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METODOLOGIA DA PESQUISA
METODOLOGIA DA PESQUISA
FRANCINETE BRAGA SANTOS
SÃO LUÍS
2016
Edição
Universidade Estadual do Maranhão - UEMA
Núcleo de Tecnologias para Educação - UemaNet
Coordenadora do UemaNet
Profª. Ilka Márcia Ribeiro de Sousa Serra
Coordenadora Pedagógica de Designer Educacional
Profª. Sannya Fernanda Nunes Rodrigues
Coordenadora Administrativa de Designer Educacional
Cristiane Costa Peixoto
Coordenadora do Curso de Pedagogia, a distância
Profª. Heloísa Cardoso Varão Santos
Professora Conteudista
Fracinete Braga Santos
Designer Educacional
Clecia Assunção Silva Lima
Revisora de Linguagem
Layla Magalhães Araújo
Lucirene Ferreira Lopes
Diagramadores
Josimar de Jesus Costa Almeida
Luis Macartney Serejo dos Santos
Tonho Lemos Martins
Designers Gráficos
Rômulo Santos Coelho
Yuri Jorge Almeida da Silva
Governador do Estado do Maranhão
Flávio Dino de Castro e Costa
Reitor da uema
Prof. Gustavo Pereira da Costa
Vice-reitor da Uema
Prof. Walter Canales Sant’ana
Pró-reitor de Administração
Prof. Gilson Martins Mendonça
Pró-reitora de Extensão e Assuntos Estudantis
Prof. Porfírio Candanedo Guerra
Pró-reitora de Graduação
Profª. Andrea de Araújo
Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação
Prof. Marcelo Cheche Galves
Pró-reitor de Planejamento
Prof. Antônio Roberto Coelho Serrra
Diretora do Centro de Ciências Exatas e Naturais - CECEN
Profª. Ana Lúcia Cunha Duarte
Universidade Estadual do Maranhão
Núcleo de Tecnologias para Educação - UemaNet
Campus Universitário Paulo VI - São Luís - MA
Fone-fax: (98) 2106-8970
http://www.uema.br
http://www.uemanet.uema.br
Proibidaareproduçãodestapublicação,notodoouemparte,sem
a prévia autorização desta instituição.
ÍCONES
Orientação para estudo
Aolongodestefascículoserãoencontradosalgunsíconesutilizadospara
facilitar a comunicação com você.
Saiba o que cada um significa.
ATENÇÃO
REFERÊNCIAS
ATIVIDADES
SAIBA MAIS
LEITURA
SAIBA MAIS
SUMÁRIO
Palavra da professora-autora ........................................................... 11
Apresentação da disciplina ............................................................... 13
UNIDADE 1
PESQUISA: reflexôes iniciais ............................................................................. 15
1 Introdução .......................................................................................... 15
1.1 Pesquisa: o que é ?............................................................................ 16
1.2 O Estado da Arte ou Estado do Conhecimento sobre o 	 	
	 assunto pesquisado .......................................................................... 20
1.3 Objetos de estudo e o processo de decisão e elaboração: 		
	 alguns exemplos ................................................................................ 24
1.4 A seleção do material bibliográfico ............................................. 25
Resumo .......................................................................................................... 27
Referências ................................................................................................... 29
UNIDADE 2
OPROCESSODEPLANEJAMENTODAPESQUISA.............................................. 31
2 Introdução .......................................................................................... 31
2.1 O tema e o título: implicações na fase do Planejamento da
Pesquisa ..................................................................................................... 32
2.2 Tema, problema e hipótese: compreensão de termos e 		
estruturação da pesquisa científica ............................................ 38
2.3 Tipos de hipóteses ........................................................................ 40
2.3.1 Hipótesesqueestabelecemrelaçõesentrevariáveis........... 41
Resumo ......................................................................................................... 42
Referências ................................................................................................... 45
UNIDADE 3
O PROCESSO DE EXECUÇÃO DA PESQUISA .............................................. 47
3 Introdução......................................................................................... 47
3.1 A ciência: natureza, classificação e peculiaridades ............. 48
3.2 Correntesdopensamentocontemporâneo:aeducação e as
pesquisas sociais .............................................................................. 51
3.2.1 O conhecimento científico : breves considerações ...... 53
4 MÉTODOS CIENTÍFICOS ............................................................... 59
4.1 Métodos e técnicas de pesquisa: procedimentos e sua
utilização pelas ciências ................................................................ 59
5	 A EXECUÇÃO DA PESQUISA ...................................................... 63
5.1 Métodos Qualitativo, Quantitativo e Misto: abordagens
metodológicasqueconvergemparaodesenhodapesquisa 66
5.1.1 O Plano de estudo: questões de pesquisa qualitativa. 67
5.1.2 O Plano de estudo: questões de pesquisa quantitativa. 68
5.1.3 O Plano de estudo: questões de pesquisa de métodos
mistos ............................................................................................ 69
5.2. Classificação da Pesquisa: principais tipos .......................... 70
5.2.1Como delinear uma Pesquisa Bibliográfica ..................... 71
5.2.2Como delinear um Estudo de Caso ..................................... 72
6 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E TÉCNICOS DA
PESQUISA ........................................................................................... 74
6.1 Delineando uma pesquisa: instrumentos e técnicas de
coleta de dados ................................................................................ 76
6.1.1A seleção de métodos e técnicas ........................................ 77
Resumo ......................................................................................................... 79
Referências .................................................................................................. 82
UNIDADE 4
AFASEDACOMUNICAÇÃO:orelatóriodepesquisa ...................................... 85
4 Introdução ......................................................................................... 85
4.1 Entenderostermos:oqueéumrelatório?.............................. 86
4.2 A estrutura da monografia ................................................................. 87
5 COMUNICAÇÃODAPESQUISA.......................................................... 91
5.1 Aspectos da comunicação científica ............................................ 92
5.2 Textomonográficoecoerênciadotexto ........................................ 92
5.3 A apresentação ou defesa do trabalho de conclusão de curso
à banca examinadora .......................................................................... 94
5.4 A argumentação e inferência: breves considerações ............. 94
5.5 A argumentação na expressão em um texto escrito em
língua materna ....................................................................................... 95
5.5.1	 Os textos da introdução, desenvolvimento e da conclu		
são:	 um quadro síntese ..................................................................... 96
6	 A COLETA DOS DADOS: informações complementares .... 97
Resumo ......................................................................................................... 98
Referências .................................................................................................. 102
Caro (a) estudante,
Inicialmente, parabenizo pela escolha do curso de Pedagogia. Esperamos
que você se torne um profissional comprometido e que possa contribuir
com a melhoria da qualidade da educação no cenário brasileiro.
Em confluência com tal perspectiva, você fará um longo percurso
acadêmico na graduação em Pedagogia, além de durante este período
de tempo, executará ações de pesquisador na área educacional e afins.
Em termos deste raciocínio a pesquisa científica dará suporte à ação do
pedagogo como pesquisador e protagonista de mudanças gestadas
na e para às instituições educativas com base na qualidade social desta
referida ação.
Espero que os temas aqui abordados sejam ferramentas que o auxiliem
em seus esforços pela busca de conhecimento e, consequente aplicação
durante as fases de planejamento, execução e comunicação dos
resultados, perpassando pela construção do seu projeto de pesquisa
e da sua monografia. Espero também que os resultados das pesquisas
científicas sirvam de base para um bom exercício profissional futuro.
Neste sentido, busque literaturas complementares sobre os assuntos,
visandooaprofundamentodeseusestudos.Vocêtambémpoderábuscar
publicações recentes que tragam resultados de pesquisas, a exemplo de
periódicos e de outras fontes em meios eletrônicos.
Bons estudos!
Professora Francinete Braga Santos
PALAVRA DA PROFESSORA-AUTORA
Caro (a) estudante,
A disciplina Metodologia da Pesquisa em Educação é a primeira na
sequênciadeoutrasprevistasnamatrizcurriculardocursodePedagogia,
e por isso, voltadas para uma formação docente contextualizada, crítica
e bem fundamentada em teorias validadas no meio acadêmico. Neste
curso de Pedagogia vamos estudar temas que caracterizam, portanto, a
Pedagogia como uma Ciência da Educação.
Para tanto, a disciplina Metodologia da Pesquisa em Educação dará a
você informações sobre os processos e instrumentos de como fazer
pesquisa científica, e em especial, como fazê-la tendo o contexto
educacional como campo de investigação. Os temas aqui abordados
fornecem instrumentação sobre os processos para ser um pesquisador
e,consequentemente,influenciare/oudeterminarmudançasnocenário
educacional.
Nestes tempos em que a problemática educacional está presente em
todas as áreas da sociedade, a Metodologia da Pesquisa em Educação,
enquanto disciplina instrumental que ensina a fazer ciência tem uma
importante contribuição na aplicação de conceitos, termos, dados,
entre outros estudos.
Assim, alerta que o Pedagogo, enquanto pesquisador, não poderá
APRESENTAÇÃO
presumir de modo equivocado, e por isso deve antes investigar
detidamente os dados da realidade recortada para análise. Para tanto,
os conteúdos a serem estudados visam suporte teórico-prático para que
o auxiliem em buscas de evidências durante o processo de elaboração,
execução (análise, tabulação, interpretação dos dados), bem como na
fase da divulgação; esperando resultados de pesquisas impactantes
na comunidade, podendo ser aplicados em usos diferentes para a
sociedade.
Alguns termos da metodologia da pesquisa podem ser novos. Não se
preocupe, pois há uma equipe de profissionais, interagindo com você
neste percurso. Esperamos que este suporte forneça segurança para
avançar compreendendo o processo e, portanto, mantendo estudos
diários para a execução de tarefas durante a disciplina e a posteriori.
Bons estudos!
1
unidade
PESQUISA: reflexões iniciais
OBJETIVOS DESTA UNIDADE
Analisar os diferentes
conceitos de pesquisa e
suas implicações no âmbito
da formação pedagógica;
Diferenciar a luz do
referencial teórico Pesquisa
Bibliográfica e Pesquisa
Documental, estabelecendo
a importância para a fase do
planejamento da pesquisa;
Reconhecer a importância
da pesquisa para o
estudante universitário
e, em especial, para o
pedagogo em formação.
1 INTRODUÇÃO
Você já deve ter ouvido falar a respeito da importância da pesquisa,
bem como que o pesquisador trabalha para o desenvolvimento do
paísemdiferentesáreas.Comotermopesquisaaplicadoàeducação
não seria diferente, não é? Então, você seria capaz de explicar qual
a importância de fazer pesquisa aplicada ao contexto educacional ?
E que é a pesquisa ?
Antes de respondermos a tais questionamentos, vamos refletir
sobre a noção de pesquisa.
Não é fácil chegar a uma única resposta diante de um assunto tão
amplo. Então, vamos auxiliar você nessas reflexões iniciais. Vamos
lá ?
PEDAGOGIA16
1.1 Pesquisa: O que é ?
Para responder o que é pesquisa convidaremos outros teóricos para
nos ajudar, pelo simples fato de estarmos tratando de um tema que
possui muitos conceitos, diferentes olhares e enfoques. Para facilitar sua
compreensão observe o Quadro 1, a seguir:
PESQUISA
AUTOR ANO CONCEITOS E FINALIDADES
VERA, Asti (1976 apud MARCONI;
LAKATOS, 2008, p. 15)
“O significado da palavra não parece ser muito claro ou, pelo
menos, não é inequívoco” (p. 9) [...] “problema que se deverá
definir, examinar, avaliar, analisar criticamente, para depois ser
tentada a solução.”(p. 12)
ANDER-EGG (1978 apud MARCONI;
LAKATOS)
“Um procedimento reflexivo sistemático, controlado e crítico,
que permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em
qualquer campo do conhecimento.”(p. 28)
M A R C O N I ;
LAKATOS
(2008). “a pesquisa é um procedimento formal, com método de
pensamento reflexivo, que requer um tratamento científico e
se constitui no caminho para se conhecer a realidade ou para
descobrir verdades parciais.”( p.15).
RUMMEL (1972 apud MARCONI;
LAKATOS, 2008)
Dois significados: “em sentido amplo, engloba todas as
investigações especializadas e completas; em sentido restrito,
abrange os vários tipos de estudos e de investigações mais
aprofundados.” (p. 03).
DEMO, Pedro (1995, p.55) “Pesquisa, portanto, não significa apenas descobertas que
abalem os fundamentos do universo, mas todo processo que se
coloca como objetivo reconstruir o conhecimento disponível,
refazendo-o em outro nível, para outro momento. Essencial será
poder mostrar que não se permaneceu em mera cópia, repasse,
reprodução, como seria um ensino escolar transmissivo.”(p.15).
CERVO, Amado
Luiz; BERVIAN,
Pedro A.
(2002) “É uma atividade voltada para a solução de problemas teóricos ou
práticos com o emprego de processos científicos.” [...] “a pesquisa
parte de uma dúvida ou problema e, com o uso do método
científico, busca uma resposta ou solução.”( p.64).
S E V E R I N O ,
Antonio Joaquim
(1993) “A ciência se faz através de trabalhos de pesquisa especializada,
própria das várias ciências; pesquisas que, além do instrumental
epistemológico de alto nível, exigem capacidade de manipulação
de um conjunto de métodos e técnicas específicas às várias
ciências.” (p.108)
Quadro1- O que é Pesquisa?
Fonte: Sistematizado pela autora
PESQUISA: reflexôes iniciais | unidade 1 17
E agora ? Após a leitura do quadro você já é capaz de explicar o termo
pesquisa ou a importância dela na área da educação? Acredito que
demos um passo decisivo para a compreensão inicial desse estudo.
Bem, se entendemos o que os diferentes autores nos explicaram
seremos capazes de avançar para outros termos. Dessa vez, trataremos
da Pesquisa Bibliográfica e da Pesquisa Documental. Assim, pergunta-
se: O que é Pesquisa bibliográfica e Pesquisa Documental ?
Porém antes de respondermos a esses questionamentos leiamos
novamente o Quadro 1. Perceba que Demo (1995) afirmou que uma
pesquisa não é uma mera cópia, um repasse ou uma reprodução, não
foi isso ?
Desse modo, durante a sua trajetória acadêmica como estudante da
Educação Básica você deve ter realizado muitas atividades envolvendo
pesquisa em livros, revistas e jornais impressos ou em meios eletrônicos.
Então saiba que a prática de estudante de Pedagogia não será diferente
da anterior, pois você terá a leitura como exercício constante. Assim,
leituras prévias de textos para análises e sínteses são imprescindíveis
para o seu sucesso acadêmico.
Para tanto, a leitura de textos torna-se fonte de dados à medida em que
transforma-se em um hábito o destaque de pontos de vista dos autores
lidos, ou seja, o argumento principal. Assim, recomenda-se o destaque
de trechos representativos do texto, a exemplo de conceitos, exemplos
e outros dados que visem a análise global do conteúdo lido. Em seguida,
você deve sintetizar os dados obtidos.
Taisregistrosgeramdadosbibliográficosoqueorganiza,gradativamente,
o fichamento de fontes de referência, no formato de fichas, ou seja,
favorece a seleção constante da documentação (em um conjunto
de dados, tais como: autoria, título do livro ou capítulo, edição, local,
editora e a, ano). Acredite na eficácia desse processo para que você se
transforme em um pesquisador competente por meio desta prática
investigativa.
PEDAGOGIA18
Fichamento –“à medida que o pesquisador tem em suas mãos as fontes
de referência, deve transcrever os dados em fichas, com o máximo
de exatidão e cuidado. A ficha, sendo de fácil manipulação, permite a
ordenação do assunto, ocupa pouco espaço e pode ser transportada de
um lugar para o outro.”(MARCONI; LAKATOS, 2010, p.48).
Retomemos o questionamento anterior sobre Pesquisa Bibliográfica e
Pesquisa Documental no Quadro 2, a seguir.
PESQUISA BIBLIOGRÁFICA E PESQUISA DOCUMENTAL
AUTOR ANO CONCEITOS E/OU IMPLICAÇÕES
MARCONI; LAKATOS (2010, p.185). Pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda a
bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde
publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas,
monografias, teses, material cartográfico etc., até meios de
comunicação orais: rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais:
filmes e televisão.
CERVO, Amado Luiz;
BERVIAN, Pedro A.
(2002, p.88-89) Levantamento literatura especializada, anotações, leituras e
tratamentos adequados dos textos selecionados são partes
imprescindíveis para o trabalho acadêmico de qualidade e devem
merecer atenção especial do pesquisador.
A pesquisa bibliográfica tem como objetivo encontrar respostas aos
problemas formulados, e o recurso é a consulta dos documentos
bibliográficos.
Na pesquisa bibliográfica, a fonte das informações, por excelência,
estará sempre na forma de documentos escritos, estejam eles
impressos ou depositados em meios magnéticos ou eletrônicos.
PESQUISABIBLIOGRÁFICA
Quadro2- Pesquisas Bibliográfica e Documental: distinção e aplicabilidade
PESQUISA: reflexôes iniciais | unidade 1 19
MARCONI; LAKATOS (2010, p.176). A característica da pesquisa documental é que a fonte de coleta de
dados está restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o que
se chama de fontes primárias.
GIL, Antonio Carlos. (2008, p.158) As fontes de ‘papel’ muitas vezes são capazes de proporcionar ao
pesquisador dados suficientemente ricos para evitar a perda de tempo
com levantamentos de campo, sem contar que em muitos casos só se
torna possível a investigação social a partir de documentos.
Fontes de ‘papel’: arquivos históricos, registros estatísticos, diários,
biografias, jornais, revistas, etc.
NBR 6023 (2002, p.2) documento: Qualquer suporte que contenha informação registrada,
formando uma unidade, que possa servir para consulta, estudo ou
prova. Inclui impressos, manuscritos, registros audiovisuais, sonoros,
magnéticos e eletrônicos, entre outros.
Exemplos: documentos jurídicos, iconográfico, cartográfico (atlas,
mapa, globo, fotografia aérea entre outros); sonoro (disco, CD
(compactdisc), cassete, rolo, entre outros); tridimensional (esculturas,
maquetes, objetos e suas representações - fósseis, esqueletos, objetos
de museu, animais empalhados, monumentos entre outros).
Note o destaque de conceitos importantes, e com Cervo e Bervian
(2002), destacamos o termo levantamento bibliográfico ao se
referirem a documentos escritos. Então, a partir desta afirmativa
informamos também com a Associação Brasileira de NormasTécnicas
( ABNT) por meio da Norma Brasileira (NBR) 6023/2002 que disciplina
as regras de utilização desses dados bibliográficos. Assim:
Quanto à natureza, os documentos bibliográficos
podem ser: a) primários: quando coletados em primeira
mão, como pesquisa de campo, testemunho oral,
depoimentos, entrevistas, questionários, laboratórios;
b) secundários: quando colhidos em relatórios, livros,
revistas, jornais e outras fontes impressas, magnéticas
ou eletrônicas; c) terciários: quando citados por outra
pessoa. (CERVO; BERVIAN, 2002, p.89).
Fonte: Sistematizado pela autora do fascículo
PESUISADOCUMENTAL
PEDAGOGIA20
Em termos gerais, você tem percebido que neste estudo as explicações
compõem aspectos mais amplos e de suma importância para a escrita de
uma pesquisa científica.
1.2 O Estado da Arte ou Estado do Conhecimento	
	 sobre o assunto pesquisado
O Estado da Arte ou Estado do Conhecimento sobre o assunto que
está sendo pesquisado consiste no procedimento de fazer leituras
interpretativas sobre o tema selecionado pelo pesquisador na fase inicial
de elaboração do Projeto de Pesquisa.
Este procedimento visa o desvelamento da intencionalidade da
publicação analisada. Tal procedimento resultará na decisão pela
utilização (ou não utilização) da obra na fase da construção do referencial
teórico da pesquisa. Desse modo, você deve fazer leituras em textos
monográficos (de graduação), dissertações (de mestrado) ou teses (de
doutorado). A indicação padrão é que você busque obras publicadas de
quinze anos até a data atual – outros autores podem indicar de cinco
anos até a data atual.
Com base nessas afirmativas, apresentamos alguns questionamentos: O
que você deve buscar nesses textos? Quais as perguntas-chaves? Assim,
observe: Localize o problema de pesquisa no texto em análise; Analise
as hipóteses; Verifique os argumentos do autor da pesquisa; Destaque
as provas ou evidências obtidas pelo pesquisador; No âmbito das
conclusões, identifique quais foram os resultados alcançados.
Representamos como fazer um mapeamento de um objeto de estudo
durante a pesquisa em meio eletrônico, em especial, na internet. Nesta
representação da Figura 1, utilizaremos um procedimento relativamente
simples, visando simular as ações de um usuário que faz buscas por meio
de navegadores, a exemplo do Google. Para tanto, observe:
PESQUISA: reflexôes iniciais | unidade 1 21
1.	 O usuário escreveu um assunto e a extensão de tema, a exemplo:
“A Leitura e a contação de histórias: abordagens e perspectivas com
crianças do maternal”– digitou na barra do mecanismo de busca;
2.	 Obteve por meio da busca, uma lista com sugestões;
3.	 O usuário decidiu entre as várias opções e selecionou o primeiro
resultado da lista;
4.	 Depois fez cópia (download) do arquivo selecionado;
5.	 Leu cada texto selecionado dando destaque ao nome do autor da
pesquisa selecionada; ao título; ao curso; ao nome da Universidade;
ao ano da realização do estudo;
6.	 Refinou a leitura detalhando-a com anotações de dados para trans-
crição em fichas; e
7.	 Organizou a documentação no formato de fichas de transcrições
de citações (direta ou indireta); ou fichas de citações e comentários;
além de outras possibilidades de fichamento.
Na fase do levantamento do Estado da Arte suas leituras devem ser
breves, ou seja, leitura da superfície do texto para a detecção do seu
objetodeestudoemmonografias,dissertaçõeseteses;ouemartigosem
periódicos e anais de congressos, entre outras. Assim, bem estruturadas,
Figura 1- Como se faz o Estado da Arte?
Fonte: Print screen da página Google. Acesso em: 8 set. 2015
PEDAGOGIA22
suas leituras podem resultar em registros de dados na fase do Estado da
Arte.
A importância desse procedimento corresponde à fase exploratória
da pesquisa. E, por sua vez, visa também dados bibliográficos para
montagem de referências [bibliográficas] relacionadas ao seu objeto
em estudo.
No Estado da Arte é muito importante fazer buscas em sites seguros.
No exemplo da Figura 1, o trabalho de Janaina Menezes Silva Rocha ,
2010, foi selecionado depois de constatada fonte de publicação ligada
à Universidade Estadual da Bahia, conforme exemplo de fichamento no
Quadro 3 a seguir.
A Scientific Electronic Library Online - Scielo é uma biblioteca eletrônica
queabrangeumacoleçãoselecionadadeperiódicoscientíficosbrasileiros.
A Scielo é o resultado de um projeto de pesquisa da FAPESP - Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, em parceria com a BIREME
- Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da
Saúde. A partir de 2002, o Projeto conta com o apoio do CNPq - Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
O Projeto tem por objetivo o desenvolvimento de uma metodologia
comum para a preparação, armazenamento, disseminação e avaliação da
produção científica em formato eletrônico.]
Com o avanço das atividades do projeto, novos títulos de periódicos estão
sendo incorporados à coleção da biblioteca.
Acesse: http://www.scielo.br
PESQUISA: reflexôes iniciais | UNIDADE 1 23
Acesse o site da biblioteca eletrônica Scielo. Nele localize o link periódicos.
Sugerimos os periódicos Educar em Revista, Educação & Sociedade,
Educação & Realidade, Educação e Pesquisa, entre outros, da lista das
Ciências Humanas.
Tomemos o exemplo do periódico Educação & Sociedade. Observe todas
as edições já publicadas, fazendo um recorte temporal a partir do assunto;
use palavras palavras-chave. Ao localizar uma edição analise o sumário
da revista. Selecione resumos de artigos para leitura. Ao identificar num
resumo aspectos relevantes ao objeto de estudo da sua pesquisa, copie o
artigo, baixando o para o seu computador.
Sugestões: Crie pastas com o nome dos periódicos e depois subpastas
para arquivar cada artigo selecionado do periódico.
Fonte: Gisele Vasconcelos, mestranda em Ciências da Educação pela
UFMA/MA.
Retomando. Lembre que o seu esforço consiste em fazer documentação
da literatura consultada, evitando que fiquem em anotações avulsas.
Assim, o Quadro 3 traz um exemplo de um fichamento, do tipo
comentário, o que favorece a profundidade dos dados bibliográficos
pesquisados. Entenda‘profundidade’como o compromisso teórico com
a análise que produz um Estado da Arte.
ROCHA, Janaina Menezes Silva. Literatura infantil: o recontar histórias como exercício da
linguagem oral em sala de aula. Salvador: UNEB, 2010.
“O trabalho visa discutir as possibilidades de desenvolvimento da linguagem oral de
criançasapartirdorecontarhistóriasemsalasdeaula,segundoavisãosócio-interacionista
e analisar o tratamento dado à oralidade das crianças pelos professores como ferramenta
facilitadora do ensino e aprendizagem da língua materna.”(ROCHA, 2010, p.10).
Comentário:
A autora estabelece como objetivo as possibilidades da linguagem oral de crianças. Em
contrapartida na pesquisa sobre a relação entre leitura e a estratégia de contação de
histórias para crianças no maternal adotam-se autores cuja abordagem da linguagem
escrita (KAUFMAN; RODRÍGUEZ, 1995; LANDSMANN, 1993), entre outros autores.
Quadro3 - Fichamento de citação e comentário
Fonte: Elaborado pela autora, a partir da fonte indicada
PEDAGOGIA24
Ressaltamos que o pesquisador priorize autores brasileiros, com
publicações realizadas no Brasil ou no exterior. Entretanto, destacamos
a importância de fazer leituras de autores estrangeiros para obtenção
de um conjunto significativo de dados, sob diferentes perspectivas; em
diferentes espaços acadêmicos e com diferentes sujeitos de pesquisa.
1.3 Objetos de estudo e o processo de decisão
e elaboração: alguns exemplos
Avancemos mais sobre o levantamento bibliográfico, pesquisa
bibliográfica, pesquisa documental e estado da arte.
Para melhor esclarecer estado da arte, imaginemos um determinado
graduando em pedagogia decide investigar o objeto de estudo leitura.
O primeiro passo desse estudante consiste em buscar de fontes
bibliográficas sobre o assunto, ou seja, este futuro pedagogo inicia uma
pesquisa bibliográfica, buscando a relevância e a exequibilidade do
assunto.
Bem já entendemos que o assunto deve ser relevante e exequível, ou
seja, o graduando deve constatar a possibilidade de desenvolvimento do
assunto, levando em conta prazos estipulados pela instituição de ensino
superior na qual está vinculado (no caso, a Universidade Estadual do
Maranhão).
Cada Instituição define as datas das defesas do trabalho monográfico, ou
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
Certamente, depois da busca teórica pelo Estado da Arte. Isso constitui
a delimitação da extensão e a profundidade do tema em estudo.
Percebemos que o exemplo aplicado à leitura pode ser desdobrado em
assuntos complementares, tais como: que tipo de leitura e para que tipo
de leitores; se a investigação do tema leitura será analisada enquanto
uma atividade curricular ou extracurricular; entre outras possibilidades
de análise. Desse modo, deixamos claro a você que ao fazer opções
estará determinando o enfoque pelo qual o tema será abordado.
A Pesquisa Bibliográfica gera dados bibliográficos. Assim, à medida que
você vai construindo sua documentação, por meio de fichamentos das
fontes analisadas. Por isso, sempre anotar: O nome do autor (ou dos
PESQUISA: reflexôes iniciais | unidade 1 25
autores); O titulo da obra; O ano da publicação; o número da página em
que retirou o trecho selecionado no livro, artigo entre outros. Conforme
Quadro 4.
SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. 6. ed. Porto Alegre: ArtMed, 1998.
“Cabe destacar a reflexão de fundo sobre os objetivos do ensino e da aprendizagem
da leitura e o esforço em situá-los no contexto mais amplo das funções que a escola na
sociedade atual deve desempenhar.“ (SOLÉ, 1998, p.11).
Local: Biblioteca Universidade Estadual do Maranhão.
1.4 A seleção do material bibliográfico
Você já deve ter percebido a importância da seleção do material
bibliográfico. Reforçamos que tal procedimento é obrigatório em todas
as modalidades de pesquisa já que a“finalidade é colocar o pesquisador
em contato direto com tudo aquilo que foi escrito, dito ou filmado sobre
determinado assunto”. (MARCONI; LAKATOS, 2010, p.185 grifo meu).
No parágrafo anterior destacamos a palavra tudo; ela se aplica ao grau
de profundidade dessa fase inicial de uma pesquisa, mas em especial
a pesquisa científica. Portanto, o pesquisador deve ter disponibilidade
de tempo para a realização de leituras o que resultará em qualidade da
análise dos dados bibliográficos coletados.
A coleta de dados neste caso, se aplica à exploração de dados em
bibliotecas (em fichários e catálogos), por exemplo. Isto consiste no
levantamento de literatura em fontes por meio de leituras prévias,
seletivas, críticas e interpretativas, visando a melhor definição e
profundidade do objeto de estudo. (Quadro 5).
Objeto de estudo/Sujeito da Pesquisa METODOLOGIA
Ex.: LEITURA SUJEITO
Faixa Etária
EDUCAÇÃO BÁSICA Pesquisa
bibliográfica
Pesquisa de
CampoTEMA TIPO MODALIDADE DE
ENSINO
Quadro4 - Exemplo de uma ficha com referência e citação, fonte de consulta livro
Fonte: Elaborado pela autora
Quadro5 - Implicações da definição do objeto de estudo Leitura
PEDAGOGIA26
O assunto selecionado
como exemplo foi leitura,
mas poderia ser outro.
Entretanto, perceba que
independente do assunto
sempre será exigido
o recorte, ou seja, a
delimitação visando o
tema da pesquisa.
1. Leitura e contação de
histórias
Contos
Fábulas
Criança
(faixa etária)
Educação infantil ou
EnsinoFundamental
(séries iniciais)
- -
2. Leitura e interpretação
de textos
Notícias Pré-adolescente Ensino fundamental
- -
3.Leitura e Redação Exame Nacional
do Ensino
Adolescente Ensino Médio
- -
Observe a exemplificação de desdobramentos do assunto, ou seja,
a delimitação do seu objeto de estudo; no caso do exemplo: Leitura.
Assim, leia os itens abaixo comparando-os com o Quadro 5 anterior:
•	 Dos	itens	de	1	a	4,	apenas	os	1	e	2	foram	selecionados,	considerando	
o exercício da docência ou atuação como especialista nos segmen-
tos na Educação Infantil ou dos anos iniciais no ensino fundamental
(1º ao 5º ano);
•	 Releia	o	quadro	e	depois	destaque	o	item	1,	observando	o	objeto	
de estudo LEITURA foi desdobrado em dois: Leitura e Contação de
histórias;
•	 Aqui	observe	o	seguinte	tema	(desdobramento	dos	assuntos):	“A	
leitura e a contação de histórias: abordagens e perspectivas com
crianças do maternal”;
•	 Em	seguida	transformarei	o	tema	anterior	em	título:	“A	leitura	e	a	
contação de histórias: abordagens e perspectivas com crianças do
maternal: um estudo de caso.”
Fonte: Elaborado pela autora do Fascículo
PESQUISA: reflexôes iniciais | unidade 1 27
No próximo quadro destacaremos um exemplo de título. Veja o
Quadro 6.
Objeto de estudo/Sujeito da Pesquisa METODOLOGIA
Ex.: LEITURA SUJEITO
Faixa Etária
EDUCAÇÃO BÁSICA
Pesquisa
bibliográfica
Pesquisa de Campo
•	 Contatos diretos
•	 Escola municipal X
•	 São Luís
Estudo de caso ( p.ex.)
TEMA TIPO MODALIDADE DE
ENSINO
Leitura e contação
de histórias
Livros infantis
Criança
(maternal)
Educação infantil
Compare os quadros 5 e 6. Neles, note a delimitação do tema. A nossa
intencionalidade é que você perceba o recorte do assunto leitura em
elementos menores desta discussão. Perceba que o levantamento da
literatura aparece, implicitamente, nos exemplos. Caso contrário, não
poderia ter sido desdobrado. Outra importância deste procedimento da
Pesquisa Bibliográfica [e/ou Pesquisa Documental] é evitar plágios ou
outras inconsistências no que se refere à relevância e à exequibilidade
do assunto.
RESUMO
Nesta Unidade, estudamos o que é pesquisa e as suas implicações para a
trajetória acadêmica, em especial, do graduando em pedagogia. Assim,
observamos em quadros comparativos conceitos de tema e título;
Pesquisa Bibliográfica e Pesquisa Documental. E você também estudou
a importância do Estado da Arte na fase inicial da pesquisa.
Apresentamos muitos exemplos aplicados à elaboração da
documentação do pesquisador no que se refere à confecção de fichas
bibliográficas. Assim, você observou também, a importância da seleção
de fontes para a montagem de um Referencial Teórico.
Destacamos como primeiro passo para iniciar o planejamento da
pesquisa é fazer o Estado da Arte. Em seguida a delimitação da extensão
Quadro 6 - Implicações na escolha do tema – parte 2
Fonte: Elaborado pela autora
PEDAGOGIA28
1
2
e a profundidade do tema leitura. O assunto foi desdobrado em
questionamentos menores, tais como: tipo de leitura; tipo de leitores;
leitura enquanto atividade curricular ou extracurricular.
Nossas recomendações finais: Interprete os exemplos como uma forma
de complementação das explicações dadas ao longo da Unidade I. As
dúvidas que você acumulou devem ser sanadas, oportunamente, por
meio da discussão com os colegas e a professora durante as atividades
do ambiente colaborativo.
Analise a imagem, a cima, depois a partir dela liste pelo menos três
exemplos de assuntos que poderiam ser pesquisados por você.
a) _________________________________________________
b) _________________________________________________
c) _________________________________________________
Agora articule os seus exemplos para que sejam transformados em
temas. Observe o exemplo abaixo e responda.
Assunto: Inclusão Tema: A inclusão e o espaço da sala de aula
a) ______________________________________________________
b) ______________________________________________________
c) ______________________________________________________
PESQUISA: reflexôes iniciais | UNIDADE 1 29
3
4
Selecione do quadro comparativo entre Pesquisa Bibliográfica e
Pesquisa Documental pelo menos dois autores. Depois reescreva
no quadro a seguir:
Pesquisa Bibliográfica Pesquisa Documental Autores (ano)
Preencha o quadro abaixo com dados de uma Pesquisa Bibliográfi-
ca sobre os temas destacados na 2ª questão. (Atenção! Utilize fontes
confiáveis na Internet).
Tema Citação (Autor e ano) Comentário
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023:
informação e documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro,
2002a.
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. 5.ed. Metodologia
Científica. São Paulo: Prentice Hall, 2002.
DEMO,Pedro.ABCIniciaçãoàcompetênciareconstrutivadoprofessor
básico. 2.ed. Campinas, SP: Papirus, 1995.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social.7.ed. São
Paulo: Atlas, 2008.
ROCHA, Janaina Menezes Silva. Literatura infantil: o recontar histórias
como exercício da linguagem oral em sala de aula. Salvador: UNEB, 2010.
<Disponível em: http://www.uneb.br/salvador/dedc/files/2011/05/
Monografia-JANAINA-MENEZES-SILVA-ROCHA.pdf> < Acesso em: 23.
ago. 2015.
SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico.
19.ed. São Paulo: Cortez, 1993.
SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. 6. ed. Porto Alegre: ArtMed, 1998.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de
Metodologia Científica. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2010.
__________. Técnicas de Pesquisa. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2008.
unidade
ObjetivoS dESTA unidade
Analisar a fase do
planejamento da
pesquisa científica e suas
implicações no processo
da pesquisa;
Identificar os elementos
pré-textuais, textuais
e pós-textuais,
estabelecendo uma
comparação entre os
textos do Projeto de
Pesquisa e da Monografia;
Compreender a relação
entre tema, problema
e hipótese para a
estruturação de uma
pesquisa científica.
2
O PROCESSO DE PLANEJAMENTO DA
PESQUISA
2 INTRODUÇÃO
Antes de iniciarmos esta unidade é necessário que você tenha
realizado a atividade de aprendizagem da unidade anterior. Assim,
relembre a implicação entre a seleção do tema de pesquisa e a
definição do título da monografia.
Esperamos que a complexidade de fazer pesquisa científica diminua
gradativamente, à medida que você aumenta o seu grau experiência
acadêmica, bem como a melhoria da sua compreensão dos temas
pedagógicos estudados no cursos. Então, continuemos nessa tarefa
de fazer pesquisa em educação. Vamos lá ?
PEDAGOGIA32
2.1	 O tema e o título: implicações na fase 	
	 do Planejamento da Pesquisa
Afirmamosinicialmentequeaescolhadotematrazimpactosnadefinição
do título de um Projeto de Pesquisa mesmo que seja um título provisório.
Nesta primeira fase da pesquisa o projeto precisará ser validado pelo
orientadorpodendopermanecersemalteraçõesnotextodamonografia.
Desse modo, a discussão quanto as implicações da escolha do tema deve
ser feita em função de :
um certo tipo de compromisso entre a equipe de
pesquisadores e os elementos ativos da situação a
ser investigada [...] o tema [pode ser escolhido] de
antemão determinado pela natureza e pela urgência
do problema encontrado na situação. [...] [ou] emerge
progressivamente das discussões exploratórias entre
pesquisadores e elementos ativos da situação. [...] o
tema [pode ser] solicitado pelos atores da situação.
[...] Uma vez selecionados o tema e os problemas
iniciais, os pesquisadores poderão enquadrá-los num
marco referencial mais amplo, de natureza teórica.
(THIOLLENT, 2005, p.51)
Percebemos,deacordocomaafirmativadoautor,aimportânciadaseleção
do tema [e depois de um título] já que “o planejamento como primeira
fase da pesquisa, envolve a formulação do problema, a especificação
de seus objetivos, a construção de hipóteses, a operacionalização dos
conceitos etc.”(GIL, 2010, p.21).
Avancemos! Agora definiremos tema em relação ao título por meio da
comparação expressa no Quadro 1.
O PROCESSO DE PLANEJAMENTO DA PESQUISA | UNIDADE 2 33
TEMA E TÍTULO
AUTOR ANO DEFINIÇÕES/CONCEITOS
THIOLLENT, Michel. (2005, p.50) É a designação do problema prático e da área
de conhecimento a serem abordados.
MARCONI; LAKATOS (2010, p.44). Éoassuntoquesedesejaprovaroudesenvolver.
VERA, Asti (1980, p. 97 apud MARCONI;
LAKATOS, 2010, p.44)
É uma dificuldade, ainda sem solução, que é
mister determinar com precisão, para intentar,
em seguida, seu exame, avaliação crítica e
solução.
FLICK, Uwe (2004, p.64) As questões de pesquisa não vêm do nada.
Em muitos casos, originam-se na bibliografia
pessoal do pesquisador e em seu contexto
social. A decisão acerca de uma questão
específica depende essencialmente dos
interesses práticos do pesquisador e do seu
envolvimento em certos contextos históricos
e sociais. Tanto os contextos cotidianos quanto
os científicos têm aqui seu papel.
MENDES, Gildásio;
TACHIZAWA, Takeshy.
(2006, p.32) A delimitação da extensão do tema direciona
o título da monografia. Pelo título pode-se
distinguir entre o título geral e o título técnico
(ou subtítulo), este geralmente aparecendo
como subtítulo que especifica a temática
abordada.
SOLER, César Eduardo. (2009, p.18) Monografia contém um único tema delimitado
e preciso, tratado profundamente, onde o
conhecimento é expresso.
Quadro 1 - Tema e Título
Fonte: Elaborado pela autora do Fascículo Em relação ao título
da monografia é
aconselhável que o
aluno não tenha, logo de
início, uma preocupação
excessiva com o título,
uma vez que o mesmo
pode sofrer alteração ao
longo do desenvolvimento
da monografia. Entretanto
o tema, é o assunto
que se deseja provar ou
desenvolver.
TÍTULOTEMA
PEDAGOGIA34
Obras de: GIL, Antonio Carlos. Como elaborar Projetos de Pesquisa e
Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. Editora Atlas.
Obra de MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos
de Metodologia Científica. Editora: Atlas.
Nossa dica de leitura destaca a importância do aprofundamento teórico
para se fazer pesquisa em Ciências Sociais. Assim, remendamos as obras
acima por serem clássicos na área de Metodologia Científica
Boa leitura!
Observe no Quadro 1 que os autores destacam que a definição do tema
é decisivo para o desenrolar de uma pesquisa científica. Assim para
“dar conta de um tema significa, pois, retomar o contexto do trabalho
científico, geralmente apresentado como caminho de comprovação de
hipóteses”(DEMO, 1999, p.63).
A pesquisa em educação possui características específicas, entre essas
características destaca-se que o pesquisador aborda assuntos relativos“a
seres humanos ou com eles mesmos, em seu próprio processo de vida”
(GATTI, 2010, p.12). Desse modo, o graduando de Pedagogia, além de
entender teorias, conceitos, precisa compreender a natureza dos estudos
acadêmicos pertinentes ao curso.
Por conseguinte reforçamos que a escolha do objeto de estudo, implica
na seleção do tema da pesquisa e, mais adiante a seleção do título da
monografia. Para tanto, observe a seguir outra comparação. Desta vez,
entre as etapas de elaboração de um Projeto de Pesquisa e o texto da
Monografia, demonstrando a relação existente entre esses documentos
(Quadro 2).
O PROCESSO DE PLANEJAMENTO DA PESQUISA | unidade 2 35
Elementos PROJETO DE PESQUISA MONOGRAFIA
1 Pré-textuais
Capa
Entidade
Título (e subtítulo, se houver)
Nome do aluno
Local e data
Capa
Folha de rosto
Errata
Folha de aprovação
Dedicatória
Agradecimentos
Epigrafe
Resumo
Resumo em língua estrangeira
Lista de ilustrações
Lista de tabelas
Lista de abreviaturas
Lista de símbolos
Sumário
Folha de rosto
Nome do aluno
Título (e subtítulo, se houver)
Tipo de projeto; objetivo para
o qual foi apresentado, nome
do professor;
Nome da cidade e ano
Sumário Lista das seções nas quais
foi dividido o trabalho
2 Textuais
TEMA
DELIMITAÇÃO DO TEMA
OBJETIVO GERAL
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
JUSTIFICATIVA
PROBLEMA
HIPÓTESES (SE HOUVER)
EMBASAMENTO TEÓRICO
METODOLOGIA
CRONOGRAMA
INTRODUÇÃO
REFERENCIAL TEÓRICO
METODOLOGIA
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS
RESULTADOS
CONCLUSÃO
3
Pós-textuais
REFERÊNCIAS
GLOSSÁRIO
APÊNDICE
ANEXO
REFERÊNCIAS
GLOSSÁRIO
APÊNDICE
ANEXO
ÍNDICE
Analisemosoquadro2.Observequefizemosadistribuiçãodoselementos
pré-textuais, textuais e pós-textuais em relação aos documentos Projeto
de Pesquisa e Monografia.
Quadro2-Elementospré-textuais,textuaisepós-textuais
Fonte: Sistematizado pela autora, com base na ABNT
PEDAGOGIA36
Trata-se de uma comparação, portanto, perceba que os elementos
textuais, representados na linha 2 possuem listas pertinentes ao Projeto
de Pesquisa com correspondência à coluna da Monografia, certo?
Continue atento, pois faremos mais outra comparação no Quadro 3.
PROJETO DE PESQUISA Isto resulta em MONOGRAFIA
Tema
Delimitação do tema
Objetivo Geral
Objetivos Específicos
Justificativa
Problema
Hipóteses (se houver)
Teóricos (ano)
Síntese da metodologia
INTRODUÇÃO (Capítulo 1)
Nesse capítulo escreve-se um texto com quantos
parágrafos forem necessários, ou seja, o que era tópico no
Projeto de Pesquisa transforma-se em parágrafos do texto
da Introdução na escrita monográfica.
Embasamento Teórico
Pesquisa Bibliográfica
REFERENCIAL TEÓRICO (Capítulo 2)
Nste capítulo inicia-se a escrita de textos que expressem
a fundamentação teórica do objeto em estudo (Tema).
A presença obrigatória de citações (diretas, indiretas
ou citação de citação), sendo opcional o uso de notas
explicativas no rodapé.
Observação: No texto monográfico o embasamento
teórico implicará na escrita de mais de um capítulo, ou seja,
além do capítulo 2 teremos os capítulos 3 e 4.
Quadro3-ElementostextuaisdoProjetodePesquisaversusMonografia
O PROCESSO DE PLANEJAMENTO DA PESQUISA | unidade 2 37
Metodologia
Pesquisa de Campo
Conograma
O cronograma é deixado
no texto do Projeto de
Pesquisa, por motivos óbvios:
Ele detalhou cada fase da
pesquisa apontando para a
escrita monográfica.
METODOLOGIA (Capítulo 4 ou 5)
Leia novamente o texto anterior. Note que se houver o 4º
capítulo aqui será o 5º), pois a quantidade de capítulos do
referencial teórico na monografia é impactada quando há
Pesquisa de Campo.
Observação: Recomenda-se a diminuição da quantidade
de capítulos do referencial teórico (Pesquisa Bibliográfica),
neste caso.
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS (Capítulo 5 ou 6)
Neste capítulo apresentam-se a análise e os resultados
da Pesquisa de Campo, ou seja, o resultado da coleta dos
dados empíricos, após o tratamento dos dados, por meio
de instrumentos e técnicas de coleta de dados.
No capítulo de Análise e Discussão dos Resultados o
pesquisador tratou os dados provenientes da aplicação de
técnicas de observação e/ou de entrevista; aplicação de
questionários.
Observação: No Problema de Pesquisa e nos Objetivos
específicos são definidos vários aspectos da abordagem
– entre eles a existência de sujeitos, a utilização de
questionários, entrevistas, por exemplo.
CONCLUSÃO (Capítulo 6 ou 7)
Este é o capítulo final da monografia. Alguns nomeiam
de CONSIDERAÇÕES FINAIS. Prefira CONCLUSÃO por ser a
indicação da NBR 14.724/2005. Nela também se afirma que
a conclusão é “parte final do texto, na qual se apresentam
conclusões correspondentes aos objetivos ou hipóteses”.
Observação: É opcional apresentar os desdobramentos
relativos à importância, síntese, projeção, repercussão,
encaminhamento e outros
Entretanto, é necessário explicar que a correspondência feita entre os
quadros 2 e 3 remete às fases do Planejamento, Execução e Comunicação
Fonte: Sistematizado pela autora
PEDAGOGIA38
dos Resultados da Pesquisa, que de acordo com Minayo (2002, p.26) se
refere ao
ciclo da pesquisa, ou seja, um processo de trabalho em
espiral que começa com uma dúvida, um problema,
uma pergunta e termina com um produto provisório
capaz de dar origem a novas interrogações.
2.2 Tema, problema e hipótese: compreensão de
termos e estruturação da pesquisa científica
Vocêrecordaoquediscutimosnasseçõesanterioressobreaelaboraçãodo
tema e da sua relação com a elaboração do título ? Então, acrescentamos
que,
determinar com precisão significa enunciar o problema,
isto é, determinar o objetivo central da indagação.
Assim, enquanto o tema de uma pesquisa é uma
preposição até certo ponto abrangente, a formulação
do problema é mais específica: indica extamente qual
a dificuldade que se pretende resolver. (MARCONI;
LAKATOS, 2010, p.128).
No texto da conclusão consiste em erro a inserção de novos tópicos
discursivos, bem como a utilização de citações (mesmo que indiretas).
A dica é iniciar com o resgate do tema, além de respostas ao problema
de pesquisa para em seguida tratar dos objetivos específicos, já que
expressaram as etapas percorridas durante a investigação (seja teórica
ou teórica-empírica). Daí a utilização de verbos no tempo pretérito,
obrigatoriamente.
Perceba a relação entre a elaboração de Projeto de Pesquisa e os impactos
no momento da escrita do texto da monografia. Eu, enquanto professora
orientadora, evidenciei casos em que o aluno desvalorizou a fase de
elaboração do Projeto de Pesquisa, fazendo mudanças estruturais no
texto da primeira versão do seu Projeto de Pesquisa.
Qual a consequência desta atitude? Entre as várias possibilidades,
destacamos a ausência de planejamento e a inadequação entre os
procedimentos de pesquisa na fase da escrita do texto monográfico.
Reflita também sobre a perda de tempo e de trabalho.
Por isso, recomendamos: leituras prévias; organização de documentação
(tema da Unidade 1); submeta o seu projeto de pesquisa para a análise do
professor-orientador, visando ajustes e encaminhamentos finais. Lembre-
se: A função do orientador é avaliar se o texto do Projeto de Pesquisa
está correto para que possa ser liberado para a fase da escrita do texto
monográfico.
O PROCESSO DE PLANEJAMENTO DA PESQUISA | UNIDADE 2 39
Você leu com as autoras supracitadas o destaque ao novo tópico: a
definição do problema de pesquisa, pois elas também acrescentam que:
[O problema deve ser explicitado] de forma clara,
compreensível e operacional, cujo melhor modo de
solução ou é uma pesquisa ou pode ser resolvido por
meio de processos científicos [...] com a certeza de
ser cientificamente válido, propõe-se uma resposta
‘suposta, provável e provisória’, isto é, uma hipótese.
Ambos [...], são enunciados de relações entre variáveis
(fatos, fenômenos); a diferença reside em que o
problema constitui sentença interrogativa e a hipótese,
sentença afirmativa mais detalhada. (MARCONI;
LAKATOS, 2010, p. 129-130).
De acordo com as afirmativas anteriores, você percebe que uma das
implicações da seleção do tema é a definição de qual será o problema
de pesquisa, ou seja, a pergunta de pesquisa. O pesquisador por
meio desse procedimento busca respostas em fontes bibliográficas
e documentais; ou, em campos de pesquisa, por meio da seleção dos
sujeitos de pesquisa.
Leia esses exemplos. Agora, observando a relação entre o tema e o
problema de pesquisa.
•	 O tema: O ensino inicial da leitura e a compreensão leitora.;
•	 O problema de pesquisa: Quais são as implicações metodológicas no
ensino da leitura e seus reflexos na compreensão leitora por crianças
na Educação Infantil ?
Observação: Tais exemplos não devem ser interpretados como modelos
rígidos, pois no momento da elaboração do seu Projeto de Pesquisa você
levará em conta os diferentes aspectos da teoria e/ou da metodologia
adotados em seu estudo.
Note a relação entre os textos doTema e do Problema de Pesquisa. Houve
um desdobramento no texto do tema que resultou na formulação do
Problema de Pesquisa. Observe também os fatores que demonstram a
importância das hipóteses:
a) São’“instrumentos de trabalho”‘ da teoria, pois novas
hipóteses podem delas ser deduzidas; Podem ser
testadas e julgadas como provavelmente verdadeiras
ou falsas; Constituem instrumentos poderosos para
o avanço da ciência, pois sua comprovação requer
que se tornem independentes dos valores e opiniões
dos indivíduos; Dirigem a investigação, indicando ao
investigador o que procurar ou pesquisar. (KERLINGER,
1973, p.28-35 apud MARCONI; LAKATOS, 2010, p.132).
PEDAGOGIA40
Leia esses exemplos. Agora, observando a relação entre o tema, o
Problema de Pesquisa e a Hipótese.
•	 O tema: O ensino inicial da leitura e a compreensão leitora.;
•	 O problema de pesquisa: Quais são as implicações metodológicas no
ensino da leitura e seus reflexos na compreensão leitora por crianças
na Educação Infantil ?
•	 Hipótese: As metodologias de ensino da leitura representam fatores
determinantes para a aprendizagem da criança.
Observação: Tais exemplos não devem ser interpretados como modelos
rígidos, pois no momento da elaboração do seu Projeto de Pesquisa você
levará em conta os diferentes aspectos da teoria e/ou da metodologia
adotados em seu estudo.
Observação 2: Entre as defesas dos autores Thiollent (2005), que afirma
que a elaboração de hipóteses não atende a uma abordagem de pesquisa
qualitativa e Gil (2008) que afirma a necessidade de elaboração das
hipóteses; temos uma ampla discussão que não caberá no texto deste
fascículo, pois requer múltiplas interpretações e análise de autores..
A compreensão da elaboração de hipóteses consiste na percepção
de que é uma forma de raciocínio e de argumentação, devendo ser
compreendida no âmbito da pesquisa social como
uma hipótese é simplesmente definida como suposição
formulada pelo pesquisador a respeito de possíveis
soluções a um problema colocado na pesquisa,
principalmente ao nível observacional. (THIOLLENT,
2005, p.56).
“O papel fundamental da hipótese na pesquisa é sugerir explicações para
os fatos.”(GIL, 2008, p. 60). As hipóteses são ‘sugestões’que apontam para
a solução do problema de pesquisa, podendo ser verdadeiras ou falsas,
visando sempre à verificação empírica. (GIL, 2008).
2.3 Tipos de hipóteses
Marconi e Lakatos afirmam que “no início de qualquer investigação,
devem-seformularhipóteses,embora,nosestudosdecarátermeramente
exploratórios ou descritivos, seja dispensável sua explicitação formal.”
(2010, p.164-165). Com vistas a tornar as informações sobre pesquisa
mais completas apresentaremos os tipos de hipóteses, segundo Gil:
O PROCESSO DE PLANEJAMENTO DA PESQUISA | UNIDADE 2 41
Sexo, por exemplo, é uma
variável, pois envolve duas
categorias: masculino e
feminino. Classe social
também é variável, já
que envolve diversas
categorias, como alta,
média e baixa. Idade
constitui uma variável,
podendo abranger uma
quantidade infinita de
valores numéricos. Outros
exemplos de variáveis
são: estatura, estado civil,
nível de escolaridade,
agressividade, introversão,
conservadorismo político,
nível intelectual etc.
Fonte: GIL, Antonio Carlos
(2008, p.61-62).
Observe exemplos de hipóteses.
a) Casuísticas: Pode-se formular a hipótese de que Shakespeare nun-
ca existiu; que as obras literárias a ele atribuídas foram na realidade
escritas por outras pessoas. Outro exemplo: O livro de Moisés e o
monoteísmo, de Freud, inicia-se com a hipótese de que Moisés era
egípcio e não judeu.;
b) Hipóteses: que se referem à frequência de acontecimentos: Pode-
-se formular a hipótese de que o hábito de ler romances policiais é
muito intenso num grupo de universitários. Ou então a hipótese de
que a crença em horóscopos é muito difundida entre os habitantes
de determinada cidade.
Fonte: GIL, Antonio Carlos (2008, p.60-61).
Hipóteses casuísticas: Algumas hipóteses referem-se
a algo que ocorre em determinado caso; afirmam que
um objeto, ou uma pessoa, ou um fato específico tem
determinada característica. [...] As hipóteses casuísticas
são muito frequentes na pesquisa histórica, em que os
fatos são tidos como ‘únicos’, no sentido de que não
se repetem. Hipóteses que se referem à frequência
de acontecimentos: Hipóteses deste tipo aparecem
em pesquisas descritivas sobretudo no âmbito da
Antropologia, Sociologia e Psicologia Social. De modo
geral, antecipam que determinada característica
ocorre, com maior ou menos intensidade, num grupo,
sociedade ou cultura. (2008, p.60-61).
2.3.1Hipótesesqueestabelecemrelaçõesentrevariáveis
Para Gil “o termo variável é um dos mais empregados na linguagem
das ciências sociais. [...] de maneira bastante prática, pode-se dizer que
variável é qualquer coisa que pode ser classificada em duas categorias.”
(2008, p.61-62).
A indicação das variáveis exige que o pesquisador as elabore com clareza,
objetividade e de forma operacional (MARCONI; LAKATOS, 2010). Assim,
segundo Gil (2008) cabe esclarecer que o conceito de variável provém
da matemática, sendo de natureza quantitativa. No âmbito das ciências
sociais, boa parte das variáveis é qualitativa.
PEDAGOGIA42
Leia esses exemplos. Agora, observando a relação entre tema, Problema
de Pesquisa, Hipótese e Variáveis.
•	 O tema: O ensino inicial da leitura e a compreensão leitora.;
•	 O problema de pesquisa: Quais são as implicações metodológicas no
ensino da leitura e seus reflexos na compreensão leitora por crianças
na Educação Infantil?;
•	 Hipótese: As metodologias de ensino da leitura representam fatores
determinantes para a aprendizagem da criança.
•	 Variáveis: Etapa de Ensino – categoria: Educação Infantil; Sexo –
categorias: masculino e feminino; Classe Social – categorias: Alta,
média, baixa; Idade – categorias: 3 e 4 anos (e outras).
RESUMO
Nesta Unidade ,estudamos o que é tema, título, problema de pesquisa,
hipótese e variáveis, além de outras implicações durante o processo
de elaboração de uma pesquisa científica. E você também aprendeu a
relação entre os elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais.
Apresentamos mais exemplos voltados a elaboração do seu texto no que
se refere, em especial, ao texto do Problema de Pesquisa, das Hipóteses
e suas variáveis. Assim, você observou a importância da elaboração do
Projeto de pesquisa na fase inicial, ou seja, o Planejamento da Pesquisa.
Espero que você tenha compreendido a relação entre a elaboração do
Projeto de Pesquisa e a escrita da monografia que estará estritamente
ligada às decisões tomadas na fase do Planejamento da Pesquisa.
O PROCESSO DE PLANEJAMENTO DA PESQUISA | UNIDADE 2 43
1
2
LEIA COMPARANDO AS INFORMAÇÕES NASTRÊS COLUNAS. EM SEGUIDA
RESPONDA AS QUESTÕES 1 A 3:
FASES DA PESQUISA, segundo Minayo (2002)
Planejamento Execução Redação ou Comunicação
É a fase mais complexa, e por
que não dizer, mais difícil do
processo de investigação. Nesta
fase são pensados e previstos,
antecipadamente, quais as
atividades que deverão ser
desenvolvidas na pesquisa.
É o momento em que se coloca
em prática o que foi planejado.
É a aproximação com o campo
de estudo da pesquisa, ou
seja, o recorte, a delimitação
teórica e empírica que o
pesquisador faz no seu estudo.
É espaço em que o pesquisador
deseja conhecer e criar novo
conhecimento.
É o momento em que transformamos
os dados coletados em informações
e conhecimentos. E nesta etapa o
pesquisadordeveexplicar,istoé,descrever,
evidenciar, o que foi coletado; discutir,
ou seja, comparar as ideias contrárias; e,
demonstrar por meio de argumentação,
isto é, do raciocínio lógico, a evidência
racional dos fatos de maneira ordenada.
De acordo com nossos estudos a escolha do assunto, do tema ou
fenômeno a ser estudado; o levantamento de materiais bibliográ-
ficos e documentais; a delimitação e a formulação do problema de
pesquisa; e, a elaboração da fundamentação teórica, correspondem
a qual fase da pesquisa?
a) Planejamento
b) Execução
c) Redação ou Comunicação
Na fase da execução o que foi planejado na fase inicial da pesquisa
é operacionalizado, visando busca de respostas. Pergunta-se a qual
item este procedimento está diretamente relacionado?
a) Problema de Pesquisa
b) Delimitação do tema
c) Levantamento bibliográfico
PEDAGOGIA44
4
	 A fase da Redação ou Comunicação será estudada na Unidade 4,
entretanto, já é possível perguntar o seguinte: Quais as possibilida-
des de interpretação do trecho a seguir retirado da 3ª coluna?
	 “E nesta etapa o pesquisador deve explicar, isto é, descrever, eviden-
ciar, o que foi coletado; discutir, ou seja, comparar as ideias contrá-
rias; e, demonstrar por meio de argumentação, isto é, do raciocínio
lógico, a evidência racional dos fatos de maneira ordenada.”
a)	 Este procedimento se refere ao Projeto de Pesquisa.
b)	 Este procedimento se refere à Monografia.
c)	 Nesta fase significa que a pesquisa foi concluída e o texto da
monografia poderá ser comunicado publicamente.
d)	 A questão a, é a única que não corresponde ao afirmado no 		
	 trecho acima.
	 	 A escolha do tema delimita o processo de elaboração exigindo do
pesquisador a seleção do assunto de pesquisa. Desse modo, o que
a escolha de um tema de pesquisa significa? Assinale a única opção
que não responde a este questionamento:
a.	 Selecionar um assunto de acordo com as inclinações, as pos-
sibilidades, as aptidões e as tendências de quem se propõe a
elaborar um trabalho científico;
b.	 Encontrar um objeto que mereça ser investigado cientificamen-
te e tenha condições de ser formulado e delimitado em função
de quem pesquisa.”(LAKATOS; MARCONI, 2005, p.160);
c.	 O tema deve ser preciso, bem determinado e específico.
d.	 A disponibilidade de tempo, o interesse, a utilidade para pros-
seguir o estudo, apesar das dificuldades, e para terminá-lo de-
vem ser levados em consideração as qualificações pessoais, em
termos de background da formação universitária, também são
importantes;
e.	 A escolha de um assunto sobre o qual, recentemente, foram pu-
blicados estudos deve ser considerada, pois uma nova aborda-
gem torna-se mais fácil.
3
O PROCESSO DE PLANEJAMENTO DA PESQUISA | UNIDADE 2 45
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR: 14724:
informação e documentação: trabalhos acadêmicos: apresentação. Rio
de Janeiro: 2005a.
FLICK, Uwe. Uma introdução à Pesquisa Qualitativa. 2.ed. São Paulo:
Bookman, 2004.
GATTI, Bernardete Angelina. A construção da pesquisa em educação
no Brasil. 3.ed. Brasília: Liber Livro Editora, 2010. (Série Pesquisa 1)
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar Projetos de Pesquisa. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2010.
___________. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 7.ed. São Paulo:
Atlas, 2008.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de
Metodologia Científica. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. (Org.). Pesquisa social: teoria, método e
criatividade. Petrópolis: Vozes, 2002.
MENDES, Gildásio; TACHIZAWA, Takeshy. Como fazer monografia na
prática. 11.ed. Rio de Janeiro: FGV, 2006.
SOLER, César Eduardo. Ideasparainvestigar: proyectos y elaboración de
tesis y otros trabajos de investigación em Ciencias Naturales y Sociales.
Rosario: Homo Sapiens Ediciones, 2009.
THIOLLENT, Michel. Metodologia da Pesquisa-Ação. 6. ed. São Paulo:
Cortez, 2005.
unidade
ObjetivoS dESTA unidade
Fazer a distinção entre
diferentes conceitos
de ciências, visando as
relações de sentido para o
desenho metodológico de
uma pesquisa científica;
Compreender aos termos
metodologia, método,
técnica de pesquisa e
procedimentos de coleta
de dados na estruturação
do Marco Metodológico de
uma pesquisa científica;
Distinguir os diferentes
métodos de pesquisa,
visando articulação as
ações do pesquisador com
as atividades previstas nas
fases do planejamento e da
execução da pesquisa;
Analisar o delineamento de
uma Pesquisa Bibliográfica
e Pesquisa de Campo, do
tipo estudo de caso.
3
O PROCESSO DE EXECUÇÃO DA
PESQUISA
3 INTRODUÇÃO
Antes de iniciarmos esta unidade é necessário que você tenha
realizado a atividade de aprendizagem da unidade II. Isso favorecerá
o seu aprendizado para que acompanhe as explicações desta nova
unidade, articulando-as com os novos termos pertinentes ao estudo
do Marco Metodológico da Pesquisa.
O tratamento dado ao conteúdo neste fascículo reforça a
aprendizagem de conceitos ligados à metodologia da pesquisa
aplicada à educação, visando compreensão quantos aos
procedimentos do fazer pesquisa científica, entre outros aspectos.
Nesse sentido você perceberá a estreita relação entre as fases de
Planejamento e da Execução da pesquisa. Assim, nesta unidade
teremos os conceitos de ciência, as bases epistemológicas da
investigação educacional, a distinção entre senso comum e
conhecimento científico para assim tratar dos métodos e técnicas de
48 PEDAGOGIA
pesquisa e sua articulação com os procedimentos e sua utilização pelas
ciências.
Adecisãodaexposiçãodoconteúdopertinenteàsfasesdeplanejamento
e da execução da pesquisa reforça que são processos articulados e, por
isso, encadeados em um conjunto de ações do pesquisador.
Agora, direcionaremos o seu olhar para a escrita do marco metodológico,
ou seja, a execução de uma pesquisa científica, por isso, pode ser
considerada a fase mais complexa do processo de investigação.
3.1	 A ciência: natureza, classificação e peculia	
	ridades
Iniciamos afirmando a importância do conceito de ciência. Desse modo,
destacaremos alguns conceitos, dada a noção complementar que cada
autor apresenta. Diante desta afirmativa indicamos o Quadro 1, a seguir.
AUTOR ANO CIÊNCIA
GIL, A. Carlos (2008) “Etimologicamente, ciência significa conhecimento. Não há dúvida,
porém, quanto à inadequação desta definição, considerando-se o atual
estágio de desenvolvimento da ciência, como o conhecimento vulgar, o
religioso e, em certa acepção, o filosófico.”(p. 20)
OLIVEIRA, Maria Marly
de.
(2007) “ciência quer dizer conhecimento e implica racionalidade, objetividade,
sistematização de ideias e possibilidade de verificação e demonstração
através das informações obtidas no processo de estudo e/ou pesquisa,
independentemente do ponto de vista do pesquisador.”(p.35)
GARCIA, Francisco
Luiz
(1988) “Conhecer significa, fundamentalmente, descrever um fenômeno, sejam
em suas peculiaridades estruturais, seja em seus aspectos funcionais;
prever a probabilidade de ocorrência futura de um evento (ou relatar um
outro evento passado); e, por fim, manipular e utilizar, adequadamente,
um objeto qualquer, além de reproduzi-lo, alterando até, as suas
características básicas. Descrever e manejar, eis a síntese do saber; daquele
conhecimento que não conseguimos traduzir em palavras, ou empregar
de alguma forma [...].”(p. 67)
Quadro 1 - A ciência: o que é?
O PROCESSO DE EXECUÇÃO DA PESQUISA | UNIDADE 3 49
CERVO, Amado Luiz;
BERVIAN, Pedro A.
(2002, p.03) “A ciência é uma das poucas realidades que podem ser legadas às gerações
seguintes. Os homens de cada período histórico assimilam os resultados
científicos das gerações anteriores, desenvolvendo e ampliando alguns
aspectos novos.”
JAPIASSU, Hilton (1975, p.15-16) Porciência,[...],deveserconsideradooconjuntodeaquisiçõesintelectuais,
de um lado, das matemáticas, do outro, das disciplinas de investigação
do dado natural e empírico, fazendo ou não uso das matemáticas, mas
tendendo mais ou menos à matematização. [...]
[O autor usa] o termo ‘saber’ para designar uma série de disciplinas
intelectuais. E classifica em Saber Geral, em saberes ‘especulativos’: A.
Racional:Filosofia;B.CrenteouReligioso:Teologia;Ciências:A.Matemática;
B. Empíricas e positivas.
A L V A R E N G A ,
Estelbina Miranda.
(2013) “Conjunto de conocimentos objetivos de objetos o fenômenos reales,
obtenido por medio de razionamiento, a través de la aplicación del
método científico en cualquier campo del conocimiento es demonstrable
y provisional. (p.03)
LAVILLE; DIONNE (1999) As ciências naturais e as ciências humanas tratam de objetos que não se
parecem nem de longe. Com efeito, seus objetos são muito diferentes, por
seu grau de complexidade e por sua facilidade de serem identificados e
observados com precisão [...] (p.32).
A epistemologia da ciência consiste em estudos sobre metodologia e,
por isso são fundantes de uma pesquisa científica. Este fascículo busca
o detalhamento da epistemologia da ciência, em forma de conceitos,
pressupostos, e principalmente, os procedimentos de coleta de dados,
quer sejam teóricos ou empíricos, que favoreçam a realização da ciência.
Fonte: Sistematizado pela autora
Epistemologia. No
sentido bem amplo do
termo, podemos considerar
o estudo metódico e
reflexivo do saber, de
sua organização, de
sua formação, de seu
desenvolvimento, de seu
funcionamento e de seus
produtos intelectuais.
Epistemologia vem de
dois termos gregos:
Epistéme e Ciência e
Logos = tratado. Platão
(427-348 a.C) distinguia
epistéme = ciência exata,
conhecimento certo,
de Dóxia = opinião,
probabilidade [...].
Fonte: Adaptado de
JAPIASSU, 1975, p.16;
24-25.
50 PEDAGOGIA
Empirismo. A expansão hegemônica da Inglaterra, no século XVIII,
possibilitou a adoção do empirismo como concepção mais influente
do século, adotada, com suas peculiaridades, pelos cientistas franceses,
formando uma concepção que se consolidou e manteve influência
dominante na Europa em todo o século XIX, entendendo-se até a metade
do século XX.
O empirismo propõe uma teoria do conhecimento que parte de
dados singulares e, pela indução, atinge-se uma ideia geral; esta teoria
fundamenta a concepção de coesão geral da sociedade a partir de
indivíduos particulares seja pelo absolutismo esclarecido, como advogava
Hobbes (1588-1678), ou pelo liberalismo, como preconizava Locke (1632-
1704).
Como movimento filosófico, desenvolveu-se na Inglaterra com Locke,
Berkeley (1685-1685-1753) e Hume (1711-1776) e John Stuart Mill
(1806-1873). Para os empiristas, a fonte primordial do conhecimento é a
experiênciaexternaquederivadocontatoimediatodeumsujeitocomum
objeto sensível que é exterior a esse sujeito. As sensações e percepções,
que formam a experiência externa, compõem os dados empíricos a
partir dos quais se estruturam noções mais gerais e complexas. A ideia
resulta da universidade das percepções externas do mundo empírico que
percutem os sentidos e, neles, ficam impressas. O conhecimento é um
processo indutivo que se inicia com os dados particulares, ou empíricos, e
atinge noções mais gerais. [...]
Fonte: CHIZZOTTI, Antonio, 2006, p.39-40.
Com esse pano de fundo sobre ciências, destacamos ainda:
A necessidade de uma Ciência voltada para uma
realidade geográfica e social, para os problemas que
afligem e sufocam o povo, uma Ciência centrada
sobre a realidade específica, isto é, alicerçada sobre
os recursos naturais de uma região particular e
gerando técnicas e implementos compatíveis com
uma determinada cultura [...] Isso significa que não se
deve adotar cegamente um paradigma importado da
Ciência, sem qualquer adaptação ou adequação; antes
é necessário que se desenvolva um modelo científico
próprio, com uma linguagem e uma metodologia
particulares [...] para uma eficácia maior; um modelo
voltado, de fato, para a solução dos problemas mais
urgentes e angustiantes de uma região; um modelo que
faça crescer, efetivamente, o bem-estar e a satisfação
da população e não sirva apenas para enriquecer
os currículos de uns poucos pesquisadores ou para
beneficiar pequenos grupos privilegiados. (GARCIA,
1988, p.78).
A citação acima destaca, implicitamente, a estreita relação entre os
passos adotados pelo pesquisador no momento da seleção do tema,
da definição do problema de pesquisa, da fundamentação teórica e as
O PROCESSO DE EXECUÇÃO DA PESQUISA | unidade 3 51
implicações na definição dos métodos e da abordagem de pesquisa
adotada na investigação.
3.2	 Correntes do pensamento contemporâneo: a 	
	 educação e as pesquisas sociais
Observe que em nossa exposição teórica encaminhamos os aspectos
que obrigatoriamente devem ser compreendidos, bem como inseridos
em seu trabalho científico.
Desse modo, esse capítulo ficaria incompleto de deixássemos de expor,
mesmo que brevemente, sobre os enfoques de pesquisa em ciências
sociais.Paratanto,organizamosoQuadro1quecaracterizasucintamente
as diferenças entre Positivismo, Fenomenologia e Marxismo, estando de
acordo com Triviños (1987).
Positivismo Fenomenologia Marxismo
É uma tendência dentro do Idealismo
Filosófico e representa nela uma das
linhas do Idealismo subjetivo.
Suas raízes podem ser encontradas no
empiricismo, já na antiguidade. (p.33).
A fenomenologia representa uma
tendência dentro do idealismo filosófico
e, dentro deste, ao denominado
idealismo subjetivo.
A fenomenologia de Husserl [...]
teve grande influência na filosofia
contemporânea. [...] O existencialismo,
se alimentou na fonte fenomenológica.
Heidegger, Sartre, Merleau-Ponty,
representam o existencialismo ateísta.
Van Breda, Marcel e Jaspers, entre outros,
cultivam uma linha de crença em Deus.
(p.41-42).
O marxismo compreende
três aspectos principais: o
materialismo dialético, o
materialismo histórico, e a
economia política. (p.49)
O marxismo se inclui como
uma tendência dentro do
materialismo filosófico que
[...] apresenta várias linhas do
pensamento. (p.49)
BASESFILOSÓFICAS
Quadro 2 - Três enfoques na pesquisa em ciências sociais
52 PEDAGOGIA
O positivismo, sem dúvida, não nasceu
espontaneamente, no século XIX,
com Augusto Comte. Mas as bases
concretas e sistematizadas dele estão,
seguramente, nos séculos XVI, XVII
e XVIII, com Bacon, Hobbes e Hume,
especialmente. (p.33).
A ideia fundamental, básica da
fenomenologia, é a noção de
intencionalidade. [...] é da consciência
que sempre está dirigida a um objeto.
Isto tende a reconhecer o principio que
não existe objeto sem sujeito. (p.41-42).
Reconhecem-se como
fontes diretas do marxismo
o idealismo clássico alemão
(Hegel, Kant, Schelling, Fichte),
o socialismo utópico (Saint-
Simon e Fourier, na Franca,
e Owen, na Inglaterra) e a
economia politica inglesa
(D.Ricardo e Smith). (p.50)
Facilmente se observa que a filosofia
positivista se colocou no extremo
oposto da especulação pura, exaltando,
sobretudo os fatos. (34).
É o estudo das essências, e todos os
problemas, segundo elas, tornam a
definir essência da percepção, a essência
da consciência, por exemplo. (p.43)
O materialismo dialético é a
base filosófica do marxismo e
como tal realiza a tentativa de
buscar explicações coerentes,
lógicas e racionais para os
fenômenos da natureza, da
sociedade e do pensamento.
(p.51)
Fonte: TRIVIÑOS, (1987)
Reforçamos a impossibilidade de aprofundamento do estudo sobre as
bases filosóficas, expostas no Quadro 2.
Para o momento, acrescentamos que uma pesquisa será considerada
de cunho positivista pela utilização da linguagem matemática, pois tal
linguagem permite aos cientistas serem neutros. Outra característica
é a utilização do método quantitativo operacionalizado por meio de
instrumentos de coleta de dados, a exemplo do questionário fechado,
dos testes, da observação, entre outros.
Nas pesquisas fenomenológicas os instrumentos de coleta de dados
predominantemente, são: “observação participante, entrevistas, história
de vida, relatos autobibliográficos (escrita ou oral), depoimentos,
vivências, narrações e análise do discurso.” (SANTOS, Maria; SANTOS,
Ribeiro, 2010, p.35). E leia ainda, algumas características do método
fenomenológico:
Permite explorar situações, valores e práticas com
base na visão de mundo dos próprios sujeitos. Permite
descobrir conhecimentos, ao invés de verificar o
saber já conceituado. Os resultados da pesquisa não
são generalizáveis estatisticamente, uma vez que se
O PROCESSO DE EXECUÇÃO DA PESQUISA | unidade 3 53
trabalha com amostras intencionais e experiências
singulares. Exige do pesquisador habilidade para
interagir com o pesquisado, conduzindo a entrevista
sob a forma de diálogo, reconduzindo a exploração de
temas no decorrer da entrevista e mantendo-se atento
a possíveis desvios relacionados à autenticidade do
relato. (VERGARA, 2005 apud SANTOS, Maria; SANTOS,
Ribeiro,2010, p.34).
Considerando o já afirmado com Triviños (1987), no quadro 2,
acrescentamos que em pesquisa educacional o enfoque epistemológico
do materialismo mais adotado por pesquisadores é o histórico-dialético.
Assim,
A dialética materialista não é uma instância verificada
do conhecimento obtido, mas meio e método de
transformação do conhecimento real por meio da
análise critica do material factual, concreto, um modo
de análise concreta do real, dos fatos reais. (BENITE,
2009, p.6).
Acredito que neste ponto do estudo você já deve ter percebido as muitas
implicaçõesenvolvidasnaescolhadeummétodo.Entãopercebatambém
a relação existente com a postura do sujeito investigador, pois a pesquisa
científica é uma tarefa filosófica que exigirá do pesquisador“a localização
da relação sujeito-objeto como questão central. [...] Compreender a
relação sujeito-objeto é compreender como o ser humano se relaciona
com‘as coisas’, com a natureza, com a vida.”(BENITE, 2009, p.2-3).
Por fim, destacamos que os instrumentos de coleta de dados desta
abordagem dialética, são: “fontes históricas, observação, entrevistas,
questionários.”(SANTOS, Maria; SANTOS, Ribeiro, 2010, p.39).
3.2.1 O conhecimento científico : breves considerações
Por conseguinte, sugerimos a retomada do quadro 1. Observe entre
as concepções de ciência, que alguns autores a relacionam com
conhecimento. Assim a explicação de Gil (2008, p.20) afirma “o fato de
não se aceitar a definição etimológica não significa, porém, que seja
possível hoje definir-se de forma bastante clara o que é ciência.”
54 PEDAGOGIA
As Ciências Sociais estudam as relações sociais: o homem e sua dinâmica
com a sociedade, com a comunidade, com os grupos sociais, com as
organizações. Segundo a literatura, essa abordagem visa explorar a
realidade de forma mais completa e profunda possível, destacando
o significado e a intencionalidade inerentes aos atos, às relações e às
estruturas sociais nas quais estão inseridos os seres humanos. (ZANELLA,
2009, p.55).
As ciências humanas que se distinguem das ciências naturais pelo fato
de tratarem de seres humanos, embora a biologia e a medicina também
estudem. Por outro lado, algumas ciências humanas interessam-se por
fenômenos naturais: é o caso da geografia quando trata da geografia
física. As ciências humanas estudariam então os seres humanos sob
o ângulo de sua vida em sociedade? Ter-se-ia assim o equivalente do
que muitos, especialmente os anglo-saxões, preferem nomear ciências
sociais. [...] mas a psicologia que gosta de estudar o ser humano em um
plano individual [...] como os anglófonos da América do Norte e falasse
das ciências sociais e do comportamento [...]. Na realidade, tais definições
são questão de cultura, de tradição, de experiência, de história. (LAVILLE;
DIONNE, 1999, p.65).
GARCIA, Francisco Luiz. Introdução crítica ao conhecimento. Campinas,
SP: Papirus, 1988.
A dica de leitura destaca um livro de uma única edição, 1988. Apesar de
antiga, a obra foi selecionada pela relevância do conteúdo que articula
os temas pesquisa e aprendizagem escolar. Especulo que talvez a não
reedição tenha decorrido do direcionamento do autor ao tema educação.
Sugerimos buscas em sites, sendo que resultará numa longa lista de
sebos virtuais ou, então, de artigos com pesquisas que citam esta obra.
JAPIASSU, Hilton. Introdução ao pensamento epistemológico. 7.ed. Rio
de Janeiro: Francisco Alves, 1992.
Essa obra é um clássico na área de pesquisa, não só educacional. O autor
discorre sobre o pensamento epistemológico. Uma dica interessante é
que você poderá acessá-lo gratuitamente. Acesse-o por esse link:
https://www.passeidireto.com/arquivo/2894022/japiassu-hilton---
introducao-ao-pensamento-epistemologico
CERVO. Amado L.; BERVIAN, Pedro A. Metodologia científica. São Paulo:
Prentice Hall, 2002.
Este livro aborda sobre o conhecimento científico, além do trinômio
verdade – evidência – certeza. Na parte II faz um detalhamento sobre
Métodos eTécnicas de Pesquisa. Na parte III dedica ao tema Pesquisa uma
extensa discussão. Na parte IV, além de outros temas os autores explicam
sobre a formatação técnica de um trabalho científico. Ao adquirir este
livro busque edições mais recentes, considerando adequações às NBR da
ABNT.
Boa leitura!
O PROCESSO DE EXECUÇÃO DA PESQUISA | unidade 3 55
Neste sentido, essa discussão implica na apresentação dos diferentes
níveis de conhecimento (Figura 1).
Perceba que os autores demonstram nesta representação que o homem
(chamado de sujeito) não age diretamente sobre as coisas (chamadas de
objeto). E o homem ao fazer ciência necessita de instrumentos entre ele
e seus atos, pois “no processo de conhecimento, o sujeito cognoscente
se apropria, de certo modo, do objeto conhecido”. (CERVO; BERVIAN; DA
SILVA (2007, p.5).
SUJEITO
CONHECIMENTO
OBJETO
TEOLÓGICO
FILOSÓFICO
CIENTÍFICO
EMPIRICO
Figura 1- O conhecimento e seus níveis
Fonte: CERVO; BERVIAN; DA SILVA (2007, p.6)
Desse modo, para efeito do estudo nesta unidade apresentamos
destaque a dois níveis de conhecimento, ao empírico e ao conhecimento
científico. E, por isso, preparamos um quadro comparativo que apresenta
estes itens, a partir dos termos senso comum e conhecimento científico,
estando de acordo com Chauí (Quadro 3).
QUADRO COMPARATIVO – CARACTERÍSTICAS
CONHECIMENTO SENSO COMUM CONHECIMENTO CIENTÍFICO
•	 	Subjetivo •	 	Objetivo
•	 	Qualitativo •	 	Quantitativo
Quadro 3 - Senso Comum e Conhecimento Científico
56 PEDAGOGIA
•	 	Heterogêneo •	 	Homogêneo
•	 Individualizador (por serem
qualitativos e heterogêneos. Mas,
também são generalizadores, pois
tendem a reunir em uma só opinião
ou uma só ideia coisas e fatos julgados
semelhantes)
•	 	Generalizador, pois reúne
individualidades, percebidas como
diferentes, sob as mesmas leis, os
mesmos padrões ou critérios de
medida, mostrando que possuem a
mesma estrutura.
•	 	Estabelece relação de causa e efeito
entre as coisas e os fatos
•	 	Só estabelece relações causais depois
de investigar a natureza ou estrutura
do fato estudado e suas relações com
outros semelhantes ou diferentes.
•	 	Não se surpreende e nem se admira
com regularidade, constância,
repetiçãoediferençadascoisas,masao
contrário, a admiração e o espanto se
dirigem para o que é imaginado como
único, extraordinário, maravilhoso ou
miraculoso.
•	 	Surpreende-se com a regularidade, a
constância,afreqüência,arepetiçãoea
diferença das coisas e procura mostrar
que o maravilhoso, o extraordinário ou
o ‘milagroso’ é um caso particular do
que é regular, normal, frequente.
•	 	Tende a não compreender o que seja
investigação científica, identificando-a
com a magia, considerando que
lida com o misterioso, o oculto, o
incompreensível.
•	 	Distingue-se da magia. A magia admite
uma participação ou simpatia secreta
entre coisas diferentes, que agem umas
sobre as outras por meio de qualidades
ocultas e considera o psiquismo
humano uma força capaz de ligar-se
a psiquismo superiores (planetários,
astrais, angélicos, demoníacos) para
provocar efeitos inesperados nas
coisas e nas pessoas.
•	 	Costuma projetar nas coisas ou no
mundo sentimentos de angústia e de
medo diante do desconhecido.
•	 	Afirma que, pelo conhecimento, o
homem pode libertar-se do medo e
das superstições, deixando de projetá-
los no mundo e nos outros.
O PROCESSO DE EXECUÇÃO DA PESQUISA | unidade 3 57
•	 	Por ser subjetivo, generalizador,
expressões de sentimentos de medo e
angústia e de incompreensão quanto
ao trabalho científico, nossas certezas
cotidianas e o senso comum de nossa
sociedade ou de nosso grupo social
cristalizam-se em preconceitos com
os quais passamos a interpretar toda
a realidade que nos cerca e todos os
acontecimentos.
•	 	Procura renovar-se e modificar-
se continuamente, evitando a
transformação das teorias em
doutrinas e destas, em preconceitos
sociais. O fato científico resulta de
um trabalho paciente e lento de
investigação e de pesquisa racional,
aberto a mudanças, não sendo nem
um mistério incompreensível nem uma
doutrina geral sobre o mundo
Fonte: CHAUÍ, Marilena (1995)
Para que você compreenda essa comparação entre senso comum
(conhecimento especulativo) e conhecimento científico, apresentamos
alguns exemplos, conforme a seguir:
Exemplo A: Provavelmente faz parte de sua vida ou de
sua família o uso medicinal, na forma de chá, da planta
denominada hortelã. As pessoas sabem que esta planta
melhora determinados sintomas, como mal-estar geral,
cólicaintestinal,masnãoconhecemasrazões,istoé,não
sabem explicar ‘como’, nem ‘por que’ ocorre a melhora
dos sintomas. É um conhecimento transmitido de
geração para geração por meio da educação informal,
independente de estudos e pesquisas; Exemplo B: A
planta Mandevilla illustris é popularmente conhecida
como ‘Purga-do-Campo’ ou ‘Rosa-do-Campo’ e é uma
planta nativa brasileira usada para tratar diferentes
moléstias, particularmente inflamação decorrente de
picada de cobra [conhecimento popular]. Pertencente
à família Apocynaceae esta planta se destaca por
apresentar uma grande diversidade no que se refere
às ações farmacológicas e classes de metabólitos
secundários que apresenta, dentre eles os alcalóides.
[...] Como a planta pertence aos mesmos gêneros de
M. velutina e é utilizada na medicina popular para o
mesmo fim, Calixto e Yunes (1991) iniciaram estudos
verificando os efeitos do extrato hidroalcoólico sobre a
contração do útero de ratas induzida por quininas. [...]
(CALIXTO; BRUM; YUNES, 1991, apud ZANELLA, 2005)
A utilização da planta hortelã (exemplo A) representa um conhecimento
especulativo. Em contrapartida no exemplo B, observa-se os
conhecimentos especulativo e científico – tendo a caracterização dos
passos de modo a avançar do conhecimento meramente especulativo
por meio de estudos em laboratório – com a definição dos aspectos
metodológicos como, por exemplo: a identificação do tipo de pesquisa,
tipo de amostragem, coleta e levantamento de dados, análise e
58 PEDAGOGIA
interpretação de resultados, entre outros procedimentos – como
elementos da pesquisa científica.
Além do destaque dado à ciência (e ao conhecimento científico)
afirmamos que a interpretação de fatos da vida cotidiana, inserida no
contexto do conhecimento especulativo ou do senso comum, causa
interpretação distorcida da realidade (particular ou geral) que nos cerca.
Com base na comparação e nos exemplos percebemos que é
imprescindível que em educação sejam superadas as dificuldades
na distinção entre os conhecimentos especulativos (senso comum)
e os científicos. O pedagogo enfrenta o desafio nas esferas da ética e
da neutralidade científica, necessária a qualquer pesquisador. Assim,
a observação da realidade deve ser feita de modo imparcial, crítico
e criterioso, pois este prosedimento é fundamental para quem faz
investigação científica.
Nesse contexto, observe a informação sobre a definição dos termos.
Acreditamos que esclarece a importância de adotar uma postura de
pesquisador no campo de estudo para que estudante de pedagogia
possa entender e extrapolar a linguagem comum.
Definição dos termos pode ser encontrada separada da revisão da
literatura, incluída como parte da revisão da literatura ou colocada em
diferentes seções de uma proposta.
Fonte: CRESWELL, John W., 2010, p.67.
[Citam-se exemplos], num estudo sobre inclusão podem ser definido o
seguinte termo: conceitos de diferença; aplicado a pessoas, o vocabulário
diferença é, particularmente, polissêmico e polifônico pela multiplicidade
de perspectivas de que se reveste nas práticas sociais e na medida em
que se apoia em alguns ‘marcadores’ tais como: gênero, classe social,
geração, raça, etnia, características físicas, mentais e culturais, segundo
diferentes conotações. [...] No caso de pessoas em situação de deficiência,
certamente o contexto semiótico no qual se inscreve uma sala de aula
produzirá enunciados sobre suas diferenças bem distintos daqueles que
seriam produzidos num outro contexto como, por exemplo, uma indústria.
Enquanto na sala de aula é a aprendizagem do sujeito que servirá como
‘marcador’ da diferença, na empresa serão outros ‘marcadores’, dentre os
quais a produtividade.
Fonte: CARVALHO, (2012, p.13-15).
Semiótico adjetivo
1. relativo ou pertencente à semiótica. "análise s." / 2. relativo a signos
(linguísticos ou não).
Fonte: https://www.google.com.br/ <Acesso em: 03 out. 2015>
O PROCESSO DE EXECUÇÃO DA PESQUISA | unidade 3 59
4 MÉTODOS CIENTÍFICOS
Estes, implicam em uma sucessão de passos que se seguem uma
investigação. Observemos que constitui o conjunto de procedimentos
sistemáticos e lógicos que guiam a investigação, com o propósito
de adquirir informações confiáveis e válidas, para alcançar novos
conhecimentos, ou buscar formas de melhorar as condições de vida
das pessoas ou de uma comunidade e alcança o ciclo completo da
investigação (ALVARENGA, 2013).
De acordo com Marconi e Lakatos (2010, p.83) “todas as ciências
caracterizam-se pela utilização de métodos científicos; em contrapartida,
nem todos os ramos de estudo que empregam estes métodos são
ciências”. Assim, método.
é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que,
com maior segurança e economia, permite alcançar
o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros –
traçando o caminho a ser seguido, detectando erros
e auxiliando as decisões do cientista. (MARCONI;
LAKATOS, 2010, p.83).
Entre as muitas decisões de um pesquisador, a primeira etapa do método
propostoporPopper(1997,p.181apudMARCONI;LAKATOS,2010,p.97)é
o surgimento do problema. Este, por sua vez, vai desencadear a pesquisa,
pois toda investigação nasce de algum problema teórico-prático. Este
problema dirá o que relevante ou irrelevante observar, os dados que
devem ser relacionados.
4.1 Métodos e técnicas de pesquisa: procedimentos 	
e sua utilização pelas ciências
A posição adotada neste trabalho para conceituar métodos e técnicas
tem como base a posição de Cervo e Bervian.
Podem-se chamar de técnicas aqueles procedimentos
específicos utilizados por uma ciência determinada [...]
assim há técnicas associadas ao uso de certos testes de
laboratório, ao levantamento de opiniões de massa, à
coleta de dados estatísticos; há técnicas para conduzir
60 PEDAGOGIA
uma entrevista, para determinar a idade em função do
carbono, para decifrar inscrições desconhecidas, etc. [...]
O conjunto destas técnicas gerais constitui o método.
Métodos são, portanto, técnicas suficientemente gerais
para se tornarem procedimentos comuns a uma área
das ciências ou a todas as ciências. (2007, p.39).
E ainda é possível afirmar que para muitos autores de metodologia
científica que a seleção do método é a parte mais concreta.
A maioria dos especialistas faz uma distinção entre
método e métodos, por se situarem em níveis
claramente distintos, no que se refere à sua inspiração
filosófica, ao seu grau de abstração, à sua finalidade
mais ou menos explicativa, à sua ação nas etapas mais
ou menos concretas da investigação e ao momento
em que se situam. Partindo dessa diferença, o método
se caracteriza por uma abordagem mais ampla, em
nível de abstração mais elevado, dos fenômenos da
natureza e da sociedade. É, portanto, denominado
de método de abordagem, que engloba o indutivo, o
dedutivo, o hipotético-dedutivo e o dialético. [Por sua
vez,] Os métodos de procedimento constituem etapas
mais concretas da investigação, com finalidade mais
restrita em termos de explicação geral dos fenômenos
menos abstratos. [...] Nas ciências sociais os principais
métodos de procedimentos são: histórico, comparativo,
monográfico ou estudo de caso, estatístico, tipológico,
funcionalista, estruturalista. (MARCONI; LAKATOS, 2010,
p.223-224).
O afirmado pelas autoras destaca termos pesquisa, métodos, técnicas,
entre outros. E para que você entenda esta informação de modo
esquemático, observe as Figuras 2 e 3, a seguir:
Natureza
Trabalhocientíficooriginal
Novasdescobertas
Resumo de assunto
Formaçãotreinamento
Objeto
Pesquisa bibliográfica
Pesquisa de campo
Pesquisadelaboratório
PESQUISA
Classificação
das ciências, métodos e técnicas
Figura 2 - Tipologia da Pesquisa
Fonte: Cervo e Bervian, (2002, p.38)
O PROCESSO DE EXECUÇÃO DA PESQUISA | unidade 3 61
Esta representação nos auxilia no entendimento do termo pesquisa,
considerando o já afirmado anteriormente, acrescentamos que é uma
atividade voltada para a solução de problemas. Assim, fazemos pesquisa
quando buscamos respostas para perguntas por meio de processos
científicos. Para tanto, analise na Figura 2 que a pesquisa possui natureza
e objeto.
Observe também que o objeto da pesquisa subdivide-se em Pesquisa
Bibliográfica, Pesquisa de Campo e Pesquisa de Laboratório. Para
tanto, afirmamos que uma investigação pode ser teórica (Pesquisa
Bibliográfica) e/ou Teórica e Empírica (Pesquisa Bibliográfica mais
Pesquisa de Campo, por exemplo). Avancemos nesta compreensão,
agora analisando a Figura 3.
INVESTIGAÇÃOCIENTÍFICA
ENFOQUES
Qualitativo Misto Quantitativo
Indução
Imersão inicial no
campo
Interpretação
contextual
Flexibilidade
Coleta de dados
Dedução
Pesquisa
Experimentação
Perguntas e
Hipóteses
Coleta de dados
Combinação
do qualitativo e do
quantitativo
Figura3-InvestigaçãoCientífica
Fonte: Sistematizado de Sampieri et al (2004, p.2)
NaFigura2ressaltamosotermoobjetodepesquisa,issoporqueasciências,
subdividem-se de acordo com a natureza do objeto que investigam. Uma
determinada área das ciências (ciências da educação, por exemplo) pode
ter o mesmo objeto de investigação e, por isso, poderá ser subdividida em
estudos de objetos, por exemplo: sala de aula , didática, planejamento,
avaliação, relação entre professores e alunos, tecnologias aplicadas à
educação, entre outros.
62 PEDAGOGIA
A partir da definição (ou seleção) de um objeto da investigação cabe
também uma definição de enfoques dados à pesquisa para a obtenção
de respostas ao problema da pesquisa. Retome a análise da figura 3.
Observe que há três enfoques: O qualitativo, o quantitativo e o misto,
segundo Sampieri (2004).
Esta argumentação evidencia o seguinte“o método se adapta, às diversas
ciências, na medida em que a investigação de seu objeto impõe ao
pesquisador lançar mão de técnicas especializadas”. (CERVO; BERVIAN,
2007, p.40). Estes autores também distinguem três áreas em relação
aos métodos, a saber: 1) Pesquisa bibliográfica, especifica das ciências
humanas; 2) Pesquisa de campo, especifica das ciências sociais. 3)
Pesquisa de laboratório, especifica das ciências de biológicas e naturais
(CERVO; BERVIAN, 2007).
Pesquisa bibliográfica: pode ser realizada independentemente ou
como parte da pesquisa de campo e de laboratório. Em ambos os casos
busca conhecer as contribuições culturais ou científicas do passado. [...] A
pesquisa bibliográfica é meio de formação por excelência. Como trabalho
científico original constitui a pesquisa propriamente dita na área das
ciências humanas.
Fonte: (CERVO; BERVIAN, 2007, p.40).
Pesquisa campo: é aquela utilizada com o objetivo de conseguir
informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se
procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou,
ainda descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles.
Consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem
espontaneamente, na coleta de dados e eles referentes e no registro
de variáveis que se presume relevantes, para analisá-los. [...] As fases
da pesquisa de campo requerem, em primeiro lugar, a realização de
uma pesquisa bibliográfica sobre o tema em questão. Ela servirá, em
primeiro passo, para se saber em que estado se encontra atualmente
o problema, que trabalhos já foram realizados a respeito e quais são as
opiniões reinantes sobre o assunto. Como segundo passo, permitirá que
se estabeleça um modelo teórico inicial de referência, da mesma forma
que auxiliará na determinação das variáveis e elaboração do plano geral
da pesquisa.
Fonte: (MARCONI; LAKATOS, 2010, p.188).
Pesquisa de Laboratório: ela descreve e analisa o que será ou ocorrerá
em situações controladas. Exige um instrumental específico, preciso,
e ambientes fechados. [...] A pesquisa de laboratório, na observação de
indivíduos e grupos, está mais relacionada ao campo da Psicologia Social
e ao da Sociologia.
Fonte: (MARCONI; LAKATOS, 2010, p.192).
O PROCESSO DE EXECUÇÃO DA PESQUISA | unidade 3 63
5 A EXECUÇÃO DA PESQUISA
De acordo com a discussão na seção anterior, evidenciamos que o
método se adapta, às diversas ciências para tanto a investigação do
objeto impõe ao pesquisador a escolha de técnicas especializadas.
Assim, na área das ciências humanas podemos decidir por uma pesquisa
bibliográfica, independentemente da pesquisa de campo, por exemplo.
Entretanto, discutiremos a seguir como fazer uma Pesquisa Bibliográfica
e uma Pesquisa de Campo, em um mesmo trabalho investigativo.
Para tanto trataremos da fase de execução, sendo compreendida como
o momento de por em prática o que foi planejado na fase inicial da
pesquisa. Desse modo, o pesquisador fará uma aproximação com o
campo de estudo. E com Zanella afirmamos que nas pesquisas aplicadas
a fase da execução implica em três momentos:
1) Preparação do campo de pesquisa: nesta etapa
o pesquisador se aproxima das pessoas envolvidas
buscando aprovação e consentimento para a
execução da pesquisa e para posteriormente elaborar
os instrumentos de coletas de dados; Entrada no
campo: é o momento de interação direta com os atores
sociais envolvidos na pesquisa, com os documentos
para leitura e com o local da observação; e Análise
e interpretação de dados: este é o momento de
relacionarmos os dados coletados com o problema,
com os objetivos da pesquisa e com a teoria de
sustentação, possibilitando abstrações, conclusões,
sugestões e recomendações relevantes para solucionar
ou ajudar na solução do problema ou para sugerir a
realização de novas pesquisas. (2009, p.102).
Estando de acordo com o conteúdo trabalhado nas unidades 1 e
2 representamos um tema e um problema de pesquisa, visando
possibilidades de metodologia e procedimentos de coletas de dados.
Ressaltamos que tratar-se de um exemplo de pesquisa fictício. Assim,
observe as informações Quadros 3 e 4, a seguir:
Metodologia de Pesquisa em Educação
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Metodologia de Pesquisa em Educação

  • 2.
  • 3. METODOLOGIA DA PESQUISA FRANCINETE BRAGA SANTOS SÃO LUÍS 2016
  • 4. Edição Universidade Estadual do Maranhão - UEMA Núcleo de Tecnologias para Educação - UemaNet Coordenadora do UemaNet Profª. Ilka Márcia Ribeiro de Sousa Serra Coordenadora Pedagógica de Designer Educacional Profª. Sannya Fernanda Nunes Rodrigues Coordenadora Administrativa de Designer Educacional Cristiane Costa Peixoto Coordenadora do Curso de Pedagogia, a distância Profª. Heloísa Cardoso Varão Santos Professora Conteudista Fracinete Braga Santos Designer Educacional Clecia Assunção Silva Lima Revisora de Linguagem Layla Magalhães Araújo Lucirene Ferreira Lopes Diagramadores Josimar de Jesus Costa Almeida Luis Macartney Serejo dos Santos Tonho Lemos Martins Designers Gráficos Rômulo Santos Coelho Yuri Jorge Almeida da Silva Governador do Estado do Maranhão Flávio Dino de Castro e Costa Reitor da uema Prof. Gustavo Pereira da Costa Vice-reitor da Uema Prof. Walter Canales Sant’ana Pró-reitor de Administração Prof. Gilson Martins Mendonça Pró-reitora de Extensão e Assuntos Estudantis Prof. Porfírio Candanedo Guerra Pró-reitora de Graduação Profª. Andrea de Araújo Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação Prof. Marcelo Cheche Galves Pró-reitor de Planejamento Prof. Antônio Roberto Coelho Serrra Diretora do Centro de Ciências Exatas e Naturais - CECEN Profª. Ana Lúcia Cunha Duarte Universidade Estadual do Maranhão Núcleo de Tecnologias para Educação - UemaNet Campus Universitário Paulo VI - São Luís - MA Fone-fax: (98) 2106-8970 http://www.uema.br http://www.uemanet.uema.br Proibidaareproduçãodestapublicação,notodoouemparte,sem a prévia autorização desta instituição.
  • 5. ÍCONES Orientação para estudo Aolongodestefascículoserãoencontradosalgunsíconesutilizadospara facilitar a comunicação com você. Saiba o que cada um significa. ATENÇÃO REFERÊNCIAS ATIVIDADES SAIBA MAIS LEITURA SAIBA MAIS
  • 6.
  • 7. SUMÁRIO Palavra da professora-autora ........................................................... 11 Apresentação da disciplina ............................................................... 13 UNIDADE 1 PESQUISA: reflexôes iniciais ............................................................................. 15 1 Introdução .......................................................................................... 15 1.1 Pesquisa: o que é ?............................................................................ 16 1.2 O Estado da Arte ou Estado do Conhecimento sobre o assunto pesquisado .......................................................................... 20 1.3 Objetos de estudo e o processo de decisão e elaboração: alguns exemplos ................................................................................ 24 1.4 A seleção do material bibliográfico ............................................. 25 Resumo .......................................................................................................... 27 Referências ................................................................................................... 29 UNIDADE 2 OPROCESSODEPLANEJAMENTODAPESQUISA.............................................. 31 2 Introdução .......................................................................................... 31 2.1 O tema e o título: implicações na fase do Planejamento da Pesquisa ..................................................................................................... 32 2.2 Tema, problema e hipótese: compreensão de termos e estruturação da pesquisa científica ............................................ 38 2.3 Tipos de hipóteses ........................................................................ 40 2.3.1 Hipótesesqueestabelecemrelaçõesentrevariáveis........... 41 Resumo ......................................................................................................... 42 Referências ................................................................................................... 45
  • 8. UNIDADE 3 O PROCESSO DE EXECUÇÃO DA PESQUISA .............................................. 47 3 Introdução......................................................................................... 47 3.1 A ciência: natureza, classificação e peculiaridades ............. 48 3.2 Correntesdopensamentocontemporâneo:aeducação e as pesquisas sociais .............................................................................. 51 3.2.1 O conhecimento científico : breves considerações ...... 53 4 MÉTODOS CIENTÍFICOS ............................................................... 59 4.1 Métodos e técnicas de pesquisa: procedimentos e sua utilização pelas ciências ................................................................ 59 5 A EXECUÇÃO DA PESQUISA ...................................................... 63 5.1 Métodos Qualitativo, Quantitativo e Misto: abordagens metodológicasqueconvergemparaodesenhodapesquisa 66 5.1.1 O Plano de estudo: questões de pesquisa qualitativa. 67 5.1.2 O Plano de estudo: questões de pesquisa quantitativa. 68 5.1.3 O Plano de estudo: questões de pesquisa de métodos mistos ............................................................................................ 69 5.2. Classificação da Pesquisa: principais tipos .......................... 70 5.2.1Como delinear uma Pesquisa Bibliográfica ..................... 71 5.2.2Como delinear um Estudo de Caso ..................................... 72 6 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E TÉCNICOS DA PESQUISA ........................................................................................... 74 6.1 Delineando uma pesquisa: instrumentos e técnicas de coleta de dados ................................................................................ 76 6.1.1A seleção de métodos e técnicas ........................................ 77 Resumo ......................................................................................................... 79 Referências .................................................................................................. 82
  • 9. UNIDADE 4 AFASEDACOMUNICAÇÃO:orelatóriodepesquisa ...................................... 85 4 Introdução ......................................................................................... 85 4.1 Entenderostermos:oqueéumrelatório?.............................. 86 4.2 A estrutura da monografia ................................................................. 87 5 COMUNICAÇÃODAPESQUISA.......................................................... 91 5.1 Aspectos da comunicação científica ............................................ 92 5.2 Textomonográficoecoerênciadotexto ........................................ 92 5.3 A apresentação ou defesa do trabalho de conclusão de curso à banca examinadora .......................................................................... 94 5.4 A argumentação e inferência: breves considerações ............. 94 5.5 A argumentação na expressão em um texto escrito em língua materna ....................................................................................... 95 5.5.1 Os textos da introdução, desenvolvimento e da conclu são: um quadro síntese ..................................................................... 96 6 A COLETA DOS DADOS: informações complementares .... 97 Resumo ......................................................................................................... 98 Referências .................................................................................................. 102
  • 10.
  • 11. Caro (a) estudante, Inicialmente, parabenizo pela escolha do curso de Pedagogia. Esperamos que você se torne um profissional comprometido e que possa contribuir com a melhoria da qualidade da educação no cenário brasileiro. Em confluência com tal perspectiva, você fará um longo percurso acadêmico na graduação em Pedagogia, além de durante este período de tempo, executará ações de pesquisador na área educacional e afins. Em termos deste raciocínio a pesquisa científica dará suporte à ação do pedagogo como pesquisador e protagonista de mudanças gestadas na e para às instituições educativas com base na qualidade social desta referida ação. Espero que os temas aqui abordados sejam ferramentas que o auxiliem em seus esforços pela busca de conhecimento e, consequente aplicação durante as fases de planejamento, execução e comunicação dos resultados, perpassando pela construção do seu projeto de pesquisa e da sua monografia. Espero também que os resultados das pesquisas científicas sirvam de base para um bom exercício profissional futuro. Neste sentido, busque literaturas complementares sobre os assuntos, visandooaprofundamentodeseusestudos.Vocêtambémpoderábuscar publicações recentes que tragam resultados de pesquisas, a exemplo de periódicos e de outras fontes em meios eletrônicos. Bons estudos! Professora Francinete Braga Santos PALAVRA DA PROFESSORA-AUTORA
  • 12.
  • 13. Caro (a) estudante, A disciplina Metodologia da Pesquisa em Educação é a primeira na sequênciadeoutrasprevistasnamatrizcurriculardocursodePedagogia, e por isso, voltadas para uma formação docente contextualizada, crítica e bem fundamentada em teorias validadas no meio acadêmico. Neste curso de Pedagogia vamos estudar temas que caracterizam, portanto, a Pedagogia como uma Ciência da Educação. Para tanto, a disciplina Metodologia da Pesquisa em Educação dará a você informações sobre os processos e instrumentos de como fazer pesquisa científica, e em especial, como fazê-la tendo o contexto educacional como campo de investigação. Os temas aqui abordados fornecem instrumentação sobre os processos para ser um pesquisador e,consequentemente,influenciare/oudeterminarmudançasnocenário educacional. Nestes tempos em que a problemática educacional está presente em todas as áreas da sociedade, a Metodologia da Pesquisa em Educação, enquanto disciplina instrumental que ensina a fazer ciência tem uma importante contribuição na aplicação de conceitos, termos, dados, entre outros estudos. Assim, alerta que o Pedagogo, enquanto pesquisador, não poderá APRESENTAÇÃO
  • 14. presumir de modo equivocado, e por isso deve antes investigar detidamente os dados da realidade recortada para análise. Para tanto, os conteúdos a serem estudados visam suporte teórico-prático para que o auxiliem em buscas de evidências durante o processo de elaboração, execução (análise, tabulação, interpretação dos dados), bem como na fase da divulgação; esperando resultados de pesquisas impactantes na comunidade, podendo ser aplicados em usos diferentes para a sociedade. Alguns termos da metodologia da pesquisa podem ser novos. Não se preocupe, pois há uma equipe de profissionais, interagindo com você neste percurso. Esperamos que este suporte forneça segurança para avançar compreendendo o processo e, portanto, mantendo estudos diários para a execução de tarefas durante a disciplina e a posteriori. Bons estudos!
  • 15. 1 unidade PESQUISA: reflexões iniciais OBJETIVOS DESTA UNIDADE Analisar os diferentes conceitos de pesquisa e suas implicações no âmbito da formação pedagógica; Diferenciar a luz do referencial teórico Pesquisa Bibliográfica e Pesquisa Documental, estabelecendo a importância para a fase do planejamento da pesquisa; Reconhecer a importância da pesquisa para o estudante universitário e, em especial, para o pedagogo em formação. 1 INTRODUÇÃO Você já deve ter ouvido falar a respeito da importância da pesquisa, bem como que o pesquisador trabalha para o desenvolvimento do paísemdiferentesáreas.Comotermopesquisaaplicadoàeducação não seria diferente, não é? Então, você seria capaz de explicar qual a importância de fazer pesquisa aplicada ao contexto educacional ? E que é a pesquisa ? Antes de respondermos a tais questionamentos, vamos refletir sobre a noção de pesquisa. Não é fácil chegar a uma única resposta diante de um assunto tão amplo. Então, vamos auxiliar você nessas reflexões iniciais. Vamos lá ?
  • 16. PEDAGOGIA16 1.1 Pesquisa: O que é ? Para responder o que é pesquisa convidaremos outros teóricos para nos ajudar, pelo simples fato de estarmos tratando de um tema que possui muitos conceitos, diferentes olhares e enfoques. Para facilitar sua compreensão observe o Quadro 1, a seguir: PESQUISA AUTOR ANO CONCEITOS E FINALIDADES VERA, Asti (1976 apud MARCONI; LAKATOS, 2008, p. 15) “O significado da palavra não parece ser muito claro ou, pelo menos, não é inequívoco” (p. 9) [...] “problema que se deverá definir, examinar, avaliar, analisar criticamente, para depois ser tentada a solução.”(p. 12) ANDER-EGG (1978 apud MARCONI; LAKATOS) “Um procedimento reflexivo sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo do conhecimento.”(p. 28) M A R C O N I ; LAKATOS (2008). “a pesquisa é um procedimento formal, com método de pensamento reflexivo, que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para se conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais.”( p.15). RUMMEL (1972 apud MARCONI; LAKATOS, 2008) Dois significados: “em sentido amplo, engloba todas as investigações especializadas e completas; em sentido restrito, abrange os vários tipos de estudos e de investigações mais aprofundados.” (p. 03). DEMO, Pedro (1995, p.55) “Pesquisa, portanto, não significa apenas descobertas que abalem os fundamentos do universo, mas todo processo que se coloca como objetivo reconstruir o conhecimento disponível, refazendo-o em outro nível, para outro momento. Essencial será poder mostrar que não se permaneceu em mera cópia, repasse, reprodução, como seria um ensino escolar transmissivo.”(p.15). CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro A. (2002) “É uma atividade voltada para a solução de problemas teóricos ou práticos com o emprego de processos científicos.” [...] “a pesquisa parte de uma dúvida ou problema e, com o uso do método científico, busca uma resposta ou solução.”( p.64). S E V E R I N O , Antonio Joaquim (1993) “A ciência se faz através de trabalhos de pesquisa especializada, própria das várias ciências; pesquisas que, além do instrumental epistemológico de alto nível, exigem capacidade de manipulação de um conjunto de métodos e técnicas específicas às várias ciências.” (p.108) Quadro1- O que é Pesquisa? Fonte: Sistematizado pela autora
  • 17. PESQUISA: reflexôes iniciais | unidade 1 17 E agora ? Após a leitura do quadro você já é capaz de explicar o termo pesquisa ou a importância dela na área da educação? Acredito que demos um passo decisivo para a compreensão inicial desse estudo. Bem, se entendemos o que os diferentes autores nos explicaram seremos capazes de avançar para outros termos. Dessa vez, trataremos da Pesquisa Bibliográfica e da Pesquisa Documental. Assim, pergunta- se: O que é Pesquisa bibliográfica e Pesquisa Documental ? Porém antes de respondermos a esses questionamentos leiamos novamente o Quadro 1. Perceba que Demo (1995) afirmou que uma pesquisa não é uma mera cópia, um repasse ou uma reprodução, não foi isso ? Desse modo, durante a sua trajetória acadêmica como estudante da Educação Básica você deve ter realizado muitas atividades envolvendo pesquisa em livros, revistas e jornais impressos ou em meios eletrônicos. Então saiba que a prática de estudante de Pedagogia não será diferente da anterior, pois você terá a leitura como exercício constante. Assim, leituras prévias de textos para análises e sínteses são imprescindíveis para o seu sucesso acadêmico. Para tanto, a leitura de textos torna-se fonte de dados à medida em que transforma-se em um hábito o destaque de pontos de vista dos autores lidos, ou seja, o argumento principal. Assim, recomenda-se o destaque de trechos representativos do texto, a exemplo de conceitos, exemplos e outros dados que visem a análise global do conteúdo lido. Em seguida, você deve sintetizar os dados obtidos. Taisregistrosgeramdadosbibliográficosoqueorganiza,gradativamente, o fichamento de fontes de referência, no formato de fichas, ou seja, favorece a seleção constante da documentação (em um conjunto de dados, tais como: autoria, título do livro ou capítulo, edição, local, editora e a, ano). Acredite na eficácia desse processo para que você se transforme em um pesquisador competente por meio desta prática investigativa.
  • 18. PEDAGOGIA18 Fichamento –“à medida que o pesquisador tem em suas mãos as fontes de referência, deve transcrever os dados em fichas, com o máximo de exatidão e cuidado. A ficha, sendo de fácil manipulação, permite a ordenação do assunto, ocupa pouco espaço e pode ser transportada de um lugar para o outro.”(MARCONI; LAKATOS, 2010, p.48). Retomemos o questionamento anterior sobre Pesquisa Bibliográfica e Pesquisa Documental no Quadro 2, a seguir. PESQUISA BIBLIOGRÁFICA E PESQUISA DOCUMENTAL AUTOR ANO CONCEITOS E/OU IMPLICAÇÕES MARCONI; LAKATOS (2010, p.185). Pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda a bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico etc., até meios de comunicação orais: rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais: filmes e televisão. CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro A. (2002, p.88-89) Levantamento literatura especializada, anotações, leituras e tratamentos adequados dos textos selecionados são partes imprescindíveis para o trabalho acadêmico de qualidade e devem merecer atenção especial do pesquisador. A pesquisa bibliográfica tem como objetivo encontrar respostas aos problemas formulados, e o recurso é a consulta dos documentos bibliográficos. Na pesquisa bibliográfica, a fonte das informações, por excelência, estará sempre na forma de documentos escritos, estejam eles impressos ou depositados em meios magnéticos ou eletrônicos. PESQUISABIBLIOGRÁFICA Quadro2- Pesquisas Bibliográfica e Documental: distinção e aplicabilidade
  • 19. PESQUISA: reflexôes iniciais | unidade 1 19 MARCONI; LAKATOS (2010, p.176). A característica da pesquisa documental é que a fonte de coleta de dados está restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o que se chama de fontes primárias. GIL, Antonio Carlos. (2008, p.158) As fontes de ‘papel’ muitas vezes são capazes de proporcionar ao pesquisador dados suficientemente ricos para evitar a perda de tempo com levantamentos de campo, sem contar que em muitos casos só se torna possível a investigação social a partir de documentos. Fontes de ‘papel’: arquivos históricos, registros estatísticos, diários, biografias, jornais, revistas, etc. NBR 6023 (2002, p.2) documento: Qualquer suporte que contenha informação registrada, formando uma unidade, que possa servir para consulta, estudo ou prova. Inclui impressos, manuscritos, registros audiovisuais, sonoros, magnéticos e eletrônicos, entre outros. Exemplos: documentos jurídicos, iconográfico, cartográfico (atlas, mapa, globo, fotografia aérea entre outros); sonoro (disco, CD (compactdisc), cassete, rolo, entre outros); tridimensional (esculturas, maquetes, objetos e suas representações - fósseis, esqueletos, objetos de museu, animais empalhados, monumentos entre outros). Note o destaque de conceitos importantes, e com Cervo e Bervian (2002), destacamos o termo levantamento bibliográfico ao se referirem a documentos escritos. Então, a partir desta afirmativa informamos também com a Associação Brasileira de NormasTécnicas ( ABNT) por meio da Norma Brasileira (NBR) 6023/2002 que disciplina as regras de utilização desses dados bibliográficos. Assim: Quanto à natureza, os documentos bibliográficos podem ser: a) primários: quando coletados em primeira mão, como pesquisa de campo, testemunho oral, depoimentos, entrevistas, questionários, laboratórios; b) secundários: quando colhidos em relatórios, livros, revistas, jornais e outras fontes impressas, magnéticas ou eletrônicas; c) terciários: quando citados por outra pessoa. (CERVO; BERVIAN, 2002, p.89). Fonte: Sistematizado pela autora do fascículo PESUISADOCUMENTAL
  • 20. PEDAGOGIA20 Em termos gerais, você tem percebido que neste estudo as explicações compõem aspectos mais amplos e de suma importância para a escrita de uma pesquisa científica. 1.2 O Estado da Arte ou Estado do Conhecimento sobre o assunto pesquisado O Estado da Arte ou Estado do Conhecimento sobre o assunto que está sendo pesquisado consiste no procedimento de fazer leituras interpretativas sobre o tema selecionado pelo pesquisador na fase inicial de elaboração do Projeto de Pesquisa. Este procedimento visa o desvelamento da intencionalidade da publicação analisada. Tal procedimento resultará na decisão pela utilização (ou não utilização) da obra na fase da construção do referencial teórico da pesquisa. Desse modo, você deve fazer leituras em textos monográficos (de graduação), dissertações (de mestrado) ou teses (de doutorado). A indicação padrão é que você busque obras publicadas de quinze anos até a data atual – outros autores podem indicar de cinco anos até a data atual. Com base nessas afirmativas, apresentamos alguns questionamentos: O que você deve buscar nesses textos? Quais as perguntas-chaves? Assim, observe: Localize o problema de pesquisa no texto em análise; Analise as hipóteses; Verifique os argumentos do autor da pesquisa; Destaque as provas ou evidências obtidas pelo pesquisador; No âmbito das conclusões, identifique quais foram os resultados alcançados. Representamos como fazer um mapeamento de um objeto de estudo durante a pesquisa em meio eletrônico, em especial, na internet. Nesta representação da Figura 1, utilizaremos um procedimento relativamente simples, visando simular as ações de um usuário que faz buscas por meio de navegadores, a exemplo do Google. Para tanto, observe:
  • 21. PESQUISA: reflexôes iniciais | unidade 1 21 1. O usuário escreveu um assunto e a extensão de tema, a exemplo: “A Leitura e a contação de histórias: abordagens e perspectivas com crianças do maternal”– digitou na barra do mecanismo de busca; 2. Obteve por meio da busca, uma lista com sugestões; 3. O usuário decidiu entre as várias opções e selecionou o primeiro resultado da lista; 4. Depois fez cópia (download) do arquivo selecionado; 5. Leu cada texto selecionado dando destaque ao nome do autor da pesquisa selecionada; ao título; ao curso; ao nome da Universidade; ao ano da realização do estudo; 6. Refinou a leitura detalhando-a com anotações de dados para trans- crição em fichas; e 7. Organizou a documentação no formato de fichas de transcrições de citações (direta ou indireta); ou fichas de citações e comentários; além de outras possibilidades de fichamento. Na fase do levantamento do Estado da Arte suas leituras devem ser breves, ou seja, leitura da superfície do texto para a detecção do seu objetodeestudoemmonografias,dissertaçõeseteses;ouemartigosem periódicos e anais de congressos, entre outras. Assim, bem estruturadas, Figura 1- Como se faz o Estado da Arte? Fonte: Print screen da página Google. Acesso em: 8 set. 2015
  • 22. PEDAGOGIA22 suas leituras podem resultar em registros de dados na fase do Estado da Arte. A importância desse procedimento corresponde à fase exploratória da pesquisa. E, por sua vez, visa também dados bibliográficos para montagem de referências [bibliográficas] relacionadas ao seu objeto em estudo. No Estado da Arte é muito importante fazer buscas em sites seguros. No exemplo da Figura 1, o trabalho de Janaina Menezes Silva Rocha , 2010, foi selecionado depois de constatada fonte de publicação ligada à Universidade Estadual da Bahia, conforme exemplo de fichamento no Quadro 3 a seguir. A Scientific Electronic Library Online - Scielo é uma biblioteca eletrônica queabrangeumacoleçãoselecionadadeperiódicoscientíficosbrasileiros. A Scielo é o resultado de um projeto de pesquisa da FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, em parceria com a BIREME - Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde. A partir de 2002, o Projeto conta com o apoio do CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. O Projeto tem por objetivo o desenvolvimento de uma metodologia comum para a preparação, armazenamento, disseminação e avaliação da produção científica em formato eletrônico.] Com o avanço das atividades do projeto, novos títulos de periódicos estão sendo incorporados à coleção da biblioteca. Acesse: http://www.scielo.br
  • 23. PESQUISA: reflexôes iniciais | UNIDADE 1 23 Acesse o site da biblioteca eletrônica Scielo. Nele localize o link periódicos. Sugerimos os periódicos Educar em Revista, Educação & Sociedade, Educação & Realidade, Educação e Pesquisa, entre outros, da lista das Ciências Humanas. Tomemos o exemplo do periódico Educação & Sociedade. Observe todas as edições já publicadas, fazendo um recorte temporal a partir do assunto; use palavras palavras-chave. Ao localizar uma edição analise o sumário da revista. Selecione resumos de artigos para leitura. Ao identificar num resumo aspectos relevantes ao objeto de estudo da sua pesquisa, copie o artigo, baixando o para o seu computador. Sugestões: Crie pastas com o nome dos periódicos e depois subpastas para arquivar cada artigo selecionado do periódico. Fonte: Gisele Vasconcelos, mestranda em Ciências da Educação pela UFMA/MA. Retomando. Lembre que o seu esforço consiste em fazer documentação da literatura consultada, evitando que fiquem em anotações avulsas. Assim, o Quadro 3 traz um exemplo de um fichamento, do tipo comentário, o que favorece a profundidade dos dados bibliográficos pesquisados. Entenda‘profundidade’como o compromisso teórico com a análise que produz um Estado da Arte. ROCHA, Janaina Menezes Silva. Literatura infantil: o recontar histórias como exercício da linguagem oral em sala de aula. Salvador: UNEB, 2010. “O trabalho visa discutir as possibilidades de desenvolvimento da linguagem oral de criançasapartirdorecontarhistóriasemsalasdeaula,segundoavisãosócio-interacionista e analisar o tratamento dado à oralidade das crianças pelos professores como ferramenta facilitadora do ensino e aprendizagem da língua materna.”(ROCHA, 2010, p.10). Comentário: A autora estabelece como objetivo as possibilidades da linguagem oral de crianças. Em contrapartida na pesquisa sobre a relação entre leitura e a estratégia de contação de histórias para crianças no maternal adotam-se autores cuja abordagem da linguagem escrita (KAUFMAN; RODRÍGUEZ, 1995; LANDSMANN, 1993), entre outros autores. Quadro3 - Fichamento de citação e comentário Fonte: Elaborado pela autora, a partir da fonte indicada
  • 24. PEDAGOGIA24 Ressaltamos que o pesquisador priorize autores brasileiros, com publicações realizadas no Brasil ou no exterior. Entretanto, destacamos a importância de fazer leituras de autores estrangeiros para obtenção de um conjunto significativo de dados, sob diferentes perspectivas; em diferentes espaços acadêmicos e com diferentes sujeitos de pesquisa. 1.3 Objetos de estudo e o processo de decisão e elaboração: alguns exemplos Avancemos mais sobre o levantamento bibliográfico, pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e estado da arte. Para melhor esclarecer estado da arte, imaginemos um determinado graduando em pedagogia decide investigar o objeto de estudo leitura. O primeiro passo desse estudante consiste em buscar de fontes bibliográficas sobre o assunto, ou seja, este futuro pedagogo inicia uma pesquisa bibliográfica, buscando a relevância e a exequibilidade do assunto. Bem já entendemos que o assunto deve ser relevante e exequível, ou seja, o graduando deve constatar a possibilidade de desenvolvimento do assunto, levando em conta prazos estipulados pela instituição de ensino superior na qual está vinculado (no caso, a Universidade Estadual do Maranhão). Cada Instituição define as datas das defesas do trabalho monográfico, ou Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Certamente, depois da busca teórica pelo Estado da Arte. Isso constitui a delimitação da extensão e a profundidade do tema em estudo. Percebemos que o exemplo aplicado à leitura pode ser desdobrado em assuntos complementares, tais como: que tipo de leitura e para que tipo de leitores; se a investigação do tema leitura será analisada enquanto uma atividade curricular ou extracurricular; entre outras possibilidades de análise. Desse modo, deixamos claro a você que ao fazer opções estará determinando o enfoque pelo qual o tema será abordado. A Pesquisa Bibliográfica gera dados bibliográficos. Assim, à medida que você vai construindo sua documentação, por meio de fichamentos das fontes analisadas. Por isso, sempre anotar: O nome do autor (ou dos
  • 25. PESQUISA: reflexôes iniciais | unidade 1 25 autores); O titulo da obra; O ano da publicação; o número da página em que retirou o trecho selecionado no livro, artigo entre outros. Conforme Quadro 4. SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. 6. ed. Porto Alegre: ArtMed, 1998. “Cabe destacar a reflexão de fundo sobre os objetivos do ensino e da aprendizagem da leitura e o esforço em situá-los no contexto mais amplo das funções que a escola na sociedade atual deve desempenhar.“ (SOLÉ, 1998, p.11). Local: Biblioteca Universidade Estadual do Maranhão. 1.4 A seleção do material bibliográfico Você já deve ter percebido a importância da seleção do material bibliográfico. Reforçamos que tal procedimento é obrigatório em todas as modalidades de pesquisa já que a“finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo aquilo que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto”. (MARCONI; LAKATOS, 2010, p.185 grifo meu). No parágrafo anterior destacamos a palavra tudo; ela se aplica ao grau de profundidade dessa fase inicial de uma pesquisa, mas em especial a pesquisa científica. Portanto, o pesquisador deve ter disponibilidade de tempo para a realização de leituras o que resultará em qualidade da análise dos dados bibliográficos coletados. A coleta de dados neste caso, se aplica à exploração de dados em bibliotecas (em fichários e catálogos), por exemplo. Isto consiste no levantamento de literatura em fontes por meio de leituras prévias, seletivas, críticas e interpretativas, visando a melhor definição e profundidade do objeto de estudo. (Quadro 5). Objeto de estudo/Sujeito da Pesquisa METODOLOGIA Ex.: LEITURA SUJEITO Faixa Etária EDUCAÇÃO BÁSICA Pesquisa bibliográfica Pesquisa de CampoTEMA TIPO MODALIDADE DE ENSINO Quadro4 - Exemplo de uma ficha com referência e citação, fonte de consulta livro Fonte: Elaborado pela autora Quadro5 - Implicações da definição do objeto de estudo Leitura
  • 26. PEDAGOGIA26 O assunto selecionado como exemplo foi leitura, mas poderia ser outro. Entretanto, perceba que independente do assunto sempre será exigido o recorte, ou seja, a delimitação visando o tema da pesquisa. 1. Leitura e contação de histórias Contos Fábulas Criança (faixa etária) Educação infantil ou EnsinoFundamental (séries iniciais) - - 2. Leitura e interpretação de textos Notícias Pré-adolescente Ensino fundamental - - 3.Leitura e Redação Exame Nacional do Ensino Adolescente Ensino Médio - - Observe a exemplificação de desdobramentos do assunto, ou seja, a delimitação do seu objeto de estudo; no caso do exemplo: Leitura. Assim, leia os itens abaixo comparando-os com o Quadro 5 anterior: • Dos itens de 1 a 4, apenas os 1 e 2 foram selecionados, considerando o exercício da docência ou atuação como especialista nos segmen- tos na Educação Infantil ou dos anos iniciais no ensino fundamental (1º ao 5º ano); • Releia o quadro e depois destaque o item 1, observando o objeto de estudo LEITURA foi desdobrado em dois: Leitura e Contação de histórias; • Aqui observe o seguinte tema (desdobramento dos assuntos): “A leitura e a contação de histórias: abordagens e perspectivas com crianças do maternal”; • Em seguida transformarei o tema anterior em título: “A leitura e a contação de histórias: abordagens e perspectivas com crianças do maternal: um estudo de caso.” Fonte: Elaborado pela autora do Fascículo
  • 27. PESQUISA: reflexôes iniciais | unidade 1 27 No próximo quadro destacaremos um exemplo de título. Veja o Quadro 6. Objeto de estudo/Sujeito da Pesquisa METODOLOGIA Ex.: LEITURA SUJEITO Faixa Etária EDUCAÇÃO BÁSICA Pesquisa bibliográfica Pesquisa de Campo • Contatos diretos • Escola municipal X • São Luís Estudo de caso ( p.ex.) TEMA TIPO MODALIDADE DE ENSINO Leitura e contação de histórias Livros infantis Criança (maternal) Educação infantil Compare os quadros 5 e 6. Neles, note a delimitação do tema. A nossa intencionalidade é que você perceba o recorte do assunto leitura em elementos menores desta discussão. Perceba que o levantamento da literatura aparece, implicitamente, nos exemplos. Caso contrário, não poderia ter sido desdobrado. Outra importância deste procedimento da Pesquisa Bibliográfica [e/ou Pesquisa Documental] é evitar plágios ou outras inconsistências no que se refere à relevância e à exequibilidade do assunto. RESUMO Nesta Unidade, estudamos o que é pesquisa e as suas implicações para a trajetória acadêmica, em especial, do graduando em pedagogia. Assim, observamos em quadros comparativos conceitos de tema e título; Pesquisa Bibliográfica e Pesquisa Documental. E você também estudou a importância do Estado da Arte na fase inicial da pesquisa. Apresentamos muitos exemplos aplicados à elaboração da documentação do pesquisador no que se refere à confecção de fichas bibliográficas. Assim, você observou também, a importância da seleção de fontes para a montagem de um Referencial Teórico. Destacamos como primeiro passo para iniciar o planejamento da pesquisa é fazer o Estado da Arte. Em seguida a delimitação da extensão Quadro 6 - Implicações na escolha do tema – parte 2 Fonte: Elaborado pela autora
  • 28. PEDAGOGIA28 1 2 e a profundidade do tema leitura. O assunto foi desdobrado em questionamentos menores, tais como: tipo de leitura; tipo de leitores; leitura enquanto atividade curricular ou extracurricular. Nossas recomendações finais: Interprete os exemplos como uma forma de complementação das explicações dadas ao longo da Unidade I. As dúvidas que você acumulou devem ser sanadas, oportunamente, por meio da discussão com os colegas e a professora durante as atividades do ambiente colaborativo. Analise a imagem, a cima, depois a partir dela liste pelo menos três exemplos de assuntos que poderiam ser pesquisados por você. a) _________________________________________________ b) _________________________________________________ c) _________________________________________________ Agora articule os seus exemplos para que sejam transformados em temas. Observe o exemplo abaixo e responda. Assunto: Inclusão Tema: A inclusão e o espaço da sala de aula a) ______________________________________________________ b) ______________________________________________________ c) ______________________________________________________
  • 29. PESQUISA: reflexôes iniciais | UNIDADE 1 29 3 4 Selecione do quadro comparativo entre Pesquisa Bibliográfica e Pesquisa Documental pelo menos dois autores. Depois reescreva no quadro a seguir: Pesquisa Bibliográfica Pesquisa Documental Autores (ano) Preencha o quadro abaixo com dados de uma Pesquisa Bibliográfi- ca sobre os temas destacados na 2ª questão. (Atenção! Utilize fontes confiáveis na Internet). Tema Citação (Autor e ano) Comentário ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro, 2002a. CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. 5.ed. Metodologia Científica. São Paulo: Prentice Hall, 2002. DEMO,Pedro.ABCIniciaçãoàcompetênciareconstrutivadoprofessor básico. 2.ed. Campinas, SP: Papirus, 1995. GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social.7.ed. São Paulo: Atlas, 2008. ROCHA, Janaina Menezes Silva. Literatura infantil: o recontar histórias como exercício da linguagem oral em sala de aula. Salvador: UNEB, 2010.
  • 30. <Disponível em: http://www.uneb.br/salvador/dedc/files/2011/05/ Monografia-JANAINA-MENEZES-SILVA-ROCHA.pdf> < Acesso em: 23. ago. 2015. SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 19.ed. São Paulo: Cortez, 1993. SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. 6. ed. Porto Alegre: ArtMed, 1998. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de Metodologia Científica. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2010. __________. Técnicas de Pesquisa. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2008.
  • 31. unidade ObjetivoS dESTA unidade Analisar a fase do planejamento da pesquisa científica e suas implicações no processo da pesquisa; Identificar os elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais, estabelecendo uma comparação entre os textos do Projeto de Pesquisa e da Monografia; Compreender a relação entre tema, problema e hipótese para a estruturação de uma pesquisa científica. 2 O PROCESSO DE PLANEJAMENTO DA PESQUISA 2 INTRODUÇÃO Antes de iniciarmos esta unidade é necessário que você tenha realizado a atividade de aprendizagem da unidade anterior. Assim, relembre a implicação entre a seleção do tema de pesquisa e a definição do título da monografia. Esperamos que a complexidade de fazer pesquisa científica diminua gradativamente, à medida que você aumenta o seu grau experiência acadêmica, bem como a melhoria da sua compreensão dos temas pedagógicos estudados no cursos. Então, continuemos nessa tarefa de fazer pesquisa em educação. Vamos lá ?
  • 32. PEDAGOGIA32 2.1 O tema e o título: implicações na fase do Planejamento da Pesquisa Afirmamosinicialmentequeaescolhadotematrazimpactosnadefinição do título de um Projeto de Pesquisa mesmo que seja um título provisório. Nesta primeira fase da pesquisa o projeto precisará ser validado pelo orientadorpodendopermanecersemalteraçõesnotextodamonografia. Desse modo, a discussão quanto as implicações da escolha do tema deve ser feita em função de : um certo tipo de compromisso entre a equipe de pesquisadores e os elementos ativos da situação a ser investigada [...] o tema [pode ser escolhido] de antemão determinado pela natureza e pela urgência do problema encontrado na situação. [...] [ou] emerge progressivamente das discussões exploratórias entre pesquisadores e elementos ativos da situação. [...] o tema [pode ser] solicitado pelos atores da situação. [...] Uma vez selecionados o tema e os problemas iniciais, os pesquisadores poderão enquadrá-los num marco referencial mais amplo, de natureza teórica. (THIOLLENT, 2005, p.51) Percebemos,deacordocomaafirmativadoautor,aimportânciadaseleção do tema [e depois de um título] já que “o planejamento como primeira fase da pesquisa, envolve a formulação do problema, a especificação de seus objetivos, a construção de hipóteses, a operacionalização dos conceitos etc.”(GIL, 2010, p.21). Avancemos! Agora definiremos tema em relação ao título por meio da comparação expressa no Quadro 1.
  • 33. O PROCESSO DE PLANEJAMENTO DA PESQUISA | UNIDADE 2 33 TEMA E TÍTULO AUTOR ANO DEFINIÇÕES/CONCEITOS THIOLLENT, Michel. (2005, p.50) É a designação do problema prático e da área de conhecimento a serem abordados. MARCONI; LAKATOS (2010, p.44). Éoassuntoquesedesejaprovaroudesenvolver. VERA, Asti (1980, p. 97 apud MARCONI; LAKATOS, 2010, p.44) É uma dificuldade, ainda sem solução, que é mister determinar com precisão, para intentar, em seguida, seu exame, avaliação crítica e solução. FLICK, Uwe (2004, p.64) As questões de pesquisa não vêm do nada. Em muitos casos, originam-se na bibliografia pessoal do pesquisador e em seu contexto social. A decisão acerca de uma questão específica depende essencialmente dos interesses práticos do pesquisador e do seu envolvimento em certos contextos históricos e sociais. Tanto os contextos cotidianos quanto os científicos têm aqui seu papel. MENDES, Gildásio; TACHIZAWA, Takeshy. (2006, p.32) A delimitação da extensão do tema direciona o título da monografia. Pelo título pode-se distinguir entre o título geral e o título técnico (ou subtítulo), este geralmente aparecendo como subtítulo que especifica a temática abordada. SOLER, César Eduardo. (2009, p.18) Monografia contém um único tema delimitado e preciso, tratado profundamente, onde o conhecimento é expresso. Quadro 1 - Tema e Título Fonte: Elaborado pela autora do Fascículo Em relação ao título da monografia é aconselhável que o aluno não tenha, logo de início, uma preocupação excessiva com o título, uma vez que o mesmo pode sofrer alteração ao longo do desenvolvimento da monografia. Entretanto o tema, é o assunto que se deseja provar ou desenvolver. TÍTULOTEMA
  • 34. PEDAGOGIA34 Obras de: GIL, Antonio Carlos. Como elaborar Projetos de Pesquisa e Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. Editora Atlas. Obra de MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de Metodologia Científica. Editora: Atlas. Nossa dica de leitura destaca a importância do aprofundamento teórico para se fazer pesquisa em Ciências Sociais. Assim, remendamos as obras acima por serem clássicos na área de Metodologia Científica Boa leitura! Observe no Quadro 1 que os autores destacam que a definição do tema é decisivo para o desenrolar de uma pesquisa científica. Assim para “dar conta de um tema significa, pois, retomar o contexto do trabalho científico, geralmente apresentado como caminho de comprovação de hipóteses”(DEMO, 1999, p.63). A pesquisa em educação possui características específicas, entre essas características destaca-se que o pesquisador aborda assuntos relativos“a seres humanos ou com eles mesmos, em seu próprio processo de vida” (GATTI, 2010, p.12). Desse modo, o graduando de Pedagogia, além de entender teorias, conceitos, precisa compreender a natureza dos estudos acadêmicos pertinentes ao curso. Por conseguinte reforçamos que a escolha do objeto de estudo, implica na seleção do tema da pesquisa e, mais adiante a seleção do título da monografia. Para tanto, observe a seguir outra comparação. Desta vez, entre as etapas de elaboração de um Projeto de Pesquisa e o texto da Monografia, demonstrando a relação existente entre esses documentos (Quadro 2).
  • 35. O PROCESSO DE PLANEJAMENTO DA PESQUISA | unidade 2 35 Elementos PROJETO DE PESQUISA MONOGRAFIA 1 Pré-textuais Capa Entidade Título (e subtítulo, se houver) Nome do aluno Local e data Capa Folha de rosto Errata Folha de aprovação Dedicatória Agradecimentos Epigrafe Resumo Resumo em língua estrangeira Lista de ilustrações Lista de tabelas Lista de abreviaturas Lista de símbolos Sumário Folha de rosto Nome do aluno Título (e subtítulo, se houver) Tipo de projeto; objetivo para o qual foi apresentado, nome do professor; Nome da cidade e ano Sumário Lista das seções nas quais foi dividido o trabalho 2 Textuais TEMA DELIMITAÇÃO DO TEMA OBJETIVO GERAL OBJETIVOS ESPECÍFICOS JUSTIFICATIVA PROBLEMA HIPÓTESES (SE HOUVER) EMBASAMENTO TEÓRICO METODOLOGIA CRONOGRAMA INTRODUÇÃO REFERENCIAL TEÓRICO METODOLOGIA ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS CONCLUSÃO 3 Pós-textuais REFERÊNCIAS GLOSSÁRIO APÊNDICE ANEXO REFERÊNCIAS GLOSSÁRIO APÊNDICE ANEXO ÍNDICE Analisemosoquadro2.Observequefizemosadistribuiçãodoselementos pré-textuais, textuais e pós-textuais em relação aos documentos Projeto de Pesquisa e Monografia. Quadro2-Elementospré-textuais,textuaisepós-textuais Fonte: Sistematizado pela autora, com base na ABNT
  • 36. PEDAGOGIA36 Trata-se de uma comparação, portanto, perceba que os elementos textuais, representados na linha 2 possuem listas pertinentes ao Projeto de Pesquisa com correspondência à coluna da Monografia, certo? Continue atento, pois faremos mais outra comparação no Quadro 3. PROJETO DE PESQUISA Isto resulta em MONOGRAFIA Tema Delimitação do tema Objetivo Geral Objetivos Específicos Justificativa Problema Hipóteses (se houver) Teóricos (ano) Síntese da metodologia INTRODUÇÃO (Capítulo 1) Nesse capítulo escreve-se um texto com quantos parágrafos forem necessários, ou seja, o que era tópico no Projeto de Pesquisa transforma-se em parágrafos do texto da Introdução na escrita monográfica. Embasamento Teórico Pesquisa Bibliográfica REFERENCIAL TEÓRICO (Capítulo 2) Nste capítulo inicia-se a escrita de textos que expressem a fundamentação teórica do objeto em estudo (Tema). A presença obrigatória de citações (diretas, indiretas ou citação de citação), sendo opcional o uso de notas explicativas no rodapé. Observação: No texto monográfico o embasamento teórico implicará na escrita de mais de um capítulo, ou seja, além do capítulo 2 teremos os capítulos 3 e 4. Quadro3-ElementostextuaisdoProjetodePesquisaversusMonografia
  • 37. O PROCESSO DE PLANEJAMENTO DA PESQUISA | unidade 2 37 Metodologia Pesquisa de Campo Conograma O cronograma é deixado no texto do Projeto de Pesquisa, por motivos óbvios: Ele detalhou cada fase da pesquisa apontando para a escrita monográfica. METODOLOGIA (Capítulo 4 ou 5) Leia novamente o texto anterior. Note que se houver o 4º capítulo aqui será o 5º), pois a quantidade de capítulos do referencial teórico na monografia é impactada quando há Pesquisa de Campo. Observação: Recomenda-se a diminuição da quantidade de capítulos do referencial teórico (Pesquisa Bibliográfica), neste caso. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS (Capítulo 5 ou 6) Neste capítulo apresentam-se a análise e os resultados da Pesquisa de Campo, ou seja, o resultado da coleta dos dados empíricos, após o tratamento dos dados, por meio de instrumentos e técnicas de coleta de dados. No capítulo de Análise e Discussão dos Resultados o pesquisador tratou os dados provenientes da aplicação de técnicas de observação e/ou de entrevista; aplicação de questionários. Observação: No Problema de Pesquisa e nos Objetivos específicos são definidos vários aspectos da abordagem – entre eles a existência de sujeitos, a utilização de questionários, entrevistas, por exemplo. CONCLUSÃO (Capítulo 6 ou 7) Este é o capítulo final da monografia. Alguns nomeiam de CONSIDERAÇÕES FINAIS. Prefira CONCLUSÃO por ser a indicação da NBR 14.724/2005. Nela também se afirma que a conclusão é “parte final do texto, na qual se apresentam conclusões correspondentes aos objetivos ou hipóteses”. Observação: É opcional apresentar os desdobramentos relativos à importância, síntese, projeção, repercussão, encaminhamento e outros Entretanto, é necessário explicar que a correspondência feita entre os quadros 2 e 3 remete às fases do Planejamento, Execução e Comunicação Fonte: Sistematizado pela autora
  • 38. PEDAGOGIA38 dos Resultados da Pesquisa, que de acordo com Minayo (2002, p.26) se refere ao ciclo da pesquisa, ou seja, um processo de trabalho em espiral que começa com uma dúvida, um problema, uma pergunta e termina com um produto provisório capaz de dar origem a novas interrogações. 2.2 Tema, problema e hipótese: compreensão de termos e estruturação da pesquisa científica Vocêrecordaoquediscutimosnasseçõesanterioressobreaelaboraçãodo tema e da sua relação com a elaboração do título ? Então, acrescentamos que, determinar com precisão significa enunciar o problema, isto é, determinar o objetivo central da indagação. Assim, enquanto o tema de uma pesquisa é uma preposição até certo ponto abrangente, a formulação do problema é mais específica: indica extamente qual a dificuldade que se pretende resolver. (MARCONI; LAKATOS, 2010, p.128). No texto da conclusão consiste em erro a inserção de novos tópicos discursivos, bem como a utilização de citações (mesmo que indiretas). A dica é iniciar com o resgate do tema, além de respostas ao problema de pesquisa para em seguida tratar dos objetivos específicos, já que expressaram as etapas percorridas durante a investigação (seja teórica ou teórica-empírica). Daí a utilização de verbos no tempo pretérito, obrigatoriamente. Perceba a relação entre a elaboração de Projeto de Pesquisa e os impactos no momento da escrita do texto da monografia. Eu, enquanto professora orientadora, evidenciei casos em que o aluno desvalorizou a fase de elaboração do Projeto de Pesquisa, fazendo mudanças estruturais no texto da primeira versão do seu Projeto de Pesquisa. Qual a consequência desta atitude? Entre as várias possibilidades, destacamos a ausência de planejamento e a inadequação entre os procedimentos de pesquisa na fase da escrita do texto monográfico. Reflita também sobre a perda de tempo e de trabalho. Por isso, recomendamos: leituras prévias; organização de documentação (tema da Unidade 1); submeta o seu projeto de pesquisa para a análise do professor-orientador, visando ajustes e encaminhamentos finais. Lembre- se: A função do orientador é avaliar se o texto do Projeto de Pesquisa está correto para que possa ser liberado para a fase da escrita do texto monográfico.
  • 39. O PROCESSO DE PLANEJAMENTO DA PESQUISA | UNIDADE 2 39 Você leu com as autoras supracitadas o destaque ao novo tópico: a definição do problema de pesquisa, pois elas também acrescentam que: [O problema deve ser explicitado] de forma clara, compreensível e operacional, cujo melhor modo de solução ou é uma pesquisa ou pode ser resolvido por meio de processos científicos [...] com a certeza de ser cientificamente válido, propõe-se uma resposta ‘suposta, provável e provisória’, isto é, uma hipótese. Ambos [...], são enunciados de relações entre variáveis (fatos, fenômenos); a diferença reside em que o problema constitui sentença interrogativa e a hipótese, sentença afirmativa mais detalhada. (MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 129-130). De acordo com as afirmativas anteriores, você percebe que uma das implicações da seleção do tema é a definição de qual será o problema de pesquisa, ou seja, a pergunta de pesquisa. O pesquisador por meio desse procedimento busca respostas em fontes bibliográficas e documentais; ou, em campos de pesquisa, por meio da seleção dos sujeitos de pesquisa. Leia esses exemplos. Agora, observando a relação entre o tema e o problema de pesquisa. • O tema: O ensino inicial da leitura e a compreensão leitora.; • O problema de pesquisa: Quais são as implicações metodológicas no ensino da leitura e seus reflexos na compreensão leitora por crianças na Educação Infantil ? Observação: Tais exemplos não devem ser interpretados como modelos rígidos, pois no momento da elaboração do seu Projeto de Pesquisa você levará em conta os diferentes aspectos da teoria e/ou da metodologia adotados em seu estudo. Note a relação entre os textos doTema e do Problema de Pesquisa. Houve um desdobramento no texto do tema que resultou na formulação do Problema de Pesquisa. Observe também os fatores que demonstram a importância das hipóteses: a) São’“instrumentos de trabalho”‘ da teoria, pois novas hipóteses podem delas ser deduzidas; Podem ser testadas e julgadas como provavelmente verdadeiras ou falsas; Constituem instrumentos poderosos para o avanço da ciência, pois sua comprovação requer que se tornem independentes dos valores e opiniões dos indivíduos; Dirigem a investigação, indicando ao investigador o que procurar ou pesquisar. (KERLINGER, 1973, p.28-35 apud MARCONI; LAKATOS, 2010, p.132).
  • 40. PEDAGOGIA40 Leia esses exemplos. Agora, observando a relação entre o tema, o Problema de Pesquisa e a Hipótese. • O tema: O ensino inicial da leitura e a compreensão leitora.; • O problema de pesquisa: Quais são as implicações metodológicas no ensino da leitura e seus reflexos na compreensão leitora por crianças na Educação Infantil ? • Hipótese: As metodologias de ensino da leitura representam fatores determinantes para a aprendizagem da criança. Observação: Tais exemplos não devem ser interpretados como modelos rígidos, pois no momento da elaboração do seu Projeto de Pesquisa você levará em conta os diferentes aspectos da teoria e/ou da metodologia adotados em seu estudo. Observação 2: Entre as defesas dos autores Thiollent (2005), que afirma que a elaboração de hipóteses não atende a uma abordagem de pesquisa qualitativa e Gil (2008) que afirma a necessidade de elaboração das hipóteses; temos uma ampla discussão que não caberá no texto deste fascículo, pois requer múltiplas interpretações e análise de autores.. A compreensão da elaboração de hipóteses consiste na percepção de que é uma forma de raciocínio e de argumentação, devendo ser compreendida no âmbito da pesquisa social como uma hipótese é simplesmente definida como suposição formulada pelo pesquisador a respeito de possíveis soluções a um problema colocado na pesquisa, principalmente ao nível observacional. (THIOLLENT, 2005, p.56). “O papel fundamental da hipótese na pesquisa é sugerir explicações para os fatos.”(GIL, 2008, p. 60). As hipóteses são ‘sugestões’que apontam para a solução do problema de pesquisa, podendo ser verdadeiras ou falsas, visando sempre à verificação empírica. (GIL, 2008). 2.3 Tipos de hipóteses Marconi e Lakatos afirmam que “no início de qualquer investigação, devem-seformularhipóteses,embora,nosestudosdecarátermeramente exploratórios ou descritivos, seja dispensável sua explicitação formal.” (2010, p.164-165). Com vistas a tornar as informações sobre pesquisa mais completas apresentaremos os tipos de hipóteses, segundo Gil:
  • 41. O PROCESSO DE PLANEJAMENTO DA PESQUISA | UNIDADE 2 41 Sexo, por exemplo, é uma variável, pois envolve duas categorias: masculino e feminino. Classe social também é variável, já que envolve diversas categorias, como alta, média e baixa. Idade constitui uma variável, podendo abranger uma quantidade infinita de valores numéricos. Outros exemplos de variáveis são: estatura, estado civil, nível de escolaridade, agressividade, introversão, conservadorismo político, nível intelectual etc. Fonte: GIL, Antonio Carlos (2008, p.61-62). Observe exemplos de hipóteses. a) Casuísticas: Pode-se formular a hipótese de que Shakespeare nun- ca existiu; que as obras literárias a ele atribuídas foram na realidade escritas por outras pessoas. Outro exemplo: O livro de Moisés e o monoteísmo, de Freud, inicia-se com a hipótese de que Moisés era egípcio e não judeu.; b) Hipóteses: que se referem à frequência de acontecimentos: Pode- -se formular a hipótese de que o hábito de ler romances policiais é muito intenso num grupo de universitários. Ou então a hipótese de que a crença em horóscopos é muito difundida entre os habitantes de determinada cidade. Fonte: GIL, Antonio Carlos (2008, p.60-61). Hipóteses casuísticas: Algumas hipóteses referem-se a algo que ocorre em determinado caso; afirmam que um objeto, ou uma pessoa, ou um fato específico tem determinada característica. [...] As hipóteses casuísticas são muito frequentes na pesquisa histórica, em que os fatos são tidos como ‘únicos’, no sentido de que não se repetem. Hipóteses que se referem à frequência de acontecimentos: Hipóteses deste tipo aparecem em pesquisas descritivas sobretudo no âmbito da Antropologia, Sociologia e Psicologia Social. De modo geral, antecipam que determinada característica ocorre, com maior ou menos intensidade, num grupo, sociedade ou cultura. (2008, p.60-61). 2.3.1Hipótesesqueestabelecemrelaçõesentrevariáveis Para Gil “o termo variável é um dos mais empregados na linguagem das ciências sociais. [...] de maneira bastante prática, pode-se dizer que variável é qualquer coisa que pode ser classificada em duas categorias.” (2008, p.61-62). A indicação das variáveis exige que o pesquisador as elabore com clareza, objetividade e de forma operacional (MARCONI; LAKATOS, 2010). Assim, segundo Gil (2008) cabe esclarecer que o conceito de variável provém da matemática, sendo de natureza quantitativa. No âmbito das ciências sociais, boa parte das variáveis é qualitativa.
  • 42. PEDAGOGIA42 Leia esses exemplos. Agora, observando a relação entre tema, Problema de Pesquisa, Hipótese e Variáveis. • O tema: O ensino inicial da leitura e a compreensão leitora.; • O problema de pesquisa: Quais são as implicações metodológicas no ensino da leitura e seus reflexos na compreensão leitora por crianças na Educação Infantil?; • Hipótese: As metodologias de ensino da leitura representam fatores determinantes para a aprendizagem da criança. • Variáveis: Etapa de Ensino – categoria: Educação Infantil; Sexo – categorias: masculino e feminino; Classe Social – categorias: Alta, média, baixa; Idade – categorias: 3 e 4 anos (e outras). RESUMO Nesta Unidade ,estudamos o que é tema, título, problema de pesquisa, hipótese e variáveis, além de outras implicações durante o processo de elaboração de uma pesquisa científica. E você também aprendeu a relação entre os elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais. Apresentamos mais exemplos voltados a elaboração do seu texto no que se refere, em especial, ao texto do Problema de Pesquisa, das Hipóteses e suas variáveis. Assim, você observou a importância da elaboração do Projeto de pesquisa na fase inicial, ou seja, o Planejamento da Pesquisa. Espero que você tenha compreendido a relação entre a elaboração do Projeto de Pesquisa e a escrita da monografia que estará estritamente ligada às decisões tomadas na fase do Planejamento da Pesquisa.
  • 43. O PROCESSO DE PLANEJAMENTO DA PESQUISA | UNIDADE 2 43 1 2 LEIA COMPARANDO AS INFORMAÇÕES NASTRÊS COLUNAS. EM SEGUIDA RESPONDA AS QUESTÕES 1 A 3: FASES DA PESQUISA, segundo Minayo (2002) Planejamento Execução Redação ou Comunicação É a fase mais complexa, e por que não dizer, mais difícil do processo de investigação. Nesta fase são pensados e previstos, antecipadamente, quais as atividades que deverão ser desenvolvidas na pesquisa. É o momento em que se coloca em prática o que foi planejado. É a aproximação com o campo de estudo da pesquisa, ou seja, o recorte, a delimitação teórica e empírica que o pesquisador faz no seu estudo. É espaço em que o pesquisador deseja conhecer e criar novo conhecimento. É o momento em que transformamos os dados coletados em informações e conhecimentos. E nesta etapa o pesquisadordeveexplicar,istoé,descrever, evidenciar, o que foi coletado; discutir, ou seja, comparar as ideias contrárias; e, demonstrar por meio de argumentação, isto é, do raciocínio lógico, a evidência racional dos fatos de maneira ordenada. De acordo com nossos estudos a escolha do assunto, do tema ou fenômeno a ser estudado; o levantamento de materiais bibliográ- ficos e documentais; a delimitação e a formulação do problema de pesquisa; e, a elaboração da fundamentação teórica, correspondem a qual fase da pesquisa? a) Planejamento b) Execução c) Redação ou Comunicação Na fase da execução o que foi planejado na fase inicial da pesquisa é operacionalizado, visando busca de respostas. Pergunta-se a qual item este procedimento está diretamente relacionado? a) Problema de Pesquisa b) Delimitação do tema c) Levantamento bibliográfico
  • 44. PEDAGOGIA44 4 A fase da Redação ou Comunicação será estudada na Unidade 4, entretanto, já é possível perguntar o seguinte: Quais as possibilida- des de interpretação do trecho a seguir retirado da 3ª coluna? “E nesta etapa o pesquisador deve explicar, isto é, descrever, eviden- ciar, o que foi coletado; discutir, ou seja, comparar as ideias contrá- rias; e, demonstrar por meio de argumentação, isto é, do raciocínio lógico, a evidência racional dos fatos de maneira ordenada.” a) Este procedimento se refere ao Projeto de Pesquisa. b) Este procedimento se refere à Monografia. c) Nesta fase significa que a pesquisa foi concluída e o texto da monografia poderá ser comunicado publicamente. d) A questão a, é a única que não corresponde ao afirmado no trecho acima. A escolha do tema delimita o processo de elaboração exigindo do pesquisador a seleção do assunto de pesquisa. Desse modo, o que a escolha de um tema de pesquisa significa? Assinale a única opção que não responde a este questionamento: a. Selecionar um assunto de acordo com as inclinações, as pos- sibilidades, as aptidões e as tendências de quem se propõe a elaborar um trabalho científico; b. Encontrar um objeto que mereça ser investigado cientificamen- te e tenha condições de ser formulado e delimitado em função de quem pesquisa.”(LAKATOS; MARCONI, 2005, p.160); c. O tema deve ser preciso, bem determinado e específico. d. A disponibilidade de tempo, o interesse, a utilidade para pros- seguir o estudo, apesar das dificuldades, e para terminá-lo de- vem ser levados em consideração as qualificações pessoais, em termos de background da formação universitária, também são importantes; e. A escolha de um assunto sobre o qual, recentemente, foram pu- blicados estudos deve ser considerada, pois uma nova aborda- gem torna-se mais fácil. 3
  • 45. O PROCESSO DE PLANEJAMENTO DA PESQUISA | UNIDADE 2 45 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR: 14724: informação e documentação: trabalhos acadêmicos: apresentação. Rio de Janeiro: 2005a. FLICK, Uwe. Uma introdução à Pesquisa Qualitativa. 2.ed. São Paulo: Bookman, 2004. GATTI, Bernardete Angelina. A construção da pesquisa em educação no Brasil. 3.ed. Brasília: Liber Livro Editora, 2010. (Série Pesquisa 1) GIL, Antonio Carlos. Como elaborar Projetos de Pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. ___________. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2008. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de Metodologia Científica. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2010. MINAYO, Maria Cecília de Souza. (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 2002. MENDES, Gildásio; TACHIZAWA, Takeshy. Como fazer monografia na prática. 11.ed. Rio de Janeiro: FGV, 2006. SOLER, César Eduardo. Ideasparainvestigar: proyectos y elaboración de tesis y otros trabajos de investigación em Ciencias Naturales y Sociales. Rosario: Homo Sapiens Ediciones, 2009. THIOLLENT, Michel. Metodologia da Pesquisa-Ação. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2005.
  • 46.
  • 47. unidade ObjetivoS dESTA unidade Fazer a distinção entre diferentes conceitos de ciências, visando as relações de sentido para o desenho metodológico de uma pesquisa científica; Compreender aos termos metodologia, método, técnica de pesquisa e procedimentos de coleta de dados na estruturação do Marco Metodológico de uma pesquisa científica; Distinguir os diferentes métodos de pesquisa, visando articulação as ações do pesquisador com as atividades previstas nas fases do planejamento e da execução da pesquisa; Analisar o delineamento de uma Pesquisa Bibliográfica e Pesquisa de Campo, do tipo estudo de caso. 3 O PROCESSO DE EXECUÇÃO DA PESQUISA 3 INTRODUÇÃO Antes de iniciarmos esta unidade é necessário que você tenha realizado a atividade de aprendizagem da unidade II. Isso favorecerá o seu aprendizado para que acompanhe as explicações desta nova unidade, articulando-as com os novos termos pertinentes ao estudo do Marco Metodológico da Pesquisa. O tratamento dado ao conteúdo neste fascículo reforça a aprendizagem de conceitos ligados à metodologia da pesquisa aplicada à educação, visando compreensão quantos aos procedimentos do fazer pesquisa científica, entre outros aspectos. Nesse sentido você perceberá a estreita relação entre as fases de Planejamento e da Execução da pesquisa. Assim, nesta unidade teremos os conceitos de ciência, as bases epistemológicas da investigação educacional, a distinção entre senso comum e conhecimento científico para assim tratar dos métodos e técnicas de
  • 48. 48 PEDAGOGIA pesquisa e sua articulação com os procedimentos e sua utilização pelas ciências. Adecisãodaexposiçãodoconteúdopertinenteàsfasesdeplanejamento e da execução da pesquisa reforça que são processos articulados e, por isso, encadeados em um conjunto de ações do pesquisador. Agora, direcionaremos o seu olhar para a escrita do marco metodológico, ou seja, a execução de uma pesquisa científica, por isso, pode ser considerada a fase mais complexa do processo de investigação. 3.1 A ciência: natureza, classificação e peculia ridades Iniciamos afirmando a importância do conceito de ciência. Desse modo, destacaremos alguns conceitos, dada a noção complementar que cada autor apresenta. Diante desta afirmativa indicamos o Quadro 1, a seguir. AUTOR ANO CIÊNCIA GIL, A. Carlos (2008) “Etimologicamente, ciência significa conhecimento. Não há dúvida, porém, quanto à inadequação desta definição, considerando-se o atual estágio de desenvolvimento da ciência, como o conhecimento vulgar, o religioso e, em certa acepção, o filosófico.”(p. 20) OLIVEIRA, Maria Marly de. (2007) “ciência quer dizer conhecimento e implica racionalidade, objetividade, sistematização de ideias e possibilidade de verificação e demonstração através das informações obtidas no processo de estudo e/ou pesquisa, independentemente do ponto de vista do pesquisador.”(p.35) GARCIA, Francisco Luiz (1988) “Conhecer significa, fundamentalmente, descrever um fenômeno, sejam em suas peculiaridades estruturais, seja em seus aspectos funcionais; prever a probabilidade de ocorrência futura de um evento (ou relatar um outro evento passado); e, por fim, manipular e utilizar, adequadamente, um objeto qualquer, além de reproduzi-lo, alterando até, as suas características básicas. Descrever e manejar, eis a síntese do saber; daquele conhecimento que não conseguimos traduzir em palavras, ou empregar de alguma forma [...].”(p. 67) Quadro 1 - A ciência: o que é?
  • 49. O PROCESSO DE EXECUÇÃO DA PESQUISA | UNIDADE 3 49 CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro A. (2002, p.03) “A ciência é uma das poucas realidades que podem ser legadas às gerações seguintes. Os homens de cada período histórico assimilam os resultados científicos das gerações anteriores, desenvolvendo e ampliando alguns aspectos novos.” JAPIASSU, Hilton (1975, p.15-16) Porciência,[...],deveserconsideradooconjuntodeaquisiçõesintelectuais, de um lado, das matemáticas, do outro, das disciplinas de investigação do dado natural e empírico, fazendo ou não uso das matemáticas, mas tendendo mais ou menos à matematização. [...] [O autor usa] o termo ‘saber’ para designar uma série de disciplinas intelectuais. E classifica em Saber Geral, em saberes ‘especulativos’: A. Racional:Filosofia;B.CrenteouReligioso:Teologia;Ciências:A.Matemática; B. Empíricas e positivas. A L V A R E N G A , Estelbina Miranda. (2013) “Conjunto de conocimentos objetivos de objetos o fenômenos reales, obtenido por medio de razionamiento, a través de la aplicación del método científico en cualquier campo del conocimiento es demonstrable y provisional. (p.03) LAVILLE; DIONNE (1999) As ciências naturais e as ciências humanas tratam de objetos que não se parecem nem de longe. Com efeito, seus objetos são muito diferentes, por seu grau de complexidade e por sua facilidade de serem identificados e observados com precisão [...] (p.32). A epistemologia da ciência consiste em estudos sobre metodologia e, por isso são fundantes de uma pesquisa científica. Este fascículo busca o detalhamento da epistemologia da ciência, em forma de conceitos, pressupostos, e principalmente, os procedimentos de coleta de dados, quer sejam teóricos ou empíricos, que favoreçam a realização da ciência. Fonte: Sistematizado pela autora Epistemologia. No sentido bem amplo do termo, podemos considerar o estudo metódico e reflexivo do saber, de sua organização, de sua formação, de seu desenvolvimento, de seu funcionamento e de seus produtos intelectuais. Epistemologia vem de dois termos gregos: Epistéme e Ciência e Logos = tratado. Platão (427-348 a.C) distinguia epistéme = ciência exata, conhecimento certo, de Dóxia = opinião, probabilidade [...]. Fonte: Adaptado de JAPIASSU, 1975, p.16; 24-25.
  • 50. 50 PEDAGOGIA Empirismo. A expansão hegemônica da Inglaterra, no século XVIII, possibilitou a adoção do empirismo como concepção mais influente do século, adotada, com suas peculiaridades, pelos cientistas franceses, formando uma concepção que se consolidou e manteve influência dominante na Europa em todo o século XIX, entendendo-se até a metade do século XX. O empirismo propõe uma teoria do conhecimento que parte de dados singulares e, pela indução, atinge-se uma ideia geral; esta teoria fundamenta a concepção de coesão geral da sociedade a partir de indivíduos particulares seja pelo absolutismo esclarecido, como advogava Hobbes (1588-1678), ou pelo liberalismo, como preconizava Locke (1632- 1704). Como movimento filosófico, desenvolveu-se na Inglaterra com Locke, Berkeley (1685-1685-1753) e Hume (1711-1776) e John Stuart Mill (1806-1873). Para os empiristas, a fonte primordial do conhecimento é a experiênciaexternaquederivadocontatoimediatodeumsujeitocomum objeto sensível que é exterior a esse sujeito. As sensações e percepções, que formam a experiência externa, compõem os dados empíricos a partir dos quais se estruturam noções mais gerais e complexas. A ideia resulta da universidade das percepções externas do mundo empírico que percutem os sentidos e, neles, ficam impressas. O conhecimento é um processo indutivo que se inicia com os dados particulares, ou empíricos, e atinge noções mais gerais. [...] Fonte: CHIZZOTTI, Antonio, 2006, p.39-40. Com esse pano de fundo sobre ciências, destacamos ainda: A necessidade de uma Ciência voltada para uma realidade geográfica e social, para os problemas que afligem e sufocam o povo, uma Ciência centrada sobre a realidade específica, isto é, alicerçada sobre os recursos naturais de uma região particular e gerando técnicas e implementos compatíveis com uma determinada cultura [...] Isso significa que não se deve adotar cegamente um paradigma importado da Ciência, sem qualquer adaptação ou adequação; antes é necessário que se desenvolva um modelo científico próprio, com uma linguagem e uma metodologia particulares [...] para uma eficácia maior; um modelo voltado, de fato, para a solução dos problemas mais urgentes e angustiantes de uma região; um modelo que faça crescer, efetivamente, o bem-estar e a satisfação da população e não sirva apenas para enriquecer os currículos de uns poucos pesquisadores ou para beneficiar pequenos grupos privilegiados. (GARCIA, 1988, p.78). A citação acima destaca, implicitamente, a estreita relação entre os passos adotados pelo pesquisador no momento da seleção do tema, da definição do problema de pesquisa, da fundamentação teórica e as
  • 51. O PROCESSO DE EXECUÇÃO DA PESQUISA | unidade 3 51 implicações na definição dos métodos e da abordagem de pesquisa adotada na investigação. 3.2 Correntes do pensamento contemporâneo: a educação e as pesquisas sociais Observe que em nossa exposição teórica encaminhamos os aspectos que obrigatoriamente devem ser compreendidos, bem como inseridos em seu trabalho científico. Desse modo, esse capítulo ficaria incompleto de deixássemos de expor, mesmo que brevemente, sobre os enfoques de pesquisa em ciências sociais.Paratanto,organizamosoQuadro1quecaracterizasucintamente as diferenças entre Positivismo, Fenomenologia e Marxismo, estando de acordo com Triviños (1987). Positivismo Fenomenologia Marxismo É uma tendência dentro do Idealismo Filosófico e representa nela uma das linhas do Idealismo subjetivo. Suas raízes podem ser encontradas no empiricismo, já na antiguidade. (p.33). A fenomenologia representa uma tendência dentro do idealismo filosófico e, dentro deste, ao denominado idealismo subjetivo. A fenomenologia de Husserl [...] teve grande influência na filosofia contemporânea. [...] O existencialismo, se alimentou na fonte fenomenológica. Heidegger, Sartre, Merleau-Ponty, representam o existencialismo ateísta. Van Breda, Marcel e Jaspers, entre outros, cultivam uma linha de crença em Deus. (p.41-42). O marxismo compreende três aspectos principais: o materialismo dialético, o materialismo histórico, e a economia política. (p.49) O marxismo se inclui como uma tendência dentro do materialismo filosófico que [...] apresenta várias linhas do pensamento. (p.49) BASESFILOSÓFICAS Quadro 2 - Três enfoques na pesquisa em ciências sociais
  • 52. 52 PEDAGOGIA O positivismo, sem dúvida, não nasceu espontaneamente, no século XIX, com Augusto Comte. Mas as bases concretas e sistematizadas dele estão, seguramente, nos séculos XVI, XVII e XVIII, com Bacon, Hobbes e Hume, especialmente. (p.33). A ideia fundamental, básica da fenomenologia, é a noção de intencionalidade. [...] é da consciência que sempre está dirigida a um objeto. Isto tende a reconhecer o principio que não existe objeto sem sujeito. (p.41-42). Reconhecem-se como fontes diretas do marxismo o idealismo clássico alemão (Hegel, Kant, Schelling, Fichte), o socialismo utópico (Saint- Simon e Fourier, na Franca, e Owen, na Inglaterra) e a economia politica inglesa (D.Ricardo e Smith). (p.50) Facilmente se observa que a filosofia positivista se colocou no extremo oposto da especulação pura, exaltando, sobretudo os fatos. (34). É o estudo das essências, e todos os problemas, segundo elas, tornam a definir essência da percepção, a essência da consciência, por exemplo. (p.43) O materialismo dialético é a base filosófica do marxismo e como tal realiza a tentativa de buscar explicações coerentes, lógicas e racionais para os fenômenos da natureza, da sociedade e do pensamento. (p.51) Fonte: TRIVIÑOS, (1987) Reforçamos a impossibilidade de aprofundamento do estudo sobre as bases filosóficas, expostas no Quadro 2. Para o momento, acrescentamos que uma pesquisa será considerada de cunho positivista pela utilização da linguagem matemática, pois tal linguagem permite aos cientistas serem neutros. Outra característica é a utilização do método quantitativo operacionalizado por meio de instrumentos de coleta de dados, a exemplo do questionário fechado, dos testes, da observação, entre outros. Nas pesquisas fenomenológicas os instrumentos de coleta de dados predominantemente, são: “observação participante, entrevistas, história de vida, relatos autobibliográficos (escrita ou oral), depoimentos, vivências, narrações e análise do discurso.” (SANTOS, Maria; SANTOS, Ribeiro, 2010, p.35). E leia ainda, algumas características do método fenomenológico: Permite explorar situações, valores e práticas com base na visão de mundo dos próprios sujeitos. Permite descobrir conhecimentos, ao invés de verificar o saber já conceituado. Os resultados da pesquisa não são generalizáveis estatisticamente, uma vez que se
  • 53. O PROCESSO DE EXECUÇÃO DA PESQUISA | unidade 3 53 trabalha com amostras intencionais e experiências singulares. Exige do pesquisador habilidade para interagir com o pesquisado, conduzindo a entrevista sob a forma de diálogo, reconduzindo a exploração de temas no decorrer da entrevista e mantendo-se atento a possíveis desvios relacionados à autenticidade do relato. (VERGARA, 2005 apud SANTOS, Maria; SANTOS, Ribeiro,2010, p.34). Considerando o já afirmado com Triviños (1987), no quadro 2, acrescentamos que em pesquisa educacional o enfoque epistemológico do materialismo mais adotado por pesquisadores é o histórico-dialético. Assim, A dialética materialista não é uma instância verificada do conhecimento obtido, mas meio e método de transformação do conhecimento real por meio da análise critica do material factual, concreto, um modo de análise concreta do real, dos fatos reais. (BENITE, 2009, p.6). Acredito que neste ponto do estudo você já deve ter percebido as muitas implicaçõesenvolvidasnaescolhadeummétodo.Entãopercebatambém a relação existente com a postura do sujeito investigador, pois a pesquisa científica é uma tarefa filosófica que exigirá do pesquisador“a localização da relação sujeito-objeto como questão central. [...] Compreender a relação sujeito-objeto é compreender como o ser humano se relaciona com‘as coisas’, com a natureza, com a vida.”(BENITE, 2009, p.2-3). Por fim, destacamos que os instrumentos de coleta de dados desta abordagem dialética, são: “fontes históricas, observação, entrevistas, questionários.”(SANTOS, Maria; SANTOS, Ribeiro, 2010, p.39). 3.2.1 O conhecimento científico : breves considerações Por conseguinte, sugerimos a retomada do quadro 1. Observe entre as concepções de ciência, que alguns autores a relacionam com conhecimento. Assim a explicação de Gil (2008, p.20) afirma “o fato de não se aceitar a definição etimológica não significa, porém, que seja possível hoje definir-se de forma bastante clara o que é ciência.”
  • 54. 54 PEDAGOGIA As Ciências Sociais estudam as relações sociais: o homem e sua dinâmica com a sociedade, com a comunidade, com os grupos sociais, com as organizações. Segundo a literatura, essa abordagem visa explorar a realidade de forma mais completa e profunda possível, destacando o significado e a intencionalidade inerentes aos atos, às relações e às estruturas sociais nas quais estão inseridos os seres humanos. (ZANELLA, 2009, p.55). As ciências humanas que se distinguem das ciências naturais pelo fato de tratarem de seres humanos, embora a biologia e a medicina também estudem. Por outro lado, algumas ciências humanas interessam-se por fenômenos naturais: é o caso da geografia quando trata da geografia física. As ciências humanas estudariam então os seres humanos sob o ângulo de sua vida em sociedade? Ter-se-ia assim o equivalente do que muitos, especialmente os anglo-saxões, preferem nomear ciências sociais. [...] mas a psicologia que gosta de estudar o ser humano em um plano individual [...] como os anglófonos da América do Norte e falasse das ciências sociais e do comportamento [...]. Na realidade, tais definições são questão de cultura, de tradição, de experiência, de história. (LAVILLE; DIONNE, 1999, p.65). GARCIA, Francisco Luiz. Introdução crítica ao conhecimento. Campinas, SP: Papirus, 1988. A dica de leitura destaca um livro de uma única edição, 1988. Apesar de antiga, a obra foi selecionada pela relevância do conteúdo que articula os temas pesquisa e aprendizagem escolar. Especulo que talvez a não reedição tenha decorrido do direcionamento do autor ao tema educação. Sugerimos buscas em sites, sendo que resultará numa longa lista de sebos virtuais ou, então, de artigos com pesquisas que citam esta obra. JAPIASSU, Hilton. Introdução ao pensamento epistemológico. 7.ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1992. Essa obra é um clássico na área de pesquisa, não só educacional. O autor discorre sobre o pensamento epistemológico. Uma dica interessante é que você poderá acessá-lo gratuitamente. Acesse-o por esse link: https://www.passeidireto.com/arquivo/2894022/japiassu-hilton--- introducao-ao-pensamento-epistemologico CERVO. Amado L.; BERVIAN, Pedro A. Metodologia científica. São Paulo: Prentice Hall, 2002. Este livro aborda sobre o conhecimento científico, além do trinômio verdade – evidência – certeza. Na parte II faz um detalhamento sobre Métodos eTécnicas de Pesquisa. Na parte III dedica ao tema Pesquisa uma extensa discussão. Na parte IV, além de outros temas os autores explicam sobre a formatação técnica de um trabalho científico. Ao adquirir este livro busque edições mais recentes, considerando adequações às NBR da ABNT. Boa leitura!
  • 55. O PROCESSO DE EXECUÇÃO DA PESQUISA | unidade 3 55 Neste sentido, essa discussão implica na apresentação dos diferentes níveis de conhecimento (Figura 1). Perceba que os autores demonstram nesta representação que o homem (chamado de sujeito) não age diretamente sobre as coisas (chamadas de objeto). E o homem ao fazer ciência necessita de instrumentos entre ele e seus atos, pois “no processo de conhecimento, o sujeito cognoscente se apropria, de certo modo, do objeto conhecido”. (CERVO; BERVIAN; DA SILVA (2007, p.5). SUJEITO CONHECIMENTO OBJETO TEOLÓGICO FILOSÓFICO CIENTÍFICO EMPIRICO Figura 1- O conhecimento e seus níveis Fonte: CERVO; BERVIAN; DA SILVA (2007, p.6) Desse modo, para efeito do estudo nesta unidade apresentamos destaque a dois níveis de conhecimento, ao empírico e ao conhecimento científico. E, por isso, preparamos um quadro comparativo que apresenta estes itens, a partir dos termos senso comum e conhecimento científico, estando de acordo com Chauí (Quadro 3). QUADRO COMPARATIVO – CARACTERÍSTICAS CONHECIMENTO SENSO COMUM CONHECIMENTO CIENTÍFICO • Subjetivo • Objetivo • Qualitativo • Quantitativo Quadro 3 - Senso Comum e Conhecimento Científico
  • 56. 56 PEDAGOGIA • Heterogêneo • Homogêneo • Individualizador (por serem qualitativos e heterogêneos. Mas, também são generalizadores, pois tendem a reunir em uma só opinião ou uma só ideia coisas e fatos julgados semelhantes) • Generalizador, pois reúne individualidades, percebidas como diferentes, sob as mesmas leis, os mesmos padrões ou critérios de medida, mostrando que possuem a mesma estrutura. • Estabelece relação de causa e efeito entre as coisas e os fatos • Só estabelece relações causais depois de investigar a natureza ou estrutura do fato estudado e suas relações com outros semelhantes ou diferentes. • Não se surpreende e nem se admira com regularidade, constância, repetiçãoediferençadascoisas,masao contrário, a admiração e o espanto se dirigem para o que é imaginado como único, extraordinário, maravilhoso ou miraculoso. • Surpreende-se com a regularidade, a constância,afreqüência,arepetiçãoea diferença das coisas e procura mostrar que o maravilhoso, o extraordinário ou o ‘milagroso’ é um caso particular do que é regular, normal, frequente. • Tende a não compreender o que seja investigação científica, identificando-a com a magia, considerando que lida com o misterioso, o oculto, o incompreensível. • Distingue-se da magia. A magia admite uma participação ou simpatia secreta entre coisas diferentes, que agem umas sobre as outras por meio de qualidades ocultas e considera o psiquismo humano uma força capaz de ligar-se a psiquismo superiores (planetários, astrais, angélicos, demoníacos) para provocar efeitos inesperados nas coisas e nas pessoas. • Costuma projetar nas coisas ou no mundo sentimentos de angústia e de medo diante do desconhecido. • Afirma que, pelo conhecimento, o homem pode libertar-se do medo e das superstições, deixando de projetá- los no mundo e nos outros.
  • 57. O PROCESSO DE EXECUÇÃO DA PESQUISA | unidade 3 57 • Por ser subjetivo, generalizador, expressões de sentimentos de medo e angústia e de incompreensão quanto ao trabalho científico, nossas certezas cotidianas e o senso comum de nossa sociedade ou de nosso grupo social cristalizam-se em preconceitos com os quais passamos a interpretar toda a realidade que nos cerca e todos os acontecimentos. • Procura renovar-se e modificar- se continuamente, evitando a transformação das teorias em doutrinas e destas, em preconceitos sociais. O fato científico resulta de um trabalho paciente e lento de investigação e de pesquisa racional, aberto a mudanças, não sendo nem um mistério incompreensível nem uma doutrina geral sobre o mundo Fonte: CHAUÍ, Marilena (1995) Para que você compreenda essa comparação entre senso comum (conhecimento especulativo) e conhecimento científico, apresentamos alguns exemplos, conforme a seguir: Exemplo A: Provavelmente faz parte de sua vida ou de sua família o uso medicinal, na forma de chá, da planta denominada hortelã. As pessoas sabem que esta planta melhora determinados sintomas, como mal-estar geral, cólicaintestinal,masnãoconhecemasrazões,istoé,não sabem explicar ‘como’, nem ‘por que’ ocorre a melhora dos sintomas. É um conhecimento transmitido de geração para geração por meio da educação informal, independente de estudos e pesquisas; Exemplo B: A planta Mandevilla illustris é popularmente conhecida como ‘Purga-do-Campo’ ou ‘Rosa-do-Campo’ e é uma planta nativa brasileira usada para tratar diferentes moléstias, particularmente inflamação decorrente de picada de cobra [conhecimento popular]. Pertencente à família Apocynaceae esta planta se destaca por apresentar uma grande diversidade no que se refere às ações farmacológicas e classes de metabólitos secundários que apresenta, dentre eles os alcalóides. [...] Como a planta pertence aos mesmos gêneros de M. velutina e é utilizada na medicina popular para o mesmo fim, Calixto e Yunes (1991) iniciaram estudos verificando os efeitos do extrato hidroalcoólico sobre a contração do útero de ratas induzida por quininas. [...] (CALIXTO; BRUM; YUNES, 1991, apud ZANELLA, 2005) A utilização da planta hortelã (exemplo A) representa um conhecimento especulativo. Em contrapartida no exemplo B, observa-se os conhecimentos especulativo e científico – tendo a caracterização dos passos de modo a avançar do conhecimento meramente especulativo por meio de estudos em laboratório – com a definição dos aspectos metodológicos como, por exemplo: a identificação do tipo de pesquisa, tipo de amostragem, coleta e levantamento de dados, análise e
  • 58. 58 PEDAGOGIA interpretação de resultados, entre outros procedimentos – como elementos da pesquisa científica. Além do destaque dado à ciência (e ao conhecimento científico) afirmamos que a interpretação de fatos da vida cotidiana, inserida no contexto do conhecimento especulativo ou do senso comum, causa interpretação distorcida da realidade (particular ou geral) que nos cerca. Com base na comparação e nos exemplos percebemos que é imprescindível que em educação sejam superadas as dificuldades na distinção entre os conhecimentos especulativos (senso comum) e os científicos. O pedagogo enfrenta o desafio nas esferas da ética e da neutralidade científica, necessária a qualquer pesquisador. Assim, a observação da realidade deve ser feita de modo imparcial, crítico e criterioso, pois este prosedimento é fundamental para quem faz investigação científica. Nesse contexto, observe a informação sobre a definição dos termos. Acreditamos que esclarece a importância de adotar uma postura de pesquisador no campo de estudo para que estudante de pedagogia possa entender e extrapolar a linguagem comum. Definição dos termos pode ser encontrada separada da revisão da literatura, incluída como parte da revisão da literatura ou colocada em diferentes seções de uma proposta. Fonte: CRESWELL, John W., 2010, p.67. [Citam-se exemplos], num estudo sobre inclusão podem ser definido o seguinte termo: conceitos de diferença; aplicado a pessoas, o vocabulário diferença é, particularmente, polissêmico e polifônico pela multiplicidade de perspectivas de que se reveste nas práticas sociais e na medida em que se apoia em alguns ‘marcadores’ tais como: gênero, classe social, geração, raça, etnia, características físicas, mentais e culturais, segundo diferentes conotações. [...] No caso de pessoas em situação de deficiência, certamente o contexto semiótico no qual se inscreve uma sala de aula produzirá enunciados sobre suas diferenças bem distintos daqueles que seriam produzidos num outro contexto como, por exemplo, uma indústria. Enquanto na sala de aula é a aprendizagem do sujeito que servirá como ‘marcador’ da diferença, na empresa serão outros ‘marcadores’, dentre os quais a produtividade. Fonte: CARVALHO, (2012, p.13-15). Semiótico adjetivo 1. relativo ou pertencente à semiótica. "análise s." / 2. relativo a signos (linguísticos ou não). Fonte: https://www.google.com.br/ <Acesso em: 03 out. 2015>
  • 59. O PROCESSO DE EXECUÇÃO DA PESQUISA | unidade 3 59 4 MÉTODOS CIENTÍFICOS Estes, implicam em uma sucessão de passos que se seguem uma investigação. Observemos que constitui o conjunto de procedimentos sistemáticos e lógicos que guiam a investigação, com o propósito de adquirir informações confiáveis e válidas, para alcançar novos conhecimentos, ou buscar formas de melhorar as condições de vida das pessoas ou de uma comunidade e alcança o ciclo completo da investigação (ALVARENGA, 2013). De acordo com Marconi e Lakatos (2010, p.83) “todas as ciências caracterizam-se pela utilização de métodos científicos; em contrapartida, nem todos os ramos de estudo que empregam estes métodos são ciências”. Assim, método. é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros – traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista. (MARCONI; LAKATOS, 2010, p.83). Entre as muitas decisões de um pesquisador, a primeira etapa do método propostoporPopper(1997,p.181apudMARCONI;LAKATOS,2010,p.97)é o surgimento do problema. Este, por sua vez, vai desencadear a pesquisa, pois toda investigação nasce de algum problema teórico-prático. Este problema dirá o que relevante ou irrelevante observar, os dados que devem ser relacionados. 4.1 Métodos e técnicas de pesquisa: procedimentos e sua utilização pelas ciências A posição adotada neste trabalho para conceituar métodos e técnicas tem como base a posição de Cervo e Bervian. Podem-se chamar de técnicas aqueles procedimentos específicos utilizados por uma ciência determinada [...] assim há técnicas associadas ao uso de certos testes de laboratório, ao levantamento de opiniões de massa, à coleta de dados estatísticos; há técnicas para conduzir
  • 60. 60 PEDAGOGIA uma entrevista, para determinar a idade em função do carbono, para decifrar inscrições desconhecidas, etc. [...] O conjunto destas técnicas gerais constitui o método. Métodos são, portanto, técnicas suficientemente gerais para se tornarem procedimentos comuns a uma área das ciências ou a todas as ciências. (2007, p.39). E ainda é possível afirmar que para muitos autores de metodologia científica que a seleção do método é a parte mais concreta. A maioria dos especialistas faz uma distinção entre método e métodos, por se situarem em níveis claramente distintos, no que se refere à sua inspiração filosófica, ao seu grau de abstração, à sua finalidade mais ou menos explicativa, à sua ação nas etapas mais ou menos concretas da investigação e ao momento em que se situam. Partindo dessa diferença, o método se caracteriza por uma abordagem mais ampla, em nível de abstração mais elevado, dos fenômenos da natureza e da sociedade. É, portanto, denominado de método de abordagem, que engloba o indutivo, o dedutivo, o hipotético-dedutivo e o dialético. [Por sua vez,] Os métodos de procedimento constituem etapas mais concretas da investigação, com finalidade mais restrita em termos de explicação geral dos fenômenos menos abstratos. [...] Nas ciências sociais os principais métodos de procedimentos são: histórico, comparativo, monográfico ou estudo de caso, estatístico, tipológico, funcionalista, estruturalista. (MARCONI; LAKATOS, 2010, p.223-224). O afirmado pelas autoras destaca termos pesquisa, métodos, técnicas, entre outros. E para que você entenda esta informação de modo esquemático, observe as Figuras 2 e 3, a seguir: Natureza Trabalhocientíficooriginal Novasdescobertas Resumo de assunto Formaçãotreinamento Objeto Pesquisa bibliográfica Pesquisa de campo Pesquisadelaboratório PESQUISA Classificação das ciências, métodos e técnicas Figura 2 - Tipologia da Pesquisa Fonte: Cervo e Bervian, (2002, p.38)
  • 61. O PROCESSO DE EXECUÇÃO DA PESQUISA | unidade 3 61 Esta representação nos auxilia no entendimento do termo pesquisa, considerando o já afirmado anteriormente, acrescentamos que é uma atividade voltada para a solução de problemas. Assim, fazemos pesquisa quando buscamos respostas para perguntas por meio de processos científicos. Para tanto, analise na Figura 2 que a pesquisa possui natureza e objeto. Observe também que o objeto da pesquisa subdivide-se em Pesquisa Bibliográfica, Pesquisa de Campo e Pesquisa de Laboratório. Para tanto, afirmamos que uma investigação pode ser teórica (Pesquisa Bibliográfica) e/ou Teórica e Empírica (Pesquisa Bibliográfica mais Pesquisa de Campo, por exemplo). Avancemos nesta compreensão, agora analisando a Figura 3. INVESTIGAÇÃOCIENTÍFICA ENFOQUES Qualitativo Misto Quantitativo Indução Imersão inicial no campo Interpretação contextual Flexibilidade Coleta de dados Dedução Pesquisa Experimentação Perguntas e Hipóteses Coleta de dados Combinação do qualitativo e do quantitativo Figura3-InvestigaçãoCientífica Fonte: Sistematizado de Sampieri et al (2004, p.2) NaFigura2ressaltamosotermoobjetodepesquisa,issoporqueasciências, subdividem-se de acordo com a natureza do objeto que investigam. Uma determinada área das ciências (ciências da educação, por exemplo) pode ter o mesmo objeto de investigação e, por isso, poderá ser subdividida em estudos de objetos, por exemplo: sala de aula , didática, planejamento, avaliação, relação entre professores e alunos, tecnologias aplicadas à educação, entre outros.
  • 62. 62 PEDAGOGIA A partir da definição (ou seleção) de um objeto da investigação cabe também uma definição de enfoques dados à pesquisa para a obtenção de respostas ao problema da pesquisa. Retome a análise da figura 3. Observe que há três enfoques: O qualitativo, o quantitativo e o misto, segundo Sampieri (2004). Esta argumentação evidencia o seguinte“o método se adapta, às diversas ciências, na medida em que a investigação de seu objeto impõe ao pesquisador lançar mão de técnicas especializadas”. (CERVO; BERVIAN, 2007, p.40). Estes autores também distinguem três áreas em relação aos métodos, a saber: 1) Pesquisa bibliográfica, especifica das ciências humanas; 2) Pesquisa de campo, especifica das ciências sociais. 3) Pesquisa de laboratório, especifica das ciências de biológicas e naturais (CERVO; BERVIAN, 2007). Pesquisa bibliográfica: pode ser realizada independentemente ou como parte da pesquisa de campo e de laboratório. Em ambos os casos busca conhecer as contribuições culturais ou científicas do passado. [...] A pesquisa bibliográfica é meio de formação por excelência. Como trabalho científico original constitui a pesquisa propriamente dita na área das ciências humanas. Fonte: (CERVO; BERVIAN, 2007, p.40). Pesquisa campo: é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou, ainda descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles. Consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados e eles referentes e no registro de variáveis que se presume relevantes, para analisá-los. [...] As fases da pesquisa de campo requerem, em primeiro lugar, a realização de uma pesquisa bibliográfica sobre o tema em questão. Ela servirá, em primeiro passo, para se saber em que estado se encontra atualmente o problema, que trabalhos já foram realizados a respeito e quais são as opiniões reinantes sobre o assunto. Como segundo passo, permitirá que se estabeleça um modelo teórico inicial de referência, da mesma forma que auxiliará na determinação das variáveis e elaboração do plano geral da pesquisa. Fonte: (MARCONI; LAKATOS, 2010, p.188). Pesquisa de Laboratório: ela descreve e analisa o que será ou ocorrerá em situações controladas. Exige um instrumental específico, preciso, e ambientes fechados. [...] A pesquisa de laboratório, na observação de indivíduos e grupos, está mais relacionada ao campo da Psicologia Social e ao da Sociologia. Fonte: (MARCONI; LAKATOS, 2010, p.192).
  • 63. O PROCESSO DE EXECUÇÃO DA PESQUISA | unidade 3 63 5 A EXECUÇÃO DA PESQUISA De acordo com a discussão na seção anterior, evidenciamos que o método se adapta, às diversas ciências para tanto a investigação do objeto impõe ao pesquisador a escolha de técnicas especializadas. Assim, na área das ciências humanas podemos decidir por uma pesquisa bibliográfica, independentemente da pesquisa de campo, por exemplo. Entretanto, discutiremos a seguir como fazer uma Pesquisa Bibliográfica e uma Pesquisa de Campo, em um mesmo trabalho investigativo. Para tanto trataremos da fase de execução, sendo compreendida como o momento de por em prática o que foi planejado na fase inicial da pesquisa. Desse modo, o pesquisador fará uma aproximação com o campo de estudo. E com Zanella afirmamos que nas pesquisas aplicadas a fase da execução implica em três momentos: 1) Preparação do campo de pesquisa: nesta etapa o pesquisador se aproxima das pessoas envolvidas buscando aprovação e consentimento para a execução da pesquisa e para posteriormente elaborar os instrumentos de coletas de dados; Entrada no campo: é o momento de interação direta com os atores sociais envolvidos na pesquisa, com os documentos para leitura e com o local da observação; e Análise e interpretação de dados: este é o momento de relacionarmos os dados coletados com o problema, com os objetivos da pesquisa e com a teoria de sustentação, possibilitando abstrações, conclusões, sugestões e recomendações relevantes para solucionar ou ajudar na solução do problema ou para sugerir a realização de novas pesquisas. (2009, p.102). Estando de acordo com o conteúdo trabalhado nas unidades 1 e 2 representamos um tema e um problema de pesquisa, visando possibilidades de metodologia e procedimentos de coletas de dados. Ressaltamos que tratar-se de um exemplo de pesquisa fictício. Assim, observe as informações Quadros 3 e 4, a seguir: