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PARA INÍCO DE CONVERSA!!
1 - O índio não é “genérico” - Cada tribo tem seus costumes, crenças e culturas. São 200 etnias, que
falam 188 línguas diferentes.
2 - As culturas indígenas não são atrasadas - Os povos indígenas produzem saberes, ciências,arte
refinada, literatura, poesia, música, religião.
3 - As culturas indígenas não são congeladas - Pensar que todo índio deveria andar nu ou de tanga é
um equívoco tão grande que quando vemos o contrário tem gente que acha estranho. (não deixo de
ser brasileiro se aprendo inglês, assim como o indígena não deixa de ser índio se usa roupas e
tecnologias de branco).
4 - Os índios não fazem parte apenas do passado - Como mostramos aqui, eles estão aí defendendo
sua cultura. Também é errado pensar que a cultura deles é contraria à evolução e a tudo que é
moderno.
5 - O brasileiro é índio sim! - Muitos tem a ideia de que o povo brasileiro foi só formado por nações
europeias e africanas. Na verdade, a origem vem de todos, mas o brasileiro tende a se identificar
com a origem europeia que foi a principal colonizadora.
José Ribamar Bessa Freire
1ª Parte: Os Kagwahiva
Kagwahiva: "nós", "a gente".
Os Tupi-Kagwahiwa são uma sociedade dividida entre vários grupos, os Diahói ou
Jiahui, os Tenharim, os Jupaú, os Parintintim, os Amondawa, os Uruêu-au-au, mas todos
seguem o mesmo tipo de organização social e cultural.
Meninos da Etnia
Parintintin, Humaita
AM
Os Tenharim
Os grupos Tenharim vivem na região definida pela antropologia como Rio Marmelos, Rio Sepoti, e
Igarapé Preto. A maior aldeia Tenharim é a do Marmelos, afluente do rio Madeira. As outras
aldeias Vila Nova, Bela Vista, Campinhu, Mafui, Taboca, se formaram num movimento de dispersão
recente.
Na região do Rio Madeira, a aproximação dos grupos Kagwahiva com a sociedade branca se deu após
uma intensa guerra, que perdurou por cerca de 70 anos, entre meados do século XIX e a década de
vinte do seguinte, só terminando com a ação do Serviço de Proteção aos Índios (SPI) e após a
instalação definitiva de colocações de seringueiros na região.
A reserva Marmelos conta com sete aldeias, seis
delas nas margens rodovia Transamazônica, Vila
Nova, Marmelos, Bela Vista, Kampinhu, Taboca,
Mafui e na rodovia do Estanho, a aldeia Karanái. As
reservas do Igarapé Preto e do Estirão Grande
contam com uma só aldeia cada.
Os Kagwahiva estavam distribuídos em pequenos
grupos locais com território determinado e ocupando
uma grande região entre os rios Madeira e Tapajós.
Viviam entre a aliança e o conflito, mas reconheciam-se
enquanto uma única sociedade.
Após os anos de de 1970 a vida nas aldeias Kagwahiva passa
por profundas mudanças.
Com a abertura da rodovia Transamazônica, em 1971, que o
contato é estabelecido totalmente, pois a estrada corta a aldeia
Marmelos ao meio, uma das sete aldeias Tenharim que hoje
compõe a reserva.
Pegaram sarampo e catapora dos trabalhadores da
empresa Paranapanema, muitos morreram e não
conseguiram mais lutar. A estrada passou sobre a antiga
aldeia, a nova aldeia foi construída nas margens da
estrada e do rio Marmelos, o qual garante alimentos para
todos. Daí começou efetivamente o contato, como a
aquisição de roupas, ferramentas e outros utensílios.
Tentativa de resistência
Os Tenharim, quando começaram a ouvir uma zoada
forte vinda de perto, começaram a ficar preocupados e
um deles foi ver o que era. Chegando na beira do rio
Marmelos viu muitas máquinas desmatando as
margens do rio. Fizeram reunião e decidiram ir guerrear
com o branco invasor, foram primeiro se estabelecer
nas margens do rio onde construíram alguns tapiris para
abrigá-los e permaneceram ali impedindo a
Transamazônica. Entrevista com João Bosco Tenharim,
Data: 27/03/2002
Os indígenas assistem da frente das suas casas os
caminhões saírem lotados de madeira, o gado e o
“progresso” ocupando o espaço no Sul do Amazonas.
Em muito pouco tempo a floresta amazônica está sendo
devastada. A monocultura e a pecuária está sendo
implantada sob o controle de migrantes sulistas.
A logística dada pelas rodovias BR-364, BR-319 e BR-230
tem contribuído para a ampliação do desmatamento na
região, para a vinda de grandes empresas mineradoras,
madeireiros, latifundiários, entre outros . É nesta região
que se concentra o impacto da ocupação na bacia”,
Exploração de madeira ilegal, castanheiras e
seringueiras, além da criação de áreas de pastagens são
os principais motivos que levam a essa degradação”
Arco do Desflorestamento
Área atingida principalmente pelas queimadas que
ocorrem desde a década de 80 em virtude da expansão
das novas fronteiras agrícolas. Sua extensão é de 3 mil
km.
2ª Parte:
Através da estrada vem o outro mundo, e o isolamento é impossível.
Cultura Tupi-Kagwahiwa
Temos uma sociedade em que o genro trabalha para o
sogro, se estabelece assim uma relação de troca em
relação ao casamento. Os genros deveriam ir morar na
aldeia da noiva; contudo, hoje com algumas
transformações, esse tipo de situação passa pelo crivo
das lideranças, pois sempre são pensadas estratégias
que atuem em benefício de toda a comunidade.
“As crianças índias aprendem brincando aquilo que
constitui o trabalho dos adultos. Os meninos imitam os
homens, as meninas, as mulheres, as crianças maiores
auxiliam consideravelmente os adultos. Desta maneira,
pouco a pouco, conforme o crescimento das forças e
capacidades, o jogo torna-se trabalho . Mas, nesse
processo de evolução o limite entre jogo e trabalho é
tão pouco evidente como aquele abismo divisório entre
crianças e adultos que existe entre nós, mas não se faz
sentir entre os índios. O trabalho não oprime como
atividade extorquida. Conserva sempre como jogo, o
caráter de ocupação desejada pelo próprio
participante.” BALDUS, 1950, p. 118
Quando é época de castanha, a família toda se desloca
para os castanhais e passa de um mês a dois no local da
retirada de castanha, vivenciando toda a família o
processo de quebra dos ouriços e armazenamento do
produto
A canoa é feita de Itáuba. Pandurus- cestos-, tatapekawas -abano- são confeccionados com
palhas e cipós, palhas de babaçu e buritis, com requintadas técnicas de trançado. Homens e
mulheres fabricam esses objetos.
As penas que enfeitam a arte plumária são das aves:
mutum, araras, gavião, papagaio. É muito utilizado o
tucumã para a confecção de brincos, pulseiras e colares.
Miçangas são de grande apreço e um dos pedidos
frequentes feitos pelos Tenharim.
Flechas confeccionadas com penas gavião, pássaro considerado
protetor dos Kagwahiva
A ideia de trazer inovações técnicas surgiu junto com a
proposta do Encontro de Artesanato
A caça, que antes era feita com arcos e flechas, é hoje feita com espingarda de chumbo.
Arco e flecha é utilizado nas pescarias, e também o timbó- substância tirada de um cipó, que
deixa os peixes meio “bobos”, facilitando a pesca.
Os Tenharim, para comprar roupas, sapatos, mantimentos, comercializam a castanha do Amazonas, a
farinha de mandioca, artesanatos, alguma produção de banana. São exímios horticultores, os homens
trabalham na roça, pescam, caçam.
Facas, enxadas, terçados, escavadeiras, panelas, pilões, arco e flechas, anzóis, espingardas, chumbo, fogão
a gás em algumas casas (mas este não substitui de modo algum a velha e conhecida fogueira); e um
freezer só, são os objetos mais usados no cotidiano dos Tenharim. As casas são construídas pelos próprios
donos, com a ajuda de outras pessoas da comunidade, são algumas de chão batido, outras com assoalho
com mais ou menos um metro e meio do solo. São feitas de madeira e cobertas em sua maioria com
palha de babaçu, algumas casas são cobertas com telhas de amianto, que ficam extremamente quente.
O cotidiano de uma jovem tenharim é mais ou menos assim: limpa a aldeia, faz farinha, estuda, cuida
da casa, conversa com as colegas, faz reunião, trabalha com artesanato, faz roça, planta, joga futebol,
coleta frutos na mata; passeia na estrada, lava roupas e toma banho no igarapé, ouve música,
conversa sobre namorados.
Crença Tenharim
Anhangá, que é espírito de pessoas mortas, bem como
espíritos que possuem aldeia, vivem nos campos,
castanhais, nas cachoeiras e em todos os lugares da
floresta. Anhangá que seria o espírito dos animais, mas
também a alma dos Tenharim. Espíritos como um todo
são anhangá.
Quando algum caçador entra na floresta para caçar,
Anhangá pode se transformar em onça e matar os
caçadores, também se transforma em tamanduá.
Quando alguém vê esse tamanduá no alto, é certo que alguém irá morrer. Anhangá também pode roubar
crianças da aldeia: a chama para entrar na mata e então a criança nunca mais volta para a aldeia. Quando
aparecem na forma de tamanduazinho em baixo- em relação a altura- quer dizer que algo ou alguma gente
vai morrer logo, se mais em cima demora um pouco, se o tamanduazinho estiver chorando ou em dois isso
é certeza, mas se quem viu matar logo, talvez isso não aconteça. Anhangá e Bahira são da mesma família.
Anhangá não é gente, assovia na mata, por isso quando se está entrando na mata é melhor não gritar, nem
responder nenhum grito, pode ser Anhangá que tem o poder de se transformar em todo tipo de bicho, de
pau. Não podemos comer á noite no escuro total, pois anhangá pode se transformar no que você está
comendo e te matar. A onça tem o poder de gritar como Anhangá.
Origem do fogo
Bahira, o herói cultural dos Tenharim, proporcionou a estes a aquisição do fogo através de
um jogo; em que animais competiam para saber quem era o mais forte para atravessar o rio com um
fardo de brasa nas costas.
Vários animais tentavam e todos diziam palavras de comum entendimento, quando kororoi
conseguiu entregar o fogo para os Tenharim ele cantou sua morte, também “como quem dá-se ao
carrasco”; e cantou e os Tenharim entenderam suas palavras, tanto que até hoje a sabem repetir
perfeitamente.
A linguagem era a mesma, no tempo mítico os homens falavam com os animais. A linguagem,
a palavra e o espírito eram os mesmos, seus corpos os diferenciavam. Essa possível identidade do
espírito estaria presente principalmente nos mitos.
As flautas: Yreu’a é a taboca maior, somente para a dança e receber os visitantes e o Yroa é só para cantar
e para as mulheres.
Os homens têm a responsabilidade de tocar as Yreu’a, longas flautas de bambu que soltam um som grave.
Nem todos dançam. Homens e mulheres ficam lado a lado em semi-círculo. Os homens começam a dançar
batendo o pé direito mais forte no chão, fazendo vibrar o som das cascas de pequiá que estão amarradas
no tornozelo, a batida é forte no chão como se fossem penetrar na terra. Enquanto os homens estão em
movimento, as mulheres vão se aproximando e sempre tem uma mulher que vai apontando com quem as
outras vão dançar.
“Na dança tradicional tenharim os rapazes e moças só podem dançar ou ser tirado para dançar
quando a tia escolhe o rapaz para a moça. No começo da festa a tia dá a ordem de ela dançar
primeiro com os mais velhos e depois com os mais jovens e assim por diante. Não se pode nunca
dizer não porque quando uma moça diz que não ela faz vergonha para os seus pais e ela é retirada
da festa e quando termina a festa ela é trazida diante do cacique e ele diz para ela não fazer mais na
frente de todo mundo e dá conselho para ela.” Daiane Tenharim
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Fundações e associações de apoio e informações
APITEM- Associação Tenharim
OPIAM- Organização dos Povos
Indígenas do Alto Madeira,
Ong UIRAPURU
Ong OPAN- Operação Amazônia Nativa
FUNASA,
SEDUC
FUNAI
Bibliografia
SILVA, Rosana Aparecida da. Os tenharim: a pessoa, o corpo e a festa. 2006. 16 f. Dissertação (mestrado) -
Universidade Estadual Paulista.
PEREIRA, Priscilla Perez da Silva. O processo de alcoolização entre os tenharim das aldeias do Rio
Marmelo/AM. 2012.
FREIRE, J.R.Bessa. Cinco idéias equivocadas sobre o índio. Manaus: Cenesch (Setor de Publicações). Série
Conferências, Estudos e Palestras. n. 1, p. 17-34, set. 2000.
Tenharim. Crianças do nono ano. Marmelos, outubro de 2009.

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Povos Nativos: kagwahiva 1

  • 1. PARA INÍCO DE CONVERSA!! 1 - O índio não é “genérico” - Cada tribo tem seus costumes, crenças e culturas. São 200 etnias, que falam 188 línguas diferentes. 2 - As culturas indígenas não são atrasadas - Os povos indígenas produzem saberes, ciências,arte refinada, literatura, poesia, música, religião. 3 - As culturas indígenas não são congeladas - Pensar que todo índio deveria andar nu ou de tanga é um equívoco tão grande que quando vemos o contrário tem gente que acha estranho. (não deixo de ser brasileiro se aprendo inglês, assim como o indígena não deixa de ser índio se usa roupas e tecnologias de branco). 4 - Os índios não fazem parte apenas do passado - Como mostramos aqui, eles estão aí defendendo sua cultura. Também é errado pensar que a cultura deles é contraria à evolução e a tudo que é moderno. 5 - O brasileiro é índio sim! - Muitos tem a ideia de que o povo brasileiro foi só formado por nações europeias e africanas. Na verdade, a origem vem de todos, mas o brasileiro tende a se identificar com a origem europeia que foi a principal colonizadora. José Ribamar Bessa Freire
  • 2. 1ª Parte: Os Kagwahiva
  • 3. Kagwahiva: "nós", "a gente". Os Tupi-Kagwahiwa são uma sociedade dividida entre vários grupos, os Diahói ou Jiahui, os Tenharim, os Jupaú, os Parintintim, os Amondawa, os Uruêu-au-au, mas todos seguem o mesmo tipo de organização social e cultural. Meninos da Etnia Parintintin, Humaita AM
  • 4. Os Tenharim Os grupos Tenharim vivem na região definida pela antropologia como Rio Marmelos, Rio Sepoti, e Igarapé Preto. A maior aldeia Tenharim é a do Marmelos, afluente do rio Madeira. As outras aldeias Vila Nova, Bela Vista, Campinhu, Mafui, Taboca, se formaram num movimento de dispersão recente. Na região do Rio Madeira, a aproximação dos grupos Kagwahiva com a sociedade branca se deu após uma intensa guerra, que perdurou por cerca de 70 anos, entre meados do século XIX e a década de vinte do seguinte, só terminando com a ação do Serviço de Proteção aos Índios (SPI) e após a instalação definitiva de colocações de seringueiros na região. A reserva Marmelos conta com sete aldeias, seis delas nas margens rodovia Transamazônica, Vila Nova, Marmelos, Bela Vista, Kampinhu, Taboca, Mafui e na rodovia do Estanho, a aldeia Karanái. As reservas do Igarapé Preto e do Estirão Grande contam com uma só aldeia cada.
  • 5. Os Kagwahiva estavam distribuídos em pequenos grupos locais com território determinado e ocupando uma grande região entre os rios Madeira e Tapajós. Viviam entre a aliança e o conflito, mas reconheciam-se enquanto uma única sociedade. Após os anos de de 1970 a vida nas aldeias Kagwahiva passa por profundas mudanças. Com a abertura da rodovia Transamazônica, em 1971, que o contato é estabelecido totalmente, pois a estrada corta a aldeia Marmelos ao meio, uma das sete aldeias Tenharim que hoje compõe a reserva.
  • 6. Pegaram sarampo e catapora dos trabalhadores da empresa Paranapanema, muitos morreram e não conseguiram mais lutar. A estrada passou sobre a antiga aldeia, a nova aldeia foi construída nas margens da estrada e do rio Marmelos, o qual garante alimentos para todos. Daí começou efetivamente o contato, como a aquisição de roupas, ferramentas e outros utensílios. Tentativa de resistência Os Tenharim, quando começaram a ouvir uma zoada forte vinda de perto, começaram a ficar preocupados e um deles foi ver o que era. Chegando na beira do rio Marmelos viu muitas máquinas desmatando as margens do rio. Fizeram reunião e decidiram ir guerrear com o branco invasor, foram primeiro se estabelecer nas margens do rio onde construíram alguns tapiris para abrigá-los e permaneceram ali impedindo a Transamazônica. Entrevista com João Bosco Tenharim, Data: 27/03/2002
  • 7. Os indígenas assistem da frente das suas casas os caminhões saírem lotados de madeira, o gado e o “progresso” ocupando o espaço no Sul do Amazonas. Em muito pouco tempo a floresta amazônica está sendo devastada. A monocultura e a pecuária está sendo implantada sob o controle de migrantes sulistas.
  • 8. A logística dada pelas rodovias BR-364, BR-319 e BR-230 tem contribuído para a ampliação do desmatamento na região, para a vinda de grandes empresas mineradoras, madeireiros, latifundiários, entre outros . É nesta região que se concentra o impacto da ocupação na bacia”, Exploração de madeira ilegal, castanheiras e seringueiras, além da criação de áreas de pastagens são os principais motivos que levam a essa degradação” Arco do Desflorestamento Área atingida principalmente pelas queimadas que ocorrem desde a década de 80 em virtude da expansão das novas fronteiras agrícolas. Sua extensão é de 3 mil km.
  • 9. 2ª Parte: Através da estrada vem o outro mundo, e o isolamento é impossível.
  • 10. Cultura Tupi-Kagwahiwa Temos uma sociedade em que o genro trabalha para o sogro, se estabelece assim uma relação de troca em relação ao casamento. Os genros deveriam ir morar na aldeia da noiva; contudo, hoje com algumas transformações, esse tipo de situação passa pelo crivo das lideranças, pois sempre são pensadas estratégias que atuem em benefício de toda a comunidade. “As crianças índias aprendem brincando aquilo que constitui o trabalho dos adultos. Os meninos imitam os homens, as meninas, as mulheres, as crianças maiores auxiliam consideravelmente os adultos. Desta maneira, pouco a pouco, conforme o crescimento das forças e capacidades, o jogo torna-se trabalho . Mas, nesse processo de evolução o limite entre jogo e trabalho é tão pouco evidente como aquele abismo divisório entre crianças e adultos que existe entre nós, mas não se faz sentir entre os índios. O trabalho não oprime como atividade extorquida. Conserva sempre como jogo, o caráter de ocupação desejada pelo próprio participante.” BALDUS, 1950, p. 118
  • 11. Quando é época de castanha, a família toda se desloca para os castanhais e passa de um mês a dois no local da retirada de castanha, vivenciando toda a família o processo de quebra dos ouriços e armazenamento do produto
  • 12. A canoa é feita de Itáuba. Pandurus- cestos-, tatapekawas -abano- são confeccionados com palhas e cipós, palhas de babaçu e buritis, com requintadas técnicas de trançado. Homens e mulheres fabricam esses objetos. As penas que enfeitam a arte plumária são das aves: mutum, araras, gavião, papagaio. É muito utilizado o tucumã para a confecção de brincos, pulseiras e colares. Miçangas são de grande apreço e um dos pedidos frequentes feitos pelos Tenharim. Flechas confeccionadas com penas gavião, pássaro considerado protetor dos Kagwahiva A ideia de trazer inovações técnicas surgiu junto com a proposta do Encontro de Artesanato
  • 13. A caça, que antes era feita com arcos e flechas, é hoje feita com espingarda de chumbo. Arco e flecha é utilizado nas pescarias, e também o timbó- substância tirada de um cipó, que deixa os peixes meio “bobos”, facilitando a pesca.
  • 14. Os Tenharim, para comprar roupas, sapatos, mantimentos, comercializam a castanha do Amazonas, a farinha de mandioca, artesanatos, alguma produção de banana. São exímios horticultores, os homens trabalham na roça, pescam, caçam. Facas, enxadas, terçados, escavadeiras, panelas, pilões, arco e flechas, anzóis, espingardas, chumbo, fogão a gás em algumas casas (mas este não substitui de modo algum a velha e conhecida fogueira); e um freezer só, são os objetos mais usados no cotidiano dos Tenharim. As casas são construídas pelos próprios donos, com a ajuda de outras pessoas da comunidade, são algumas de chão batido, outras com assoalho com mais ou menos um metro e meio do solo. São feitas de madeira e cobertas em sua maioria com palha de babaçu, algumas casas são cobertas com telhas de amianto, que ficam extremamente quente.
  • 15. O cotidiano de uma jovem tenharim é mais ou menos assim: limpa a aldeia, faz farinha, estuda, cuida da casa, conversa com as colegas, faz reunião, trabalha com artesanato, faz roça, planta, joga futebol, coleta frutos na mata; passeia na estrada, lava roupas e toma banho no igarapé, ouve música, conversa sobre namorados.
  • 16. Crença Tenharim Anhangá, que é espírito de pessoas mortas, bem como espíritos que possuem aldeia, vivem nos campos, castanhais, nas cachoeiras e em todos os lugares da floresta. Anhangá que seria o espírito dos animais, mas também a alma dos Tenharim. Espíritos como um todo são anhangá. Quando algum caçador entra na floresta para caçar, Anhangá pode se transformar em onça e matar os caçadores, também se transforma em tamanduá. Quando alguém vê esse tamanduá no alto, é certo que alguém irá morrer. Anhangá também pode roubar crianças da aldeia: a chama para entrar na mata e então a criança nunca mais volta para a aldeia. Quando aparecem na forma de tamanduazinho em baixo- em relação a altura- quer dizer que algo ou alguma gente vai morrer logo, se mais em cima demora um pouco, se o tamanduazinho estiver chorando ou em dois isso é certeza, mas se quem viu matar logo, talvez isso não aconteça. Anhangá e Bahira são da mesma família. Anhangá não é gente, assovia na mata, por isso quando se está entrando na mata é melhor não gritar, nem responder nenhum grito, pode ser Anhangá que tem o poder de se transformar em todo tipo de bicho, de pau. Não podemos comer á noite no escuro total, pois anhangá pode se transformar no que você está comendo e te matar. A onça tem o poder de gritar como Anhangá.
  • 17. Origem do fogo Bahira, o herói cultural dos Tenharim, proporcionou a estes a aquisição do fogo através de um jogo; em que animais competiam para saber quem era o mais forte para atravessar o rio com um fardo de brasa nas costas. Vários animais tentavam e todos diziam palavras de comum entendimento, quando kororoi conseguiu entregar o fogo para os Tenharim ele cantou sua morte, também “como quem dá-se ao carrasco”; e cantou e os Tenharim entenderam suas palavras, tanto que até hoje a sabem repetir perfeitamente. A linguagem era a mesma, no tempo mítico os homens falavam com os animais. A linguagem, a palavra e o espírito eram os mesmos, seus corpos os diferenciavam. Essa possível identidade do espírito estaria presente principalmente nos mitos.
  • 18. As flautas: Yreu’a é a taboca maior, somente para a dança e receber os visitantes e o Yroa é só para cantar e para as mulheres. Os homens têm a responsabilidade de tocar as Yreu’a, longas flautas de bambu que soltam um som grave. Nem todos dançam. Homens e mulheres ficam lado a lado em semi-círculo. Os homens começam a dançar batendo o pé direito mais forte no chão, fazendo vibrar o som das cascas de pequiá que estão amarradas no tornozelo, a batida é forte no chão como se fossem penetrar na terra. Enquanto os homens estão em movimento, as mulheres vão se aproximando e sempre tem uma mulher que vai apontando com quem as outras vão dançar.
  • 19. “Na dança tradicional tenharim os rapazes e moças só podem dançar ou ser tirado para dançar quando a tia escolhe o rapaz para a moça. No começo da festa a tia dá a ordem de ela dançar primeiro com os mais velhos e depois com os mais jovens e assim por diante. Não se pode nunca dizer não porque quando uma moça diz que não ela faz vergonha para os seus pais e ela é retirada da festa e quando termina a festa ela é trazida diante do cacique e ele diz para ela não fazer mais na frente de todo mundo e dá conselho para ela.” Daiane Tenharim
  • 20. Aldeia do Marmelo. Agosto de 2009
  • 21. Aldeia do Marmelo. Agosto de 2009
  • 22. Aldeia do Marmelos. Agosto de 2009
  • 23. Aldeia do Marmelo. Agosto de 2009
  • 24. Aldeia do Marmelo. Agosto de 2009
  • 25. Aldeia do Marmelo. Agosto de 2009
  • 26. Aldeia do Marmelo. Agosto de 2009
  • 27. Fundações e associações de apoio e informações APITEM- Associação Tenharim OPIAM- Organização dos Povos Indígenas do Alto Madeira, Ong UIRAPURU Ong OPAN- Operação Amazônia Nativa FUNASA, SEDUC FUNAI
  • 28. Bibliografia SILVA, Rosana Aparecida da. Os tenharim: a pessoa, o corpo e a festa. 2006. 16 f. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista. PEREIRA, Priscilla Perez da Silva. O processo de alcoolização entre os tenharim das aldeias do Rio Marmelo/AM. 2012. FREIRE, J.R.Bessa. Cinco idéias equivocadas sobre o índio. Manaus: Cenesch (Setor de Publicações). Série Conferências, Estudos e Palestras. n. 1, p. 17-34, set. 2000. Tenharim. Crianças do nono ano. Marmelos, outubro de 2009.