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Bonitas
O cenário é cinza. Poluição, trânsito e pressa compõem a paisagem atual das grandes cidades. Essas características, de-
finitivamente, não contribuem com uma boa qualidade de vida. Para reverter essa situação, nada melhor do que colorir os
espaços urbanos com muito verde. E é exatamente isso que muitos profissionais da área têm feito. As plantas passaram a
por natureza
ser dispostas de forma antes inimagináveis: jardins verticais, telhados ecológicos, muros inteiros cobertos por vegetação e
espécies que parecem brotar do concreto, entre outras. São recursos que garantem o contato com o verde independente-
mente da área disponível. “A ideia é vestir a arquitetura com as plantas e, assim, deixar as construções ainda mais bonitas”,
comenta a arquiteta Consuelo Jorge.
Além de função estética, essa mistura ainda contribui com questões técnicas da construção, como redução de ruídos
Jardins verticais e plantas que quebram a sobriedade do concreto deixam
dentro do prédio, mantém uma temperatura agradável e ainda filtra os poluentes, purificando o ar. “Nos espaços urbanos
as construções mais belas, além de contribuírem com o meio ambiente qualquer verde é bem-vindo. Seja um vaso na varanda, um jardim vertical ou um canteiro na calçada. A vegetação oferece
foto Iwan baan/divulgação
beleza e bem-estar”, afirma o paisagista Gilberto Elkis.
TEXTO Flávia Pereira
construído em uma linha de trem desativada, o high line park
tem 1,6 quilômetros de extensão e liga três bairros de nova york
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natureza para admirar
foto Patrick blanc/divulgação
Criador de grandes jardins verticais, o francês Patrick Blanc
tem uma série de projetos implantados em todo o mundo. Um
deles fica no Museo CaixaForum, em Madri, Espanha, e foi
finalizado em 2007. Abrigado em uma antiga central elétrica
projetada em 1899 pelo arquiteto Jesús Carrasco y Encina e
pelo engenheiro José María Hernandez, o museu conserva
grande parte da arquitetura antiga, como as fachadas principais
de tijolos aparentes. No entanto, também houve mudanças
marcantes. A base de granito da central foi removida, o que
deixou o prédio suspenso sobre uma grande praça pública ba-
nhada por duas fontes. Perto delas está o jardim vertical de 24
metros de altura composto por 15 mil exemplares de plantas de
250 espécies diferentes. Assim como as exposições e ativida-
use sem moderação des oferecidas no interior do museu, a cortina verde também
De acordo com Elkis, espécies cultivadas à meia-sombra são as se tornou uma grande atração e atrai turistas do mundo inteiro.
mais indicadas nesses casos. Lírio-da-paz, flor-de-maio, calatéia, cos-
tela-de-adão, palmeira-ráfia e palmeira-leque são algumas das opões. boa viagem!
Em telhados verdes, o ideal é apostar em vegetação tolerante ao sol e Belos jardins colorem os três terminais de embarque do Changi Airport, em
com o sistema radicular curto. Considerando esses aspectos, é possí- Cingapura. O Butterfly Garden (Jardim das Borboletas) é um verdadeiro habitat de
vel utilizar suculentas, amendoim-rasteiro, onze-horas e rabo-de-ga- borboletas tropicais. O espaço conta ainda com áreas educacionais que instruem as
to, entre outras. Para o bom desenvolvimento das plantas, é essencial crianças sobre os insetos. Já no Orchid Garden & Koi Pond (Jardim de Orquídeas
fazer uma análise geral das condições do ambiente, fornecer lumino- e Lago de Carpas), destacam-se a flor nacional de Cingapura, chamada orquídea
sidade e ventilação adequadas, evitar contato com ar-condicionado, Vanda Miss Joaquim, e a flor do aeroporto, a orquídea Dendrobium Changi Airport.
assim como a rega em excesso, e adubar mensalmente. Outro destaque é o Green Wall, um jardim vertical com 300 metros de altura que
se estende por três andares. O Fern Garden & Koi Pond (Jardim de Samambaias e
respiro em nova york Lago de Carpas), Sunflower & Light Garden (Jardim de Girassóis e Luzes) e Fragrant
Ameaçada de ser demolida, uma linha histórica de transporte fer- Garden (Jardim Perfumado) completam o complexo de espaços verdes planejados e
roviário que passava sobre as ruas de Nova York foi poupada e trans- implantados por uma equipe do próprio aeroporto.
formada no High Line Park. Criado em etapas, teve o primeiro trecho
inaugurado em junho de 2009 e o segundo dois anos depois, em 2011.
O projeto é fruto de uma parceria entre os escritórios James Corner
fotos changi airport group//divulgação
Field Operations e Diller Scofidio + Renfro. Implantado pelo pai-
sagista holandês Piet Oudolf, atualmente o parque se estende por 1,6
fotos Iwan baan/divulgação
quilômetros. No verão, a vegetação densa e alta é verde brilhante,
ficando dourada no outono. Os trilhos originais preservados podem
ser vistos entre os densos canteiros. Vale sentar em um dos bancos de
madeira e admirar o encontro do verde com o cinza da metrópole.
3. 01 INcomum
cheio de curvas
Projetado pelo arquiteto Timothy Seow, do escritório
CPG Consultants, o prédio da Escola de Arte, Design e
Mídia foi concluído em 2006 no coração da Universida-
de Tecnológica de Nanyang. A edificação é composta por
quatro andares e telhados verde com grandes inclinações.
A cobertura foi concebida para se misturar ao jardim do
campus, oferecendo um espaço verde a mais aos estu-
dantes. Além de ser um recurso estético e de integração,
também é funcional, já que contribui com a redução da
temperatura no ambiente interno. O lago no pátio central
do edifício ajuda na elevação da umidade do ar, reflete o
entorno, e ainda compõe um belo cenário àqueles que ob-
servam o espaço de dentro do prédio.
integração perfeita reflexos da paisagem
Com tronco de cerca de 14 metros de altura, além de uma copa de mais de 45 metros de diâmetro, a imponente figueira foi o ponto Com arquitetura do escritório Botti Rubin Arquitetos Associados e paisagis-
de partida para a criação do restaurante Figueira Rubayat, localizado na capital paulista e projetado pelo arquiteto Fernando Iglesias. mo de Isabel Duprat, a sede da Roche Diagnósticos foi inserida em uma clareira
Tombada pelo patrimônio histórico do estado de São Paulo, a árvore recebeu tratamento e foi completamente recuperada antes de um terreno com rica vegetação ao redor. Para aproveitar essa característica, os
do início da construção do restaurante. Integrada perfeitamente à edificação, a figueira pode ser observada em detalhes por aqueles profissionais planejaram uma fachada com grandes esquadrias de alumínio e vi-
que passam pela rua devido ao painel na fachada e ao telhado, ambos de vidro, que deixam suas formas exuberantes em evidência. dros laminados, que refletem a natureza. O prédio se camufla na vegetação e ajuda
a ampliá-la. Ao centro da parte interna da edificação, ainda há um jardim cercado
por outro espelho d’água, que preserva as mesmas características visuais do am-
vestido de verde biente externo.
Assinado pelo escritório Emílio Ambasz & Associates, de
Nova York, EUA, o Fukuoka Prefectural International Hall foi
construído em um trecho remanescente de mata no centro da
cidade de Fukuoka, no Japão. Seguindo o conceito de sustenta-
bilidade, a obra é um bom exemplo de como integrar natureza e
arquitetura sem agredir a paisagem. Finalizado em 1993, o prédio
abriga escritórios de empresas privadas e governamentais, lojas,
museu, teatro e estacionamento subterrâneo.
Ao olhar para a fachada da face sul, a edificação parece ser
fotos divulgação
convencional, com panos de vidro e caixilhos de alumínio. O inu-
sitado está no lado norte: jardins criados em cada um dos andares
do edifício, que foram dispostos de forma escalonada.
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fotos patrick pyszka/divulgação
foto peter schulz/divulgação
jardim com arte
Arquitetura e natureza se misturam de forma harmônica no Mil-
lenium Park, em Chicago, EUA. Inaugurado em 2004 e com 100
mil metros quadrados de atrações, foi implantado sobre uma antiga
painéis de natureza ferrovia. A escultura Cloud Gate, é um dos destaques e foi desenvol-
Com três ambientes distintos (restaurante, lounge e bar), o Restaurante Kaá, projetado pelo arquiteto Arthur Casas na capital vida pelo artista britânico Anish Kapoor. De aço inoxidável, reflete o
paulista, apresenta pé-direito alto, o que proporciona uma excelente luminosidade aos 700 metros quadrados de área construída. entorno e é conhecida como feijão devido à sua forma elíptica. Cro-
Para aproveitar essa característica, uma grande parede verde com espécies da Mata Atlântica foi implantada pela paisagista Gica wn Fountain, do artista espanhol Jaume Plensa, é composta por duas
Messiara. Na base do jardim, um espelho d’água trata de garantir aconchego e frescor ao ambiente. torres de 15 metros de altura sobre uma lâmina d’água. O telão exibe
imagens de pessoas. Jatos d’água saem pelas bocas dos personagens
das fotos e se transformam em uma fonte inusitada. d
fotos fabiano accorsi