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CA SE
      Case-Study




                                               Pesquisa como
                                                instrumento
                                                de inovação
                                                                       Case preparado pela professora Ione Almeida, ESPM–SP.
                                                                       Redatora-assistente: Rosilene M. A. Marcelino




         A volkswagen                                las mãos do GEIA – Grupo Executivo        seja, impul­sionou a estru­turação de
         e um breve                                  da Indústria Automobilística.             toda a cadeia produtiva do setor.
         histórico
                                                     Criado pelo então presidente Jus­celino
         do setor                                                                              Diante de um cenário em desen­
                                                     Kubitschek, o GEIA tinha o objetivo
         automotivo                                                                            volvimento, a VW iniciou suas ati­vi­
                                                     de alavancar a economia brasileira,
                                                                                               dades no Brasil de forma gra­dativa.
                                                     atraindo capital estran­geiro para a
         Corria o ano de 1953 quando a Vol­                                                    Primeiro, com a mon­tagem de apenas
                                                     indústria automo­bilística.
         kswagen (VW) decidiu fazer seu pri­                                                   dois veículos: o fus­ca sedan 1200 e a
         meiro investimento em mon­tagem e           Esse movimento teve a capa­cidade         Kombi. De­pois, em 1956, começou a
         fabricação fora da Ale­manha. Com um        de gerar outros negócios para o pa­ís,    cons­trução de sua fábrica em São
         capital equiva­lente aos dias de hoje a     como a indústria de autopeças, ofici­     Paulo, no km 23 ½ da Anchieta,
         R$ 25 mi­lhões, chegou ao Brasil pe­        nas, fundições de ferro, reven­das; ou    inau­gurada três anos depois.



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      R e v i s t a d a ES P M –maio/junho de 2006
Fox


Em meados de 1957, produziu a          da produção nacional e com isso                Para manter essa posição de lide­
Kom­bi – o primeiro carro brasileiro   atingia 60,7% da frota de veículos             rança, a empresa apostou na amplia­
fabricado com mais de 50% de           que circulavam pelo país.                      ção de seu portfólio ao longo dos
com­ponentes nacionais. Em 1959,                                                      anos e lançou modelos como o Kar­
lançou o Fusca, considerado uma        O sucesso da empresa estava                    mann-Guia, a Variant, TL 4 por­tas, o
paixão nacional.                       em seu posicionamento claro                    Passat, a Brasília, além de di­ver­sas
                                       perante os consumidores: carros                variações do Fusca.
Os anos 60 foram de grande as­         com me­câ­nica robusta, de fácil
censão econômica. Em 1962, o           manu­tenção, grande economia                   Em 1970, a VW atingiu a marca de
Fusca tornou-se líder de mercado       de com­bustível e com preços com­              1 milhão de automóveis produ­zidos.
e, em 1965, a VW detinha 59%           petitivos.                                     Dez anos mais tarde, a empresa à




                                                                    m a i o   /   j u n h o   d e   2 0 0 6 – Revista da ESPM
                                                                                                                                      127
Case-Study

                                                      lançou o Gol, carro que desde 1986
                                                      mantém a posição de mais vendido.
                                                      Ainda nos anos 80 vieram o Voyage,
                                                      a Parati, a picape Saveiro e um novo
                                                      segmento – caminhões.

                                                      Os anos 90 trouxeram um novo go­verno
                                                      e um ambiente mais com­pe­titivo. A
                                                      decisão do ex-presi­dente Fer­nando
                                                      Collor de abrir o mer­cado para a
                                                      importação pro­vocou mudanças
                                                      também no setor automotivo.

                                                      A princípio, as montadoras aqui
                                                      instaladas viram-se obrigadas a
                                                      reagir frente às novas exigências do
                                                      mercado para poder competir com
                                                      os modelos concorrentes que che­
                                                      gavam ao país. Inovação tornou-se
                                                      palavra de ordem.

                                                      Mas o embate dessa abertura ocor­reu
                                                      efetivamente após 1995, quan­do as
                                                      importações cederam lugar a in­ves­
                                                      timentos concretos, com a ins­talação
                                                      de outras montadoras no Brasil.

                                                      Os grupos internacionais, que en­
                                                      frentavam a estagnação do mer­cado
                                                      europeu, vislumbraram na Amé­rica
                                                      Latina e, sobretudo, no Brasil, uma
                                                      atraente oportunidade de inves­
                                                      timento, dada a esta­bilização da
                                                      economia e a pos­sibilidade de cres­
                                                      cimento no setor.

                                                      As empresas que aqui aportaram
                                                      acre­ditaram no crescimento econô­



                                                     FCriado pelo presidenteo
                                                      Jus­celino Kubitschek,
                                                      GEIA tinha o objetivo de
                                                      alavancar a economia
                                                      brasileira, atraindo capital
                                                      estran­geiro para a indús-
                                                      tria automo­bilística.




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      R e v i s t a d a ES P M –maio/junho de 2006
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mico, na elevação do poder aqui­     e com a maior brevidade procu­                 A Reação da
sitivo da população, no desejo dos   raram corrigir suas estratégias. A             Volkswagen
consumidores em adquirir carros      fabricação de carros populares
melhores. Conseqüentemente, a        emergiu como o cami­nho mais                   O posicionamento claro que ga­
apos­ta da indústria foi no modelo   indicado.                                      rantiu a liderança de outrora não
de carro médio e no de luxo. A                                                      era mais suficiente. Carro de fácil
Volks­wagen fez a mesma inter­pre­   O legado dessa fase transformou                manutenção, econômico e com
tação de cenário e apostou no Pólo   o Brasil no país com o maior                   preço competitivo tornou-se com­
e no Golf. Chegou, inclusive, a      número de montadoras. São de­                  modity. O consumidor passou a
cons­truir em São José dos Pinhais   zessete mon­tadoras instaladas.                escolher de outra forma: a questão
uma fábrica nova destinada à pro­    Nem mesmo o Japão e os Esta­                   técnica ficou em segundo plano;
dução do Golf.                       dos Unidos, que são os maiores                 a procura por design, beleza, aces­
                                     mercados de carro, têm esse                    sórios, conforto, entre outros, veio à
Contudo, a demanda por carros        número de players; o que por                   tona; aspectos intangíveis pas­saram
me­­lhores não aconteceu e a         si só mostra o nível de compe­                 a ter destaque – um carro, por exem­
pro­dução na­cional caiu. As mon­    titividade existente na indústria              plo, precisa traduzir o estilo de vida
tadoras per­ceberam o equívoco       automobilística brasileira.                    de seu proprietário. à




  F Em meados de mais de 50% deacom­ponentes nacionais. brasileiro
    fabricado com
                  1957, produziu Kom­bi – o primeiro carro




                                                                  m a i o   /   j u n h o   d e   2 0 0 6 – Revista da ESPM
                                                                                                                                    129
Case-Study

         A VW estava atenta para todos esses indí­      Paralelamente à reestruturação, a       Este segmento está em que­da e abre
         cios. Observou suas forças e fra­quezas,       VW contratou a empresa Ipsos1 para      espaço para dois ou­tros grupos: o
         analisou as opor­tuni­dades e as ame­          realizar um estudo de segmen­tação      sensato e o guiado pela imagem.
         aças da indústria automobilística.             atitudinal. Essa ferramenta auxiliou
                                                        a empresa a conhecer o perfil do        v Sensato: o consumidor procura
         Ficaram evidentes dois pontos                  consumidor, bem como compreen­          um carro versátil, que o ajude nas
         críticos: (a) agilidade na tomada e            der as necessidades de cada perfil. A   atividades do dia-a-dia (levar filhos
         im­plementação de decisões para                pesquisa revelou quatro segmentos       à escola, ir ao super­mer­cado) e ao
         não perder mais participação de                distintos de consumidor:                mesmo tempo possa ser usado em
         mer­cado, (b) conhecer em profun­                                                      viagens nos finais de semana. Este
         didade as necessidades, os desejos,            v Entusiasta por status: este con­      grupo está cres­cendo e é tipica­mente
         as aspirações e o com­portamento               sumidor busca prestígio, quer ter       feminino (70% são mu­lheres).
         de compra do con­sumidor.                      uma Mercedes, um BMW. Este
                                                        segmento tem-se mantido está­           v Guiado pela imagem: trata-se de
         A VW canalizou esforços para rever e sin­      vel ao longo dos anos, tanto em         um grupo de pessoas com espírito
         cronizar estratégias, estruturas, pro­cessos   carac­terísticas do perfil, como em     jovem, original e diferente. O con­
         e gestão de pessoas para garantir mais         tamanho.                                su­midor desse segmento gosta de
         velocidade às ações. Para a indústria au­                                              aventura e atividades radicais e seu
         tomotiva em ge­ral é muito difícil imprimir    v Essencialista: é o consumidor         carro precisa passar essa imagem,
         um ritmo ágil; o lançamento de um carro,       que compra um carro pensando em         mesmo que ele não vivencie todas
         por exemplo, leva no mínimo 3 anos.            investimento, no valor de re­venda.     essas experiências.




              F Em 1959, lançou o Fusca, considerado uma paixão nacional.




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      R e v i s t a d a ES P M –maio/junho de 2006
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             Perfil do consumidor
                                                              FONTE: Volkswagen/base: Resarch Analysis

                                           Emocional
                                           tecnologia
                                           prestígio/luxo

                                         Entusisastas
                                         por status 19%

                  Inovador Guiados pela                                            Conservador
                  design    imagem 28%                                             formalidade
                  jovem de                                                         tradicional
                  espírito
                           Comprado-
                           res sensa-
                           tos 21%
                                                  Essencialistas 32%

                                           Racional
                                           baixo custo
                                           vale o que custa




A análise de todo contexto mer­
cadológico e as mudanças internas                FCriar um carro emàaté 38 me-
                                                  ses e submetê-lo aprovação
contribuíram fortemente no desen­                   da matriz na Alemanha não era
                                                    tarefa fácil.
volvimento de um novo carro.


Fox: um carro
totalmente desen­
volvido no Brasil

A VW estava interessada em trans­
formar a fábrica brasileira em um
pólo de exportação mundial. Isso
foi determinante para que o projeto
de um novo carro fosse totalmente
desenvolvido no país.

Criar um carro em até 38 meses e
submetê-lo à aprovação da matriz
na Alemanha não era tarefa fácil. Era
sim um desafio e tanto, uma opor­
tunidade ímpar. Isto motivou e uniu
equipes de diversas áreas, como desen­
volvimento, marketing, enge­nharia,
tecnologia, criação, acabamento. à



                                                               m a i o   /   j u n h o   d e   2 0 0 6 – Revista da ESPM
                                                                                                                                 131
Case-Study




         FPraticamente um 2006, che-
          pois, em maio de
                           ano de-

            gou ao mercado mais uma
            variação do Fox,
            o SpaceFox.




         Foram muitas reuniões para trans­           Depois da construção do design outros              a linha de co­municação. Também
         formar as informações apre­endidas          estudos foram desen­volvidos. Sete                 foi realiza­do um estudo para esco­
         em conhecimento e decodificá-las            meses antes do lançamento do novo                  lha do no­me do carro e chegou-se
         em decisões de como deveria ser             carro foi realizada uma ‘clí­nica de               à marca Fox, um nome curto e fácil
         este novo modelo.                           produto’.                                          de ser pro­nun­ciado.

         Concluíram que o carro precisava            Essa nova bateria de pesquisas teve duas           Apesar de todo empenho, o Fox che­
         ser desenvolvido com foco nos pas­          fases, uma quanti e outra qua­li, e a a­­mos­tra   gou ao mercado em 2003 na versão 2
         sageiros (DAP – Designed Around             foi com­posta por pessoas que ti­nham              portas, mesmo com as pes­quisas sina­
         Passangers), valorizando sobretudo          a intenção de adquirir um veículo                  lizando a preferência do consumidor
         o espaço interno.                           nos pró­ximos meses do mesmo seg­­mento            pelo modelo de 4 portas (lançado em
                                                     (novo Fiesta, Corsa, Clio, Peugeot 206 e as        abril de 2004). Essa foi uma decisão
         A configuração da família bra­sileira       versões não básicas do Pálio).                     estratégica para não atrasar o lança­
         pesou muito nesta decisão. As pes­                                                             mento do no­vo produto.
         quisas sinalizaram, por exemplo,            A fase quantitativa avaliou, entre outros
         que a altura dos jovens havia               fatores, cada um dos veículos concor­
         au­mentado, o que exigia um teto            rentes do Fox, confrontando-os frente              O lançamento
         mais alto; fa­mílias com crian­ças          ao novo produto. Na se­gunda fase,                 do Fox
         pediam um por­ta-malas com mais             a qualitativa, testou-se o con­ceito do
         espaço; mu­lheres apreciam porta-           produto através de grupos de discus­               No período de introdução do novo
         objetos.                                    são. E esse con­ceito dire­cionou toda             produto, além da natural atenção



132
      R e v i s t a d a ES P M –maio/junho de 2006
Fox


dispensada aos concorrentes (Peu­                    O Fox chegou ao mercado co­mo                      namento do produto ao público-
geot 206, novo Fiesta, Corsa, Clio                   pioneiro no conceito DAP (Desi­gned                alvo. E a comunicação trabalhou o
e versões não básicas do Palio),                     Around Pas­sangers) e com a propos­                principal atributo do carro – o con­
a VW também se movimentou                            ta de a­tender a um público de carro               forto interno – e utilizou o slogan
in­ternamente para evitar uma cani­                  pequeno, mas que exige certa sofis­                 “Compacto para quem vê. Gigante
balização.                                           ticação. Foi direcionado ao público                para quem anda”.
                                                     jovem, que alterna o uso urbano
Assim, ao introduzir o novo pro­duto,                com o lazer fora da cidade.                        A campanha de lançamento foi
a VW estrategicamente dimi­nuiu                                                                         fundamental na introdução do novo
a produção do Gol para facilitar a                   A campanha de lançamento apre­                     carro. Na época, o mercado de 2
entrada do Fox.                                      sentou o conceito e o posicio­                     portas era de 2.000 carros/mês e es­ à


       Conceito:
     F Utilitário que possibilita a mudançatransporta confortavelmente cinco passageiros,
       uma vez
                  esportivo compacto, que
                                            na posição do assento do motorista trazendo con-
       forto ao passageiro do banco de trás. Possui
       a posição elevada do banco do motorista, ampliando a visibilidade e a sensação de
       segurança de quem dirige. Além de apresentar a possibilidade de ampliação do porta-




A campanha de lançamento abrangeu TV, rádio, outdoor, revista, jornal, PDV, cinema.




                                                                                      m a i o   /   j u n h o   d e   2 0 0 6 – Revista da ESPM
                                                                                                                                                        133
Case-Study

         se número era exatamente o ob­jetivo
         inicial de vendas do Fox.

         Com o mix produto e comunicação, o
         Fox superou as expectativas: o mer­cado
         absorveu o novo carro e dobrou de
         tamanho. Atualmente, o Fox representa
         60% do mercado de carros 2 portas.

         Mesmo diante do sucesso, a VW
         não deixou de fazer a pesquisa Early
         Buyer, realizada sempre três meses
         depois do lançamento de um novo
         pro­duto, com o objetivo de avaliar
         a satisfação dos primeiros compra­
         dores em relação ao carro.

         Além disso, a satisfação geral do con­
         sumidor também é avaliada a par­tir
         de indicadores do SIQ (Sis­tema
         de Informação de Qualidade), tais
         como: avaliação do show room da
         conces­sionária, do vendedor, do
         preço do veículo usado, da entrega
         do veículo e do acompanhamento
         após a compra por parte do conces­
                                                            Assim, em abril de 2005, foi lan­çado o CrossFox.
         sionário.                                        F Um carro de espírito off road, desenvolvido para
                                                               atender ao segmento dos guiados pela imagem e
                                                               para concorrer com EcoSport (Ford), Doblô e Palio
                                                               Adventure (Fiat).




             Classificação de carros - percepção do consumidor

                                                                                   exclusivos/
             Sedan de luxo         Esportivo         popular    sedan   compacto                 Off road    Pick Up
                                                                                    minivans




                                                                                   Exclusivos    Espírito       Mini




                                                                                   Minivans        Suv       Grandes


                                                                                          subgrupos

                                                                                                            Fonte: Volkswagen



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      R e v i s t a d a ES P M –maio/junho de 2006
Fox


Esse acompanhamento demonstra a         anos e que vem se man­tendo líder               os segmen­tos em crescimento, o
preocupação da empresa em corrigir      no mercado, é um fato que não se                sensato e o guiado pela imagem.
elementos do marketing mix.             ob­serva mais no setor”.2                       Esse dire­cionamento, aliado ao re­
                                                                                        sultado do estudo de percepção do
                                        A extensão de linha do Fox foi a                consu­midor, funda­mentou a decisão
Inovação                                alternativa escolhida pela empresa              da companhia em estender a linha
através da                              para imprimir um ritmo de inova­                do Fox para off road e exclusivo/
extensão de                             ção. E, antes de partir para desdo­             minivans.
linha                                   bramentos do Fox, a VW procurou
                                        mais uma vez saber e compreender                Assim, em abril de 2005, foi lan­çado
A Volkswagen até aqui usou, estra­      a percepção do consumidor.                      o CrossFox. Um carro de es­pírito off
tegicamente, o ferramental de pes­­­                                                    road, desenvolvido para a­tender o
quisa de marketing no desen­vol­        Novas pesquisas identificaram a ma­             segmento dos guiados pela imagem
vimento, no lançamento e no mo­ni­­     neira como o consumidor seg­mentava             e para concorrer com EcoSport
toramento de seu novo produto.          o mercado de carros (se­dan de luxo,            (Ford), Doblô e Palio Adventure
                                        esportivo, popular, sedan, compacto,            (Fiat).
Mas a inovação é palavra de ordem       exclusivos/minivans, off road, pick-
ditada pelo mercado e pelo con­         up) e também alguns subgrupos                   Praticamente um ano depois, em
sumidor. E a pesquisa de mar­keting     (vide quadro ao lado).                          maio de 2006, chegou ao mercado
passou também a dar apoio à VW na                                                       mais uma variação do Fox, o Spa­
descoberta de novas opor­tunidades.     Como mencionado anteriormente,                  ceFox. Esse carro uniu carac­terís­ticas
Afinal, “um evento Gol, ou seja,        a Volkswagen pretendia desen­                   de uma minivan (versa­tili­dade e
um carro desenhado há mais de 20        volver um produto que atendesse                 espaço interno) e de uma station à




                                                                   F O êxito da ser observado no rejuve­
                                                                                extensão de linha tam­
Fox: evolução do market share                                        bém pode
 Fonte: Volkswagen
                                                                      nescimento que proporcionou à
                                                             7,5      imagem da própria VW.


                                                                                                                         6,9
                                               5,8                                                           6,5
                                  5,7



                                                                           44

                     2,8                                     4,1
    2,6
        jan 04       abr 04   jul 04     out 04     jan 05      abr 05          jul 05                out 05      dez 05



                                                                      m a i o   /   j u n h o   d e   2 0 0 6 – Revista da ESPM
                                                                                                                                        135
Case-Study

                                                                                             fatores: (a) valorização do real frente
                                                                                             ao dólar e ao euro, e também (b) a
                                                                                             atratividade de mercados e­mer­gentes
                                                                                             como China, Leste Euro­peu, Índia.

                                                                                             Para a Volkswagen, que tem o Fox como
                                                                                             carro de entrada no mercado euro­peu, a
                                                                                             valorização da moeda brasileira compro­
                                                                                             meteu a compe­titividade de sua exporta­
                                                                                             ção, que deixou de ser lucrativa.

                                                                                             As primeiras ações da VW diante
                                                                                             do cenário atual foram anun­ciadas
                                                                                             recen­temente, como mostra o tre­cho
                                                                                             a seguir, extraído de uma ma­téria do
                                                                                             jornal O Estado de S. Pau­lo (OESP):
                                                                                             “... pressionada pelo fa­tor cambial,
                                                                                             vai reduzir as expor­tações em 40%. A
                                                                                             medida resultará em corte de produ­
                                                                                             ção de 100 mil veículos ao ano, o que
                                                                                             exigirá ajustes de mão-de-obra.” 3

                                                                                             Além disso, a VW no Brasil, que re­­pre­
                                                                                             senta o maior investimento da empresa
                                                                                             fora da Alemanha, precisa estar alerta
                                                                                             para os países emer­gentes. As multi­
                                                                                             nacionais do setor têm pulverizado
                                                                                             seus investimentos entre China, Leste
               Atualmente, toda a indústria auto­mobilística enfrenta                        Europeu e Índia para baixar custos e
           F uma crise impulsionada, principalmente, por dois fa-                            continuarem com­petitivas global­
               tores: (a) valorização do real frente ao dólar e ao euro,
               e também (b) a atratividade de mercados e­mer­gentes,                         mente. A Chi­na, em 2005, exportou
               como China, Leste Euro­peu, Índia.                                            mais carros do que importou. O
                                                                                             Leste Europeu planeja ampliar sua
                                                                                             capacidade produtiva para 1,6 mi­
         (dirigibilidade e espor­tividade). O        ser mensurado no volume de vendas.      lhão de veículos.4
         resultado foi uma sport van que che­        No lan­çamento, as ven­das do Fox
         gou para com­petir com o Idea (Fiat),       eram de 2.000 veículos/mês e, hoje,     Segundo Rogelio Golfarb5, em en­
         Meriva (GM), Perua Peugeot 206.             conside­rando as diversas ver­sões,     trevista ao OESP de 27/4/2006, as
                                                     alcan­çam um volume de 10.000           vantagens competitivas do Brasil
         Dessa maneira, a partir da extensão de      unidades.                               estão desa­parecendo e o país corre
         linha do Fox a VW passou a aten­der                                                 o risco de ficar para trás. Ainda de
         seus públicos de interesse: os sen­satos,                                           a­cordo com ele, além do câmbio,
         com a versão 1.0, e os guiados              Cenário atual                           há outros pontos críticos como o
         pela imagem, com o Cros­sFox e o                                                    cres­­­cente custo de mão-de-obra e
         Spa­ceFox.                                  Atualmente, toda a indústria auto­mo­   ma­téria-prima, e a elevada carga
                                                     bilística enfrenta uma crise impul­     tributária sobre a produção e in­
         O sucesso da extensão de linha pode         sionada, principalmente, por dois       vestimento.6



136
      R e v i s t a d a ES P M –maio/junho de 2006
Fox

                                                                                                      derno de Negócios. Página B-18. Montadora quer

                                         3)
Conclusão                                	        Dentro do ciclo de vida de
                                                                                                      engenharia local. 27 de abril de 2006.
                                         	        pro­duto, o Fox está na fase 	
                                         	        de crescimento. Proponha                            Site: www.volkswagen.com.br. Acessado em
Este caso ilustra o uso estratégico do   um arranjo do marketing mix para                             maio/2006.
ferramental de pesquisa de mar­ke­ting   esta etapa do produto e justifique.                          Site: http://www.autoinforme.com.br/. Acessado
no desenvolvimento e no lançamento                                                                    em abril/2006.
de um novo produto, além de sua utili­                                                                Site: http://­www.ip­­­sos.
zação no moni­toramento do produto ao     2       Bibliografia                                        com.br/default.asp?resolucao=800X600. Aces-
longo tempo e na descoberta de novas                                                                  sado em maio/2006.
oportunidades.                           Aaker, David A. Kumar, V. Day, George S. Pesquisa
                                                                                                      Site: http://www.vw.com.br/50anos/default.asp.
                                         de marketing. Marcondes, Reynaldo Cavalheiro
                                                                                                      Acessado em abril e maio/2006.
Demonstra também como a pes­             (Tradução). 2. ed. São Paulo: Atlas, 2004.

quisa pode auxiliar a conhecer e
compreender melhor os anseios do         Hamel, Gary. Prahalad, C. K. Competindo pelo fu-             Agradecimentos
consumidor e dessa forma satis­fazê-     turo:estratégias inovadoras para obter o controle            Joel Leite
                                         do seu setor e criar os mercados de amanhã. Ou-              AutoInforme
lo com produtos que expres­sem
                                         tras Palavras Consultoria Lingüística (Tradução).            Marcelo Olival
exa­tamente seus desejos e neces­
                                         6.ed. Rio de Janeiro: Campus, 1998.                          Gerente de marketing da Volkswagen
sidades.                                                                                              Natalie Martha Giustra
                                                                                                      Volkswagen
                                         Kotler, Philip. Marketing para o século XXI:como
A análise estratégica das infor­mações
                                         criar, conquistar e dominar mercados. Bazán
obtidas em estudos é fun­damental
                                         Tecnologia e Lingüística (Tradução). 13. ed. São
no reposicionamento de uma marca                                                                      Notas
                                         Paulo: Futura, 2003.
consolidada no mer­cado, que estava                                                                   1
                                                                                                       “Fundada na França em 1975, a Ipsos é uma
envelhecida e não tinha produtos                                                                      empresa independente, com capital aberto,
                                         Kumar, Nirmalya. Marketing como estratégia:
que correspondessem às exigências        uma orientação inovadora e comprovada para o
                                                                                                      administrada por profissionais de pesquisa”.
de um público com estilo de vida                                                                      O grupo fornece globalmente “pesquisas de
                                         crescimento e a inovação. Ricardo Bastos Vieira
mais jovial. ESPM                                                                                     marketing, propaganda, mídia, satisfação do
                                         (Tradução). Rio de Janeiro: Campus, 2004.
                                                                                                      consumidor e pesquisa de opinião pública e
                                                                                                      social.” Site: http://www.ipsos.com.br/de-
                                         McDaniel Jr., Carl. Gates, Roger. Pesquisa de                fault.asp?resolucao=800X600. Acessado em
Questões                                 marketing. James F. Suderland Cook (Tradução).               maio/2006.
para discussão                           São Paulo: Thomson Learning, 2003.
                                                                                                      2
                                                                                                          Joel Leite, entrevista cedida em abril/2006.
                                         Richers, Raimar. Lima, Cecília Pimenta. Seg-


1)
	Observe a trajetória da Vol­-           mentação: opções estratégicas para o mercado                 3
                                                                                                       Cleide Silva e Paulo Beraldi. O Estado de S. Paulo
   	      ks­wagen no Brasil e analise   brasileiro. São Paulo: Nobel, 1991.                          (OESP). Caderno de Negócios. Página B-20. 04 de
 	        o cenário atual. Levante                                                                    maio de 2006.
as forças e fraquezas da empresa e as
oportunidades e as ameaças do setor.     Fontes
                                                                                                      4
                                                                                                       SILVA, Cleide. O Estado de S. Paulo (OESP).
                                                                                                      Caderno de Negócios. Página B-18. 27 de abril
Proponha uma estratégia e justifique.    LEITE, Joel. Entrevista cedida em abril/2006.
                                                                                                      de 2006.
                                         OLIVAL, Marcelo. Entrevista cedida em
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2)
 	       ambientes, qual posicio­-                                                                    dos Fabricantes de Veículos Automotores)
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  • 1. CA SE Case-Study Pesquisa como instrumento de inovação Case preparado pela professora Ione Almeida, ESPM–SP. Redatora-assistente: Rosilene M. A. Marcelino A volkswagen las mãos do GEIA – Grupo Executivo seja, impul­sionou a estru­turação de e um breve da Indústria Automobilística. toda a cadeia produtiva do setor. histórico Criado pelo então presidente Jus­celino do setor Diante de um cenário em desen­ Kubitschek, o GEIA tinha o objetivo automotivo volvimento, a VW iniciou suas ati­vi­ de alavancar a economia brasileira, dades no Brasil de forma gra­dativa. atraindo capital estran­geiro para a Corria o ano de 1953 quando a Vol­ Primeiro, com a mon­tagem de apenas indústria automo­bilística. kswagen (VW) decidiu fazer seu pri­ dois veículos: o fus­ca sedan 1200 e a meiro investimento em mon­tagem e Esse movimento teve a capa­cidade Kombi. De­pois, em 1956, começou a fabricação fora da Ale­manha. Com um de gerar outros negócios para o pa­ís, cons­trução de sua fábrica em São capital equiva­lente aos dias de hoje a como a indústria de autopeças, ofici­ Paulo, no km 23 ½ da Anchieta, R$ 25 mi­lhões, chegou ao Brasil pe­ nas, fundições de ferro, reven­das; ou inau­gurada três anos depois. 126 R e v i s t a d a ES P M –maio/junho de 2006
  • 2. Fox Em meados de 1957, produziu a da produção nacional e com isso Para manter essa posição de lide­ Kom­bi – o primeiro carro brasileiro atingia 60,7% da frota de veículos rança, a empresa apostou na amplia­ fabricado com mais de 50% de que circulavam pelo país. ção de seu portfólio ao longo dos com­ponentes nacionais. Em 1959, anos e lançou modelos como o Kar­ lançou o Fusca, considerado uma O sucesso da empresa estava mann-Guia, a Variant, TL 4 por­tas, o paixão nacional. em seu posicionamento claro Passat, a Brasília, além de di­ver­sas perante os consumidores: carros variações do Fusca. Os anos 60 foram de grande as­ com me­câ­nica robusta, de fácil censão econômica. Em 1962, o manu­tenção, grande economia Em 1970, a VW atingiu a marca de Fusca tornou-se líder de mercado de com­bustível e com preços com­ 1 milhão de automóveis produ­zidos. e, em 1965, a VW detinha 59% petitivos. Dez anos mais tarde, a empresa à m a i o / j u n h o d e 2 0 0 6 – Revista da ESPM 127
  • 3. Case-Study lançou o Gol, carro que desde 1986 mantém a posição de mais vendido. Ainda nos anos 80 vieram o Voyage, a Parati, a picape Saveiro e um novo segmento – caminhões. Os anos 90 trouxeram um novo go­verno e um ambiente mais com­pe­titivo. A decisão do ex-presi­dente Fer­nando Collor de abrir o mer­cado para a importação pro­vocou mudanças também no setor automotivo. A princípio, as montadoras aqui instaladas viram-se obrigadas a reagir frente às novas exigências do mercado para poder competir com os modelos concorrentes que che­ gavam ao país. Inovação tornou-se palavra de ordem. Mas o embate dessa abertura ocor­reu efetivamente após 1995, quan­do as importações cederam lugar a in­ves­ timentos concretos, com a ins­talação de outras montadoras no Brasil. Os grupos internacionais, que en­ frentavam a estagnação do mer­cado europeu, vislumbraram na Amé­rica Latina e, sobretudo, no Brasil, uma atraente oportunidade de inves­ timento, dada a esta­bilização da economia e a pos­sibilidade de cres­ cimento no setor. As empresas que aqui aportaram acre­ditaram no crescimento econô­ FCriado pelo presidenteo Jus­celino Kubitschek, GEIA tinha o objetivo de alavancar a economia brasileira, atraindo capital estran­geiro para a indús- tria automo­bilística. 128 R e v i s t a d a ES P M –maio/junho de 2006
  • 4. Fox mico, na elevação do poder aqui­ e com a maior brevidade procu­ A Reação da sitivo da população, no desejo dos raram corrigir suas estratégias. A Volkswagen consumidores em adquirir carros fabricação de carros populares melhores. Conseqüentemente, a emergiu como o cami­nho mais O posicionamento claro que ga­ apos­ta da indústria foi no modelo indicado. rantiu a liderança de outrora não de carro médio e no de luxo. A era mais suficiente. Carro de fácil Volks­wagen fez a mesma inter­pre­ O legado dessa fase transformou manutenção, econômico e com tação de cenário e apostou no Pólo o Brasil no país com o maior preço competitivo tornou-se com­ e no Golf. Chegou, inclusive, a número de montadoras. São de­ modity. O consumidor passou a cons­truir em São José dos Pinhais zessete mon­tadoras instaladas. escolher de outra forma: a questão uma fábrica nova destinada à pro­ Nem mesmo o Japão e os Esta­ técnica ficou em segundo plano; dução do Golf. dos Unidos, que são os maiores a procura por design, beleza, aces­ mercados de carro, têm esse sórios, conforto, entre outros, veio à Contudo, a demanda por carros número de players; o que por tona; aspectos intangíveis pas­saram me­­lhores não aconteceu e a si só mostra o nível de compe­ a ter destaque – um carro, por exem­ pro­dução na­cional caiu. As mon­ titividade existente na indústria plo, precisa traduzir o estilo de vida tadoras per­ceberam o equívoco automobilística brasileira. de seu proprietário. à F Em meados de mais de 50% deacom­ponentes nacionais. brasileiro fabricado com 1957, produziu Kom­bi – o primeiro carro m a i o / j u n h o d e 2 0 0 6 – Revista da ESPM 129
  • 5. Case-Study A VW estava atenta para todos esses indí­ Paralelamente à reestruturação, a Este segmento está em que­da e abre cios. Observou suas forças e fra­quezas, VW contratou a empresa Ipsos1 para espaço para dois ou­tros grupos: o analisou as opor­tuni­dades e as ame­ realizar um estudo de segmen­tação sensato e o guiado pela imagem. aças da indústria automobilística. atitudinal. Essa ferramenta auxiliou a empresa a conhecer o perfil do v Sensato: o consumidor procura Ficaram evidentes dois pontos consumidor, bem como compreen­ um carro versátil, que o ajude nas críticos: (a) agilidade na tomada e der as necessidades de cada perfil. A atividades do dia-a-dia (levar filhos im­plementação de decisões para pesquisa revelou quatro segmentos à escola, ir ao super­mer­cado) e ao não perder mais participação de distintos de consumidor: mesmo tempo possa ser usado em mer­cado, (b) conhecer em profun­ viagens nos finais de semana. Este didade as necessidades, os desejos, v Entusiasta por status: este con­ grupo está cres­cendo e é tipica­mente as aspirações e o com­portamento sumidor busca prestígio, quer ter feminino (70% são mu­lheres). de compra do con­sumidor. uma Mercedes, um BMW. Este segmento tem-se mantido está­ v Guiado pela imagem: trata-se de A VW canalizou esforços para rever e sin­ vel ao longo dos anos, tanto em um grupo de pessoas com espírito cronizar estratégias, estruturas, pro­cessos carac­terísticas do perfil, como em jovem, original e diferente. O con­ e gestão de pessoas para garantir mais tamanho. su­midor desse segmento gosta de velocidade às ações. Para a indústria au­ aventura e atividades radicais e seu tomotiva em ge­ral é muito difícil imprimir v Essencialista: é o consumidor carro precisa passar essa imagem, um ritmo ágil; o lançamento de um carro, que compra um carro pensando em mesmo que ele não vivencie todas por exemplo, leva no mínimo 3 anos. investimento, no valor de re­venda. essas experiências. F Em 1959, lançou o Fusca, considerado uma paixão nacional. 130 R e v i s t a d a ES P M –maio/junho de 2006
  • 6. Fox Perfil do consumidor FONTE: Volkswagen/base: Resarch Analysis Emocional tecnologia prestígio/luxo Entusisastas por status 19% Inovador Guiados pela Conservador design imagem 28% formalidade jovem de tradicional espírito Comprado- res sensa- tos 21% Essencialistas 32% Racional baixo custo vale o que custa A análise de todo contexto mer­ cadológico e as mudanças internas FCriar um carro emàaté 38 me- ses e submetê-lo aprovação contribuíram fortemente no desen­ da matriz na Alemanha não era tarefa fácil. volvimento de um novo carro. Fox: um carro totalmente desen­ volvido no Brasil A VW estava interessada em trans­ formar a fábrica brasileira em um pólo de exportação mundial. Isso foi determinante para que o projeto de um novo carro fosse totalmente desenvolvido no país. Criar um carro em até 38 meses e submetê-lo à aprovação da matriz na Alemanha não era tarefa fácil. Era sim um desafio e tanto, uma opor­ tunidade ímpar. Isto motivou e uniu equipes de diversas áreas, como desen­ volvimento, marketing, enge­nharia, tecnologia, criação, acabamento. à m a i o / j u n h o d e 2 0 0 6 – Revista da ESPM 131
  • 7. Case-Study FPraticamente um 2006, che- pois, em maio de ano de- gou ao mercado mais uma variação do Fox, o SpaceFox. Foram muitas reuniões para trans­ Depois da construção do design outros a linha de co­municação. Também formar as informações apre­endidas estudos foram desen­volvidos. Sete foi realiza­do um estudo para esco­ em conhecimento e decodificá-las meses antes do lançamento do novo lha do no­me do carro e chegou-se em decisões de como deveria ser carro foi realizada uma ‘clí­nica de à marca Fox, um nome curto e fácil este novo modelo. produto’. de ser pro­nun­ciado. Concluíram que o carro precisava Essa nova bateria de pesquisas teve duas Apesar de todo empenho, o Fox che­ ser desenvolvido com foco nos pas­ fases, uma quanti e outra qua­li, e a a­­mos­tra gou ao mercado em 2003 na versão 2 sageiros (DAP – Designed Around foi com­posta por pessoas que ti­nham portas, mesmo com as pes­quisas sina­ Passangers), valorizando sobretudo a intenção de adquirir um veículo lizando a preferência do consumidor o espaço interno. nos pró­ximos meses do mesmo seg­­mento pelo modelo de 4 portas (lançado em (novo Fiesta, Corsa, Clio, Peugeot 206 e as abril de 2004). Essa foi uma decisão A configuração da família bra­sileira versões não básicas do Pálio). estratégica para não atrasar o lança­ pesou muito nesta decisão. As pes­ mento do no­vo produto. quisas sinalizaram, por exemplo, A fase quantitativa avaliou, entre outros que a altura dos jovens havia fatores, cada um dos veículos concor­ au­mentado, o que exigia um teto rentes do Fox, confrontando-os frente O lançamento mais alto; fa­mílias com crian­ças ao novo produto. Na se­gunda fase, do Fox pediam um por­ta-malas com mais a qualitativa, testou-se o con­ceito do espaço; mu­lheres apreciam porta- produto através de grupos de discus­ No período de introdução do novo objetos. são. E esse con­ceito dire­cionou toda produto, além da natural atenção 132 R e v i s t a d a ES P M –maio/junho de 2006
  • 8. Fox dispensada aos concorrentes (Peu­ O Fox chegou ao mercado co­mo namento do produto ao público- geot 206, novo Fiesta, Corsa, Clio pioneiro no conceito DAP (Desi­gned alvo. E a comunicação trabalhou o e versões não básicas do Palio), Around Pas­sangers) e com a propos­ principal atributo do carro – o con­ a VW também se movimentou ta de a­tender a um público de carro forto interno – e utilizou o slogan in­ternamente para evitar uma cani­ pequeno, mas que exige certa sofis­ “Compacto para quem vê. Gigante balização. ticação. Foi direcionado ao público para quem anda”. jovem, que alterna o uso urbano Assim, ao introduzir o novo pro­duto, com o lazer fora da cidade. A campanha de lançamento foi a VW estrategicamente dimi­nuiu fundamental na introdução do novo a produção do Gol para facilitar a A campanha de lançamento apre­ carro. Na época, o mercado de 2 entrada do Fox. sentou o conceito e o posicio­ portas era de 2.000 carros/mês e es­ à Conceito: F Utilitário que possibilita a mudançatransporta confortavelmente cinco passageiros, uma vez esportivo compacto, que na posição do assento do motorista trazendo con- forto ao passageiro do banco de trás. Possui a posição elevada do banco do motorista, ampliando a visibilidade e a sensação de segurança de quem dirige. Além de apresentar a possibilidade de ampliação do porta- A campanha de lançamento abrangeu TV, rádio, outdoor, revista, jornal, PDV, cinema. m a i o / j u n h o d e 2 0 0 6 – Revista da ESPM 133
  • 9. Case-Study se número era exatamente o ob­jetivo inicial de vendas do Fox. Com o mix produto e comunicação, o Fox superou as expectativas: o mer­cado absorveu o novo carro e dobrou de tamanho. Atualmente, o Fox representa 60% do mercado de carros 2 portas. Mesmo diante do sucesso, a VW não deixou de fazer a pesquisa Early Buyer, realizada sempre três meses depois do lançamento de um novo pro­duto, com o objetivo de avaliar a satisfação dos primeiros compra­ dores em relação ao carro. Além disso, a satisfação geral do con­ sumidor também é avaliada a par­tir de indicadores do SIQ (Sis­tema de Informação de Qualidade), tais como: avaliação do show room da conces­sionária, do vendedor, do preço do veículo usado, da entrega do veículo e do acompanhamento após a compra por parte do conces­ Assim, em abril de 2005, foi lan­çado o CrossFox. sionário. F Um carro de espírito off road, desenvolvido para atender ao segmento dos guiados pela imagem e para concorrer com EcoSport (Ford), Doblô e Palio Adventure (Fiat). Classificação de carros - percepção do consumidor exclusivos/ Sedan de luxo Esportivo popular sedan compacto Off road Pick Up minivans Exclusivos Espírito Mini Minivans Suv Grandes subgrupos Fonte: Volkswagen 134 R e v i s t a d a ES P M –maio/junho de 2006
  • 10. Fox Esse acompanhamento demonstra a anos e que vem se man­tendo líder os segmen­tos em crescimento, o preocupação da empresa em corrigir no mercado, é um fato que não se sensato e o guiado pela imagem. elementos do marketing mix. ob­serva mais no setor”.2 Esse dire­cionamento, aliado ao re­ sultado do estudo de percepção do A extensão de linha do Fox foi a consu­midor, funda­mentou a decisão Inovação alternativa escolhida pela empresa da companhia em estender a linha através da para imprimir um ritmo de inova­ do Fox para off road e exclusivo/ extensão de ção. E, antes de partir para desdo­ minivans. linha bramentos do Fox, a VW procurou mais uma vez saber e compreender Assim, em abril de 2005, foi lan­çado A Volkswagen até aqui usou, estra­ a percepção do consumidor. o CrossFox. Um carro de es­pírito off tegicamente, o ferramental de pes­­­ road, desenvolvido para a­tender o quisa de marketing no desen­vol­ Novas pesquisas identificaram a ma­ segmento dos guiados pela imagem vimento, no lançamento e no mo­ni­­ neira como o consumidor seg­mentava e para concorrer com EcoSport toramento de seu novo produto. o mercado de carros (se­dan de luxo, (Ford), Doblô e Palio Adventure esportivo, popular, sedan, compacto, (Fiat). Mas a inovação é palavra de ordem exclusivos/minivans, off road, pick- ditada pelo mercado e pelo con­ up) e também alguns subgrupos Praticamente um ano depois, em sumidor. E a pesquisa de mar­keting (vide quadro ao lado). maio de 2006, chegou ao mercado passou também a dar apoio à VW na mais uma variação do Fox, o Spa­ descoberta de novas opor­tunidades. Como mencionado anteriormente, ceFox. Esse carro uniu carac­terís­ticas Afinal, “um evento Gol, ou seja, a Volkswagen pretendia desen­ de uma minivan (versa­tili­dade e um carro desenhado há mais de 20 volver um produto que atendesse espaço interno) e de uma station à F O êxito da ser observado no rejuve­ extensão de linha tam­ Fox: evolução do market share bém pode Fonte: Volkswagen nescimento que proporcionou à 7,5 imagem da própria VW. 6,9 5,8 6,5 5,7 44 2,8 4,1 2,6 jan 04 abr 04 jul 04 out 04 jan 05 abr 05 jul 05 out 05 dez 05 m a i o / j u n h o d e 2 0 0 6 – Revista da ESPM 135
  • 11. Case-Study fatores: (a) valorização do real frente ao dólar e ao euro, e também (b) a atratividade de mercados e­mer­gentes como China, Leste Euro­peu, Índia. Para a Volkswagen, que tem o Fox como carro de entrada no mercado euro­peu, a valorização da moeda brasileira compro­ meteu a compe­titividade de sua exporta­ ção, que deixou de ser lucrativa. As primeiras ações da VW diante do cenário atual foram anun­ciadas recen­temente, como mostra o tre­cho a seguir, extraído de uma ma­téria do jornal O Estado de S. Pau­lo (OESP): “... pressionada pelo fa­tor cambial, vai reduzir as expor­tações em 40%. A medida resultará em corte de produ­ ção de 100 mil veículos ao ano, o que exigirá ajustes de mão-de-obra.” 3 Além disso, a VW no Brasil, que re­­pre­ senta o maior investimento da empresa fora da Alemanha, precisa estar alerta para os países emer­gentes. As multi­ nacionais do setor têm pulverizado seus investimentos entre China, Leste Atualmente, toda a indústria auto­mobilística enfrenta Europeu e Índia para baixar custos e F uma crise impulsionada, principalmente, por dois fa- continuarem com­petitivas global­ tores: (a) valorização do real frente ao dólar e ao euro, e também (b) a atratividade de mercados e­mer­gentes, mente. A Chi­na, em 2005, exportou como China, Leste Euro­peu, Índia. mais carros do que importou. O Leste Europeu planeja ampliar sua capacidade produtiva para 1,6 mi­ (dirigibilidade e espor­tividade). O ser mensurado no volume de vendas. lhão de veículos.4 resultado foi uma sport van que che­ No lan­çamento, as ven­das do Fox gou para com­petir com o Idea (Fiat), eram de 2.000 veículos/mês e, hoje, Segundo Rogelio Golfarb5, em en­ Meriva (GM), Perua Peugeot 206. conside­rando as diversas ver­sões, trevista ao OESP de 27/4/2006, as alcan­çam um volume de 10.000 vantagens competitivas do Brasil Dessa maneira, a partir da extensão de unidades. estão desa­parecendo e o país corre linha do Fox a VW passou a aten­der o risco de ficar para trás. Ainda de seus públicos de interesse: os sen­satos, a­cordo com ele, além do câmbio, com a versão 1.0, e os guiados Cenário atual há outros pontos críticos como o pela imagem, com o Cros­sFox e o cres­­­cente custo de mão-de-obra e Spa­ceFox. Atualmente, toda a indústria auto­mo­ ma­téria-prima, e a elevada carga bilística enfrenta uma crise impul­ tributária sobre a produção e in­ O sucesso da extensão de linha pode sionada, principalmente, por dois vestimento.6 136 R e v i s t a d a ES P M –maio/junho de 2006
  • 12. Fox derno de Negócios. Página B-18. Montadora quer 3) Conclusão Dentro do ciclo de vida de engenharia local. 27 de abril de 2006. pro­duto, o Fox está na fase de crescimento. Proponha Site: www.volkswagen.com.br. Acessado em Este caso ilustra o uso estratégico do um arranjo do marketing mix para maio/2006. ferramental de pesquisa de mar­ke­ting esta etapa do produto e justifique. Site: http://www.autoinforme.com.br/. Acessado no desenvolvimento e no lançamento em abril/2006. de um novo produto, além de sua utili­ Site: http://­www.ip­­­sos. zação no moni­toramento do produto ao 2 Bibliografia com.br/default.asp?resolucao=800X600. Aces- longo tempo e na descoberta de novas sado em maio/2006. oportunidades. Aaker, David A. Kumar, V. Day, George S. Pesquisa Site: http://www.vw.com.br/50anos/default.asp. de marketing. Marcondes, Reynaldo Cavalheiro Acessado em abril e maio/2006. Demonstra também como a pes­ (Tradução). 2. ed. São Paulo: Atlas, 2004. quisa pode auxiliar a conhecer e compreender melhor os anseios do Hamel, Gary. Prahalad, C. K. Competindo pelo fu- Agradecimentos consumidor e dessa forma satis­fazê- turo:estratégias inovadoras para obter o controle Joel Leite do seu setor e criar os mercados de amanhã. Ou- AutoInforme lo com produtos que expres­sem tras Palavras Consultoria Lingüística (Tradução). Marcelo Olival exa­tamente seus desejos e neces­ 6.ed. Rio de Janeiro: Campus, 1998. Gerente de marketing da Volkswagen sidades. Natalie Martha Giustra Volkswagen Kotler, Philip. Marketing para o século XXI:como A análise estratégica das infor­mações criar, conquistar e dominar mercados. Bazán obtidas em estudos é fun­damental Tecnologia e Lingüística (Tradução). 13. ed. São no reposicionamento de uma marca Notas Paulo: Futura, 2003. consolidada no mer­cado, que estava 1 “Fundada na França em 1975, a Ipsos é uma envelhecida e não tinha produtos empresa independente, com capital aberto, Kumar, Nirmalya. Marketing como estratégia: que correspondessem às exigências uma orientação inovadora e comprovada para o administrada por profissionais de pesquisa”. de um público com estilo de vida O grupo fornece globalmente “pesquisas de crescimento e a inovação. Ricardo Bastos Vieira mais jovial. ESPM marketing, propaganda, mídia, satisfação do (Tradução). Rio de Janeiro: Campus, 2004. consumidor e pesquisa de opinião pública e social.” Site: http://www.ipsos.com.br/de- McDaniel Jr., Carl. Gates, Roger. Pesquisa de fault.asp?resolucao=800X600. Acessado em Questões marketing. James F. Suderland Cook (Tradução). maio/2006. para discussão São Paulo: Thomson Learning, 2003. 2 Joel Leite, entrevista cedida em abril/2006. Richers, Raimar. Lima, Cecília Pimenta. Seg- 1) Observe a trajetória da Vol­- mentação: opções estratégicas para o mercado 3 Cleide Silva e Paulo Beraldi. O Estado de S. Paulo ks­wagen no Brasil e analise brasileiro. São Paulo: Nobel, 1991. (OESP). Caderno de Negócios. Página B-20. 04 de o cenário atual. Levante maio de 2006. as forças e fraquezas da empresa e as oportunidades e as ameaças do setor. Fontes 4 SILVA, Cleide. O Estado de S. Paulo (OESP). Caderno de Negócios. Página B-18. 27 de abril Proponha uma estratégia e justifique. LEITE, Joel. Entrevista cedida em abril/2006. de 2006. OLIVAL, Marcelo. Entrevista cedida em Ao olhar o macro e o micro abril/2006. 5 Presidente da ANFAVEA (Associação Nacional 2) ambientes, qual posicio­- dos Fabricantes de Veículos Automotores) SILVA, Cleide Silva e BERALDI, Paulo. O Estado de na­mento você recomenda­ S. Paulo (OESP). Caderno de Negócios. Página ria para a Volkswagen? Justifique B-20. Volks ameaça demitir 5,7 mil com plano de 6 SILVA, Cleide. O Estado de S. Paulo (OESP). e esboce estudos/pesquisas que reestruturação. 04 de maio de 2006. Caderno de Negócios. Página B-18. 27 de abril poderiam colaborar neste reposi­ de 2006. SILVA, Cleide. O Estado de S. Paulo (OESP). Ca- cionamento. m a i o / j u n h o d e 2 0 0 6 – Revista da ESPM 137