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Autoria Como Estratégia Pedagógica
Quando falamos em autoria nos reportamos rapidamente a autores de obras literárias, peças teatrais, compositores de músicas, poemas, etc. Não é comum associarmos a palavra autoria ao cotidiano de nossas vidas. Ser autor no dia-a-dia parece uma coisa distante. Quando se fala em autoria na educação pode parecer ainda mais distante. Mas se desejarmos desenvolver a competência de sermos autores de nossa história, criativos, temos que dedicar especial atenção ao ponto mais importante onde começa o processo: os primeiros anos de vida de uma criança.  (Melo)
Mas como podemos na Educação proporcionar à criança um ambiente onde o processo de autoria aflore?
A pedagogia da autoria tem como pressuposto uma Educação Flexível. A educação flexível é centrada no aluno, do qual espera-se uma postura ativa e uma responsabilidade pelo seu processo de aprendizado. Fundamentando-se nas teorias construtivistas de aprendizado onde o aluno é visto como um processo ativo e interativo de construção ativa do conhecimento e não de sua recepção passiva por parte do professor.
Esta linha pedagógica objetiva que o aluno  aprenda a aprender , a pesquisar e raciocinar criticamente, a trabalhar de forma colaborativa. Os alunos entram em um processo de descoberta, usando o que já sabem para aprender o que precisam ou que atrai o seu interesse, em que o professor é um guia e orientador. Os papéis tradicionais de professor e aluno são então alterados. O professor torna-se muito mais um facilitador, um orientador, um guia, do que um sábio no pedestal. O aluno, por sua vez, torna-se um construtor ativo do seu conhecimento, em vez de receptor passivo. As interações e trocas entre os alunos são incentivadas.
O aluno não está mais reduzido a olhar, ouvir, copiar e prestar contas. Ele cria, modifica, constrói, aumenta  e, assim, torna-se co-autor.
Assim se redimensiona sua autoria: não mais na prevalência do falar-ditar / ouvir-copiar, da distribuição, mas na perspectiva da proposição complexa do conhecimento à participação ativa dos alunos que já aprenderam com o joystick do videogame e hoje aprendem com o mouse. Enfim, a responsabilidade de disseminar um outro modo de pensamento, de inventar uma nova sala de aula, capaz de educar em nosso tempo. (Silva)
“ Mesmo depois da invenção do livro impresso, ele não era o único instrumento para a aquisição de informações. Havia pinturas, imagens populares gravadas, ensino oral, etc. Pode-se dizer que os livros eram os mais importantes instrumentos para a transmissão da comunicação científica, incluindo informações sobre eventos históricos. Nesse sentido, eles eram os instrumentos supremos usados nas escolas. Com a difusão dos vários meios de comunicação de massa, do cinema à televisão, alguma coisa mudou. Anos atrás, a única maneira de aprender uma língua estrangeira (além de viajar ao estrangeiro) era estudar essa língua a partir de um livro. Hoje nossos jovens freqüentemente conhecem outras línguas ouvindo discos, vendo filmes na edição original, decifrando as instruções numa lata de refrigerante. O mesmo ocorre com informações geográficas.”  (Ezequiel Theodoro da Silva, em Salto para o Futuro – “Pedagogia de projetos e integração de mídias” – setembro de 2003)
“ Na minha infância, eu encontrei a melhor informação sobre países exóticos não dos livros didáticos, mas lendo romances de aventura (Júlio Verne, por exemplo). Meus filhos muito cedo conheceram mais do que eu sobre esse assunto assistindo à televisão e a filmes no cinema. Pode-se aprender muito bem a história do Império Romano através de filmes, se esses filmes forem historicamente corretos (...). Um bom programa educacional de televisão (para não falar de um CdRom) pode explicar a genética melhor do que um livro.” (Umberto Eco, “Da Internet a Gutenberg”)
Hoje é muito claro que o aluno não tem a cultura escolar como único meio de acesso ao conhecimento. Ele tem a internet, comunidades virtuais, e-mail, TV a cabo, vídeos, etc. É preciso que o professor tome consciência de que não há mais “paredes” que limitam a troca de conhecimentos. (Pucci)
Atualmente, ao deparar-se com o aluno, o professor percebe-se diante de alguém que se aventura e cria páginas na web, blogs, fotologs, inventa filminhos com a câmera digital, domina os recursos do celular, enfim, alguém capaz de produzir.  (Neves)
A pedagogia da autoria busca concretizar desafios lançados por Paulo Freire, Vigotsky, Piaget, Morin, John Dewey, Fernando Hernandez e outros educadores que põe em relevo a complexidade e totalidade do ser humano e sua capacidade de de construir significados e de gerar projetos e conhecimentos socialmente relevantes.
A pedagogia da Autoria não se trata de transferir a responsabilidade do processo educacional para os alunos. Estimular a  autonomia , a  busca de conhecimento , a  criatividade , sim. Mas os professores se fazem presentes no planejamento, e acompanhamento, dando uma linha mestra, garantindo uma organicidade que faz com que os alunos adquiram conhecimentos significativos ao fim do processo.
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Na pedagogia da autoria devem ser consideradas as múltiplas inteligências dos indivíduos, as inúmeras possibilidades de abordagem multidisciplinar e os desafios tecnológicos e de linguagem que decorrem de uma proposta de criação – o que implica destacar, também, a importância da construção colaborativa. Ao assumir o compromisso de expor sua produção à sociedade, o autor torna-se mais consciente e atento à construção do conhecimento e às implicações éticas do seu trabalho.  (Neves)
O processo de autoria desperta uma capacidade de leitura crítica dos alunos e professores, tornando-os mais capazes de lidar com a mídia. Além disso, a apresentação pública de sua criação tende a trazer uma compreensão melhor do processo de construção do conhecimento além de um senso de responsabilidade e compromisso ético para os autores. Trata-se, pois, de uma pedagogia que incentiva o uso integrado de múltiplas linguagens e promove a autoria e o respeito à pluralidade e à construção coletiva, reconhecendo nos alunos, professores e gestores sujeitos ativos e não passivos.
Processos educacionais devem ser mediados por tecnologias, mas não se restringir ao manuseio do equipamento e à mera reprodução do que já está feito. A pedagogia da autoria é  intencional, profunda, ética . Parte do conhecimento que está produzido fica disponível em livros, revistas, jornais, televisão, vídeos, internet, CD-ROMs, DVDs, dicionários, etc. Mas não pára aí: a partir da exploração, análise e da experimentação diretas de todos esses recursos, os professores e alunos expressam-se por meio de suas próprias produções, também utilizando esses mesmos recursos, inclusive combinando-os entre si. O compartilhamento do processo de produção e a avaliação dos produtos geram novas análises, visões interdisciplinares e novas produções, impulsionando um contínuo crescimento.  (Neves)
Repensando a escola...
A instituição escolar ainda é muito “castradora” e mesmo punitiva. “ O planeta está em constante transformação, mas a instituição escolar é, por ironia, uma das que mais resistem aos avanços do mundo globalizado”(Fernandes, 2001) Neste modelo de educação, o professor cobra memorização dos conceitos, comumente não há espaço para o raciocínio ou o debate e os problemas atuais do mundo real quase sempre passam despercebidos em sala de aula. O mundo da escola passa a ser um mundo à parte, fechado em si mesmo. O aluno é obrigado a estudar os conteúdos do programa porque talvez possa precisar algum dia, porque vai cair no vestibular, ou para passar de ano.
Fernandes (2001) cita um documento do Departamento de Trabalho norte-americano, o qual expõe que “exige-se hoje que os profissionais tenham suas habilidades de raciocínio desenvolvidas, o que pressupõe criatividade e capacidade de tomar decisões e de solucionar problemas”. No entanto, questiona: “como atender às novas exigências do mercado mundial, com uma educação que reproduz metodologias, comportamentos passivos e conteúdos repetitivos há décadas?”.
Ramal (2000) coloca que “não é possível pensar na formação da autonomia dos estudantes com aulas estruturadas sobre um paradigma tradicional de ensino”.  A escola não é mais necessária para repassar informação, e superando o caráter memorizador, a autora explica que aprender, na cibercultura, “será, em vez de acumular dados no arquivo mental, desenvolver competências, habilidades, procedimentos, visões de mundo, posturas de vida e de trabalho”.
Para Ramal, a forma de superar o paradigma tradicional é envolvendo o aluno em sua educação. Ela mostra que: “ todos os seres humanos, sem exceção, trabalham com um objetivo que, para eles, faz tanto sentido a ponto de mover suas vidas. Não podemos esperar que o aluno do século XXI continue estudando e trabalhando apenas pela nota no boletim, ou porque desconfia que um dia os conteúdos serão úteis, embora ainda não saiba dizer muito bem para quê. Isso é menosprezar muito nossos estudantes.
Uma das mudanças da educação na cibercultura será a  ênfase  que passará a ser colocada, juntamente com os produtos,  nos processos . Será tão importante verificar a que respostas o aluno chegou, quanto saber os caminhos utilizados para isso. Porque os percursos dizem muito mais sobre o desenvolvimento de habilidades e competências do que as respostas. Isso se vincula com uma nova relação com o erro. Na época da caneta-tinteiro, o erro era algo abominável. O que os líquidos corretores apenas acenaram acontece plenamente no monitor dos computadores. (Ramal 2000)
“ Fica aqui a esperança por uma educação que proporcione ao aluno a liberdade de expressão, de comunicação, de escolha, de aprendizado. Esperança de ver os professores das nossas crianças, jovens e adultos direcionando a aprendizagem sem limitá-la, caminhando todos juntos, reinventando e redescobrindo o mundo.” (Fernandes, 2001)
O papel das mídias no processo  de autoria
A tecnologia para produzir comunicação está cada vez mais nas mãos do grande público, e a internet radicalizou essa tendência na última década.
O adepto do  fanfiction , por exemplo, é alguém que, por opção, transcende o status de mero consumidor dessas histórias ao recriar, ampliar, mudar o foco, subverter e/ou parodiar universos ficcionais de outros criadores em seus próprios contos. Esse novo escritor dará início, assim, a uma nova  etapa na sua relação não apenas com  a industria cultural, mas com outras  pessoas com particularidades e  desejos em comum. O retorno imediato do público é  provavelmente uma das maiores  razões para os fãs adotarem  a internet como canal  definitvo para postar  seus textos.
A internet tem permitido, atualmente, grandes experimentos no campo audiovisual (youtube). As audiências já derrubaram o velho paradigma da comunicação de massa, no qual os papéis de emissor e receptor  da mensagem eram  pré-definidos e imutáveis.  (a tv digital que  vem aí é prova disso...)
Computadores com internet talvez sejam os meios que mais nos fizeram falta na escola e sequer percebíamos isso. A Internet é o lugar da dúvida, da incerteza. Nada na Intenet pode ser aceito passivamente, sem confirmação. Em nenhum espaço, antes, a certeza deu tanto lugar à dúvida. Com ela a construção do ser crítico,  que precisa decidir e  desenvolver cacapacidade  de avaliação, é uma necessidade  cotidiana. Como pudemos  viver tanto tempo sem eles?
A internet tornou-se fundamental não apenas por abrigar a produção, mas por torná-la acessível a qualquer um em qualquer parte do mundo; e por fazer isso de forma extremamente rápida e barata,  com apenas um computador doméstico e uma conexão  telefônica ou por  servidores de  banda larga.
O cotidiano midiatizado se constitui como uma forma de “Sair do anonimato sendo as mesmas pessoas  de sempre,  continuando  seus rituais  de pessoas  anônimas.”
A internet permite acessar muitos textos, hipertextos, imagens, vídeos, sons... Mas permite também o caminho inverso: que a  escola vá ao mundo . Com a Internet a escola, cada escola, pode  “ mostrar a sua cara”,  colocando lá seus  trabalhos, trocando  suas dúvidas e  incertezas.
Internet, celulares, palmtops, câmeras digitais, webcams e muitos outros apetrechos tecnológicos têm sido ferramentas importantes para a formação de novas redes sociais, onde surgem novos paradigmas e reciclam  antigos. Um deles é a  interatividade . Outro  é o  dulívio de  informações ,  que, embora mais  complexo  na internet é um  fenômenos global.
“ Interatividade”  é o princípio mais interessante do mundo digital, ou seja, da internet, do game, do site, do software. E se apresenta certamente o maior desafio da mídia de massa, que busca alucinadamente a participação do público para enfrentar a internet. Assim como inspira a inquietação dos programadores da mídia tradicional, a interatividade também pode despertar o interesse dos professores para uma nova comunicação com os alunos em sala de aula.  Afinal, tanto a mídia de massa  quanto a sala de aula estão diante  do esgotamento do mesmo modelo  comunicacional que prevaleceu  no século XX: a transmissão que  separa emissão e recepção,  a lógica da distribuição.  (Silva)
A passagem do material impresso para mídias diversas – como a TV, o vídeo e a internet – impõe um tratamento diferenciado para o texto, que passa de formulação linear para hipertextual.
É preciso refletir e propor formas de integração entre esses meios. O livro muda a internet e a internet muda o livro. Quem vê vários canais de TV ao mesmo tempo, quem estuda ouvindo música, quem lê ao mesmo tempo que assiste TV, não escreve como quem viveu em tempos passados. Livros hoje, são hipertextuais. Programas de TV buscam qualidades literárias.  Os meios se contaminam e se modificam  uns aos outros, porque são produtos do  momento histórico em que são criados  e utilizados. E este  momento é,  sem dúvida, multifacetado,  pródigo em variedade tanto  de forma como de conteúdo.
Quão mais são usadas multimídias, especialmente integradas, mais dependentes ficam de um processo mais complexo, de abordagem multidisciplinar, nem sempre de fácila acesso ao professor em sala de aula,  especialmente de nível  básico; daí a importância,  nos tempos atuais,  da oferta de materiais  bem qualificados  para utilização  no ensino.
Um cuidado há que ser tomado: a informática facilita os procedimentos de cópia, onde a informação não se transforma em conhecimento na cabeça do aluno. Pesquisa não se faz só com o computador – o que se pode fazer com ele é coleta de informações! Gerar conhecimento  tem mais a ver com analisar, comparar, debater e agir sobre um objeto  de estudo do que com a pirotecnia telemática. Um erro comum é colocar infinitas  mídias a serviço de um conteúdo oco, que não acrescenta nada em termos  de aprendizagem para o grupo. (Pucci)
Queremos chegar, com essa contextualização, ao fato de que estamos vivendo em uma era digital onde a convergência e integração das mídias é um processo  em franco andamento.
Projetos e Autoria
Para desenvolver uma prática pedagógica voltada para a integração de mídias, uma das possibilidades tem sido o  trabalho por projetos . Na perspectiva da pedagogia de projetos, o aluno aprende-fazendo, aplicando aquilo que sabe e buscando novas compreensões com significado para aquilo que está produzindo. (Salto para o Futuro – Série: Integração de tecnologias, linguagens e representações” maio, 2005)
Na pedagogia de projetos, o aluno aprende no processo de produzir, de levantar dúvidas, de pesquisar e criar relações, que incentivam novas buscas, descobertas, compreensões e reconstruções de conhecimento.
A pedagogia de projetos tendo como enfoque a integração entre mídias e áreas de conhecimento, envolve a inter-relação de conceitos e princípios.  Nesta forma de aprendizagem o aluno pode aplicar aquilo que sabe de forma intuitiva e/ou formal, estabelecendo relações entre conhecimentos, o que pode levá-lo a ressignificar os conceitos e as estratégias utilizadas, ampliando seu escopo de análise e compreensão.
A pedagogia de projetos pode viabilizar ao aluno um modo de aprender baseado na integração entre conteúdos das várias áreas do conhecimento, potencializando a integração de diferentes áreas do conhecimento; bem como na integração entre diversas mídias e recursos disponíveis no contexto da escola, os quais permitem ao aluno expressar seu pensamento por meio de diferentes linguagens e formas de representação.
Do ponto de vista da aprendizagem no trabalho por projeto, destaca-se a possibilidade de o aluno recontextualizar aquilo que aprendeu, bem como estabelecer relações significativas entre conhecimentos. Um dos pressupostos básicos do projeto é a  autoria  – seja individual, em grupo ou coletivamente. (Salto para o Futuro – Série: “Pedagogia de projetos e integração de mídias” – setembro de 2003)
O projeto é desenvolvido pelas pessoas que pensam e atuam em sua realização. Os  autores  são aqueles que participam em todo o desenvolvimento do projeto, concebem e discutem as problemáticas, descrevem e registram um plano para investigá-las e produzir resultados, desenvolvem as ações e avaliam continuamente se os resultados que vão sendo obtidos são aceitáveis em termos de satisfazer as intenções desejadas, responder às perguntas iniciais ou avançar em sua compreensão e até alterar as perguntas iniciais ou levantar novas perguntas. (Salto para o Futuro – Série: “Pedagogia de projetos e integração de mídias” – setembro de 2003)
Como os projetos passam a ser realizados por diversos autores, dependem, assim, de um processo de construção coletiva que tem importantes implicações educativas, desde motivacionais e socioconstrutivas até filosóficas, no campo dos valores, como os de ética, de cooperação, etc.  Salto para o Futuro – Série: “Mídias e Educação” - dezembro 2006.
Na linha do ensino por projetos, a idéia é permitir que o conhecimento seja buscado e construído pelos alunos, a partir de pesquisas pessoais e coletivas. Com objetivos pertinentes e temas voltados para a vida cotidiana, o ensino por projetos tem mais chances de construir aprendizagem significativa. É uma prática que visa ao desenvolvimento de capacidades de socialização e de aprendizagem cooperativa. Formando para o espírito de pesquisa, aumenta a iniciativa dos alunos e, quando orientado por um professor bem preparado, pode ajudar a desenvolver a capacidade de aprender continuamente, já que supõe diversos processos cognitivos além da memorização de conteúdos, como seleção de informação e articulação de saberes interdisciplinares.  (Ramal 2000)
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Ter acesso à mídia é importante para o desenvolvimento de projetos em sala de aula, mas não é suficiente para que seu uso pedagógico seja efetivo, proporcionando ao aluno novas formas de aprender, integrando as diferentes linguagens e representações do conhecimento. Por outro lado, o trabalho por projetos favorece a integração das mídias e de conteúdos de diferentes áreas do conhecimento, bem como o trabalho em grupo, que favorece o desenvolvimento de competências, as quais se tornam cada vez mais necessárias na sociedade atual. (Salto para o Futuro – Série: “Pedagogia de projetos e integração de mídias” – setembro de 2003)
Papel do professor frente a essa abordagem O trabalho por projetos requer mudanças na concepção de ensino e aprendizagem e, conseqüentemente, na postura do professor. (Salto para o Futuro – Série: “Pedagogia de projetos e integração de mídias” – setembro de 2003)
Uma pedagogia baseada nessa disposição à co-autoria, à interatividade, requer a morte do professor narcisicamente investido do poder. Expor sua opção crítica à intervenção, à modificação, requer humildade. Mas diga-se humildade e não fraqueza ou minimização da autoria, da vontade, da ousadia. Seja  na sala de aula equipada  com computadores ligados  à internet, seja no site de  educação à distância, seja na  sala de aula “infopobre”, o  professor percebe que o  conhecimento não está mais  centrado na emissão, na transmissão. (Silva)
Esta abordagem pedagógica requer do professor uma postura diferente daquela habitualmente utilizada no sistema da escola, ou seja, requer uma postura que concebe a aprendizagem como um processo que o aluno constrói “como produto  do processamento,  da interpretação,  da compreensão  da informação.” (Salto para o Futuro – Série:  Integração de tecnologias, linguagens e representações” maio, 2005)
O professor propõe o conhecimento. Não o transmite. Não o oferece à distância para a recepção audiovisual ou “bancária” (sedentária,  passiva), como criticava o educador Paulo Freire. (Silva)
O papel do professor deixa de ser aquele que ensina por meio da transmissão de informações – que tem como centro do processo a atuação do professor –, para criar situações de aprendizagem cujo foco incide sobre as relações que se estabelecem neste processo, cabendo ao professor  realizar as mediações  necessárias para que o  aluno possa encontrar  sentido naquilo que está  aprendendo, a partir das  relações criadas nessas  situações. (Salto para o Futuro – Série: “Pedagogia de projetos e integração de mídias” – setembro de 2003)
Sua função mais necessária será traçar as estratégias, ajudar a definir passos e dimensões de pesquisa. Por isso, o eixo do ensino-aprendizagem e o da avliação também se deslocam totalmente, integrando-se. Em vez de verificar a assimilação de conteúdos, ele deverá detectar acertos e  deficiências nos processos de pesquisa. Usará essas  informações para adequar  os processos dos alunos,  ajudando-os a aprender  de outras formas. (Ramal 2000)
A mediação do professor é fundamental, pois, ao mesmo tempo que o aluno precisa reconhecer sua própria autoria no processo, ele também precisa sentir a presença do professor que ouve, questiona e orienta, visando propiciar a construção do conhecimento do aluno. A mediação implica a criação de situações de aprendizagem que permitam ao aluno fazer regulações, uma vez que os conteúdos envolvidos no projeto precisam ser sistematizados para que os alunos possam formalizar os conhecimentos colocados em ação. (Salto para o Futuro – Série: “Pedagogia de projetos e integração de mídias” – setembro de 2003)
As  relações de poder  que surgem na escola a partir dos instrumentos tecnológicos são totalmente novas. Pela primeira vez, na história, a tecnologia da dominação é mais conhecida pelo “dominado”. Até hoje o professor trazia o saber, a norma culta, a escrita “correta”, para os não-letrados, reproduzindo no contexto escolar as situações de imposição linguística vividas pelas culturas orais. Hoje ocorre um paradoxo: aquele a ser educado é o que melhor domina os instrumentos simbólicos do poder, o aparato de maior prestígio: as tecnologias. O que ocorrerá na sala de aula? Parece-me que as parcerias e a aprendizagem em conjunto serão inevitáveis.  (Ramal)
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Autores: Andrea Cecilia Ramal.  Avaliar na cibercultura . Revista Pátio, fevereiro 2000. Fernandes, Gisele Castro.  Liberdade de expressar o mundo . Revista Educação, abril 2001. Maria Tais de Melo.  O processo de autoria na Educação Infantil . Revista Direcional Educador, junho 2008. Luis Fábio Simões Pucci.  Em busca de novos caminhos para a Pesquisa Escolar no Ensino Básico.  Revista Direcional Educador, maio 2008. Márcio Padrão.  Artigo publicado na Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação. Marco Silva.  Pedagogia do Parangolé .  http://www2.uerj/~emquest/emquestao72/parangole.htm Boletins Salto para o Futuro

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Autoria como estratégia pedagógica

  • 2. Quando falamos em autoria nos reportamos rapidamente a autores de obras literárias, peças teatrais, compositores de músicas, poemas, etc. Não é comum associarmos a palavra autoria ao cotidiano de nossas vidas. Ser autor no dia-a-dia parece uma coisa distante. Quando se fala em autoria na educação pode parecer ainda mais distante. Mas se desejarmos desenvolver a competência de sermos autores de nossa história, criativos, temos que dedicar especial atenção ao ponto mais importante onde começa o processo: os primeiros anos de vida de uma criança. (Melo)
  • 3. Mas como podemos na Educação proporcionar à criança um ambiente onde o processo de autoria aflore?
  • 4. A pedagogia da autoria tem como pressuposto uma Educação Flexível. A educação flexível é centrada no aluno, do qual espera-se uma postura ativa e uma responsabilidade pelo seu processo de aprendizado. Fundamentando-se nas teorias construtivistas de aprendizado onde o aluno é visto como um processo ativo e interativo de construção ativa do conhecimento e não de sua recepção passiva por parte do professor.
  • 5. Esta linha pedagógica objetiva que o aluno aprenda a aprender , a pesquisar e raciocinar criticamente, a trabalhar de forma colaborativa. Os alunos entram em um processo de descoberta, usando o que já sabem para aprender o que precisam ou que atrai o seu interesse, em que o professor é um guia e orientador. Os papéis tradicionais de professor e aluno são então alterados. O professor torna-se muito mais um facilitador, um orientador, um guia, do que um sábio no pedestal. O aluno, por sua vez, torna-se um construtor ativo do seu conhecimento, em vez de receptor passivo. As interações e trocas entre os alunos são incentivadas.
  • 6. O aluno não está mais reduzido a olhar, ouvir, copiar e prestar contas. Ele cria, modifica, constrói, aumenta e, assim, torna-se co-autor.
  • 7. Assim se redimensiona sua autoria: não mais na prevalência do falar-ditar / ouvir-copiar, da distribuição, mas na perspectiva da proposição complexa do conhecimento à participação ativa dos alunos que já aprenderam com o joystick do videogame e hoje aprendem com o mouse. Enfim, a responsabilidade de disseminar um outro modo de pensamento, de inventar uma nova sala de aula, capaz de educar em nosso tempo. (Silva)
  • 8. “ Mesmo depois da invenção do livro impresso, ele não era o único instrumento para a aquisição de informações. Havia pinturas, imagens populares gravadas, ensino oral, etc. Pode-se dizer que os livros eram os mais importantes instrumentos para a transmissão da comunicação científica, incluindo informações sobre eventos históricos. Nesse sentido, eles eram os instrumentos supremos usados nas escolas. Com a difusão dos vários meios de comunicação de massa, do cinema à televisão, alguma coisa mudou. Anos atrás, a única maneira de aprender uma língua estrangeira (além de viajar ao estrangeiro) era estudar essa língua a partir de um livro. Hoje nossos jovens freqüentemente conhecem outras línguas ouvindo discos, vendo filmes na edição original, decifrando as instruções numa lata de refrigerante. O mesmo ocorre com informações geográficas.” (Ezequiel Theodoro da Silva, em Salto para o Futuro – “Pedagogia de projetos e integração de mídias” – setembro de 2003)
  • 9. “ Na minha infância, eu encontrei a melhor informação sobre países exóticos não dos livros didáticos, mas lendo romances de aventura (Júlio Verne, por exemplo). Meus filhos muito cedo conheceram mais do que eu sobre esse assunto assistindo à televisão e a filmes no cinema. Pode-se aprender muito bem a história do Império Romano através de filmes, se esses filmes forem historicamente corretos (...). Um bom programa educacional de televisão (para não falar de um CdRom) pode explicar a genética melhor do que um livro.” (Umberto Eco, “Da Internet a Gutenberg”)
  • 10. Hoje é muito claro que o aluno não tem a cultura escolar como único meio de acesso ao conhecimento. Ele tem a internet, comunidades virtuais, e-mail, TV a cabo, vídeos, etc. É preciso que o professor tome consciência de que não há mais “paredes” que limitam a troca de conhecimentos. (Pucci)
  • 11. Atualmente, ao deparar-se com o aluno, o professor percebe-se diante de alguém que se aventura e cria páginas na web, blogs, fotologs, inventa filminhos com a câmera digital, domina os recursos do celular, enfim, alguém capaz de produzir. (Neves)
  • 12. A pedagogia da autoria busca concretizar desafios lançados por Paulo Freire, Vigotsky, Piaget, Morin, John Dewey, Fernando Hernandez e outros educadores que põe em relevo a complexidade e totalidade do ser humano e sua capacidade de de construir significados e de gerar projetos e conhecimentos socialmente relevantes.
  • 13. A pedagogia da Autoria não se trata de transferir a responsabilidade do processo educacional para os alunos. Estimular a autonomia , a busca de conhecimento , a criatividade , sim. Mas os professores se fazem presentes no planejamento, e acompanhamento, dando uma linha mestra, garantindo uma organicidade que faz com que os alunos adquiram conhecimentos significativos ao fim do processo.
  • 14.
  • 15. Na pedagogia da autoria devem ser consideradas as múltiplas inteligências dos indivíduos, as inúmeras possibilidades de abordagem multidisciplinar e os desafios tecnológicos e de linguagem que decorrem de uma proposta de criação – o que implica destacar, também, a importância da construção colaborativa. Ao assumir o compromisso de expor sua produção à sociedade, o autor torna-se mais consciente e atento à construção do conhecimento e às implicações éticas do seu trabalho. (Neves)
  • 16. O processo de autoria desperta uma capacidade de leitura crítica dos alunos e professores, tornando-os mais capazes de lidar com a mídia. Além disso, a apresentação pública de sua criação tende a trazer uma compreensão melhor do processo de construção do conhecimento além de um senso de responsabilidade e compromisso ético para os autores. Trata-se, pois, de uma pedagogia que incentiva o uso integrado de múltiplas linguagens e promove a autoria e o respeito à pluralidade e à construção coletiva, reconhecendo nos alunos, professores e gestores sujeitos ativos e não passivos.
  • 17. Processos educacionais devem ser mediados por tecnologias, mas não se restringir ao manuseio do equipamento e à mera reprodução do que já está feito. A pedagogia da autoria é intencional, profunda, ética . Parte do conhecimento que está produzido fica disponível em livros, revistas, jornais, televisão, vídeos, internet, CD-ROMs, DVDs, dicionários, etc. Mas não pára aí: a partir da exploração, análise e da experimentação diretas de todos esses recursos, os professores e alunos expressam-se por meio de suas próprias produções, também utilizando esses mesmos recursos, inclusive combinando-os entre si. O compartilhamento do processo de produção e a avaliação dos produtos geram novas análises, visões interdisciplinares e novas produções, impulsionando um contínuo crescimento. (Neves)
  • 19. A instituição escolar ainda é muito “castradora” e mesmo punitiva. “ O planeta está em constante transformação, mas a instituição escolar é, por ironia, uma das que mais resistem aos avanços do mundo globalizado”(Fernandes, 2001) Neste modelo de educação, o professor cobra memorização dos conceitos, comumente não há espaço para o raciocínio ou o debate e os problemas atuais do mundo real quase sempre passam despercebidos em sala de aula. O mundo da escola passa a ser um mundo à parte, fechado em si mesmo. O aluno é obrigado a estudar os conteúdos do programa porque talvez possa precisar algum dia, porque vai cair no vestibular, ou para passar de ano.
  • 20. Fernandes (2001) cita um documento do Departamento de Trabalho norte-americano, o qual expõe que “exige-se hoje que os profissionais tenham suas habilidades de raciocínio desenvolvidas, o que pressupõe criatividade e capacidade de tomar decisões e de solucionar problemas”. No entanto, questiona: “como atender às novas exigências do mercado mundial, com uma educação que reproduz metodologias, comportamentos passivos e conteúdos repetitivos há décadas?”.
  • 21. Ramal (2000) coloca que “não é possível pensar na formação da autonomia dos estudantes com aulas estruturadas sobre um paradigma tradicional de ensino”. A escola não é mais necessária para repassar informação, e superando o caráter memorizador, a autora explica que aprender, na cibercultura, “será, em vez de acumular dados no arquivo mental, desenvolver competências, habilidades, procedimentos, visões de mundo, posturas de vida e de trabalho”.
  • 22. Para Ramal, a forma de superar o paradigma tradicional é envolvendo o aluno em sua educação. Ela mostra que: “ todos os seres humanos, sem exceção, trabalham com um objetivo que, para eles, faz tanto sentido a ponto de mover suas vidas. Não podemos esperar que o aluno do século XXI continue estudando e trabalhando apenas pela nota no boletim, ou porque desconfia que um dia os conteúdos serão úteis, embora ainda não saiba dizer muito bem para quê. Isso é menosprezar muito nossos estudantes.
  • 23. Uma das mudanças da educação na cibercultura será a ênfase que passará a ser colocada, juntamente com os produtos, nos processos . Será tão importante verificar a que respostas o aluno chegou, quanto saber os caminhos utilizados para isso. Porque os percursos dizem muito mais sobre o desenvolvimento de habilidades e competências do que as respostas. Isso se vincula com uma nova relação com o erro. Na época da caneta-tinteiro, o erro era algo abominável. O que os líquidos corretores apenas acenaram acontece plenamente no monitor dos computadores. (Ramal 2000)
  • 24. “ Fica aqui a esperança por uma educação que proporcione ao aluno a liberdade de expressão, de comunicação, de escolha, de aprendizado. Esperança de ver os professores das nossas crianças, jovens e adultos direcionando a aprendizagem sem limitá-la, caminhando todos juntos, reinventando e redescobrindo o mundo.” (Fernandes, 2001)
  • 25. O papel das mídias no processo de autoria
  • 26. A tecnologia para produzir comunicação está cada vez mais nas mãos do grande público, e a internet radicalizou essa tendência na última década.
  • 27. O adepto do fanfiction , por exemplo, é alguém que, por opção, transcende o status de mero consumidor dessas histórias ao recriar, ampliar, mudar o foco, subverter e/ou parodiar universos ficcionais de outros criadores em seus próprios contos. Esse novo escritor dará início, assim, a uma nova etapa na sua relação não apenas com a industria cultural, mas com outras pessoas com particularidades e desejos em comum. O retorno imediato do público é provavelmente uma das maiores razões para os fãs adotarem a internet como canal definitvo para postar seus textos.
  • 28. A internet tem permitido, atualmente, grandes experimentos no campo audiovisual (youtube). As audiências já derrubaram o velho paradigma da comunicação de massa, no qual os papéis de emissor e receptor da mensagem eram pré-definidos e imutáveis. (a tv digital que vem aí é prova disso...)
  • 29. Computadores com internet talvez sejam os meios que mais nos fizeram falta na escola e sequer percebíamos isso. A Internet é o lugar da dúvida, da incerteza. Nada na Intenet pode ser aceito passivamente, sem confirmação. Em nenhum espaço, antes, a certeza deu tanto lugar à dúvida. Com ela a construção do ser crítico, que precisa decidir e desenvolver cacapacidade de avaliação, é uma necessidade cotidiana. Como pudemos viver tanto tempo sem eles?
  • 30. A internet tornou-se fundamental não apenas por abrigar a produção, mas por torná-la acessível a qualquer um em qualquer parte do mundo; e por fazer isso de forma extremamente rápida e barata, com apenas um computador doméstico e uma conexão telefônica ou por servidores de banda larga.
  • 31. O cotidiano midiatizado se constitui como uma forma de “Sair do anonimato sendo as mesmas pessoas de sempre, continuando seus rituais de pessoas anônimas.”
  • 32. A internet permite acessar muitos textos, hipertextos, imagens, vídeos, sons... Mas permite também o caminho inverso: que a escola vá ao mundo . Com a Internet a escola, cada escola, pode “ mostrar a sua cara”, colocando lá seus trabalhos, trocando suas dúvidas e incertezas.
  • 33. Internet, celulares, palmtops, câmeras digitais, webcams e muitos outros apetrechos tecnológicos têm sido ferramentas importantes para a formação de novas redes sociais, onde surgem novos paradigmas e reciclam antigos. Um deles é a interatividade . Outro é o dulívio de informações , que, embora mais complexo na internet é um fenômenos global.
  • 34. “ Interatividade” é o princípio mais interessante do mundo digital, ou seja, da internet, do game, do site, do software. E se apresenta certamente o maior desafio da mídia de massa, que busca alucinadamente a participação do público para enfrentar a internet. Assim como inspira a inquietação dos programadores da mídia tradicional, a interatividade também pode despertar o interesse dos professores para uma nova comunicação com os alunos em sala de aula. Afinal, tanto a mídia de massa quanto a sala de aula estão diante do esgotamento do mesmo modelo comunicacional que prevaleceu no século XX: a transmissão que separa emissão e recepção, a lógica da distribuição. (Silva)
  • 35. A passagem do material impresso para mídias diversas – como a TV, o vídeo e a internet – impõe um tratamento diferenciado para o texto, que passa de formulação linear para hipertextual.
  • 36. É preciso refletir e propor formas de integração entre esses meios. O livro muda a internet e a internet muda o livro. Quem vê vários canais de TV ao mesmo tempo, quem estuda ouvindo música, quem lê ao mesmo tempo que assiste TV, não escreve como quem viveu em tempos passados. Livros hoje, são hipertextuais. Programas de TV buscam qualidades literárias. Os meios se contaminam e se modificam uns aos outros, porque são produtos do momento histórico em que são criados e utilizados. E este momento é, sem dúvida, multifacetado, pródigo em variedade tanto de forma como de conteúdo.
  • 37. Quão mais são usadas multimídias, especialmente integradas, mais dependentes ficam de um processo mais complexo, de abordagem multidisciplinar, nem sempre de fácila acesso ao professor em sala de aula, especialmente de nível básico; daí a importância, nos tempos atuais, da oferta de materiais bem qualificados para utilização no ensino.
  • 38. Um cuidado há que ser tomado: a informática facilita os procedimentos de cópia, onde a informação não se transforma em conhecimento na cabeça do aluno. Pesquisa não se faz só com o computador – o que se pode fazer com ele é coleta de informações! Gerar conhecimento tem mais a ver com analisar, comparar, debater e agir sobre um objeto de estudo do que com a pirotecnia telemática. Um erro comum é colocar infinitas mídias a serviço de um conteúdo oco, que não acrescenta nada em termos de aprendizagem para o grupo. (Pucci)
  • 39. Queremos chegar, com essa contextualização, ao fato de que estamos vivendo em uma era digital onde a convergência e integração das mídias é um processo em franco andamento.
  • 41. Para desenvolver uma prática pedagógica voltada para a integração de mídias, uma das possibilidades tem sido o trabalho por projetos . Na perspectiva da pedagogia de projetos, o aluno aprende-fazendo, aplicando aquilo que sabe e buscando novas compreensões com significado para aquilo que está produzindo. (Salto para o Futuro – Série: Integração de tecnologias, linguagens e representações” maio, 2005)
  • 42. Na pedagogia de projetos, o aluno aprende no processo de produzir, de levantar dúvidas, de pesquisar e criar relações, que incentivam novas buscas, descobertas, compreensões e reconstruções de conhecimento.
  • 43. A pedagogia de projetos tendo como enfoque a integração entre mídias e áreas de conhecimento, envolve a inter-relação de conceitos e princípios. Nesta forma de aprendizagem o aluno pode aplicar aquilo que sabe de forma intuitiva e/ou formal, estabelecendo relações entre conhecimentos, o que pode levá-lo a ressignificar os conceitos e as estratégias utilizadas, ampliando seu escopo de análise e compreensão.
  • 44. A pedagogia de projetos pode viabilizar ao aluno um modo de aprender baseado na integração entre conteúdos das várias áreas do conhecimento, potencializando a integração de diferentes áreas do conhecimento; bem como na integração entre diversas mídias e recursos disponíveis no contexto da escola, os quais permitem ao aluno expressar seu pensamento por meio de diferentes linguagens e formas de representação.
  • 45. Do ponto de vista da aprendizagem no trabalho por projeto, destaca-se a possibilidade de o aluno recontextualizar aquilo que aprendeu, bem como estabelecer relações significativas entre conhecimentos. Um dos pressupostos básicos do projeto é a autoria – seja individual, em grupo ou coletivamente. (Salto para o Futuro – Série: “Pedagogia de projetos e integração de mídias” – setembro de 2003)
  • 46. O projeto é desenvolvido pelas pessoas que pensam e atuam em sua realização. Os autores são aqueles que participam em todo o desenvolvimento do projeto, concebem e discutem as problemáticas, descrevem e registram um plano para investigá-las e produzir resultados, desenvolvem as ações e avaliam continuamente se os resultados que vão sendo obtidos são aceitáveis em termos de satisfazer as intenções desejadas, responder às perguntas iniciais ou avançar em sua compreensão e até alterar as perguntas iniciais ou levantar novas perguntas. (Salto para o Futuro – Série: “Pedagogia de projetos e integração de mídias” – setembro de 2003)
  • 47. Como os projetos passam a ser realizados por diversos autores, dependem, assim, de um processo de construção coletiva que tem importantes implicações educativas, desde motivacionais e socioconstrutivas até filosóficas, no campo dos valores, como os de ética, de cooperação, etc. Salto para o Futuro – Série: “Mídias e Educação” - dezembro 2006.
  • 48. Na linha do ensino por projetos, a idéia é permitir que o conhecimento seja buscado e construído pelos alunos, a partir de pesquisas pessoais e coletivas. Com objetivos pertinentes e temas voltados para a vida cotidiana, o ensino por projetos tem mais chances de construir aprendizagem significativa. É uma prática que visa ao desenvolvimento de capacidades de socialização e de aprendizagem cooperativa. Formando para o espírito de pesquisa, aumenta a iniciativa dos alunos e, quando orientado por um professor bem preparado, pode ajudar a desenvolver a capacidade de aprender continuamente, já que supõe diversos processos cognitivos além da memorização de conteúdos, como seleção de informação e articulação de saberes interdisciplinares. (Ramal 2000)
  • 49.
  • 50.
  • 51. Ter acesso à mídia é importante para o desenvolvimento de projetos em sala de aula, mas não é suficiente para que seu uso pedagógico seja efetivo, proporcionando ao aluno novas formas de aprender, integrando as diferentes linguagens e representações do conhecimento. Por outro lado, o trabalho por projetos favorece a integração das mídias e de conteúdos de diferentes áreas do conhecimento, bem como o trabalho em grupo, que favorece o desenvolvimento de competências, as quais se tornam cada vez mais necessárias na sociedade atual. (Salto para o Futuro – Série: “Pedagogia de projetos e integração de mídias” – setembro de 2003)
  • 52. Papel do professor frente a essa abordagem O trabalho por projetos requer mudanças na concepção de ensino e aprendizagem e, conseqüentemente, na postura do professor. (Salto para o Futuro – Série: “Pedagogia de projetos e integração de mídias” – setembro de 2003)
  • 53. Uma pedagogia baseada nessa disposição à co-autoria, à interatividade, requer a morte do professor narcisicamente investido do poder. Expor sua opção crítica à intervenção, à modificação, requer humildade. Mas diga-se humildade e não fraqueza ou minimização da autoria, da vontade, da ousadia. Seja na sala de aula equipada com computadores ligados à internet, seja no site de educação à distância, seja na sala de aula “infopobre”, o professor percebe que o conhecimento não está mais centrado na emissão, na transmissão. (Silva)
  • 54. Esta abordagem pedagógica requer do professor uma postura diferente daquela habitualmente utilizada no sistema da escola, ou seja, requer uma postura que concebe a aprendizagem como um processo que o aluno constrói “como produto do processamento, da interpretação, da compreensão da informação.” (Salto para o Futuro – Série: Integração de tecnologias, linguagens e representações” maio, 2005)
  • 55. O professor propõe o conhecimento. Não o transmite. Não o oferece à distância para a recepção audiovisual ou “bancária” (sedentária, passiva), como criticava o educador Paulo Freire. (Silva)
  • 56. O papel do professor deixa de ser aquele que ensina por meio da transmissão de informações – que tem como centro do processo a atuação do professor –, para criar situações de aprendizagem cujo foco incide sobre as relações que se estabelecem neste processo, cabendo ao professor realizar as mediações necessárias para que o aluno possa encontrar sentido naquilo que está aprendendo, a partir das relações criadas nessas situações. (Salto para o Futuro – Série: “Pedagogia de projetos e integração de mídias” – setembro de 2003)
  • 57. Sua função mais necessária será traçar as estratégias, ajudar a definir passos e dimensões de pesquisa. Por isso, o eixo do ensino-aprendizagem e o da avliação também se deslocam totalmente, integrando-se. Em vez de verificar a assimilação de conteúdos, ele deverá detectar acertos e deficiências nos processos de pesquisa. Usará essas informações para adequar os processos dos alunos, ajudando-os a aprender de outras formas. (Ramal 2000)
  • 58. A mediação do professor é fundamental, pois, ao mesmo tempo que o aluno precisa reconhecer sua própria autoria no processo, ele também precisa sentir a presença do professor que ouve, questiona e orienta, visando propiciar a construção do conhecimento do aluno. A mediação implica a criação de situações de aprendizagem que permitam ao aluno fazer regulações, uma vez que os conteúdos envolvidos no projeto precisam ser sistematizados para que os alunos possam formalizar os conhecimentos colocados em ação. (Salto para o Futuro – Série: “Pedagogia de projetos e integração de mídias” – setembro de 2003)
  • 59. As relações de poder que surgem na escola a partir dos instrumentos tecnológicos são totalmente novas. Pela primeira vez, na história, a tecnologia da dominação é mais conhecida pelo “dominado”. Até hoje o professor trazia o saber, a norma culta, a escrita “correta”, para os não-letrados, reproduzindo no contexto escolar as situações de imposição linguística vividas pelas culturas orais. Hoje ocorre um paradoxo: aquele a ser educado é o que melhor domina os instrumentos simbólicos do poder, o aparato de maior prestígio: as tecnologias. O que ocorrerá na sala de aula? Parece-me que as parcerias e a aprendizagem em conjunto serão inevitáveis. (Ramal)
  • 60.
  • 61.
  • 62. Autores: Andrea Cecilia Ramal. Avaliar na cibercultura . Revista Pátio, fevereiro 2000. Fernandes, Gisele Castro. Liberdade de expressar o mundo . Revista Educação, abril 2001. Maria Tais de Melo. O processo de autoria na Educação Infantil . Revista Direcional Educador, junho 2008. Luis Fábio Simões Pucci. Em busca de novos caminhos para a Pesquisa Escolar no Ensino Básico. Revista Direcional Educador, maio 2008. Márcio Padrão. Artigo publicado na Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação. Marco Silva. Pedagogia do Parangolé . http://www2.uerj/~emquest/emquestao72/parangole.htm Boletins Salto para o Futuro