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Violência no Namoro
Resultados Nacionais apontam a gravidade do problema
UMAR 2017
Coordenação do Estudo:
Maria José Magalhães
Equipa de Investigação:
Ana Guerreiro
Ana Margarida Teixeira
Ana Teresa Dias
Cátia Pontedeira
Joana Cordeiro
Micaela Silva
Olímpia Pinto
Patrícia Ribeiro
Tatiana Mendes
Companheiras umaristas que colaboraram na recolha de dados
1
1. Apresentação 2
2. Caracterização do estudo 2
3. Legitimação 3
3.1. Violência Psicológica 4
3.2. Controlo 5
3.3. Violência nas Redes Sociais 5
3.4. Violência Sexual 6
3.5. Perseguição 6
3.6. Violência Física 7
4.Vitimação 7
4.1. Violência Psicológica 8
4.2. Controlo 8
4.3. Violência nas Redes Sociais 9
4.4. Violência Sexual 9
4.5. Perseguição 9
4.6. Violência Física 10
5. Estudo comparativo com o ano anterior 10
5.1. Violência Psicológica 11
5.2. Controlo 12
5.3. Violência Sexual 13
5.4. Violência Física 13
6. Conclusões e Recomendações 13
2
1. Apresentação
A UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta, organização feminista que,
desde 1976, luta pelos direitos das mulheres, é uma organização não governamental sem
fins lucrativos e que tem, como filosofia de intervenção, a defesa e promoção dos Direitos
das Mulheres e da Igualdade de Género. É membro do Conselho Consultivo da CIG –
Comissão para a Cidadania Igualdade de Género — e tem contribuído para os Planos
Nacionais para a Igualdade de Género, Cidadania e Não-Discriminação, contra a Violência
Doméstica e de Género e contra o Tráfico de Seres Humanos.
Uma das áreas prioritárias da UMAR é o trabalho de prevenção primária junto
dos/as jovens, intervenção que realiza há 12 anos. Mais recentemente, a UMAR tem vindo
a desenvolver também prevenção secundária e terciária junto dos/as jovens.
A área especializada da UMAR – Género e Educação – pretende, em especial,
acabar com a violência baseada no género e noutros preconceitos discriminatórios, como a
homofobia, o racismo e a misoginia, bem como alterar a cultura patriarcal em que estes
comportamentos se baseiam.
Paralelamente a este trabalho, são desenvolvidos alguns estudos, nomeadamente
ao nível da violência no namoro, cujos resultados que hoje aqui apresentamos reforçam a
necessidade de uma intervenção continuada, profunda e abrangente em termos do território
nacional.
Este estudo não teria sido possível sem a imprescindível participação de associadas
e colaboradoras umaristas de norte a sul do país, incluindo as regiões autónomas da
Madeira e dos Açores e sem o apoio da Senhora Secretária de Estado para a Cidadania e
Igualdade, Dra. Catarina Marcelino. A todas, o nosso profundo agradecimento.
2. Caracterização do estudo
Este estudo abrangeu cerca de 5500 jovens com uma média de idades de 15 anos e
foi implementado em todo o território nacional - Portugal continental e arquipélagos dos
Açores e Madeira.
A análise dos dados recolhidos está divida em duas dimensões: 1) a legitimação dos
atos violentos; e 2) a prevalência da vitimação nas relações de namoro. Para a análise da
3
vitimação, separaram-se as respostas das/os jovens que disseram namorar (ou ter
namorado) (62%) das/os que afirmaram não ter tido nenhum relacionamento íntimo (26%).
Finalmente, apresenta-se os resultados que comparam com o ano anterior.
Este ano, apresentam-se resultados novos sobre a violência nas redes sociais e
comportamentos de perseguição. Também destacamos os comportamentos de controlo, no
sentido de tornar mais explícita esta dimensão da violência.
Os dados apresentados fazem parte do relatório preliminar do estudo aprofundado a
apresentar num futuro próximo.
3. Legitimação
Nesta secção, apresentam-se os resultados das conceções das/os jovens sobre o
que consideram ou não violência, conforme se pode observar no gráfico abaixo.
4
A seguir, descrevem-se com pormenor os dados relativamente a: violência
psicológica, violência física, violência sexual, violência nas redes sociais, comportamentos
de controlo e perseguição.
3.1. Violência Psicológica
A violência psicológica, neste estudo, refere-se a atos como insultar durante uma
discussão, ameaçar, humilhar e rebaixar.
Em média, 14% dos e das jovens não reconhecem esta forma de violência. Mais
especificamente, 9% dos/as jovens não considera que ameaçar a outra pessoa seja ato
violento, 11% considera que humilhar não é violência, e insultar durante uma discussão ou
zanga não é considerado violência por 24% dos/as jovens.
Ao comparar as respostas de raparigas e rapazes verifica-se uma diferença na
legitimação destes atos, sendo que os rapazes legitimam mais a violência psicológica que
as raparigas. O ato mais legitimado é o insulto, em que 30% dos rapazes não considera
este ato como violento, enquanto 18% das raparigas partilham a mesma conceção. As
ameaças são legitimadas por 12% dos rapazes e 6 % das raparigas, pelo que podemos
constatar que o dobro dos rapazes, em comparação com as raparigas, legitima este
comportamento.
5
3.2. Controlo
O controlo, quando presente numa relação de namoro, pode revelar-se em
comportamentos como proibir sair sem o/a companheiro/a, de estar ou falar com um/amigo
ou colega e obrigar ou proibir vestir uma determinada peça de roupa, ou obrigar a fazer algo
que não se quer. Estes comportamentos não são reconhecidos como violência por parte de
28% dos/as jovens residentes em Portugal.
Relativamente ao facto do/a namorado/a o/a proibir de sair sem ele/ela, 32% dos/as
jovens considera “normal” este tipo de comportamento numa relação de namoro. Quanto à
obrigação, por parte do/a namorado/a, de fazer algo que não se quer fazer, 15% legitima
este comportamento. A legitimação da proibição de estar ou falar com um/a amigo/a situa-
se nos 31% dos/as inquiridos/as e na proibição de vestir uma determinada peça de roupa,
41% afirma que não se trata de um comportamento violento.
As diferenças entre rapazes e raparigas mostram maior legitimação por parte dos
rapazes (36%) do que das raparigas (24%).
3.3. Violência nas Redes Sociais
Neste estudo de 2017, a UMAR introduziu a violência no namoro através das redes
sociais. A dimensão das redes sociais e da internet é um aspeto que tem vindo a ganhar
maior relevância no quotidiano dos/as jovens, sendo que os relacionamentos de namoro
fazem parte da participação nestas redes.
Contudo, as redes sociais online têm características que as tornam específicas: a
informação colocada nas redes é persistente (pode ser consultada muito tempo depois),
pode ser replicada (ou seja, copiada e difundida, com ou sem o contexto de publicação e a
autorização da pessoa) e escalável (a publicação de qualquer conteúdo pode ser difundida
de forma imprevisível, inclusivamente tornar-se viral).
Face a estas características - de uma fusão do que é público e privado e da
potencialidade de que a informação saia do controle da pessoa que a publica e da(s)
pessoa(s) sobre quem a informação diz respeito - os resultados indicam que 24% dos/as
jovens não considera as situações de controlo e abuso nas redes sociais como violência,
naturalizando desta forma estes comportamentos violentos.
Os rapazes legitimam mais estas formas de violência, com 28% a considerar que as
situações descritas não são violência, face a 21% das raparigas.
Sobre a partilha sem autorização de mensagens ou fotos (sexting, i.e., partilha de
conteúdos íntimos), e atendendo à legitimação desta forma de violência, vemos que 15%
6
dos/as jovens não considera estes comportamentos como violência, o que mostra uma
grande vulnerabilidade à violência no namoro online e a uma possível exposição a
comportamentos de pornografia de vingança.
Também quanto à implicação na intimidade e vivência sexual, o facto de 20% dos
rapazes e 10% das raparigas considerarem que partilhar conteúdos íntimos sem
autorização não constitui violência alerta-nos para a necessidade de trabalhar as questões
da privacidade e do consentimento.
Quanto ao abuso verbal online, a legitimação é bastante alta, sendo que 16%
considera que não se constitui como violência. Os rapazes aceitam mais que o insulto não
constitua agressão (19%) do que as raparigas (13%).
3.4. Violência Sexual
A violência sexual nas relações de intimidade apresenta-se, geralmente, sob a forma
de coação ou de abuso/violação. Estudos evidenciam que é uma violência pouco
reconhecida e denunciada, maioritariamente cometida por pessoas conhecidas
nomeadamente, nas relações de namoro. A partir dos dados deste estudo, compreende-se
que 24% dos/as jovens legitima a violência sexual nas relações de namoro.
36% legítima pressionar para beijar à frente dos/as amigos/as, sendo que 47% dos
que o afirmam são do sexo masculino e 27% do sexo feminino.
Relativamente à pressão para ter relações sexuais, 13% dos/das respondentes
legitima esta situação no namoro. Destes, 22% são do sexo masculino e 5% do sexo
feminino.
3.5. Perseguição
A perseguição, durante ou após um relacionamento íntimo, constitui uma das formas
de violência que oprime as vítimas (criminalizado em 2015). No entanto, a cultura patriarcal
envolve este tipo de comportamentos como demonstrações do “amor romântico”. A equipa
da UMAR, este ano, pretendeu perceber se os/as jovens legitimam ou não o
comportamento de perseguição. Quando questionados/as se consideram violência os
comportamentos de perseguição, 25% respondeu que não, sendo 33% do sexo masculino e
19% do sexo feminino.
7
3.6. Violência Física
A violência física envolve várias formas de agressão corporal que pode ou não
deixar marcas ou feridas. Em média, 6% dos/as jovens participantes deste estudo não
reconhece estas formas de violência e os rapazes (8%) legitimam duas vezes mais que as
raparigas (4%). Relativamente ao ato de esbofetear e empurrar sem deixar marcar esta
diferença aumenta ligeiramente, sendo que 9% dos rapazes e 4% das raparigas legitima
esta forma de violência.
4.Vitimação
Nesta secção, apresentam-se os dados relativos às respostas dos/as jovens sobre
situações de violência que vivenciaram, conforme gráfico que a seguir se apresenta.
Posteriormente, descrevem-se os resultados, nomeadamente de violência
psicológica, violência física, violência sexual, violência nas redes sociais, comportamentos
de controlo, e perseguição.
8
4.1. Violência Psicológica
Em média, 19% dos/as jovens afirma ter sofrido alguma forma de violência
psicológica, sendo o insulto aquela com maior prevalência (30%), seguida de humilhar e
rebaixar (16%) e da ameaça (10%).
Em todas as formas de vitimação por violência psicológica, observa-se uma maior
prevalência nas raparigas comparativamente aos rapazes. A maior diferença é relativa ao
humilhar e rebaixar, em que 21% das raparigas referem ter sido vítimas destes atos e 10%
os rapazes. As raparigas apresentam também uma maior prevalência no que se refere ao
insulto durante uma discussão, com 32%, e os rapazes com 29%. Em relação à ameaça os
resultados apontam 11% nas raparigas e 8% nos rapazes.
4.2. Controlo
Os resultados obtidos sobre a violência por comportamentos de controlo,
relativamente à vitimação, mostram que 10% dos/as jovens revela já ter sido vítima de
comportamentos de controlo. Quando analisada por sexos, repara-se que há uma maior
prevalência deste tipo de vitimação nas raparigas (13%) do que nos rapazes (8%).
Relativamente aos variados comportamentos de controlo, observa-se que quanto à
proibição de sair, 5% dos/as jovens já foi vítima, sendo 7% raparigas e 4% rapazes.
Na proibição de estar ou falar com alguém, que totaliza 21% dos/as inquiridos/as,
24% das raparigas afirma já ter sido controladas a este nível, contrastando com 18% dos
rapazes.
Analisando a obrigação de fazer algo que não se quer, 8% dos/as jovens (9% das
raparigas e 7% dos rapazes) já experienciou este tipo de comportamento por parte do/a
seu/a namorado/a.
Relativamente à proibição de vestir determinada peça de roupa, 7% dos/as
inquiridos/as já sofreram este tipo de controlo, sendo 10% relativos ao sexo feminino.
Quanto à percentagem de rapazes, em relação a este tipo de comportamentos, observa-se
uma percentagem menor (3%).
9
4.3. Violência nas Redes Sociais
Os resultados obtidos sobre a vitimação pelas redes sociais são alarmantes, sendo
que 11% dos/as inquiridos/as revelam terem sido atingidos/as por estas novas formas de
violência nos relacionamentos.
Há uma maior prevalência de rapazes que afirma sofrer estas formas de violência
(12%) sendo que a percentagem de raparigas que também referem ser vítimas é elevada
(11%).
Sobre a partilha online de conteúdos íntimos sem autorização, temos 3%, sem
grandes diferenças quanto ao sexo (3% das raparigas afirma ter sofrido esta forma de
violência e 4% dos rapazes). Atendendo a que se trata de uma população muito jovem e
que estará a iniciar a sua vida sexual, estes dados são preocupantes.
O insulto e a humilhação online têm uma incidência de 11%, sendo que não há
diferenças entre rapazes e raparigas. Estes comportamentos de abuso online são
inquietantes na medida em que cruzam aspetos de atos de insulto que se tornam públicos,
podem tornar-se virais e têm persistência no tempo, e, por esse motivo, têm um potencial
de dano muito alto e indicam um uso das redes sociais como canais de abuso e opressão.
4.4. Violência Sexual
Apesar de terem idades muito jovens, as/os inquiridas/os neste estudo mostram uma
prevalência média de 6% de vitimação de violência sexual no geral, sendo 6% referente às
raparigas e 5% referente aos rapazes. No que concerne a pressionar para ter relações
sexuais, 5% das raparigas e 2% dos rapazes afirmam já ter sido pressionadas/os.
Quanto a sofrerem pressão para serem beijados/as em público, identificaram-se 8%
dos rapazes e 7% das raparigas. Este resultado aponta para o facto de que alguns dos
comportamentos de violência sexual estarem naturalizados tanto em rapazes como em
raparigas.
4.5. Perseguição
Pela primeira vez, a UMAR apresenta os resultados da vitimação por
comportamentos de perseguição.
Os resultados mostram que um sétimo das/os jovens respondentes sofreu
comportamentos de perseguição (15%), sem grandes diferenças entre rapazes e raparigas,
10
sendo que as raparigas apresentam uma maior prevalência (16%), embora ligeira, para
15% dos rapazes.
4.6. Violência Física
Os índices de prevalência da violência física continuam a apontar números
preocupantes. Em termos gerais, encontramos uma média de 6% de jovens que disseram já
ter sofrido comportamentos físicos violentos. Relativamente à violência física que deixa
marca, a percentagem situa-se nos 4%; quanto à vitimação por comportamentos violentos
sem deixar marca situa-se nos 7%; e em ambas as situações não se verificam diferenças
entre rapazes e raparigas.
Mais uma vez, constata-se que esta forma de violência é a menos legitimada,
embora ainda haja uma percentagem de jovens que não consideram, as agressões físicas,
violência.
5. Estudo comparativo com o ano anterior
Nesta parte do estudo, apresentam-se uma análise comparativa entre 2017 e 2016.
Acompanhando a ordem das secções anteriores, inicia-se com a violência psicológica,
seguida dos comportamentos de controlo, da violência nas redes sociais, da violência
sexual, da perseguição e da violência física.
É necessário ter em conta que, este ano, o estudo abrangeu diversos distritos, como
tal, engloba por um lado distritos do interior e das ilhas e, por outro, um maior número de
respondentes em relação ao ano anterior.
Não serão mencionados os dados comparados da violência nas redes sociais e da
perseguição, uma vez que são duas dimensões novas inseridas no estudo deste ano.
Abaixo, apresenta-se o gráfico geral da análise comparativa dos dados de 2016 e
2017, relativamente à vitimação.
11
A seguir, abaixo, apresenta-se o gráfico comparativo dos resultados face à
legitimação.
5.1. Violência Psicológica
Comparando com os resultados de 2016 sobre a legitimação da violência
psicológica, verificamos que, em 2017, em média, e relativamente às mesmas questões,
não se verificam alterações significativas, mantendo-se uma maior legitimação da violência
psicológica por parte dos rapazes relativamente às raparigas. Contudo, numa análise das
12
situações específicas, observamos um aumento da legitimação face ao insulto. Nos rapazes
aumentou de 23% para 30% e nas raparigas de 13% para 18%. Relativamente ao ato de
humilhar e rebaixar, verifica-se uma menor legitimação, e no que se refere à ameaça, a
legitimação deste ato mantém-se entre os 6% e os 15%, sendo maior a legitimação por
parte dos rapazes.
Relativamente à vitimação, os resultados de 2016 indicavam 9%, enquanto em 2017
apresenta uma prevalência de 19%, o que é muito alarmante. O insulto durante uma
discussão foi a forma de violência psicológica que mais aumentou, de 14% para 30%,
seguida da humilhação (de 6% para 16%) e da ameaça (de 6% para 10%).
5.2. Controlo
Comparando com os dados do estudo da UMAR do ano anterior, verifica-se em 2017
que a legitimação da proibição de sair e de estar ou falar com um/a amigo/a manteve-se
dentro da mesma percentagem, entre os 31% e os 33%. Já no caso de proibir de vestir uma
determinada peça de roupa, observa-se uma ligeira subida, do ano passado para este ano
(de 37% para 41%), na legitimação deste comportamento. Quanto à obrigação de se fazer
algo que não se quer, houve uma ligeira descida de 16% (2016) para 15% (2017).
No que se refere à vitimação, há uma maior prevalência relativa aos
comportamentos de controlo. Assim, em 2016, 4% das/os jovens disseram terem sido
proibidos/as de sair sem o/a namorado/a, e 5% em 2017.
Quanto à obrigação de se fazer algo que não se quer, o ano passado foram
contabilizados 5% dos/as jovens que já sofreram este tipo de violência e este ano a
percentagem constatada é de 8%.
Relativamente à proibição de vestir determinadas peças de roupa, em 2017, a
percentagem é maior (7%) face a 2016, que foi de 4%.
De destacar que as percentagens relativas à proibição de estar ou falar com algum/a
amigo/a, em 2016, era 13%, e em 2017, os resultados apresentam uma percentagem maior,
de 21%.
13
5.3. Violência Sexual
Em relação à legitimação da violência sexual, comparativamente ao estudo de 2016
(23%), este ano os resultados apontam para 24%, mantendo-se uma maior legitimação
desta violência por parte dos jovens do sexo masculino (33% em 2016 e 34% em 2017),
comparativamente ao sexo feminino (15% em 2016 e 16% em 2017).
Sobre a vitimação, os resultados apontam para uma maior prevalência este ano -
6% - em comparação com o ano anterior, que se situou nos 5%.
5.4. Violência Física
Comparando com o estudo do ano passado, quanto à vitimação dos/as jovens, há
uma ligeira subida quanto à violência física (de 5% para 6%).
Relativamente à legitimação, observa-se que, na amostra em geral, há uma descida
de 9% (2016) para 6% (2017). Analisando por sexos, esta descida é também evidente
sendo que no ano passado 6% das raparigas legitimou este tipo de comportamentos,
comparativamente aos 4% que legitima a violência física neste ano. Quanto aos rapazes,
em 2016, 13% legitimou a violência física e em 2017 desceu para 8%.
6. Conclusões e Recomendações
Dos dados analisados, salienta-se, como primeira conclusão, que em todas as
situações por nós estudadas, há uma percentagem importante (maior ou menor) que
legitima comportamentos de violência, i.e., consideram aceitável que, num relacionamento
íntimo, esses atos possam acontecer.
Em segundo lugar, importa realçar que, entre as/os jovens que namoram ou já
namoraram, também encontramos uma percentagem relevante de respostas de experiência
em todas as situações e comportamentos de violência.
Refletindo sobre os resultados deste estudo, compreende-se que a violência no
namoro está presente nos relacionamentos íntimos — com a vitimação entre 6% (violência
física e sexual) e 19% (violência psicológica) e na legitimação entre 6% (violência física) a
28% (comportamentos de controlo).
Pode-se também concluir que, em todas dimensões, a naturalização da violência no
namoro é maior nos rapazes do que nas raparigas: uma maior percentagem de jovens do
sexo feminino reconhece como violência (não legitima) os atos apresentados (16%),
14
comparativamente aos jovens do sexo masculino (27%). Quase um terço dos rapazes
legitima comportamentos de violência.
Em relação à violência sexual, a sua normalização nas relações de namoro
apresenta valores muito altos (24%). Aqui, a diferenciação entre rapazes e raparigas é
significativa, uma vez que a legitimação destes comportamentos pelos rapazes é de 22% e
pelas raparigas é de 5%.
Os comportamentos de controlo apresentam-se como os mais legitimados, por
jovens de ambos os sexos (28%).
Apraz-nos dizer que a legitimação da violência física desceu tanto para rapazes
como para raparigas. No entanto, na vitimação, os resultados apresentam uma (ainda que
ligeira) subida.
A violência nas redes sociais, enquanto dimensão (relativamente) nova nas relações
de intimidade, mostra resultados alarmantes, tanto na legitimação (24% - quase um quarto
de jovens), como na vitimação (11%). Estas ferramentas novas de comunicação, se, por um
lado, permitem a interação virtual entre pessoas, constituem-se também como um perigo e
um meio propício ao exercício de grande violência, que tem passado despercebida aos/às
pessoas adultas e que devem acompanhar estas e estes jovens.
A perseguição, sendo uma dimensão nova neste estudo de violência no namoro da
UMAR, compreende um conjunto de comportamentos que é legitimado tanto por rapazes
(33%), como por raparigas (19%). Esta legitimação pode advir do facto de, na cultura geral,
estes comportamentos não serem considerados violência (apesar de já criminalizados),
sendo portanto um assunto que deve ser refletido pelas pessoas que têm a
responsabilidade da educação dos/as jovens.
Os dados estudados sobre os vários comportamentos violentos são muito
preocupantes, quer da vitimação quer da legitimação, nestas idades. Perante estes
resultados, e da comparação com os dados recolhidos em anos anteriores, permanece a
necessidade e urgência de uma intervenção com os/as jovens, o mais precoce e continuada
possível, no sentido de prevenir a violência sob todas as formas. Estes resultados revelam-
se também importantes para educadores/as e docentes, assim como para pais, mães e
encarregadas/os de educação.

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Violência no Namoro UMAR

  • 1. Violência no Namoro Resultados Nacionais apontam a gravidade do problema UMAR 2017 Coordenação do Estudo: Maria José Magalhães Equipa de Investigação: Ana Guerreiro Ana Margarida Teixeira Ana Teresa Dias Cátia Pontedeira Joana Cordeiro Micaela Silva Olímpia Pinto Patrícia Ribeiro Tatiana Mendes Companheiras umaristas que colaboraram na recolha de dados
  • 2. 1 1. Apresentação 2 2. Caracterização do estudo 2 3. Legitimação 3 3.1. Violência Psicológica 4 3.2. Controlo 5 3.3. Violência nas Redes Sociais 5 3.4. Violência Sexual 6 3.5. Perseguição 6 3.6. Violência Física 7 4.Vitimação 7 4.1. Violência Psicológica 8 4.2. Controlo 8 4.3. Violência nas Redes Sociais 9 4.4. Violência Sexual 9 4.5. Perseguição 9 4.6. Violência Física 10 5. Estudo comparativo com o ano anterior 10 5.1. Violência Psicológica 11 5.2. Controlo 12 5.3. Violência Sexual 13 5.4. Violência Física 13 6. Conclusões e Recomendações 13
  • 3. 2 1. Apresentação A UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta, organização feminista que, desde 1976, luta pelos direitos das mulheres, é uma organização não governamental sem fins lucrativos e que tem, como filosofia de intervenção, a defesa e promoção dos Direitos das Mulheres e da Igualdade de Género. É membro do Conselho Consultivo da CIG – Comissão para a Cidadania Igualdade de Género — e tem contribuído para os Planos Nacionais para a Igualdade de Género, Cidadania e Não-Discriminação, contra a Violência Doméstica e de Género e contra o Tráfico de Seres Humanos. Uma das áreas prioritárias da UMAR é o trabalho de prevenção primária junto dos/as jovens, intervenção que realiza há 12 anos. Mais recentemente, a UMAR tem vindo a desenvolver também prevenção secundária e terciária junto dos/as jovens. A área especializada da UMAR – Género e Educação – pretende, em especial, acabar com a violência baseada no género e noutros preconceitos discriminatórios, como a homofobia, o racismo e a misoginia, bem como alterar a cultura patriarcal em que estes comportamentos se baseiam. Paralelamente a este trabalho, são desenvolvidos alguns estudos, nomeadamente ao nível da violência no namoro, cujos resultados que hoje aqui apresentamos reforçam a necessidade de uma intervenção continuada, profunda e abrangente em termos do território nacional. Este estudo não teria sido possível sem a imprescindível participação de associadas e colaboradoras umaristas de norte a sul do país, incluindo as regiões autónomas da Madeira e dos Açores e sem o apoio da Senhora Secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, Dra. Catarina Marcelino. A todas, o nosso profundo agradecimento. 2. Caracterização do estudo Este estudo abrangeu cerca de 5500 jovens com uma média de idades de 15 anos e foi implementado em todo o território nacional - Portugal continental e arquipélagos dos Açores e Madeira. A análise dos dados recolhidos está divida em duas dimensões: 1) a legitimação dos atos violentos; e 2) a prevalência da vitimação nas relações de namoro. Para a análise da
  • 4. 3 vitimação, separaram-se as respostas das/os jovens que disseram namorar (ou ter namorado) (62%) das/os que afirmaram não ter tido nenhum relacionamento íntimo (26%). Finalmente, apresenta-se os resultados que comparam com o ano anterior. Este ano, apresentam-se resultados novos sobre a violência nas redes sociais e comportamentos de perseguição. Também destacamos os comportamentos de controlo, no sentido de tornar mais explícita esta dimensão da violência. Os dados apresentados fazem parte do relatório preliminar do estudo aprofundado a apresentar num futuro próximo. 3. Legitimação Nesta secção, apresentam-se os resultados das conceções das/os jovens sobre o que consideram ou não violência, conforme se pode observar no gráfico abaixo.
  • 5. 4 A seguir, descrevem-se com pormenor os dados relativamente a: violência psicológica, violência física, violência sexual, violência nas redes sociais, comportamentos de controlo e perseguição. 3.1. Violência Psicológica A violência psicológica, neste estudo, refere-se a atos como insultar durante uma discussão, ameaçar, humilhar e rebaixar. Em média, 14% dos e das jovens não reconhecem esta forma de violência. Mais especificamente, 9% dos/as jovens não considera que ameaçar a outra pessoa seja ato violento, 11% considera que humilhar não é violência, e insultar durante uma discussão ou zanga não é considerado violência por 24% dos/as jovens. Ao comparar as respostas de raparigas e rapazes verifica-se uma diferença na legitimação destes atos, sendo que os rapazes legitimam mais a violência psicológica que as raparigas. O ato mais legitimado é o insulto, em que 30% dos rapazes não considera este ato como violento, enquanto 18% das raparigas partilham a mesma conceção. As ameaças são legitimadas por 12% dos rapazes e 6 % das raparigas, pelo que podemos constatar que o dobro dos rapazes, em comparação com as raparigas, legitima este comportamento.
  • 6. 5 3.2. Controlo O controlo, quando presente numa relação de namoro, pode revelar-se em comportamentos como proibir sair sem o/a companheiro/a, de estar ou falar com um/amigo ou colega e obrigar ou proibir vestir uma determinada peça de roupa, ou obrigar a fazer algo que não se quer. Estes comportamentos não são reconhecidos como violência por parte de 28% dos/as jovens residentes em Portugal. Relativamente ao facto do/a namorado/a o/a proibir de sair sem ele/ela, 32% dos/as jovens considera “normal” este tipo de comportamento numa relação de namoro. Quanto à obrigação, por parte do/a namorado/a, de fazer algo que não se quer fazer, 15% legitima este comportamento. A legitimação da proibição de estar ou falar com um/a amigo/a situa- se nos 31% dos/as inquiridos/as e na proibição de vestir uma determinada peça de roupa, 41% afirma que não se trata de um comportamento violento. As diferenças entre rapazes e raparigas mostram maior legitimação por parte dos rapazes (36%) do que das raparigas (24%). 3.3. Violência nas Redes Sociais Neste estudo de 2017, a UMAR introduziu a violência no namoro através das redes sociais. A dimensão das redes sociais e da internet é um aspeto que tem vindo a ganhar maior relevância no quotidiano dos/as jovens, sendo que os relacionamentos de namoro fazem parte da participação nestas redes. Contudo, as redes sociais online têm características que as tornam específicas: a informação colocada nas redes é persistente (pode ser consultada muito tempo depois), pode ser replicada (ou seja, copiada e difundida, com ou sem o contexto de publicação e a autorização da pessoa) e escalável (a publicação de qualquer conteúdo pode ser difundida de forma imprevisível, inclusivamente tornar-se viral). Face a estas características - de uma fusão do que é público e privado e da potencialidade de que a informação saia do controle da pessoa que a publica e da(s) pessoa(s) sobre quem a informação diz respeito - os resultados indicam que 24% dos/as jovens não considera as situações de controlo e abuso nas redes sociais como violência, naturalizando desta forma estes comportamentos violentos. Os rapazes legitimam mais estas formas de violência, com 28% a considerar que as situações descritas não são violência, face a 21% das raparigas. Sobre a partilha sem autorização de mensagens ou fotos (sexting, i.e., partilha de conteúdos íntimos), e atendendo à legitimação desta forma de violência, vemos que 15%
  • 7. 6 dos/as jovens não considera estes comportamentos como violência, o que mostra uma grande vulnerabilidade à violência no namoro online e a uma possível exposição a comportamentos de pornografia de vingança. Também quanto à implicação na intimidade e vivência sexual, o facto de 20% dos rapazes e 10% das raparigas considerarem que partilhar conteúdos íntimos sem autorização não constitui violência alerta-nos para a necessidade de trabalhar as questões da privacidade e do consentimento. Quanto ao abuso verbal online, a legitimação é bastante alta, sendo que 16% considera que não se constitui como violência. Os rapazes aceitam mais que o insulto não constitua agressão (19%) do que as raparigas (13%). 3.4. Violência Sexual A violência sexual nas relações de intimidade apresenta-se, geralmente, sob a forma de coação ou de abuso/violação. Estudos evidenciam que é uma violência pouco reconhecida e denunciada, maioritariamente cometida por pessoas conhecidas nomeadamente, nas relações de namoro. A partir dos dados deste estudo, compreende-se que 24% dos/as jovens legitima a violência sexual nas relações de namoro. 36% legítima pressionar para beijar à frente dos/as amigos/as, sendo que 47% dos que o afirmam são do sexo masculino e 27% do sexo feminino. Relativamente à pressão para ter relações sexuais, 13% dos/das respondentes legitima esta situação no namoro. Destes, 22% são do sexo masculino e 5% do sexo feminino. 3.5. Perseguição A perseguição, durante ou após um relacionamento íntimo, constitui uma das formas de violência que oprime as vítimas (criminalizado em 2015). No entanto, a cultura patriarcal envolve este tipo de comportamentos como demonstrações do “amor romântico”. A equipa da UMAR, este ano, pretendeu perceber se os/as jovens legitimam ou não o comportamento de perseguição. Quando questionados/as se consideram violência os comportamentos de perseguição, 25% respondeu que não, sendo 33% do sexo masculino e 19% do sexo feminino.
  • 8. 7 3.6. Violência Física A violência física envolve várias formas de agressão corporal que pode ou não deixar marcas ou feridas. Em média, 6% dos/as jovens participantes deste estudo não reconhece estas formas de violência e os rapazes (8%) legitimam duas vezes mais que as raparigas (4%). Relativamente ao ato de esbofetear e empurrar sem deixar marcar esta diferença aumenta ligeiramente, sendo que 9% dos rapazes e 4% das raparigas legitima esta forma de violência. 4.Vitimação Nesta secção, apresentam-se os dados relativos às respostas dos/as jovens sobre situações de violência que vivenciaram, conforme gráfico que a seguir se apresenta. Posteriormente, descrevem-se os resultados, nomeadamente de violência psicológica, violência física, violência sexual, violência nas redes sociais, comportamentos de controlo, e perseguição.
  • 9. 8 4.1. Violência Psicológica Em média, 19% dos/as jovens afirma ter sofrido alguma forma de violência psicológica, sendo o insulto aquela com maior prevalência (30%), seguida de humilhar e rebaixar (16%) e da ameaça (10%). Em todas as formas de vitimação por violência psicológica, observa-se uma maior prevalência nas raparigas comparativamente aos rapazes. A maior diferença é relativa ao humilhar e rebaixar, em que 21% das raparigas referem ter sido vítimas destes atos e 10% os rapazes. As raparigas apresentam também uma maior prevalência no que se refere ao insulto durante uma discussão, com 32%, e os rapazes com 29%. Em relação à ameaça os resultados apontam 11% nas raparigas e 8% nos rapazes. 4.2. Controlo Os resultados obtidos sobre a violência por comportamentos de controlo, relativamente à vitimação, mostram que 10% dos/as jovens revela já ter sido vítima de comportamentos de controlo. Quando analisada por sexos, repara-se que há uma maior prevalência deste tipo de vitimação nas raparigas (13%) do que nos rapazes (8%). Relativamente aos variados comportamentos de controlo, observa-se que quanto à proibição de sair, 5% dos/as jovens já foi vítima, sendo 7% raparigas e 4% rapazes. Na proibição de estar ou falar com alguém, que totaliza 21% dos/as inquiridos/as, 24% das raparigas afirma já ter sido controladas a este nível, contrastando com 18% dos rapazes. Analisando a obrigação de fazer algo que não se quer, 8% dos/as jovens (9% das raparigas e 7% dos rapazes) já experienciou este tipo de comportamento por parte do/a seu/a namorado/a. Relativamente à proibição de vestir determinada peça de roupa, 7% dos/as inquiridos/as já sofreram este tipo de controlo, sendo 10% relativos ao sexo feminino. Quanto à percentagem de rapazes, em relação a este tipo de comportamentos, observa-se uma percentagem menor (3%).
  • 10. 9 4.3. Violência nas Redes Sociais Os resultados obtidos sobre a vitimação pelas redes sociais são alarmantes, sendo que 11% dos/as inquiridos/as revelam terem sido atingidos/as por estas novas formas de violência nos relacionamentos. Há uma maior prevalência de rapazes que afirma sofrer estas formas de violência (12%) sendo que a percentagem de raparigas que também referem ser vítimas é elevada (11%). Sobre a partilha online de conteúdos íntimos sem autorização, temos 3%, sem grandes diferenças quanto ao sexo (3% das raparigas afirma ter sofrido esta forma de violência e 4% dos rapazes). Atendendo a que se trata de uma população muito jovem e que estará a iniciar a sua vida sexual, estes dados são preocupantes. O insulto e a humilhação online têm uma incidência de 11%, sendo que não há diferenças entre rapazes e raparigas. Estes comportamentos de abuso online são inquietantes na medida em que cruzam aspetos de atos de insulto que se tornam públicos, podem tornar-se virais e têm persistência no tempo, e, por esse motivo, têm um potencial de dano muito alto e indicam um uso das redes sociais como canais de abuso e opressão. 4.4. Violência Sexual Apesar de terem idades muito jovens, as/os inquiridas/os neste estudo mostram uma prevalência média de 6% de vitimação de violência sexual no geral, sendo 6% referente às raparigas e 5% referente aos rapazes. No que concerne a pressionar para ter relações sexuais, 5% das raparigas e 2% dos rapazes afirmam já ter sido pressionadas/os. Quanto a sofrerem pressão para serem beijados/as em público, identificaram-se 8% dos rapazes e 7% das raparigas. Este resultado aponta para o facto de que alguns dos comportamentos de violência sexual estarem naturalizados tanto em rapazes como em raparigas. 4.5. Perseguição Pela primeira vez, a UMAR apresenta os resultados da vitimação por comportamentos de perseguição. Os resultados mostram que um sétimo das/os jovens respondentes sofreu comportamentos de perseguição (15%), sem grandes diferenças entre rapazes e raparigas,
  • 11. 10 sendo que as raparigas apresentam uma maior prevalência (16%), embora ligeira, para 15% dos rapazes. 4.6. Violência Física Os índices de prevalência da violência física continuam a apontar números preocupantes. Em termos gerais, encontramos uma média de 6% de jovens que disseram já ter sofrido comportamentos físicos violentos. Relativamente à violência física que deixa marca, a percentagem situa-se nos 4%; quanto à vitimação por comportamentos violentos sem deixar marca situa-se nos 7%; e em ambas as situações não se verificam diferenças entre rapazes e raparigas. Mais uma vez, constata-se que esta forma de violência é a menos legitimada, embora ainda haja uma percentagem de jovens que não consideram, as agressões físicas, violência. 5. Estudo comparativo com o ano anterior Nesta parte do estudo, apresentam-se uma análise comparativa entre 2017 e 2016. Acompanhando a ordem das secções anteriores, inicia-se com a violência psicológica, seguida dos comportamentos de controlo, da violência nas redes sociais, da violência sexual, da perseguição e da violência física. É necessário ter em conta que, este ano, o estudo abrangeu diversos distritos, como tal, engloba por um lado distritos do interior e das ilhas e, por outro, um maior número de respondentes em relação ao ano anterior. Não serão mencionados os dados comparados da violência nas redes sociais e da perseguição, uma vez que são duas dimensões novas inseridas no estudo deste ano. Abaixo, apresenta-se o gráfico geral da análise comparativa dos dados de 2016 e 2017, relativamente à vitimação.
  • 12. 11 A seguir, abaixo, apresenta-se o gráfico comparativo dos resultados face à legitimação. 5.1. Violência Psicológica Comparando com os resultados de 2016 sobre a legitimação da violência psicológica, verificamos que, em 2017, em média, e relativamente às mesmas questões, não se verificam alterações significativas, mantendo-se uma maior legitimação da violência psicológica por parte dos rapazes relativamente às raparigas. Contudo, numa análise das
  • 13. 12 situações específicas, observamos um aumento da legitimação face ao insulto. Nos rapazes aumentou de 23% para 30% e nas raparigas de 13% para 18%. Relativamente ao ato de humilhar e rebaixar, verifica-se uma menor legitimação, e no que se refere à ameaça, a legitimação deste ato mantém-se entre os 6% e os 15%, sendo maior a legitimação por parte dos rapazes. Relativamente à vitimação, os resultados de 2016 indicavam 9%, enquanto em 2017 apresenta uma prevalência de 19%, o que é muito alarmante. O insulto durante uma discussão foi a forma de violência psicológica que mais aumentou, de 14% para 30%, seguida da humilhação (de 6% para 16%) e da ameaça (de 6% para 10%). 5.2. Controlo Comparando com os dados do estudo da UMAR do ano anterior, verifica-se em 2017 que a legitimação da proibição de sair e de estar ou falar com um/a amigo/a manteve-se dentro da mesma percentagem, entre os 31% e os 33%. Já no caso de proibir de vestir uma determinada peça de roupa, observa-se uma ligeira subida, do ano passado para este ano (de 37% para 41%), na legitimação deste comportamento. Quanto à obrigação de se fazer algo que não se quer, houve uma ligeira descida de 16% (2016) para 15% (2017). No que se refere à vitimação, há uma maior prevalência relativa aos comportamentos de controlo. Assim, em 2016, 4% das/os jovens disseram terem sido proibidos/as de sair sem o/a namorado/a, e 5% em 2017. Quanto à obrigação de se fazer algo que não se quer, o ano passado foram contabilizados 5% dos/as jovens que já sofreram este tipo de violência e este ano a percentagem constatada é de 8%. Relativamente à proibição de vestir determinadas peças de roupa, em 2017, a percentagem é maior (7%) face a 2016, que foi de 4%. De destacar que as percentagens relativas à proibição de estar ou falar com algum/a amigo/a, em 2016, era 13%, e em 2017, os resultados apresentam uma percentagem maior, de 21%.
  • 14. 13 5.3. Violência Sexual Em relação à legitimação da violência sexual, comparativamente ao estudo de 2016 (23%), este ano os resultados apontam para 24%, mantendo-se uma maior legitimação desta violência por parte dos jovens do sexo masculino (33% em 2016 e 34% em 2017), comparativamente ao sexo feminino (15% em 2016 e 16% em 2017). Sobre a vitimação, os resultados apontam para uma maior prevalência este ano - 6% - em comparação com o ano anterior, que se situou nos 5%. 5.4. Violência Física Comparando com o estudo do ano passado, quanto à vitimação dos/as jovens, há uma ligeira subida quanto à violência física (de 5% para 6%). Relativamente à legitimação, observa-se que, na amostra em geral, há uma descida de 9% (2016) para 6% (2017). Analisando por sexos, esta descida é também evidente sendo que no ano passado 6% das raparigas legitimou este tipo de comportamentos, comparativamente aos 4% que legitima a violência física neste ano. Quanto aos rapazes, em 2016, 13% legitimou a violência física e em 2017 desceu para 8%. 6. Conclusões e Recomendações Dos dados analisados, salienta-se, como primeira conclusão, que em todas as situações por nós estudadas, há uma percentagem importante (maior ou menor) que legitima comportamentos de violência, i.e., consideram aceitável que, num relacionamento íntimo, esses atos possam acontecer. Em segundo lugar, importa realçar que, entre as/os jovens que namoram ou já namoraram, também encontramos uma percentagem relevante de respostas de experiência em todas as situações e comportamentos de violência. Refletindo sobre os resultados deste estudo, compreende-se que a violência no namoro está presente nos relacionamentos íntimos — com a vitimação entre 6% (violência física e sexual) e 19% (violência psicológica) e na legitimação entre 6% (violência física) a 28% (comportamentos de controlo). Pode-se também concluir que, em todas dimensões, a naturalização da violência no namoro é maior nos rapazes do que nas raparigas: uma maior percentagem de jovens do sexo feminino reconhece como violência (não legitima) os atos apresentados (16%),
  • 15. 14 comparativamente aos jovens do sexo masculino (27%). Quase um terço dos rapazes legitima comportamentos de violência. Em relação à violência sexual, a sua normalização nas relações de namoro apresenta valores muito altos (24%). Aqui, a diferenciação entre rapazes e raparigas é significativa, uma vez que a legitimação destes comportamentos pelos rapazes é de 22% e pelas raparigas é de 5%. Os comportamentos de controlo apresentam-se como os mais legitimados, por jovens de ambos os sexos (28%). Apraz-nos dizer que a legitimação da violência física desceu tanto para rapazes como para raparigas. No entanto, na vitimação, os resultados apresentam uma (ainda que ligeira) subida. A violência nas redes sociais, enquanto dimensão (relativamente) nova nas relações de intimidade, mostra resultados alarmantes, tanto na legitimação (24% - quase um quarto de jovens), como na vitimação (11%). Estas ferramentas novas de comunicação, se, por um lado, permitem a interação virtual entre pessoas, constituem-se também como um perigo e um meio propício ao exercício de grande violência, que tem passado despercebida aos/às pessoas adultas e que devem acompanhar estas e estes jovens. A perseguição, sendo uma dimensão nova neste estudo de violência no namoro da UMAR, compreende um conjunto de comportamentos que é legitimado tanto por rapazes (33%), como por raparigas (19%). Esta legitimação pode advir do facto de, na cultura geral, estes comportamentos não serem considerados violência (apesar de já criminalizados), sendo portanto um assunto que deve ser refletido pelas pessoas que têm a responsabilidade da educação dos/as jovens. Os dados estudados sobre os vários comportamentos violentos são muito preocupantes, quer da vitimação quer da legitimação, nestas idades. Perante estes resultados, e da comparação com os dados recolhidos em anos anteriores, permanece a necessidade e urgência de uma intervenção com os/as jovens, o mais precoce e continuada possível, no sentido de prevenir a violência sob todas as formas. Estes resultados revelam- se também importantes para educadores/as e docentes, assim como para pais, mães e encarregadas/os de educação.