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O maior preconceito é o da indiferença.
Maio de 2008  Maranhão. Na calada da noite,   dois homens armados invadem a aldeia Anajá, dos índios guajajaras, e começam a atirar aleatoriamente.   Uma menina índia, de 6 anos, chamada Maria dos Anjos Paulino Guajajara, é atingida e morre com um tiro na cabeça.    O ocorrido não ganha espaço nem tem repercussão na grande mídia.
Esta apresentação é dedicada à pequena Maria dos Anjos. Onde quer que estejas,           pequenina índia,                         brinque em paz...
Maria dos Anjos Paulino Guajajara 2001 / 2007
- Índios -
Para se mudar o presente,   faz-se necessário olhar                              para o passado. Estar disposto a enxergaros erros cometidos, a reconhecê-los, de modo                       a garantir que não mais                       se repitam...
Ao desembarcar, há cinco séculos, nas terras brasileiras, os navegantes portugueses depararam-se com comunidades indígenas firmemente estabelecidas.
Neste Novo Mundo, os colonizadores brancos encontraram uma cultura que até então não conheciam:  As comunidades indígenas    com suas tradições milenares, ritos, danças, idiomas.  Uma outra espiritualidade,     um outro modo de vida...
Os indígenas perguntaram-lhes com o olhar o que ali faziam,     o que queriam.  Os invasores não se deram ao trabalho de responder.
Os colonizadores, à  época do descobrimento,    nem sequer admitiram    a condição de seres humanos aos povos indígenas...
...considerando-os selvagens sem alma, a serem escravizados, humilhados e utilizados como mão-de-obra nos canaviais e engenhos.
As tribos que mostraram resistência, que não se deixaram subjugar, foram dizimados.
Mulheres, homens                e crianças, corpos trêmulos, rostos angustiados, mãos erguidas implorando misericórdia.
Genocídios,  extermínios...
Antes do ano 1.500, no Brasil, os povos indígenas somavam 5 milhões, espalhados em 900 nações.
Antes do ano 1.500, no Brasil, os povos indígenas somavam 5 milhões, espalhados em 900 nações.  Hoje, passados cinco séculos, foram reduzidos a 540 mil                     em 206 nações remanescentes.
Quando os portugueses    chegaram ao Brasil,                            havia em torno de                           1.300 línguas indígenas.  Hoje restam                                      cerca de 170.
As comunidades indígenas, com suas concepções igualitárias, solidárias, com o seu culto à Vida e à Natureza, apresentavam-se      tão distantes dos interesses                  que moviam os colonizadores.  Tão distantes se apresentam até hoje dos interesses           que movem a nossa          sociedade moderna.
Tempos difíceis                                  eram aqueles, Tempos difíceis                são estes nossos...
Segundo o presidente da Funai, - Fundação Nacional do Índio -, o historiador Márcio Meira,           o preconceito contra índios está passando                  por uma fase de recrudescimento. Um dos principais fatores        para esta nova onda de preconceito é a expansão econômica, especialmente do agronegócio, em direção às regiões onde vivem os índios.
De acordo com Meira, ainda impera no País               uma visão de progresso segundo a qual                      tudo que impede o seu avanço deve ser destruído, - seja a Natureza, sejam seres humanos.
Ainda de acordo com o  presidente da Funai,          o preconceito também deve-se em parte ao desconhecimento da realidade indígena.
Muitas vezes, associamos os índios a antigos estereótipos, como se ainda vivessem no passado, constituindo um povo preguiçoso, incapaz  e inferior. É o caldo de cultura propício ao preconceito.
Quinhentos anos passados, ainda não aprendemos a valorizar a valiosa herança cultural indígena, que levou milhares de anos para chegar até nos.
E as nossas escolas              a ensinar às nossas crianças muito pouco, quase nada, sobre a cultura indígena.
500 anos passados, e ainda não aprendemos uma  lição essencial: Coexistir
Menina indígena Guarani,   Mato Grosso do Sul
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Roraima Estados com os maiores índices de desmatamento.
Biocombustíveis –  etanol, metanol, biodiesel  Agronegócios –  aumento do preço da soja e da carne no mercado internacional, expansão da fronteira agrícola Especulação fundiária Indústria madeireira Crescimento desordenado das áreas urbanas
Empresários com sede insaciável de lucro Prefeitos madeireiros Governadores latifundiários Deputados e Senadores           da bancada ruralista
Empresários com sede insaciável de lucro Desmatamento Prefeitos madeireiros Devastação Governadores latifundiários Sofrimentos Deputados e Senadores           da bancada ruralista Injustiças...
Vista aérea de queimada em área florestal   Município de Novo Progresso, Pará (triste novo progresso dos nossos tempos...)
Em breve, mais uma plantação de soja,                             ou mais um pasto para pecuária.
Vista aérea de rebanho bovino  Município de Cáceres, Mato Grosso
Mais um carregamento de madeira extraída ilegalmente, apreendido pelo Ibama
Voraz expansão das fronteiras agrícolas Mato Grosso
Carreta sem placa passa tranqüilamente numa estrada          do Pará, carregando uma tora de madeira nobre.
Numa terra sem lei nem fiscalização,                  menos uma árvore centenária na floresta,    mais um acréscimo à conta bancária de                         algum rico empresário madeireiro da região.
A fumaça que cega.
A terra devastada.
No olhar,  o sofrimento, a espera...
Índias da etnia Makuxi Reserva Raposa Serra do Sol, Roraima
Ao ignorarmos e destruirmos o que resta da cultura indígena,  talvez estejamos ignorando e destruindo a parte mais bela do mosaico que compõe a nossa essência humana.
A inocência, a docilidade, a pureza, a verdadeira união, - seja com o nosso próximo, seja com    a Natureza...
Coração  Alma Corpo físico (quando e como foi que consentimos com a sua ruptura...?)
E o que sabemos                sobre a vida                                  que aqui existia               antes das tantas  cidades erguidas? O que sabemos sobre as nossas raízes            mais profundas?
Existem valores anteriores ao lucro. Valores imprescindíveis,            que conferem sentido                 e que embelezam              a existência.
Existe a bondade. Existe a                 dor da perda,  e também o      bálsamo que cura...
O que sabemos sobre o segredo do Universo? O que sabemos  sobre os cheiros primordiais da terra...?
O que sabemos  sobre os cheiros primordiais da terra...?
Quando foi a         última vez que tivemos ouvidos   para ouvir o suave canto da seiva?
Alma Ritos Dança Sopro Vida Mitos Significado Sentido...
O que sabemos sobre a cultura de cada uma das 200 nações indígenas que ainda existem?  E o que sabemos sobre a                      história das 700 nações indígenas   para sempre extintas?  O que sabemos sobre                                  a nossa própria alma...?
Cores Sonhos Desenhos Destinos O vermelho                         do urucum...
O azul,               quase negro, do jenipapo...
Olhar, Ver, Reparar Ter ouvidos para                               outros cantos, outros idiomas, outras histórias...
Pintar não somente o rosto,  mas a alma, com as cores            do urucum e do jenipapo. Banhar no rio da compaixão                    e do amor universal.
O que sabemos sobre a bondade?
Índia da etnia Guajá                     amamenta um filhote                de porco-do-mato
Na aldeia dos guajás,            um antigo costume da tribo          é a adoção de pequenos animais órfãos. Porcos-do-mato, quatis, macacos, preguiças e aves  são criados como se              fossem da família.
Conforme acreditam,         esta  é uma forma de se retribuir à Natureza por tudo o que ela nos oferece,  uma forma de se reverenciar a Vida.
Alguns corações                     são mais humanos                 do que outros.
É preciso pôr-se de joelhos, reverente, para poder escutar o silêncio. O silêncio que nos possibilita reparar as coisas mais simples, e valorizar o que é belo...
E o que nós, “civilizados”, sabemos sobre                  a bondade, a compaixão,  sobre a grandeza espiritual...,
...sobre o amor genuíno manifestado pelos      puros de coração,  - amor este que faz                              o mundo girar?
Os animais adotados pela tribo se tornam intocáveis, jamais sendo mortos, ganhando a condição de bichos de estimação.
Breve é a nossa                              passagem por esta               vida terrena.  Ontem chegamos,  hoje nos banhamos no Rio da Vida,  amanhã partiremos.
O Rio da Vida já corre há muito antes do nosso nascimento,  e continuará a fluir, indiferente, após                    a nossa partida.
Uma breve fatia de tempo nos é destinada. Ontem chegamos,       hoje sonhamos,     amanhã onde estaremos? Aquilo que plantamos,  colheremos.
E qual será a colheita          que o dia de amanhã                      nos reserva? Basta olhar o que hoje fazemos...
De que adianta   termos voz,  se nos calarmos   diante das injustiças  do mundo?
Para que servirão          os nossos olhos,                caso desviemos                        o olhar do sofrimento  do nosso próximo?
Os nossos bens  materiais e espirituais somente adquirem           um valor real se                  os partilhamos com              o nosso próximo,  em especial, com os                      destituídos e desamparados que encontramos pelo caminho.
De que terá servido                                  a nossa breve vida terrena, se não formos capazes de               enxergar a centelha divina                     que reluz em cada ser vivo e que nos remete ao               nosso Criador único...?
Aldeia Kamayura, Xingu,   Mato Grosso
   Crianças da etnia Yawanawa,  Amazonas
Pajé da etnia Kuikuro, Mato Grosso
Mãe e filho da etnia Kuikuro, Região do Alto Xingu Mato Grosso
Índia da etnia Kaxinawa, Acre, Região Amazônica
“O índio não acredita no sobrenatural porque não conhece essa divisão entre natural e sobrenatural.           É tudo uma coisa só, físico e espírito. “O mundo espiritual deles, algo misterioso e milenar, simplesmente os rodeia. É tangível. Não dá para explicar mais do que isso... “A vida do índio é de certo modo uma ininterrupta cerimônia espiritual.”
“São um povo para o qual  o idoso é o dono da história, o homem adulto é                o dono da aldeia, a mulher, a dona da prática das tradições no dia-a-dia e da casa, e a criança...
...e a criança,  a dona do mundo. Uma criança de uma aldeia índia goza da mais plena liberdade que já pude testemunhar.  E isso está no seu rosto o tempo todo.” Orlando Villas Boas (1914 – 2002)
a criança,  a dona do mundo.
Crianças da etnia Kuikuros Região do Alto Xingu  Mato Grosso
Pequeno índio                   da etnia Xucuru, Sertão pernambucano
Brincando no Rio Uaupés Comunidade de Taracuá, São Gabriel da Cachoeira, Amazonas 
Formatação: um_peregrino@hotmail.com  Tema musical: Nothing Compares to You (versão instrumental)
O vermelho do urucum, o azul, quase negro,                            do jenipapo...
Quais as cores e os sentimentos                            que escolheremos para                                 adornar a nossa alma...?
O vermelho do urucum, o azul, quase negro,                            do jenipapo...
A bondade, a inocência,                     a pureza, o respeito, conceitos por resgatar,           valores por recuperar...
Natureza Eternidade
Um breve sopro, um mesmo sonho, uma única esperança...
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Maria mae da divina misericordia
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Indios

  • 1. O maior preconceito é o da indiferença.
  • 2. Maio de 2008 Maranhão. Na calada da noite, dois homens armados invadem a aldeia Anajá, dos índios guajajaras, e começam a atirar aleatoriamente. Uma menina índia, de 6 anos, chamada Maria dos Anjos Paulino Guajajara, é atingida e morre com um tiro na cabeça. O ocorrido não ganha espaço nem tem repercussão na grande mídia.
  • 3. Esta apresentação é dedicada à pequena Maria dos Anjos. Onde quer que estejas, pequenina índia, brinque em paz...
  • 4. Maria dos Anjos Paulino Guajajara 2001 / 2007
  • 6. Para se mudar o presente, faz-se necessário olhar para o passado. Estar disposto a enxergaros erros cometidos, a reconhecê-los, de modo a garantir que não mais se repitam...
  • 7. Ao desembarcar, há cinco séculos, nas terras brasileiras, os navegantes portugueses depararam-se com comunidades indígenas firmemente estabelecidas.
  • 8. Neste Novo Mundo, os colonizadores brancos encontraram uma cultura que até então não conheciam: As comunidades indígenas com suas tradições milenares, ritos, danças, idiomas. Uma outra espiritualidade, um outro modo de vida...
  • 9. Os indígenas perguntaram-lhes com o olhar o que ali faziam, o que queriam. Os invasores não se deram ao trabalho de responder.
  • 10. Os colonizadores, à época do descobrimento, nem sequer admitiram a condição de seres humanos aos povos indígenas...
  • 11. ...considerando-os selvagens sem alma, a serem escravizados, humilhados e utilizados como mão-de-obra nos canaviais e engenhos.
  • 12. As tribos que mostraram resistência, que não se deixaram subjugar, foram dizimados.
  • 13. Mulheres, homens e crianças, corpos trêmulos, rostos angustiados, mãos erguidas implorando misericórdia.
  • 15. Antes do ano 1.500, no Brasil, os povos indígenas somavam 5 milhões, espalhados em 900 nações.
  • 16. Antes do ano 1.500, no Brasil, os povos indígenas somavam 5 milhões, espalhados em 900 nações. Hoje, passados cinco séculos, foram reduzidos a 540 mil em 206 nações remanescentes.
  • 17. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, havia em torno de 1.300 línguas indígenas. Hoje restam cerca de 170.
  • 18. As comunidades indígenas, com suas concepções igualitárias, solidárias, com o seu culto à Vida e à Natureza, apresentavam-se tão distantes dos interesses que moviam os colonizadores. Tão distantes se apresentam até hoje dos interesses que movem a nossa sociedade moderna.
  • 19. Tempos difíceis eram aqueles, Tempos difíceis são estes nossos...
  • 20. Segundo o presidente da Funai, - Fundação Nacional do Índio -, o historiador Márcio Meira, o preconceito contra índios está passando por uma fase de recrudescimento. Um dos principais fatores para esta nova onda de preconceito é a expansão econômica, especialmente do agronegócio, em direção às regiões onde vivem os índios.
  • 21. De acordo com Meira, ainda impera no País uma visão de progresso segundo a qual tudo que impede o seu avanço deve ser destruído, - seja a Natureza, sejam seres humanos.
  • 22. Ainda de acordo com o presidente da Funai, o preconceito também deve-se em parte ao desconhecimento da realidade indígena.
  • 23. Muitas vezes, associamos os índios a antigos estereótipos, como se ainda vivessem no passado, constituindo um povo preguiçoso, incapaz e inferior. É o caldo de cultura propício ao preconceito.
  • 24. Quinhentos anos passados, ainda não aprendemos a valorizar a valiosa herança cultural indígena, que levou milhares de anos para chegar até nos.
  • 25. E as nossas escolas a ensinar às nossas crianças muito pouco, quase nada, sobre a cultura indígena.
  • 26. 500 anos passados, e ainda não aprendemos uma lição essencial: Coexistir
  • 27.
  • 28. Menina indígena Guarani, Mato Grosso do Sul
  • 29. Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Roraima Estados com os maiores índices de desmatamento.
  • 30. Biocombustíveis – etanol, metanol, biodiesel Agronegócios – aumento do preço da soja e da carne no mercado internacional, expansão da fronteira agrícola Especulação fundiária Indústria madeireira Crescimento desordenado das áreas urbanas
  • 31. Empresários com sede insaciável de lucro Prefeitos madeireiros Governadores latifundiários Deputados e Senadores da bancada ruralista
  • 32. Empresários com sede insaciável de lucro Desmatamento Prefeitos madeireiros Devastação Governadores latifundiários Sofrimentos Deputados e Senadores da bancada ruralista Injustiças...
  • 33.
  • 34. Vista aérea de queimada em área florestal Município de Novo Progresso, Pará (triste novo progresso dos nossos tempos...)
  • 35. Em breve, mais uma plantação de soja, ou mais um pasto para pecuária.
  • 36. Vista aérea de rebanho bovino Município de Cáceres, Mato Grosso
  • 37. Mais um carregamento de madeira extraída ilegalmente, apreendido pelo Ibama
  • 38. Voraz expansão das fronteiras agrícolas Mato Grosso
  • 39. Carreta sem placa passa tranqüilamente numa estrada do Pará, carregando uma tora de madeira nobre.
  • 40. Numa terra sem lei nem fiscalização, menos uma árvore centenária na floresta, mais um acréscimo à conta bancária de algum rico empresário madeireiro da região.
  • 41. A fumaça que cega.
  • 43. No olhar, o sofrimento, a espera...
  • 44.
  • 45. Índias da etnia Makuxi Reserva Raposa Serra do Sol, Roraima
  • 46. Ao ignorarmos e destruirmos o que resta da cultura indígena, talvez estejamos ignorando e destruindo a parte mais bela do mosaico que compõe a nossa essência humana.
  • 47. A inocência, a docilidade, a pureza, a verdadeira união, - seja com o nosso próximo, seja com a Natureza...
  • 48. Coração Alma Corpo físico (quando e como foi que consentimos com a sua ruptura...?)
  • 49. E o que sabemos sobre a vida que aqui existia antes das tantas cidades erguidas? O que sabemos sobre as nossas raízes mais profundas?
  • 50. Existem valores anteriores ao lucro. Valores imprescindíveis, que conferem sentido e que embelezam a existência.
  • 51. Existe a bondade. Existe a dor da perda, e também o bálsamo que cura...
  • 52. O que sabemos sobre o segredo do Universo? O que sabemos sobre os cheiros primordiais da terra...?
  • 53. O que sabemos sobre os cheiros primordiais da terra...?
  • 54. Quando foi a última vez que tivemos ouvidos para ouvir o suave canto da seiva?
  • 55. Alma Ritos Dança Sopro Vida Mitos Significado Sentido...
  • 56. O que sabemos sobre a cultura de cada uma das 200 nações indígenas que ainda existem? E o que sabemos sobre a história das 700 nações indígenas para sempre extintas? O que sabemos sobre a nossa própria alma...?
  • 57. Cores Sonhos Desenhos Destinos O vermelho do urucum...
  • 58. O azul, quase negro, do jenipapo...
  • 59.
  • 60. Olhar, Ver, Reparar Ter ouvidos para outros cantos, outros idiomas, outras histórias...
  • 61. Pintar não somente o rosto, mas a alma, com as cores do urucum e do jenipapo. Banhar no rio da compaixão e do amor universal.
  • 62. O que sabemos sobre a bondade?
  • 63. Índia da etnia Guajá amamenta um filhote de porco-do-mato
  • 64. Na aldeia dos guajás, um antigo costume da tribo é a adoção de pequenos animais órfãos. Porcos-do-mato, quatis, macacos, preguiças e aves são criados como se fossem da família.
  • 65. Conforme acreditam, esta é uma forma de se retribuir à Natureza por tudo o que ela nos oferece, uma forma de se reverenciar a Vida.
  • 66. Alguns corações são mais humanos do que outros.
  • 67. É preciso pôr-se de joelhos, reverente, para poder escutar o silêncio. O silêncio que nos possibilita reparar as coisas mais simples, e valorizar o que é belo...
  • 68. E o que nós, “civilizados”, sabemos sobre a bondade, a compaixão, sobre a grandeza espiritual...,
  • 69. ...sobre o amor genuíno manifestado pelos puros de coração, - amor este que faz o mundo girar?
  • 70. Os animais adotados pela tribo se tornam intocáveis, jamais sendo mortos, ganhando a condição de bichos de estimação.
  • 71.
  • 72.
  • 73.
  • 74.
  • 75.
  • 76.
  • 77. Breve é a nossa passagem por esta vida terrena. Ontem chegamos, hoje nos banhamos no Rio da Vida, amanhã partiremos.
  • 78. O Rio da Vida já corre há muito antes do nosso nascimento, e continuará a fluir, indiferente, após a nossa partida.
  • 79. Uma breve fatia de tempo nos é destinada. Ontem chegamos, hoje sonhamos, amanhã onde estaremos? Aquilo que plantamos, colheremos.
  • 80. E qual será a colheita que o dia de amanhã nos reserva? Basta olhar o que hoje fazemos...
  • 81.
  • 82. De que adianta termos voz, se nos calarmos diante das injustiças do mundo?
  • 83. Para que servirão os nossos olhos, caso desviemos o olhar do sofrimento do nosso próximo?
  • 84. Os nossos bens materiais e espirituais somente adquirem um valor real se os partilhamos com o nosso próximo, em especial, com os destituídos e desamparados que encontramos pelo caminho.
  • 85.
  • 86. De que terá servido a nossa breve vida terrena, se não formos capazes de enxergar a centelha divina que reluz em cada ser vivo e que nos remete ao nosso Criador único...?
  • 87.
  • 88. Aldeia Kamayura, Xingu, Mato Grosso
  • 89. Crianças da etnia Yawanawa, Amazonas
  • 90. Pajé da etnia Kuikuro, Mato Grosso
  • 91. Mãe e filho da etnia Kuikuro, Região do Alto Xingu Mato Grosso
  • 92. Índia da etnia Kaxinawa, Acre, Região Amazônica
  • 93. “O índio não acredita no sobrenatural porque não conhece essa divisão entre natural e sobrenatural. É tudo uma coisa só, físico e espírito. “O mundo espiritual deles, algo misterioso e milenar, simplesmente os rodeia. É tangível. Não dá para explicar mais do que isso... “A vida do índio é de certo modo uma ininterrupta cerimônia espiritual.”
  • 94. “São um povo para o qual o idoso é o dono da história, o homem adulto é o dono da aldeia, a mulher, a dona da prática das tradições no dia-a-dia e da casa, e a criança...
  • 95. ...e a criança, a dona do mundo. Uma criança de uma aldeia índia goza da mais plena liberdade que já pude testemunhar. E isso está no seu rosto o tempo todo.” Orlando Villas Boas (1914 – 2002)
  • 96. a criança, a dona do mundo.
  • 97.
  • 98. Crianças da etnia Kuikuros Região do Alto Xingu Mato Grosso
  • 99.
  • 100.
  • 101. Pequeno índio da etnia Xucuru, Sertão pernambucano
  • 102.
  • 103. Brincando no Rio Uaupés Comunidade de Taracuá, São Gabriel da Cachoeira, Amazonas 
  • 104.
  • 105.
  • 106. Formatação: um_peregrino@hotmail.com Tema musical: Nothing Compares to You (versão instrumental)
  • 107.
  • 108. O vermelho do urucum, o azul, quase negro, do jenipapo...
  • 109. Quais as cores e os sentimentos que escolheremos para adornar a nossa alma...?
  • 110. O vermelho do urucum, o azul, quase negro, do jenipapo...
  • 111. A bondade, a inocência, a pureza, o respeito, conceitos por resgatar, valores por recuperar...
  • 113. Um breve sopro, um mesmo sonho, uma única esperança...