1. A EXPERIÊNCIA DO LEA SOBRE O
CONTROLO DE QUALIDADE DOS
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
2. CONTEÚDO
1. O QUE É O LEA?
2. ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS DO LEA
3. ACTIVIDADE NO DOMÍNIO DO CONTROLO DE QUALIDADE DOS
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
4. NORMAS UTILIZADAS
5. CONSIDERAÇÕES GERAIS RELATIVAS AO CONTROLO CORRENTE DE
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO.
6. PERSPECTIVAS FUTURAS NO DOMÍNIO DO CONTROLO DE QUALIDADE
DOS PRINCIPAIS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
3. 1. O QUE É O LEA?
O Laboratório de Engenharia de Angola (LEA), é um
organismo de investigação aplicada, nos domínios da
engenharia civil e da industria de materiais de
construção. È uma Instituição Pública tutelada pelo
Governo através do Ministério das Obras Públicas.
4. 2. ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS DO LEA
Empreender, promover e coordenar as investigações e
estudos experimentais no campo da engenharia civil e
dos materiais de construção.
Desenvolve a sua actividade fundamentalmente nos
domínios das obras públicas, da habitação e da
indústria de materiais e de componentes para a
construção, executando estudos, ensaios, consultoria e
observação de obras.
Colabora com os estabelecimentos de ensino e outras
instituições na preparação de pessoal técnico de
diversos níveis de especialização.
5. 3. ACTIVIDADE NO DOMÍNIO DO CONTROLO DE
QUALIDADE DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
Compete ao LEA, realizar investigações, estudos e
ensaios referentes ao controlo de qualidade, nas áreas
dos materiais de construção, quer por sua própria
iniciativa, fazendo colheitas sistemáticas nas unidades
produtivas, quer por solicitação de entidades públicas
ou privadas, nacionais ou estrangeiras;
Efectuar estudos de investigação e desenvolvimento
no âmbito da normalização, emitir pareceres e prestar
colaboração dentro do seu campo de actividades às
entidades públicas ou privadas;
6. Apreciar e conceder parecer ou homologação no
fabrico e uso de materiais de construção.
Por exemplo, o LEA participou nos estudos e deu o
seu parecer técnico para o fabrico do cimento Filer, pela
Nova Cimangola.
7. 3.1.- PRINCIPAIS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
OBJECTO DO CONTROLO DE QUALIDADE
ACTUALMENTE E RESPECTIVOS ENSAIOS.
1. CIMENTOS
2. MATERIAIS CERÂMICOS
3. TINTAS E VERNIZES
4. MATERIAIS BETUMINOSOS
5. AGREGADOS: AREIA, BURGAU E PEDRA.
6. ÁGUA
7. BETÕES HIDRÁULICOS
8. AÇOS
8. a) ENSAIOS FÍSICO-MECÂNICOS
b) ENSAIOS QUÍMICOS
CIMENTO
Ensaios físico-mecânicos:
–Superfície mássica,
–Expansibilidade,
–Resíduo de Peneiração,
–Consistência normal,
–Tempo de presa,
–Resistências à compressão e flexão.
10. ARTEFACTOS DE CIMENTO
Ensaios físico-mecânicos:
–Ensaio de compressão
–Ensaio de flexão
MATERIAIS CERÂMICOS
Ensaios fisico-mecânicos:
Ensaios de:
–Cura
–Compressão
–Absorção
–Eflorescências.
Ensaios químicos:
–Teor total em sais solúveis
11. AGREGADOS: AREIA, BURGAU E PEDRA
Ensaios físico-mecânicos:
Determinação de:
–Granulometria.
–massa volúmica e da absorção de águas das areias
–partículas muito finas.
–Baridade.
–teor em água total e em água superficial.
–resistência ao esmagamento.
–índice volumétrico.
–desgaste pela Máquina de Los Angeles.
–partículas planas e partículas longas.
12. Ensaios químicos
–Pesquisa da matéria orgânica.
–Ensaio de alteração pelo sulfato de sódio ou de
magnésio.
–Determinação do Teor em cloretos, sulfatos, sódio e
potássio.
13. AÇOS
Ensaios físico-mecânicos
–Ensaios de flexão
–Ensaios de tracção
–Ensaios de dobragem
BETUMES
Ensaios físico-químicos
Ensaios de:
–Penetração.
–Viscosidade cinemática.
–Ponto de inflamação e de combustão.
–Ductilidade.
–Densidade relativa.
14. –Determinação da temperatura de amolecimento
–Perda por aquecimento
–Solubilidade no tricloroetileno.
EMULSÕES BETUMINOSAS
Ensaios físico-químicos:
–Ensaios de Viscosidade Saybolt
–Determinação do resíduo
–Sedimentação
–Teor em betume
–Teor em água
–Solubilidade no tricloroetileno
–Ensaios de Penetração
–Ensaios de ductilidade
16. TINTAS E VERNIZES
Ensaios físico-químicos:
–Determinação da Massa volúmica
–Determinação da Viscosidade
–Determinação de Veículo fixo e volátil
–Determinação da Matéria volátil e não volátil
–Determinação do poder de cobertura
–Determinação de pigmentos e cargas.
17. 4. NORMAS UTILIZADAS
Para a realização dos ensaios acima citados, o LEA
utiliza normas portuguesas, francesas, americanas,
especificações portuguesas e boletins técnicos do
LEA.
Nos casos em que o LEA se confronta com
solicitações de ensaios que não constam do conjunto
de ensaios de rotina, estudam-se métodos baseados
nos estudos já feitos e, em colaboração com o
cliente, na prestação de informações adicionais,
responde-se às tais.
18. 5. CONSIDERAÇÕES GERAIS RELATIVAS AO
CONTROLO CORRENTE DE MATERIAIS DE
CONSTRUÇÃO.
Um dos principais objectivos do processo de
controlo da qualidade dos materiais de construção
é, aferir a conformidade dos materiais e
componentes utilizados em obras, melhorando
assim a qualidade da construção, e deste modo
minimizar o custo das obras.
Neste âmbito, dos resultados dos ensaios que se
realizam no LEA, têm-se verificado e detectado
algumas anomalias que devem ser tidas em conta,
como por exemplo:
19. Actualmente utiliza-se as areias provenientes da
zona do Panguila e Cacuaco. Estas areias apresentam-
se com uma grande dispersão nas suas
granulometrias. Entretanto, algumas dessas areias,
embora poucas, apresentam granulometrias
apropriadas para o fabrico de betões, com módulos de
finura superiores a 2,2, mas a um preço proibitivo para
a construção. Na generalidade as restantes areias são
de má qualidade, com dimensões máximas que
raramente ultrapassam 1 mm, ou mesmo muita das
vezes não ultrapassando os 0,6 mm, apresentando um
módulo de finura de 1,1 a 1,3, não sendo
aconselháveis por isso para o fabrico de betões.
20. Estas areias são de origem siliciosa e não obstante
apresentarem matéria orgânica em teor não prejudicial,
são contaminadas com uma quantidade elevada de
raízes de grandes dimensões que aliada ao facto de em
obra não haver o hábito de as peneirar, faz com que o
betão confeccionado com estas areias apresente
posteriormente problemas.
Para colmatar os problemas atrás citados há
empresas que utilizam areias artificiais, obtidas a partir
de diversas rochas ou mesmo burgau, fazendo deste
modo aumentar o custo da construção.
21. O burgau utilizado na zona de Luanda tem duas
origens distintas, Bengo e Kwanza, apresentando-se o
material de cada uma das origens com características
bastante diferentes entre si.
O burgau do Rio Kwanza vem misturado com grande
quantidade de solo vermelho, pelo que a sua lavagem
torna-se mais difícil, sendo frequente o aparecimento
de material mal lavado. A sua forma é arredondada de
superfície rugosa, permitindo o burgau da zona do
Bom Jesus confeccionar betões com resistências acima
dos 60 Mpa.
22. Os burgaus das zonas de exploração mais perto da
foz do rio Kwanza já são contaminadas com óxidos de
ferro, não permitindo betões de resistência tão
elevada, podendo contudo ultrapassar facilmente os
50MPa.
O burgau das zonas do rio Bengo apresenta-se
normalmente associado a solo vegetal, sendo a sua
lavagem mais fácil. Este burgau não permite a
confecção de betões de tão boa qualidade como os
atrás citados por se tratar de um material de
superfície bastante lisa, levando a uma falta de
aderência, e por ter um elevado teor de partículas
longas e principalmente de partículas planas.
23. O agregado de uma ou outra origem, apresenta em
jazida uma percentagem elevada de partículas de
dimensão muito grande para o fabrico de betões
correntes pelo que é necessário recorrer à sua
trituração.
A brita obtida a partir do burgau leva a uma redução
da resistência do betão, em virtude de apresentar
superfícies de fractura de aspecto vítrio, diminuindo a
ligação da pasta do cimento, não permitindo a
mobilização da verdadeira resistência do material,
destacando-se a esforços inferiores aos necessários à
sua rotura.
24. Para betões dos 25 a 37 Mpa, é frequente ter-se de
aumentar a quantidade de cimento de 10 a 15% para
se obter a mesma resistência relativamente a betões
confeccionados apenas com material não triturado.
O material britado proveniente de uma extensa área
de exploração e de diversos tipos de jazida, apresenta
uma gama de resistências demasiado elevada,
podendo ter-se resistências que vão dos 18 Mpa aos
150 Mpa, ou mesmo resistências superiores.
Face a esta variedade de resistências é necessária
que se preste muita atenção ao tipo de material
chegado ao estaleiro.
25. Um outro problema também bastante grave que
ocorre na produção de britas calcárias é o facto de
estas não serem lavadas e de virem misturadas com
argila, que se confunde muitas das vezes com o pó da
própria pedra e que cria uma camada envolvente ao
redor da brita, não permitindo a ligação desta à pasta
de cimento.
Para fazer face à grande demanda de agregados
grossos que se tem verificado nos últimos tempos tem-
se recorrido a novos materiais provenientes das zonas
de Catete e Zenza.
26. Destes materiais, é frequente o aparecimento de
uma brita cinzenta, ou de uma brita acastanhada,
que permitem o fabrico de betões de elevadas
resistências, mas, é mais frequente o aparecimento
de uma brita cinzenta muito escura ou preta com
uma resistência variável, apresentando partículas
mais brandas, não permitindo o fabrico de betões
de alta resistência.
Os produtores destes tipos de britas têm
apresentado no mercado britas não seleccionadas
nas diversas fracções sendo o mais frequente o
fornecimento de britas com uma Granulometria
extensa dos 5 aos 25 mm, o que não permite reduzir
a quantidade de areia no fabrico dos betões.
27. Da análise da apreciação feita aos agregados
distribuídos para o fabrico de betão, deparamo-nos
com uma industria fornecedora de materiais para o
fabrico de betão deficiente, que traz como
consequência uma dificuldade de optimização do
fabrico de betão e a da sua qualidade, levando quase
sempre a um aumento do consumo de cimento.
O controlo de qualidade do betão é um problema
grave na generalidade das empresas, principalmente
nas que executam obras de pequena ou média
envergadura, já que não tendo laboratório próprio,
também não investem em equipamento e pessoal de
controlo dos materiais e dos betões.
28. A falta de empresas fornecedoras de moldes, agulhas
vibradoras, cones de Abrams, etc., faz com que muitos
empreiteiros confeccionem os seus moldes, de
madeira ou chapa, a maior parte das vezes moldando
provetes sem os requisitos necessários a um bom
controlo de qualidade.
Na maior parte das vezes o pessoal que molda os
provetes também não tem qualquer tipo de
preparação, não garantindo a devida compactação nem
a desmoldagem e cura dos provetes.
29. Deste modo, os resultados obtidos para a resistência
do betão são por vezes bastante diferentes da real
resistência do betão aplicado, não permitindo a
optimização da sua qualidade e a devida redução da
quantidade de cimento utilizado.
Observa-se também a venda de material não
acompanhada de etiquetes, de catálogos técnicos e a
deficiente caracterização do tipo de cimento através
das suas embalagens.
A falta de informação que esclarece suficientemente
as características cria uma grande confusão na
utilização deste material. apresentado no mercado.
30. Realça-se também a utilização de água sem
qualidade para o fabrico de betões, como sejam
águas, com o teor elevado de cloretos, o que pode
provocar reacções expansivas no futuro.
No caso concreto de tijolos e blocos de cimento, falta
de paletes ou outros meios adequados para
carregamento e descarregamento na fábrica e em
obra. Este facto provoca enormes perdas de unidades,
causando sobremaneira grandes gastos adicionais aos
empreiteiros, por consequência eleva o custo da obra,
bem como mobiliza mão de obra que poderia ser
utilizada para outros fins.
31. 6. PERSPECTIVAS FUTURAS NO DOMÍNIO DO
CONTROLO DE QUALIDADE DOS PRINCIPAIS
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
Reconhecendo que a melhoria da qualidade na
construção depende da boa qualidade dos materiais
usados, assim como do respectivo controlo da
qualidade, quer na fase de fabrico como na fase de
aplicação dos referidos materiais em obra. E
considerando que a qualidade em geral, é um factor
de promoção do desenvolvimento económico e tem
efeitos importantes na redução global de custos.
32. Tendo em conta a preocupação crescente das
autoridades e da sociedade relativa à qualidade das
obras e dos respectivos materiais, assim como a sua
durabilidade e que a garantia da qualidade interessa a
todos os participantes no acto de construir e a todos
que beneficiam, o LEA delineou um projecto que visa
controlar a qualidade dos principais materiais de
construção produzidos em Luanda, numa primeira fase
e no resto do País numa segunda fase.
33. 6.1- OBJECTIVOS E BENEFICIÁRIOS DO PROJECTO
Os objectivos a atingir com a implementação do
programa de controlo de qualidade permanente e
contínuo dos materiais e componentes de
construção são:
a) Controlar de forma regular, sistemática e contínua
a qualidade dos materiais e componentes de
construção.
b) Criação do cadastro dos principais produtores e da
respectiva qualidade dos materiais.
c) Criação das condições para normalização da
qualidade dos materiais e respectivo
fornecimento.
34. d) Criação de condições para que os órgãos
competentes do Ministério das Obras Públicas,
possam ter dados que lhes permitam interceder
junto dos produtores e fornecedores de materiais.
e) Criação de condições para a homologação de
materiais e componentes de construção.
f) Emissão de recomendações de forma a melhorar a
qualidade dos materiais.
35. O programa a implementar terá como principais
beneficiários os produtores e fornecedores de
materiais e componentes de construção, os
empreiteiros, os consumidores e utilizadores em geral.
A regulamentação da qualidade dos materiais e a
melhoria da qualidade e durabilidade das obras terá
igualmente como beneficiários, os investidores públicos
e privados, assim como as autoridades em geral.
36. O programa base de controlo da qualidade dos
principais materiais de construção, é um programa que
será numa primeira fase suportada financeiramente
pelo MINOP, cabendo ao LEA a gestão dos recursos
disponibilizados, pelo que o presente projecto de
execução procura também dimensionar os meios e
recursos necessários.
37. 6.2 - GESTÃO DO PROJECTO E SUSTENTAÇÃO
FINANCEIRA
O programa base de controlo da qualidade será
realizado em duas fases:
A primeira fase, com duração de um ano, irá incidir
essencialmente no controlo da qualidade dos
materiais e componentes produzidos na Província de
Luanda.
O início da primeira fase está apenas dependente
da criação das condições técnicas, logísticas e
financeiras necessárias à adequada implementação do
programa.
38. A segunda fase será referente ao alargamento do
programa às províncias de Benguela, Huambo, Huíla e
Cunene e será resultado da experiência obtida na
execução do programa em Luanda. Nesta fase, serão
igualmente, controladas as burgaleiras, areeiros e
estaleiros de obras.
39. 6.2.2 – Sustentação Financeira
O Programa estará sujeito a Planos de Actividades e
Orçamentos anuais e será viabilizado através de
receitas provenientes de várias fontes:
• Financiamento consignado pelo MINOP.
• Comparticipações de Empresas e outras Entidades
beneficiárias: Espera-se conseguir que os Produtores e
Fornecedores de obras adiram ao programa,
estabelecendo contratos com o LEA para o controlo de
qualidade dos seus materiais, na perspectiva de serem
directos ou indirectos beneficiários dos resultados do
programa.
40. •Prestação de serviços de formação e consultoria e
assistência técnica, no âmbito dos programas de
melhoria da qualidade dos materiais e componentes de
construção produzidos e da instauração de sistemas de
qualidade nas empresas
41. 7. Questões Logísticas
O programa será implementado com recurso a
brigadas de campo do LEA para recolha de amostras,
tratamento de assuntos administrativos ligados à
relação com fábricas e fornecedores e prestação de
assistência técnica.
Equipas de trabalho de laboratório ficarão
encarregues de execução dos ensaios laboratoriais,
tratamento de informação e emissão de relatórios
técnicos, que funcionarão em espaços específicos
destinados a esse fim, de modo a evitar grandes
interferências na actividade normal do LEA.
42. 6.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Das constatações observadas acima, somos de
considerar o seguinte:
• Maior preocupação das indústrias dos materiais de
construção na preparação do pessoal técnico.
• Prestar melhor atenção nas normas de colheita das
amostras.
• Melhor selecção de jazidas para a produção de britas
de qualidade para a construção.
• Melhoramento da selecção de crivos nas centrais de
britagem.
43. • Criação de condições adequadas para o transporte e
fornecimento de materiais de construção.
• Melhor preparação de provetes recolhidos em obra e
entregues ao LEA para ensaio.
• Criação de manuais técnicos sobre as características
físicas, mecânicas e químicas dos materiais de
construção.
• Submeter previamente à análise da água de
qualidade duvidosa para a construção ou para o fabrico
dos materiais de construção.
• Mencionar completa e convenientemente as
características dos materiais fabricados e fornecidos
aos beneficiários para evitar a confusão e dúvidas na
utilização dos materiais de construção,