Laura sonha que encontra um gato falante que a leva para uma cidade cinzenta onde as cores foram banidas por uma Rainha malvada. O gato diz a Laura que só ela pode encontrar a passagem secreta para o castelo da Rainha e devolver as cores para a cidade. Laura consegue chegar ao castelo e descobre que a Rainha é sua irmã gêmea. Ao acordar, Laura vê que estava tudo em seu sonho.
2. Amenina sabia que só podia ser umsonho. Ehavia
coisa melhor doque saber que estava sonhando? Poderia
fazer o que quisesse. Aqueleera seu mundo! Sorriu
alegremente efalou:
—Olá, senhorgato!
— Vamos, miau, estamos atrasados! —foi a única coisa
que o gato-homem ou homem-gato lhe diria antes de
dar-lhe as costas e desaparecer pela parede.
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3. Laurinha saltou da cama e o seguiu. Encontraria
novamente o gato parado na frente de um laguinho
no quintal:
— Venha, Laura! —dito isso, o bichano saltou e
sumiunas águas escuras dolago. Laura hesitou.
Estava depijamas, iria se molhar toda. Eaquela
água parecia estar tão friiiiaaa... “Mas estou
sonhando... Emsonhos, a gente se molha?” Epulou
deolhos fechados nas águas dalagoa. Quandoabriu
os olhos, estava numa rua também escura, estreita e
sem cor nenhuma. Ascasas daquela ruazinha eram
cinzentas, grandes e antigas. Até o céu eraestreito
e acinzentado, como filme antigo. Ouviua voz do
gato-homem:
—ARainha expulsou as cores dessa cidade.
—E onde essa Rainha está? Por que fez isso?
— Ninguémsabe, miau. Aliás, nunca ninguém a
viu. Só a obedecemos,senão....
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4. —Senão o quê? —estranhou Laurinha, ainda se
acostumando com aquele gato esquisito.
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—Miau, todos que desobedeceram às ordens da
Rainha, desapareceram misteriosamente. Ela é má,
miauuuuu.Olha ali... —apontou o gato para umcastelo
detorres negras. —Aqueleé o seu castelo. Está ali,
agora, mas vive mudandodelugar. Podeestar dolado de
onde nasce o Sol, assim como dolado deonde se põe. Às
vezes nem o vemos. Porisso, é impossível chegar nele.
Miau. Querdizer, pelo menos impossível para nós que
somos desse mundo... Você, talvez...
5. Agarota não pareceu surpresa. Desdeo início,
suspeitava que estivesse, ali, poralgummotivo.
– Seu gato, como poderia fazer isso?
– Se conseguir chegar, lá, antes que ele troque de
lugar ou suma, você encontrará umapassagem secreta,
que é tão secreta, que nem a rainha sabe que existe.
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6. Daí, o gato, segurando a mão dela, atravessou uma
casinha. Aoentrar nela, Laura ficou maravilhada. Todas
as suas antigas bonecas estavam, ali, mas agora eram
grandes e piscavam seus olhinhos deplástico.
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Eles passaram entre duasdelas que, ocupadas em
contar histórias deLaurinha, nem notaram a visita. Foi
quando entraram numa espécie detúnel. Ogato parou:
– Daquiemdiante, é com você. Miau. Se o castelo
estiver dooutro lado, ainda, você chegará lá. Caso
contrário, não sei se nos veremos denovo.
7. – E se der certo, seu Gato, o que eu farei quando
chegar lá?
– Minha querida, miau, se você conseguir chegar, lá,
acredite, saberá o que fazer.
Dizendo isso, o Gato entregou-lhe um desenho da
cidade cinzenta e de ruas vazias e desertas, porque as
pessoas se escondiam no escuro.
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8. Laura era corajosa e acreditava que podia acessar o
castelo. Apressou-se. Compouco, a voz dogato ia
desaparecendo, assim como o escuro aumentava. De
repente, sentiu-se tonta e caiu. Levantou a cabeça e
percebeu estar numa sala grande e também escura. Foi
quando ouviu passos e escondeu-se por trás deuma
poltrona deseda.
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9. A porta abriu numestrondo. Dela, surgiu, entre
dois espelhos, a Rainha, arrastando umalonga capa
vermelha. A menina não conseguia ver seu rosto, pois
usava umamáscara.
– Sei que você está aí, menina. Veio roubar meu
lugar?
– Não. Não quero nada de você, sua malvada.
Estou sonhando. Preciso acordar e, para isso, tenho
que devolver as cores para a cidade —desafiou Laura,
mesmo tremendo muito.
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10. A Rainha não acreditou naquela coragem da
menina egargalhou:
– As cores não me agradam, menininha. E eu sou a
Rainha. Não me importo com aquele povinho. Ele nem
as merecem. Evocê, sua metida, vai sair daqui agora.
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11. A Rainha, entretanto, também estava nervosa. Na
pressa, enrolou-se naquela sua longa capa, única cor do
local e, caiu de cara no chão, deixando cair a máscara.
Foi quando Laura descobriu algo impressionante: a
Rainha mátinha o seu mesmorosto, como se fosse uma
irmã gêmea daprópria Laura.
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12. – Você... sou eu? Não é possível!
Acapa vermelha enroscou todo o corpo darainha,
escondendo o rosto assustado dela atédesaparecer.
Laura, sem saber o que fazer, viu também que o chão
se tornava umredemoinho, puxando-a para baixo,
enquanto todas as coisas se comprimiam e se escondiam
numa gaveta dacômoda... até sumir tudo.
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13. Triiiiimmmmmmmmmmmmmm!foi o som que
Laura ouviu ao abrir os olhos e reconhecer a janela de
seu quarto, iluminada pelo dia que chegava.
– Laurinha, Laurinha, hora deir à escola, minha
filha. Chamava,a suamãe.
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14. Aoseu lado, umgato manhoso e sorridente dormia
enrolado emseu lençol. Embaixo dele, umdesenho
amassado revelava umacidadezinha, cheia decasarões
coloridos, com ruas repletas depessoas alegres e um céu
azul-anil dacor de sonho.
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