SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 4
1
A ESTRUTURA DO TEXTO JORNALÍSTICO
A notícia é o relato do fato, com texto, geralmente, mais simples, seco. Você vai
entender como funciona.
Você acredita que a notícia que ouvimos no rádio, assistimos na TV, lemos no
jornal impresso ou na Internet é um fato em si ou é uma interpretação de um
fato? Para responder isso, observe por alguns segundos a figura reproduzida
acima. O que você vê? Uma vaca? Se você respondeu que sim, a sua resposta
estava quase certa. Não se trata de uma vaca, mas de uma representação de
uma vaca, não é? Com a linguagem escrita acontece a mesma coisa: ela
representa algo, como objetos, valores, ideias. Logo, a notícia não é o fato em
si, mas sim uma interpretação desse fato, certo? Analise a pequena notícia a
seguir.
Escorpiões assustam Vila São José
Os moradores da Vila do Coque, na Boa Vista, estão assustados com o grande
número de escorpiões que têm sido encontrados na região. Eles também se
indignaram com a sugestão de um técnico da Vigilância de Sanitária da
Prefeitura do Recife, que aconselhou a população a espalhar galinhas pelas ruas
para resolver o problema.
Os moradores acreditam que a proliferação tenha começado em um terreno
onde havia uma casa abandonada. (“Coque News” - 28/10 a 3/11/2015)
Assunto
Pelo assunto e pelo nome do veículo de imprensa, percebe-se que se trata de
um jornal de bairro, destinado a uma comunidade particular de leitores - os
moradores do Ipiranga, bairro da cidade de Recife.
A estrutura da notícia
Veja que a notícia se estruturou em apenas dois parágrafos. O primeiro -
chamado de "lide" - sintetiza os dados principais: quem, onde, o quê. Se o leitor
ler apenas esse parágrafo, já fica sabendo se quer ou se precisa continuar a ler
a notícia. A leitura de um jornal é seletiva, isto é, o leitor escolhe o que quer ler,
por isso, não precisa ler tudo que está escrito no jornal para se informar. É bem
diferente da leitura de outros gêneros como, por exemplo, um conto, um
romance, cuja leitura integral é obrigatória para sua compreensão.
Na notícia do jornal "Coque News", os dados do lide são:
QUEM: os moradores da Vila do Coque;
ONDE: na Vila do Coque, Bairro da Boa Vista, na cidade do Recife;
O QUÊ: moradores assustados com a quantidade de escorpiões na região.
2
O segundo parágrafo "expande a notícia", isto é, dá mais detalhes a respeito do
fato:
Os moradores estão indignados com a Vigilância Sanitária da Prefeitura, que
sugere que eles criem galinhas, como forma de resolver o problema da
proliferação dos escorpiões;
Os moradores têm uma explicação para o aumento dos escorpiões: uma casa
abandonada.
Linguagem coloquial
A linguagem do jornal é, preferencialmente, coloquial (próxima à maneira como
falamos). Isso acontece intencionalmente, como forma de se aproximar e se
adequar ao leitor, ao buscar uma comunicação mais eficiente.
Outra característica da linguagem jornalística é sua tentativa de mostrar
imparcialidade, neutralidade sobre aquilo que relata. Veja que o jornalista do
"Ipiranga News" pretende se mostrar imparcial, apresentando distanciamento do
fato. Essa aparência de imparcialidade é conseguida por:
Ausência de enunciados de opinião. Há fatos, acontecidos com outros e que
não têm nada a ver com o jornal, como em "Os moradores também se
indignaram...";
Privilégio do uso de terceira pessoa ("os moradores", "eles");
Não uso de adjetivos que possam dar impressão de subjetividade, de
interferência da opinião do jornalista. Não se admite, por exemplo, uma notícia
que fale em um homem velho, em prédio alto, bairro distante. Para dar impressão
de que os fatos são relatados com a maior precisão possível uma notícia informa,
por exemplo: homem branco, 85 anos; prédio de doze andares; bairro da
periferia da cidade de Recife etc.;
A busca de exatidão faz com que se privilegiem os verbos no modo indicativo:
"estão assustados", "têm sido encontrados", "se indignaram", "aconselham",
"acreditam", "tenha começado", "havia".
O QUE É NOTÍCIA?
Poema tirado de uma notícia de jornal
João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num
barracão sem número
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
(Manuel Bandeira. "Poesia completa e prosa". Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983)
Pode-se perceber que o poema dialoga com a notícia e que o fato - a morte de
uma pessoa - poderia mesmo ser uma notícia de jornal. Mas o que Manuel
Bandeira escreve não é uma notícia, mas um poema em que mostra uma
3
contradição da vida brasileira: ficar famoso, para alguns, acontece somente
quando isso é tragédia...
Agora, voltemos à história do escorpião.
Perigo à vista
Na bonita manhã de sol da segunda-feira, seu Joaquim, morador mais antigo da
rua Jurupá, foi comprar pão na padaria. Encontrou-se com Dona Maria que
também estava saindo para o trabalho e foram conversando sobre os preços
absurdos de tudo, nos dias atuais. No caminho encontraram dois escorpiões,
perto da casa abandonada, cujo dono havia morrido há muito tempo e, porque o
inventário nunca acabava, ninguém conseguia vender ou alugar o imóvel. Esse
fato foi motivo para mais conversa sobre ‘o fim dos tempos’ da vida moderna.
Dona Nenê, vizinha de seu Joaquim, quando lavava roupa, num certo dia,
também encontrou escorpiões em seu quintal. Foi um alvoroço só… Mas o
problema maior foi quando um escorpião picou uma das filhas do seu Agenor.
Ele, indignado, na volta do hospital, chamou a Vigilância Sanitária. Os técnicos
sugeriram que uma boa forma de acabar com os escorpiões era criar galinhas.
Que fazer?
Veja que, embora o assunto seja o mesmo da notícia extraída do "Ipiranga
News", não se pode considerar o texto acima uma notícia. A organização textual,
por exemplo, é muito diferente de uma notícia. Vejamos algumas diferenças.
Sequência do texto Linguagem
Escorpiões
assustam Vila
São José
Do fato mais importante
para os detalhes
Objetiva.
Procura ser neutra
Perigo à vista Sequência temporal da
narrativa, cujo
acontecimento principal
está diluído no texto
Detalhada na construção
das personagens e do
cenário. Cada elemento
ajuda a compor o enredo.
Em uma notícia, os eventos não são ordenados por sua sequência temporal
como em uma história, ou seja, o jornalista não tem a pretensão de relatar os
fatos na ordem em que, supõe-se, ocorreram.
Os eventos são apresentados pelo interesse, na perspectiva de quem conta e,
principalmente, pelo que o leitor/ouvinte/telespectador/internauta pode
considerar mais importante. É evidente que quem informa faz uma seleção
prévia dos eventos a serem destacados, relatando-os em função do evento
principal e da ideologia do jornal.
4
CONCEITO DE NOTÍCIA
Leia o que diz um especialista no assunto:
Notícia: relato de uma série de fatos a partir do fato mais importante. A estrutura
da notícia é lógica; o critério de importância e interesse envolvido em sua
produção é ideológico: atende a fatores psicológicos, comportamentos de
mercado, oportunidades, etc. (Nilson Lage. "A estrutura da notícia". São Paulo: Ática, 1993) :
Por mais que informe ser imparcial, ou que afirme traduzir com exatidão a
veracidade dos fatos, a imparcialidade absoluta numa notícia é impossível, pois
o redator tem que escolher o que vai contar - que acontecimentos, dentre outros,
pode se transformar em uma notícia que venda mais.
Determinado "o quê", ainda há "o como", isto é, como atingir o leitor de maneira
mais direta, o que implica uma determinada seleção de vocabulário, destaque
para o tipo de letra, tamanho da notícia, lugar em que a notícia vai aparecer no
jornal, abordagem etc...:
É necessário compreender que o jornalismo não retrata nem cria fatos, e sim
constrói visões dos fatos. O jornal legitima uma opinião sobre os fatos, a
depender de sua linha editorial, dos leitores que quer atingir. Nesse quadro, a
notícia é uma construção de visões e não os fatos em si.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Paradigmas de conjugação de verbos regulares
Paradigmas de conjugação de verbos regularesParadigmas de conjugação de verbos regulares
Paradigmas de conjugação de verbos regularesma.no.el.ne.ves
 
Cruzadinha revolução industrial
Cruzadinha revolução industrialCruzadinha revolução industrial
Cruzadinha revolução industrialÓcio do Ofício
 
Sociologia e meio ambiente
Sociologia e meio ambienteSociologia e meio ambiente
Sociologia e meio ambienteEEBMiguelCouto
 
AVALIAÇÃO DE SOCIOLOGIA - CULTURA- Questões discursivas - 1º ano Ensino Médio...
AVALIAÇÃO DE SOCIOLOGIA - CULTURA- Questões discursivas - 1º ano Ensino Médio...AVALIAÇÃO DE SOCIOLOGIA - CULTURA- Questões discursivas - 1º ano Ensino Médio...
AVALIAÇÃO DE SOCIOLOGIA - CULTURA- Questões discursivas - 1º ano Ensino Médio...Prof. Noe Assunção
 
Plano de aula interdisciplinar lingua portuguesa e ensino religioso bncc cam...
Plano de aula interdisciplinar lingua portuguesa e ensino religioso bncc  cam...Plano de aula interdisciplinar lingua portuguesa e ensino religioso bncc  cam...
Plano de aula interdisciplinar lingua portuguesa e ensino religioso bncc cam...Atividades Diversas Cláudia
 
Slide sociologia 1
Slide sociologia 1Slide sociologia 1
Slide sociologia 1Over Lane
 
Tecnologias digitais para a sala de aula: introdução ao tema
Tecnologias digitais para a sala de aula: introdução ao temaTecnologias digitais para a sala de aula: introdução ao tema
Tecnologias digitais para a sala de aula: introdução ao temarosemaralopes
 
Numerais cardinais e ordinais
Numerais cardinais e ordinaisNumerais cardinais e ordinais
Numerais cardinais e ordinaisCristina Alves
 
Elementos de uma paisagem
Elementos de uma paisagemElementos de uma paisagem
Elementos de uma paisagemMayjö .
 
Liberdades Individuais e Coerção Social / Instituiçoes Sociais
Liberdades Individuais e Coerção Social / Instituiçoes SociaisLiberdades Individuais e Coerção Social / Instituiçoes Sociais
Liberdades Individuais e Coerção Social / Instituiçoes SociaisErica Frau
 
A evolução tecnológica dos Meios de Transportes
A evolução tecnológica dos Meios de TransportesA evolução tecnológica dos Meios de Transportes
A evolução tecnológica dos Meios de TransportesFabrício Colombo
 

Mais procurados (20)

Paradigmas de conjugação de verbos regulares
Paradigmas de conjugação de verbos regularesParadigmas de conjugação de verbos regulares
Paradigmas de conjugação de verbos regulares
 
Exercícios sobre o eca
Exercícios  sobre o ecaExercícios  sobre o eca
Exercícios sobre o eca
 
Cruzadinha revolução industrial
Cruzadinha revolução industrialCruzadinha revolução industrial
Cruzadinha revolução industrial
 
Os três poderes
Os três poderesOs três poderes
Os três poderes
 
O TEMPO
O TEMPOO TEMPO
O TEMPO
 
Sociologia e meio ambiente
Sociologia e meio ambienteSociologia e meio ambiente
Sociologia e meio ambiente
 
AVALIAÇÃO DE SOCIOLOGIA - CULTURA- Questões discursivas - 1º ano Ensino Médio...
AVALIAÇÃO DE SOCIOLOGIA - CULTURA- Questões discursivas - 1º ano Ensino Médio...AVALIAÇÃO DE SOCIOLOGIA - CULTURA- Questões discursivas - 1º ano Ensino Médio...
AVALIAÇÃO DE SOCIOLOGIA - CULTURA- Questões discursivas - 1º ano Ensino Médio...
 
Plano de aula interdisciplinar lingua portuguesa e ensino religioso bncc cam...
Plano de aula interdisciplinar lingua portuguesa e ensino religioso bncc  cam...Plano de aula interdisciplinar lingua portuguesa e ensino religioso bncc  cam...
Plano de aula interdisciplinar lingua portuguesa e ensino religioso bncc cam...
 
Slide sociologia 1
Slide sociologia 1Slide sociologia 1
Slide sociologia 1
 
Tecnologias digitais para a sala de aula: introdução ao tema
Tecnologias digitais para a sala de aula: introdução ao temaTecnologias digitais para a sala de aula: introdução ao tema
Tecnologias digitais para a sala de aula: introdução ao tema
 
Numerais cardinais e ordinais
Numerais cardinais e ordinaisNumerais cardinais e ordinais
Numerais cardinais e ordinais
 
METAVERSO
METAVERSOMETAVERSO
METAVERSO
 
Cruzadinha política
Cruzadinha políticaCruzadinha política
Cruzadinha política
 
Gabarito: Avaliação de História: Períodos Paleolítico e Neolítico – 6º ano – ...
Gabarito: Avaliação de História: Períodos Paleolítico e Neolítico – 6º ano – ...Gabarito: Avaliação de História: Períodos Paleolítico e Neolítico – 6º ano – ...
Gabarito: Avaliação de História: Períodos Paleolítico e Neolítico – 6º ano – ...
 
Elementos de uma paisagem
Elementos de uma paisagemElementos de uma paisagem
Elementos de uma paisagem
 
Aula 15 - Estado e Governo
Aula 15 - Estado e GovernoAula 15 - Estado e Governo
Aula 15 - Estado e Governo
 
Liberdades Individuais e Coerção Social / Instituiçoes Sociais
Liberdades Individuais e Coerção Social / Instituiçoes SociaisLiberdades Individuais e Coerção Social / Instituiçoes Sociais
Liberdades Individuais e Coerção Social / Instituiçoes Sociais
 
História do 8 de março
História do 8 de marçoHistória do 8 de março
História do 8 de março
 
A evolução tecnológica dos Meios de Transportes
A evolução tecnológica dos Meios de TransportesA evolução tecnológica dos Meios de Transportes
A evolução tecnológica dos Meios de Transportes
 
Caça palavras mudanças climaticas
Caça palavras mudanças climaticasCaça palavras mudanças climaticas
Caça palavras mudanças climaticas
 

Semelhante a A estrutura da notícia jornalística

A aprofundamento aula_3_textos_jornalísticos
A aprofundamento aula_3_textos_jornalísticosA aprofundamento aula_3_textos_jornalísticos
A aprofundamento aula_3_textos_jornalísticosZofia Santos
 
O que é notícia
O que é notíciaO que é notícia
O que é notíciaCláudia
 
Redação noticia
Redação noticiaRedação noticia
Redação noticiaEdivan Lage
 
Jornalismo Comparado
Jornalismo ComparadoJornalismo Comparado
Jornalismo ComparadoTallita Alves
 
Entrevista Revista Eclética nº 33 - Dez/11
Entrevista Revista Eclética nº 33 - Dez/11Entrevista Revista Eclética nº 33 - Dez/11
Entrevista Revista Eclética nº 33 - Dez/11Luiz Leo
 
Pos verdade: e a informação?
Pos verdade: e a informação?Pos verdade: e a informação?
Pos verdade: e a informação?Charlley Luz
 
Crônica x Notícia.pptx
Crônica x Notícia.pptxCrônica x Notícia.pptx
Crônica x Notícia.pptxGabriela Rotta
 
Textos jornalisticos
Textos jornalisticosTextos jornalisticos
Textos jornalisticosemanuelee
 
Principios editoriais-das-organizacoes-globo
Principios editoriais-das-organizacoes-globoPrincipios editoriais-das-organizacoes-globo
Principios editoriais-das-organizacoes-globoSoyArmenio
 
Principios editoriais-das-organizacoes-globo
Principios editoriais-das-organizacoes-globoPrincipios editoriais-das-organizacoes-globo
Principios editoriais-das-organizacoes-globoMaracy Guimaraes
 
Jorimp Aula6 2009jorinfo
Jorimp Aula6 2009jorinfoJorimp Aula6 2009jorinfo
Jorimp Aula6 2009jorinfoArtur Araujo
 
Pos verdade como-compreender_um_tempo_em
Pos verdade como-compreender_um_tempo_emPos verdade como-compreender_um_tempo_em
Pos verdade como-compreender_um_tempo_emGeldes Castro
 

Semelhante a A estrutura da notícia jornalística (20)

A aprofundamento aula_3_textos_jornalísticos
A aprofundamento aula_3_textos_jornalísticosA aprofundamento aula_3_textos_jornalísticos
A aprofundamento aula_3_textos_jornalísticos
 
O que é notícia
O que é notíciaO que é notícia
O que é notícia
 
[c7s] Notícia
[c7s] Notícia[c7s] Notícia
[c7s] Notícia
 
Gênero notícia
Gênero notíciaGênero notícia
Gênero notícia
 
Genero noticia
Genero  noticiaGenero  noticia
Genero noticia
 
Genero noticia
Genero  noticiaGenero  noticia
Genero noticia
 
Redação noticia
Redação noticiaRedação noticia
Redação noticia
 
Volume III
Volume IIIVolume III
Volume III
 
Módulo II Notícia
Módulo II  NotíciaMódulo II  Notícia
Módulo II Notícia
 
Jornalismo Comparado
Jornalismo ComparadoJornalismo Comparado
Jornalismo Comparado
 
Redação.pptx
Redação.pptxRedação.pptx
Redação.pptx
 
Redação slide ENEM, UFSM
Redação  slide ENEM, UFSMRedação  slide ENEM, UFSM
Redação slide ENEM, UFSM
 
Entrevista Revista Eclética nº 33 - Dez/11
Entrevista Revista Eclética nº 33 - Dez/11Entrevista Revista Eclética nº 33 - Dez/11
Entrevista Revista Eclética nº 33 - Dez/11
 
Pos verdade: e a informação?
Pos verdade: e a informação?Pos verdade: e a informação?
Pos verdade: e a informação?
 
Crônica x Notícia.pptx
Crônica x Notícia.pptxCrônica x Notícia.pptx
Crônica x Notícia.pptx
 
Textos jornalisticos
Textos jornalisticosTextos jornalisticos
Textos jornalisticos
 
Principios editoriais-das-organizacoes-globo
Principios editoriais-das-organizacoes-globoPrincipios editoriais-das-organizacoes-globo
Principios editoriais-das-organizacoes-globo
 
Principios editoriais-das-organizacoes-globo
Principios editoriais-das-organizacoes-globoPrincipios editoriais-das-organizacoes-globo
Principios editoriais-das-organizacoes-globo
 
Jorimp Aula6 2009jorinfo
Jorimp Aula6 2009jorinfoJorimp Aula6 2009jorinfo
Jorimp Aula6 2009jorinfo
 
Pos verdade como-compreender_um_tempo_em
Pos verdade como-compreender_um_tempo_emPos verdade como-compreender_um_tempo_em
Pos verdade como-compreender_um_tempo_em
 

Último

AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptxAULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptxLaurindo6
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumAugusto Costa
 
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMCOMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMVanessaCavalcante37
 
interfaces entre psicologia e neurologia.pdf
interfaces entre psicologia e neurologia.pdfinterfaces entre psicologia e neurologia.pdf
interfaces entre psicologia e neurologia.pdfIvoneSantos45
 
ANATOMIA-EM-RADIOLOGIA_light.plçkjkjiptx
ANATOMIA-EM-RADIOLOGIA_light.plçkjkjiptxANATOMIA-EM-RADIOLOGIA_light.plçkjkjiptx
ANATOMIA-EM-RADIOLOGIA_light.plçkjkjiptxlvaroSantos51
 
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila RibeiroLivro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila RibeiroMarcele Ravasio
 
SEMINÁRIO QUIMICA AMBIENTAL - PPGEEA - FINAL.pptx
SEMINÁRIO QUIMICA AMBIENTAL -  PPGEEA - FINAL.pptxSEMINÁRIO QUIMICA AMBIENTAL -  PPGEEA - FINAL.pptx
SEMINÁRIO QUIMICA AMBIENTAL - PPGEEA - FINAL.pptxCompartilhadoFACSUFA
 
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?Rosalina Simão Nunes
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADOcarolinacespedes23
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelGilber Rubim Rangel
 
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalGerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalJacqueline Cerqueira
 
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -Aline Santana
 
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptxVARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptxMarlene Cunhada
 
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdfPortfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdfjanainadfsilva
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptMaiteFerreira4
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavrasMary Alvarenga
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.silves15
 
A poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e CaracterísticassA poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e CaracterísticassAugusto Costa
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 

Último (20)

AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptxAULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
 
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMCOMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
 
interfaces entre psicologia e neurologia.pdf
interfaces entre psicologia e neurologia.pdfinterfaces entre psicologia e neurologia.pdf
interfaces entre psicologia e neurologia.pdf
 
ANATOMIA-EM-RADIOLOGIA_light.plçkjkjiptx
ANATOMIA-EM-RADIOLOGIA_light.plçkjkjiptxANATOMIA-EM-RADIOLOGIA_light.plçkjkjiptx
ANATOMIA-EM-RADIOLOGIA_light.plçkjkjiptx
 
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila RibeiroLivro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila Ribeiro
 
SEMINÁRIO QUIMICA AMBIENTAL - PPGEEA - FINAL.pptx
SEMINÁRIO QUIMICA AMBIENTAL -  PPGEEA - FINAL.pptxSEMINÁRIO QUIMICA AMBIENTAL -  PPGEEA - FINAL.pptx
SEMINÁRIO QUIMICA AMBIENTAL - PPGEEA - FINAL.pptx
 
Bullying, sai pra lá
Bullying,  sai pra láBullying,  sai pra lá
Bullying, sai pra lá
 
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
 
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalGerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
 
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
 
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptxVARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
 
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdfPortfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavras
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
 
A poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e CaracterísticassA poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e Característicass
 
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptxSlides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
Slides Lição 03, Central Gospel, O Arrebatamento, 1Tr24.pptx
 

A estrutura da notícia jornalística

  • 1. 1 A ESTRUTURA DO TEXTO JORNALÍSTICO A notícia é o relato do fato, com texto, geralmente, mais simples, seco. Você vai entender como funciona. Você acredita que a notícia que ouvimos no rádio, assistimos na TV, lemos no jornal impresso ou na Internet é um fato em si ou é uma interpretação de um fato? Para responder isso, observe por alguns segundos a figura reproduzida acima. O que você vê? Uma vaca? Se você respondeu que sim, a sua resposta estava quase certa. Não se trata de uma vaca, mas de uma representação de uma vaca, não é? Com a linguagem escrita acontece a mesma coisa: ela representa algo, como objetos, valores, ideias. Logo, a notícia não é o fato em si, mas sim uma interpretação desse fato, certo? Analise a pequena notícia a seguir. Escorpiões assustam Vila São José Os moradores da Vila do Coque, na Boa Vista, estão assustados com o grande número de escorpiões que têm sido encontrados na região. Eles também se indignaram com a sugestão de um técnico da Vigilância de Sanitária da Prefeitura do Recife, que aconselhou a população a espalhar galinhas pelas ruas para resolver o problema. Os moradores acreditam que a proliferação tenha começado em um terreno onde havia uma casa abandonada. (“Coque News” - 28/10 a 3/11/2015) Assunto Pelo assunto e pelo nome do veículo de imprensa, percebe-se que se trata de um jornal de bairro, destinado a uma comunidade particular de leitores - os moradores do Ipiranga, bairro da cidade de Recife. A estrutura da notícia Veja que a notícia se estruturou em apenas dois parágrafos. O primeiro - chamado de "lide" - sintetiza os dados principais: quem, onde, o quê. Se o leitor ler apenas esse parágrafo, já fica sabendo se quer ou se precisa continuar a ler a notícia. A leitura de um jornal é seletiva, isto é, o leitor escolhe o que quer ler, por isso, não precisa ler tudo que está escrito no jornal para se informar. É bem diferente da leitura de outros gêneros como, por exemplo, um conto, um romance, cuja leitura integral é obrigatória para sua compreensão. Na notícia do jornal "Coque News", os dados do lide são: QUEM: os moradores da Vila do Coque; ONDE: na Vila do Coque, Bairro da Boa Vista, na cidade do Recife; O QUÊ: moradores assustados com a quantidade de escorpiões na região.
  • 2. 2 O segundo parágrafo "expande a notícia", isto é, dá mais detalhes a respeito do fato: Os moradores estão indignados com a Vigilância Sanitária da Prefeitura, que sugere que eles criem galinhas, como forma de resolver o problema da proliferação dos escorpiões; Os moradores têm uma explicação para o aumento dos escorpiões: uma casa abandonada. Linguagem coloquial A linguagem do jornal é, preferencialmente, coloquial (próxima à maneira como falamos). Isso acontece intencionalmente, como forma de se aproximar e se adequar ao leitor, ao buscar uma comunicação mais eficiente. Outra característica da linguagem jornalística é sua tentativa de mostrar imparcialidade, neutralidade sobre aquilo que relata. Veja que o jornalista do "Ipiranga News" pretende se mostrar imparcial, apresentando distanciamento do fato. Essa aparência de imparcialidade é conseguida por: Ausência de enunciados de opinião. Há fatos, acontecidos com outros e que não têm nada a ver com o jornal, como em "Os moradores também se indignaram..."; Privilégio do uso de terceira pessoa ("os moradores", "eles"); Não uso de adjetivos que possam dar impressão de subjetividade, de interferência da opinião do jornalista. Não se admite, por exemplo, uma notícia que fale em um homem velho, em prédio alto, bairro distante. Para dar impressão de que os fatos são relatados com a maior precisão possível uma notícia informa, por exemplo: homem branco, 85 anos; prédio de doze andares; bairro da periferia da cidade de Recife etc.; A busca de exatidão faz com que se privilegiem os verbos no modo indicativo: "estão assustados", "têm sido encontrados", "se indignaram", "aconselham", "acreditam", "tenha começado", "havia". O QUE É NOTÍCIA? Poema tirado de uma notícia de jornal João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro Bebeu Cantou Dançou Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado. (Manuel Bandeira. "Poesia completa e prosa". Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983) Pode-se perceber que o poema dialoga com a notícia e que o fato - a morte de uma pessoa - poderia mesmo ser uma notícia de jornal. Mas o que Manuel Bandeira escreve não é uma notícia, mas um poema em que mostra uma
  • 3. 3 contradição da vida brasileira: ficar famoso, para alguns, acontece somente quando isso é tragédia... Agora, voltemos à história do escorpião. Perigo à vista Na bonita manhã de sol da segunda-feira, seu Joaquim, morador mais antigo da rua Jurupá, foi comprar pão na padaria. Encontrou-se com Dona Maria que também estava saindo para o trabalho e foram conversando sobre os preços absurdos de tudo, nos dias atuais. No caminho encontraram dois escorpiões, perto da casa abandonada, cujo dono havia morrido há muito tempo e, porque o inventário nunca acabava, ninguém conseguia vender ou alugar o imóvel. Esse fato foi motivo para mais conversa sobre ‘o fim dos tempos’ da vida moderna. Dona Nenê, vizinha de seu Joaquim, quando lavava roupa, num certo dia, também encontrou escorpiões em seu quintal. Foi um alvoroço só… Mas o problema maior foi quando um escorpião picou uma das filhas do seu Agenor. Ele, indignado, na volta do hospital, chamou a Vigilância Sanitária. Os técnicos sugeriram que uma boa forma de acabar com os escorpiões era criar galinhas. Que fazer? Veja que, embora o assunto seja o mesmo da notícia extraída do "Ipiranga News", não se pode considerar o texto acima uma notícia. A organização textual, por exemplo, é muito diferente de uma notícia. Vejamos algumas diferenças. Sequência do texto Linguagem Escorpiões assustam Vila São José Do fato mais importante para os detalhes Objetiva. Procura ser neutra Perigo à vista Sequência temporal da narrativa, cujo acontecimento principal está diluído no texto Detalhada na construção das personagens e do cenário. Cada elemento ajuda a compor o enredo. Em uma notícia, os eventos não são ordenados por sua sequência temporal como em uma história, ou seja, o jornalista não tem a pretensão de relatar os fatos na ordem em que, supõe-se, ocorreram. Os eventos são apresentados pelo interesse, na perspectiva de quem conta e, principalmente, pelo que o leitor/ouvinte/telespectador/internauta pode considerar mais importante. É evidente que quem informa faz uma seleção prévia dos eventos a serem destacados, relatando-os em função do evento principal e da ideologia do jornal.
  • 4. 4 CONCEITO DE NOTÍCIA Leia o que diz um especialista no assunto: Notícia: relato de uma série de fatos a partir do fato mais importante. A estrutura da notícia é lógica; o critério de importância e interesse envolvido em sua produção é ideológico: atende a fatores psicológicos, comportamentos de mercado, oportunidades, etc. (Nilson Lage. "A estrutura da notícia". São Paulo: Ática, 1993) : Por mais que informe ser imparcial, ou que afirme traduzir com exatidão a veracidade dos fatos, a imparcialidade absoluta numa notícia é impossível, pois o redator tem que escolher o que vai contar - que acontecimentos, dentre outros, pode se transformar em uma notícia que venda mais. Determinado "o quê", ainda há "o como", isto é, como atingir o leitor de maneira mais direta, o que implica uma determinada seleção de vocabulário, destaque para o tipo de letra, tamanho da notícia, lugar em que a notícia vai aparecer no jornal, abordagem etc...: É necessário compreender que o jornalismo não retrata nem cria fatos, e sim constrói visões dos fatos. O jornal legitima uma opinião sobre os fatos, a depender de sua linha editorial, dos leitores que quer atingir. Nesse quadro, a notícia é uma construção de visões e não os fatos em si.