Este documento discute os investimentos do governo angolano na construção de estádios e pavilhões multiuso entre 2007-2013. Foram gastos cerca de US$ 900 milhões nestas construções, incluindo US$ 42 milhões para o Afrobasket 2007, US$ 800 milhões para a Copa das Nações Africanas 2010. O autor argumenta que esses investimentos trouxeram prestígio internacional mas poderiam ter sido aplicados em projetos sociais para melhorar os indicadores de desenvolvimento humano.
Material economia 10º ano (ii ciclo ensino secundário)
Angola estádios investimentos análise SWOT
1. BREVE REFLEXÃO SOBRE OS INVESTIMENTOS DO ESTADO
ANGOLANO NA CONSTRUÇÃO DE PAVILHÕES MULTIUSO E
ESTÁDIOS.
Janísio C. Salomão
20/09/2013
kams_9@hotmail.com
Com o culminar do conflito armado, Angola tem conseguido dar passos
significados na criação de condições que propiciem a solidificação da sua economia.
Durante os últimos 4 anos a taxa de crescimento da economia angolana registou
ganhos significativos passando a ganhar destaque e notoriedade no cenário da
economia mundial, tal como foi noticiado em diversos orgãos internacionais, bem
como o referenciado pelas principais agências de rating internacional a Fitch e a
Standard and Poor´s.
As agências de notação de risco (rating) internacionais Fitch Ratings
(FITCH), em 03 de Maio de 2013, Standard & Poor´s Rating Services
(Standard & Poor´s) em 30 de Agosto, e Moody´s Investors Services
(Moody´s) em 29 de Agosto, decidiram unanimemente manter
inalterada a notação do risco do crédito soberano de Angola, em
relação ao ano transacto, em BB- com uma perspectiva positiva e
estável na classificação da Fitch e da Standard & Poor´s,
respectivamente, enquanto a Moody´s atribuiu a notação Ba3 com
uma perspectiva positiva. (MINFIN, 2013).
2. O executivo Angola vem desenvolvendo vários programas com vista a
melhorar a sua imagem a nível internacional com o objectivo de permitir a atracção
de investimento privado estrangeiro, moeda esta que não tem sido barata para os
Angolanos.
Desde os anos de 2007, que o Estado Angolano vem efectuando avultados
investimentos com vista melhorar a imagem que durante anos andou desgastada
devido ao conflito armado que o país viveu, apresentando candidaturas para a
realização de campeonatos Africanos e Internacionais.
No ano de 2007 para dar cobertura a realização do Afrobasket nas cidades
de Cabinda, Benguela, Huíla e Huambo e em 2008 o Campeonato Africano das
Nações de Andebol o Estado Angolano dessembolsou cerca de 42 milhões de
dólares.
Dois anos mais tarde, com o intuito de albergar a realização do Campeonato
Africano de Futebol que se realizaram nas cidades de Cabinda, Benguela, Huíla e
Huambo o Governo teve que pagar uma factura de cerca de 800 milhões de
doláres, distribuidos pelos estádios nas respectivas cidades.
E recentemente para a realização do Mundial de Hóquei em patins a se
realizar nas cidades do Namibe e Luanda foram investidos cerca de 100 milhões de
dólares, dos quais 2,71 milhões capitais próprios e 11,29 capitais alheios com
recurso ao endividamento, sendo a Província de Malange uma das beneficiadas com
a construção de um Estádio que serviu de antecamara para a referida actividade.
A seguir apresentamos resumo dos investimentos:
Milhões Usd
ANO OBJECTIVO VALOR
2007 Realização doAfrobasket
42
2008 Realização do CAN Andebol
2010 Realização CAN Futebol 800
2013 Mundial Hóquei em patins 100
TOTAL DESPESAS..... 900
Fonte: Angop, 2013.
3. CUSTO OPORTUNIDADE
É um termo usado em economia para indicar o custo de algo em termos de
uma oportunidade renunciada, ou seja, o custo, até mesmo social, causado pela
renúncia do ente económico, bem como os benefícios que poderiam ser obtidos a
partir desta oportunidade renunciada ou, ainda, a mais alta renda gerada em alguma
aplicação alternativa.
Faz –se um enquadramento do conceito de custo de oportunidade
desenvolvido por Frederich Von Wieser, para traduzir que, face a realização de
despesas de capital relacionadas com a construção dos estádios e pavilhões, adia –
se uma série de projectos e investimentos que poderiam ser aplicados para o sector
social tendo em vista a melhoria dos indicadores de IDH que são consideravelmente
baixos.
ANÁLISE S.W.O.T
Como qualquer outro investimento, o qual deve ser avaliados ou identificados
ou pontos fortes ou fracos, as despesas realizadas com os fundos públicos para a
construção destes estádios possuí as suas vantagens e desvantagens. Embora haja
correntes defensoras que não se deva efectuar uma análise económica, somos de
opinião de que, por se tratar de dinheiro e tendo em atenção que o mesmo tem
valor no tempo, não perdendo de vista que os juros dos investimentos solicitados
devem ser amortizados.
Pontos Fortes:
Projecçção, prestígio internacional da imagem do País;
Possibilidade de atracção de investimento privado Estrangeiro;
Promoção do turismo;
Probabilidade de fomento do desporto juvenil;
4. Pontos Fracos:
Fraco ou nulo retorno ou capital investido;
Fraca política de rentabilização dos espaços contruídos;
Degradação das obras fruto da falta de manutenção;
Pouco investimento em sectores sociais
Instalações encerradas sem a massificação ou fomento do desporto,
desiderato pelo qual foi construído;
Recurso ao capital estrangeiro para o financiamento de despesas de capital
com acarretamento de juros;
TRADE – OFF
Assiste –se intervenções de diversos especialistas defendendo apenas os
ganhos relacionados com a imagem exterior do país e não análises económicas
referentes a rentabililização destes espacos contruídos, por outro assistem –se a se
degradação dos estádios e pavilhões.
Se não uma análise económica porquê a necessidade da criação de
comissões para trabalhar na viabilidade e rentabilização dos pavilhões e estádios?
Nosso entender, pensamos que esta actividade, confinada com a da criação
de empresas para a gestão dos referidos espaços deveriam ser elaboradas na altura
da concepção dos referidos projectos e não a posterior, evitando desta forma
constrangimentos e despesas desnecessárias conforme actualmente se assiste.
Pois os estádios necessitam de manutenção regular, o que acarreta pagamento de
despesas sem a sua contrapartida receitas.