O documento discute a teoria da montagem construtiva desenvolvida pelo cineasta russo Vsevolod Pudovkin, que defendia que a fragmentação e ordenação dos planos pode criar uma nova realidade fílmica. Pudovkin realizou experiências com o ator Ivan Mosjukhin para mostrar como a percepção do público muda de acordo com os planos sucessivos. Sua teoria influenciou obras como A Mãe, onde a montagem transmite estados psicológicos sem interpretação dos atores.
3. Vsevolod Pudovkin: a montagem
construtiva e o realismo
Rússia – 1893 - 1953
Diretor, roteirista, ator e um dos mais influentes teóricos da montagem.
4. As obras de D. W. Griffith, em especial sua montagem
intuitiva, tiveram uma grande influencia sobre gerações
de cineastas em todo o mundo.
Na Rússia, os diretores mais importantes também
tinham em Griffith uma referência, mas buscavam
construir um novo cinema, a serviço da Revolução
Socialista.
Pudovkin era um jovem diretor que acreditava ser
necessário desenvolver uma teoria da montagem que
permitisse ao cineastas ultrapassarem a montagem
intuitiva de Griffith, e encontrar um processo formal
que pudesse transmitir idéias por meio de narrativas.
5. A teoria que Pudovkin buscava tinha como princípio a
idéia que a fragmentação da cena em planos criaria
uma força que ultrapassa a característica da cena
filmada. Segundo Pudovkin,
“Os elementos da realidade estão fixados nestes pedaços;
combinando-os na seqüência selecionada, encurtando-os ou
aumentando-os, de acordo com o seu desejo, o diretor cria seu
próprio tempo e espaço “fílmico”. Ele não adapta a realidade,
mas a utiliza para criar uma nova realidade; e o mais importante
e característico aspecto do processo é que nele as leis do espaço
e do tempo invariável e inescapável da realidade se transformam
em algo manipulável e obediente. O filme cria uma nova
realidade própria a ele mesmo”. Pudovkin, Film and technique.
6. Pudovkin defende a idéia que o plano é como um
“tijolo” da construção fílmica e que o material, ao ser
ordenado, pode gerar qualquer resultado desejado, da
mesma forma que um poeta usa as palavras para criar
uma percepção da realidade, o diretor de cinema usa os
planos como seu material bruto.
Pudovkin, Film and technique
7. A partir desta idéia do plano como “tijolo” da
construção fílmica, Pudovkin fez várias experiências. Em
seu trabalho com Lev Kuleshov, Pudokin sugere que o
mesmo plano justaposto com diferentes planos
sucessivos pode levar a diversos resultados na
compreensão do público, como na
experiência com o ator Ivan Mosjukhin:
10. Como o público entendeu a experiência
Um homem com fome
Um marido triste
Um adulto alegre
11. A partir destas experiências, Pudovkin supera a
montagem intuitiva em seu filme A Mãe, de 1926.
Nesta obra, Pudovkin quis sugerir a alegria de um
prisioneiro que seria libertado:
“tentei afetar os espectadores não pela interpretação
psicológica do ator, mas pela síntese plástica
transmitida na montagem(...)
Com a reunião dessas partes, nossa expressão da
“alegria do prisioneiro tomou forma”.