2. Traduzido do original inglês: A New Way of Life
Publicado por Bahá'í Publishing Trust
Assembléia Espiritual Nacional
dos Bahá'ís do Brasil
2. a Edição
EDITORA BAHÁ'Í BRASIL
Rua Engenheiro Gama Lobo, 267
Rio de Janeiro
1976
3. Um novo Modo
de Vida
0 que S i g n i f i c a Ser
Jovem Bahá'í
4.
5. ÍNDICE
Página
Introdução
3
Oração pelos Jovens
5
Padrões para uma Nova Raça
Um Elevado Padrão Moral
A Necessidade da Oração
Algumas Leis Bahá'ís: Oração e Jejum;
Casamento
6
6
7
8
Educação para a Nova Era
Lei da Nova Era
O Propósito da Educação
Necessária a Educação Divina
A Capacidade Humana para o Conhecimento
9
9
10
11
Ensinando a Causa de Deus
Preparação para o Ensino
Pontos que a Juventude Deve Frisar . .
Como o Mestre Ensinava
Exemplo da Juventude BaháM
Pioneiros no Estrangeiro
13
13
13
14
15
16
Construindo um Mundo Novo
Um Mundo em Transição
Uma Nova Raça de Homens
Unidade Mundial — A Meta
Oportunidade para a Juventude
17
17
17
18
19
Apêndice: Cartas de Rúhíyyih Khánum
A Distinção de Ser Bahá'í
Cidadania do Reino
Custódios do Futuro
Objetivo da Vida
Segredo do Auto-Domínio
20
20
21
22
23
24
11
A Ordem Administrativa — Uma Prova de Maturidade
Poema: Cântico Mundial
26
a
a 3 . de capa
6.
7. INTRODUÇÃO
Ser jovem bahá'í no dia de hoje implica numa distinção, numa responsabilidade e num desafio sem precedentes. Sobretudo, para aqueles que dedicam a vida a
seus altos desígnios, a Fé Bahá'i traz uma convicção espiritual da vitória final de suas aspirações mais elevadas.
Unidade mundial — ordem mundial — paz mundial —
são estas as metas. Ousa a humanidade ter aspiração inferior, num século que oferece tudo, ou nada? Num século que oferece a realização do antiquíssimo sonho da
paz universal?
Esta hora da história vem a ser também uma hora
de decisão pessoal para os jovens bahá'ís, os custódios
do futuro. Suas energias criadoras, seus recursos mentais
e espirituais, ocultos mas potentes, estão prontos para
serem galvanizados e lançados na arena do serviço. A
plena força de sua vitalidade moral e intelectvial, os dons
espirituais que Deus lhes concedeu, esperam ainda seu
completo desenvolvimento e sua infusão na estrutura da
sociedade.
Quais são esses dons ? Como são desenvolvidos ? Como
podem ser transformados na mais efetiva contribuição?
E como haveremos de mitigar as poderosas forças do materialismo que a tal ponto solapam o esforço criador? São
estes os problemas da vida sobre os quais a Revelação
de BaháVlláh derrama luz. Ao agir de acordo com esta
fonte de orientação e força, o jovem bahá'í torna-se conhecedor e eficiente realizador num mundo varrido por
crises. Êle aprende a reconhecer o verdadeiro significado
da transformação que Deus está efetivando entre os homens e as nações. E é sua a oportunidade de se tornar
parte do próprio processo transformador que há de proporcionar a todos os seres a cidadania no Reino de Deus.
A Revelação Bahá'í, este novo desabrochamento de
todas as plantações religiosas do passado, está, ela pró-
8. pria, ainda na primavera de seu poder e de sua promessa.
A não ser que se tivesse sido um jovem no primeiro século da Fé — um Quddús ou um Badi', dando sua vida
destemidamente no caminho do Báb ou de Bahá'u'lláh —
jamais houve um tempo tão pleno de oportunidades, como
hoje, para se despender os talentos da vida em serviço
a Deus e à humanidade.
Hoje o jovem não precisa escolher entre o raciocínio
e a fé. BaháVlláh eliminou as barreiras que puseram a
ciência e a religião em campos opostos, armados um
contra outro. Agora estes podêres são vistos corretamente,
em sua verdadeira perspectiva, sendo ambos dádivas de
Deus, Fonte de tudo, e apoiando e fortalecendo um ao
outro, em equilíbrio, assim como as asas de uma gigantesca aeronave.
Graças à ciência, foram diminuídos tempo e espaço.
Os povos da África, da Ásia, da Europa e da América
— todos são vizinhos. Portas estão se abrindo em volta
do planeta, violentamente muitas vezes, quando se aplica
apenas a força, sem a orientação do espírito. A maior
barreira, entretanto, está ainda por conquistar.
Hoje BaháVlláh nos desafia a sermos pioneiros espirituais e conquistarmos a "cidade do coração humano".
"Abri, ó povos, a cidade do coração humano com a chave
das vossas palavras", diz Êle no livro Glcanings. Diz-nos,
mais, que a cada um foi prescrita uma medida predeterminada de responsabilidade. Então, como conselheiro afetuoso, põe nossos pés no caminho do serviço com estas
palavras: "Que seja visto agora o que os vossos esforços
na senda do desprendimento haverão de revelar."
As seguintes seleções dos Escritos Bahá'is são apresentadas como apenas um breve guia para o modo de
vida bahá'í e evolução a uma nova raça de homens. A
fim de adquirirmos uma compreensão mais profunda, deveríamos ler e estudar os próprios livros nos quais se encontram os trechos citados. Algumas cartas de Rúhíyyih
Khanum dirigidas especialmente à juventude bahá'í são
também incluídas no apêndice.
9. ORAÇÃO PELOS JOVENS
Ó Deus! Ilumina este jovem e fortalece este fraco!
Dá-lhe conhecimento e, a cada amanhecer, aumenta suas
forças. Assim será êle abrigado e amparado em Tua proteção, contra todo pecado, para que possa servir a Tua
Causa, guiar os desviados, conduzir os pobres ou fracos,
libertar aqueles que estão no cativeiro, despertar os letárgicos e ser feliz com Tua lembrança e com os pensamentos
em Ti. Tu és o Poderoso, o Sábio!
— 'Abdu'1-Bahá
10. PADRÕES PARA UMA NOVA RAÇA
Um Elevado Padrão Moral
Ó amigos! Não descuideis das virtudes das quais
fostes dotados, nem menosprezeis vosso elevado destino.. .
Vós sois as estrelas do céu da compreensão, a brisa que
sopra ao romper do dia, as suaves correntes d'água das
quais há de depender a própria vida de todos os homens,
as letras inscritas em Seu sagrado pergaminho. (ADJ)
Sede os fideicomissários de Deus entre Suas criaturas e os emblemas de Sua generosidade entre Seu povo.
Os que seguem os desejos lascivos, as inclinações corruptas, erram e dissipam seus esforços. Estão, em verdade, entre os perdidos. Esforçai-vos, ó povo, a fim de
que vossos olhos se dirijam para a misericórdia de Deus,
vossos corações estejam preparados para Sua maravilhosa
lembrança, vossas almas repousem, confiantes em Sua
graça e generosidade, e vossos pés trilhem o caminho de
Sua Vontade. (GL)
O brilho da luz da castidade irradia-se sobre os mundos espirituais e sua fragrância se difunde até alcançar o
Mais Sublime Paraíso. (ADJ)
BaháVlláh. . . inculca-lhes (Seus seguidores) ornais
perfeito asseio, estrita veracidade, imaculada castidade,
fidedignidade, hospitalidade, fidelidade, cortesia, tolerância, justiça e eqüidade... (PD)
Uma vida casta e santa deve ser o fator orientador
da conduta de todos os bahá'ís, não só em suas relações
sociais com os membros de sua própria comunidade, mas
também no seu contato com o mundo em geral. Tal vida
deve adornar e reforçar o incessante trabalho e os meri-
11. tórios esforços daqueles na invejável posição de propagadores da Mensagem e administradores dos assuntos da
Fé instituída por Bahá'u'lláh. Deve ser mantida, em toda
sua integridade e todas as suas implicações, em toda fase
da vida dos que preenchem as fileiras desta Fé, quer seja
em seus lares ou em suas viagens, em seus clubes, sociedades, diversões, escolas ou universidades. A esse fator deve
ser dispensada consideração especial por aqueles que dirigem as atividades sociais das escolas de verão bahá'ís, e
em quaisquer outras ocasiões em que a vida da comunidade
bahá'í seja organizada e promovida. Deve ser íntima e
continuamente identificada com a missão da Juventude
Bahá'í, não só como elemento na vida da comunidade
bahá'í, mas também como fator no futuro progresso e
orientação da juventude de seu próprio país.
Tal vida casta e santa, com suas implicações de modéstia, pureza, temperança, decência e mente sadia, requer
nada menos que o exercício de moderação em tudo o que
diz respeito ao vestuário, à linguagem, aos divertimentos
e todas as atividades artísticas e literárias. Exige uma
vigilância diária no controle dos desejos carnais e inclinações corruptas. Exige que se evite conduta frívola com
seu excessivo apego a prazeres triviais e, muitas vezes,
mal orientados. Requer a abstenção total de todas as bebidas alcóolicas, do ópio e de qualquer narcótico semelhante formador do vício. Condena a prostituição da arte
e da literatura, a prática do nudismo e da co-habitação,
a infidelidade em relações maritais. e toda esoécie de promiscuidade, de excessiva liberdade e de vícios sexuais.
Não pode tolerar nenhuma complacência para com as teorias, os padrões, os hábitos e os excessos de uma era decadente. Não antes, procura demonstrar, mediante a força
dinâmica de seu exemplo, o caráter pernicioso de tais
teorias, a falsidade de tais normas, a vacuidade dessas
pretensões, a perversidade desses hábitos e o caráter sacrílego desses excessos. (ADJ)
A Necessidade da Oração
Como atingir espiritualidade é, de fato, uma questão
para a qual todo jovem, mais cedo ou mais tarde, há de
12. tentar encontrar uma resposta satisfatória. É precisamente
porque não foi encontrada ainda uma resposta satisfatória,
que a juventude moderna se acha confusa e, conseqüentemente, está sendo levada pelas forças materialistas que
tão poderosamente solapam os alicerces da vida moral e
espiritual do homem... Essa condição tão lastimàvelmente mórbida, na qual a sociedade caiu, é a que as religiões procuram melhorar e transformar. O âmago da fé
religiosa é o sentimento místico que une o homem a Deus,
e este estado de comunhão espiritual pode ser alcançado
e mantido por meio da meditação e da prece. Eis a razão
por que BaháVlláh tanto relevo deu à importância da
adoração a Deus. Não é suficiente que o bahá'í apenas
aceite e observe os ensinamentos; deve, além disso, cultivar o senso de espiritualidade que pode ser adquirido
mormente através da oração.
Assim os bahá'ís, especialmente os jovens, devem
compreender a necessidade de orar, pois a oração é absolutamente indispensável ao seu desenvolvimento intimo,
espiritual, o que, como já expusemos, é o próprio alicerce
e propósito da religião de Deus. (B.N. 102)
Algumas Leis BaháMs
ORAÇÃO E JEJUM
Quanto ao jejum, constitui, juntamente com as orações obrigatórias, os pilares que sustentam a Lei revelada
por Deus. Agem como estimulantes para a alma, fortalecendo-a, ressuscitando-a, purificando-a e, deste modo,
asseguram seu constante desenvolvimento... É essencialmente um período de meditação e prece, de recuperação
espiritual, durante o qual o bahá'í deve esforçar-se por
fazer o reajustamente necessário em sua vida interior,
refrescando e revigorando as forças espirituais latentes
em sua alma. (B.C.)
CASAMENTO
O casamento para o bahá'í significa que o homem e
a mulher devem unir-se, espiritual e fisicamente, a fim
13. de que possam ter unidade eterna, em todos os mundos
divinos, e melhorar a vida espiritual um do o u t r o . . .
Conseqüentemente, quando o povo de Bahá deseja
entrar na sagrada união do casamento, relação ideal e
eterna, associação espiritual e física de pensamentos e
conceitos da vida devem existir entre eles, de modo que
esta união possa continuar para sempre e sempre, em todos
os graus da existência e em todos os mundos de Deus,
pois esta verdadeira união é um esplendor da luz do Amor
Divino. (BWF)
BaháVlláh afirmou claramente que o consentimento
de todos os pais vivos é exigido para o casamento bahá'i,
quer sejam eles bahá'is ou não, divorciados há anos ou
não. Esta grande lei, Êle a estabeleceu a fim de fortalecer
a estrutura social, estreitar os laços do lar, incutir nos
corações dos filhos certa gratidão e respeito por aqueles
que lhes deram vida e fizeram suas almas iniciarem sua
eterna jornada para seu Criador...
Na cerimônia do casamento bahá'i, o coordenador da
Assembléia com o secretário devem funcionar como seus
representantes... A cerimônia deve ser a mais simples
possível, sendo usadas, por ambos, as palavras que Bahá'u'
lláh ordenou, e havendo também, se assim desejam, a leitura de extratos dos escritos e orações. Não deve haver
mistura das formas antigas com a nova e simples de
BaháVlláh.
EDUCAÇÃO PARA A NOVA
ERA
Lei da Nova Era
BaháVlláh declara que toda a humanidade deve
adquirir conhecimentos, deve receber uma educação. É
princípio necessário da crença e prática religiosas, sendo
isto caracterrsticamente novo nesta era. (BWF)
A educação é essencial, e todos os padrões de ensino
em toda parte do mundo humano devem ser harmonizados; é preciso estabelecer um currículo universal e uma
base ética que seja a mesma para todos. (BWF)
9
14. Se um homem envidar todos os esforços na aquisição
de uma ciência ou no aperfeiçoamento de uma arte, será
como se êle tivesse adorado a Deus nos templos e igrejas.
Nesta grande era, o estudo de uma arte ou uma profissão é idêntico a um ato de adoração. . . quando é com
o intuito de obedecer o mandamento de Deus, será realizado com facilidade, certamente, e breve haverá grande
progresso. E quando os outros perceberem essa fragrância de espiritualidade em sua ação, serão atraidos. (BWF)
0 Propósito da Educação
Dirigi vossas mentes e vossas vontades à educação
dos povos e raças da terra, para que talvez as dissensões
que a dividem possam ser apagadas de sua face, através
do poder do Nome Supremo, e todos os homens venham
a ser sustentadores de uma só Ordem e habitantes de uma
só Cidade...
(GL)
Êle (Deus) nos deu ouvidos para que pudéssemos
ouvir e tirar proveito da sabedoria dos filósofos e eruditos, e nos levantar para promovê-la e segui-la. Fomos dotados de faculdades e sentidos para serem aplicados ao
serviço do bem geral, de modo que nós, distinguidos acima
das demais formas de vida em perceptibilidade e raciocínio, pudéssemos labutar em todos os tempos e em todos
os setores, quer fosse de grande ou de pouca importância
a ocasião, usual ou extraordinária, até que toda a humanidade fosse seguramente acolhida na inexpugnável cidadela do conhecimento. Deveríamos estar continuamente
estabelecendo novas bases para a felicidade humana, criando e promovendo novos instrumentos para este fim...
Cada indivíduo, antes de empreender o estudo de
qualquer matéria, deve perguntar a si próprio qual é sua
utilidade, quais são os frutos e resultados a serem derivados. Se é um ramo útil de conhecimento, isto é, se a
sociedade há de ganhar importantes benefícios, então,
certamente, êle deverá de todo coração devotar-se a esse
estudo. Se não, se consiste em debates vácuos, improfícuos, numa vã concatenação de fantasias que a nenhum
10
15. resultado conduzam senão a dissabores, por que dedicar
a vida a tão inúteis disputas e minúcias?
Necessária a Educação Divina
. . . a educação é de três espécies: material, humana
e espiritual.
A educação material trata do progresso e desenvolvimento do corpo, pela obtenção de seu sustento, seu conforto e bem-estar materiais. Esta educação é comum ao
homem e ao animal.
A educação humana significa civilização e progresso.. . governo, administração, obras de caridade, profissões, artes e ofícios, ciências, grandes invenções e descobertas de leis físicas — ou sejam as atividades essenciais
ao homem como um ser distinto do animal.
A educação divina é a do Reino de Deus: consiste
na aquisição das perfeições divinas. É esta a educação verdadeira. .. É a meta suprema do mundo humano. (RAP)
O homem está no auge da materialidade e no começo da espiritualidade. . . Êle tem o lado animal bem
como o angélico; e o propósito do educador é treinar a
alma humana de tal modo que seu aspecto angélico possa
vencer o animal.. . Em nenhuma outra espécie no mundo
há tal diferença, contraste, contradição e oposição como
no gênero humano. . . Se êle entrar na sombra do Verdadeiro Educador e fôr devidamente ensinado, tornar-se-á
a essência das essências. . . (RAP)
. . .os santos Manifestantes de Deus, os Profetas divinos, são os primeiros instrutores da espécie humana.
São os educadores universais, e os princípios básicos por
eles estabelecidos são os fatores, as causas, do adiantamento das nações. ( F W U )
A Capacidade Humana para o Conhecimento
O homem é o supremo talismã. A jalta da devida
educação, porém, privou-o daquilo que êle inerentemente
possui. Por uma palavra oriunda dos lábios de Deus, foi
êle chamado à existência; por mais uma palavra, foi
guiado a reconhecer a Fonte de sua educação; por ainda
outra palavra, sua condição e seu destino foram salva11
16. guardados. . . Considerai o homem uma mina rica em
jóias de inestimável valor. Somente a educação pode fazê-la revelar seus tesouros e capacitar a humanidade para
receber estes benefícios.
Deus concedeu ao homem os olhos da investigação
com os quais êle pudesse ver e reconhecer a verdade.
Dotou-o de ouvidos para que pudesse ouvir a mensagem
da realidade, e lhe conferiu o dom do raciocínio, por meio
do qual pudesse descobrir as coisas por si próprio. Assim,
pois, foi êle dotado e aparelhado para a investigação da
realidade. O homem não foi destinado a ver com os olhos
de outrem, nem ouvir pelos ouvidos dos outros, nem compreender com o cérebro de outra pessoa. Cada criatura
humana tem sua doação individual, seu poder e suas responsabilidades individuais no plano criativo de Deus. É
dever de cada um investigar a realidade; a investigação
da realidade por outrem não nos servirá. ( F W U )
Todas as bênçãos áão divinas em sua origem, mas
nenhuma pode ser comparada a este poder da investigação, das pesquisas intelectuais, o qual é uma dádiva
eterna e produz frutos de infindável deleite... Deveis,
pois, envidar os mais sinceros esforços para a aquisição
das ciências e letras. Quanto mais adquirirdes, mais alto
será vosso padrão no desígnio divino. O homem de ciência tem discernimento, é dotado de visão, enquanto aquele
sem instrução, que descuidou deste desenvolvimento, é
cego. A mente que investiga, está atenta, viva; a mente
apática é surda, é morta. O homem de ciência é um verdadeiro índice e representante da humanidade, pois através dos processos da indução e da pesquisa, êle se informa
de tudo o que se refere à humanidade — seu estado, suas
condições e eventualidades. Estuda o corpo político do
homem, entende seus problemos sociais e tece a estrutura da civilização. De fato, a ciência pode ser comparada a um espelho no qual se refletem as infinitas fôrmas
e imagens das coisas existentes... Buscai conhecimentos,
pois, com diligência, e esforçai-vos por atingir tudo o que
possa ser abrangido por meio desta maravilhosa dádiva...
Evidentemente, se bem que a educação melhore a
moral da humanidade, confira as vantagens da civilização
12
17. e eleve o homem dos graus mais baixos para o da sublimidade, h á . . . uma diferença na capacidade inerente ou
natal dos indivíduos.. . Embora as capacidades não sejam
iguais, todo membro da raça humana tem, entretanto,
alguma capacidade para a educação. ( F W U )
ENSINANDO A CAUSA
DE
DEUS
Preparação para o Ensino
Os jovens na Fé devem estudar profunda e refletidamente seus ensinamentos a fim de poderem transmiti-los
de tal modo que a todos convençam de que os seus problemas têm remédio. Devem compreender a Administração para que possam, sábia e eficientemente, administrar
os sempre crescentes assuntos da Causa; e devem exemplificar o modo bahá'í de viver. Tudo isso não é fácil —
mas o Guardião sempre se alenta ao ver o espirito que
anima os jovens bahá'ís como você. Êle nutre altas esperanças das realizações de sua geração. ( B . W . X I I )
Quer sejam na qualidade de organizadores, ou como
trabalhadores incumbidos da execução da própria tarefa,
aqueles que participam em tal campanha devem, como
preliminar essencial ao desempenho de seus deveres, familiarizar-se completamente com os vários aspectos da
história e dos ensinamentos de sua Fé. Em seus esforços
por atingir tal objetivo, devem estudar por si próprios,
conscienciosamente e com a máxima assiduidade, a literatura de sua Fé, penetrar em seus ensinamentos, assimilar suas leis e seus princípios, ponderar suas admoestações, doutrinas e propósitos, decorar algumas de suas
exortações e orações, assenhorear-se da essência de sua
administração, e acompanhar seu desenvolvimento e seus
acontecimentos mais recentes.
Pontos que a Juventude Deve Frisar
Primeiro é o fato sumamente importante de que,
nesta era, através das potencialidades libertadas pela Re
velação de Bahá'u'lláh, a humanidade está entrando na
etapa mais elevada e mais significativa de seu desenvol-
13
18. vimento, isto é, na maturidade, e que os bahá'ís, portanto,
vêem as convulsões que hoje agitam a sociedade, em todos
os setores da atividade humana, como sinais e evidências
deste novo crescimento. Os distúrbios sociais que hoje
testemunhamos — a confusão moral, as transformações
econômicas e políticas, as mais rápidas e catastróficas já
vistas pela humanidade — tudo isso assinala as dores do
nascimento da Nova Ordem revelada por Deus para
esta era.
Em segundo lugar, depois deste ensinamento sobre
a madureza da humanidade — e seu corolário — está o
princípio da unidade do gênero humano, o qual, disse
'Abdu'1-Bahá repetidamente, constitui o distintivo da
Revelação Bahá'í. As implicações deste princípio da unidade do gênero humano são muitas e de vasto alcance, e
são estes, segundo o Guardião, que nossos jovens bahá*ís
devem frisar em suas palestras e em suas atividades, assim
provando, pelos seus atos tanto como pelas suas palavras,
sua fiel e plena adesão a este princípio fundamental da Fé.
Acima de tudo, eles devem envidar seus esforços
em livrar-se de todos os seus preconceitos ancestrais, quer
sejam de raça, credo ou classe, e assim, pelo exemplo de
suas vidas, atrair numerosos simpatizantes à Causa. Num
tempo em que o preconceito racial está se espalhando e
tornando-se tão intenso, devem empenhar-se constantemente para se associarem aos membros de todas as raças,
e assim demonstrarem ao mundo a vacuidade, ainda mais
a estupidez, das doutrinas e filosofias raciais que cada vez
mais envenenam as mentes de indivíduos, classes e nações
no mundo inteiro.
Este é o alto padrão de pensamento e de conduta
que o Guardião deseja ver mantido, estrita e fielmente,
pela juventude bahá'í. Que eles, cada um e todos, se levantem e vivam de acordo com seus elevados e nobres
ideais! (Shoghi Effendi — Bahaí Youth, An International Bulletin, fevereiro de 1939)
Como o Mestre Ensinava
. . . Levantemo-nos na promoção de Sua Causa, com
integridade, convicção, compreensão e vigor. Seja isto o
U
19. dever mais urgente e de suma importância para todo
bahá'í. Façamos disto a paixão dominante de nossa vida.
Espalhemo-nos até os mais remotos cantos da terra; sacrifiquemos nossos próprios interesses, confortos, gostos
e prazeres pessoais; associemo-nos aos vários povos e
raças do mundo, familiarizando-nos com seus modos, suas
tradições, seus pensamentos e costumes; despertemos, estimulemos e mantenhamos interesse universal na Fé, ao
mesmo tempo nos esforçando, por todos os meios ao nosso
alcance, com uma atenção coordenada e persistente, para
alistarmos a lealdade incondicional e o apoio ativo dos
mais promissores e receptivos dentre nossos ouvintes.
Tenhamos em mente o exemplo que nosso amado Mestre
pôs claramente diante de nós. Com sabedoria e tato no
início, alerta e atencioso nos primeiros contatos, mostrando largueza e liberalidade em todos os seus discursos
públicos, cauteloso, desdobrando gradativamente as verdades essenciais da Causa, apaixonado em Seu apelo
porém sóbrio em argumento, confiante em tom, inabalável em Sua convicção, de infalível dignidade — tais
foram as características que distinguiam a nobre apresentação da Causa de BaháVlláh por nosso amado
Mestre. ( B . A . )
Exemplo da Juventude Bahá'í
. . . Os jovens bahá'ís de cada cidade devem dar
grande importância à manutenção de contato com clubes
e várias atividades locais da juventude, e devem tornar
conhecidos os seus pontos de vista, ao maior número de
jovens e de todas as maneiras possíveis. Sobretudo, devem dar-lhes um bom exemplo; castidade, gentileza, amabilidade, hospitalidade, radiante otimismo acerca da futura felicidade e bem-estar do gênero humano, devem distingui-los e conquistar o amor e a admiração dos jovens
colegas. A falta mais notável na vida moderna é a de um
elevado padrão de conduta e bom caráter; os jovens
bahá'ís devem demonstrar ambos, se esperam ganhar seriamente para a Fé membros de sua geração tão penosamente desiludidos e tão contaminados pela licenciosidade
proveniente da guerra. ( B . N . 188)
15
20. Pioneiros no Estrangeiro
Aqueles que abandonaram seu país a fim de ensinar
Nossa Causa — a estes o Espírito Fiel fortalecerá com
seu poder... Tal serviço é, em verdade, o príncipe de
todos os feitos bons, o ornamento de toda boa ação. (GL)
Sinío que deve ser dirigida uma palavra, especialmente, à Juventude Bahá'í da América, pois observo as
possibilidades que uma campanha de tão gigantescas proporções oferece ao espírito ardente e empreendedor que
os anima tão poderosamente no serviço à Causa de Bahá'u'lláh. Embora inexperientes e enfrentados com escassez de recursos, seu espírito intrépido, entretanto, e o
vigor, a vigilância, o otimismo que eles até agora têm
mostrado tão consistentemente, qualificam-nos para desempenharem um papel ativo em despertar o interesse de
seus jovens colegas naqueles países e em conseguir sua lealdade. Para os povos de ambos os continentes, não pode
haver maior demonstração da vitalidade juvenil e do poder
vibrante que animam a vida e as instituições da Fé nascente instituída por Bahá'u'lláh, do que esta: a participação inteligente, persistente e efetiva da juventude bahá'í
— oriunda de todas as raças, nacionalidades e classes —
nas atividades bahá'ís, tanto no setor do ensino como no
da administração. Tal participação há de impressionar os
críticos e inimigos da Fé enquanto observam, com graus
variáveis de ceticismo e ressentimento, os processos evolucionários da Causa de Deus e suas instituições, e será
o melhor modo de convencê-los da verdade indubitável de
que esta Causa está intensamente viva, está sã até o próprio âmago, e que seu destino está salvaguardado. Espero
— e mais, rezo — que essa participação possa não só
contribuir para a glória, o poder e o prestígio da Fé, mas
também reagir tão poderosamente na vida espiritual dos
membros jovens da Comunidade Bahá'í, e a tal ponto
galvanizar suas energias, que lhes dê o poder de demonstrar mais completamente suas capacidades inerentes e desdobrar mais uma etapa em sua evolução espiritual à
sombra da Fé instituída por BaháVlláh. (ADJ)
16
21. CONSTRUINDO UM MUNDO
NôVO
Um Mundo em Transição
Ao contemplarmos o mundo ao nosso redor, somos
forçados a observar as múltiplas evidências daquela fermentação universal que em cada continente do globo e
em cada departamento da vida humana, quer seja o religioso, o social, o econômico ou o político, está purgando
e reformando a humanidade em antecipação ao dia em
que o gênero humano venha a ser reconhecido como um
todo, e estabelecida sua unidade. Um processo duplo pode
ser distinguido, porém, sendo que cada parte, de seu
próprio modo, e aceleradamente, tende a levar a um climax
as forças que transformam a face de nosso planeta. A
primeira parte é essencialmente um processo integrante,
enquanto a segunda é fundamentalmente destruidora...
O processo construtivo está associado à Fé nascente trazida por BaháVlláh e é o arauto da Nova Ordem Mundial que esta Fé, dentro em breve, há de estabelecer. As
forças destrutivas que caracterizam a outra parte do processo devem ser identificadas com uma civilização que
recusou corresponder às expectativas de uma nova era e,
conseqüentemente, está caindo em caos e declínio. (WOB)
Uma Nova Raça de Homens
A Fé que BaháVlláh instituiu tem assimilado, em
virtude de suas energias criativas que orientam e enobrecem, as várias raças, nacionalidades, credos e classes que
procuraram abrigar-se à sua sombra e hipotecaram inabalável fidelidade à sua causa. Esta Fé tem transformado
os corações de seus aderentes, desarraigando-lhes os preconceitos e acalmando as paixões; tem exaltado seus conceitos, enobrecido seus motivos, coordenado seus esforços
e mudado sua perspectiva. Enquanto lhes preservava o
patriotismo e salvaguardava as lealdades menores, tornou-os amantes da humanidade e os resolutos sustentáculos
de seus melhores e mais verdadeiros interesses. Enquanto
mantinha intacta sua crença na origem divina de suas
respectivas religiões, esta Fé capacitou-os para percebe17
22. rem o propósito fundamental dessas religiões, descobrirem seus méritos, reconhecerem sua seqüência, sua interdependência, sua inteireza e unidade, e verificarem o elo
que as liga vitalmente a ela mesma. Este amor universal,
transcendente, que os adeptos da Fé Bahá'í sentem por
seus semelhantes de qualquer raça, credo, classe ou nação,
não é misterioso, nem se pode dizer que haja sido estimulado artificialmente. É tão espontâneo como genuino.
Aqueles cujos corações são aquecidos pela influência vitalizadora do amor criativo de Deus estimam Suas criaturas por Sua causa e reconhecem em cada face humana
um sinal de Sua refletida glória. (WOB)
Unidade Mundial — A Meta
A longa época da infância, pela qual a raça humana
teve que passar, já se afastou. A humanidade está experimentando agora as comoções que se associam, invariavelmente, à etapa mais turbulenta em sua evolução, a da
adolescência, quando a impetuosidade da juventude e sua
veemência chegam ao climax e devem ser substituídas,
pouco a pouco, pela calma, pela sabedoria e pela madureza que caracterizam a etapa adulta. Então a raça humana atingirá sua plena estatura, a qual a capacitará para
adquirir todos os podêres e faculdades dos quais seu desenvolvimento final há de depender.
A unificação da humanidade inteira é o distintivo da
etapa da qual a sociedade humana atualmente se aproxima.
A unidade de família, a de tribo, a de cidade-estado e a
de nação foram sucessivamente experimentadas e completamente estabelecidas. A unificação do mundo é a meta
à qual a humanidade em sua aflição dirige os seus esforços.
Quem duvidará de que tal consumação — o amadurecimento da raça humana — terá, por sua vez, de assinalar a inauguração de uma civilização mundial como olhos
mortais jamais viram, nem mente humana concebeu?
Quem poderá imaginar o elevado padrão que tal civilização, ao se desenvolver, é destinada a atingir? Quem
poderá medir as alturas às quais a inteligência humana,
liberta de seus grilhões, há de voar, ou imaginar os domínios que o espírito humano, vitalizado pela luz irra18
23. diante de Bahá'u'lláh, brilhando na plenitude de sua glória, há de descobrir? (WOB)
Oportunidade para a Juventude
O papel que cabe à juventude é muito grande; sua
é a oportunidade de resolver exemplificar, realmente, por
palavra e ação, os ensinamentos de Bahá'u'lláh, e mostrar à sua geração que a Nova Ordem Mundial instituída
por Êle é uma realidade tangível nas vidas dos que O
seguem. (B.N. 190)
Os jovens de hoje devem demonstrar maior maturidade do que qualquer geração anterior, pois deles será
exigido que passem pela crise mais grave, talvez, na história do mundo, e deverão enfrentar seu destino com fé,
constância, confiança e estabilidade. (B.W. X I I )
As atividades, as esperanças e os ideais da juventude bahá'í na América, como em todas as outras partes
do mundo, acolho carinhosamente em meu coração. Sua
é a responsabilidade suprema e desafiadora, a de promover os interesses da Causa de Deus nos dias vindouros,
coordenar suas atividades mundiais, ampliar seu âmbito,
salvaguardar sua integridade, enaltecer sua virtude e traduzir seus ideais e objetivos em realizações memoráveis
e imperecedouras. É uma tarefa imensa, a um tempo
santa, estupenda e cativante. Que o espírito de Bahá'ú'lláh
os proteja, inspire e sustente na prossecução de sua tarefa determinada por Deus.
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24. APÊNDICE
CARTAS DE RÚHÍYYIH KHÁNUM
À JUVENTUDE
A Distinção de Ser Bahá'í
São tremendos estes dias em que estamos vivendo.
Hoje se exige do jovem bahá'í que enfrente um desafio
dirigido especialmente a êle. Avançar, irradiante, ardendo
de zelo e devoção, pronto para difundir em toda parte os
princípios da Causa, não basta. . . Não importa por qual
caminho nos tenhamos aproximado da Fé Bahá'í, quer por
nós mesmos, após árdua busca, ou nascidos e criados em
lares bahá'ís. Devemos compreender a importância de nos
determos para fazer uma avaliação de nós mesmos.
Lembram-se das palavras de Shoghi Effendi, Guardião da Fé Bahá'í? "Nosso o dever", disse êle, "por
sombria que seja a perspectiva, e por mais circunscritos
os recursos a nosso dispor, labutarmos serenamente, confiantes, prestando nosso quinhão de assistência, ininterruptamente, de qualquer modo que as circunstâncias nos
permitam, à operação das forças que, dispostas e dirigidas
por Bahá'u'lláh, estão conduzindo a humanidade para
fora do vale da vergonha até os mais sublimes pináculos
do poder e glória".
Podemos imaginar a relação dos bahá'ís com o resto
do mundo como a de um novo continente surgindo do
mar. Os seres humanos nesta nova terra possuem características, costumes e sistemas inteiramente diferentes dos
daqueles que habitam os cinco continentes de nossa terra.
Estas pessoas vivem num mundo verdadeiramente novo.
Quando visitam as velhas nações, espantam-se diante do
20
25. obsoletismo dos pensamentos e métodos, da falta de eficiência espiritual e do desperdício de tempo com aquilo
que é destruidor em vez de algo construtivo.
Em outras palavras, nós como bahá'ís nos sentimos
partes integrantes de alguma coisa que os povos do mundo
não possuem ainda. É nossa função sermos conscientemente diferentes daqueles que nos rodeiam. De outro
modo, por que nos dizermos bahá'ís? Por que não sermos
apenas mais um membro de uma escola de pensamento
progressivo, procurando exercer uma influência altruística sobre nossos concidadãos?
Cidadania do Reino
Nossos pensamentos e atos deveriam distinguir-nos
de nossos semelhantes de tal modo que não só prendessem sua atenção mas também nos fizessem afigurar como
outra espécie, tanto que os outros sentissem emanar de
nós a realidade viva, vibrante, de um estado de consciência e um caráter muito remoto de qualquer coisa que eles
já tenham conhecido. Pareceríamos haver vindo de um
mundo infinitamente diferente e melhor do que o deles —
um mundo a ser desejado, um mundo pelo qual convém
lutar, acima de tudo mais.
Falar sobre a atitude verdadeiramente bahá'í é muito
fácil, mas viver de acordo é, de fato, outra coisa. Guerra,
ódio e recriminação inundam os éteres do mundo. Mil
vozes em contenda levantam-se numa vasta babel de discórdia e vilificação. Cada nação convoca seus súditos
para substanciarem plenamente suas doutrinas, as quais
são puramente de interesse próprio. A confusão e perplexidade dos seres humanos aumentam cada hora. Desta
peleja sombria — contenda racial, social e política — os
bahá'ís são obrigados a manter-se afastados. Devem guardar-se do perigo de serem levados por essas correntes
ameaçadoras e de serem contaminados, nem que seja no
mínimo grau, pelos venenos que estão viciando a vida
de todos os homens. Isto reqrer força hercúlea, pois em
toda parte do globo hoje a plena influência da publicidade, propaganda e agitação está sendo exercida por cada
21
26. nação para moldar e controlar os pensamentos de seu
povo.
Este afastamento não afeta a boa cidadania dos
bahá'ís e nossa prontidão para servir nossa pátria em
qualquer capacidade que o governo possa requerer. Nossa
é uma obrigação moral, espiritual. A mente e a alma de
um bahá'í estão dedicadas ao serviço de seu semelhante
por meio da Fé de BaháVlláh. Confiantes e serenos, devemos prosseguir em nosso caminho. Uma das maiores
bênçãos possuídas pelos bahá'ís é que, nestes tempos de
holocausto, nenhuma dúvida temos quanto ao caminho
espiritual...
Custódios do Futuro
Somos a geração da transição. Nós nos achamos na
brecha entre o velho e o novo. Somos aqueles obrigados
a testemunhar um grau de caos e sofrimento em nossa
vida como jamais afligiu os filhos dos homens, e sobre os
quais todos os Livros Sagrados nos preveniram. Em nossas
mãos, num tempo como este, foi entregue o plano de
Deus. Cada portador do nome de bahá'í está sob a sagrada e inescapável obrigação de servir à Sua Fé e seus
princípios com firmeza absoluta, não se perturbando, nem
cedendo à tentação de se desviar do caminho da Causa,,
e nunca maculando ou contaminando, por palavra ou ação,
as belas vestes da Fé instituída por BaháVlláh. Já nos
dedicamos ao serviço de todos os homens; já assumimos
a tarefa de erigir uma Ordem Mundial nova, saneadora,
divina. Devemos ter sempre em mente o que isto exige
de nós, tanto em ações como em palavras, e perceber o
inestimável valor, nestes dias, de cada palavra e ação
nossa quando oferecida no serviço desta santa Causa.
Nossa atenção deve ser dirigida sempre, não às ações
e opiniões de nossos semelhantes confusos e apaixonados,
mas sim, às doutrinas e instituições de nossa Fé, claras,
práticas e vitalizadoras que são. Nosso senso de solidariedade como o povo de Deus nesta era, os custódios do
futuro bem-estar de todos os homens, deve ser uma realidade ardente, sempre em nossa consciência.
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27. Objetivo da Vida
Noutro dia alguém perguntou a Shoghi Effendi:
"Qual o objetivo da vida para um bahá'í?" Enquanto o
Guardião me repetia sua resposta (pois eu não estivera
presente na ocasião), ou melhor, antes que êle me dissesse,
eu me perguntava que resposta êle teria dado. Teria dito
que para nós o objetivo da vida é conhecer a Deus, ou
aperfeiçoar o nosso caráter? Nem imaginava eu, realmente, a resposta que dera: o objetivo da vida para um
bahá'í é promover a unidade do gênero humano. A inteira
finalidade de nossa vida é ligada à vida de todos os seres
humanos; não é uma salvação pessoal que buscamos, mas
sim, uma universal. Não temos que volver os olhos para
dentro de nós e dizer: "Agora trabalhem para salvar suas
almas e lhes reservar um lugar confortável no mundo
vindouro!" Não, incumbe-nos trabalhar para que o céu
venha a este planeta. É um conceito muito grande. O
Guardião explicou em seguida que nosso objetivo é produzir uma civilização mundial que possa por sua vez
reagir sobre o caráter do indivíduo. É, de um modo, o
inverso do cristianismo, que começou com a unidade individual e, através desta, atingiu a vida. conglomerada dos
homens.
Não quer isso dizer que devamos deixar de podar
nossas personalidades e eliminar as ervas daninhas que
são nossos defeitos e fraquezas. Quer dizer, sim, que temos que deixar irradiar sobre os outros muito daquilo
que sabemos ser a verdade, graças a nosso estudo dos
ensinamentos de Bahá'ú'lláh. Significa, também, parece-me, que nossa Ordem Administrativa, nossas Assembléias Espirituais, Comitês, Festas de Dezenove Dias e
Convenções, nos oferecem um campo de experiência bem
à mão e muito desafiador. . . Cada coisa que concebemos
como sendo bahá'i — amor, justiça, ausência de preconceitos, eqüidade, liberalidade, compreensão, etc. — deve,
em forma vivente, incorporar-se em nossa maneira de
tratar de nossos assuntos como um grupo. Quando tivermos unidade em nossa Assembléia, tê-la-emos, provavelmente, ou poderemos produzi-la, em nossa Comunidade.
E quando tivermos conseguido isso, multidões começarão
23
28. a entrar na Causa. Por que não? Que é que o mundo
busca senão justamente isto — algo que, na verdade,
capacite os homens para trabalharem e viverem em harmonia, unidos ?...
O Segredo do Auto-Domínio
Acredita-se que 'Abdu'1-Bahá afirmou que o segredo
do auto-domínio está em se esquecer de si próprio. Se há
alguma coisa errada na maneira da qual nossa administração funciona, é.que simplesmente não nos esquecemos
de nós mesmos. Nosso pequeno ego — ou grande, conforme seja — entra juntinho conosco em nossa Assembléia ou outra reunião, e lá ficamos nós sentados com o
nosso complexo de superioridade, ou de inferioridade, ou
com nossa saúde normal, aguardando a oportunidade de
imporrnos as nossas opiniões ou de nos aborrecermos 'por
causa de uma ofensa imaginária, ou de apenas, inconscientemente, monopolizarmos o tempo, ou estando cansados demais para nos esforçarmos em contribuir com
nosso legítimo quinhão. Deveriam permitir que eu dissesse isto, em toda humildade e com profunda compreensão para com todos os meus irmãos bahá'ís, porque
servi em muitos comitês e, uma vez, numa Assembléia, e
fico horrorizada, enquanto, por outro lado, me divirto ao
lembrar-me de certas atitudes e tolices minhas no passado. Posso recordar o quanto meu próprio ponto de
vista me era importante, o quanto me ofendia ou afligia
se não era ao menos ponderado com grande consideração, e
como acreditava, às vezes, que eu, somente, era bahá'i
firme dentre aqueles presentes, que iam arruinar a Causa
por uma decisão de maioria com a qual eu não concordava! Temos de ter paciência não só com os outros mas
também conosco mesmos, e, além disso, devemos fazer
um esforço — e um esforço muito maior — para sermos
bahá'ís onde é da máxima importância, em nossa vida
bahá'í em comum.
Nada neste mundo é mais fácil, realmente, do que
dizermos aos outros o que devem fazer; o aperto começa
H
29. quando tentamos dizer a nós mesmos o que devemos
fazer, e fazê-lo. Até nós bahá'ís sofremos desta mais
comum das fraquezas humanas. Estamos propensos a fixar
nossa atenção nas falhas de nossos co-membros da Fé e
pensar que, se ele (ou ela) não fosse tão grande empecilho,
tudo correria melhor em nosso grupo, ou assembléia, ou
comunidade. É provável que nossa crítica tenha alguma
justificação, naturalmente, mas a crítica pouco ajuda a
situação; pelo contrário, é mais provável que desvie nossa
atenção contmuamente das tarefas mais importantes. Ao
mesmo tempo algum preconceito ou falta nossa é, sem
dúvida, uma provação e um empecilho para os outros tanto
quanto os seus nos são. O melhor modo de dominar nossas
fraquezas, parece-me. é duplo: devemos esforçar-nos em
nosso próprio aperfeiçoamento porque se nós nos melhorarmos a soma total da comunidade, logicamente, melhorará também, e na mesma proporção; e devemos concentrar nossas energias em trabalhar, realmente, de acordo
com a administração, que é uma coisa vivente, dinâmica
e não um código de "Faça" e "Não faça".
Os bahá'ís, animados como são pelo fogo de uma
viva convicção religiosa, seguem, em sua maior parte,
conscienciosamçnte, as leis e os princípios de sua Fé.
Orgulham-se de seus ensinamentos, amam-nos realmente
e com toda sinceridade, procuram viver de acordo com
eles. Os sacrifícios que fazem (pois aos olhos dos sofisticados e mundanos parecem ser verdadeiros sacrifícios)
tais como a abstenção de bebidas alcóolicas, numa época
em que o hábito de beber é o mais generalizado costume
social; castidade e nobreza de vida, numa sociedade que
em sua maior parte acredita ser desnecessária e prejudicial à saúde qualquer restrição em sua vida sensual; a
aceitação da censura e até do ostracismo em preferência
à renúncia de sua convicção de que todos, de qualquer
côr ou classe, devem ser tratados com absoluta igualdade
e ter o direito de se associarem aos demais, livre e carinhosamente — tudo isso eles aceitam alegremente como
meio de demonstrar a realidade de sua Fé,
25
30. A Ordem Administrativa — Uma Prova
de Maturidade
Tendemos a pôr de lado leis espirituais quando tratamos de problemas administrativos. Se refletirmos, perceberemos que isto é a exata antítese do inteiro conceito
de governo bahá'í. BaháVlláh, "o Pai", veio estabelecer
o Reino do Céu na terra. Se em realidade acreditamos
isso (o que é o fato, naturalmente), então devemos analisá-lo. Implica num mundo dirigido por lei, mas lei espiritual. Implica em ordem, disciplina, organização, mas
estas devem ser baseadas nos princípios dados pelo infalível Profeta de Deus, e não construídas pelas mentes
mesquinhas e egoístas dos homens. Conseqüentemente o
lugar onde se deve ser o bahá'í mais ativo, vivendo de
acordo com seus ensinamentos até o máximo de sua capacidade, é qualquer reunião que represente a Ordem
Administrativa...
Pensamos demais em nossas próprias capacidades e
habilidades, e muito pouco no que é feito pelo poder de
Deus através de qualquer alma pequena — até a mais
insignificante — que se dirija àquele poder. O maior
exemplo que já vi, da habilidade de uma só pessoa quando
se liga ao poder de Deus, foi Martha Root. Não que ela
fosse insignificante; ao contrário, era uma mulher bastante talentosa e inteligente. Suas realizações, porém,
eram infinitamente além de suas próprias capacidades.
E ela sabia isso. Também compreendia claramente o processo em operação. Ela dizia: " É Bahá'ú'lláh quem o faz".
Era modesta demais para se expressar de um modo mais
explícito e dizer: "Eu deixo BaháVlláh fazê-lo".
26
31. Cântico Mundial
Tu, terra tornada m u n d o !
Estrela ardendo nas veredas do Céu,
Vê teus filhos homens em plena maturidade,
Do botão da promessa dando fruto;
De beleza enriquecendo teu barro, maravilhando os demais
planetas —
"Será sol, que, antes, de estrela não passava?"
— Florence Mayberry: "Man in
his Injinite Scope", Bahá'í World,
Vol. XII
NOTAS
SOBRE AS
REFERÊNCIAS
Todas as citações dos Escritos de Bahá'u'lláh estão em
itálicos. Todos os excertos de Bahá'í World Faith, The
Secret of Divine Civilization, Respostas a Algumas Perguntas, Foundatians of World Unity and Wül and Testament
são de 'Abdu'1-Bahá. Todas as outras citações usadas, de
Advent of Divine Justice, Presença de Deus, Bahá'í World
XII, Bahá'í Administration, The World Order of Bahá'u'lláh,
Bahá'í News e Bahá'í Community, são de Shoghi
Effendi.
ABREVIAçõES USADAS
ADJ
BA
BC
BN
BWF
BWXII
FWU
GL
PD
RAP
SDC
WOB
The Advent of Divine Justice
Bahá'í
Administration
Bahá'í Community
Bahá'í News
Bahá'í World Faith
BaháH World XII
Foundation of World Unity
Gleanings from the Writings of Bahá'u'Uáh
Presença de Deus
Repostas a Algumas Perguntas
The Seeret Of Divine Civilization
The World Order of Bahá'u'lláh
32. "Aqueles que abandonaram seu país a fim de
ensinar Nossa Causa — a estes o Espírito Fiel fortalecerá com Seu poder... Tal serviço é, em verdade, o príncipe de todos os feitos bons, o ornamento de toda boa ação.