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REVISTA TOXICODEPENDÊNCIAS | EDIÇÃO IDT | VOLUME 16 | NÚMERO 1 | 2010 | pp. 47-56                                                                            47




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Impacto da toxicodependência na parentalidade e
saúde mental dos filhos - Uma revisão bibliográfica
Teresa MuchaTa, carla MarTins

Artigo recebido em 13/01/10; versão final aceite em 01/03/10.




RESUMO                                                                              ABSTRACT
Esta revisão bibliográfica centra-se nos efeitos da toxicodepen-                    This literature review focuses on the effects of drug abuse in terms
dência ao nível da parentalidade e da saúde mental das crianças e                   of the parenting and mental health of children and adolescents, the
adolescentes, filhos de progenitores toxicodependentes. Os factores                 offspring of drug dependent parents.
de risco e os factores protectores apontados pela literatura como                   The risk and protective factors identified by the literature as being
estando associados a esta problemática serão também abordados.                      associated with this issue will also be addressed.
Terminamos com uma apresentação do tipo de intervenção que tem                      We will be concluding with a presentation of the type of intervention
sido levada a cabo para a promoção de uma parentalidade adequada                    that has been carried out to promote better parenting and inprove
e da saúde mental das crianças e adolescentes.                                      mental health in children and adolescents.
Palavras-chave: Toxicodependência; Parentalidade; Factores de Ris-                  Key Words: Drug Addiction; Parenting; Risk Factors and Protective
co e Factores de Protecção.                                                         Factors.

RÉSUMÉ                                                                              RESUMEN
Cette synthese bibliographique se concentre sur les effets de la                    Esta revision bibliografica se fija en los efectos de la drogodepen-
dépendance toxicomane au niveau parental de la santé mentale                        dencia al nivel de la parentalidad y de la salud mental de los niños e
des enfants et adolescents, enfants de geniteurs toxicomanes. Les                   adolecientes, hijos de progenitores drogodependientes. Los factores
facteurs de risque et les facteurs protecteurs sont pointées par la                 de risco y los factores protectores apuntados por la literatura como
litérature comme étant associé à ce problème qui seront abordés.                    estando asociados a esta problemática serán también abordados. Ter-
Nous terminons avec une présentation de type d’intervention mené                    minamos con una presentación del tipo de intervención que se tiene
au bout par une forme d’autorité parentale adaptée à la santé mentale               usado para promover una parentalidad adecuada y la salud mental de
des enfants et adolescents.                                                         los niños e adolecientes.
Mots-clé: Toxidépendance; Autorité Parentale; Facteurs de Risques                   Palabras Clave: Drogodependencia; Parentalidad; Factores de Risco;
et Facteurs de Protection.                                                          Factores de Protección.
48   IMPACTO DA TOXICODEPENDÊNCIA NA PARENTALIDADE E SAÚDE MENTAL DOS FILhOS – UMA REVISÃO bIbLIOgRáFICA




     1 – INTRODUÇÃO                                                                  filhos, minimizando os riscos associados ao abuso de
     A toxicodependência tem efeitos nocivos a vários ní-                            drogas pelos pais.
     veis. A nível individual afecta a saúde física e mental.                        O método utilizado consistiu na pesquisa bibliográfica
     Em termos físicos, a dependência de substâncias ilíci-                          utilizando a base de dados do Centro de Documentação
     tas pode comprometer a saúde do indivíduo dado es-                              do Instituto da Droga e da Toxicodependência, com acesso
     tar associada a uma maior probabilidade de doenças                              em www.idt.pt. Foi também utilizada a base de dados de
     infecciosas, má nutrição e falta de higiene pessoal. No                         texto integral EbSCO host – support site, introduzindo
     que diz respeito à saúde mental, são comuns problemas                           as palavras chave, sendo factor de exclusão estudos
     de ordem afectiva, de relacionamento interpessoal, de                           desenvolvidos apenas com indivíduos alcoólicos.
     adaptação a normas e valores, baixa auto-estima, baixo
     nível de tolerância à frustração e alterações na percep-                        2 - IMPACTO DA TOxICODEPENDêNCIA NA PA-
     ção da realidade. habitualmente associam-se, também,                            RENTAlIDADE
     circunstâncias de vida muito difíceis como a pobreza, a                         Os efeitos da toxicodependência fazem-se sentir quer na
     instabilidade profissional, a marginalização e problemas                        função materna quer na função paterna. De uma forma
     judiciais (Moro, Esteve, Moreno, Quintanilla, Vivanco,                          geral, o próprio compromisso com a parentalidade,
     gonzález, barea, Tenório, Romero, Arjona, Casares,                              quando associado ao consumo crónico conduz, grande
     Cañas, Polónio, & Navarro, 2000).                                               parte das vezes, à dificuldade em manter funções paren-
     Quando o toxicodependente se torna pai ou mãe, a de-                            tais organizadoras, protectoras e satisfatórias. O con-
     pendência de substâncias compromete a parentalida-                              fronto com esta fragilidade e incapacidade de cumprir
     de e a própria saúde mental dos filhos na infância e                            desencadeia situações de recaída, nos consumos de
     adolescência (Murphy & Lawless, 2002). Ao nível da                              droga, em situações de algum tempo de paragem, ou
     parentalidade, verifica-se que mães toxicodependentes                           agrava situações de consumo continuado, que por sua
     têm piores resultados em escalas de atitudes paren-                             vez, dificultam o assegurar da função parental (Almeida,
     tais, quando comparadas com mães que não apre-                                  2001; McMahon & Rounsaville, 2002). Nestes casos,
     sentam essa problemática (hettinger, Nair, & Shuler,                            em situação clínica assiste-se muitas vezes a uma
     2000). No que diz respeito à saúde mental, das crianças                         parentificação das crianças, que são investidas como
     e adolescentes, regista-se, por exemplo, uma elevada                            prestadoras de cuidados aos seus progenitores, durante
     prevalência de consumo de drogas entre os filhos de                             o seu tratamento. Este sobreinvestimento de funções
     toxicodependentes. As taxas de consumo de drogas, ao                            próprias do adulto deixa estes menores em situação de
     longo da vida, em crianças cujos pais apresentam esta                           fragilidade e insegurança, pois confrontam-se com a
     problemática, são consideradas mais elevadas, do que as                         necessidade de cuidar de alguém, quando precisavam
     de um grupo “não vulnerável” (goulden & Sondhi, 2001).                          de ser cuidados (barroso & Salvador, 2007).
     Com o objectivo de esclarecer de que forma a toxico-                            Considerando a identificação como fundamental no pro-
     dependência interfere na parentalidade e se repercute                           cesso de construção da identidade, Almeida (2001) fala
     na saúde mental dos filhos, foi levada a cabo a presente                        da fragilidade e da imaturidade da imagem parental do
     revisão da literatura. Os objectivos centrais desta re-                         toxicodependente, quer seja o pai, quer seja a mãe, que
     visão foram: a) esclarecer de que forma o abuso de                              deve constituir motivo de preocupação, devido ao efeito
     drogas compromete a parentalidade; b) averiguar como                            que terá na construção da identidade dos filhos.
     a toxicodependência afecta a saúde mental das crianças                          Quando se trata da mãe toxicodependente, a investigação
     e adolescentes; c) que factores podem colocar as crian-                         mostra que estas mães manifestam piores resultados
     ças e adolescentes em risco ou protegê-los; e d) como                           em escalas de atitudes parentais. Comparadas com mães
     é que a intervenção na promoção de uma parentalidade                            não toxicodependentes, estão mais sujeitas a factores de
     saudável, pode ser preventiva para a saúde mental dos                           risco (violência doméstica, falta de alojamento adequado,
REVISTA TOXICODEPENDÊNCIAS | EDIÇÃO IDT | VOLUME 16 | NÚMERO 1 | 2010 | pp. 47-56                                                               49




depressão e outros problemas psiquiátricos…), o que as                              influenciam a identificação dos filhos adolescentes. Por
coloca, mais facilmente, em situação de falhar a nível da                           sua vez, esta identificação é determinante na formação
função materna (hettinger, Nair & Shuler, 2000).                                    da personalidade e na adaptação do comportamento
A propósito das crianças filhas de toxicodependentes,                               dos filhos, às diferentes situações. Os filhos facilmente
burkhart (2000) defende que “a atenção e as experiências                            se identificam com o comportamento dos pais, quando
emocionais que elas recebem por parte dos pais são                                  têm problemas relacionados com o consumo de drogas.
inadequadas, as mães são frias, críticas, dominadoras e                             (brook, Whiteman, gordon, & brook, 1984a, 1984b).
demonstram pouca preocupação pelas necessidades dos                                 Os resultados dos estudos de McMahon e colaboradores
filhos.” (p. 33)                                                                    (2007) sugerem que influências situacionais (problemas
O uso de drogas pela mãe, as suas características de                                de ordem social, financeira e muitas vezes, também,
personalidade e a forma como presta os cuidados à                                   legal) e a história de vida do indivíduo toxicodependente
criança, causam maior impacto do que as características                             interagem comprometendo a responsabilidade como pai.
do pai. No entanto, não podemos deixar de considerar                                Neste sentido, Frank e colaboradores (2002) referem
que o uso de drogas pelo pai tem também um forte                                    que a toxicodependência aumenta a probabilidade de o
impacto. A situação da criança agrava-se quando o                                   pai estar preso e estar desempregado, o que o coloca
uso de drogas pelo pai interage com o uso de drogas                                 numa situação de fragilidade a vários níveis e pode
pela mãe (brook, Tseng, & Cohen, 1996; Frank, brown,                                comprometer a parentalidade. Por um lado, é a imagem
Johnson, & Cabral, 2002).                                                           desvalorizada e ausente, por outro, a dificuldade no
Estudos mostram que nesta população existe uma                                      cumprimento de responsabilidades para a satisfação
maior probabilidade de manifestação de perturbações                                 de necessidades básicas e fundamentais. McMahon,
psiquiátricas específicas, nomeadamente a personali-                                Winkel e Rounsaville (2008) encontram que o pai
dade anti-social, caracterizada por alterações de com-                              toxicodependente tem pobres relações com a mãe dos
portamento como a impulsividade, o alheamento e a                                   seus filhos, reside menos vezes com a criança, é menos
agressividade. Quando se trata do pai toxicodependente,                             vezes o suporte financeiro, tem baixo autoconceito de si
tais manifestações podem, por sua vez, comprometer                                  e menos satisfação como pai.
o papel paternal, como modelo de identificação para os
filhos, no que diz respeito ao relacionamento inter-pes-                            3 - PROBlEMáTICAS ENCONTRADAS NOS fIlhOS
soal e aos comportamentos de socialização (Clark,                                   DE DEPENDENTES DE DROgAS IlíCITAS
Parker, & Lynch, 1999; Moss, Mezzich, Yao, gavaler, &                               Como podemos ver, a investigação mostra-nos que a
Martin, 1995). Outras perturbações psiquiátricas podem                              toxicodependência, e as circunstâncias que se lhe as-
também ser um importante determinante de comporta-                                  sociam (instabilidade profissional, pobreza, marginali-
mento parental disfuncional, do pai toxicodependente, na                            zação, a doença mental ou física), interfere na função
relação com as suas crianças, quando associadas a esta                              parental. Neste ponto, centramo-nos no impacto da to-
problemática, como é o caso da ansiedade, depressão,                                xicodependência dos pais na saúde mental dos filhos.
intolerância à frustração (brook, brook, Rubenstone,
Zhang, Castro, & Tiburcio, 2008; Johnson, Cohen, Kase,                              3.1 - No caso das crianças
& brook, 2004). Os pais são menos afectivos e menos                                 O impacto da toxicodependência faz-se sentir logo
centrados na criança, a relação pai/criança é facilmente                            desde o período neonatal. Tal como refere Palminha e
uma relação de conflito e de dificuldade na colocação                               colaboradores (1993), as condições adversas para as
de regras e disciplina (blackson, Tarter, Martin, & Moss,                           crianças filhas de mães toxicodependentes têm início
1994; brook, Tseng, & Cohen, 1996).                                                 na gravidez e terão como consequência, o baixo peso
A investigação mostra-nos ainda que as característi-                                e a síndrome de privação à nascença. Estas condições
cas da personalidade do pai e o seu comportamento                                   provocam, muitas vezes, a necessidade de internamento
50   IMPACTO DA TOXICODEPENDÊNCIA NA PARENTALIDADE E SAÚDE MENTAL DOS FILhOS – UMA REVISÃO bIbLIOgRáFICA




     prolongado do bebé, que conduz a uma separação pre-                             tudo francês, de bouchez e Coppel (1997), sobre filhos de
     coce mãe/bebé, contribuindo para dificultar o processo                          toxicodependentes, refere que nestas crianças podemos
     de vinculação. Quando também o pai é toxicodependen-                            encontrar distúrbios comportamentais, sintomas de an-
     te, as capacidades deste, como prestador de cuidados,                           siedade e depressão.
     estão comprometidas, ficando dificultado o seu papel                            Um estudo de Almeida (1998) realizado com os filhos
     fundamental no apoio e suporte à relação mãe/criança.                           dos utentes, de um centro de atendimento a toxicode-
     A fragilidade e a vulnerabilidade destas crianças, devido                       pendentes, concluiu que estas crianças habitualmente
     às condições difíceis em que vivem, desde muito cedo,                           apresentam dificuldades de aprendizagem, alterações
     colocam-nas em risco para a doença mental, algo que                             de comportamento, de humor ou queixas psicossomáti-
     está bem documentado na literatura.                                             cas. Particularmente, no que diz respeito às dificuldades
     Palminha e colaboradores (1993, pág. 131) referem que:                          de aprendizagem, Negrão e Seabra (2007) encontram
     “Em relação ao grupo de crianças ressaltamos o facto                            uma relação significativa entre viver em família de risco,
     de predominarem as interacções de má qualidade, com                             com pai toxicodependente, e problemas no desenvolvi-
     capacidade de simbolização pobre e manifestaçoes psi-                           mento das crianças e adolescentes, que se reflectem nas
     copatológicas do tipo de atrasos do desenvolvimento e                           competências escolares.
     problemas de comportamento, o que nos faz recear a                              Devemos ainda salientar que, um estudo de Campo
     fragilidade da sua organização psíquica e consequente                           & Rohner (1992) encontrou uma elevada percepção
     vulnerabilidade à doença mental. Os tipos de compor-                            de rejeição paternal e maternal em crianças filhas de
     tamentos passivos e desorganizados que observámos,                              dependentes de drogas ilícitas, com impacto negativo a
     confirma-nos a fragilidade e vulnerabilidade destas                             nível do seu desenvolvimento psicossocial.
     crianças. Parece-nos importante realçar a tendência
     que se observou para piores resultados no grupo de                              3.2 - No caso dos adolescentes
     crianças mais velhas, o que nos leva a supor que existe                         É a maior vulnerabilidade para o consumo de drogas, a
     uma degradação progressiva nas capacidades e qualida-                           problemática mais preocupante nos adolescentes, filhos
     des destas famílias.” Acompanhadas desde a gravidez,                            de toxicodependentes. De acordo com a literatura estão
     as crianças mais velhas foram as que sofreram um im-                            em maior risco de se tornarem consumidores de drogas,
     pacto mais duradouro da problemática dos seus pais.                             em consequência do contacto precoce com a substância,
     Uma das manifestações do impacto da toxicodependência                           mas principalmente, devido a factores de instabilidade
     dos pais nas crianças tem a ver com as alterações do                            familiar e parentalidade disfuncional (blackson, Tarter,
     comportamento. Verifica-se uma maior propensão para                             Martin, & Moss, 1994; Castro, brook, brook & Rubenstone,
     comportamentos de internalização (relacionados com                              2006; brook, brook, Rubenstone, Zhang, Castro &
     manifestações de isolamento, ansiedade e depressão)                             Tiburcio, 2008; Clark, Parker & Lynch, 1999; Maunder,
     e comportamentos de externalização (relacionados com                            Moss & Murrelle, 1998; Rittenhouse & Miller, 1984).
     manifestações de comportamento de oposição e incum-                             Comparados com outros jovens, cujos pais não vivem
     primento de regras, assim como de comportamento                                 esta problemática, iniciam o consumo de drogas mais
     agressivo) por parte destas crianças, comparativamente                          cedo (Aytaclar, Tarter, Kirisci, Lu, 1999). Um estudo de
     com outras que não vivem esta problemática (brook,                              brook e colaboradores (1984a, 1984b, 1986) conclui pela
     Tseng, & Cohen, 1996; Moss, Clark & Kirisci, 1997;                              não existência de diferenças entre os adolescentes do
     Stewart, Kelley, Fincham, golden, & Logsdon, 2004).                             sexo masculino e feminino, cujo pai é toxicodependente,
     Também dificuldades ao nível do desempenho cognitivo                            no que diz respeito à identificação parental, quando se
     acontecem com frequência, podendo estar associadas                              trata do consumo de drogas pelos jovens. Facilmente
     às perturbações de comportamento (Frank et al., 2002).                          se identificam com o pai toxicodependente, no que se
     burkhart (2000), baseando-se nos resultados de um es-                           refere ao comportamento de consumo de drogas.
REVISTA TOXICODEPENDÊNCIAS | EDIÇÃO IDT | VOLUME 16 | NÚMERO 1 | 2010 | pp. 47-56                                                             51




No entanto, um estudo de Pajer, gardner, Kirillova e                                4 - fACTORES DE RISCO E DE PROTECÇÃO
Vanyukov (2001) mostra diferenças no que diz respeito                               PARA OS fIlhOS DOS TOxICODEPENDENTES
à manifestação de alterações do comportamento, entre                                há factores que constituem maior risco para estas
adolescentes do sexo masculino e feminino, filhos de                                crianças e outros que, por sua vez, as podem proteger
toxicodependentes, evidenciando que os do sexo mas-                                 do maior impacto da problemática dos seus pais.
culino têm tendência para manifestação de comporta-                                 Em termos de factores de risco, a literatura mostra
mento agressivo, impulsividade e atitude antissocial,                               que a dependência de drogas ilícitas de ambos os
enquanto os do sexo feminino têm menos propensão                                    pais, as recaídas frequentes e novas tentativas de
para o comportamento impulsivo e mais manifestações                                 tratamento constituem risco acrescido. Quando ambos
de ansiedade e depressão.                                                           os pais são modelos de toxicodependência, os filhos
Comportamentos problemáticos de interiorização e                                    sofrem mais este impacto e aumenta a probabilidade
externalização são frequentes nos adolescentes cujos                                de transferência intergeracional, ou seja, de os filhos
pais têm problemas relacionados com a dependência                                   apresentarem a problemática dos pais. Por sua vez,
de drogas, principalmente quando o problema do pai se                               as recaídas frequentes constituem momentos de
prolonga no tempo, ultrapassando o sexto ano de vida                                grande instabilidade na vida familiar, que afecta os
do filho (Moss, Clark, & Kirisci, 1997). Outros estudos                             filhos (brook, Tseng & Cohen, 1996; Moro et al., 2000).
encontram esta associação entre a toxicodependência                                 O prolongamento do problema, por muito tempo, ou
dos pais e as perturbações de comportamento dos                                     a sua cronicidade, assim como a idade precoce das
filhos, independentemente do tempo de influência da                                 crianças, ao terem contacto com o problema dos pais,
problemática do pai sobre o desenvolvimento do filho                                provocam maior impacto e mais duradouro (Moro et
(Clark, 1997; Johnson, Cohen, Kasen, & brook, 2004),                                al., 2000). Quando apenas um dos progenitores é toxi-
concluindo pelo aumento de vulnerabilidade para                                     codependente, constitui maior risco para a criança, ser
pertubações do comportamento na descendência de                                     a mãe a ter o problema. Tratando-se do pai, o impacto
indivíduos toxicodependentes.                                                       é considerado menor (brook, Tseng & Cohen, 1996). No
Quando existe uma predisposição parental para o uso                                 entanto, quando se trata do pai, também as dificuldades
de drogas, aumentam as perturbações antissociais en-                                no relacionamento, nomeadamente a conflitualidade e
tre os adolescentes do sexo masculino, com grandes                                  o fraco envolvimento afectivo, constituem factor de
dificuldades a nível do relacionamento interpessoal                                 risco relativamente ao impacto desta problemática nas
(Clark, Parker, & Lynch, 1999).                                                     crianças (brook, brook, Richter, Whiteman, Mireles &
A associação entre um deficiente funcionamento a                                    Masci, 2002; brook, Tseng & Cohen, 1996; brook, brook,
nível cognitivo e uma elevada activação a nível com-                                Rubenstone, Zhang, Singer & Duke 2003). No caso de
portamental foi estudada, por Aytaclar e colaboradores                              filhos adolescentes, a vulnerabilidade própria desta
(1999), em jovens filhos de toxicodependentes e com-                                fase do desenvolvimento pode ser um factor de risco
parados com jovens que não vivem esta problemática,                                 aumentado pelas características da personalidade e do
vindo a concluir que nos jovens em risco existe uma                                 relacionamento parental (brook, Whiteman, gordon &
elevada activação comportamental e um baixo desem-                                  brook, 1984).
penho a nível cognitivo, o que vem a reflectir-se em baixo                          Factores ambientais relacionados com a precariedade
desempenho escolar.                                                                 socioeconómica (devido a situações de instabilida-
O maior uso da agressividade física e verbal na ten-                                de profissional, desemprego e gastos excessivos de
tativa de resolução de problemas, a nível familiar ou                               dinheiro no consumo de drogas), com a marginaliza-
com os pares, é mais comum entre jovens filhos de                                   ção (por envolvimento em tráfico e venda de drogas,
toxicodependentes do que em outros jovens (Moss,                                    prostituição, delinquência e afastamento social) e com
Mezzich, Yao, gavaler & Martin, 1995).                                              o estado precário de saúde são também factores de
52   IMPACTO DA TOXICODEPENDÊNCIA NA PARENTALIDADE E SAÚDE MENTAL DOS FILhOS – UMA REVISÃO bIbLIOgRáFICA




     risco (Moro et al., 2000). Quando associados à vulnera-                         5 - A INTERvENÇÃO PARA A PROMOÇÃO DE
     bilidade da personalidade dos jovens e à influência dos                         UMA PARENTAlIDADE SAUDávEl, ENqUANTO
     pares, aumenta o risco para problemas de comporta-                              PREvENÇÃO AO NívEl DA SAúDE MENTAl DOS
     mento e consumo de drogas (brook, brook, Rubenstone                             fIlhOS DE TOxICODEPENDENTES
     & Zhang, 2006).                                                                 Considerando que a intervenção neste âmbito se situa a
     No que diz respeito aos factores protectores, veri-                             um nível preventivo, destinada a minimizar riscos e danos
     fica-se que quando apenas o pai é consumidor de                                 nos filhos, faz sentido esclarecer de que prevenção se
     drogas, constitui menor risco o pai estar separado                              trata, sem no entanto o fazer em profundidade, pois
     da mãe, vivendo os filhos apenas com esta, pois é                               não é esse um dos objectivos deste trabalho. Tendo
     eliminado o modelo negativo de comportamento, as-                               em conta os tipos de prevenção de Meili (2004), re-
     sim como fica reduzido o conflito e a instabilidade                             ferenciado em EMCDDA Thematic Papers (2009),
     do ambiente familiar (Tarter, Schultz, Kirisci & Dunn,                          estamos perante uma Prevenção Indicada. Trata-se de
     2001). A mãe, sendo saudável, pode proteger os fi-                              uma abordagem preventiva voltada para aqueles com
     lhos, na medida do possível, da influência do pai toxi-                         alto risco de desenvolvimento de problemas posteriores,
     codependente, através dos seus cuidados e atenção                               também podendo ser relacionados com abuso ou de-
     e de modelos alternativos de comportamento (Moro                                pendência de drogas. As acções podem ser dirigidas
     et al., 2000). No caso de ser a mãe toxicodepen-                                à interacção pai/criança ou à criança (ou adolescente)
     dente, a influência do pai, não sendo consumidor, é                             com manifestações problemáticas.
     considerada como factor protector (brook, Tseng &                               No que diz respeito à intervenção, propriamente dita, a
     Cohen, 1996).                                                                   evidência empírica vai em dois sentidos. Por um lado,
     Segundo alguns autores, determinadas práticas edu-                              no sentido do apoio aos pais toxicodependentes para
     cativas que vão no sentido da assertividade da disciplina                       o desenvolvimento de uma parentalidade saudável,
     parental, constituem factor de protecção relativamente                          apoio na relação pai/mãe-filho e, por outro, apoio
     ao impacto da problemática dos progenitores nas                                 directo aos filhos.
     crianças (brook, brook, Richter, Whiteman, Mireles, &                           Considerando que a intervenção para uma paren-
     Masci, 2002; brook, brook, Rubenstone, Zhang, Singer                            talidade saudável terá como consequência fazer di-
     & Duke, 2003; brook, Tseng, & Cohen, 1996).                                     minuir a existência de problemas nos filhos de toxi-
     Outro aspecto a considerar, tratando-se do filho ado-                           codependentes, os resultados de alguns estudos vão
     lescente, é a capacidade para fazer face às dificuldades,                       no sentido de que os programas de tratamento dos
     também designada de coping, que se pode constituir                              pais devem ser centrados em mostrar como os com-
     como protector, na interacção com os factores ambien-                           portamentos parentais, tais como o uso de drogas e a
     tais e de relação parental, para problemas de comporta-                         pobre relação pai-criança, contribuem para problemas
     mento e consumo de drogas (brook, brook, Whiteman,                              de comportamento, incluindo o abuso de drogas ilícitas
     Mireles, Pressman, & Rubenstone, 2002).                                         (burkhart, 2000; Castro, brook, brook & Rubenstone,
     Outros factores se podem também constituir como                                 2006). Daí que esses programas deveriam mostrar que
     protectores: menor tempo de exposição à problemática                            o uso de drogas compromete a responsabilidade de ser
     implica menor impacto e menos duradoiro; a idade                                pai e deveriam centrar-se no desenvolvimento da pa-
     dos filhos e a sua maturidade – quanto mais velha                               rentalidade adequada, como algo importante no papel
     for a criança, quando os pais iniciam ou mantêm os                              do homem, promovendo uma relação próxima pai-filho
     consumos, menor será o impacto; e quando os filhos se                           (brook, brook, Richter, Whiteman, Mireles, & Masci,
     podem manter afastados do problema, através do apoio                            2002; McMahon & Rounsaville, 2002; McMahon, Winkel,
     de outros familiares ou de rede de apoio social (hogan,                         Suchman, & Rounsaville, 2007; McMahon, Winkel &
     1998; Moro et al., 2000).                                                       Rounsaville, 2008). No mesmo sentido, outros estudos
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mostram que intervenções para implementar com-                                      adolescentes no grupo de pares e comunidade escolar.
portamentos de parentalidade e redução de conflitos                                 (Almeida, 1998 e 2001; baptista, Morais, Florindo, &
familiares conduzem a um melhor ajustamento no de-                                  Duarte, 2008; barroso & Salvador, 2007; Muchata,
senvolvimento de crianças filhas de toxicodependentes                               2004; Negrão & Seabra, 2007; Pimenta, Ferreira,
(Stewart, Kelley, Fincham, golden & Logsdon, 2004).                                 Rodrigues, Oliveira & Rodrigues, 2007).
Também centrando o foco da intervenção na paren-
talidade, burkhart (2000) refere um programa belga,                                 6 - CONClUSÃO
de intervenção para pais toxicodependentes, com início                              A literatura mostra-nos que a toxicodependência inter-
precoce, logo na maternidade, e envolvendo uma equi-                                fere na capacidade para ser mãe ou ser pai. A maior
pa de técnicos, multidisciplinar, com o objectivo de me-                            parte da literatura, acerca da parentalidade e depen-
lhorar a qualidade do relacionamento entre os proge-                                dência de substâncias ilícitas, centra-se na capacidade
nitores e os seus filhos, melhorar a auto-imagem dos                                materna, sendo raramente considerado o papel do pai,
pais, centrada na parentalidade e não na problemática                               que neste trabalho quisemos também esclarecer, não
que apresenta. Este programa pretende, também, con-                                 só quando é o pai o toxicodependente, mas também
seguir uma redução do número de crianças que são                                    quando se alia ao problema da mãe.
retiradas aos seus progenitores, com todos os riscos                                A parentalidade consiste, de uma forma geral, na tarefa
que podem advir para a criança, melhorando as com-                                  de providenciar os cuidados necessários ao desenvol-
petências parentais, a vários níveis. Nesta mesma linha                             vimento físico e psicológico da criança, considerando a
de ideias, e considerando a gravidez e a maternidade                                criança na sua individualidade e no momento particular
como momentos importantes para a mudança, desde                                     do desenvolvimento. Normalmente, compete ao pai e
que com o apoio técnico adequado, Palminha e colabo-                                à mãe reconhecer e responder de forma adequada às
radores (1993) defendem uma intervenção com início                                  necessidades físicas e psicológicas da criança, provi-
na gravidez, seguindo-se na maternidade, e actuação,                                denciar segurança nos momentos de perigo, facilitar a
também no domicílio, de uma equipa de profissionais                                 exploração do ambiente e a socialização, atribuir signi-
das diferentes áreas, para apoio aos progenitores e                                 ficado ao comportamento da criança. Estas capacidades
aos seus filhos.                                                                    da figura parental ficam comprometidas pela interfe-
No sentido de uma intervenção centrada na promoção                                  rência da toxicodependência e pelas circunstâncias di-
da saúde mental dos filhos, a importância do desen-                                 fíceis que se lhe associam, dificultando a parentalidade
volvimento de acções que visam identificar e corrigir, o                            saudável. há todo um conjunto de factores pessoais e
mais cedo possível, situações problemáticas, nas crian-                             ambientais que se constituem como factores de risco
ças e adolescentes filhos de toxicodependentes, é sa-                               e de protecção, cuja interacção deve ser considerada
lientada no estudo de brook, brook, Rubenstone, Zhang,                              quando pretendemos a compreensibilidade desta pro-
Castro & Tiburcio (2008). No mesmo sentido, e com o                                 blemática e o seu impacto nos filhos. À problemática
objectivo de diagnóstico e tratamento de dificuldades,                              do comportamento adictivo associam-se, habitualmente,
projectos para apoio aos filhos dos toxicodependentes,                              circunstâncias de vida muito difíceis, com as quais in-
com consulta especializada e dirigida às crianças e                                 teragem, também, perturbações psicológicas que difi-
adolescentes, têm sido desenvolvidos, no nosso país,                                cultam a função parental e afectam o desenvolvimento
nos centros públicos de tratamento especializado para                               saudável dos filhos, que ficam mais vulneráveis e em
a toxicodependência, tentando envolver outros servi-                                risco de ter problemas no que respeita ao seu desen-
ços de saúde, educação e acção social. Estes projectos                              volvimento normal, tanto física como mentalmente. Os
permitem, também, diminuir os danos do impacto da                                   pais revelam-se menos centrados nas crianças e mais
toxicodependência e reduzir incapacidades de forma a                                em si próprios, têm dificuldade no controlo das emo-
permitir um ajustamento mais saudável das crianças e                                ções, são menos sensíveis, responsáveis e afectuosos,
54   IMPACTO DA TOXICODEPENDÊNCIA NA PARENTALIDADE E SAÚDE MENTAL DOS FILhOS – UMA REVISÃO bIbLIOgRáFICA




     são mais negligentes com as necessidades físicas dos                            Aytaclar, S., Tarter, R. E., Kirisci, L., & Lu, S. (1999).“Association
                                                                                     between hiperactivity and executive cognitive functioning in childhood
     seus filhos e muitas vezes criam-se situações em que a
                                                                                     and substance use in early adolescence.” Journal of the American
     criança fica separada de um dos pais ou de ambos.                               Academy of Child and Adolescent, 38 (2), 172-178.
     Podemos prever que é considerável o número de me-
                                                                                     baptista, C., Morais, A. T., Florindo, J., & Duarte, R. (2008). “Análise
     nores que estão expostos a um meio familiar que lhes
                                                                                     descritiva de variáveis sócio-demográficas de toxicodependentes com
     oferece pouca estabilidade emocional, devido à proble-                          filhos.” Toxicodependências, 14 (2), 45-50.
     mática dos seus progenitores. Tal como nos mostra a
                                                                                     barroso, C., & Salvador, E. S. (2007). “Crianças que parecem andar
     literatura, estas crianças e jovens podem desenvolver
                                                                                     um pouco por aí, pelo ar, …Os filhos dos toxicodependentes no CAT de
     sérios problemas emocionais e de comportamento, o                               Leiria e no Pólo da Marinha grande.” Toxicodependências, 13 (3), 61-68.
     que lhes dificulta o acesso a uma vida saudável.
                                                                                     blackson, T. C., Tarter, R. E., Martin, C. S., & Moss, h. b. (1994).
     Estas crianças e adolescentes, filhos de toxicodepen-
                                                                                     “Temperament-Induced Father-Son Family Dysfunction: Etiological
     dentes, constituem um grupo de risco que merece a                               Implications for Child behavior Problems and Substance Abuse.”
     nossa atenção, para que sejam envolvidos em medi-                               American Journal of Orthopsychiatric, 64 (2), 280-291.
     das interventivas, para tentar diminuir a incidência de
                                                                                     brook, D. W., brook, J. S., Rubenstone, E., Zhang, C., Singer, M., &
     problemas, identificá-los e corrigi-los o mais precoce-                         Duke, M. R. (2003). “Alcohol use in adolescents whose fathers abuse
     mente possível, limitar os danos existentes e permitir o                        drugs.” Journal of Additive Diseases, 22 (1), 11-34.
     ajustamento saudável, minimizando assim o impacto da
                                                                                     brook, D. W., brook, J. S., Richter, L., Whiteman, M., Mireles, O. A., &
     problemática dos seus pais.                                                     Masci, J. R. (2002). “Marijuana use among the adolescent children of
                                                                                     high-risk drug-abusing fathers.” The American Journal on Addictions,
                                                                                     11, 95-110.

                                                                                     brook, D. W., brook, J. S., Rubenstone, E., & Zhang, C. (2006).
     CONTACTOS:                                                                      “Aggressive behaviors in the adolescent children of hIV-positive and
                                                                                     hIV-negative drug-abusing fathers.” The American Journal of Drug
     TERESA MUChATA                                                                  and Alcohol Abuse, 32, 399-413.
     Psicóloga Clínica
     IDT – DRN – CRI de braga / ET de braga                                          brook, D. W., brook, J. S., Rubenstone, E., Zhang, C., Castro, F. g.,
     Rua Conselheiro Januário, 152                                                   & Tiburcio, N. (2008). “Risk Factors for distress in the adolescent
     4700 braga                                                                      children of hIV-positive and hIV-negative drug-abusing fathers.”
     253008690                                                                       AIDS Care, 20 (1), 93-100.
     E-mail: teresa.muchata@idt.min-saude.pt
                                                                                     brook, D. W., brook, J. S., Whiteman, M., Mireles, O. A., Pressman,
                                                                                     M. A., & Rubenstone, E. (2002). “Coping in Adolescent Children of
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     Professora Associada                                                            of Genetic Psychology, 163 (1), 5-23.
     Escola de Psicologia
     Universidade do Minho                                                           brook, J. S., gordon, A. S., Whiteman, M., & brook, D. W. (1986).
     Campus de gualtar                                                               “Father-daughter identification and its impact on her personality and
                                                                                     drug use.” Developmental Psychology, 22 (6), 743-748.
     4710-057 braga
     E-mail: cmartins@iep.uminho.pt                                                  brook, J. S., Tseng, L. J., & Cohen, P. (1996). “Toddler Adjustment:
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REVISTA TOXICODEPENDÊNCIAS | EDIÇÃO IDT | VOLUME 16 | NÚMERO 1 | 2010 | pp. 47-56                                                                                55




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  • 1. REVISTA TOXICODEPENDÊNCIAS | EDIÇÃO IDT | VOLUME 16 | NÚMERO 1 | 2010 | pp. 47-56 47 4 Impacto da toxicodependência na parentalidade e saúde mental dos filhos - Uma revisão bibliográfica Teresa MuchaTa, carla MarTins Artigo recebido em 13/01/10; versão final aceite em 01/03/10. RESUMO ABSTRACT Esta revisão bibliográfica centra-se nos efeitos da toxicodepen- This literature review focuses on the effects of drug abuse in terms dência ao nível da parentalidade e da saúde mental das crianças e of the parenting and mental health of children and adolescents, the adolescentes, filhos de progenitores toxicodependentes. Os factores offspring of drug dependent parents. de risco e os factores protectores apontados pela literatura como The risk and protective factors identified by the literature as being estando associados a esta problemática serão também abordados. associated with this issue will also be addressed. Terminamos com uma apresentação do tipo de intervenção que tem We will be concluding with a presentation of the type of intervention sido levada a cabo para a promoção de uma parentalidade adequada that has been carried out to promote better parenting and inprove e da saúde mental das crianças e adolescentes. mental health in children and adolescents. Palavras-chave: Toxicodependência; Parentalidade; Factores de Ris- Key Words: Drug Addiction; Parenting; Risk Factors and Protective co e Factores de Protecção. Factors. RÉSUMÉ RESUMEN Cette synthese bibliographique se concentre sur les effets de la Esta revision bibliografica se fija en los efectos de la drogodepen- dépendance toxicomane au niveau parental de la santé mentale dencia al nivel de la parentalidad y de la salud mental de los niños e des enfants et adolescents, enfants de geniteurs toxicomanes. Les adolecientes, hijos de progenitores drogodependientes. Los factores facteurs de risque et les facteurs protecteurs sont pointées par la de risco y los factores protectores apuntados por la literatura como litérature comme étant associé à ce problème qui seront abordés. estando asociados a esta problemática serán también abordados. Ter- Nous terminons avec une présentation de type d’intervention mené minamos con una presentación del tipo de intervención que se tiene au bout par une forme d’autorité parentale adaptée à la santé mentale usado para promover una parentalidad adecuada y la salud mental de des enfants et adolescents. los niños e adolecientes. Mots-clé: Toxidépendance; Autorité Parentale; Facteurs de Risques Palabras Clave: Drogodependencia; Parentalidad; Factores de Risco; et Facteurs de Protection. Factores de Protección.
  • 2. 48 IMPACTO DA TOXICODEPENDÊNCIA NA PARENTALIDADE E SAÚDE MENTAL DOS FILhOS – UMA REVISÃO bIbLIOgRáFICA 1 – INTRODUÇÃO filhos, minimizando os riscos associados ao abuso de A toxicodependência tem efeitos nocivos a vários ní- drogas pelos pais. veis. A nível individual afecta a saúde física e mental. O método utilizado consistiu na pesquisa bibliográfica Em termos físicos, a dependência de substâncias ilíci- utilizando a base de dados do Centro de Documentação tas pode comprometer a saúde do indivíduo dado es- do Instituto da Droga e da Toxicodependência, com acesso tar associada a uma maior probabilidade de doenças em www.idt.pt. Foi também utilizada a base de dados de infecciosas, má nutrição e falta de higiene pessoal. No texto integral EbSCO host – support site, introduzindo que diz respeito à saúde mental, são comuns problemas as palavras chave, sendo factor de exclusão estudos de ordem afectiva, de relacionamento interpessoal, de desenvolvidos apenas com indivíduos alcoólicos. adaptação a normas e valores, baixa auto-estima, baixo nível de tolerância à frustração e alterações na percep- 2 - IMPACTO DA TOxICODEPENDêNCIA NA PA- ção da realidade. habitualmente associam-se, também, RENTAlIDADE circunstâncias de vida muito difíceis como a pobreza, a Os efeitos da toxicodependência fazem-se sentir quer na instabilidade profissional, a marginalização e problemas função materna quer na função paterna. De uma forma judiciais (Moro, Esteve, Moreno, Quintanilla, Vivanco, geral, o próprio compromisso com a parentalidade, gonzález, barea, Tenório, Romero, Arjona, Casares, quando associado ao consumo crónico conduz, grande Cañas, Polónio, & Navarro, 2000). parte das vezes, à dificuldade em manter funções paren- Quando o toxicodependente se torna pai ou mãe, a de- tais organizadoras, protectoras e satisfatórias. O con- pendência de substâncias compromete a parentalida- fronto com esta fragilidade e incapacidade de cumprir de e a própria saúde mental dos filhos na infância e desencadeia situações de recaída, nos consumos de adolescência (Murphy & Lawless, 2002). Ao nível da droga, em situações de algum tempo de paragem, ou parentalidade, verifica-se que mães toxicodependentes agrava situações de consumo continuado, que por sua têm piores resultados em escalas de atitudes paren- vez, dificultam o assegurar da função parental (Almeida, tais, quando comparadas com mães que não apre- 2001; McMahon & Rounsaville, 2002). Nestes casos, sentam essa problemática (hettinger, Nair, & Shuler, em situação clínica assiste-se muitas vezes a uma 2000). No que diz respeito à saúde mental, das crianças parentificação das crianças, que são investidas como e adolescentes, regista-se, por exemplo, uma elevada prestadoras de cuidados aos seus progenitores, durante prevalência de consumo de drogas entre os filhos de o seu tratamento. Este sobreinvestimento de funções toxicodependentes. As taxas de consumo de drogas, ao próprias do adulto deixa estes menores em situação de longo da vida, em crianças cujos pais apresentam esta fragilidade e insegurança, pois confrontam-se com a problemática, são consideradas mais elevadas, do que as necessidade de cuidar de alguém, quando precisavam de um grupo “não vulnerável” (goulden & Sondhi, 2001). de ser cuidados (barroso & Salvador, 2007). Com o objectivo de esclarecer de que forma a toxico- Considerando a identificação como fundamental no pro- dependência interfere na parentalidade e se repercute cesso de construção da identidade, Almeida (2001) fala na saúde mental dos filhos, foi levada a cabo a presente da fragilidade e da imaturidade da imagem parental do revisão da literatura. Os objectivos centrais desta re- toxicodependente, quer seja o pai, quer seja a mãe, que visão foram: a) esclarecer de que forma o abuso de deve constituir motivo de preocupação, devido ao efeito drogas compromete a parentalidade; b) averiguar como que terá na construção da identidade dos filhos. a toxicodependência afecta a saúde mental das crianças Quando se trata da mãe toxicodependente, a investigação e adolescentes; c) que factores podem colocar as crian- mostra que estas mães manifestam piores resultados ças e adolescentes em risco ou protegê-los; e d) como em escalas de atitudes parentais. Comparadas com mães é que a intervenção na promoção de uma parentalidade não toxicodependentes, estão mais sujeitas a factores de saudável, pode ser preventiva para a saúde mental dos risco (violência doméstica, falta de alojamento adequado,
  • 3. REVISTA TOXICODEPENDÊNCIAS | EDIÇÃO IDT | VOLUME 16 | NÚMERO 1 | 2010 | pp. 47-56 49 depressão e outros problemas psiquiátricos…), o que as influenciam a identificação dos filhos adolescentes. Por coloca, mais facilmente, em situação de falhar a nível da sua vez, esta identificação é determinante na formação função materna (hettinger, Nair & Shuler, 2000). da personalidade e na adaptação do comportamento A propósito das crianças filhas de toxicodependentes, dos filhos, às diferentes situações. Os filhos facilmente burkhart (2000) defende que “a atenção e as experiências se identificam com o comportamento dos pais, quando emocionais que elas recebem por parte dos pais são têm problemas relacionados com o consumo de drogas. inadequadas, as mães são frias, críticas, dominadoras e (brook, Whiteman, gordon, & brook, 1984a, 1984b). demonstram pouca preocupação pelas necessidades dos Os resultados dos estudos de McMahon e colaboradores filhos.” (p. 33) (2007) sugerem que influências situacionais (problemas O uso de drogas pela mãe, as suas características de de ordem social, financeira e muitas vezes, também, personalidade e a forma como presta os cuidados à legal) e a história de vida do indivíduo toxicodependente criança, causam maior impacto do que as características interagem comprometendo a responsabilidade como pai. do pai. No entanto, não podemos deixar de considerar Neste sentido, Frank e colaboradores (2002) referem que o uso de drogas pelo pai tem também um forte que a toxicodependência aumenta a probabilidade de o impacto. A situação da criança agrava-se quando o pai estar preso e estar desempregado, o que o coloca uso de drogas pelo pai interage com o uso de drogas numa situação de fragilidade a vários níveis e pode pela mãe (brook, Tseng, & Cohen, 1996; Frank, brown, comprometer a parentalidade. Por um lado, é a imagem Johnson, & Cabral, 2002). desvalorizada e ausente, por outro, a dificuldade no Estudos mostram que nesta população existe uma cumprimento de responsabilidades para a satisfação maior probabilidade de manifestação de perturbações de necessidades básicas e fundamentais. McMahon, psiquiátricas específicas, nomeadamente a personali- Winkel e Rounsaville (2008) encontram que o pai dade anti-social, caracterizada por alterações de com- toxicodependente tem pobres relações com a mãe dos portamento como a impulsividade, o alheamento e a seus filhos, reside menos vezes com a criança, é menos agressividade. Quando se trata do pai toxicodependente, vezes o suporte financeiro, tem baixo autoconceito de si tais manifestações podem, por sua vez, comprometer e menos satisfação como pai. o papel paternal, como modelo de identificação para os filhos, no que diz respeito ao relacionamento inter-pes- 3 - PROBlEMáTICAS ENCONTRADAS NOS fIlhOS soal e aos comportamentos de socialização (Clark, DE DEPENDENTES DE DROgAS IlíCITAS Parker, & Lynch, 1999; Moss, Mezzich, Yao, gavaler, & Como podemos ver, a investigação mostra-nos que a Martin, 1995). Outras perturbações psiquiátricas podem toxicodependência, e as circunstâncias que se lhe as- também ser um importante determinante de comporta- sociam (instabilidade profissional, pobreza, marginali- mento parental disfuncional, do pai toxicodependente, na zação, a doença mental ou física), interfere na função relação com as suas crianças, quando associadas a esta parental. Neste ponto, centramo-nos no impacto da to- problemática, como é o caso da ansiedade, depressão, xicodependência dos pais na saúde mental dos filhos. intolerância à frustração (brook, brook, Rubenstone, Zhang, Castro, & Tiburcio, 2008; Johnson, Cohen, Kase, 3.1 - No caso das crianças & brook, 2004). Os pais são menos afectivos e menos O impacto da toxicodependência faz-se sentir logo centrados na criança, a relação pai/criança é facilmente desde o período neonatal. Tal como refere Palminha e uma relação de conflito e de dificuldade na colocação colaboradores (1993), as condições adversas para as de regras e disciplina (blackson, Tarter, Martin, & Moss, crianças filhas de mães toxicodependentes têm início 1994; brook, Tseng, & Cohen, 1996). na gravidez e terão como consequência, o baixo peso A investigação mostra-nos ainda que as característi- e a síndrome de privação à nascença. Estas condições cas da personalidade do pai e o seu comportamento provocam, muitas vezes, a necessidade de internamento
  • 4. 50 IMPACTO DA TOXICODEPENDÊNCIA NA PARENTALIDADE E SAÚDE MENTAL DOS FILhOS – UMA REVISÃO bIbLIOgRáFICA prolongado do bebé, que conduz a uma separação pre- tudo francês, de bouchez e Coppel (1997), sobre filhos de coce mãe/bebé, contribuindo para dificultar o processo toxicodependentes, refere que nestas crianças podemos de vinculação. Quando também o pai é toxicodependen- encontrar distúrbios comportamentais, sintomas de an- te, as capacidades deste, como prestador de cuidados, siedade e depressão. estão comprometidas, ficando dificultado o seu papel Um estudo de Almeida (1998) realizado com os filhos fundamental no apoio e suporte à relação mãe/criança. dos utentes, de um centro de atendimento a toxicode- A fragilidade e a vulnerabilidade destas crianças, devido pendentes, concluiu que estas crianças habitualmente às condições difíceis em que vivem, desde muito cedo, apresentam dificuldades de aprendizagem, alterações colocam-nas em risco para a doença mental, algo que de comportamento, de humor ou queixas psicossomáti- está bem documentado na literatura. cas. Particularmente, no que diz respeito às dificuldades Palminha e colaboradores (1993, pág. 131) referem que: de aprendizagem, Negrão e Seabra (2007) encontram “Em relação ao grupo de crianças ressaltamos o facto uma relação significativa entre viver em família de risco, de predominarem as interacções de má qualidade, com com pai toxicodependente, e problemas no desenvolvi- capacidade de simbolização pobre e manifestaçoes psi- mento das crianças e adolescentes, que se reflectem nas copatológicas do tipo de atrasos do desenvolvimento e competências escolares. problemas de comportamento, o que nos faz recear a Devemos ainda salientar que, um estudo de Campo fragilidade da sua organização psíquica e consequente & Rohner (1992) encontrou uma elevada percepção vulnerabilidade à doença mental. Os tipos de compor- de rejeição paternal e maternal em crianças filhas de tamentos passivos e desorganizados que observámos, dependentes de drogas ilícitas, com impacto negativo a confirma-nos a fragilidade e vulnerabilidade destas nível do seu desenvolvimento psicossocial. crianças. Parece-nos importante realçar a tendência que se observou para piores resultados no grupo de 3.2 - No caso dos adolescentes crianças mais velhas, o que nos leva a supor que existe É a maior vulnerabilidade para o consumo de drogas, a uma degradação progressiva nas capacidades e qualida- problemática mais preocupante nos adolescentes, filhos des destas famílias.” Acompanhadas desde a gravidez, de toxicodependentes. De acordo com a literatura estão as crianças mais velhas foram as que sofreram um im- em maior risco de se tornarem consumidores de drogas, pacto mais duradouro da problemática dos seus pais. em consequência do contacto precoce com a substância, Uma das manifestações do impacto da toxicodependência mas principalmente, devido a factores de instabilidade dos pais nas crianças tem a ver com as alterações do familiar e parentalidade disfuncional (blackson, Tarter, comportamento. Verifica-se uma maior propensão para Martin, & Moss, 1994; Castro, brook, brook & Rubenstone, comportamentos de internalização (relacionados com 2006; brook, brook, Rubenstone, Zhang, Castro & manifestações de isolamento, ansiedade e depressão) Tiburcio, 2008; Clark, Parker & Lynch, 1999; Maunder, e comportamentos de externalização (relacionados com Moss & Murrelle, 1998; Rittenhouse & Miller, 1984). manifestações de comportamento de oposição e incum- Comparados com outros jovens, cujos pais não vivem primento de regras, assim como de comportamento esta problemática, iniciam o consumo de drogas mais agressivo) por parte destas crianças, comparativamente cedo (Aytaclar, Tarter, Kirisci, Lu, 1999). Um estudo de com outras que não vivem esta problemática (brook, brook e colaboradores (1984a, 1984b, 1986) conclui pela Tseng, & Cohen, 1996; Moss, Clark & Kirisci, 1997; não existência de diferenças entre os adolescentes do Stewart, Kelley, Fincham, golden, & Logsdon, 2004). sexo masculino e feminino, cujo pai é toxicodependente, Também dificuldades ao nível do desempenho cognitivo no que diz respeito à identificação parental, quando se acontecem com frequência, podendo estar associadas trata do consumo de drogas pelos jovens. Facilmente às perturbações de comportamento (Frank et al., 2002). se identificam com o pai toxicodependente, no que se burkhart (2000), baseando-se nos resultados de um es- refere ao comportamento de consumo de drogas.
  • 5. REVISTA TOXICODEPENDÊNCIAS | EDIÇÃO IDT | VOLUME 16 | NÚMERO 1 | 2010 | pp. 47-56 51 No entanto, um estudo de Pajer, gardner, Kirillova e 4 - fACTORES DE RISCO E DE PROTECÇÃO Vanyukov (2001) mostra diferenças no que diz respeito PARA OS fIlhOS DOS TOxICODEPENDENTES à manifestação de alterações do comportamento, entre há factores que constituem maior risco para estas adolescentes do sexo masculino e feminino, filhos de crianças e outros que, por sua vez, as podem proteger toxicodependentes, evidenciando que os do sexo mas- do maior impacto da problemática dos seus pais. culino têm tendência para manifestação de comporta- Em termos de factores de risco, a literatura mostra mento agressivo, impulsividade e atitude antissocial, que a dependência de drogas ilícitas de ambos os enquanto os do sexo feminino têm menos propensão pais, as recaídas frequentes e novas tentativas de para o comportamento impulsivo e mais manifestações tratamento constituem risco acrescido. Quando ambos de ansiedade e depressão. os pais são modelos de toxicodependência, os filhos Comportamentos problemáticos de interiorização e sofrem mais este impacto e aumenta a probabilidade externalização são frequentes nos adolescentes cujos de transferência intergeracional, ou seja, de os filhos pais têm problemas relacionados com a dependência apresentarem a problemática dos pais. Por sua vez, de drogas, principalmente quando o problema do pai se as recaídas frequentes constituem momentos de prolonga no tempo, ultrapassando o sexto ano de vida grande instabilidade na vida familiar, que afecta os do filho (Moss, Clark, & Kirisci, 1997). Outros estudos filhos (brook, Tseng & Cohen, 1996; Moro et al., 2000). encontram esta associação entre a toxicodependência O prolongamento do problema, por muito tempo, ou dos pais e as perturbações de comportamento dos a sua cronicidade, assim como a idade precoce das filhos, independentemente do tempo de influência da crianças, ao terem contacto com o problema dos pais, problemática do pai sobre o desenvolvimento do filho provocam maior impacto e mais duradouro (Moro et (Clark, 1997; Johnson, Cohen, Kasen, & brook, 2004), al., 2000). Quando apenas um dos progenitores é toxi- concluindo pelo aumento de vulnerabilidade para codependente, constitui maior risco para a criança, ser pertubações do comportamento na descendência de a mãe a ter o problema. Tratando-se do pai, o impacto indivíduos toxicodependentes. é considerado menor (brook, Tseng & Cohen, 1996). No Quando existe uma predisposição parental para o uso entanto, quando se trata do pai, também as dificuldades de drogas, aumentam as perturbações antissociais en- no relacionamento, nomeadamente a conflitualidade e tre os adolescentes do sexo masculino, com grandes o fraco envolvimento afectivo, constituem factor de dificuldades a nível do relacionamento interpessoal risco relativamente ao impacto desta problemática nas (Clark, Parker, & Lynch, 1999). crianças (brook, brook, Richter, Whiteman, Mireles & A associação entre um deficiente funcionamento a Masci, 2002; brook, Tseng & Cohen, 1996; brook, brook, nível cognitivo e uma elevada activação a nível com- Rubenstone, Zhang, Singer & Duke 2003). No caso de portamental foi estudada, por Aytaclar e colaboradores filhos adolescentes, a vulnerabilidade própria desta (1999), em jovens filhos de toxicodependentes e com- fase do desenvolvimento pode ser um factor de risco parados com jovens que não vivem esta problemática, aumentado pelas características da personalidade e do vindo a concluir que nos jovens em risco existe uma relacionamento parental (brook, Whiteman, gordon & elevada activação comportamental e um baixo desem- brook, 1984). penho a nível cognitivo, o que vem a reflectir-se em baixo Factores ambientais relacionados com a precariedade desempenho escolar. socioeconómica (devido a situações de instabilida- O maior uso da agressividade física e verbal na ten- de profissional, desemprego e gastos excessivos de tativa de resolução de problemas, a nível familiar ou dinheiro no consumo de drogas), com a marginaliza- com os pares, é mais comum entre jovens filhos de ção (por envolvimento em tráfico e venda de drogas, toxicodependentes do que em outros jovens (Moss, prostituição, delinquência e afastamento social) e com Mezzich, Yao, gavaler & Martin, 1995). o estado precário de saúde são também factores de
  • 6. 52 IMPACTO DA TOXICODEPENDÊNCIA NA PARENTALIDADE E SAÚDE MENTAL DOS FILhOS – UMA REVISÃO bIbLIOgRáFICA risco (Moro et al., 2000). Quando associados à vulnera- 5 - A INTERvENÇÃO PARA A PROMOÇÃO DE bilidade da personalidade dos jovens e à influência dos UMA PARENTAlIDADE SAUDávEl, ENqUANTO pares, aumenta o risco para problemas de comporta- PREvENÇÃO AO NívEl DA SAúDE MENTAl DOS mento e consumo de drogas (brook, brook, Rubenstone fIlhOS DE TOxICODEPENDENTES & Zhang, 2006). Considerando que a intervenção neste âmbito se situa a No que diz respeito aos factores protectores, veri- um nível preventivo, destinada a minimizar riscos e danos fica-se que quando apenas o pai é consumidor de nos filhos, faz sentido esclarecer de que prevenção se drogas, constitui menor risco o pai estar separado trata, sem no entanto o fazer em profundidade, pois da mãe, vivendo os filhos apenas com esta, pois é não é esse um dos objectivos deste trabalho. Tendo eliminado o modelo negativo de comportamento, as- em conta os tipos de prevenção de Meili (2004), re- sim como fica reduzido o conflito e a instabilidade ferenciado em EMCDDA Thematic Papers (2009), do ambiente familiar (Tarter, Schultz, Kirisci & Dunn, estamos perante uma Prevenção Indicada. Trata-se de 2001). A mãe, sendo saudável, pode proteger os fi- uma abordagem preventiva voltada para aqueles com lhos, na medida do possível, da influência do pai toxi- alto risco de desenvolvimento de problemas posteriores, codependente, através dos seus cuidados e atenção também podendo ser relacionados com abuso ou de- e de modelos alternativos de comportamento (Moro pendência de drogas. As acções podem ser dirigidas et al., 2000). No caso de ser a mãe toxicodepen- à interacção pai/criança ou à criança (ou adolescente) dente, a influência do pai, não sendo consumidor, é com manifestações problemáticas. considerada como factor protector (brook, Tseng & No que diz respeito à intervenção, propriamente dita, a Cohen, 1996). evidência empírica vai em dois sentidos. Por um lado, Segundo alguns autores, determinadas práticas edu- no sentido do apoio aos pais toxicodependentes para cativas que vão no sentido da assertividade da disciplina o desenvolvimento de uma parentalidade saudável, parental, constituem factor de protecção relativamente apoio na relação pai/mãe-filho e, por outro, apoio ao impacto da problemática dos progenitores nas directo aos filhos. crianças (brook, brook, Richter, Whiteman, Mireles, & Considerando que a intervenção para uma paren- Masci, 2002; brook, brook, Rubenstone, Zhang, Singer talidade saudável terá como consequência fazer di- & Duke, 2003; brook, Tseng, & Cohen, 1996). minuir a existência de problemas nos filhos de toxi- Outro aspecto a considerar, tratando-se do filho ado- codependentes, os resultados de alguns estudos vão lescente, é a capacidade para fazer face às dificuldades, no sentido de que os programas de tratamento dos também designada de coping, que se pode constituir pais devem ser centrados em mostrar como os com- como protector, na interacção com os factores ambien- portamentos parentais, tais como o uso de drogas e a tais e de relação parental, para problemas de comporta- pobre relação pai-criança, contribuem para problemas mento e consumo de drogas (brook, brook, Whiteman, de comportamento, incluindo o abuso de drogas ilícitas Mireles, Pressman, & Rubenstone, 2002). (burkhart, 2000; Castro, brook, brook & Rubenstone, Outros factores se podem também constituir como 2006). Daí que esses programas deveriam mostrar que protectores: menor tempo de exposição à problemática o uso de drogas compromete a responsabilidade de ser implica menor impacto e menos duradoiro; a idade pai e deveriam centrar-se no desenvolvimento da pa- dos filhos e a sua maturidade – quanto mais velha rentalidade adequada, como algo importante no papel for a criança, quando os pais iniciam ou mantêm os do homem, promovendo uma relação próxima pai-filho consumos, menor será o impacto; e quando os filhos se (brook, brook, Richter, Whiteman, Mireles, & Masci, podem manter afastados do problema, através do apoio 2002; McMahon & Rounsaville, 2002; McMahon, Winkel, de outros familiares ou de rede de apoio social (hogan, Suchman, & Rounsaville, 2007; McMahon, Winkel & 1998; Moro et al., 2000). Rounsaville, 2008). No mesmo sentido, outros estudos
  • 7. REVISTA TOXICODEPENDÊNCIAS | EDIÇÃO IDT | VOLUME 16 | NÚMERO 1 | 2010 | pp. 47-56 53 mostram que intervenções para implementar com- adolescentes no grupo de pares e comunidade escolar. portamentos de parentalidade e redução de conflitos (Almeida, 1998 e 2001; baptista, Morais, Florindo, & familiares conduzem a um melhor ajustamento no de- Duarte, 2008; barroso & Salvador, 2007; Muchata, senvolvimento de crianças filhas de toxicodependentes 2004; Negrão & Seabra, 2007; Pimenta, Ferreira, (Stewart, Kelley, Fincham, golden & Logsdon, 2004). Rodrigues, Oliveira & Rodrigues, 2007). Também centrando o foco da intervenção na paren- talidade, burkhart (2000) refere um programa belga, 6 - CONClUSÃO de intervenção para pais toxicodependentes, com início A literatura mostra-nos que a toxicodependência inter- precoce, logo na maternidade, e envolvendo uma equi- fere na capacidade para ser mãe ou ser pai. A maior pa de técnicos, multidisciplinar, com o objectivo de me- parte da literatura, acerca da parentalidade e depen- lhorar a qualidade do relacionamento entre os proge- dência de substâncias ilícitas, centra-se na capacidade nitores e os seus filhos, melhorar a auto-imagem dos materna, sendo raramente considerado o papel do pai, pais, centrada na parentalidade e não na problemática que neste trabalho quisemos também esclarecer, não que apresenta. Este programa pretende, também, con- só quando é o pai o toxicodependente, mas também seguir uma redução do número de crianças que são quando se alia ao problema da mãe. retiradas aos seus progenitores, com todos os riscos A parentalidade consiste, de uma forma geral, na tarefa que podem advir para a criança, melhorando as com- de providenciar os cuidados necessários ao desenvol- petências parentais, a vários níveis. Nesta mesma linha vimento físico e psicológico da criança, considerando a de ideias, e considerando a gravidez e a maternidade criança na sua individualidade e no momento particular como momentos importantes para a mudança, desde do desenvolvimento. Normalmente, compete ao pai e que com o apoio técnico adequado, Palminha e colabo- à mãe reconhecer e responder de forma adequada às radores (1993) defendem uma intervenção com início necessidades físicas e psicológicas da criança, provi- na gravidez, seguindo-se na maternidade, e actuação, denciar segurança nos momentos de perigo, facilitar a também no domicílio, de uma equipa de profissionais exploração do ambiente e a socialização, atribuir signi- das diferentes áreas, para apoio aos progenitores e ficado ao comportamento da criança. Estas capacidades aos seus filhos. da figura parental ficam comprometidas pela interfe- No sentido de uma intervenção centrada na promoção rência da toxicodependência e pelas circunstâncias di- da saúde mental dos filhos, a importância do desen- fíceis que se lhe associam, dificultando a parentalidade volvimento de acções que visam identificar e corrigir, o saudável. há todo um conjunto de factores pessoais e mais cedo possível, situações problemáticas, nas crian- ambientais que se constituem como factores de risco ças e adolescentes filhos de toxicodependentes, é sa- e de protecção, cuja interacção deve ser considerada lientada no estudo de brook, brook, Rubenstone, Zhang, quando pretendemos a compreensibilidade desta pro- Castro & Tiburcio (2008). No mesmo sentido, e com o blemática e o seu impacto nos filhos. À problemática objectivo de diagnóstico e tratamento de dificuldades, do comportamento adictivo associam-se, habitualmente, projectos para apoio aos filhos dos toxicodependentes, circunstâncias de vida muito difíceis, com as quais in- com consulta especializada e dirigida às crianças e teragem, também, perturbações psicológicas que difi- adolescentes, têm sido desenvolvidos, no nosso país, cultam a função parental e afectam o desenvolvimento nos centros públicos de tratamento especializado para saudável dos filhos, que ficam mais vulneráveis e em a toxicodependência, tentando envolver outros servi- risco de ter problemas no que respeita ao seu desen- ços de saúde, educação e acção social. Estes projectos volvimento normal, tanto física como mentalmente. Os permitem, também, diminuir os danos do impacto da pais revelam-se menos centrados nas crianças e mais toxicodependência e reduzir incapacidades de forma a em si próprios, têm dificuldade no controlo das emo- permitir um ajustamento mais saudável das crianças e ções, são menos sensíveis, responsáveis e afectuosos,
  • 8. 54 IMPACTO DA TOXICODEPENDÊNCIA NA PARENTALIDADE E SAÚDE MENTAL DOS FILhOS – UMA REVISÃO bIbLIOgRáFICA são mais negligentes com as necessidades físicas dos Aytaclar, S., Tarter, R. E., Kirisci, L., & Lu, S. (1999).“Association between hiperactivity and executive cognitive functioning in childhood seus filhos e muitas vezes criam-se situações em que a and substance use in early adolescence.” Journal of the American criança fica separada de um dos pais ou de ambos. Academy of Child and Adolescent, 38 (2), 172-178. Podemos prever que é considerável o número de me- baptista, C., Morais, A. T., Florindo, J., & Duarte, R. (2008). “Análise nores que estão expostos a um meio familiar que lhes descritiva de variáveis sócio-demográficas de toxicodependentes com oferece pouca estabilidade emocional, devido à proble- filhos.” Toxicodependências, 14 (2), 45-50. mática dos seus progenitores. Tal como nos mostra a barroso, C., & Salvador, E. S. (2007). “Crianças que parecem andar literatura, estas crianças e jovens podem desenvolver um pouco por aí, pelo ar, …Os filhos dos toxicodependentes no CAT de sérios problemas emocionais e de comportamento, o Leiria e no Pólo da Marinha grande.” Toxicodependências, 13 (3), 61-68. que lhes dificulta o acesso a uma vida saudável. blackson, T. C., Tarter, R. E., Martin, C. S., & Moss, h. b. (1994). Estas crianças e adolescentes, filhos de toxicodepen- “Temperament-Induced Father-Son Family Dysfunction: Etiological dentes, constituem um grupo de risco que merece a Implications for Child behavior Problems and Substance Abuse.” nossa atenção, para que sejam envolvidos em medi- American Journal of Orthopsychiatric, 64 (2), 280-291. das interventivas, para tentar diminuir a incidência de brook, D. W., brook, J. S., Rubenstone, E., Zhang, C., Singer, M., & problemas, identificá-los e corrigi-los o mais precoce- Duke, M. R. (2003). “Alcohol use in adolescents whose fathers abuse mente possível, limitar os danos existentes e permitir o drugs.” Journal of Additive Diseases, 22 (1), 11-34. ajustamento saudável, minimizando assim o impacto da brook, D. W., brook, J. S., Richter, L., Whiteman, M., Mireles, O. A., & problemática dos seus pais. Masci, J. R. (2002). “Marijuana use among the adolescent children of high-risk drug-abusing fathers.” The American Journal on Addictions, 11, 95-110. brook, D. W., brook, J. S., Rubenstone, E., & Zhang, C. (2006). CONTACTOS: “Aggressive behaviors in the adolescent children of hIV-positive and hIV-negative drug-abusing fathers.” The American Journal of Drug TERESA MUChATA and Alcohol Abuse, 32, 399-413. Psicóloga Clínica IDT – DRN – CRI de braga / ET de braga brook, D. W., brook, J. S., Rubenstone, E., Zhang, C., Castro, F. g., Rua Conselheiro Januário, 152 & Tiburcio, N. (2008). “Risk Factors for distress in the adolescent 4700 braga children of hIV-positive and hIV-negative drug-abusing fathers.” 253008690 AIDS Care, 20 (1), 93-100. E-mail: teresa.muchata@idt.min-saude.pt brook, D. W., brook, J. S., Whiteman, M., Mireles, O. A., Pressman, M. A., & Rubenstone, E. (2002). “Coping in Adolescent Children of CARlA MARTINS hIV-positive and hIV-negative substance abusing fathers.” The Journal Professora Associada of Genetic Psychology, 163 (1), 5-23. Escola de Psicologia Universidade do Minho brook, J. S., gordon, A. S., Whiteman, M., & brook, D. W. (1986). Campus de gualtar “Father-daughter identification and its impact on her personality and drug use.” Developmental Psychology, 22 (6), 743-748. 4710-057 braga E-mail: cmartins@iep.uminho.pt brook, J. S., Tseng, L. J., & Cohen, P. (1996). “Toddler Adjustment: Impact of Parents’ Drug Use, Personality, and Parent – Child Relations.” REfERêNCIAS BIBlIOgRáfICAS The Journal of Genetic Psychology, 157 (3), 281-295. Almeida, C. T. (1998). “Os filhos dos toxicodependentes ou o trabalho brook, J. S., Whiteman, M., gordon, A. S., & brook, D. W. (1984a). com crianças em risco”. Toxicodependências, 4 (1), 41-50. “Paternal determinants of female adolescent’s marijuana use.” Deve­ lopmental Psychology, 20 (6), 1032-1043. Almeida, C. T. (2001). “Só o Super-homem é que não chora… Acom- panhamento a crianças filhas de toxicodependentes no Centro de brook, J. S., Whiteman, M., gordon, A. S., & brook, D. W. (1984b). Atendimento a Toxicodependentes (CAT) de Oeiras”. Toxicodependências, “Identification with paternal attributes and its relationship to the son’s 7 (3), 23-28. personality and drug use.” Developmental Psychology, 20 (6), 1111-1119.
  • 9. REVISTA TOXICODEPENDÊNCIAS | EDIÇÃO IDT | VOLUME 16 | NÚMERO 1 | 2010 | pp. 47-56 55 burkhart, g. (2000). “Intervenções na primeira infância – possibilidades McMahon, T. J., Winkel, J. D., Suchman, N. E., & Rounsaville, b. J. e experiências na Europa.” Toxicodependências, 6 (2), 33-46. (2007). “Drug-abusing fathers: patterns of pair bonding, reproduction, and paternal involvement.” Journal of Substance Abuse Treatment, 33 Campo, A. T., & Rohner, R. P. (1992). “Relationships between per- (3), 295-302. ceived parental acceptance-rejection, psychological adjustment, and substance abuse among young adults.” Child Abuse and Neglect, 16 Moro, C. S., Esteve, M., Moreno, b., Quintanilla, L. F. Vivanco, L., (3), 429-440. gonzález, F., barea, M., L., Tenório, J., Romero, M., Arjona, E., Casares, R., Cañas, M., Polónio, J. A., & Navarro, C. (2000). El Acogimiento Castro, F. g., brook, J. S., brook, D. W., & Rubenstone, E. (2006). Familier de los Menores Hijos de Padres Toxicómanos. 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  • 10. 56 IMPACTO DA TOXICODEPENDÊNCIA NA PARENTALIDADE E SAÚDE MENTAL DOS FILhOS – UMA REVISÃO bIbLIOgRáFICA male offspring? Impact on individual, family, school, and peer vulne- rability factors.” Journal of Child and Adolescent Substance Abuse, 10 (3), 59-70. BIBlIOgRAfIA CONSUlTADA Mckganey, N., Mcintosh, J., & MacDonald, F. (2003). “Young People’s Experience of Illegal Drug use in the Family.” Drugs: education, pre­ vention and policy, 10 (2), 169-184. Observatório Europeu das Drogas e da Toxicodependência (OEDT). Relatório Anual. (2003). Acedido em http:// www.idt.pt.