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Nesse contexto, o capítulo quatro – Sociedades e Sistemas Econômicos – Polanyi
afirma que “uma economia de mercado é dirigida pelos preços do mercado e nada além
dos preços do mercado.” (p.62) Destacando dessa maneira, as características de não
depender de interferências externas para poder organizar suas ações econômicas, dão
créditos perfeitos para que esse sistema tenha o nome de auto-regulável.
Atribuindo valor ao que diz Adam Smith, sugerindo “que a divisão do trabalho na
sociedade dependia da existência de mercados ou, da “propensão” do homem de
barganhar, permutar e trocar uma coisa por outra.” (p. 62-63) O que mais tarde dá
origem a figura do “Homem Econômico”, ou seja, o homem em intensa relação com a
economia. Ainda na direção de Smith, o texto de Polanyi, ressalta que esta idéia, de
pensar o homem como primitivo, estava falsa, pois o que realmente origina a divisão do
trabalho são fatores ligados ao “sexo, geografia e capacidade individual” (p.63)
Outra idéia de Smith que foi comprovada com erro, foi a de que o homem primitivo,
tinha na verdade um idéia comunista. Isto mesmo que de forma inconsciente, acarretou
“um peso muito grande na balança” na idéia de mercado. Esse hábito de classificar as
sociedades de poucos anos atrás como primitiva, devido o sistema econômico que
adotavam, era feito como “mero prelúdio da verdadeira história da nossa civilização,
que começou, aproximadamente, com a publicação da Riqueza da Nações em 1776.”
(p.64)
“As diferenças que existem entre povos “civilizados” e “não civilizados” foram
demasiado exageradas, principalmente na esfera econômica.” (p.64) Com isso, Max
Weber, protestou contra a idéia de que as economias primitivas eram classificada
irrelevantes para a questão das sociedades civilizadas. Estudos mostram que as
sociedade primitivas não modificam o homem como um ser social, tanto é que algumas
pesquisas também, mostram que “economia do homem, como regra, está submersa em
suas relações sociais.” (p.65) Como exemplo disto, temos a sociedade tribal, onde a
relação dos bens produzidos se dá por reciprocidade e redistribuição, atitudes estas não
necessariamente ligadas a economia e, capazes de garantir o funcionamento de um
sistema econômico sem muitos “paramentos”.
Já em certas civilizações, a divisão do trabalho se dá pela forma de redistribuição,
mostrando que ela também tem a capacidade de influir o sistema econômico no tocante
mais específico das relações sociais.
No entanto, “a necessidade de comércio ou de mercados não é maior do que no caso da
reciprocidade ou da redistribuição.” (p.73) Nessa esfera, Polanyi diz que Aristóteles
distinguiu a domesticidade propriamente dita da atitude de ganhar dinheiro, o que é
classificado de “money – making”, insistindo (Aristóteles) também “na produção para o
uso, contra a produção visando lucro, como essência propriamente dita.” (p.74).
Cabe nesse momento, dizer que ao denunciar o princípio da produção visando o lucro
“como não natural ao homem”, por ser infinito e ilimitado, Aristóteles estava
apontando, na verdade, para seu ponto crucial, a saber, a separação de um motivação
econômica isolada das relações sociais nas quais as limitações eram inerentes. (p.75)
Os sistemas econômicos, desde o fim do feudalismo, principalmente na Europa
Ocidental, se pautaram em fundamentos como o de reciprocidade, ou redistribuição, ou
domesticidade. “Entre essas motivações, o lucro não ocupava lugar proeminente.”
(p.75) A mudança para uma economia nova no século XIX, é preciso voltar e entender a
história do mercado.

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  • 2. domesticidade. “Entre essas motivações, o lucro não ocupava lugar proeminente.” (p.75) A mudança para uma economia nova no século XIX, é preciso voltar e entender a história do mercado.