O documento resume uma aula sobre a Revolta dos Farrapos no sul do Brasil durante o período regencial. A aula explica o contexto histórico e econômico que levou à revolta, seus principais líderes e eventos, e seus impactos na região e no Brasil. O objetivo é ajudar os alunos a compreenderem as causas e consequências desta importante revolta no sul do país.
2. ● O Período Regencial;
● As revoltas
regenciais;
● A Revolta dos
Farrapos.
● Compreender o contexto histórico
e econômico do Sul do Brasil
antes da Revolta dos Farrapos;
● Identificar as causas e os
principais eventos que marcaram
o desenvolvimento da Revolta
dos Farrapos;
● Analisar os impactos e o legado
da Revolta dos Farrapos, tanto
para a região Sul do país quanto
para o Brasil como um todo.
Conteúdo Objetivos
3. Para começar
Hoje, vamos falar sobre outra revolta que
ocorreu no Período Regencial, na região onde
atualmente fica o Rio Grande do Sul. Mas,
antes de começar a aula, considerando a
questão disparadora a seguir, vire e
converse com seu(sua) colega:
Por que alguns lugares do Brasil têm
características culturais e históricas diferentes
das de outras regiões? Como fatores históricos
e sociais podem contribuir para a formação de
identidades regionais distintas?
Atual brasão do
estado do Rio
Grande do Sul
4. Foco no conteúdo
A Revolta dos Farrapos
Também conhecida como Guerra dos
Farrapos ou Revolução Farroupilha,
foi um importante episódio da História do
Brasil no século XIX. Ocorreu durante o
Período Regencial entre os anos de
1835 e 1845, na província do Rio
Grande do Sul, extremo sul do território
do Império Brasileiro. Essa foi a revolta
mais longa registrada durante o
período monárquico no Brasil.
Representação da Cavalaria
farroupilha em uma batalha.
Guilherme Litran, 1893
5. Foco no conteúdo
O isolamento da região Sul
No contexto colonial que precedeu a vinda da
família real portuguesa para o Brasil, o Sul do
Brasil ficou relativamente isolado por um longo
período. Sem produtos tropicais de interesse
para exploração da metrópole, a região
manteve-se à margem do mercado externo.
Ruínas da missão
jesuítica em São
Miguel, Rio Grande
do Sul
Durante os séculos XVII e XVIII, missões religiosas
jesuíticas se estabeleceram na atual região do Rio Grande
do Sul, tendo catequisado muitos indígenas. No entanto, essas
missões passaram a ser destruídas com a chegada de
bandeirantes, que desejavam escravizar indígenas.
6. Foco no conteúdo
O gado que costumava ser criado na região
das missões passou a ficar solto, e
gradualmente colonos passaram a se
estabelecer na região e reunir o gado que
tinha sido disperso. A pecuária passou a
ser a principal atividade econômica do Sul
da colônia. No século XVIII, as estâncias
Representação de
uma charqueada no
Rio Grande do Sul, de
Jean-Baptiste Debret
do Sul também passaram a abastecer o mercado interno com
mulas, essenciais para o transporte, e com o charque, carne
salgada que era a base alimentar dos escravizados e da parcela
mais pobre da população. Além disso, o surgimento das
charqueadas permitiu o aproveitamento do couro, que passou a
ser exportado.
7. Foco no conteúdo
Disputas nas fronteiras
A região do Rio Grande de São Pedro, atual Rio
Grande do Sul, sempre foi alvo de disputa entre
portugueses e espanhóis, devido à sua
localização fronteiriça. Essa situação levava a
constantes conflitos. Os estancieiros,
charqueadores e exportadores do Sul
Mapa mostrando
a área geográfica
em que ocorreu a
Farroupilha.
começaram a exigir uma política protecionista do governo
regencial, especialmente em relação à produção de charque. Eles
questionavam em relação às baixas taxas alfandegárias
pagas pelo charque argentino e uruguaio, quando o produto
produzido no Sul, além de pagar altos impostos, sofria
taxação até para ser vendido em outras províncias.
8. Foco no conteúdo
A política econômica do governo imperial
brasileiro atendia aos interesses dos proprietários
de escravizados e de terras, especialmente os do
Centro-Sul, que buscavam adquirir carne salgada
para alimentar seus escravizados a preços mais
baixos. No entanto, o governo regencial optou por
manter impostos baixos sobre o charque e outros
produtos vindos da região da bacia do Rio da Prata,
enquanto taxava os produtos sulinos. Além disso, não
tomava medidas para garantir a exportação dos
A bacia do Rio da
Prata se estende
entre as fronteiras
do Brasil, do
Uruguai, do
Paraguai e da
Argentina
produtos do Sul. Essa situação criou um descontentamento
crescente entre os estancieiros, charqueadores e exportadores,
que viam suas atividades econômicas prejudicadas.
9. Foco no conteúdo
“Escuta o que vou lhe dizer, amigo. Nesta província a gente só pode
ter como certo uma coisa: mais cedo ou mais tarde rebenta uma
guerra ou uma revolução. [...] Que é que adianta plantar, criar,
trabalhar como um burro de carga? [...] O castelhano está aí mesmo.
Hoje é Montevidéu. Amanhã, Buenos Aires. E nós aqui no Continente
sempre acabamos entrando na dança.”
VERISSIMO, Erico. Um certo capitão Rodrigo.
10. Foco no conteúdo
O início da Revolta dos Farrapos
Até a vinda da corte portuguesa para o Rio de
Janeiro, a província tinha certa autonomia. Com a
centralização do controle político, começaram os
choques entre o poder local e o governo imperial do
Rio de Janeiro. O descontentamento aumentou
em 1834, quando Antônio Rodrigues
Representação de
um escravizado
conduzindo tropas
no Rio Grande do
Sul
Fernandes Braga foi nomeado presidente da província.
Fernandes Braga criou impostos sobre propriedades
rurais e criou uma organização militarizada para enfrentar os
estancieiros e as companhias de guerrilhas.
11. Foco no conteúdo
Em 1835, teve início a Revolta dos
Farrapos, liderada por Bento Gonçalves,
David Canabarro, e com a participação do
italiano Giuseppe Garibaldi, entre outros
líderes. Os revoltosos, conhecidos como
farrapos, exigiam a autonomia da
província do Rio Grande do Sul em
relação ao governo imperial e o fim das
políticas econômicas injustas que
prejudicavam a região.
Retrato de Bento
Gonçalves feito em
meados do século XIX
por Guilherme Litran
12. Foco no conteúdo
“[...] nestas ocasiões os produtores gaúchos acusavam a política de
tributos vigente no Brasil como responsável por seus malogros.
Acreditavam que o alto preço do sal e a taxação baixa do charque
importado impediam a concorrência do produto nacional com o
estrangeiro [...]. Não eram capazes de ver que [...] não era o ‘custo
material’ da produção brasileira do charque que a tornava incapaz de
competir com a estrangeira, mas sim seu ‘custo social", isto é, o peso
da escravidão na produção de bens que deviam concorrer num
mercado competitivo.”
CARDOSO, F. H. Capitalismo e escravidão no Brasil meridional:
o negro na sociedade escravocrata do Rio Grande do Sul.
13. Foco no conteúdo
Os ideais dos revoltosos
A Revolta dos Farrapos teve como pano de
fundo a insatisfação com o Império, os
rebelados desejavam uma maior autonomia
para a região Sul do país. Além disso, a
revolta refletiu as tensões entre as
diferentes classes sociais e interesses
econômicos existentes no Brasil da época.
No entanto, alguns estudiosos colocam que os
líderes da revolta continuavam a reafirmar
algumas das bases estruturais do Império.
Representação de
uma das batalhas da
Farroupilha feita por
Oscar Pereira da Silva
entre o final do século
XIX e o início do
século XX
14. Foco no conteúdo
“Nos seus dez anos de luta, os farroupilhas ganharam e
perderam inúmeras batalhas. Vale mencionar um dos
momentos mais expressivos, quando foi proclamada a
República Rio-Grandense em 11 de setembro de 1836, [...]
que declarou a independência do Rio Grande do Sul, cujo
presidente seria Bento Gonçalves da Silva. A nova capital
seria Piratini, e a forma de governo, republicana, com laços
federativos com todas as províncias que garantissem a
mesma forma de governo.
15. Foco no conteúdo
Esse momento específico representa uma inflexão
significativa na história da Revolução Farroupilha, que até
então se declarara leal à monarquia e ao príncipe Pedro.
Aliás, mesmo declarada a separação, a República Rio-
Grandense, em sua Constituição, criada alguns anos mais
tarde, reafirmava algumas das bases estruturais do
Império: o voto censitário e a mão de obra escrava.”.
SCHWARCZ, L.; STARLING, H. Brasil: uma biografia.
16. Foco no conteúdo
Batalhas e episódios marcantes
Durante os dez anos de conflito, a Revolta dos
Farrapos enfrentou diversas batalhas e
episódios marcantes. Os farrapos conseguiram
conquistar importantes vitórias, como a
tomada da capital da província, Porto Alegre,
em 1836, e a criação da República Rio-
Grandense. No entanto, também sofreram
derrotas e tiveram que enfrentar a
resistência do governo imperial, que enviou
tropas para reprimir a revolta.
Planta da cidade de
Porto Alegre com as
fortificações usadas
em 1839 durante a
Revolta dos Farrapos
17. Foco no conteúdo
É importante ressaltar que, em 1836, as forças
imperiais conseguiram retomar Porto Alegre, e o líder
Bento Gonçalves foi preso e enviado para a Bahia.
José Gomes de Vasconcelos Jardim tomou a
liderança da revolta, mas, em 1837, Bento
Gonçalves conseguiu fugir da prisão e voltar para
o Rio Grande do Sul. Em 1840, com o Golpe da
Maioridade que deu início ao reinado de Dom Pedro
II, foi concedida anistia aos presos políticos do
Período Regencial. Mas os “farrapos” não a
aceitaram e continuaram rebelados.
Lenço com
símbolos
utilizados pelos
“farrapos”
durante a Guerra
dos Farrapos
18. Foco no conteúdo
Os impactos e o legado dos farrapos
Durante esse processo, ao contrário do que ocorreu em outras
províncias, o tratamento concedido aos rebeldes do Sul foi mais
brando, com o governo fazendo muitas concessões. Em 1845, o
conflito terminou com a assinatura do Tratado de Poncho Verde,
que concedeu anistia aos farrapos e garantiu a reintegração da
província do Rio Grande do Sul ao governo imperial. Apesar de
não terem alcançado a independência desejada, os farrapos
conquistaram algumas melhorias para a região, como a
redução de impostos sobre o charque e a ampliação da
infraestrutura local.
19. Na prática
UMA PALAVRA!
Lembrando os principais pontos
estudados sobre a Revolta dos
Farrapos, vocês deverão resumir o que
assimilaram sobre o assunto em uma
palavra que explique as principais características do
momento. Todos deverão compartilhar com o restante da turma
a palavra que escolheu. Enquanto vocês compartilham suas palavras,
elas serão registradas no quadro pelo professor, de forma que todos
possam visualizá-las.
20. Aplicando
Estude, converse, pare e escreva
Forme uma dupla!
A partir do que aprendemos nesta aula sobre as causas, os
impactos e o legado da Revolta dos Farrapos, estude e
converse com o seu colega sobre o que aprendeu de mais
significativo.
Após a conversa, pare para refletir sobre os assuntos debatidos e
escreva individualmente uma síntese com suas conclusões em
relação ao que você compreendeu sobre a aula de hoje.
21. O que aprendemos hoje?
● Compreendemos o contexto histórico e econômico do
Sul do Brasil antes da Revolta dos Farrapos, analisando
os fatores que contribuíram para o descontentamento e
para a luta por autonomia na região;
● Identificamos as causas e os principais eventos que
marcaram o início e o desenvolvimento da Revolta dos
Farrapos, destacando os líderes envolvidos e as
demandas dos revoltosos;
● Analisamos os impactos e o legado da Revolta dos
Farrapos, tanto para a região Sul do país quanto para o
Brasil.
22. Tarefa SP
Localizador: 97508
1. Professor, para visualizar a tarefa da aula, acesse com
seu login: tarefas.cmsp.educacao.sp.gov.br
2. Clique em “Atividades” e, em seguida, em “Modelos”.
3. Em “Buscar por”, selecione a opção “Localizador”.
4. Copie o localizador acima e cole no campo de busca.
5. Clique em “Procurar”.
Videotutorial: http://tarefasp.educacao.sp.gov.br/
23. Referências
SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Currículo Paulista: Etapas
Educação Infantil e Ensino Fundamental. São Paulo, 2019.
SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Currículo em Ação.
Coordenadoria Pedagógica – COPED. São Paulo, 2023.
CARDOSO, F. H. Capitalismo e escravidão no Brasil meridional: o
negro na sociedade escravocrata do Rio Grande do Sul. São Paulo: Difusão
Europeia do Livro, 1962.
LEMOV, D. Aula nota 10 2.0: 62 técnicas para melhorar a gestão da sala
de aula. Porto Alegre: Penso, 2018.
SCHWARCZ, L.; STARLING, H. Brasil: uma biografia. São Paulo:
Companhia das Letras, 2015.
VERISSIMO, E. Um certo capitão Rodrigo. São Paulo: Companhia das
Letras, 2005.