1. 127
Horas
Ensaio
sobre
o
filme
Francisco
Santarém
nº11
12ºB
-‐
Psicologia
B
Ensaio
sobre
o
filme
“127
horas”
1
2. Introdução
Baseado
na
história
verídica
da
impressionante
proeza
do
montanhista
Aron
Ralston
(protagonizado
por
James
Franco),
“127
horas”
relata
a
aventura
de
um
homem
ousado
e
amante
de
adrenalina,
que,
numa
das
suas
saídas
de
campo
ao
Blue
John
Canyon,
no
Parque
Nacional
de
Canyonlands
em
Utah,
cai
num
desfiladeiro
ficando
com
o
antebraço
inteiramente
esmagado
por
uma
pesadíssima
pedra;
a
partir
deste
momento,
numa
luta
contra
o
tempo
e
pela
sobrevivência,
Ralston
atravessa
um
penoso
processo
de
introspecção,
onde
se
arrepende
do
facto
de
viver
tão
isolado
dos
seus
amigos
e
familiares,
relembrando-‐se
das
boas
memórias
que
com
estes
passou,
como
forma,
também,
de
superar
a
solidão
e
de
ultrapassar
a
situação
onde
se
encontrava,
revelando
uma
consciência
de
si
mesmo
e
uma
inteligência
emocional
superiormente
desenvolvidas.
No
final,
quando
finalmente
descobre
que
tem
a
coragem
e
os
recursos
para
se
libertar
por
qualquer
meio
necessário,
escala,
já
sem
o
antebraço
direito,
uma
parede
com
200
metros
e
caminha
mais
de
12
km
antes
de
ser
finalmente
salvo.
Ensaio
sobre
o
filme
“127
horas”
2
3. Crítica
Posso
dizer
com
toda
a
tranquilidade
que
gostei
muito
do
filme.
Identifiquei-‐me
plenamente
com
a
relação
de
Ralston
com
a
natureza
e
o
seu
gosto
pela
aventura,
eu
próprio
(quando
posso)
desapareço
durante
um
dia
ou
uma
tarde
pelas
montanhas
da
serra
da
Arga
em
Viana
de
Castelo.
A
realização
foi
espectacular,
Danny
Boyle
consegue
transformar
um
argumento
aparentemente
simples
num
filme
muito
intenso;
toda
a
forma
como
o
filme
é
filmado
é
fenomenal,
conseguimos
sentir
o
que
o
actor
sente
(por
exemplo,
quando
Aron
passa
as
mãos
pelas
rochas
do
“Canyon”).
As
imagens
do
Blue
John
Canyon
são
incríveis,
a
banda
sonora
e
os
efeitos
sonoros
foram
muito
bem
escolhidos
e,
ao
contrário
de
outros
filmes
mais
comerciais,
este
consegue
ser
muito
gráfico
espoletando
no
espectador
imensas
sensações
e
emoções.
“The deep strata of the human spirit”
Washington
post
“A struggle for survival and a profound
existential crisis”
The
New
York
Times
Ensaio
sobre
o
filme
“127
horas”
3
4. O
filme
No
inicio
do
filme
é
nos
logo
dado
a
entender
que
Aron
Ralston
é
um
individuo
perfeitamente
capaz,
quer
a
nível
físico
quer
a
nível
psicológico,
de
realizar
a
travessia
pelo
Blue
John
Canyon;
ele
conhece
os
“caminhos”,
delineou
um
percurso,
seleccionou
todas
as
ferramentas,
vestuário
e
alimento
que
necessita
e
parece
estar
pronto
para
qualquer
situação
anormal,
o
que
nos
leva
a
entender
tratar-‐se
de
um
homem
organizado,
experiente
e
determinado.
Outra
característica
de
Aron
é
o
facto
de
este
ser
muito
solitário,
realizando
todo
o
processo
de
preparação
e
execução
da
viagem
acompanhado
apenas
por
ele
próprio,
pela
sua
câmara
e
pela
sua,
sempre
indispensável,
música.
Chegámos,
agora,
a
uma
etapa
do
filme
onde
somos
envolvidos
pela
enorme
alegria,
transmitida
pelo
personagem
principal,
com
o
inicio
da
tão
desejada
viagem.
Esta
etapa,
pelas
suas
características
visuais
e
sonoras,
provoca
no
espectador
uma
sensação
de
grande
prazer
à
medida
que
este
é
envolvido
no
decorrer
da
acção.
Passamos
a
seguir
a
uma
cena
de
elevado
interesse
de
teor
psicológico,
já
que,
nos
revela
alguma
contradição
no
carácter
de
Ralston,
quando
este,
após
ter
iniciado
o
seu
percurso,
encontra
duas
perdidas
e
inexperientes
montanhistas
num
caminho
paralelo,
e,
podendo
continuar
o
seu
caminho
sozinho,
prefere
ajudar
e
interagir
com
as
duas
raparigas,
acabando
por
se
afastar
do
seu
percurso
previamente
delineado,
contrariando
o
seu
comportamento
solitário,
mas
acabando
por
experienciar
estados
de
grande
prazer
e
estabelecer
uma
ligação
com
as
raparigas.
Depois
desta
“interrupção”,
Aron
volta
ao
seu
trajecto
e,
quando
tentava
atravessar
um
desfiladeiro,
uma
pedra
solta-‐se
e
num
movimento
brusco
e
violento,
cai
projectado
para
o
fundo
da
fenda,
ficando
com
o
antebraço
direito
completamente
esmagada
pela
pedra;
Fazendo
uma
pequena
introdução
ao
próximo
segmento
do
filme,
pode-‐se
dizer
que
este
é
de
grande
valor
para
o
estudo
do
interior
psicológico
do
Homem,
pois
conseguimos
analisar
integralmente
todas
as
fases
(desde
a
lucidez
inicial
até
à
quase
loucura)
do
desenvolvimento
mental,
de
um
indivíduo
que,
inicialmente,
tenta
encontrar
uma
resposta
lógica
para
o
seu
problema
mas,
depois,
ao
longo
dos
Ensaio
sobre
o
filme
“127
horas”
4
5. 5
dias
e
com
a
escassez
de
comida
e
água,
considera
medidas
mais
drásticas
que
originariamente
seriam
impensáveis,
como
cortar
o
próprio
braço
a
sangue
frio.
Segundos
depois
e
ainda
em
estado
de
choque,
Aron
tenta
desesperadamente
sair
da
situação
atroz
em
que
se
encontrava,
tentando
puxar
ou
empurrar
a
pedra;
o
seu
cérebro
ainda
não
assimilou
a
informação
necessária
para
desenvolver
uma
resposta
consciente
e
racional
e
como
tal
ainda
tenta
levantar
uma
pedra
com
mais
do
dobro
do
seu
peso.
Neste
momento,
e
depois
de
um
processo
de
racionalização,
Ralston
reúne
(com
calma)
os
objectos
que
se
encontravam
na
sua
mochila
de
modo
a
construir
a
sua
saída,
analisando
todas
as
circunstâncias
e
variantes.
Descobre
uma
potencial
solução
através
de
uma
ferramenta
multiusos
com
uma
navalha
e
com
esta
tenta
destruir
a
pedra
no
local
em
que
esta
se
encontra
com
a
sua
mão.
Esta
solução,
embora
mais
razoável
do
que
a
primeira,
ainda
revela
um
estado
de
elevado
stress
e
um
não
funcionamento
“normal”
do
cérebro.
Com
a
chegada
da
noite
e
num
estado
mais
racional,
Aron
descobre
a
única
solução
que
poderá
resultar:
através
de
um
sistema
de
alavanca,
amarrando
a
pedra,
passando
o
cabo
por
uma
saliência
numa
rocha
um
pouco
acima
da
sua
cabeça
para
distribuir
o
peso
da
pedra
pela
sua
força
e
pela
força
que
a
pedra
exerce
na
outra
rocha;
esta
estratégia
demonstra
uma
racionalização
profunda
e
conseguimos
perceber
que
agora
ele
está
inteiramente
consciente
da
situação
em
que
se
encontra.
A
noite
fria
complica
muito
a
sobrevivência
de
Ralston,
já
que
este
apenas
tem
vestido
uma
t-‐shirt
e
uns
calções,
enfraquecendo
o
seu
corpo
e
consequentemente
a
sua
mente;
nota-‐se,
agora,
uma
certa
indolência.
O
sol
nasce,
libertando
os
seus
raios
quentes
pelos
desfiladeiros
do
Blue
John
Canyon,
Aron
tira
o
sapato
e
expõe
o
seu
pé
aos
raios
do
sol
resultando
numa
sensação
de
prazer
imensa;
neste
momento,
e
com
a
recordação
do
seu
pai
a
mostrar-‐lhe
pela
primeira
vez
o
Canyon,
inicia-‐se
um
processo
crucial
para
a
sobrevivência
de
Ralston
-‐
etiquetas
memoriais.
É
devido
ao
convívio
com
os
que
lhe
são
mais
próximos
através
das
ilusões
e
memórias,
que
Ralston
consegue
sobreviver.
É
agora
introduzido
um
outro
elemento
de
elevada
importância,
quer
para
a
análise
psicológica
quer
para
a
qualidade
do
filme
-‐
a
câmara
de
filmar;
é
através
desta
que
nos
é
actualizado
o
estado
mental
do
personagem,
com
as
gravações
que
este
faz
de
si
próprio
e
sobre
as
quais
irei
comentar.
Ensaio
sobre
o
filme
“127
horas”
5
6. A
primeira
gravação
é
realizada
24
horas
depois
da
queda
e
é
marcada
pela
angústia
provocada
pela
quase
desistência
de
Aron
perante
a
sua
vida.
Esta
gravação
é
carregada
de
uma
grande
introspecção
pois
nota-‐se,
já,
um
grande
arrependimento
por
não
passar
mais
tempo
com
os
seus
pais
e
amigos;
Aron
também
pede
a
quem
encontrar
aquela
câmara
que
entregue
aos
seus
pais,
demonstrando
que
já
admitiu
a
derrota
e
que
irá
certamente
morrer.
Os
próximos
dias
revelam
a
degradação
do
estado
psicológico
do
personagem
evidenciando
diversas
alucinações
e
lembranças
dos
vários
erros
que
ele
cometeu
e
que
levaram
a
que
ficasse
preso
num
desfiladeiro
por
tempo
indeterminado:
-‐
Não
atender
o
telefonema
da
sua
mãe,
não
continuar
com
as
duas
montanhistas
e
não
ter
avisado
o
homem,
onde
foi
buscar
o
mapa
do
Blue
John,
onde
ia.
(terceiro
dia)
Aron
faz
agora
uma
segunda
gravação
evidenciando
a
monotonia
com
que
o
dia
é
passado
sempre
na
esperança
que
apareça
alguém,
utilizando,
inconscientemente,
a
câmara
como
meio
de
fuga
daquele
mundo
como
se
estivesse
a
partilhar
aquela
experiência
com
alguém
tornando-‐a
menos
dolorosa.
Ralston,
através
do
vídeo,
também
nos
demonstra
o
estado
desesperado
em
que
se
encontrava
urinando
para
o
depósito
onde
antes
havia
água,
para
depois
a
consumir.
Com
o
desespero,
as
mais
absurdas
soluções
vão
se
tornando
apropriadas,
e
como
tal,
Aron
tenta
cortar
o
braço,
atravessando
o
músculo,
mas
ao
encontrar
o
osso
e
apercebendo-‐se
de
que
a
sua
pequena
navalha
não
consegue
perfurar
o
osso,
ele
elimina
essa
hipótese.
(quarto
dia)
Com
a
terceira
gravação
apercebemo-‐nos
da
gravidade
do
estado
mental
do
personagem,
que,
em
vez
de
fazer
uma
comunicação
séria,
reproduz
um
talkshow
americano
em
que
ele
é
o
entrevistado,
numa
nova
tentativa
de
fuga
do
problema,
ao
mesmo
tempo
que
utiliza
o
tom
alegre
para
gozar
com
ele
próprio
sobre
o
facto
de
não
ter
avisado
ninguém
sobre
o
seu
paradeiro;
no
final
envia
uma
nova
mensagem
para
os
seus
pais
dizendo
que
os
adora
e
de
certa
forma
despedindo-‐se.
(quinto
dia)
Ensaio
sobre
o
filme
“127
horas”
6
7. Cinco
dias
de
frio,
sofrimento,
falta
de
água
e
comida,
o
desespero
aumenta
e
leva
o
ser
humano
a
quase
transformar-‐se
num
animal
para
sobreviver,
a
adoptar
acções
normalmente
condenadas
pela
sociedade.
Aron
Ralston
encontra-‐se
exactamente
nessa
situação,
desesperado
pela
resolução
do
problema.
De
repente,
quando,
como
na
expressão
“vê
a
vida
a
passar
à
frente
dos
seus
olhos”,
e
relembrando
tudo
e
todos
que
com
ele
se
relacionaram
e
interagiram,
Ralston
ganha
forças
quase
sobrenaturais
e
num
esforço
bruto
e
contínuo
parte
o
braço
e
usando
a
navalha
corta
o
músculo,
enquanto
estremece
das
dores
horrendas
a
que
está
a
ser
submetido….
quando
finalmente
se
liberta
do
seu
antebraço,
e
quase
a
perder
os
sentidos
corre
para
procurar
ajuda,
escalando
uma
parede
do
Canyon
com
200
metros
e
caminhando
mais
de
12
km,
até
que
avista
ao
longe
uma
família
de
montanhistas
e
com
todas
as
forças
que
ainda
lhe
restam
grita
o
mais
alto
que
pode
por
ajuda
até
que
se
apercebe
que
foi
ouvido
caindo
de
joelhos
tranquilo
e
vitorioso
depois
de
passar
tamanho
teste
à
sua
sobrevivência.
Este
intensíssimo
momento
revela-‐nos
que
o
ser
humano
quando
submetido
a
condições
muito
adversas
quase
que
deixa
de
responder
conscientemente
sendo
inexplicável
como
é
possível
um
homem
ter
a
força
psicológica
para
contrariar
o
seu
cérebro
e
automutilar-‐se.
O
ser
humano
ainda
hoje
em
dia
reproduz
várias
respostas
incompreendidas
pelos
investigadores.
Ensaio
sobre
o
filme
“127
horas”
7
8. Conclusão
Este
filme
revelou
ser
um
filme
muito
intenso
a
nível
emocional
divulgando
um
leque
de
sensações
e
emoções
muito
completo.
Conseguimos
criar
uma
ligação
com
o
actor
e
partilhar
todas
as
experiências
que
este
vivenciou,
o
que
nos
prende
muito
ao
filme.
O
filme
tem
uma
moral,
também
ela
muito
forte
-‐
Nunca
desistir!1
1)
Bibliografia
à
http://www.washingtonpost.com/
à http://www.imdb.com/
à
http://www.nytimes.com/
1
Tal
como
eu
nunca
vou
desistir
enquanto
não
tiver
no
mínimo
18
a
psicologia-‐b
Ensaio
sobre
o
filme
“127
horas”
8