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O sono na Escola. Sim, Não? Porquê?
Henrique Santos
Educadorde Infância
EB1/JI de S. Miguel,Enxarado Bispo
A escolaportuguesa, temobservado,desdehácerca de cinquentaanos,umaevoluçãoconstante emtodos
os seussetores.
Da formação de docentes, àmelhoriaqualitativae quantitativadosespaçosescolares,passandopelo
constante desenvolvimentocurricular,técnicoe pedagógico,serãopoucosospaíseseuropeusondeas
mudançaseducativas sãotão evidentese tão continuadas.
Estamosem crer que estasmudançascriam,por um lado, um sentimentode constante incompletudee
alteraçãode hábitose práticasde docentese alunos,bemcomodas famíliase demaisagenteseducativos.
Por outrolado,as sucessivasalteraçõesnasdinâmicas educativas têmvindoamotivarumcrescimento
sustentadodosmodelosde educaçãoescolare,sobretudo,têmpermitidoaopaísaumentardrasticamente
níveisde alfabetização,de formaçãosuperiore até de ofertasocial com base na Escola.
Por estarmosnaturalmente envolvidosnasmudanças,tendemos,de umaformageral,a aceitarcom alguma
dificuldade,que pode nãoser“pacífico”concluirque a maiorparte dasalteraçõesobserváveisnasdinâmicas
desenvolvidas,tenhamobjetivose finalidadesadequadas.Portal motivo,tendemosaconstruirnarrativasdo
sucessocoletivodesajustadasounegativas.
Não obstante, pelofactode estarmosimersosnosprocessosde mudança,e tambémporque nãotem
existidoumplanoglobal,devidamente refletidoe incorporadonaspráticas,têmsidomuitasasalterações
“no terreno”que nãoencontram,de facto,consistêncianainvestigaçãocientíficanemnaobservação
empírica.
O Papel daEscola
Comoreferidoaolongodosúltimosanos,oinvestimentofeitonosespaçose equipamentoseducativostem,
podemosdizer,revolucionadoa escolae osmétodose técnicasescolarese educativas.
Com o alargamento(e substituição) dosequipamentosescolares,comadefiniçãode novosmodelos
educativose sobretudocomasnecessidadescrescentes(dasfamílias,dascomunidadese dos gestores
políticos),oespaçofísicoda escolaobservou alteraçõesnotáveisaolongodosúltimosanos.
Nosnovoscomplexosescolares, equipadoscomosmaisrecentesmateriaispedagógicose recursos
educativos,tambémse foi “esquecendo” oespaçonatural da comunidade,bemcomose foi perdendoa
ideiaeminentemente assistencialistadaescola,emdetrimentode umaconstruçãotécnicae racionalista.
Face a estasalterações, afaltade reflexão,análise e experiênciacontinuadas(e devidamente avaliadas) foi
causandouma certa inconsistêncianaforma de abordar algumasquestõesrelativasàfunçãoda escola,
nomeadamente noâmbitodas questões dobem-estardosseus atores.
Durante este períodode crescimento,querde espaçosquerde frequênciade alunos, asociedade
portuguesa, que primeiramente ”apostou”nafunçãoassistencialistadaescola(de guardae cuidado
pessoal),foi evoluindoparauma exigênciamaioritariamenteletivae pedagógica.
Com esta“viragem”(que se refere aos anos80 e 90 do séculopassado), tornaram-se evidentesalgumas
incongruênciasque interessavaresolver. Osespaçosescolares, cadavezmais“globais”e multifuncionais,
foramextinguindoaabordagemmaisfamiliare asopçõeseducativasforam-se baseandomaisemdinâmicas
letivasque emestratégiasde formaçãopessoale social dosalunos.
Práticascomo a escovagemdosdentes,períodosde sonoe descansooumesmoautilizaçãolivre (e
pedagógica) de espaçosexterioresforam sendo“desaconselhadas”e foramsendosubstituídasporpráticas
ditas“escolarizantes”,comvistaàobjetivaçãode “resultadosacadémicos”.
Em 1995, uma portariada entãoDireçãoGeral da Educação,vemrecomendaraosprofissionaisde educação
que abandonempráticascomoa ”picotagem”,a“escovagemde dentes”,os períodosde sonono Jardim-de-
infânciaoumesmo a utilizaçãode objetoscortantes. Vivia-se,então, soboimpactodasinformaçõescada
vezmaisintensasmasaindapouco“científicas e comprovadas”sobre a SIDA e outras doenças
transmissíveis. Este avisoemanadopelosserviçoscentraisdoMinistérioprovocou,de certaforma,uma
”reação” nas práticas,nas crençase nas dinâmicas, que perduraaté aosdiasde hoje.
E se, porum lado,as medidaspolíticase educativastêm, maioritariamente,umcunhocentralizador,
tambémnão é menosverdade que,normalmente,é dosserviçoscentraisque surgempropostasque
contrariamas mesmascrenças porsi motivadas.Umexemploconcretodessaincongruência(note-seque
nunca foi emitidonenhumarevogaçãodaatráscitada portaria),é aquelaque nosmostra que há emcurso,
atualmente,programascomooSOBE1
que incentivampráticasde higieneoral e escovagemdosdentesa
partir da educaçãode infância.
Pretendemos,comapresente introdução,de algumaforma,“justificar”asdificuldadesque persisteme que
algunsprofissionaiscontinuamaenfrentarnoseudesígnioeducativode estimular,apartirda escola, o
desenvolvimento de práticasde bem-estare qualidade de vidaque possamserobservadasamontante (e a
jusante) dos”resultados escolarese académicos”.
O Papel doDocente
Independentementedasevidênciasantes apresentadas,oprofissional de educação, e especificamenteo
educadorde Infância- e assimme apresento - querdesenvolvaasua atividade nasredespúblicae/ou
privada,ouem redescooperativas,mantém, emtermoslegais,umaautonomiaque odefinecomo
”construtordo currículo” (OCEPE,1996), independentementedasorientaçõesprogramáticasque deve
respeitare cumprir.
Esta “mais-valia”pode potenciarumconjuntode iniciativasespecíficasde interesseeducativo,combase na
informação,naformação e tambémna disponibilidadedo docente;mas,se noscingirmosàs”orientações
específicas”de muitasdasentidadespatronais,incluindo-se aqui oMinistériodaEducação,pode impedir
uma eficazutilizaçãodosconhecimentosadquiridos - mesmoosde “sensocomum”- que,muitasvezes,é
tão útil na educaçãode crianças e jovens.
1 Saúde Oral e Bibliotecas escolares (http://www.sobe.pt/)
Nosdiversos níveisde ensino,e contrariamenteà“informação”recorrente,existe algumaliberdade que,
contudo,é pouco aproveitadaoudesvalorizada(aeste nível,podemosobservaralgumas práticas
“inovadoras”comintegraçãode dinâmicasespecificas,comosejamo ioga,a meditaçãoouatividadesde
relaxamentonostemposletivos…). Contudo,opesoextremodasorientaçõesditas“académicas”,ostempos
(oua faltadeles) e exigênciatécnicadalecionaçãode conteúdosretira,estamosemcrer,vontade,dinâmica
(e até saber) àsescolhasdasescolase dos professores.
Neste sentido,aprender,conhecer,informar,disseminar,ouseja, facilitarinformaçãoé umadas
competênciasdo docente que não pode (nemdeve),relevarainformaçãoe a investigação.Se foressaasua
vontade,odocente poderá,inclusive,dinamizarmodelosde atendimentoalternativos que nãose
constituamdesafiantesouconfrontadoresdo“sistema”pelanegativa,masdesenvolvamantesopções
coerentese inovadorasdo“estabelecido”.
No fundo,alémde todasasoutras funçõeseducativas,tambémse deve exigiràsescolase aos professores(e
estaexigênciadevesersocial e comunitária), que tenhamacapacidade de,comos instrumentos e recursos
de que dispõem, promoverespaçose lógicasde incentivodo bem-estare daqualidade de vida que nãose
limitemaassumirascondiçõestécnico-financeirase económicascomo“fatores-chave”,masconsiderem
tambéma formaçãopessoal,social e cultural,onde se enquadramasquestõesrelativasàeducaçãomotora,
de saúde,e de higiene.
Essa, nofundo,temsidoa nossa vontade na Enxara doBispo.
O que fazemos
Reconhecendo,desde háalgunsanos aesta parte a necessidade dascriançaspequenas(entre ostrêse os
dezanos),que enfrentamperíodosde permanêncianaescola que vãofrequentementeaté 11 horas,terem
tempose espaçosde descansoe de pausanas atividadesletivas,temsidouma opçãoconsciente e constante
o investimentoemequipamentoe materialque lhespermitam, nosseus“temposlivres”,relaxare
descontrair.
Numaescolabastante bemequipadano”modeloacadémico”(polidesportivo,biblioteca,refeitório,etc.),
faltavam,noentanto,espaços ”alternativos”de ”liberdade”criativa,de expressãomotorae de conforto
(entendidoaqui naperspetivadostemposde descanso,relaxamentoe eco-ambiente).
É tambémde destacarum conjuntode condiçõesestruturaisexistentes(aquecimento,iluminaçãoseletiva,
equipamentoe material antropomorficamenteadequado,etc.) que permitemestratégiasconjuntas,bem
como a execuçãodamaior parte das medidaspensadas.
No anoseguinte aoda inauguraçãoda escola(2009), um conjuntocircunstancial de condições(corpo
docente,pessoal assistente e comunidade)permitiuque, desde cedose definissemalgumas“pré-condições”
que se observamaindahoje.
Hábitopouco comuns emoutras escolas (comosejaa participaçãoativadosrepresentantesdasfamíliasem
reuniõese ematividadesorganizadasnoâmbitodoPlanoAnual de Atividades, oinvestimento conjuntoe
uma eficazgestãofinanceira) têmpermitidoapresentarsoluçõesconstantese atuais,e de acordocom as
avaliaçõesfeitaspermanentemente.
Estratégiasdiversas,comoaparticipaçãode docentese famílias, emmomentosrecorrentes de informaçãoe
reflexãoconjuntaou naaquisiçãode equipamentose materiaisespecíficos,têmcontribuídoparaa
promoçãode hábitossaudáveise,sobretudo,paraadisseminaçãode informaçãopertinente.
Emergindodessamesmaparticipaçãoativa,têmsidobastantesosmomentosde valorizaçãodos“hábitos”
familiarese locais,de onde se destaca,entre outros,os hábitosde sonodascriançasmaispequenas.
Nesse sentido,foramsendointegradasalgumasestratégicaslúdico-pedagógicasque têmvalorizadoe
potenciadoumaoutraabordagemacerca do “tempode permanência”dascriançasna escola,e que tem
envolvidotodaa comunidade educativa. Ioga, “históriascomsonodentro”,jogosde relaxamento,
estratégiasvariadasde “retornoàcalma”, controlodoambiente - iluminação,aquecimento, etc.–têmsido
estratégiase propostasque têmvindoadar frutosno que concerne a alteraçõesde (maus) hábitosque
chegamà escola.
(Vídeo)
O que concluímos
Apesarde não podermosafirmarcomcerteza“científica”(deixaremosissoparaquemoqueirae possa
fazer),háum conjuntode informaçõesque se têmvindoaconstituircomoindicadoressegurosdo
investimentofeito(aeste nível)nosúltimosanos.
Numazona com resultadosacadémicostradicionalmente poucosignificativos,têmhavidoumalenta
evoluçãoqualitativaque é significativaemrelaçãoaosresultadoshistóricosdasescolasque precederama
EB1/JI de S. Miguel.
Por comparação com outrasescolase com resultadosaferidos,háalguns dadosque mostrama eficáciadas
escolhasfeitas.Noque concerne aos índicesde acidentese situaçõesde risco,aEB1/JI de S. Miguel
apresentaosmelhoresresultadosconcelhiose, emrelaçãoaoAgrupamentoonde se insere,apresenta
valoresdiminutosde acionamentodoseguroescolarparasituaçõesde emergênciamédica.
Em termosde gestãocomportamental,sãoreduzidasasincidênciasdisciplinares(emseisanosapenasum
procedimentodisciplinar) e,de umaformageral,os alunose as famíliasmostram-se bastante agradados
com a “vida escolar”,sendo,nesseitem, asreferênciasbastantepositivasnosinquéritosinternos
desenvolvidospelosprocessosde avaliaçãointerna.
De ummodo geral,asescolhasfeitas,bemcomoasestratégiascomplementaresque se têmimplementado
têmproporcionadomudançasde hábitos evidentesemtermosfamiliares,podendonósafirmarque,no
conjuntodosanos letivosemanálise,muitostêmsidoosganhosefetivosque se destacam.
Ao nível dorendimentoescolarassociadoaoshábitosde sono,e apesarde não nosser possível quantificar
resultados (pelamanifestainsuficiênciade dadosfidedignos),estamosemcrerque asopçõesfeitastêm
vindoa proporcionarmelhorese maisadequadasdinâmicasletivase tambémpodemosafirmarque a
procura por informaçãoe,sobretudo,de aconselhamento específico,temcontribuídoparaosresultados
globaisevidenciadosnasavaliaçõesexternas.
Na perspetivamicro,constatamosumareduçãodoabsentismoescolar(pordoença),umamaior
disponibilidadeparaa aprendizageme tambémumacrescente procuradaescolapor famíliasde forada
zona de incidênciaescolar(e especificamente noâmbitodasdinâmicasde promoçãode hábitosde sonoe
repouso) oque não deixade sersintomáticoe esclarecedordosucessodasescolhasfeitas.
Mas, de umaforma geral,podemosafirmarque ascriançasapresentammaiordisponibilidade paraa
aprendizagem, aumentamconsideravelmente ostemposde atenção,diminuíramsubstancialmente as
situaçõesde conflituosidade e,nainformaçãoque vamosobtendo dasfamílias,tornou-se visíveluma
mudançacomportamental evidente,que se inicioucomosespaçosde repousoe relaxamentonaescola.
As viagensdaescolaparacasa, o tempode “estar”com as famíliase até as atividadesextracurriculares
apresentam“novas”dinâmicas:maiscalmas, maisconcentradase commaiordisponibilidade.
A par destasobservaçõesinferidas,tambémadinâmicafamiliarse foi alterando,commuitasfamíliasa
compreendereme aaceitarema necessidadede temposreguladosde sonoe descanso.
Não obstante,e porrazõesatrás apontadas,mantém-se algumadificuldadeem”justificar”,internae
superiormente,algumasdasopçõesfeitas,oque tem, de algumaforma,enfraquecidooalcance e a
sustentabilidade de algumasdasalteraçõesque tiveramlugar.
Tambéma mudança constante observadanocorpodocente temdificultadoa“consciênciacoletiva”que se
foi construindonoestabelecimentode ensinooque nosindica,amédioprazo,a desistênciade algumasdas
opçõestomadas,independentemente dosresultadosaferidos.
Mas, porque é observável,mesmoque apenasempiricamente,osucessode muitasdasmedidas,todoeste
trabalho(e sobretudoreflexãoe adequação) é paramantere,se possível,disseminar.

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O sono no Jardim de Infância

  • 1. O sono na Escola. Sim, Não? Porquê? Henrique Santos Educadorde Infância EB1/JI de S. Miguel,Enxarado Bispo A escolaportuguesa, temobservado,desdehácerca de cinquentaanos,umaevoluçãoconstante emtodos os seussetores. Da formação de docentes, àmelhoriaqualitativae quantitativadosespaçosescolares,passandopelo constante desenvolvimentocurricular,técnicoe pedagógico,serãopoucosospaíseseuropeusondeas mudançaseducativas sãotão evidentese tão continuadas. Estamosem crer que estasmudançascriam,por um lado, um sentimentode constante incompletudee alteraçãode hábitose práticasde docentese alunos,bemcomodas famíliase demaisagenteseducativos. Por outrolado,as sucessivasalteraçõesnasdinâmicas educativas têmvindoamotivarumcrescimento sustentadodosmodelosde educaçãoescolare,sobretudo,têmpermitidoaopaísaumentardrasticamente níveisde alfabetização,de formaçãosuperiore até de ofertasocial com base na Escola. Por estarmosnaturalmente envolvidosnasmudanças,tendemos,de umaformageral,a aceitarcom alguma dificuldade,que pode nãoser“pacífico”concluirque a maiorparte dasalteraçõesobserváveisnasdinâmicas desenvolvidas,tenhamobjetivose finalidadesadequadas.Portal motivo,tendemosaconstruirnarrativasdo sucessocoletivodesajustadasounegativas. Não obstante, pelofactode estarmosimersosnosprocessosde mudança,e tambémporque nãotem existidoumplanoglobal,devidamente refletidoe incorporadonaspráticas,têmsidomuitasasalterações “no terreno”que nãoencontram,de facto,consistêncianainvestigaçãocientíficanemnaobservação empírica. O Papel daEscola Comoreferidoaolongodosúltimosanos,oinvestimentofeitonosespaçose equipamentoseducativostem, podemosdizer,revolucionadoa escolae osmétodose técnicasescolarese educativas. Com o alargamento(e substituição) dosequipamentosescolares,comadefiniçãode novosmodelos educativose sobretudocomasnecessidadescrescentes(dasfamílias,dascomunidadese dos gestores políticos),oespaçofísicoda escolaobservou alteraçõesnotáveisaolongodosúltimosanos. Nosnovoscomplexosescolares, equipadoscomosmaisrecentesmateriaispedagógicose recursos educativos,tambémse foi “esquecendo” oespaçonatural da comunidade,bemcomose foi perdendoa ideiaeminentemente assistencialistadaescola,emdetrimentode umaconstruçãotécnicae racionalista. Face a estasalterações, afaltade reflexão,análise e experiênciacontinuadas(e devidamente avaliadas) foi causandouma certa inconsistêncianaforma de abordar algumasquestõesrelativasàfunçãoda escola, nomeadamente noâmbitodas questões dobem-estardosseus atores.
  • 2. Durante este períodode crescimento,querde espaçosquerde frequênciade alunos, asociedade portuguesa, que primeiramente ”apostou”nafunçãoassistencialistadaescola(de guardae cuidado pessoal),foi evoluindoparauma exigênciamaioritariamenteletivae pedagógica. Com esta“viragem”(que se refere aos anos80 e 90 do séculopassado), tornaram-se evidentesalgumas incongruênciasque interessavaresolver. Osespaçosescolares, cadavezmais“globais”e multifuncionais, foramextinguindoaabordagemmaisfamiliare asopçõeseducativasforam-se baseandomaisemdinâmicas letivasque emestratégiasde formaçãopessoale social dosalunos. Práticascomo a escovagemdosdentes,períodosde sonoe descansooumesmoautilizaçãolivre (e pedagógica) de espaçosexterioresforam sendo“desaconselhadas”e foramsendosubstituídasporpráticas ditas“escolarizantes”,comvistaàobjetivaçãode “resultadosacadémicos”. Em 1995, uma portariada entãoDireçãoGeral da Educação,vemrecomendaraosprofissionaisde educação que abandonempráticascomoa ”picotagem”,a“escovagemde dentes”,os períodosde sonono Jardim-de- infânciaoumesmo a utilizaçãode objetoscortantes. Vivia-se,então, soboimpactodasinformaçõescada vezmaisintensasmasaindapouco“científicas e comprovadas”sobre a SIDA e outras doenças transmissíveis. Este avisoemanadopelosserviçoscentraisdoMinistérioprovocou,de certaforma,uma ”reação” nas práticas,nas crençase nas dinâmicas, que perduraaté aosdiasde hoje. E se, porum lado,as medidaspolíticase educativastêm, maioritariamente,umcunhocentralizador, tambémnão é menosverdade que,normalmente,é dosserviçoscentraisque surgempropostasque contrariamas mesmascrenças porsi motivadas.Umexemploconcretodessaincongruência(note-seque nunca foi emitidonenhumarevogaçãodaatráscitada portaria),é aquelaque nosmostra que há emcurso, atualmente,programascomooSOBE1 que incentivampráticasde higieneoral e escovagemdosdentesa partir da educaçãode infância. Pretendemos,comapresente introdução,de algumaforma,“justificar”asdificuldadesque persisteme que algunsprofissionaiscontinuamaenfrentarnoseudesígnioeducativode estimular,apartirda escola, o desenvolvimento de práticasde bem-estare qualidade de vidaque possamserobservadasamontante (e a jusante) dos”resultados escolarese académicos”. O Papel doDocente Independentementedasevidênciasantes apresentadas,oprofissional de educação, e especificamenteo educadorde Infância- e assimme apresento - querdesenvolvaasua atividade nasredespúblicae/ou privada,ouem redescooperativas,mantém, emtermoslegais,umaautonomiaque odefinecomo ”construtordo currículo” (OCEPE,1996), independentementedasorientaçõesprogramáticasque deve respeitare cumprir. Esta “mais-valia”pode potenciarumconjuntode iniciativasespecíficasde interesseeducativo,combase na informação,naformação e tambémna disponibilidadedo docente;mas,se noscingirmosàs”orientações específicas”de muitasdasentidadespatronais,incluindo-se aqui oMinistériodaEducação,pode impedir uma eficazutilizaçãodosconhecimentosadquiridos - mesmoosde “sensocomum”- que,muitasvezes,é tão útil na educaçãode crianças e jovens. 1 Saúde Oral e Bibliotecas escolares (http://www.sobe.pt/)
  • 3. Nosdiversos níveisde ensino,e contrariamenteà“informação”recorrente,existe algumaliberdade que, contudo,é pouco aproveitadaoudesvalorizada(aeste nível,podemosobservaralgumas práticas “inovadoras”comintegraçãode dinâmicasespecificas,comosejamo ioga,a meditaçãoouatividadesde relaxamentonostemposletivos…). Contudo,opesoextremodasorientaçõesditas“académicas”,ostempos (oua faltadeles) e exigênciatécnicadalecionaçãode conteúdosretira,estamosemcrer,vontade,dinâmica (e até saber) àsescolhasdasescolase dos professores. Neste sentido,aprender,conhecer,informar,disseminar,ouseja, facilitarinformaçãoé umadas competênciasdo docente que não pode (nemdeve),relevarainformaçãoe a investigação.Se foressaasua vontade,odocente poderá,inclusive,dinamizarmodelosde atendimentoalternativos que nãose constituamdesafiantesouconfrontadoresdo“sistema”pelanegativa,masdesenvolvamantesopções coerentese inovadorasdo“estabelecido”. No fundo,alémde todasasoutras funçõeseducativas,tambémse deve exigiràsescolase aos professores(e estaexigênciadevesersocial e comunitária), que tenhamacapacidade de,comos instrumentos e recursos de que dispõem, promoverespaçose lógicasde incentivodo bem-estare daqualidade de vida que nãose limitemaassumirascondiçõestécnico-financeirase económicascomo“fatores-chave”,masconsiderem tambéma formaçãopessoal,social e cultural,onde se enquadramasquestõesrelativasàeducaçãomotora, de saúde,e de higiene. Essa, nofundo,temsidoa nossa vontade na Enxara doBispo. O que fazemos Reconhecendo,desde háalgunsanos aesta parte a necessidade dascriançaspequenas(entre ostrêse os dezanos),que enfrentamperíodosde permanêncianaescola que vãofrequentementeaté 11 horas,terem tempose espaçosde descansoe de pausanas atividadesletivas,temsidouma opçãoconsciente e constante o investimentoemequipamentoe materialque lhespermitam, nosseus“temposlivres”,relaxare descontrair. Numaescolabastante bemequipadano”modeloacadémico”(polidesportivo,biblioteca,refeitório,etc.), faltavam,noentanto,espaços ”alternativos”de ”liberdade”criativa,de expressãomotorae de conforto (entendidoaqui naperspetivadostemposde descanso,relaxamentoe eco-ambiente). É tambémde destacarum conjuntode condiçõesestruturaisexistentes(aquecimento,iluminaçãoseletiva, equipamentoe material antropomorficamenteadequado,etc.) que permitemestratégiasconjuntas,bem como a execuçãodamaior parte das medidaspensadas. No anoseguinte aoda inauguraçãoda escola(2009), um conjuntocircunstancial de condições(corpo docente,pessoal assistente e comunidade)permitiuque, desde cedose definissemalgumas“pré-condições” que se observamaindahoje. Hábitopouco comuns emoutras escolas (comosejaa participaçãoativadosrepresentantesdasfamíliasem reuniõese ematividadesorganizadasnoâmbitodoPlanoAnual de Atividades, oinvestimento conjuntoe uma eficazgestãofinanceira) têmpermitidoapresentarsoluçõesconstantese atuais,e de acordocom as avaliaçõesfeitaspermanentemente.
  • 4. Estratégiasdiversas,comoaparticipaçãode docentese famílias, emmomentosrecorrentes de informaçãoe reflexãoconjuntaou naaquisiçãode equipamentose materiaisespecíficos,têmcontribuídoparaa promoçãode hábitossaudáveise,sobretudo,paraadisseminaçãode informaçãopertinente. Emergindodessamesmaparticipaçãoativa,têmsidobastantesosmomentosde valorizaçãodos“hábitos” familiarese locais,de onde se destaca,entre outros,os hábitosde sonodascriançasmaispequenas. Nesse sentido,foramsendointegradasalgumasestratégicaslúdico-pedagógicasque têmvalorizadoe potenciadoumaoutraabordagemacerca do “tempode permanência”dascriançasna escola,e que tem envolvidotodaa comunidade educativa. Ioga, “históriascomsonodentro”,jogosde relaxamento, estratégiasvariadasde “retornoàcalma”, controlodoambiente - iluminação,aquecimento, etc.–têmsido estratégiase propostasque têmvindoadar frutosno que concerne a alteraçõesde (maus) hábitosque chegamà escola. (Vídeo) O que concluímos Apesarde não podermosafirmarcomcerteza“científica”(deixaremosissoparaquemoqueirae possa fazer),háum conjuntode informaçõesque se têmvindoaconstituircomoindicadoressegurosdo investimentofeito(aeste nível)nosúltimosanos. Numazona com resultadosacadémicostradicionalmente poucosignificativos,têmhavidoumalenta evoluçãoqualitativaque é significativaemrelaçãoaosresultadoshistóricosdasescolasque precederama EB1/JI de S. Miguel. Por comparação com outrasescolase com resultadosaferidos,háalguns dadosque mostrama eficáciadas escolhasfeitas.Noque concerne aos índicesde acidentese situaçõesde risco,aEB1/JI de S. Miguel apresentaosmelhoresresultadosconcelhiose, emrelaçãoaoAgrupamentoonde se insere,apresenta valoresdiminutosde acionamentodoseguroescolarparasituaçõesde emergênciamédica. Em termosde gestãocomportamental,sãoreduzidasasincidênciasdisciplinares(emseisanosapenasum procedimentodisciplinar) e,de umaformageral,os alunose as famíliasmostram-se bastante agradados com a “vida escolar”,sendo,nesseitem, asreferênciasbastantepositivasnosinquéritosinternos desenvolvidospelosprocessosde avaliaçãointerna. De ummodo geral,asescolhasfeitas,bemcomoasestratégiascomplementaresque se têmimplementado têmproporcionadomudançasde hábitos evidentesemtermosfamiliares,podendonósafirmarque,no conjuntodosanos letivosemanálise,muitostêmsidoosganhosefetivosque se destacam. Ao nível dorendimentoescolarassociadoaoshábitosde sono,e apesarde não nosser possível quantificar resultados (pelamanifestainsuficiênciade dadosfidedignos),estamosemcrerque asopçõesfeitastêm vindoa proporcionarmelhorese maisadequadasdinâmicasletivase tambémpodemosafirmarque a procura por informaçãoe,sobretudo,de aconselhamento específico,temcontribuídoparaosresultados globaisevidenciadosnasavaliaçõesexternas. Na perspetivamicro,constatamosumareduçãodoabsentismoescolar(pordoença),umamaior disponibilidadeparaa aprendizageme tambémumacrescente procuradaescolapor famíliasde forada
  • 5. zona de incidênciaescolar(e especificamente noâmbitodasdinâmicasde promoçãode hábitosde sonoe repouso) oque não deixade sersintomáticoe esclarecedordosucessodasescolhasfeitas. Mas, de umaforma geral,podemosafirmarque ascriançasapresentammaiordisponibilidade paraa aprendizagem, aumentamconsideravelmente ostemposde atenção,diminuíramsubstancialmente as situaçõesde conflituosidade e,nainformaçãoque vamosobtendo dasfamílias,tornou-se visíveluma mudançacomportamental evidente,que se inicioucomosespaçosde repousoe relaxamentonaescola. As viagensdaescolaparacasa, o tempode “estar”com as famíliase até as atividadesextracurriculares apresentam“novas”dinâmicas:maiscalmas, maisconcentradase commaiordisponibilidade. A par destasobservaçõesinferidas,tambémadinâmicafamiliarse foi alterando,commuitasfamíliasa compreendereme aaceitarema necessidadede temposreguladosde sonoe descanso. Não obstante,e porrazõesatrás apontadas,mantém-se algumadificuldadeem”justificar”,internae superiormente,algumasdasopçõesfeitas,oque tem, de algumaforma,enfraquecidooalcance e a sustentabilidade de algumasdasalteraçõesque tiveramlugar. Tambéma mudança constante observadanocorpodocente temdificultadoa“consciênciacoletiva”que se foi construindonoestabelecimentode ensinooque nosindica,amédioprazo,a desistênciade algumasdas opçõestomadas,independentemente dosresultadosaferidos. Mas, porque é observável,mesmoque apenasempiricamente,osucessode muitasdasmedidas,todoeste trabalho(e sobretudoreflexãoe adequação) é paramantere,se possível,disseminar.