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O HIBRIDISMO LINGUISTICO E A PERSUASÃO NAS MARCAS CULTURAIS DO
PAQUISTÃO NA PUBLICIDADE DA COCA COLA
Cessari Moara Beltrame (IC) e Mariza de Fatima Reis (Orientadora).
Apoio: PIVIC Mackenzie


Resumo

Esse artigo apresenta o desenvolvimento e os resultados da pesquisa em torno do hibridismo
lingüístico como estratégia de persuasão aplicada em quatro peças publicitárias da Coca-Cola
veiculadas em 2008 no Paquistão, a pesquisa teve como objetivo principal o estudo do hibridismo
entre os idiomas inglês e urdu, idioma oficial paquistanês com o inglês, idioma herdado da
colonização britânica, nas peças foram utilizadas diferentes imagens de um costume Paquistanês
chamado truck art e o idioma urdu mesclado com o tradicional slogan da marca In the coke side of life
na tentativa de aproxima o possível consumidor da marca, no discurso da propaganda o uso da
língua como um meio de conexão com os valores paquistaneses, e o conceito do hibridismo na pós-
modernidade representado pela utilização do urdu, exemplificam como se pode estabelecer uma
relação de consumo eficiente, os recursos de convencimento utilizados pela marca foram evidentes e
contribuirão para a construção desse estudo, no panorama midiático em que vivemos a propaganda
se posiciona de maneira versátil e convincente para posicionar-se com destaque no cenário mundial
a marca tem que cada dia mais segmentar a propaganda para diversos públicos, minorias essas que
são inseridas na dinâmica de consumo para não denegar a sua importância.

Palavras chave: hibridismo linguístico, identidade e persuasão.


Abstract

This article present the development and results of research on linguist hybridism as a strategy of
persuasion applied to four advertisements for Coca Cola conveyed in 2008 in Pakistan, the research
had as main objective the study of hybridization between English and Urdu, Pakistan's official
language with English language inherited from British rule in parts have used different images of a
custom truck called Pakistani Urdu language and art merged with the traditional slogan of the brand In
the Coke side of life in an attempt to approach the potential consumer brand in the discourse of
advertising the use of language as a means of connecting with the values Pakistanis, and the concept
of hybridity in post-modernity represented by the use of Urdu, exemplifies how one can establish a
relationship of efficient consumption, the resources of persuasion used by the brand were evident and
contribute to the construction of this study, the media landscape we live in the advertisement is
positioned so versatile and convincing to position itself on the global stage with a brand that has
increasingly target advertising to different audiences , those minorities that are inserted in the
dynamics of consumption not to deny its importance.

Key-words: linguistic hybridism, identity and persuasion.




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VII Jornada de Iniciação Científica - 2011


INTRODUÇÃO

As propagandas da Coca Cola sempre têm grande repercussão na mídia, pois abordam
assuntos como felicidade, superação e no caso das peças veiculadas em 2008 no
Paquistão, fazem utilização da sensação de pertencimento, driblam a sensação de
estranheza da relação EUA e Paquistão com a adequação da mensagem publicitária.

Avaliar a colocação da Coca Cola no Paquistão através da utilização do hibridismo
linguístico na propaganda.



REFERENCIAL TEÓRICO

Os três principais elementos do processo de comunicação são interdependentes e o
resultado desse processo só pode ser notado quando “envolve na sua essência um
propósito (ainda que geneticamente programado) que é o de um ser influenciar outro,
modificar seu pensamento, obter uma resposta” (PEREIRA, 2005) no caso da publicidade da
Coca Cola no Paquistão o propósito da comunicação publicitária seria o consumo e a
aceitação da marca de refrigerantes pelo povo Paquistanês.

A propaganda em tais países é influenciada pelas relações comerciais dos mesmos com as
grandes corporações “Há também alguns produtos que ainda não eram conhecidos na
época de Dário. Mercadorias contrabandeadas como cigarros de nomes exóticos como
Pleasure, Wave ou Pine e Coca-Cola pirata do Paquistão” (SEIERSTAD, 2009, p.94)

O Paquistão é um dos dois Estados criados com a dissolução do Império Britânico na Índia,
em 1947, com cerca de 800 km² de extensão, pouco menos que a Região Sudeste do Brasil
e aproximadamente 140 milhões de habitantes. O Paquistão tem um papel importante no
contexto geopolítico do subcontinente Indiano e das áreas adjacentes.

Em termos de Hibridismo lingüístico faz se necessário ressaltar a introdução do idioma
URDU à propaganda da Coca-Cola, mesclando o slogan em inglês com expressões no
idioma Paquistanês, a propaganda tem a intenção de conquistar o público-alvo procurando a
resposta positiva que será emitida pelo receptor da mensagem. Trata-se de uma estratégia
que busca alcançar o público pelo que ele está acostumado a ver, adequando a mensagem
ao contexto do receptor.

Segundo BURKE (2007) o urdu é originário de uma mistura do vernáculo local com palavras
persas, onde a base gramatical era nativa, e a superestrutura em grande parte estrangeira.
Dessa forma, as ramificações que compõe o Urdu eliminam qualquer mito de que a língua
tenha pura e simplesmente uma única origem, devido à complexidade e a multiplicidade de
expressões, faz-se necessário o emprego de expressões de diversas origens, ainda para o


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autor, o movimento de adoção da língua intrusa é lento e gradual, porém como
consequência da adoção dessa língua, o individuo ficara exposto a um novo idioma e a uma
nova e atraente cultura, tal adoção é possibilitada pelo fato de que a pós-modernidade
fragmentou a identidade do sujeito fazendo com que ele ficasse apto a novos conceitos e
costumes.

A utilização do Urdu é um instrumento de persuasão da marca para com o público
consumidor, levando em consideração que são muitas as interpretações de uma mesma
mensagem já que essa está diretamente ligada ao repertório do receptor, a Coca-Cola,
maior empresa de refrigerantes do mundo que vende cerda de um bilhão de doses da
bebida por dia, teve uma atenção especial ao criar peças publicitárias para serem veiculadas
no Paquistão em 2008. A empresa fez uso de um costume Paquistanês conhecido como
“truck art” (arte de caminhão), é tradição no Paquistão as pessoas customizarem seus
caminhões como forma de manifestação artística; mesclando expressões escritas em urdu
ao slogan em inglês.

Já que a homogeinidde cultural está se dissipando e consequentemente esse sujieto pode
absorver coisas novas, pois não há mais um sujeito unificado e linear, é necessário que o
emissor esteja atento ao conteúdo da mensagem para que a mensagem faça parte do
repertório do mesmo. Compete ao entendimento do indivíduo Paquistanês o inglês como
idioma oficial, herança da colonização inglesa, no entanto a utilização do urdu na
propaganda tem por finalidade não exclusivamente comunicar, mas fazer com que a marca
se torne familiar aos valores culturais do indivíduo.

Por ter como base a comunicação, a propaganda propõe a utilização da reflexão da
identidade do público para a construção de um processo de identificação, baseado em
componentes como gênero, raça, classe e cultura nacional com o objetivo de unificar a
identidade cultural para representá-los como parte de uma mesma grande família nacional
(Hall, 2005).

A persuasão como procedimento necessário na dinâmica de consumo implica no domínio do
processo de comunicação, dos modos de argumentar e das formas de linguagem.


                        Se as palavras, por exemplo, possuem dimensões mais ou menos neutras quando
                        estão em situação de dicionário, ao se contextualizarem, passam a expandir valores,
                        pré-conceitos. As palavras no contexto perdem sua neutralidade e passam a indicar
                        aquilo a que chamamos propriamente de ideologia (CITELLI, 2006 p. 31)




No âmbito da propaganda a ideologia está ligada ao pertencimento, determinado individuo
faz parte de um grupo no qual ele baseia suas preferências, grupo esse que pode ser


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religioso, cultural, geográfico entre muitos outros e então a marca tenta contextualizar sua
propaganda as preferências desse individuo, se insere no grupo, mostra que conhece os
costumes e consequentemente tenta explicitar que se preocupa com o consumidor.



                      O conteúdo de um meio é como a “bola” de carne que o assaltante leva consigo para
                      distrair o cão de guarda de mente. O efeito de um meio se torna mais forte e intenso
                      justamente porque o seu conteúdo é um outro meio. O conteúdo de um filme é um
                      romance, uma peça ou uma ópera. O efeito da forma fílmica não está relacionado ao
                      conteúdo do seu programa. O Conteúdo da escrita ou da imprensa é a fala, mas o
                      leitor permanece quase que inteiramente inconsciente, seja em relação à palavra
                      impressa, seja em relação à palavra falada. (MCLUHAN, 2002, p. 33)




Levando-se em consideração o pensamento de MCLUHAN o fato de a Coca-Cola veicular
peças que exaltam a cultura Paquistanesa e o idioma URDU, trazendo na peça também a
propaganda da marca, quase que como elemento secundário; essa exaltação da cultura
nacional seria a “bola” de carne usada pela empresa para distrair o cão de guarda da mente
do receptor, o conceito que o receptor tem da língua inglesa, as percepções que ele tem da
marca e da mensagem e trazê-lo para um universo mais simpático à aquele produto, a
utilização do Urdu pode ser considerada um instrumento híbrido de persuasão, pois a
mensagem adequada ao entendimento do público-alvo tem por objetivo se tornar mais
eficiente, pois, para haver comunicação não basta existirem um emissor, uma mensagem e
um receptor, é necessário haver entendimento.



                      A Língua como código de uma instituição social é então, praticamente, a linguagem
                      menos a Fala, representando um sistema de valores. Como instituição social, ela
                      não é absolutamente um ato, escapa a qualquer premeditação; é a parte social da
                      linguagem; o indivíduo não pode sozinho, nem criá-la nem modificá-la. Trata-se
                      essencialmente de um contrato coletivo ao qual temos de submeter-nos em bloco se
                      quisermos comunicar (...) (BARTHES, 1977, p. 18)




Quando o autor faz referencia ao termo submeter-nos que no português significa Sujeitar;
obrigar; subjugar. Ele exemplifica a relação da propaganda com o público consumidor,
pensando em se aproximar do público a marca utiliza o principal idioma do país, o que se
torna um fato a ser destacado, pois o inglês, língua oficial do país de origem da marca os
Estados Unidos da América, poderia ser utilizada no Paquistão, porque é o idioma oficial e o
país possui um histórico de colonização inglesa, portanto o idioma é de conhecimento de
todos, se não da grande maioria, porém a marca faz utilização de um idioma individual e que
traz consigo toda a identidade de um povo. Há um esforço da marca para se aproximar do
consumidor paquistanes, ela poderia simplesmente utilizar o ingles nas peças, porém o



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ingles traz para os paquistaneses as lembranças do colonialismo Inglês, da luta pela
independencia e até algo que faz referencia a chamada “guerra ao terror” estabelecida pelos
EUA contra os países islamicos após o 11 de setembro de 2001, temos então um
contraponto, quando Bhabha (2005) diz que a aceitação do novo ocasiona a “subversão da
identidade pura”.

BARTHES (1977) exemplifica a relação contrária, dizendo que a comunicação é baseada na
aceitação do emissor em adequar a mensagem ao receptor, nesse caso essa aceitação
implica na análise do ambiente cultural do receptor, pode-se falar inglês com todo mundo,
porém não são todas as pessoas que o entendem.

Comunicar é condição necessária, mas não suficiente. É preciso ainda satisfazer outras
condições. Uma delas é a sintonia, a conexão que deve existir entre emissor, mensagem e
receptor deve ser eficiente.

BHABHA (2005) também discute os conceitos de homogeneidade da Identidade Nacional,
confirmando assim os conceitos do Hibridismo cultural. A identidade cultural não pode ser
singular já que a diversidade cultural é global e o deslocamento de identidade é constante,
tal identidade é construída na representação de uma cultura, uma fôrma na qual foi
construída uma concepção de que o individuo pertence a algo maior.



                       Assim ao invés de identidade como uma coisa acabada, deveríamos falar de
                       identificação, e vê-la como um processo em andamento. A identidade surge não
                       tanto da plenitude da identidade que já está dentro de nós como indivíduos, mas de
                       uma falta de inteireza que é “preenchida” a partir de nosso exterior, pelas formas
                       através das quais nós imaginamos ser vistos por outros. (HALL, 2005, P.39).




Quando a cultura é colocada em destaque sabe-se que todos os componentes da mesma
sao considerados, e o principal componente de sua cultura e seu idioma, e a lingua que faz
a ligacao de pertencimente entre o individuo e seu pais.

É importante sinalizar a força que a identidade nacional exerce sobre o indivíduo, pois diante
da proporção das mudanças na pós-modernidade a sensação de pertencimento para o
individuo é fundamental e indispensável. Mesmo no caso de um país como o Paquistão que
apresenta uma conotação internacional negativa, já que nos remete ao terrorismo e a guerra
estas possibilidades de persuasão são consideradas pela marca que está objetiva inseriri
seu produto, como no caso da Coca Cola a abertura desse mercado para o mundo se deve
a globalizacao fato esse que reflete a corrida das grandes marcas no mercado econômico
pelos fatores impulsionastes no processo de aceitação de novos produtos de consumo; já
que as sociedades modernas são sociedades de mudança constante, rápida e permanente;



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e o uso dessa nova língua faz a conexão com outros valores, isso permite a Coca Cola
inserir na realidade Paquistanesa um produto americano.



                       Em qualquer sociedade razoavelmente complexa, ainda que pré-nacional, sob
                       demorada ocupação estrangeira, pode-se esperar um movimento lento e gradual no
                       sentido da adoção da lingua intrusa. Aprendê-la pode criar muitas oportunidades,
                       especialmente para os instruidos. São as camadas mais altas do povo conquistado,
                       principalmente entre os que moram nas cidades, que farão a mudança primeira,
                       sobretudo se o novo idioma for acompanhado por uma nova e atraente cultura
                       (BHABHA, pg.263 2007)




A evolução e as mudanças ocorridas ao longo dos anos são os principais fatores que
fundam e originam diferenças e discriminações. Pensando na “priorização das minorias” e
nos conflitos sociais BHABHA (2007) nos mostra que ao desenvolver um trabalho
publicitário voltado para um país com uma conotação diplomática negativa a intenção é
ressaltar a importância do consumo dessas minorias, podemos também pensar que o
conceito de uma sociedade extensa e com características homogêneas não pode ser levado
em consideração quando falamos de comunicar, já que cada indivíduo carrega consigo suas
preferências e características.

A adequação da mensagem à realidade do público-alvo tem por objetivo facilitar a
aproximação entre emissor e receptor adequando corretamente o conteúdo da mensagem,
pois quando outra cultura tida como invasora é colocada em evidência, como no caso da
invasão da cultura paquistanesa pela americana, instituiu-se no povo Paquistanês um olhar
de defesa ideológica, portanto é do interesse da marca que o idioma possa se tornar um
mediador de interesses, o urdu utilizado pelo receptor faz a diplomacia entre emissor e
receptor, sabe-se que o forte posicionamento da Coca-Cola em todo o mundo estabelece
um dos principais acontecimentos da propaganda no mundo, tal desempenho reflete o
investimento da marca em comunicação que combinada a estratégias de marketing são
notoriamente eficazes em grande parte do mundo e quando a marca exalta a cultura
Paquistanesa ela leva em consideração o pensamento das identidades marcadas pela
diferença, que dependem dessa diferença para se afirmar, acabando com a essência da
“identidade pura” segundo BHABHA (2007) que também diz que o hibridismo é uma ameaça
à “soberania cultural”, pois com a aceitação do novo desfaz-se a unidade, a singularidade da
língua e da cultura e abre-se um espaço para a subversão da identidade pura, quando o
autor propõe que a nação seja pensada de fora para dentro, pensa-se primeiro nas minorias
marginais e depois no todo conciso, a conclusão que podemos ter é que a importância da
característica de uma nação está nas pequenas diferenças.




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A mudança a qual a cultura é submetida pode condiciona-la a uma condição de perda de
identidade, pois quando uma cultura é inundada com outros conceitos perde-se a identidade
única e principal tornando-a pulverizada por muitas outras culturas das minorias, tal
acontecimento pode ser descrito como subversão da cultura nacional que é um fenômeno
proveniente da evolução, a comunicação e as novas tecnologias facilitam o acesso das
pessoas às informações que até então só poderiam ser encontradas em determinados
lugares e só estavam disponíveis em versões físicas, o que dificultava o acesso as mesmas,
a internet faz a democratização das culturas, possibilitando que indivíduos que até então
eram imersos em suas culturas planificadas se misturem aos outros costumes e até mesmo
tragam para suas vidas diferentes identidades convivendo em um mesmo contexto, segundo
HALL (2005) a pós modernidade ocasionou o surgimento de identidades híbridas.

A Linguagem como instrumento de comunicação é parte fundamental da mensagem
publicitária, porém a fragmentação do indivíduo pós-moderno faz com que a linguagem
utilizada seja ao mesmo tempo inteligível e tenha as características culturais do receptor.
Segundo Hall “As nações modernas são, todas, híbridos culturais (HALL, 2005)

Retomando o conceito de globalização de Stuart Hall, (2005) procura-se neste trabalho
estabelecer uma relação entre o público alvo, os paquistaneses e a mensagem que
juntamente com o slogan vem escrita em Urdu.


                      No mundo moderno, as culturas nacionais em que nascemos se constituem em uma
                      das principais fontes de identidade cultural. Ao nos definirmos, algumas vezes
                      dizemos que somos ingleses ou galeses ou indianos ou jamaicanos. Obviamente, ao
                      fazer isso estamos falando de forma metafórica. Essas identidades não estão
                      literalmente impressas em nossos genes. Entretanto, nós efetivamente pensamos
                      nelas como se fossem parte de nossa natureza essencial (HALL, 2005 p. 47)




Na tentativa de criar unidade, a cultura que é comum a todos tem o intuito de unificar a
identidade nacional, criando no indivíduo a sensação de pertencimento, conduz as diversas
características de determinada identidade a uma única característica, buscando diminuir as
partes ruins da pós-modernidade, busa-se a integração no ambiente cultural pós-moderno,
porque com a mudanã do processo de identificação as identidades híbridas estão tomando
o lugar das antigas identidades nacionais (HALL, 2005).

Com o dissolvimento das antigas identidades nacionais uniformes, abre-se espaço para que
a cultura nacional seja invadida por novos costumes, crenças e até mesmo uma nova
língua, o surgimento das identidades híbridas desfaz a unidade nacional.




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                       Reconstruir o discurso da diferença cultural exige não apenas uma mudança de
                       conteúdos e símbolos culturais; uma substituição dentro da mesma moldura
                       temporal de repersentação nunca é adequada. Isto demanda uma revisão radical da
                       temporalidade social na qual histórias emergentes possam ser escritas; demanda
                       também a rearticulação do "signo" no qual se possam inscrever identidades culturais
                       (BHABHA, pg.240 2007)




Todos os processos de mudanca que envolvem uma traducao da cultura representam uma
forma complexa de significacao, pois a cultura nao se resume a unidade da mesma, é
composta e influenciada pelas mudanças naturais que ocorrem na sociedade, Segundo
RAJA (2003) a identidade do sujeito é complexa se pensada em processo de (re) construção
constante. Individualidade, em nossa cultura está vinculada a sobrevivência, portando
podemos pensar que a identidade é o que norteia nossa existência.



MÉTODO

Como metodologia para este projeto foi realizado um levantamento bibliográfico através da
abordagem qualitativa sobre conceitos a respeito da representação dos valores culturais nas
linguagens verbal e visual das estratégias persuasivas de comunicação publicitária e da
importância do hibridismo cultural na pós-modernidade como conseqüência da globalização.
Levantamento teórico este que a seguir foi aplicado na análise das traduções das peças
veiculadas em 2008 no Paquistão.



RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nas peças podemos notar uma composição diferente do layout habitual das propagandas da
marca, a identidade visual do truck art é trabalhada como cartão de visitas da peça, as cores
e os elementos fazem parte do referencial dos Paquistaneses, tais elementos são
corriqueiros no dia a dia do povo e todos esses elementos visuais saem de dentro da
garrafa de Coca-Cola mostrando que o refrigerante pode te oferecer um mundo de
identificação, também temos o URDU como idioma de destaque na composição da
“chamada” verbal da peça, trabalhando conceitos como estilo, identidade e caminho, todos
relacionados à formação e a cultura desses indivíduos.

Faz-se prudente a análise da abordagem da marca com relação ao povo Paquistanês por se
tratar de países que tem entre si uma relação diplomática estremecida por questões
culturais e de conflito, pois conforme as sociedades evoluem, o mundo no âmbito da
evolução social, atua para fornecer a integração de culturas divergentes, possibilitando o




                                                                                                        8
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conhecimento dos costumes para que esses não sejam suplantados pelas transações
comerciais estabelecidas através da cultura.

Os slogans levantam questões relacionadas a identidade e ao pertencimento. A utilização
do hibridismo lingüístico atua no imaginário social, fazendo com que o URDU seja a
representação da identidade lingüística na propaganda da Coca-Cola no Paquistão, a
ideologia dos indivíduos nos direciona ao fato de que tais grupos têm em comum a
nacionalidade, Refresque o seu estilo no lado Coca-Cola da vida, nos remete a
individualidade, significa que coisas boas acontecem no lado Coca Cola da vida, Reconheça
a sua identidade no lado Coca-Cola da vida, resume todo o interesse da pesquisa quando
une na mesma chamada publicitária identidade e reconhecimento, pois é isso que o
individuo quer ao consumir a marca, quer se sentir percebido, ser reconhecido como ela, “O
meu caminho está no lado Coca-Cola da vida”, o leva a pensar que ela faz parte de sua
vida.

                                     Figura 1: Hai apna: sua, seu.
                       Texto original: Fresh hai opna style on the coke side of life
                   Tradução sugerida inglês: Fresh you style on the Coke side of life
             Tradução sugerida português: Refresque o seu estilo no lado Coca-Cola da vida




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                Figura 2: Apni pehchaan: recognize your identity
       Tradução original: Celebrate apni pehchaan on the Coke side of life
    Tradução sugeridal ingles: Recognize your identity on the Coke side of life
Texto sugerido português: Reconheça a sua identidade no lado Coca-Cola da vida




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         Figura 3: Naye hain apnay raastay: my way is the,their way
       Texto original: Naye hain apnay raastay on the coke side of life
        Tradução sugerida inglês: My way is on the coke side of life
Tradução sugerida português: O meu caminho está no lado Coca-Cola da vida




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                                        Figura 4: Kartay hain: do
                 Texto original: Kartay hain celebrate non-stop on the coke side of life
              Tradução sugerida inglês: Do celebrate non-stop on the coke side of my life
             Tradução sugerida português: Celebrar nunca para no lado Coca-Cola da vida




CONCLUSÃO

A globalização e a corrida pelo topo da pirâmide econômica são fatores que impulsionam o
processo de aceitação de novas culturas e idiomas, pois o uso da língua faz a conexão com
os valores, pensando na compatibilidade da propaganda com o público nota-se a



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Universidade Presbiteriana Mackenzie


importancia do idioma no universo do receptor, tal identidade diz respeito à aquilo que o
individuo conhece, convive e consequentemente aceita pra si, com a aplicação desse
pensamento à pratica, busca- se a eficiência de comunicar com “simpatia”, eu posso
entender o que voce diz em outros idiomas porém se voce disser no meu idioma eu
contextualizo com mais facilidade a informação, é natural que o receptor absorva com mais
facilidade o que é comum à ele, o que não é imposto e sim naturalmente incorporado por
ele, como o idioma e a cultura nacional à qual ele pretence.




REFERÊNCIAS

BARTHES, Roland Elementos da Semiologia, 14ª ed. São Paulo Ed. Cultrix, 1997

BHABHA, Homi K. O Local da cultura, 2ª ed. Minas gerais, Ed. UFMG, 2005.

BURKE, Peter Linguagem, Individuo e sociedade, 1ª ed. São Paulo Ed. Unesp, 1994.

CITELII, Adilson Linguagem e Persuasão, São Paulo, 8ª ed, Ed. Ática, 200

HALL, Stuart Identidade cultural na pós-modernidade 10 ª ed. Rio de Janeiro Ed. DP&A
2005.

KANAVILLIL, Rajagopalan Por uma lingüística critica: Linguagem, identidade e questão
ética, São Paulo, Ed. Parábola, 2003.

MCLUHAN, Marshall Os meios de comunicação como extensão do homem, 12 ª ed. São
Paulo, Ed. Cultrix, 2002

PEREIRA, José Haroldo Curso básico de teoria da comunicação, 3ª ed. Rio de Janeiro
Ed. Univercidade, 2005.

VESTERGAARD, Torben A linguagem da propaganda São Paulo, Ed. Martins Fonte, 2000.

Blog advertido São Paulo, disponível em: <http://adivertido.com/truck-art-do-paquistao-
inspira-pecas-para-coca-cola/> Acesso em: 20 de set. 2009.




Contato: ce_beltrame@hotmail.com e marizareis@mackenzie.br




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Hibridismo linguístico e persuasão na Coca-Cola no Paquistão

  • 1. Universidade Presbiteriana Mackenzie O HIBRIDISMO LINGUISTICO E A PERSUASÃO NAS MARCAS CULTURAIS DO PAQUISTÃO NA PUBLICIDADE DA COCA COLA Cessari Moara Beltrame (IC) e Mariza de Fatima Reis (Orientadora). Apoio: PIVIC Mackenzie Resumo Esse artigo apresenta o desenvolvimento e os resultados da pesquisa em torno do hibridismo lingüístico como estratégia de persuasão aplicada em quatro peças publicitárias da Coca-Cola veiculadas em 2008 no Paquistão, a pesquisa teve como objetivo principal o estudo do hibridismo entre os idiomas inglês e urdu, idioma oficial paquistanês com o inglês, idioma herdado da colonização britânica, nas peças foram utilizadas diferentes imagens de um costume Paquistanês chamado truck art e o idioma urdu mesclado com o tradicional slogan da marca In the coke side of life na tentativa de aproxima o possível consumidor da marca, no discurso da propaganda o uso da língua como um meio de conexão com os valores paquistaneses, e o conceito do hibridismo na pós- modernidade representado pela utilização do urdu, exemplificam como se pode estabelecer uma relação de consumo eficiente, os recursos de convencimento utilizados pela marca foram evidentes e contribuirão para a construção desse estudo, no panorama midiático em que vivemos a propaganda se posiciona de maneira versátil e convincente para posicionar-se com destaque no cenário mundial a marca tem que cada dia mais segmentar a propaganda para diversos públicos, minorias essas que são inseridas na dinâmica de consumo para não denegar a sua importância. Palavras chave: hibridismo linguístico, identidade e persuasão. Abstract This article present the development and results of research on linguist hybridism as a strategy of persuasion applied to four advertisements for Coca Cola conveyed in 2008 in Pakistan, the research had as main objective the study of hybridization between English and Urdu, Pakistan's official language with English language inherited from British rule in parts have used different images of a custom truck called Pakistani Urdu language and art merged with the traditional slogan of the brand In the Coke side of life in an attempt to approach the potential consumer brand in the discourse of advertising the use of language as a means of connecting with the values Pakistanis, and the concept of hybridity in post-modernity represented by the use of Urdu, exemplifies how one can establish a relationship of efficient consumption, the resources of persuasion used by the brand were evident and contribute to the construction of this study, the media landscape we live in the advertisement is positioned so versatile and convincing to position itself on the global stage with a brand that has increasingly target advertising to different audiences , those minorities that are inserted in the dynamics of consumption not to deny its importance. Key-words: linguistic hybridism, identity and persuasion. 1
  • 2. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 INTRODUÇÃO As propagandas da Coca Cola sempre têm grande repercussão na mídia, pois abordam assuntos como felicidade, superação e no caso das peças veiculadas em 2008 no Paquistão, fazem utilização da sensação de pertencimento, driblam a sensação de estranheza da relação EUA e Paquistão com a adequação da mensagem publicitária. Avaliar a colocação da Coca Cola no Paquistão através da utilização do hibridismo linguístico na propaganda. REFERENCIAL TEÓRICO Os três principais elementos do processo de comunicação são interdependentes e o resultado desse processo só pode ser notado quando “envolve na sua essência um propósito (ainda que geneticamente programado) que é o de um ser influenciar outro, modificar seu pensamento, obter uma resposta” (PEREIRA, 2005) no caso da publicidade da Coca Cola no Paquistão o propósito da comunicação publicitária seria o consumo e a aceitação da marca de refrigerantes pelo povo Paquistanês. A propaganda em tais países é influenciada pelas relações comerciais dos mesmos com as grandes corporações “Há também alguns produtos que ainda não eram conhecidos na época de Dário. Mercadorias contrabandeadas como cigarros de nomes exóticos como Pleasure, Wave ou Pine e Coca-Cola pirata do Paquistão” (SEIERSTAD, 2009, p.94) O Paquistão é um dos dois Estados criados com a dissolução do Império Britânico na Índia, em 1947, com cerca de 800 km² de extensão, pouco menos que a Região Sudeste do Brasil e aproximadamente 140 milhões de habitantes. O Paquistão tem um papel importante no contexto geopolítico do subcontinente Indiano e das áreas adjacentes. Em termos de Hibridismo lingüístico faz se necessário ressaltar a introdução do idioma URDU à propaganda da Coca-Cola, mesclando o slogan em inglês com expressões no idioma Paquistanês, a propaganda tem a intenção de conquistar o público-alvo procurando a resposta positiva que será emitida pelo receptor da mensagem. Trata-se de uma estratégia que busca alcançar o público pelo que ele está acostumado a ver, adequando a mensagem ao contexto do receptor. Segundo BURKE (2007) o urdu é originário de uma mistura do vernáculo local com palavras persas, onde a base gramatical era nativa, e a superestrutura em grande parte estrangeira. Dessa forma, as ramificações que compõe o Urdu eliminam qualquer mito de que a língua tenha pura e simplesmente uma única origem, devido à complexidade e a multiplicidade de expressões, faz-se necessário o emprego de expressões de diversas origens, ainda para o 2
  • 3. Universidade Presbiteriana Mackenzie autor, o movimento de adoção da língua intrusa é lento e gradual, porém como consequência da adoção dessa língua, o individuo ficara exposto a um novo idioma e a uma nova e atraente cultura, tal adoção é possibilitada pelo fato de que a pós-modernidade fragmentou a identidade do sujeito fazendo com que ele ficasse apto a novos conceitos e costumes. A utilização do Urdu é um instrumento de persuasão da marca para com o público consumidor, levando em consideração que são muitas as interpretações de uma mesma mensagem já que essa está diretamente ligada ao repertório do receptor, a Coca-Cola, maior empresa de refrigerantes do mundo que vende cerda de um bilhão de doses da bebida por dia, teve uma atenção especial ao criar peças publicitárias para serem veiculadas no Paquistão em 2008. A empresa fez uso de um costume Paquistanês conhecido como “truck art” (arte de caminhão), é tradição no Paquistão as pessoas customizarem seus caminhões como forma de manifestação artística; mesclando expressões escritas em urdu ao slogan em inglês. Já que a homogeinidde cultural está se dissipando e consequentemente esse sujieto pode absorver coisas novas, pois não há mais um sujeito unificado e linear, é necessário que o emissor esteja atento ao conteúdo da mensagem para que a mensagem faça parte do repertório do mesmo. Compete ao entendimento do indivíduo Paquistanês o inglês como idioma oficial, herança da colonização inglesa, no entanto a utilização do urdu na propaganda tem por finalidade não exclusivamente comunicar, mas fazer com que a marca se torne familiar aos valores culturais do indivíduo. Por ter como base a comunicação, a propaganda propõe a utilização da reflexão da identidade do público para a construção de um processo de identificação, baseado em componentes como gênero, raça, classe e cultura nacional com o objetivo de unificar a identidade cultural para representá-los como parte de uma mesma grande família nacional (Hall, 2005). A persuasão como procedimento necessário na dinâmica de consumo implica no domínio do processo de comunicação, dos modos de argumentar e das formas de linguagem. Se as palavras, por exemplo, possuem dimensões mais ou menos neutras quando estão em situação de dicionário, ao se contextualizarem, passam a expandir valores, pré-conceitos. As palavras no contexto perdem sua neutralidade e passam a indicar aquilo a que chamamos propriamente de ideologia (CITELLI, 2006 p. 31) No âmbito da propaganda a ideologia está ligada ao pertencimento, determinado individuo faz parte de um grupo no qual ele baseia suas preferências, grupo esse que pode ser 3
  • 4. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 religioso, cultural, geográfico entre muitos outros e então a marca tenta contextualizar sua propaganda as preferências desse individuo, se insere no grupo, mostra que conhece os costumes e consequentemente tenta explicitar que se preocupa com o consumidor. O conteúdo de um meio é como a “bola” de carne que o assaltante leva consigo para distrair o cão de guarda de mente. O efeito de um meio se torna mais forte e intenso justamente porque o seu conteúdo é um outro meio. O conteúdo de um filme é um romance, uma peça ou uma ópera. O efeito da forma fílmica não está relacionado ao conteúdo do seu programa. O Conteúdo da escrita ou da imprensa é a fala, mas o leitor permanece quase que inteiramente inconsciente, seja em relação à palavra impressa, seja em relação à palavra falada. (MCLUHAN, 2002, p. 33) Levando-se em consideração o pensamento de MCLUHAN o fato de a Coca-Cola veicular peças que exaltam a cultura Paquistanesa e o idioma URDU, trazendo na peça também a propaganda da marca, quase que como elemento secundário; essa exaltação da cultura nacional seria a “bola” de carne usada pela empresa para distrair o cão de guarda da mente do receptor, o conceito que o receptor tem da língua inglesa, as percepções que ele tem da marca e da mensagem e trazê-lo para um universo mais simpático à aquele produto, a utilização do Urdu pode ser considerada um instrumento híbrido de persuasão, pois a mensagem adequada ao entendimento do público-alvo tem por objetivo se tornar mais eficiente, pois, para haver comunicação não basta existirem um emissor, uma mensagem e um receptor, é necessário haver entendimento. A Língua como código de uma instituição social é então, praticamente, a linguagem menos a Fala, representando um sistema de valores. Como instituição social, ela não é absolutamente um ato, escapa a qualquer premeditação; é a parte social da linguagem; o indivíduo não pode sozinho, nem criá-la nem modificá-la. Trata-se essencialmente de um contrato coletivo ao qual temos de submeter-nos em bloco se quisermos comunicar (...) (BARTHES, 1977, p. 18) Quando o autor faz referencia ao termo submeter-nos que no português significa Sujeitar; obrigar; subjugar. Ele exemplifica a relação da propaganda com o público consumidor, pensando em se aproximar do público a marca utiliza o principal idioma do país, o que se torna um fato a ser destacado, pois o inglês, língua oficial do país de origem da marca os Estados Unidos da América, poderia ser utilizada no Paquistão, porque é o idioma oficial e o país possui um histórico de colonização inglesa, portanto o idioma é de conhecimento de todos, se não da grande maioria, porém a marca faz utilização de um idioma individual e que traz consigo toda a identidade de um povo. Há um esforço da marca para se aproximar do consumidor paquistanes, ela poderia simplesmente utilizar o ingles nas peças, porém o 4
  • 5. Universidade Presbiteriana Mackenzie ingles traz para os paquistaneses as lembranças do colonialismo Inglês, da luta pela independencia e até algo que faz referencia a chamada “guerra ao terror” estabelecida pelos EUA contra os países islamicos após o 11 de setembro de 2001, temos então um contraponto, quando Bhabha (2005) diz que a aceitação do novo ocasiona a “subversão da identidade pura”. BARTHES (1977) exemplifica a relação contrária, dizendo que a comunicação é baseada na aceitação do emissor em adequar a mensagem ao receptor, nesse caso essa aceitação implica na análise do ambiente cultural do receptor, pode-se falar inglês com todo mundo, porém não são todas as pessoas que o entendem. Comunicar é condição necessária, mas não suficiente. É preciso ainda satisfazer outras condições. Uma delas é a sintonia, a conexão que deve existir entre emissor, mensagem e receptor deve ser eficiente. BHABHA (2005) também discute os conceitos de homogeneidade da Identidade Nacional, confirmando assim os conceitos do Hibridismo cultural. A identidade cultural não pode ser singular já que a diversidade cultural é global e o deslocamento de identidade é constante, tal identidade é construída na representação de uma cultura, uma fôrma na qual foi construída uma concepção de que o individuo pertence a algo maior. Assim ao invés de identidade como uma coisa acabada, deveríamos falar de identificação, e vê-la como um processo em andamento. A identidade surge não tanto da plenitude da identidade que já está dentro de nós como indivíduos, mas de uma falta de inteireza que é “preenchida” a partir de nosso exterior, pelas formas através das quais nós imaginamos ser vistos por outros. (HALL, 2005, P.39). Quando a cultura é colocada em destaque sabe-se que todos os componentes da mesma sao considerados, e o principal componente de sua cultura e seu idioma, e a lingua que faz a ligacao de pertencimente entre o individuo e seu pais. É importante sinalizar a força que a identidade nacional exerce sobre o indivíduo, pois diante da proporção das mudanças na pós-modernidade a sensação de pertencimento para o individuo é fundamental e indispensável. Mesmo no caso de um país como o Paquistão que apresenta uma conotação internacional negativa, já que nos remete ao terrorismo e a guerra estas possibilidades de persuasão são consideradas pela marca que está objetiva inseriri seu produto, como no caso da Coca Cola a abertura desse mercado para o mundo se deve a globalizacao fato esse que reflete a corrida das grandes marcas no mercado econômico pelos fatores impulsionastes no processo de aceitação de novos produtos de consumo; já que as sociedades modernas são sociedades de mudança constante, rápida e permanente; 5
  • 6. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 e o uso dessa nova língua faz a conexão com outros valores, isso permite a Coca Cola inserir na realidade Paquistanesa um produto americano. Em qualquer sociedade razoavelmente complexa, ainda que pré-nacional, sob demorada ocupação estrangeira, pode-se esperar um movimento lento e gradual no sentido da adoção da lingua intrusa. Aprendê-la pode criar muitas oportunidades, especialmente para os instruidos. São as camadas mais altas do povo conquistado, principalmente entre os que moram nas cidades, que farão a mudança primeira, sobretudo se o novo idioma for acompanhado por uma nova e atraente cultura (BHABHA, pg.263 2007) A evolução e as mudanças ocorridas ao longo dos anos são os principais fatores que fundam e originam diferenças e discriminações. Pensando na “priorização das minorias” e nos conflitos sociais BHABHA (2007) nos mostra que ao desenvolver um trabalho publicitário voltado para um país com uma conotação diplomática negativa a intenção é ressaltar a importância do consumo dessas minorias, podemos também pensar que o conceito de uma sociedade extensa e com características homogêneas não pode ser levado em consideração quando falamos de comunicar, já que cada indivíduo carrega consigo suas preferências e características. A adequação da mensagem à realidade do público-alvo tem por objetivo facilitar a aproximação entre emissor e receptor adequando corretamente o conteúdo da mensagem, pois quando outra cultura tida como invasora é colocada em evidência, como no caso da invasão da cultura paquistanesa pela americana, instituiu-se no povo Paquistanês um olhar de defesa ideológica, portanto é do interesse da marca que o idioma possa se tornar um mediador de interesses, o urdu utilizado pelo receptor faz a diplomacia entre emissor e receptor, sabe-se que o forte posicionamento da Coca-Cola em todo o mundo estabelece um dos principais acontecimentos da propaganda no mundo, tal desempenho reflete o investimento da marca em comunicação que combinada a estratégias de marketing são notoriamente eficazes em grande parte do mundo e quando a marca exalta a cultura Paquistanesa ela leva em consideração o pensamento das identidades marcadas pela diferença, que dependem dessa diferença para se afirmar, acabando com a essência da “identidade pura” segundo BHABHA (2007) que também diz que o hibridismo é uma ameaça à “soberania cultural”, pois com a aceitação do novo desfaz-se a unidade, a singularidade da língua e da cultura e abre-se um espaço para a subversão da identidade pura, quando o autor propõe que a nação seja pensada de fora para dentro, pensa-se primeiro nas minorias marginais e depois no todo conciso, a conclusão que podemos ter é que a importância da característica de uma nação está nas pequenas diferenças. 6
  • 7. Universidade Presbiteriana Mackenzie A mudança a qual a cultura é submetida pode condiciona-la a uma condição de perda de identidade, pois quando uma cultura é inundada com outros conceitos perde-se a identidade única e principal tornando-a pulverizada por muitas outras culturas das minorias, tal acontecimento pode ser descrito como subversão da cultura nacional que é um fenômeno proveniente da evolução, a comunicação e as novas tecnologias facilitam o acesso das pessoas às informações que até então só poderiam ser encontradas em determinados lugares e só estavam disponíveis em versões físicas, o que dificultava o acesso as mesmas, a internet faz a democratização das culturas, possibilitando que indivíduos que até então eram imersos em suas culturas planificadas se misturem aos outros costumes e até mesmo tragam para suas vidas diferentes identidades convivendo em um mesmo contexto, segundo HALL (2005) a pós modernidade ocasionou o surgimento de identidades híbridas. A Linguagem como instrumento de comunicação é parte fundamental da mensagem publicitária, porém a fragmentação do indivíduo pós-moderno faz com que a linguagem utilizada seja ao mesmo tempo inteligível e tenha as características culturais do receptor. Segundo Hall “As nações modernas são, todas, híbridos culturais (HALL, 2005) Retomando o conceito de globalização de Stuart Hall, (2005) procura-se neste trabalho estabelecer uma relação entre o público alvo, os paquistaneses e a mensagem que juntamente com o slogan vem escrita em Urdu. No mundo moderno, as culturas nacionais em que nascemos se constituem em uma das principais fontes de identidade cultural. Ao nos definirmos, algumas vezes dizemos que somos ingleses ou galeses ou indianos ou jamaicanos. Obviamente, ao fazer isso estamos falando de forma metafórica. Essas identidades não estão literalmente impressas em nossos genes. Entretanto, nós efetivamente pensamos nelas como se fossem parte de nossa natureza essencial (HALL, 2005 p. 47) Na tentativa de criar unidade, a cultura que é comum a todos tem o intuito de unificar a identidade nacional, criando no indivíduo a sensação de pertencimento, conduz as diversas características de determinada identidade a uma única característica, buscando diminuir as partes ruins da pós-modernidade, busa-se a integração no ambiente cultural pós-moderno, porque com a mudanã do processo de identificação as identidades híbridas estão tomando o lugar das antigas identidades nacionais (HALL, 2005). Com o dissolvimento das antigas identidades nacionais uniformes, abre-se espaço para que a cultura nacional seja invadida por novos costumes, crenças e até mesmo uma nova língua, o surgimento das identidades híbridas desfaz a unidade nacional. 7
  • 8. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 Reconstruir o discurso da diferença cultural exige não apenas uma mudança de conteúdos e símbolos culturais; uma substituição dentro da mesma moldura temporal de repersentação nunca é adequada. Isto demanda uma revisão radical da temporalidade social na qual histórias emergentes possam ser escritas; demanda também a rearticulação do "signo" no qual se possam inscrever identidades culturais (BHABHA, pg.240 2007) Todos os processos de mudanca que envolvem uma traducao da cultura representam uma forma complexa de significacao, pois a cultura nao se resume a unidade da mesma, é composta e influenciada pelas mudanças naturais que ocorrem na sociedade, Segundo RAJA (2003) a identidade do sujeito é complexa se pensada em processo de (re) construção constante. Individualidade, em nossa cultura está vinculada a sobrevivência, portando podemos pensar que a identidade é o que norteia nossa existência. MÉTODO Como metodologia para este projeto foi realizado um levantamento bibliográfico através da abordagem qualitativa sobre conceitos a respeito da representação dos valores culturais nas linguagens verbal e visual das estratégias persuasivas de comunicação publicitária e da importância do hibridismo cultural na pós-modernidade como conseqüência da globalização. Levantamento teórico este que a seguir foi aplicado na análise das traduções das peças veiculadas em 2008 no Paquistão. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nas peças podemos notar uma composição diferente do layout habitual das propagandas da marca, a identidade visual do truck art é trabalhada como cartão de visitas da peça, as cores e os elementos fazem parte do referencial dos Paquistaneses, tais elementos são corriqueiros no dia a dia do povo e todos esses elementos visuais saem de dentro da garrafa de Coca-Cola mostrando que o refrigerante pode te oferecer um mundo de identificação, também temos o URDU como idioma de destaque na composição da “chamada” verbal da peça, trabalhando conceitos como estilo, identidade e caminho, todos relacionados à formação e a cultura desses indivíduos. Faz-se prudente a análise da abordagem da marca com relação ao povo Paquistanês por se tratar de países que tem entre si uma relação diplomática estremecida por questões culturais e de conflito, pois conforme as sociedades evoluem, o mundo no âmbito da evolução social, atua para fornecer a integração de culturas divergentes, possibilitando o 8
  • 9. Universidade Presbiteriana Mackenzie conhecimento dos costumes para que esses não sejam suplantados pelas transações comerciais estabelecidas através da cultura. Os slogans levantam questões relacionadas a identidade e ao pertencimento. A utilização do hibridismo lingüístico atua no imaginário social, fazendo com que o URDU seja a representação da identidade lingüística na propaganda da Coca-Cola no Paquistão, a ideologia dos indivíduos nos direciona ao fato de que tais grupos têm em comum a nacionalidade, Refresque o seu estilo no lado Coca-Cola da vida, nos remete a individualidade, significa que coisas boas acontecem no lado Coca Cola da vida, Reconheça a sua identidade no lado Coca-Cola da vida, resume todo o interesse da pesquisa quando une na mesma chamada publicitária identidade e reconhecimento, pois é isso que o individuo quer ao consumir a marca, quer se sentir percebido, ser reconhecido como ela, “O meu caminho está no lado Coca-Cola da vida”, o leva a pensar que ela faz parte de sua vida. Figura 1: Hai apna: sua, seu. Texto original: Fresh hai opna style on the coke side of life Tradução sugerida inglês: Fresh you style on the Coke side of life Tradução sugerida português: Refresque o seu estilo no lado Coca-Cola da vida 9
  • 10. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 Figura 2: Apni pehchaan: recognize your identity Tradução original: Celebrate apni pehchaan on the Coke side of life Tradução sugeridal ingles: Recognize your identity on the Coke side of life Texto sugerido português: Reconheça a sua identidade no lado Coca-Cola da vida 10
  • 11. Universidade Presbiteriana Mackenzie Figura 3: Naye hain apnay raastay: my way is the,their way Texto original: Naye hain apnay raastay on the coke side of life Tradução sugerida inglês: My way is on the coke side of life Tradução sugerida português: O meu caminho está no lado Coca-Cola da vida 11
  • 12. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011 Figura 4: Kartay hain: do Texto original: Kartay hain celebrate non-stop on the coke side of life Tradução sugerida inglês: Do celebrate non-stop on the coke side of my life Tradução sugerida português: Celebrar nunca para no lado Coca-Cola da vida CONCLUSÃO A globalização e a corrida pelo topo da pirâmide econômica são fatores que impulsionam o processo de aceitação de novas culturas e idiomas, pois o uso da língua faz a conexão com os valores, pensando na compatibilidade da propaganda com o público nota-se a 12
  • 13. Universidade Presbiteriana Mackenzie importancia do idioma no universo do receptor, tal identidade diz respeito à aquilo que o individuo conhece, convive e consequentemente aceita pra si, com a aplicação desse pensamento à pratica, busca- se a eficiência de comunicar com “simpatia”, eu posso entender o que voce diz em outros idiomas porém se voce disser no meu idioma eu contextualizo com mais facilidade a informação, é natural que o receptor absorva com mais facilidade o que é comum à ele, o que não é imposto e sim naturalmente incorporado por ele, como o idioma e a cultura nacional à qual ele pretence. REFERÊNCIAS BARTHES, Roland Elementos da Semiologia, 14ª ed. São Paulo Ed. Cultrix, 1997 BHABHA, Homi K. O Local da cultura, 2ª ed. Minas gerais, Ed. UFMG, 2005. BURKE, Peter Linguagem, Individuo e sociedade, 1ª ed. São Paulo Ed. Unesp, 1994. CITELII, Adilson Linguagem e Persuasão, São Paulo, 8ª ed, Ed. Ática, 200 HALL, Stuart Identidade cultural na pós-modernidade 10 ª ed. Rio de Janeiro Ed. DP&A 2005. KANAVILLIL, Rajagopalan Por uma lingüística critica: Linguagem, identidade e questão ética, São Paulo, Ed. Parábola, 2003. MCLUHAN, Marshall Os meios de comunicação como extensão do homem, 12 ª ed. São Paulo, Ed. Cultrix, 2002 PEREIRA, José Haroldo Curso básico de teoria da comunicação, 3ª ed. Rio de Janeiro Ed. Univercidade, 2005. VESTERGAARD, Torben A linguagem da propaganda São Paulo, Ed. Martins Fonte, 2000. Blog advertido São Paulo, disponível em: <http://adivertido.com/truck-art-do-paquistao- inspira-pecas-para-coca-cola/> Acesso em: 20 de set. 2009. Contato: ce_beltrame@hotmail.com e marizareis@mackenzie.br 13