O documento descreve como os animais sobrevivem ao inverno, listando estratégias como hibernação, migração e adaptação. A hibernação envolve dormência profunda para conservar energia, enquanto a migração permite deslocar-se para locais mais quentes. A adaptação inclui alterações físicas como pelagem espessa e comportamentais como armazenar comida.
12. MUNDO DOS ANIMAIS
N
o conforto das nossas
casas, bem protegidas
por quatro paredes e
um teto, temos vários
meios para fazer frente ao frio,
à neve e à escuridão típicas do
Inverno.
Aquecedores, lareiras, luzes
brilhantes, cobertores quentes
ou pantufas enormes são uma
preciosa ajuda. Mesmo quando
temos de sair de casa dispomos
de roupa apropriada, luvas, gor-
ros – não que evitem um nariz
a pingar, mas permitem-nos so-
breviver.
Em último caso podemos apa-
nhar o avião e viajar para um
país mais agradável (estou a
pensar em vocês, Brasil).
Contudo, os animais não têm
ao seu dispor nenhum destes
luxos do ser humano moderno.
Como conseguem então sobre-
viver à estação mais perturba-
dora do ano?
Um dos grandes obstáculos que
os animais têm de enfrentar no
Inverno é a carência de alimen-
to. À medida que as tempera-
turas baixam, o alimento fica
mais escasso essencialmente
por dois motivos:
1) As plantas, base de quase
todas as cadeias alimentares,
são substancialmente reduzi-
das durante o Inverno;
2) Os insetos e os pequenos
roedores, nos quais muitos ani-
mais baseiam a sua dieta, abri-
gam-se debaixo do solo para se
proteger do frio, ficando assim
fora do alcance dos seus pre-
dadores.
Se os animais continuassem
a sua atividade normal, iriam
gastar mais energia a procurar
o alimento do que a que iriam
recuperar ao consumir esse ali-
mento. Para além disso, quanto
mais baixa estiver a temperatu-
ra, mais energia os animais ne-
cessitam para manter o corpo
quente.
Sem essa fonte de energia (ali-
mento) o Inverno torna-se fatal.
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Assim, a chave para a sobrevi-
vência dos animais durante esta
estação do ano está na con-
servação da energia (hiberna-
ção), em alterações físicas e no
CONCEITOS RÁPIDOS
Animais de sangue quente ou animais endotérmicos, são os ani-
mais que conseguem manter e regular a temperatura do seu
corpo, o que acontece com os mamíferos (p.ex: o hipopótamo
na foto em cima) e as aves;
Animais de sangue frio ou animais ectotérmicos, não conse-
guem regular a temperatura, pelo que necessitam de fontes de
calor no ambiente para se aquecer. Neste grupo incluem-se os
répteis (p.ex: o crocodilo na mesma foto), os anfíbios, os peixes
e os invertebrados.
comportamento para suportar o
frio (adaptação) ou na mudança
para locais mais quentes onde
podem continuar a sua ativida-
de normal (migração).
Fotografia: Stig Nygaard
14. MUNDO DOS ANIMAIS
HIBERNAÇÃO
E TORPOR
A
hibernação é uma es-
pécie sono profundo
que pode durar todo
o Inverno. Geralmen-
te tem início quando os dias
começam a ficar mais frios ou
mais curtos.
Por definição, só animais de
sangue quente podem hibernar
uma vez que são os únicos ca-
pazes de regular a sua tempe-
ratura. Répteis, anfíbios e inse-
tos têm estados de dormência
semelhantes, mas com carac-
terísticas próprias e de que fa-
laremos mais à frente.
Em hibernação, a temperatu-
ra do corpo do animal baixa, a
respiração e os batimentos do
coração tornam-se mais lentos
e assim, o animal consegue so-
breviver com pouca energia – a
única fonte de energia que tem
à disposição é o alimento que
consumiu antes de começar o
Inverno e que se encontra ar-
mazenado no seu corpo sob a
forma de gordura.
Considera-se em hibernação
os animais que adormecem tão
profundamente que parecem
estar em coma. É difícil acordar
um animal em hibernação. Es-
tes animais, como as marmotas
(maior hibernante de todos),
esquilos ou morcegos, só o fa-
zem dentro de abrigos muito
seguros, pois seriam incapazes
de se defender em caso de ata-
que.
O estado de torpor é semelhan-
te à hibernação no sentido em
que o animal também o utiliza
para gastar pouca energia e
abrandar o seu metabolismo. É
diferente, no entanto, pela du-
ração e pela intensidade.
Entram em estado de torpor
animais como ursos, guaxinins,
alguns roedores e aves. O tor-
por deixa-os dormentes por pe-
ríodos que podem ir de algumas
horas a alguns dias.
Neste estado, os animais con-
seguem despertar com rapidez,
16. MUNDO DOS ANIMAIS
respirar profundamente para
renovar o oxigénio, dar um puli-
nho ao WC ou mesmo dar uma
dentada em algum petisco que
tenham armazenado, antes de
voltarem a adormecer.
Caso a temperatura esteja
amena, podem aventurar-se no
exterior e até mesmo não conti-
nuar a hibernar.
Um exemplo curioso de hiber-
nação ou torpor é o urso. Con-
segue estar em dormência até
seis meses consecutivos, o
que encaixa na hibernação,
no entanto, a respiração e os
batimentos cardíacos baixam
apenas ligeiramente e o animal
consegue acordar rapidamente,
o que indica estado de torpor.
Mais ainda: as fêmeas conse-
guem dar à luz neste período.
O despertar, que no caso da
hibernação pode durar várias
horas, acontece na Primavera,
quando as temperaturas são
mais agradáveis e o alimento já
é mais abundante.
Em Invernos relativamente
amenos, ou em condições ar-
tificiais de cativeiro, a dormên-
cia pode não ser necessária. É
o que acontece, por exemplo,
com tartarugas e outros répteis
que tenhamos em casa, já que
lhes fornecemos calor e alimen-
to regularmente durante todo o
ano.
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Urso-negro (Ursus americanus)
Fotografia: Eric Kilby
CURIOSIDADE
Os animais que vivem em climas de calor extremo ou secas prolonga-
das, podem entrar num tipo de hibernação chamada estivação.
Um exemplo clássico de estivação são os peixes pulmonados, que
através da mesma conseguem viver sem água até três anos. Outros
animais que praticam estivação incluem caracóis, joaninhas, crocodi-
los, tartarugas e salamandras, entre outros.
18. MUNDO DOS ANIMAIS
MIGRAÇÃO
A
migração é uma estratégia
que permite aos animais des-
locarem-se para regiões mais
quentes e assim fugir das tem-
peraturas mais baixas. É uma estratégia
especialmente bem aproveitada pelas
aves, devido à sua capacidade de voar.
Através da migração, os animais podem
continuar a alimentar-se normalmente e
manter-se ativos, no entanto não é uma
escolha de vida fácil. A migração gasta
imensa energia (ao contrário da hiber-
nação), sobretudo nas migrações mais
longas.
Os andorinhões-alpinos (Tachymarptis
melba), por exemplo, voam seis meses
sem parar. As baleias-cinzentas (Esch-
richtius robustus) viajam noite e dia e
chegam a percorrer entre 16 a 22 mil
quilómetros por ano, a um ritmo de cer-
ca de 120 quilómetros por dia. Detém
o recorde da maior distância percorrida
entre os animais mamíferos, mas que
não ultrapassa a pardela-preta (Puffi-
nus griseus) com uns, inserir adjetivo à
escolha, 64 mil quilómetros por ano.
Como termo comparativo, o planeta
Terra tem apenas 40 mil quilómetros de
circunferência.
20. MUNDO DOS ANIMAIS
A Descoberta da Migração
das Aves
O desaparecimento das aves durante o Inverno foi durante vários sécu-
los um mistério e deu origem a diversas teorias. Umas mais plausíveis,
como acreditar-se que as aves se escondiam para hibernar, outras mi-
rabolantes, como as aves transformarem-se em ratos ou voarem em
direção à Lua.
Ainda que alguns autores (como Aristóteles) já tivessem sugerido que
as aves se deslocavam por grandes distâncias no Inverno, foi apenas
no século XIX que as migrações foram verdadeiramente aceites. E
tudo devido a um acidente.
No dia 21 de Maio de 1822, esta cegonha (imagem à direita) foi en-
contrada na Alemanha, com uma seta originária da África central atra-
vessada no pescoço. Esta seta iluminou os cientistas sobre um dos
acontecimentos mais importantes da vida animal: a migração.
É verdade que as cegonhas e outras aves não viajam 384 mil quilóme-
tros até à Lua. Mas fazem-no entre continentes, pelo mundo inteiro, e
isso é tão verdadeiro quanto extraordinário.
22. MUNDO DOS ANIMAIS
ADAPTAÇÃO
A
s estratégias de adaptação per-
mitem aos animais ficar no mes-
mo local e continuar ativos, mes-
mo durante os dias mais frios.
Estas estratégias passam por alterações
no seu corpo, como o desenvolvimento de
gordura e pelagem especializada em con-
servar calor, ou no seu comportamento,
como armazenar alimento durante o Ou-
tono antes da escassez do Inverno.
Cavernas, troncos de árvores mortas, bu-
racos e o solo por baixo da neve (também
chamado subnivium), são os equivalentes
ás nossas casas para os animais. Permi-
tem criar um microclima mais confortável
do que o clima exterior e uma passagem
mais agradável pelos dias mais frios.
A utilização da neve como isolante térmico
é mais eficaz do que à primeira vista apa-
renta – está na base da construção dos
iglus pelos esquimós, por exemplo.
Um cuidado especial que os mamíferos
necessitam de ter, é com a chuva. O pêlo
molhado não consegue conservar o calor
e o animal perde uma das suas melhores
proteções contra o frio. Quando chove, os
mamíferos pequenos procuram abrigar-se
no subsolo ou em esconderijos que en-
contrem, incluindo construções humanas.
24. MUNDO DOS ANIMAIS
Algumas das adaptações físicas mais co-
nhecidas incluem:
1) Tendência para um corpo maior entre
mamíferos e aves do mesmo género que
habitam regiões frias, conhecida como
Regra de Bergmann, para facilitar a re-
tenção do calor. Por exemplo, os ursos
polares tendem a ser maiores que os ou-
tros ursos;
2) Apêndices mais curtos (orelhas, nariz,
patas…) para reduzir perda de calor. As
focas, as raposas-do-ártico e os pinguins
são um exemplo;
3) Pelagem e gordura especializada para
conservar o máximo de calor. A pelagem
de Inverno, geralmente branca, também
serve de camuflagem contra a neve. Es-
tes mecanismos por vezes são tão efica-
zes que animais como ursos polares e
raposas-do-ártico correm o risco de so-
breaquecer (leu bem), sobretudo quando
a temperatura está um pouco mais alta
(dez graus negativos já pode ser alto). Re-
bolar na neve é uma forma de arrefecer;
4) Visão especializada na escuridão, como
acontece nas renas no norte do circulo ár-
tico que passam uma parte do ano sem
luz natural do Sol;
5) Mecanismos internos (como no sistema
circulatório) que procuram regular a tem-
peratura onde é mais necessária, como
nas extremidades. Tal co
connosco num dia frio, em
arrefecem primeiro que o r
também nos animais as ext
as primeiras a sentir o frio.
Os animais também adapta
portamento para fazer face
lados, como armazenar co
chegar o Inverno até juntar
outros para partilhar o calor
25. www.mundodosanimais.ptRenas (Rangifer tarandus)
Fotografia: Brian Gratwicke
omo acontece
m que as mãos
resto do corpo,
tremidades são
am o seu com-
e aos dias ge-
omida antes de
rem-se uns aos
r do corpo.
Exemplo disso são os pinguins-imperado-
res. Juntam-se uns aos outros em grandes
colónias para partilhar o calor e bloquear
as correntes de ar – ao mesmo tempo que
protegem um ovo equilibrado entre as pa-
tas. Os pinguins nas bordas das colónias,
mais expostos ao vento, vão alternando
com os do interior para que nenhum pin-
guim fique exposto por muito tempo.
26. MUNDO DOS ANIMAIS
A
lgumas aves, insetos
ou anfíbios enfrentam
esta época do ano
de formas diferentes,
constituem uma exceção entre
os seus pares ou demonstram
uma impressionante criativida-
de – algo que nunca se esgota
na natureza.
AS AVES QUE NÃO MIGRAM
A maioria das aves adota a mi-
gração como principal estra-
tégia para escapar dos climas
mais frios, como vimos ante-
riormente. No entanto, algumas
aves não migram: caso das co-
rujas, gaviões, chapins ou per-
dizes. Os seus corpos adaptam-
-se através do desenvolvimento
de uma camada de penas adi-
cional, que os mantém quentes.
Existe apenas uma espécie de
ave conhecida capaz de hiber-
nar: o noitibó-de-nuttall (Pha-
laenoptilus nuttallii). Esta ave
esconde-se por baixo de rochas
ou troncos ocos, onde perma-
nece até cinco meses e chega
OUTRAS
ESTRATÉGIAS
a hibernar por períodos de 100
dias consecutivos. Quando
desperta, necessita de cerca de
sete horas para se recompor.
O COBERTOR DOS MAMÍFEROS
AQUÁTICOS
Animais como baleias e focas
27. www.mundodosanimais.pt
alimentam-se abundantemente
de forma a criarem camadas de
gordura adicional nos seus cor-
pos, que os protegem do frio.
Comotermodecomparação,éo
equivalente a embrulharmo-nos
num cobertor, com a diferença
de que nestes animais o cober-
tor está por dentro do corpo.
Em alguns animais, esta estra-
tégia está tão bem desenvol-
vida que conseguem controlar
o fluxo de sangue que circula
nestas camadas. Quanto mais
longe estiver o sangue da su-
perfície da pele, menos calor
é perdido. Estas camadas de
gordura também servem de
Rana arvalis
Fotografia: Piet Spaans / Wikimedia Commons
28. MUNDO DOS ANIMAIS
alimento nos meses seguintes,
como acontece com os elefan-
tes-marinhos.
INSETOS, DIAPAUSA E UMA ÉPICA
MIGRAÇÃO
Alguns insetos adotam uma
espécie de hibernação como
estratégia de sobrevivência. A
hibernação específica dos in-
setos é chamada diapausa. A
diapausa tem início quando os
dias começam a ficar mais cur-
tos, mesmo que a temperatura
ainda seja amena.
Algumas traças / mariposas e
borboletas passam o Inverno
em casulo ou apenas crisálida
e quando chega a Primavera,
eclodem. Existem outras espé-
cies que permanecem lagartas
durante esta estação, cobrindo-
-se com terra e folhas mortas
para se proteger do frio.
Outros insetos, como as abe-
lhas e as vespas (apenas as
rainhas, machos e operárias
morrem no final do Verão), pro-
curam abrigar-se em lugares
secos e protegidos das corren-
tes de ar. Escavam no solo e
protegem-se debaixo de terra e
folhas mortas. Em alternativa,
abrigam-se dentro de troncos
ocos.
É famosa a épica migração da
borboleta monarca no Inverno.
Este fenómeno de rara beleza,
que leva milhões de borboletas
desde a América do Norte até
ao México, atrai tanto cientistas
como curiosos e permite estu-
dar anualmente o estado de
conservação da espécie. Ge-
ralmente ficam no México entre
Outubro e Março, altura em que
regressam ao local de origem.
Algumas borboletas monarcas
entram em diapausa nos dias
mais frios.
BRUMAÇÃO DOS RÉPTEIS E ANFÍ-
BIOS
O tipo de hibernação praticada
pelos répteis e pelos anfíbios é
chamada brumação. Estes ani-
mais de sangue frio procuram
abrigar-se e hibernar assim que
os dias começam a ficar mais
curtos, para não serem apa-
nhados desprevenidos num dia
mais frio – o que poderia signifi-
car a morte.
As temperaturas baixas são
particularmente perigosas para
29. www.mundodosanimais.pt
estes animais, razão pela qual,
por exemplo, não existe qual-
quer espécie de réptil ou anfí-
bio a viver na Antártida. Mesmo
no Ártico, existem apenas cinco
espécies de anfíbios e uma só
espécie de réptil, nenhum dos
quais dentro do círculo polar.
As cobras do género Thamno-
phis, endémicas da América
do Norte, hibernam em grupos
enormes que podem conter
centenas ou mesmo milhares
de cobras, entrelaçadas umas
nas outras para preservarem o
calor.
As rãs costumam abrigar-se na
lama de charcos e lagos, obten-
do oxigénio através da água.
Algumas espécies, como as
rãs-arborícolas, protegem-se
por baixo de folhas e no subso-
lo das florestas.
A rã-dos-bosques (Rana sylva-
tica), endémica da América do
Norte, consegue produzir uma
espécie de anticongelante na-
tural através de altos níveis
de açúcar, ureia e um terceiro
composto ainda não identifica-
do, que lhes permite resistir a
impressionantes temperaturas
de quase -30º C.
OS PEIXES QUE NÃO CONGELAM
Alguns peixes também produ-
zem uma proteína anticonge-
lante que protege os fluídos
corporais, como o sangue. Esta
proteína é especialmente im-
portante nas espécies que na-
dam pelas águas polares.
Os peixes também conseguem
entrar num estado de dormên-
cia parecido com a hibernação,
onde o seu metabolismo é redu-
zido, gastam menos energia e
alimentam-se menos. A ativida-
de dos peixes no Inverno che-
ga a ser reduzida 20 vezes em
comparação com o Verão. Esta
dormência é provocada pelas
temperaturas baixas, mas tam-
bém em casos de falta de oxi-
génio na água (hipóxia).
Já os peixes que vivem em rios
e lagos que estão congelados,
estão num ambiente menos
inóspito do que poderá parecer
a um observador de fora. Quan-
do um lago ou um rio congela,
na verdade apenas a superfície
fica no estado sólido. Por baixo
da mesma, peixes, crustáceos
e plantas continuam a usufruir
de água líquida normal (ainda
que bem fresquinha).
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Até à Primavera - Conclusão
Milhões de anos de evolução resultaram em estratégias
criativas e adaptações fascinantes para o Inverno, com
um único propósito: sobreviver ás mais baixas temperatu-
ras do planeta.
As principais estratégias que os animais utilizam são a hi-
bernação, onde entram numa espécie de dormência que
pode durar meses; a migração, onde cruzam o globo em
direção a regiões mais amenas e a adaptação, como o
crescimento de pêlo e de gordura capaz de os isolar do
frio e fazer frente à escassez de alimento.
Desde os animais de sangue quente aos de sangue frio,
todos os que se cruzam com a estação mais fria do ano
sabem o que fazer - e é fascinante descobrir os seus me-
lhores truques.
Descubra mais sobre animais selvagens em:
www.mundodosanimais.pt/animais-selvagens