1) A região Norte do Brasil experimentou um período de declínio após o ciclo da borracha no início do século XX, mas iniciou um processo de integração e desenvolvimento nas décadas de 1950-1970 através de projetos de infraestrutura, agropecuária e mineração.
2) Grandes projetos hidrelétricos nas décadas de 1970-1980 causaram impactos ambientais significativos, mas a expansão da fronteira agropecuária e o extrativismo ilegal nas últimas décadas também ameaçam a
1. História Econômica da Região Norte: do Século XX
aos Dias Atuais
Desde o período correspondente à colonização europeia, a região Norte
representa uma área de vazio demográfico, a princípio pelos seus aspectos
naturais que sempre dificultaram a sua ocupação mais intensiva. Após o
declínio do Ciclo da Borracha, no início do século XX, a região sofreu uma
queda na quantidade de imigrantes, com algumas exceções, como a
imigração japonesa que ocorreu na década de 1930.
Na década de 1950, teve início a construção da rodovia Belém-Brasília,
concluída em 1958. Surgiram os primeiros projetos de extração de minerais,
como na Serra do Navio, no Amapá, onde começou a produção de
manganês. A década de 1960 ficou marcada por um processo de integração
nos moldes oferecidos pelos governos militares. A ocupação militar se
fundamentou em políticas desenvolvimentistas de caráter nacionalista
(“integrar para não entregar”) e soberania (ocupação de áreas de
fronteiras). Foram criadas instituições (bancos, superintendências) para
gerenciar a ocupação da região, principalmente para exploração de
madeira e minérios.
Ocorreu o avanço das fronteiras agrícolas e a doação de glebas de terra
para colonos, além de incentivos financeiros. Em 1967, foi criada a SUDAM
(Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia) e a SUFRAMA
(Superintendência da Zona Franca de Manaus). A Zona Franca de Manaus
representa um polo industrial criado através de incentivos fiscais, atraindo
multinacionais do ramo eletroeletrônico. Em seguida, foram criados o
INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e o BASA
(Banco da Amazônia).
Nos anos 70, foi criado o Projeto RADAM (Reconhecimento da Amazônia),
um estudo das potencialidades da região, principalmente no que se refere
à exploração de seus recursos naturais. Também nessa década foram
realizadas diversas obras estruturais, como rodovias (Transamazônica,
Cuiabá-Santarém, Porto Velho-Manaus), empreendimentos agropecuários e
minerais (Projeto Jarí e Projeto Carajás). Todas essas idealizações exigiram
investimentos em geração e transmissão de energia, que buscaram o
aproveitamento das águas dos rios caudalosos presentes na região.
2. A construção de grandes usinas hidrelétricas, como Tucuruí e Balbina, que
se estendeu até o início da década de 1980, ocasionou grande impacto
ambiental, aumentando o desmatamento, migração de espécies de animais
e comprometimento das populações locais por conta das áreas alagadas
pelos reservatórios. Recentemente, os debates em relação à construção da
Usina de Belo Monte no estado do Pará remontam a essa realidade.
Apesar dessas dificuldades, a expansão da fronteira agropecuária nas
últimas décadas e o extrativismo ilegal desafiam os limites naturais e
sociais da região, e a situação só não se encontra em um estado maior de
degradação em função dos movimentos ambientalistas nacionais e
internacionais, que desde a década de 1960 chamam a atenção para a
questão.
Entre os projetos para a fiscalização das fronteiras e, ao mesmo tempo,
gerenciamento de questões ligadas ao extrativismo ilegal, disputa por
terras e tráfico de drogas, podemos destacar os projetos Calha Norte e
SIVAM. O Projeto Calha Norte foi instituído em 1985, e compreende a
instalação de bases militares do Exército e Aeronáutica ao longo da calha
norte dos rios Amazonas e Solimões, junto às fronteiras com a Colômbia,
Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Já o projeto SIVAM
(Sistema de Vigilância da Amazônia) teve início em 1998 e foi implantado
definitivamente em 2002, está fundamentado em recursos tecnológicos e
sensoriamento remoto (radares e satélites).