A Igreja de São Paulo em Lisboa foi construída após o terremoto de 1755 que destruiu a antiga ermida no local. Foi projetada pelo arquiteto Remígio Francisco de Abreu em estilo inspirado no Convento de Mafra. Atualmente, apesar da beleza arquitetônica, a igreja sofre de abandono e desleixo.
Igreja de São Paulo reconstruída após o terramoto de 1755
1.
2. Construída depois da destruição que resultou do grande terramoto
de 1755, que provocou um posterior maremoto que literalmente
varreu toda a zona ribeirinha da cidade, a Igreja de São Paulo situa-
se na praça com o mesmo nome, junto ao Cais do Sodré e nas
traseiras do Mercado da Ribeira.
O edifício actual veio ocupar o espaço de uma antiga ermida, de
dimensões consideráveis que são visíveis nas antigas figuras que
mostram a cidade de Lisboa, que existia no mesmo local e que foi
destruída pelo sismo. De acordo com as fontes, a ermida mais
antiga seria datável da época da formação da nacionalidade, sendo
que o edifício que desapareceu no Século XVIII dataria de 1412,
data que constava de uma lápide em latim colocada na fachada do
templo original e que marcou a fundação da respectiva Paróquia de
São Paulo, situada na antiga Travessa do Carvão.
Depois do cataclismo, toda aquela zona beneficiou da protecção
directa do Marquês de Pombal, proprietário de muitos edifícios nas
redondezas, que acelerou o processo reconstrutivo e facilitou a
integração de vários elementos qualificadores naquela parte da
cidade. A ligação ao estadista é ainda hoje visível na toponímia
local, na qual o apelido ‘Carvalho’ surge amiúde.
A Igreja de São Paulo em Lisboa
por João Aníbal Henriques
3. Ainda em 1771, o então Primeiro-Ministro inaugura ali mesmo ao lado um importante
mercado, a “Ribeira Nova”, ao mesmo tempo que por sua iniciativa são aproveitadas as
águas termais de uma nascente situada a Sul da igreja e que foi posteriormente foram
transformadas nos “Banhos de São Paulo”.
É ainda do tempo do Marquês de Pombal o projecto de construção de um chafariz
público que, apesar dos seus esforços, só foi inaugurado em 1849. Curioso é o facto de a
bica virada para a fachada da igreja ter ficado reservada desde logo às gentes ligadas ao
mar.
Em termos arquitectónicos, a nova igreja inspira-se no modelo utilizado no Convento de
Mafra, sendo o projecto original da autoria do Arquitecto Remígio Francisco de Abreu,
assistente de Eugénio dos Santos, decalcando os valores em voga na época e em linha
com as directrizes que deram forma à reconstrução da Baixa Pombalina.
Na sua formulação espacial, a igreja actual inverte a orientação do templo destruído em
1755, abrindo a sua fachada principal para Nascente, na actual Praça de São Paulo, e
dando corpo a um dos mais aconchegantes e bonitos recantos de Lisboa.
Com uma só nave, rodeada por oito pequenas capelas laterais, o templo caracteriza-se
por uma bonita capela-mor decorada por pinturas da autoria de Joaquim Manuel da
Rocha, que contrasta com o mármore que dá forma às colunas que suportam a estrutura
principal. Digno de referência é ainda o baptistério situado junto à entrada, da autoria
do pinto Pedro Alexandrino.
Apesar da sua beleza e do charme que envolve todo o local, um estado de abandono
latente e de grande desleixo é hoje a principal característica deste espaço tão especial.
Com uma situação geográfica extraordinária, a poucos metros do cada vez mais afamado
Cais do Sodré, da renovada frente ribeirinha do Tejo e do empreendedor projecto da
Praça da Ribeira, é uma pena que Lisboa não aproveite condignamente um local assim.
4. A Igreja de São Paulo em Lisboa
por João Aníbal Henriques
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