

   Podemos generalizar o resultado (1.12), calculando a probabilidade P (E) que o sistema A
tenha uma energia no intervalo entre E e E + δE, ou seja2 ,

                                                        P (E) =            Pr ,                                                   (1.14)
                                                                       r

onde r ´ tal que E < Er < E + δE. Mas como todos estes estados tˆm a mesma probabilidade
       e                                                        e
de ocorrˆncia dentro do ensemble,
        e

                                                   P (E) = CΩ(E)e−βE .                                                            (1.15)

Esta fun¸˜o tem um comportamento bem caracter´
        ca                                   ıstico com a energia: enquanto Ω(E) cresce
com E, e−βE decresce rapidamente com E. Assim, P (E) apresenta um m´ximo em torno do
                                                                     a
                    ˜
valor mais prov´vel E.
               a


1.2      Valores m´dios no ensemble canˆnico
                  e                    o
Dada a distribui¸˜o de probabilidade canˆnica, podemos calcular valores m´dios. Assim, se y ´
                ca                      o                                e                  e
uma quantidade que assume o valor yr no estado r do sistema A, o valor m´dio de y ser´ dado
                                                                         e            a
por
                                                                     yr e−βEr
                                                             r
                                                    y=                            .                                               (1.16)
                                                                      e−βEr
                                                                 r

   Podemos ent˜o calcular algumas quantidades m´dias importantes. Comecemos com o valor
               a                               e
m´dio da energia,
 e

                        Er e−βEr
                r                            1                        ∂ −βEr                      1               ∂
     E   =                          =                            −      e             =                      −            e−βEr
                         e   −βEr
                                             e   −βEr
                                                         r
                                                                     ∂β                           e   −βEr       ∂β   r
                    r                   r                                                     r
                1 ∂Z
         = −         ,                                                                                                            (1.17)
                Z ∂β

onde estamos usando a defini¸˜o (1.13) para a fun¸˜o de parti¸˜o canˆnica. Podemos reescrever
                           ca                    ca         ca     o
a equa¸˜o (1.17) como
      ca
                                              ∂ ln Z
                                       E=−           .                                (1.18)
                                                ∂β
   A dispers˜o (ou variˆncia) da energia pode ser facilmente calculada,
            a          a
                                                                                          2
                                            (∆E)2 ≡ (E − E)2 = E 2 − E .                                                          (1.19)
   2 As probabilidades se somam, pois se A est´ num dado microestado i, automaticamente exclu´
                                              a                                              ımos os outros
j microestados contidos no intervalo E e E + δE.
4                                                                        CAP´                      ˆ
                                                                            ITULO 1. O ENSEMBLE CANONICO

Agora,

                  Er e−βEr
                   2
                                                                                                                      2
             r                            1                      ∂ −βEr                         1                 ∂
E2   =                           =                          −      e               Er =                      −                e−βEr
                      e   −βEr
                                          e   −βEr
                                                      r
                                                                ∂β                              e−βEr            ∂β       r
                 r                    r                                                     r
                  2
            1∂ Z
     =             .                                                                                                            (1.20)
            Z ∂β 2

Por outro lado, podemos reescrever esta equa¸˜o em termos de E,
                                            ca
                                                                                   2
                                           ∂     1 ∂Z              1      ∂Z                ∂E   2
                                 E2 =                          +                       =−      +E .                             (1.21)
                                          ∂β     Z ∂β              Z2     ∂β                ∂β

Com isto,
                                                                   ∂E   ∂ 2 ln Z
                                                (∆E)2 = −             =          .                                              (1.22)
                                                                   ∂β     ∂β 2
Nota que (∆E)2              0. Com isto,

                                                 ∂E                           ∂E
                                                           0       =⇒                  0,                                       (1.23)
                                                 ∂β                           ∂T
ou seja, a energia ´ uma fun¸˜o crescente da temperatura T .
                   e         ca
    Outra quantidade m´dia importante ´ a for¸a generalizada. Para defin´
                         e               e     c                           ı-la, suponha que o
sistema seja caracterizado por um unico parˆmetro externo x. Neste caso, considere um processo
                                  ´        a
quase-est´tico no qual o parˆmetro externo muda de x para x + dx. Neste caso, a energia do
          a                  a
sistema no estado r muda de uma quantidade
                                                                        ∂Er
                                                          ∆x Er =           dx .                                                (1.24)
                                                                         ∂x
Assim, o trabalho macrosc´pico dW feito pelo sistema, em fun¸˜o da varia¸˜o do parˆmetro x,
                         o     ¯                            ca          ca        a
´ dado por
e
                                                   ∂Er
                                         e−βEr −         dx
                                       r
                                                    ∂x
                               dW =
                               ¯                                                     (1.25)
                                                e−βEr
                                                                    r

Esta equa¸˜o foi obtida a partir da rela¸˜o entre o trabalho e a for¸a generalizada m´dia
         ca                             ca                          c                 e
conjugada ` x, ou seja,
          a
                                                         ∂Er
                             dW = Xdx =⇒ X ≡ −
                             ¯                               .                      (1.26)
                                                          ∂x
Na equa¸˜o (1.25) podemos mais uma vez introduzir a fun¸˜o de parti¸˜o Z,
       ca                                                ca         ca

                                               ∂Er    1 ∂                                           1 ∂Z
                                     e−βEr         =−                         e−βEr         =−           ,                      (1.27)
                                 r
                                                ∂x    β ∂x                r
                                                                                                    β ∂x

tal que
                                                       1 ∂Z      1 ∂ ln Z
                                              dW =
                                              ¯             dx =          dx .                                                  (1.28)
                                                      βZ ∂x      β ∂x
˜                ˆ
1.3. CONEXAO COM A TERMODINAMICA                                                            5

Comparando com (1.26), podemos escrever a for¸a generalizada m´dia, conjugada com o
                                             c                e
parˆmetro x, como
   a
                                        1 ∂ ln Z
                                   X=            .                            (1.29)
                                        β ∂x
Como exemplo, considere que o parˆmetro externo x ´ o volume V do sistema. Neste caso, o
                                   a                  e
trabalho quase-est´tico macrosc´pico pode ser escrito como
                  a            o
                                                  1 ∂ ln Z
                                  dW = pdV =
                                  ¯                        dV ,                         (1.30)
                                                  β ∂V
tal que a press˜o do sistema pode ser escrita como
               a
                                             1 ∂ ln Z
                                        p=            .                                 (1.31)
                                             β ∂V

1.3     Conex˜o com a termodinˆmica
             a                a
Para obter a equa¸˜o que conecta a formula¸˜o estat´
                 ca                        ca       ıstica canˆnica com a termodinˆmica, par-
                                                              o                   a
timos da defini¸˜o para a fun¸˜o de parti¸˜o canˆnica. Como a energia de um estado r ´ fun¸˜o
              ca            ca          ca      o                                    e    ca
do parˆmetro externo x, Er = Er (x), da defini¸˜o (1.13) para Z, podemos escrever Z = Z(β , x).
      a                                      ca
Com isto, quando submetemos o sistema a um processo quase-est´tico qualquer, Z varia como
                                                                 a
                           ∂ ln Z      ∂ ln Z
                d ln Z =          dx +        dβ = βXdx − Edβ = β¯ − Eβ .
                                                                 dW                     (1.32)
                             ∂x          ∂β

Assim, podemos reescrever esta equa¸˜o em termos de uma varia¸˜o de E, como numa trans-
                                   ca                        ca
forma¸˜o de Legendre,
     ca

      d ln Z = β¯ − d(Eβ) + βdE
                dW                    =⇒     d(ln Z + βE) = β(¯ + dE) = β¯ ,
                                                              dW         dQ             (1.33)

onde usamos a 1a lei da termodinˆmica, dW + dE = dQ, quando associamos a energia m´dia com
                                 a     ¯          ¯                               e
a energia interna do sistema. Como dQ ´ o calor absorvido pelo sistema, podemos relacionar
                                    ¯ e
esta ultima equa¸˜o com a 2a lei da termodinˆmica, ou seja, dS = dQ/T , se considerarmos a
     ´           ca                          a                    ¯
entropia do sistema escrita como
                                    S = kB (ln Z + βE) .                             (1.34)
Esta ´ a defini¸˜o para a entropia termodinˆmica no ensemble canˆnico. Agora, se multiplicarmos
     e        ca                          a                    o
a equa¸˜o de defini¸˜o para S acima pela temperatura T , teremos
       ca          ca

                     T S = kB T ln Z + E     =⇒      E − T S = −kB T ln Z ,             (1.35)

ou
                                      F = −kB T ln Z ,                                  (1.36)
onde F = E − T S ´ a energia livre de Helmholtz do sistema. Esta ´ a equa¸˜o que conecta
                     e                                               e       ca
a formula¸˜o estat´
         ca        ıstica canˆnica, expressa pela fun¸˜o de parti¸˜o Z, com a termodinˆmica
                             o                       ca          ca                   a
contida na energia livre F .

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Aula 2: Experiências com elétrons
Aula 2: Experiências com elétronsAula 2: Experiências com elétrons
Aula 2: Experiências com elétronsAdriano Silva
 
Aula 1 experiências com projetéis e ondas
Aula 1   experiências com projetéis e ondasAula 1   experiências com projetéis e ondas
Aula 1 experiências com projetéis e ondasAdriano Silva
 
Aula 4: Função de onda e Equação de Schrödinger
Aula 4: Função de onda e Equação de SchrödingerAula 4: Função de onda e Equação de Schrödinger
Aula 4: Função de onda e Equação de SchrödingerAdriano Silva
 
QUÍMICA ORGÂNICA TEÓRICA
QUÍMICA ORGÂNICA TEÓRICAQUÍMICA ORGÂNICA TEÓRICA
QUÍMICA ORGÂNICA TEÓRICAautonomo
 
Modelos teóricos para a compreensão da estrutura da matéria
Modelos teóricos para a compreensão da estrutura da matériaModelos teóricos para a compreensão da estrutura da matéria
Modelos teóricos para a compreensão da estrutura da matériaManoel Barrionuevo
 
Exceções da regra do octeto
Exceções da regra do octetoExceções da regra do octeto
Exceções da regra do octetoquimicabare
 
Algebra - Livro texto IV (UNIP/Matemática) 2018
Algebra - Livro texto IV (UNIP/Matemática) 2018Algebra - Livro texto IV (UNIP/Matemática) 2018
Algebra - Livro texto IV (UNIP/Matemática) 2018Antonio Marcos
 
Unidade 03 - Grupos Funcionais e Nomenclatura
Unidade 03 - Grupos Funcionais e NomenclaturaUnidade 03 - Grupos Funcionais e Nomenclatura
Unidade 03 - Grupos Funcionais e NomenclaturaJosé Nunes da Silva Jr.
 
Aula 7: A partícula livre
Aula 7: A partícula livreAula 7: A partícula livre
Aula 7: A partícula livreAdriano Silva
 
Intro teoria dos numeros cap1
Intro teoria dos numeros cap1Intro teoria dos numeros cap1
Intro teoria dos numeros cap1Paulo Martins
 
Aulas 05, 06 e 07 balanceamento das reações de oxidorredução - 2º ano
Aulas 05, 06 e 07   balanceamento das reações de oxidorredução - 2º anoAulas 05, 06 e 07   balanceamento das reações de oxidorredução - 2º ano
Aulas 05, 06 e 07 balanceamento das reações de oxidorredução - 2º anoAlpha Colégio e Vestibulares
 

Mais procurados (19)

Aula 2: Experiências com elétrons
Aula 2: Experiências com elétronsAula 2: Experiências com elétrons
Aula 2: Experiências com elétrons
 
Aula 1 experiências com projetéis e ondas
Aula 1   experiências com projetéis e ondasAula 1   experiências com projetéis e ondas
Aula 1 experiências com projetéis e ondas
 
Semana 10
Semana 10 Semana 10
Semana 10
 
Aula 4: Função de onda e Equação de Schrödinger
Aula 4: Função de onda e Equação de SchrödingerAula 4: Função de onda e Equação de Schrödinger
Aula 4: Função de onda e Equação de Schrödinger
 
Atividade no lab informatica resolução
Atividade no lab informatica resoluçãoAtividade no lab informatica resolução
Atividade no lab informatica resolução
 
QUÍMICA ORGÂNICA TEÓRICA
QUÍMICA ORGÂNICA TEÓRICAQUÍMICA ORGÂNICA TEÓRICA
QUÍMICA ORGÂNICA TEÓRICA
 
Modelos teóricos para a compreensão da estrutura da matéria
Modelos teóricos para a compreensão da estrutura da matériaModelos teóricos para a compreensão da estrutura da matéria
Modelos teóricos para a compreensão da estrutura da matéria
 
Exceções da regra do octeto
Exceções da regra do octetoExceções da regra do octeto
Exceções da regra do octeto
 
Algebra - Livro texto IV (UNIP/Matemática) 2018
Algebra - Livro texto IV (UNIP/Matemática) 2018Algebra - Livro texto IV (UNIP/Matemática) 2018
Algebra - Livro texto IV (UNIP/Matemática) 2018
 
Unidade 03 - Grupos Funcionais e Nomenclatura
Unidade 03 - Grupos Funcionais e NomenclaturaUnidade 03 - Grupos Funcionais e Nomenclatura
Unidade 03 - Grupos Funcionais e Nomenclatura
 
Grupos Funcionais e Nomenclatura
Grupos Funcionais e NomenclaturaGrupos Funcionais e Nomenclatura
Grupos Funcionais e Nomenclatura
 
Aula 7: A partícula livre
Aula 7: A partícula livreAula 7: A partícula livre
Aula 7: A partícula livre
 
Aula6 4x
Aula6 4xAula6 4x
Aula6 4x
 
Pincipio da indução
Pincipio da induçãoPincipio da indução
Pincipio da indução
 
Intro teoria dos numeros cap1
Intro teoria dos numeros cap1Intro teoria dos numeros cap1
Intro teoria dos numeros cap1
 
As regras da cadeia
As regras da cadeiaAs regras da cadeia
As regras da cadeia
 
Maquinas estocasticas
Maquinas estocasticasMaquinas estocasticas
Maquinas estocasticas
 
Unidade 02 - Análise Conformacional
Unidade 02 - Análise ConformacionalUnidade 02 - Análise Conformacional
Unidade 02 - Análise Conformacional
 
Aulas 05, 06 e 07 balanceamento das reações de oxidorredução - 2º ano
Aulas 05, 06 e 07   balanceamento das reações de oxidorredução - 2º anoAulas 05, 06 e 07   balanceamento das reações de oxidorredução - 2º ano
Aulas 05, 06 e 07 balanceamento das reações de oxidorredução - 2º ano
 

Último

Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManuais Formação
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfprofesfrancleite
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)ElliotFerreira
 
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptxAtividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptxDianaSheila2
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...azulassessoria9
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?AnabelaGuerreiro7
 
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos DescritoresATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos DescritoresAnaCarinaKucharski1
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteVanessaCavalcante37
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãIlda Bicacro
 
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptxVARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptxMarlene Cunhada
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxferreirapriscilla84
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números Mary Alvarenga
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Ilda Bicacro
 
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxMapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxBeatrizLittig1
 
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaRotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaronaldojacademico
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdfLeloIurk1
 
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamentalAntônia marta Silvestre da Silva
 
análise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - Dissertaçãoanálise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - DissertaçãoMaiteFerreira4
 

Último (20)

Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
 
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptxAtividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
 
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos DescritoresATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
 
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptxVARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
 
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxMapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
 
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULACINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
 
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaRotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
 
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
 
análise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - Dissertaçãoanálise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - Dissertação
 

Ensemble canônico: descrição estatística de sistemas abertos

  • 1. Cap´ ıtulo 1 O Ensemble Canˆnico o No cap´ıtulo anterior discutimos a abordagem estat´ ıstica de sistemas que est˜o isolados, no con- a texto do ensemble canˆnico. Embora tenhamos condi¸˜es de resolver um n´mero grande de o co u problemas com estas caracter´ ısticas, o ensemble microcanˆnico tem uma utilidade mais te´rica o o do que pr´tica. A raz˜o ´ simples: os sistemas em condi¸˜es de laborat´rio n˜o est˜o isolados. a a e co o a a Colocamos nossas amostras em contato t´rmico com fornos e criostatos, o reservat´rio em que e o estas est˜o confinadas s˜o comprimidos e expandidos, trocamos part´ a a ıculas com reservat´rios, o etc. Assim, precisamos achar uma forma de estudar do ponto de vista estat´ ıstico sistemas aber- tos, ou seja, que n˜o est˜o isolados. Isto ser´ feito neste cap´ a a a ıtulo atrav´s do chamado ensemble e canˆnico. o 1.1 Defini¸˜o estat´ ca ıstica O ensemble canˆnico ´ usado na descri¸˜o de um sistema que n˜o est´ isolado, e sim em contato o e ca a a t´rmico com um reservat´rio de calor (ou reservat´rio t´rmico). Assim, este sistema tem o e o o e n´mero de part´ u ıculas N fixo, j´ que suas paredes s˜o imperme´veis, e V fixo, pois suas paredes a a a s˜o fixas. Por fim, como as paredes que cercam o sistema em estudo s˜o diat´rmicas, o sistema a a e pode trocar calor com o reservat´rio exterior, tal que sua temperatura T ´ fixa e igual a do o e reservat´rio. Por conta destas caracter´ o ısticas, o ensemble ´ conhecido na literatura como o e ensemble N V T . Assim, considere um sistema termodinˆmico A, em contato com outro sistema, a muito maior do que A, que chamaremos de reservat´rio A . No formula¸˜o do ensemble canˆnico, o ca o a pergunta que queremos responder sobre o sistema aberto A ´ a seguinte: e “No equil´ ıbrio, qual ´ a probabilidade Pr de encontrarmos o sistema A num particular e microestado r de energia Er ?” Para responder esta quest˜o, come¸amos analizando o sistema composto A(0) = A + A , na a c formula¸˜o microcanˆnica, pois A(0) est´ isolado. Neste caso, a energia total E (0) do sistema ca o a composto ´ constante, ou seja, e A(0) = A + A =⇒ E (0) = Er + E , (1.1) onde Er ´ a energia do estado r no qual o sistema A se encontra, e E ´ a energia do reservat´rio e e o A . Assim, enquanto A tem energia Er , o reservat´rio A tem uma energia E = E (0) − Er . o Neste caso, o n´mero de estados acess´ u ıveis para o sistema composto ´ dado por e Ω(0) = Ω(E)Ω (E ) , (1.2) 1
  • 2. 2 CAP´ ˆ ITULO 1. O ENSEMBLE CANONICO onde o sistema A tem energia entre E e E + δE. Como o postulado da igual probabilidade ıbrio, A(0) pode ser encontrado em qualquer um dos seus estados a priori afirma que, no equil´ acess´ ıveis, P (E) = CΩ(0) (E) (1.3) ´ a probabilidade de encontrarmos o sistema A(0) numa configura¸˜o onde A tem energia entre e ca E e E + δE, ou seja, P (E) = CΩ(E)Ω (E (0) − E) . (1.4) Como estamos admitindo que A est´ num particular estado r de energia Er , Ω(E) = 1, tal que a Pr = CΩ (E (0) − E) . (1.5) A constante de proporcionalidade C na equa¸˜o (1.5) pode ser obtida da condi¸˜o de nor- ca ca maliza¸˜o, ca Pr = 1 , (1.6) r onde a soma se extende sobre todos os estados acess´ ıveis de A. Se A ´ muito menor do que A , e ou seja, A ´ um reservat´rio t´rmico, Er e o e E (0) , tal que podemos expandir Ω (E ) na equa¸˜o ca (1.5) em torno do valor E = E (0) , ou em termos do seu logaritmo (pois este tem uma varia¸˜oca mais lenta), ∂ ln Ω 1 ∂ 2 ln Ω ln Ω (E (0) − Er ) = ln Ω (E (0) ) − Er + 2 Er + . . . (1.7) ∂E E =E (0) 2 ∂E 2 E =E (0) Nota que o termo quadr´tico na expans˜o pode ser reescrito como a a ∂ 2 ln Ω ∂ ∂ ln Ω ∂β 1 ∂ 1 2 = = = →0, (1.8) ∂E ∂E ∂E ∂E kB ∂E T pois para o reservat´rio A a temperatura T ´ fixa. Assim, em (1.7) teremos o e ln Ω (E (0) − Er ) = ln Ω (E (0) ) − βEr =⇒ Ω (E (0) − Er ) = Ω (E (0) )e−βEr , (1.9) onde j´ tomamos β = β, pois o sistema A est´ em equil´ a a ıbrio com o reservat´rio A . Como o Ω (E (0) ´ uma constante que independe do estado r, a equa¸˜o (1.10) pode ser reescrita como e ca Pr = Ce−βEr , (1.10) onde C pode agora ser calculada usando (1.6), 1 C= . (1.11) e−βEr r Com isto, e−βEr Pr = , (1.12) Z onde Z≡ e−βEr (1.13) r ´ a fun¸˜o de parti¸˜o canˆnica1 do sistema. A equa¸˜o (1.12) ´ a distribui¸˜o de pro- e ca ca o ca e ca babilidade canˆnica. O termo e−βEr ´ conhecido como o fator de Boltzmann. Assim, uma o e poss´ defini¸˜o para o ensemble canˆnico ´ a que se segue: ıvel ca o e 1 Esta terminologia ´ derivada do termo em alem˜o Zustandsumme, o que significa soma sobre estados. e a
  • 3. ´ ˆ 1.2. VALORES MEDIOS NO ENSEMBLE CANONICO 3 “O ensemble canˆnico ´ constitu´ pelo conjunto de microestados {r}, associados ` o e ıdo a distribui¸˜o de probabilidade canˆnica (1.12), acess´ ca o ıveis a um sistema A, em contato com um reservat´rio t´rmico A a temperatura T .” o e Podemos generalizar o resultado (1.12), calculando a probabilidade P (E) que o sistema A tenha uma energia no intervalo entre E e E + δE, ou seja2 , P (E) = Pr , (1.14) r onde r ´ tal que E < Er < E + δE. Mas como todos estes estados tˆm a mesma probabilidade e e de ocorrˆncia dentro do ensemble, e P (E) = CΩ(E)e−βE . (1.15) Esta fun¸˜o tem um comportamento bem caracter´ ca ıstico com a energia: enquanto Ω(E) cresce com E, e−βE decresce rapidamente com E. Assim, P (E) apresenta um m´ximo em torno do a ˜ valor mais prov´vel E. a 1.2 Valores m´dios no ensemble canˆnico e o Dada a distribui¸˜o de probabilidade canˆnica, podemos calcular valores m´dios. Assim, se y ´ ca o e e uma quantidade que assume o valor yr no estado r do sistema A, o valor m´dio de y ser´ dado e a por yr e−βEr r y= . (1.16) e−βEr r Podemos ent˜o calcular algumas quantidades m´dias importantes. Comecemos com o valor a e m´dio da energia, e Er e−βEr r 1 ∂ −βEr 1 ∂ E = = − e = − e−βEr e −βEr e −βEr r ∂β e −βEr ∂β r r r r 1 ∂Z = − , (1.17) Z ∂β onde estamos usando a defini¸˜o (1.13) para a fun¸˜o de parti¸˜o canˆnica. Podemos reescrever ca ca ca o a equa¸˜o (1.17) como ca ∂ ln Z E=− . (1.18) ∂β A dispers˜o (ou variˆncia) da energia pode ser facilmente calculada, a a 2 (∆E)2 ≡ (E − E)2 = E 2 − E . (1.19) 2 As probabilidades se somam, pois se A est´ num dado microestado i, automaticamente exclu´ a ımos os outros j microestados contidos no intervalo E e E + δE.
  • 4. 4 CAP´ ˆ ITULO 1. O ENSEMBLE CANONICO Agora, Er e−βEr 2 2 r 1 ∂ −βEr 1 ∂ E2 = = − e Er = − e−βEr e −βEr e −βEr r ∂β e−βEr ∂β r r r r 2 1∂ Z = . (1.20) Z ∂β 2 Por outro lado, podemos reescrever esta equa¸˜o em termos de E, ca 2 ∂ 1 ∂Z 1 ∂Z ∂E 2 E2 = + =− +E . (1.21) ∂β Z ∂β Z2 ∂β ∂β Com isto, ∂E ∂ 2 ln Z (∆E)2 = − = . (1.22) ∂β ∂β 2 Nota que (∆E)2 0. Com isto, ∂E ∂E 0 =⇒ 0, (1.23) ∂β ∂T ou seja, a energia ´ uma fun¸˜o crescente da temperatura T . e ca Outra quantidade m´dia importante ´ a for¸a generalizada. Para defin´ e e c ı-la, suponha que o sistema seja caracterizado por um unico parˆmetro externo x. Neste caso, considere um processo ´ a quase-est´tico no qual o parˆmetro externo muda de x para x + dx. Neste caso, a energia do a a sistema no estado r muda de uma quantidade ∂Er ∆x Er = dx . (1.24) ∂x Assim, o trabalho macrosc´pico dW feito pelo sistema, em fun¸˜o da varia¸˜o do parˆmetro x, o ¯ ca ca a ´ dado por e ∂Er e−βEr − dx r ∂x dW = ¯ (1.25) e−βEr r Esta equa¸˜o foi obtida a partir da rela¸˜o entre o trabalho e a for¸a generalizada m´dia ca ca c e conjugada ` x, ou seja, a ∂Er dW = Xdx =⇒ X ≡ − ¯ . (1.26) ∂x Na equa¸˜o (1.25) podemos mais uma vez introduzir a fun¸˜o de parti¸˜o Z, ca ca ca ∂Er 1 ∂ 1 ∂Z e−βEr =− e−βEr =− , (1.27) r ∂x β ∂x r β ∂x tal que 1 ∂Z 1 ∂ ln Z dW = ¯ dx = dx . (1.28) βZ ∂x β ∂x
  • 5. ˜ ˆ 1.3. CONEXAO COM A TERMODINAMICA 5 Comparando com (1.26), podemos escrever a for¸a generalizada m´dia, conjugada com o c e parˆmetro x, como a 1 ∂ ln Z X= . (1.29) β ∂x Como exemplo, considere que o parˆmetro externo x ´ o volume V do sistema. Neste caso, o a e trabalho quase-est´tico macrosc´pico pode ser escrito como a o 1 ∂ ln Z dW = pdV = ¯ dV , (1.30) β ∂V tal que a press˜o do sistema pode ser escrita como a 1 ∂ ln Z p= . (1.31) β ∂V 1.3 Conex˜o com a termodinˆmica a a Para obter a equa¸˜o que conecta a formula¸˜o estat´ ca ca ıstica canˆnica com a termodinˆmica, par- o a timos da defini¸˜o para a fun¸˜o de parti¸˜o canˆnica. Como a energia de um estado r ´ fun¸˜o ca ca ca o e ca do parˆmetro externo x, Er = Er (x), da defini¸˜o (1.13) para Z, podemos escrever Z = Z(β , x). a ca Com isto, quando submetemos o sistema a um processo quase-est´tico qualquer, Z varia como a ∂ ln Z ∂ ln Z d ln Z = dx + dβ = βXdx − Edβ = β¯ − Eβ . dW (1.32) ∂x ∂β Assim, podemos reescrever esta equa¸˜o em termos de uma varia¸˜o de E, como numa trans- ca ca forma¸˜o de Legendre, ca d ln Z = β¯ − d(Eβ) + βdE dW =⇒ d(ln Z + βE) = β(¯ + dE) = β¯ , dW dQ (1.33) onde usamos a 1a lei da termodinˆmica, dW + dE = dQ, quando associamos a energia m´dia com a ¯ ¯ e a energia interna do sistema. Como dQ ´ o calor absorvido pelo sistema, podemos relacionar ¯ e esta ultima equa¸˜o com a 2a lei da termodinˆmica, ou seja, dS = dQ/T , se considerarmos a ´ ca a ¯ entropia do sistema escrita como S = kB (ln Z + βE) . (1.34) Esta ´ a defini¸˜o para a entropia termodinˆmica no ensemble canˆnico. Agora, se multiplicarmos e ca a o a equa¸˜o de defini¸˜o para S acima pela temperatura T , teremos ca ca T S = kB T ln Z + E =⇒ E − T S = −kB T ln Z , (1.35) ou F = −kB T ln Z , (1.36) onde F = E − T S ´ a energia livre de Helmholtz do sistema. Esta ´ a equa¸˜o que conecta e e ca a formula¸˜o estat´ ca ıstica canˆnica, expressa pela fun¸˜o de parti¸˜o Z, com a termodinˆmica o ca ca a contida na energia livre F .