1. Gerado depois da meia-noite
adminNenhum comentárioVitória sobre a tentação
A. W. Tozer
Existe um ditado que tenho ouvido no meio de cristãos sedentos por Deus: “Avivamentos
são gerados depois da meia-noite”. É um daqueles provérbios que, embora não possa ser
aplicado literalmente, certamente aponta para uma verdade muito importante.
Se interpretarmos a frase para significar que Deus não ouve as orações por avivamento que
forem feitas durante o dia, é claro que está errada. Ou se entendermos que as orações
oferecidas quando estamos cansados e esgotados possuem mais poder do que aquelas
que fazemos quando estamos descansados e dispostos, também será uma conclusão
errada. Deus teria de ser muito severo para querer que nossa oração se tornasse uma
penitência, ou muito cruel para ter prazer em nos ver castigar a nós mesmos pela
intercessão.
Contudo, existe uma boa medida de verdade no conceito de que avivamentos são gerados
depois da meia-noite, pois todos os dons e graças espirituais somente são concedidos a
quem os deseja intensamente.
Podemos afirmar, sem ter de fazer qualificação alguma, que cada um de nós é tão santo e
cheio do Espírito quanto realmente quer. Pode não estar tão cheio quanto gostaria, mas
certamente está tão cheio quanto sua vontade o impulsionou a buscar.
Nosso Senhor deixou essa verdade acima de qualquer discussão quando afirmou: “Bem-
aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos” (Mt 5.6). Fome e
sede são sensações físicas que, quando atingem estágios agudos, podem se tornar uma
dor muito forte. Incontáveis seguidores de Deus já tiveram essa experiência: quando seus
desejos se transformaram em dor, eram repentina e maravilhosamente cheios e saciados.
O problema não é persuadir Deus a nos encher, mas querer Deus a ponto de permitir que
ele nos encha!
Em geral, o cristão é tão frio e tão acomodado com sua condição miserável que não existe
um vácuo de desejo suficiente para que o bendito Espírito consiga entrar com ímpeto e
satisfazê-lo em verdadeira plenitude.
De tempos em tempos, aparece no cenário religioso uma pessoa cujos anseios espirituais
se tornam tão volumosos e importantes que excluem todos os demais interesses de sua
vida. Tal pessoa se recusa a acomodar-se com as orações seguras e convencionais que se
ouvem semana após semana, ano após ano nas reuniões das igrejas.
Seus anseios a dominam e fazem dela, muitas vezes, um incômodo para quem está por
perto. Seus colegas e companheiros cristãos ficam perplexos, olham um para o outro com
expressão de superioridade, mas, tal qual o cego que suplicava para recuperar sua vista
apesar da repreensão dos discípulos, ela grita “cada vez mais” (Mc 10.48). E, se ainda não
tiver preenchido as condições de Deus ou se houver algo impedindo a resposta às suas
orações, ela pode continuar batalhando em oração até altas madrugadas.
Não é a hora da noite, mas o estado do coração que decide o tempo de sua visitação. Para
ela, pode bem ser que o avivamento chegue depois da meia-noite.