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Resposta Técnica
Assunto
Agricultura e pecuária.
Palavras-chave
Cogumelo; cultivo cogumelo; fungicultura; processamento cogumelo.
Identificação da Demanda
Informações quanto a produção de cogumelos, de algum tipo específico, orientação quanto ao cultivo,
pois tenho em mente iniciar um trabalho no setor, haja visto o custo-benefício da
produção/industrialização do produto.
Solução apresentada
O texto abaixo descrito foi baseado em respostas técnicas disponíveis, na íntegra, pelo portal do Serviço
Brasileiro de Resposta Técnica – SBRT, através dos endereços eletrônicos
<http://sbrt.ibict.br/upload/sbrt206.pdf>, <http://sbrt.ibict.br/upload/sbrt282.pdf>,
<http://sbrt.ibict.br/upload/sbrt611.pdf> e <http://sbrt.ibict.br/upload/sbrt611.pdf>.
1) CULTIVO DE COGUMELOS
Tecnicamente, “cogumelo” é apenas uma parte do “fungo”, tratando-se mais especificamente da
estrutura de reprodução responsável pela formação dos esporos, que são pequenos grãos gerados com
a finalidade de perpetuar a espécie, estrutura esta característica apenas a algumas espécies da família
dos fungos. Desde a Antigüidade os cogumelos são utilizados como alimento de importante valor
nutritivo e terapêutico. Sua produção comercial é relatada, pela literatura, a partir do século VI, sendo
citado o cultivo, na região da China, do Auricularia auricula, popularmente conhecido, no Brasil, como
“orelha de pau”. O cultivo da espécie Flamulina velutipes (enokitake), por sua vez, começou a ser
realizado somente a partir do século IX e a Lentinula edodes (shiitake) teve sua produção principiada
apenas no início do século XII. Atualmente são conhecidas aproximadamente 2 mil espécies
potencialmente comestíveis, porém apenas 25 delas são normalmente utilizadas na alimentação humana
e um número ainda menor tem sido produzido comercialmente. Os cogumelos comestíveis comerciais
são originários principalmente de fungos pertencentes à classe Basidiomycetes, sendo o maior número
das espécies enquadradas na ordem Agaricales, na qual há duas das principais famílias: Boletaceae
(com a espécie Boletus edulis e a Boletus luteus) e a família Agaricaceae (com a espécie Agaricus
bisphorus – popularmente conhecido por champignon - e a Lentinula edodes – ou vulgarmente
denominado cogumelo shiitake). Esse produto, apreciado em muitas dietas européias e orientais, vêm
crescendo muito de importância nos últimos anos, principalmente porque o seu cultivo possibilita reciclar
economicamente certos resíduos agrícolas e agroindustriais. Além do que, sob aspecto nutricional, seu
uso alimentar tem sido apontado como uma ótima alternativa para incrementar a oferta de proteínas às
populações de países emergentes e com alto índice de desnutrição. A cultura é considerada, portanto,
uma atividade importante para o meio ambiente e com um notável potencial de crescimento em diversos
países. No mercado, distinguem-se claramente dois nichos: o do Agaricus bisphorus (champignon),
espécie mais explorada e comercializada no mundo; e o dos exóticos ou “de especialidade”, que engloba
espécies como Auricularia spp., Flamulina velutipes, Grifola frondosa, Hypsizygus marmoreus, Lentinula
edodes, Pleurotus spp., Pholiota nameko, Tremella fuciformis e Volvariella spp., cujo volume de
produção e comercialização está em escala muito inferior em relação ao Agaricus bisphorus
(champignon).
Embora já existam no país alguns estabelecimentos altamente especializados a maior parte das
unidades produtoras de cogumelos é ainda hoje muito rudimentar, sendo principalmente conduzida por
famílias de origem chinesa, radicadas em São Paulo, que utilizam métodos arcaicos destituídos de
aprimoramento técnico e sem um conhecimento científico mais aprofundado. Com relação à
produtividade, em condições controladas, segundo dados do Rio Grande do Sul, a produtividade pode
alcançar até 25 kg/m², entretanto, dados provenientes de Mogi das Cruzes - SP indicam valores na
ordem de 6 a 8 kg/m². Tomando-se por referência os índices médios brasileiros, esses são considerados
http://www.sbrt.ibict.br
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muito baixos se comparados com o de países da Europa que chegam a atingir 17 a 25 kg/m² por ciclo
(até 35 kg/m² em casos especiais). O ciclo da cultura pode variar de acordo com o sistema de cultivo
mas, em média, demora 84 dias, o que permite até 4 ciclos por ano nas mesmas instalações, porém, um
dos fatores que contribuem na redução da produtividade são as doenças e fungos competidores que
ocorrem no substrato (composto), diminuindo a quantidade de espaço e alimento disponível ou, ainda,
produzindo substâncias tóxicas que retardam ou impedem o desenvolvimento normal da cultura. Mais
recentemente, a espécie Agaricus blazei, popularmente conhecida como “cogumelo do sol”, ganhou
destaque entre produtores brasileiros. Esta espécie está supostamente associada a determinadas
propriedades medicinais que atuam beneficamente no sistema imunológico humano. Sua expansão tem
sido relatada em várias regiões do país, visando abastecer, principalmente, o mercado japonês. Outros
mercados também já são abastecidos com o fungo, sendo encontradas referências de sua
comercialização em países como Austrália, Bolívia, Alemanha, África do Sul, Tailândia, Estados Unidos,
Índia e Coréia.
As variedades de cogumelos tradicionalmente cultivadas no Brasil são linhagens de Agaricus bisporus,
cuja temperatura de formação (frutificação) fica em torno dos 17°C. Isso obriga a interrupção dos cultivos
nos períodos de verão, a menos que se usem locais refrigerados. Outra espécie introduzida nos últimos
5 anos é o Agaricus bitorquis, cuja temperatura de formação é em torno de 23-25°C. Esta espécie é mais
adaptada ao clima brasileiro, permitindo o cultivo sem refrigeração em períodos mais longos do ano.
As demais informações, reproduzidas a seguir, foram extraídas do Portal Cogumelos Imperial,
disponíveis, na íntegra, através do site: <http://www.cardoncello.com.br>.
1.1) CULTIVO DO SHIITAKE (Lentinula edodes)
O local ideal para se cultivar o Shiitake deve ser bastante úmido, algo em torno de 90%, com
temperaturas amenas entre 10 e 30 graus e com altitude média de 800 metros. A área mínima para se
iniciar o cultivo deve ser de aproximadamente 500 m². O custo inicial para a implantação de um cultivo
com 1500 toras é de aproximadamente R$ 4.000,00 sem contar com as instalações que podem ser
aproveitadas ou terão de ser construídas. O retorno de capital se dá entre um e dois anos variando em
função das condições climáticas de onde se está cultivando. O substrato é uma forma bem mais
complexa de cultivo, exigindo investimentos, tecnologia e equipamentos de grande vulto. A alternativa
seria a aquisição do substrato inoculado e pronto para a colheita. A comercialização deve ser feita em
locais próximos ao cultivo pois o Shiitake fresco começa a se deteriorar em 5 dias após colhido, mesmo
se mantido em geladeira. Os locais para comercialização são muitos: restaurantes, supermercados,
hotéis, etc. Há duas formas para se cultivar Shiitake: A) Cultivo em troncos de árvores e B) Cultivo em
serragem.
A) Cultivo em Troncos de árvores: O cultivo do Shiitake é tradicionalmente feito em Carvalho e
Castanheiras principalmente no Japão. No Brasil podemos cultivar em muitos tipos de árvores evitando
as que sejam resinosas. Para as pessoas que vivem nas grandes cidades, lembramos que as prefeituras
e as companhias de energia elétrica fazem podas periódicas nas copas das árvores e que estas sobras
podem perfeitamente servir para o cultivo. O Eucaliptos, por ter troncos retos e ser de fácil manejo, é
uma árvore usada para o reflorestamento, e por isso, existe em grande quantidade e com preços mais
acessíveis do que castanheiras e carvalhos. Corte das Árvores: ela deve ser cortada e separada em
pedaços de 1 metro de comprimento com diâmetros entre 5 e 15 cm, tendo o máximo cuidado em não
danificar a casca, pois neste cultivo desempenha importante função. Após o corte deixe repousar a
sombra por no mínimo 3 dias e no máximo 10 dias para eliminar o excesso de umidade. O ideal é que a
madeira esteja com 40 a 50 % de umidade. Na preparação para inoculação as toras devem receber
furos de 12,5 mm de diâmetro por 25 mm de profundidade. O espaçamento entre os furos no sentido
longitudinal é de 100 mm, e lateralmente, no sentido do perímetro do cilindro da tora entre uma linha e
outra a distancia é de 80 mm, sendo os furos intercalados entre os furos com o da linha anterior.
Aumentar as quantidades de furos nas regiões onde foram cortados os galhos, pois essas lesões podem
acarretar contaminações, caso o micélio do Shiitake não colonize rapidamente. A inoculação é feita com
o micélio multiplicado em serragem. Esse micélio é obtido por processos laboratoriais. Portanto, assim
como no caso do Agaricus, as "sementes" devem ser obtidos de laboratórios idôneos. A inoculação deve
ser feita em local limpo e desinfetado com pouca movimentação de ar. Com um inoculador ou com o
auxílio de uma colher, preencher os furos com "sementes", sem comprimi-las e nem deixá-las soltas
demais, somente uma leve pressão, tapando o ponto de inoculação, com uma pincelada de parafina e 5
% de breu, derretidos. Utilize sempre recipientes altos e largos e fogo baixo, pois a parafina e o breu são
inflamáveis. Com o volume de um litro de micélio, inoculamos aproximadamente 8 toras padrão de 1
metro de comprimento por 10 cm de diâmetro. Evidente que toras mais grossa levarão mais "sementes"
que as mais finas. Incubação ou colonização: é o período correspondente ao desenvolvimento do
micélio. Deve ser feita em local sombreado (70 a 95 % de filtragem de luz solar), ventilado e próximo de
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água. Pode ser um bosque ou uma cobertura de sombrite. As toras devem ser dispostas horizontalmente
de preferência (pois assim deve se perder menos umidade), empilhando-as como numa "fogueira de São
João", deixando sempre um espaço entre uma tora e outra para ventilar. A partir deste momento as
"fogueiras" devem ser regadas todos os dias exceto nos dias chuvosos, para manter a umidade das
toras em 40 a 45 % e, do ar 70 a 75 %. Em épocas mais secas devem ser regadas mais vezes ao dia
para evitar rachaduras na casca e cerne. A temperatura da tora ideal para a colonização é de 25ºC no
cerne da tora. O período de incubação do Eucaliptos aqui no Brasil é de estar concluído ao sexto mês,
madeiras mais duras ,temperaturas mais frias, pouca umidade, contaminações excessivas, farão esse
período prolongar-se para além do prazo citado. Importante é a realização do choque para a frutificação,
que consta de um momento próximo ao final da colonização, onde aparecerão na casca pequenas
formações parecidas com pipocas (os primórdios), e alguns cogumelos esporádicos. Entendemos então
que as toras estarão prontas para iniciar a produção e que para o crescimento simultâneo induziremos
por intermédio de choques, que serão: Térmico, de umidade, de gás carbônico e mecânico. Para isso
basta deixar as toras submersas em água (quanto mais fria melhor o resultado), por 12 a 72 horas,
depois deixá-la cair de topo em uma base fixa, de uma altura de 40 a 50cm, causando um forte impacto,
despertando a formação dos primórdios. Depois do choque, coloca-se as toras em pé encostada em
uma parede ou num varal feito com sarrafo de madeira a uns 60cm do chão, deixando uns 10cm de
espaço entre as toras. Esses espaços servem para que os cogumelos possam crescer. A partir do final
dos choques, deve-se cessar as regas, mas mantendo o chão sempre úmido. Aguardar 7 a 14 dias para
que os cogumelos comecem a aparecer. As condições para que tenha inicio a frutificação é : umidade
relativa 95 % ; temperatura do ar de 15 a 20 C; iluminação 10 lux, pouca ventilação. Condições ideais
para que os cogumelos cresçam saudáveis: umidade relativa 85 a 90%; temperatura do ar entre 15 a
20ºC e bastante ventilação. Quando o chapéu estiver com diâmetro de 3 a 5cm podem ser colhidos, isto
não significa que os cogumelos maiores ou menores sejam impróprios para o consumo. Para colher
basta torcer a base do pé do cogumelo e puxar para cima. A produção / tora / florada, é de 200 a 400
gramas, dependendo da eficiência do choque, da idade da tora e de contaminações que possam ter.
Após a colheita, reempilha-se as toras, e volta-se a regá-las regularmente como na incubação, por mais
ou menos 2 meses até que apareçam novamente os primórdios, que indicam o momento de um novo
choque. Esse procedimento deverá ocorrer por mais 5 a 10 vezes até que o Shiitake esgote todos os
nutrientes da tora, ou até que a casca se perca totalmente. Dependendo do diâmetro da tora, esse
esgotamento de nutrientes levará de 1 a 2 anos.
Os cogumelos poderão ser comercializados frescos dando preferência aos mais bonitos. A produção
excedente deve ser seca, sendo esta a forma tradicional de conservação desse cogumelo. A secagem
deve ser feita com temperaturas entre 40 e 45ºC, inicialmente por 2 horas, passando a 50º C por mais 2
horas, e finalizar com 60ºC o restante do processo. Isto deve acontecer com muita ventilação. Esse tipo
de secagem demora de 8 a 12 horas para concluir. Outro tipo de secagem pode ser feita ao sol por 2 a 3
dias. Depois de seco, guardar em sacos plásticos bem vedados e armazená-los em local seco.
B) Cultivo em serragem: É um cultivo da vanguarda onde os resultados são mais rápidos e mais
produtivos, porém muito mais tenso do que o feito em tronco, pois exige muito mais investimentos.
Tenha atenção com os cuidados sanitários para evitar contaminações, que neste caso qualquer que
seja, o substrato deverá ser descartado. Para a escolha da serragem, a preferência é a de árvores de
folha larga. Mas na ausência de serragens específicas usamos a que encontramos evitando as de
aglomerado, compensados e as de madeiras tratadas com fungicidas, pois as substâncias contidas
nessas, "podem" inibir o crescimento do micélio. As mais comuns de se encontrar são as de Pinus,
tomando o cuidado de deixar sua serragem descansar ao tempo por 3 semanas, e de Eucaliptos,
podendo ser de uso imediato. Em relação a preparação da serragem, a serragem sozinha é
relativamente pobre em nutrientes. Para melhorar essa produtividade, acrescenta-lhes suplementos tais
como farelo de arroz, de trigo, fubá etc.. Faz-se uma mistura, na proporção de 10 a 20% de farelo de
arroz, sobre o peso seco da serragem e água até obter uma umidade de 60%. O melhor pH é o de 5 a 6.
Esse substrato deve ser colocado em sacos plásticos de polipropileno (PP) que agüenta até 140ºC sem
se deformar, encher 2/3 das unidades com o substrato, fechando-o com fechepac, ou com um anel de
cano de PVC por fora da boca saco e tampão de algodão por dentro. A Esterilização do material deve
ser feita em grandes autoclaves no caso de produção industrial, e em panelas de pressão, para
produção a nível caseiro. A temperatura a ser atingida é de 127ºC por 2 horas. Na panela de pressão
contar o tempo a partir da saída de pressão pela válvula. Deve-se colocar no fundo da panela um
suporte, para que o saquinho fique só no vapor. Caso a água não seja suficiente, interromper a
contagem do tempo juntamente com o apagar do fogo, colocar mais água na panela e só reiniciar a
contagem do tempo quando sair pressão da válvula. Outra opção é a Tindalização, onde se atinge a
temperatura de 100ºC por 1,5 horas, por 2 dias consecutivos. Quanto a semeadura, após o resfriamento
saquinhos devem ser conduzidos a uma sala previamente desinfetada. Essa desinfecção consta de
limpeza do chão, paredes e teto, seguida de pulverização do ar com formol comercial a 10%, 3 dias
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antes de realizar a semeadura. Ao aplicar o formol, seja rápido pois ele é irritante das mucosas, por isso,
seus vapores faz arder olhos, nariz, garganta e provoca descamações da pele. O frasco de "semente" e
uma colher das de sopa deve ser flambada com fogo e desinfetada com álcool, assim como as mãos do
semeador. É aconselhável que o mesmo tome um banho e coloque roupas limpas para iniciar a
operação. Tudo preparado, abre-se a embalagem do composto e colocamos uma colher das de sopa
cheia de "sementes" , e fechamos rapidamente. Para incubação, esses saquinhos devem ficar por até 60
dias a temperatura ambiente, ou melhor acondicionado a 25ºC, e umidade relativa de 90 %, onde o
crescimento miceliar é mais intenso. Durante esse período podem ocorrer contaminações com fungos e
bactéria, promovido por vários fatores, tais como :
• falta de esterilização;
• falha no processo de limpeza e desinfecção de objetos, do ar, do semeador durante a semeadura;
• furos na embalagem;
• sementes contaminadas;
• outros.
As contaminações podem ser identificadas, analisando as embalagens a partir de uma semana, onde
não deverão conter colônias de coloração verde claro ou escuro, amarelo, marrom, ou ainda porções
grudentas, melecadas e mal cheirosas. As embalagens contaminadas devem ser descartadas ou
incineradas. Quanto à indução e produção, ao final da colonização a embalagem plástica encontra-se
mais grossa em função da formação de protuberâncias na serragem entre o corpo e a lamina da
embalagem, e também coloração intensamente branca que irá se tornar marrom. Então deve-se cortar a
tampa superior da embalagem e colocar em lugar fresco e ventilado, regar com bastante água três vezes
ao dia até iniciar a brotação. Pare as regas no substrato só devendo deixar o chão úmido. Aguardar o
crescimento dos cogumelos que serão colhidos e processados iguais ao do cultivo em toras. Após a total
colheita da embalagem os mesmos deverão ser voltados de cabeça para baixo e fechar a área onde
estes vão repousar e aguardar por duas semanas. Em seguida, retira-se a embalagem totalmente,
repetindo a indução. Uma terceira brotação poderá acontecer se repetir o processo descrito, porém as
quantidades de cogumelos tenderão a diminuir, tornando-se inviável sua manutenção.
1.2) CULTIVO DO SHIMEJI (Pleurotus spp.)
O cultivo de Pleurotus pode ser feito em tronco (da mesma forma descrita para o Shiitake),ou em casas
de cultivo com uso de serragem, palhas de capim,bagaço de cana etc... como substrato. Neste segundo
sistema vem sendo feito com muito êxito, e com produtividade muito superior ao sistema de troncos.
Esse sistema de cultivo possui muitas vantagens, pois o período de cultivo é mais curto, a produção é
estável, e o cultivo pode estender pelo ano todo. Para este cultivo são utilizados potes de vidro ou
plástico, caixas e sacos plásticos. Neste texto explicaremos o sistema de cultivo em pote de vidro ou
plástico. Para a preparação da serragem como substrato, a preferência é para serragem de árvores de
folhas largas ou folhas aciculares. Dependendo do tipo de árvore a serragem pode conter substâncias
resinosas, solúveis ou inibidoras do crescimento. Por isso, antes de sua utilização, a serragem deve ser
deixada ao ar livre e exposta por longo período a chuva, orvalhos e raios solares, para que as
substancias danosas se decomponham e se percam. Farelo: existem farelos de arroz, milho, trigo etc., o
mais utilizado é o farelo de arroz. Contudo o farelo de milho e o de trigo faz aumentar a produção, além
de melhorar a qualidade do cogumelo. A este exemplo utilizamos o farelo de arroz, nele misturando 2 a 3
partes de farelo de milho e trigo. A formulação do substrato deve ser realizada com uma mistura entre o
farelo e a serragem, deve ser feita na proporção de 1:4, em termos de volume, mais água até atingir
umidade de 62 a 65%. Esta umidade deve ser alcançada na serragem pura. A densidade estará correta
quando num recipiente com capacidade de 1 litro, o conteúdo pesar de 400 a 430 gramas. Mas o padrão
é que esse recipiente contenha 600 gramas. O pH deve estar entre 6,8 e 7. A Esterilização, que é a
chave do sucesso desse cultivo, pode ser feita de duas formas :
• em autoclave a 1,0 atm de pressão e temperatura de 120ºC por 1,5 horas, tomando-se o cuidado para
que a temperatura não se eleve demasiadamente, pois a substância nutritiva pode sofrer alterações;
• em câmaras de esterilização a pressão normal com vapor d' água a temperatura chega a 100ºC por 5
horas contadas a partir do momento em que for atingido os 100ºC, tomando-se cuidado para que a
temperatura não abaixe durante a esterilização. Não se deve colocar excesso de potes na câmara, pois
pode ocorrer irregularidade na esterilização.
Para inoculação, terminada a esterilização dos potes, quando a temperatura interna abaixar para 20ºC,
realiza-se a inoculação das "sementes" em condições estéreis, já citada no cultivo do Shiitake em
serragem. Um litro deve ser dividido em 50 potes. Passado 4a 5 dias pode haver um acréscimo na
temperatura do substrato de 3 a 5ºC, acima da temperatura ambiente, e que 40ºC por 48 horas ocorre a
morte do micélio. Assim para permitir que o micélio possa desenvolver uniformemente, o ambiente deve
manter temperaturas de 18 a 20ºC. Agora é muito importante que o substrato esteja a 25 a 30ºC.
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Periodicamente deve-se renovar o ar do recinto. A baixa umidade pode desidratar a superfície do
substrato, por outro lado, a alta umidade facilita o surgimento de bactérias nocivas, de modo que o
recinto deve ser mantido entre 65 a 75 %. Em condições normais com 25 dias de semeados, o pote
estará pronto para ser induzido a produção. Para a indução, visando que os potes tenham uniformidade
no crescimento, é realizada uma raspagem na superfície do substrato tornando-a plana. Logo depois,
preenche o pote com água até sua borda. Passada 2 a 3 horas, retira-se água, tampa-se o recipiente,
para que a superfície não se resseque e mantêm-se a temperatura de 13 a 16ºC . 5 a 7 dias após a
raspagem inicia-se a formação de primórdios, então abre-se o recipiente, e aumenta-se a umidade
relativa para 90%. Daqui para diante os cogumelos exigem muita ventilação de ar fresco. A falta de
ventilação pode resultar na não abertura do chapéu, na formação de cogumelos compridos, ou no
surgimento de ferrugem (avermelhamento e fenecimento). A colheita se realiza aproximadamente após 7
dias. Os cogumelos estarão prontos para a colheita quando o chapéu estiver de 1 a 1,5 cm de diâmetro.
Após a colheita retira-se a serragem da base, e acondiciona-se os fungos em bandejas, em porções de
100 a 200 gramas, para a comercialização.
2) CULTIVO DE COGUMELOS EM RESÍDUOS AGRÍCOLAS
Para a preparação do substrato a base de resíduos agrícolas, molha-se a palha ou bagaço até 70% de
umidade, e adiciona-se farelo de arroz ou de algodão na base de uns 10% do peso de bagaço ou palha,
misturando-o muito bem. Quanto mais rico em farelo, maior é a produção. Em contra partida maiores são
os cuidados a serem tomadas a fim de evitar as contaminações, pois os riscos de infecção desse
substrato aumenta. Para evitar a contaminação deve-se realizar a Pasteurização desse material, ou seja,
este substrato deverá ser levado ao túnel de pasteurização, onde receberá tratamento a vapor d' água,
para elevar a temperatura do composto até 90ºC por umas 10 a 12 horas. Logo após, deixar a
temperatura abaixar sozinha, até 30ºC, para executar a semeaduras. Esse composto, então, deverá ser
ensacado com porções de 7 a 10kg e receber "sementes" numa quantidade de 2 a 4% sobre o peso de
composto. Se o composto estiver bem rico em farelos há de se aumentar a quantidade de sementes,
assim faremos com que o Pleurotus cresça mais rápido do que as contaminações. Os sacos deverão ser
amarrados em sua boca, e colocados nas prateleiras. Quanto a incubação, os sacos devem ser
colocados em prateleiras, onde ficarão em fase de colonização por 25 a 40 dias. Somente após esse
período o composto estará completamente branco (coloração provocada pelo crescimento do micélio).
Para a indução e frutificação, faz-se vários cortes no saco plástico, de 2cm de comprimento, por onde
apareceram os cogumelos, num prazo de 1 a 2 semanas. A colheita é realizada após aproximadamente
4 dias, a contar do início da brotação, pois eles estarão grandes o suficiente para serem coletados,
torcendo a base do "pé" do cogumelo ou do cacho se for o caso. É comum efetuar um corte na base do
pé do cogumelo para eliminar a parte que fica suja com composto.
Conclusão e recomendações
Recomenda-se, ao cliente, acessar todos os sites relacionados nesse documento e buscar a definição
do mercado potencial em sua região e do volume de venda, definindo, conseqüentemente, as
instalações, os equipamentos, os utensílios e os respectivos custos envolvidos. Indica-se ainda que o
solicitante procure apoio técnico para a definição dos equipamentos e a elaboração do projeto das
instalações, que deverá ser realizado de acordo com as legislações sanitárias vigentes e as
especificidades do empreendimento.
Referências
PORTAL COGUMELOS IMPERIAL. Disponível em: <http://www.cardoncello.com.br>. Acesso em: 23
jun. 2005.
PORTAL DO SERVIÇO BRASILEIRO DE RESPOSTA TÉCNICA. Disponível em: <www.sbrt.ibict.br>.
Acesso em: 23 jun. 2005.
Nome do técnico responsável
Geverson Lessa dos Santos, Ms. em Ciência e Tecnologia Agroindustrial e Engenheiro Agrícola.
Nome da Instituição respondente
SENAI/RS – Departamento Regional.
Data de finalização
23/06/2005.