1) Segundo Davidson, a compreensão de uma linguagem requer a capacidade de interpretar, que é uma competência semântica que leva em conta o locutor, não apenas as expressões linguísticas.
2) Davidson defende que a liberdade de agir é um poder causal compatível com a noção de causalidade, de forma que o sujeito é produto de suas ações mais do que fonte da intencionalidade.
3) A interpretação radical supõe uma teoria holística verificável pelas atitudes dos locutores, visando a compreensão por meio
Formação Escola Tereza Francescutti - Níveis de Interação disicplinar
A interpretação
1. -272415-2349500Curso de Tradutor Intérprete de LIBRAS<br />Linguística Geral<br />Prof.ª Mariana Correia<br />Linguagem e significado<br />A interpretação<br />Maria Cristina de Távora Saparano<br />Segundo Davidson, toda compreensão de uma linguagem supõe uma capacidade de interpretar, e toda competência de intérprete é uma competência semântica. Não se trata, portanto, de estabelecer relações entre as expressões linguísticas e significado, mas entre estes e os locutores que as utilizam.<br />A interpretação leva em conta o agente, pois este é o autor de seus atos. Os eventos têm vários movimentos, mas a ação é única, ligada por um encadeamento causal. Davidson quer mostrar como uma teoria, que tem na sua base a noção de causa, “o cimento do universo”, é compatível com a idéia de que a liberdade de agir é um poder causal sem ser determinista ou restrito à causalidade original ao agente. O sujeito passa a ser um produto de suas ações, mais do que a fonte última da intencionalidade que determina seu comportamento.<br />Davidson passa, dessa forma, de uma teoria da ação e do mental, puxada por uma teoria da linguagem, a uma teoria da interpretação, onde toda ação pertence a uma comunidade de intérpretes que se comunicam entre si. A condição indispensável é a racionalidade partilhada pelos agentes, elaborada sob a forma de um princípio: princípio de caridade, segundo o qual os partícipes podem formar uma ideia de um mundo objetivo, por atos de interpretação como sujeitos em relação outros sujeitos, sob forma de uma intersubjetividade. A intersubjetividade diz respeito a um mundo social, isto é, linguístico, onde se partilham normas de racionalidade com outros.<br />A tese da interpretação radical supõe uma teoria que forneça a interpretação das frases da linguagem de um locutor ou de um grupo de locutores. A natureza da interpretação linguística deve ser, pois, holística, mas verificável pelas atitudes proposicionais dos locutores, expressas na forma de “eu creio que” (...) “eu desejo que” (...). A teoria do significado é uma teoria analítica da linguagem, comportando verdade e referência, a qual, porém, busca o sentido das frases da linguagem que têm causas mas que se expressa por razões.<br />Para Davidson: “A finalidade de toda interpretação é a compreensão.”<br />Fonte: SPARANO, Maria Cristina de Távora. Linguagem e significado: O projeto filosófico de Davidson. Coleção filosofia 164. Edipucrs, 2003. 208 p.<br />