1) Pesquisas mostraram que sangue de ratos jovens injetado em ratos idosos melhorou a qualidade de vida e prolongou a vida destes, possivelmente devido à enzima GDF-11 presente no sangue jovem.
2) Estudos em parabiose (circulação sanguínea compartilhada) entre ratos jovens e idosos também mostraram benefícios nos mais velhos.
3) Os resultados podem ajudar no tratamento de doenças como Alzheimer, mas ainda não podem ser extrapolados para humanos
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
Entrevista para o Jornal da cidade bauru coluna pensar 12-05-14
1. BAURU, segunda-feira, 12 de maio de 2014 15
Ciência no Dia a Dia - Alberto Consolaro
Sangue de jovem recupera o idoso!
A
gora, humanos no país podem
participar de pesquisas e re-
ceber dinheiro. Interessante:
enquanto se restringem as pesquisas
em animais, alargam-se as possi-
bilidades para que sejam feitas em
humanos. O ser humano realmente
é quase incompreensível. Os que
estudam a mente humana acreditam
que a felicidade é feita de momen-
tos passageiros e se obtém pratican-
do a coerência do discurso do que se
fala com o que se pensa!
Quanto mais momentos coeren-
tes, maior a felicidade. Um exem-
plo: por aqui o cidadão exige todos
os tipos de direitos trabalhistas, pre-
videnciários, impostos baixos, dis-
criminação e tudo que uma demo-
cracia tem, mas consome produtos
chineses feitos com trabalho escra-
vo, infantil, trabalhadores com car-
ga horária o dobro da nossa e sem
direitos trabalhistas. A coerência é
moeda muito rara!
O próximo passo deve permitir
a venda de órgãos ou tecidos do
corpo para pesquisas e transplan-
tes. Afinal, temos dois rins, a parte
doada do fígado recupera rapida-
mente, temos 206 ossos, o sangue
é fabricado diuturnamente, o leite
também: se poderia viver de ven-
das de produtos do próprio corpo.
Por coerência, já alugamos nosso
corpo como força de trabalho, para
o sexo, ou ainda enfeitar festas e
exposições quando bonitos! Os ma-
nequins alugam seus corpos como
cabide e vitrine de exposição.
No dia a dia, mesmo que res-
tringido, se vende disfarçadamente
sangue e ossos humanos para serem
usados no fabrico de vários produ-
tos. Nas cirurgias ósseas é comum
se implantar em cavidades frag-
mentos de cadáveres humanos e ou
bovino junto com o coágulo san-
guíneo: uma prática muito comum
entre nós.
Os tecidos de nosso corpo, ou
nossas carnes, são sólidas, mas exis-
tem tecidos que são líquidos ou pas-
tosos. O sangue é um tecido líquido
que circula por dentro das artérias,
veias e coração. No sangue temos
células vermelhas e brancas fabrica-
das em série na medula óssea e joga-
das em no fluxo líquido, chamado de
plasma. Praticamente sabemos qua-
se tudo que tem neste líquido; são
íons, lipídeos, aminoácidos e prote-
ínas jogadas no sangue por muitos
órgãos, em especial o fígado.
SANGUE NOVO
Pelo perfil dos componentes do
sangue é possível saber quase tudo
sobre a saúde da pessoa. Pode-se ter
mais ou menos uma enzima, mais ou
menos uma proteína como os anticor-
pos, ou ainda, pode se determinar a
quantidade de íons como o cálcio. Se
sabe exatamente qual o perfil de cada
componente sanguíneo, considerando
sua qualidade e quantidade. A compo-
sição do sangue é largamente utilizada
para avaliar a saúde do paciente.
Em ratos idosos os pesquisadores
perceberam que ao receber sangue do-
ado de ratos jovens havia um retardo
e até uma reversão de alguns aspectos
do envelhecimento. Dois trabalhos in-
dependentes foram publicados e atri-
buíram estes efeitos do sangue jovem
a uma enzima que identificaram como
GDF-11 (Growth Differentiation Fac-
tor 11). Mas como conseguiram mos-
trar isto?
Primeiro pela parabiose, assim
chamado o estado em que dois corpos
são unidos cirurgicamente e comparti-
lham o mesmo sistema circulatório e
sangue. Após algum tempo transcorri-
do, os animais mais velhos retomaram
uma maior capacidade de recuperação
neuronal e muscular, além de outras
funções. Em um segundo experimen-
to os cientistas injetaram um prepa-
rado com GDF-11 em ratos idosos e
os mesmos resultados se repetiram:
o sangue de ratos jovens injetados
em idosos podem ajudar a melhorar
a qualidade de vida, prolongá-la ou
ainda potencializar a recuperação de
doenças, incluindo o Alzheimer.
Aexplicação para esta recuperação
pode ser a capacidade da GDF-11 em
orientar ou direcionar as células-tron-
co a se transformar em células adultas
de uma forma mais direta e objetiva,
sem que percam tempo em se locali-
zar e definir qual o caminho a tomar
em casos de necessidade. Os cientis-
tas são de equipes da Universidade de
Harvard que publicaram os resultados
na “Science”, e da Universidade da
Califórnia, na “Nature Medicine”.
Calma!!! O resultado ainda não
pode ser extrapolado para os humanos,
mas muita gente está ficando animada!
Será que estamos próximos a resolver
esta questão: “...Ah se os jovens sou-
bessem e se os velhos pudessem!”
Comunique-se
Email: consolaro@uol.com.br
OBSERVATÓRIO
Alberto Consolaro é professor
titular da USP - Bauru. Escreve
todas as segundas-feiras no JC.
Autismo e ambien-
te - Os genes são
herdados, mas seu
funcionamento sofre
influências mui-
to fortes do ambiente
como modificações do
metabolismo, drogas,
alimentação, com-
portamento, hábitos e
vícios. A ciência que
estuda os fatores que
influenciam o funcio-
namento dos genes
chama-se Epigenéti-
ca. Na revista JAMA,
cientistas ingleses e
suecos revelam que,
no autismo, os fato-
res epigenéticos são
mais importantes que
os próprios genes a
partir da análise de 2
milhões de pessoas,
incluindo milhares de
gêmeos. Se pensava
que o autismo era
90% genético. Mas
a influência do am-
biente é muito grande
e o estudo ressalta:
o aconselhamento
genético das famílias
é muito importante.
As metas de saúde global da OMS, se cumpridas, podem evitar 37
milhões de mortes. Deve-se reduzir 30% do consumo de cigarros, 10%
o abuso de álcool, 30% de sal e 10% de sedentários, além de zerar o
aumento de diabete e reduzir 25% de hipertensos. Isto fará reduzir as
doenças cardiovasculares, câncer, diabetes e doenças do pulmão.
Redução de mortes
Sangue de ratos jovens em animais idosos recuperaram capacidades
regeneradoras: e no homem, será assim?