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INTERPRETAÇÃ*
PROFÉTICA
Série
, Santuário e profecias
apocalípticas
(
•U NA SPRE SS
plif
),
Publicada originalmente em inglês com o título de Daniel
and Revelation Committee, a série Santuário e profecias
apocalípticas reúne alguns dos mais importantes estudos
já produzidos no meio adventista acerca da temática. Em
seu conjunto, a coleção representa um verdadeiro tratado
histórico-teológico sobre a profecia bíblica, especialmen-
te no que se refere à doutrina dos últimos eventos.
N -ste volume:
O juízo investigativo na Bíblia
eria Antíoco IV o chifre pequeno de Daniel 8?
O princípio dia-ano
O tema do juízo no capítulo 7 de Daniel
Á percepção de Daniel acerca de Cristo
O dia da expiação e 22 de outubro de 1844
UN Á SP
que colocava em dúvida a
interpretação tradicional
adventista do santuário. O
evento contribuiu para a
rejeição das ideias de Ford e
a consolidação da posição
clássica adventista. Como
resultado dos debates
promovidos naquele local, o
Instituto de Pesouisa Bíblica
Centro Universitário Adventista de São Paulo
Fundado em 1915— www.unasp.edu.br
missão: Educar no contexto dos valores bíblico-cristãos para o viver pleno e a excelência no servir.
Visão: Ser um centro universitário reconhecido através da excelência dos serviços prestados dos seus elevados
, .
padrões éticos e da qualidade pessoal e profissional de seus egressos. •
Administração da Entidade Presidente: Domingos José de Souza .
Mantenedora (UCB) Secretário: Emmanuel Guimarães
Tesoureiro- Elnio Álvares de Freitas •
Administração Geral do Unasp Reitor Euler Pereira Bahia
Pra Reitora de Pós -Graduação, Pesquisa e Exten-
são:Tânia Denise Kuntze
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Oliveira Quadros .,
Pró -Reitor Administrativo: Elnio Alvares de Freitas
. Secretário Geral: Marcelo Franca Alves
Campus Eng, Coelho Diretor Geral: José Paulo Martini
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. Faculdade de Teologia Diretor Emilson dos Reis
Coordenador Acadêmico: Ozeas a Moura
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Hortolândia Diretora de Graduação: Eira Cress
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Eli Andrade Rocha Prates
*LT .1T ASPRESSi
Imprensa Universitária Adventista
Editor Renato Groger
Editor Associado: Rodrigo Follis
Conselho Editorial:
' .José Paulo Martini, Afonso Cardoso, Elizeu de Sousa, Francisca Costa, Adolfo Suárez, Ernilabn dos '
Reis, Renato Groger, Ozeas C. Moura, Betania Lopes, Martin Kuhn
A Unaspress está sediada no Unasp, campos Engenheiro Coelho, SP
• .
stuaos se ecien... -m
INTERPRETAÇÃO
ROFÉTIC Á
Tradução: Francisco Alves de Pontes
L'UNASPRESS1
Im rensa Universitária Adventista
iPÀ
ltTNA SPRESS) Estudos Selecionados em Interpretação Profética
Imprensa Universitária Adventista edição —2012
1.000 exemplares
Caixa Postal 11 — Unasp 4.000 (tiragem acumulada)
Engenheiro-Coelho-SP 13.165-000 .
(19) 3858-9055 ,
www.unaspress.unasp.edu.br Todos os direitos em língua portuguesa reserva-
dos para a Unaspress, Proibida a'reprodução por .
quaisquer meios, salvo em breves citações, com
Editoração: Renato Groger, Rodrigo Follis indicação da fonte.
Programação visual: Pedro Valença '
Diagramação: Bárbara Reis, Marcia Trindade Todo o texto, incluindo as citações, foi adap-
Capa: Havia Luís tado segundo o Acordo Ortográfico da Língua
' Revisão: Thiago Basílio, Juliana Castro Portuguesa, assinado em 1990, em vigor desde
Norrnatização: Giulia Pradela janeiro de 2009.
•
• •
•
• Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP Brasil)
Shea, William H.
- Estudos selecionados em interpretação profética /William H. Shea ; tradução Francisco
Alves de Pontes. —2 ecl: — Engenheiro Coelho, SP : Unaspress - Imprensa Universitária
Adventista, 2012. -- (Série santuário e profecias apocalípticas ; v. 1)
ISBN: 978-85-89504-59-1
Título original: Selected studies on prohetic interpretation
1. Adventistas do Sétimo Dia - Doutrinas 2. Bíblia. A T - Crítica e interpretação 3. Bíblia.
AT Daniel - Crítica e interpretação 4. Julgamento divino - Ensino bíblico-5..Profecias I.Título.
12-05581 CDD-221.15
Índices para catálogo sistemático:
1. Juízos divinos : AntigoTestamento :
Interpretação profética 221.15
SUMÁRIO
7 Prefácio à edição brasileira
9 Prefácio à edição em inglês
11 Paralelos bíblicos para o juízo investigativo
37 Por que Antíoco IV não é o chifre pequeno de Daniel 8
73 O princípio dia-ano (la parte)
111 O princípio dia-ano (2a parte)
117 Juízo em Daniel 7
159 Retratos de Jesus no centro de Daniel
169 O dia da expiação e 22 de outubro de 1844
GUIA PARA TRASLITERAÇÃO
As consoantes das palavras bíblicas aramaicas e hebraicas ou frases são transli-
teradas e impressas em itálico como se segue:
Consoantes
= w
= T - z n = t
noun_ m ou=
- t ou= n
Vogais
a 1Z‹ o _
_ 1t<
= u
PREFÁCIO À EDIÇÃO BRASILEIRA
•Em agosto de 1980, um grupo de 114 teólogos e administradores se reu-
niu em Glacier View, Colorado, para analisar as ideias do teólogo australiano
Desmond Ford, que questionava a tradicional interpretação adventista do san-
tuário. O evento contribuiu para a rejeição das ideias de Ford e a consolidação
da posição tradicional adventista. Entre os principais oponentes de Ford estava
William H. Shea, destacado historiador e linguista do Antigo Testamento. Suas
mais importantes críticas às teorias de Ford aparecem neste volume.
Criticando a teoria popular de que apenas os ímpios são julgados por Deus,
Shea chama.a atenção do leitor para um número significativo de ocasiões, na
história de Israel, em que o próprio povo de Deus foi julgada O autor critica
também a tentativa de se identificar Antíoco Epifânio como o "chifre pequeno"
de Daniel 8, e apresenta várias evidências bíblicas e extra bíblicas que confir-
mam a validade do princípio dia-ano de interpretação profética. Atenção espe-
cial é dada à natureza e ao tempo do juízo descrito em Daniel 7.
Com o lançamento deste clássico aclventista, marco inicial de vários estudos
subsequentes, a Unaspress contribui para consolidar a base exegética, teológica
e histórica da doutrina bíblica do santuário em nosso país. A familiaridade com
o conteúdo da obra é indispensável para todos aqueles que desejam aprofundar
o conhecimento dessa importante doutrina.
• Alberto R. Timm
Diretor associado do White State — EUA
PREFÁCIO À EDIÇÃO EM INGLÊS
Para a pergunta "O que é um adventista do sétimo dia?", a resposta mais
comum é: "Adventista do sétimo dia é o cristão que observa o sábado (sé-
timo dia), e que está se preparando para a segunda vinda do Salvador?' Mas
a perspectiva é mais ampla do que isto.
Há uma estrutura mais significativa que mantém unido o quadro de ver-
dades bíblicas ensinadas pela Igreja Adventista do Sétimo Dia: a compreensão
das profecias de Daniel e Apocalipse. Nelas, os adventistas encontraram sua
identidade, tempo e tarefa.
A Igreja Adventista interpreta a profecia bíblica empregando os princípios
da "escola" histórica de interpretação profética. A opinião historicista (também
conhecida como a opinião "histórico-contínua") considera que as profecias de
Daniel e Apocalipse manifestam-se em tempo histórico desde os dias de seus
respectivos autores até o estabelecimento do eterno reino de Deus. Assim como
seus antepassados imediatos, os mileritas eram historicistas, o que também é
verdade no tocante aos reformadores do século 16.
A pregação das profecias de Daniel e Apocalipse pela Reforma teve um no-
tável efeito sobre a Europa Tendia a centralizar-se na apostasia cristã que havia
surgido dentro do cristianismo a quem os reformadores viam simbolizada no
chifre pequeno (Dn 7), na besta semelhante ao leopardo (Ap 13) e na mulher
assentada sobre a besta escarlate (Ap 17).
Na Contra-Reforma do século 16, Roma, esforçando-se para enfrentar o desa-
fio, procurou desviar o impulso das aplicações proféticas apresentadas pelos refor-
madorea O resultado foi argumentação para o que se tornaria dois distintos, porém
diversos, métodos de interpretação profética os sistemas preterista e futurista.
O sistema futurista elimina totalmente a era cristã do significado profético.
Além de remover a maior parte das profecias de Apocalipse (e certos aspectos de
Daniel) e colocar o seu cumprimento no final dos tempos. O sistema preterista
alcança o mesmo objetivo, relegando ao passado as profecias de ambos os livros.
No entanto, não permite ao Apocalipse estender-se além do sexto século d.C.
Com o passar do tempo, essas peculiares contra-interpretações começaram
a penetrar no pensamento protestante. Primeiro, o preterismo mostrou-se ativo
no final do século 18. Depois, as interpretações preteristas se tornaram o ponto
de vista padrão do Protestantismo Liberal. E por fim, o futurismo apresentou
raízes profundas no último quarto do século 19. Desde então, há um desen-
volvimento notório desse conceito no atual sistema de interpretação profética
seguido pela maioria dos protestantes conservadores.
Hoje, os adventistas do sétimo dia estão praticamente sós como expoentes
dos princípios historicistas de interpretação profética. Eventos recentes sugerem
que a Contra-Reforma embora adiada, está agora batendo à porta adventista.
O sistema historicista de interpretação, bem como as posturas religiosas dele ,
derivadas, enfrenta centenas de desafios contemporâneos. Tanto as perspectivas
futuristas quanto as preteristas são recomendações insistentes à Igreja. Hoje, é
de grande importância que os cristãos adventistas do sétimo dia compreendam
os princípios (e a sólida base racional para eles) usados para interpretar as im-
portantes profecias de Daniel e Apocalipse
Portanto, é um prazer para a Comissão de Daniel e Apocalipse publicar
para um estudo mais amplo de ministros e membros leigos esta série de es-
tudos selecionados. Todas as citações aqui apresentadas reafirmam os princí-
pios historicistas de interpretação (tais como o princípio dia-ano) e as posições
filosóficas (tais como o juízo investigativo) às quais nossos pioneiros chegaram ,
por meio desses mesmos princípios.
William H. Shea, autor destes estudos, lecionou durante 14 anos no Semi-
nário Teológico da Universidade Andrews e atuou como diretor do departa-
mento de Antigo Testamento. Depois de passar sete anos como médico em um
hospital missionário na América Central, Shea dedicou-se a três anos de estudo
de pós-graduação em Assiriologia na Universidade de Harvard.. Recebeu seu
Ph.D pela Universidade de Michigan. Suas especialidades são estudos em antigo
Oriente Próximo e história do Antigo Testamento. Atualmente ele é diretor as-
sociado do Instituto de Pesquisas Bíblicas.
Comissão de Daniel e Apocalipse
Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia
1
PARALELOS BÍBLICOS PARA
O JUÍZO INVESTIGATIvo
Uma teologia bíblica plena
mente desenvolvida do juízo di
vino baseia-se na extensa quanti
dade de literatura do Antigo e
Novo Testamento sobre o assunto.
A extensão plena da literatura do
Antigo Testamento é demasiado
vasta para tratarmos aqui, como se
pode ilustrar por apenas uma de
suas categorias: as profecias contra
as nações (também· chamadas os
"oráculos estrangeiros").
Nessas passagens, os profetas
pronunciam os juízos divinos sobre
as nações vizinhas a Israel. O vol-
ume total de texto dedicado a esse
tipo de profecia no Antigo Testa·
mento chegaacerca de 35capítulos.
Esboço docapítulo
. 1. Introdução
2. Juízosdo tabernáculo
3. Juízosdotemplocelestial
4.Juízos dotemplo terrestre
5. Ezequiel 1-10
6. Resumo
12
Estudos selecionados em interpretação profética
Se esses capítulos fossem retirados de seus respectivos livros e reunidos em um
novo livro bíblico, ele seria maior do que qualquer livro do Novo Testamento, e
tão ou mais longo do que 32 dos 39 livros do Antigo Testamento.
Todos os profetas maiores contêm extensas coleções desse material (Is 13-23,
Jr 46-51, Ez 26-32), bem como oito dos doze profetas menores (Am 1-2, J13, Ob, Jn,
Mq 5, Na, Sf 2, Zc 9). Três dos livros dos profetas menores consistem• inteiramente
de profecias dessa espécie (Jn, Na e Ob). Esse tipo de profecia provê o ambiente
para os juízos pronunciados sobre as nações semelhantes a animais de Daniel.
A diferença é a estrutura de tempo em que tais profecias são colocadas. Os
outros Profetas profetizaram contra nações contemporâneas a eles, ao passo
que os juízos apocalípticos de Daniel foram pronunciados sobre nações que se
levantariam e cairiam desde seu tempo até o estabelecimento do eterno reino
de Deus. Assim, devido à semelhança dessa literatura, os oráculos proféticos
proveem o cenário para os juízos apocalípticos de Daniel. Este é apenas um dos
vários vínculos entre profecia clássica e apocalíptica.
Contudo, nosso propósito não é analisar os oráculos estrangeiros do An-
tigo Testamento. Chamamos a atenção para um segmento da literatura do
Antigo Testamento que também precisa ser examinado a fim de desenvolv-
er uma completa teologia bíblica de juízo divino. Uma consideração _espe-
cial também deve ser dedicada aos juízos de Deus (tanto favoráveis quanto
desfavoráveis) sobre seu próprio povo (Israel) e ao elemento de bênçãos e
maldições da fórmula da aliança (compare Dt 27-33, por exemplo). Ambas
categorias abrangem um extenso conjunto de literatura. Considerando a ex-
tensa quantidade de material sobre este assunto, é evidente a dificuldade de
prover uma análise compreensível disto.
Dadas estas limitações, selecionei um aspecto da matéria que é particular-
mente relevante para o assunto de Daniel, a saber, o local de onde eram lança-
dos os juízos divinos quando se menciona este aspecto do juízo. A maioria das
passagens sobre juízo no Antigo Testamento não comenta sobre o lugar. Mas
em um número significativo de casos, o texto declara explicitamente que Deus
lançava esses juízos de seu santuário.
Três diferentes localidades são mencionadas no texto bíblico. O tabernácu-
lo terrestre é comumente identificado no livro de Números como o local de
onde Deus julgava o seu povo durante os 40 anos em que este vagueou pelo
deserto. Posteriormente, segundo algumas citações de Salmos e dos profetas,
o templo de Jerusalém, identificado como lugar de habitação de Deus, tornou-
se a fonte de onde seus juízos eram emitidos. Os poderosos atos de Deus em
seu templo terrestre correspondem em natureza aos seus atos em seu templo
Paralelos bíblicos para o juízo investigativo
celestial. Portanto, outros salmos e profetas descrevem os juízos divinos como
sendo emitidos do templo celestial.
O conceito adventista de juízo investigativo pré-advento afirma que o ju-
lgamento do povo de Deus é atualmente conduzido em seu santuário celes-
tial. Nos tempos do Antigo Testamento, não importava se o juízo viesse do
tabernáculo terrestre, templo terrestre ou templo celestial, pois havia a certeza
de que ele vinha de um santuário ativamente usado por Deus naquele tempo.
Desse modo, a atividade de julgamento de Deus no passado, a partir de seu
santuário, provê um antecedente e um vínculo bíblico para o que os adventistas
afirmam acerca da atividade divina no presente.
Esses paralelos bíblicos para o juízo investigativo que atualmente provém
do templo celestial indicam que esta moderna contraparte ou duplicata não é
singular em seu escopo e extensão. Tampouco é exclusiva em espécie ou quali-
dade. Os adventistas acabam agindo como míopes ou com vistas curtas nesse
assunto. Imaginam que um juízo investigativo nesta época é completa e inteira-
mente singular e sem paralela
Este aspecto da literatura do juízo no Antigo Testamento é demasiado ex-
tenso para permitir que cada passagem seja discutida em detalhes A lista de ,
textos que vem a seguir é extensa, mas não exaustiva; seu objetivo é ilustrar.
13
JUIZOS DO TABERNÁCULO
JUÍZOS DESFAVORÁVEIS
Imediatamente fatais
Levítico 10. Logo após terem sido investidos como sacerdotes, Nadabe
e Abiu, filhos de Arão, "trouxeram fogo estranho perante a face do Senhor, o
que não lhes ordenara" (v. 1). Os comentários diferem até certo ponto sobre a
natureza mais precisa do sacrilégio cometido, mas, de qualquerforma, como
resultado "saiu fogo de diante do Senhor e os consumiu; e morreram perante o
Senhor" (v. 2). Que fato ocorreu ao lado do altar, diante do tabernáculo eviden-
cia-se nas instruções de Moisés para o sepultamento deles: "Tirai vossos irmãos
de diante do santuário, para fora do arraial" (v. 4).
Números 16. Coré era um levita que desafiou Arão pelo sacerdócio (v. 10).
Datã e Abirão desafiaram mais diretamente a liderança de Moisés (v. 13). Juntos,
eles se imaginavam precisamente tão santos e capazes de conduzir Israel como eram
Moisés e Arão (v. 3). Assim, um teste foi planejado para resolver este problema.
Estudos selecionados em interpretação profética
Tomaram, pois, cada qual o seu incensário, neles puseram fogo, sobre eles deita-
ram incenso e se puseram perante a porta da tenda da congregação com Moisés
e Arâo. Coré fez ajuntar contra eles todo o povo à porta da tenda da congrega-
ção; então, a glória do Senhor apareceu a toda a congregação (v. 18-19).
O Senhor rejeitou a pretensão dos rebeldes e eles foram tragados pela terra (v.
32). Os principais simpatizantes do levante entre os anciãos foram consumidos
pelo fogo (v. 35). A congregação voltou no dia seguinte culpando Moisés e Arão de
causar o distúrbio. "Ajuntando-se o povo contra Moisés e Arão, e virando-se para
a tenda da congregação, eis que a nuvem a cobriu, e a glória do Senhor apareceu.
Vieram, pois, Moisés e Arão perante a tenda da congregação" (v. 42-43).
Então, irrompeu uma praga entre o grupo de rebeldes, mas Arão a dete-
ve fazendo expiação por eles. O caso de Nadabe e Abiu, e o de Coré, Datã e
Abirão são os únicos em que os juízos (imediatamente fatais) foram especi-
ficados como saindo diretamente do santuário. Ambos envolviam os planos
humanos para ministração na presença de Deus contrários e em desafio às
instruções específicas para esses ministérios.
Sentenças adiadas
Números 14. Esta narrativa conta a história do que aconteceu depois que os14
espias trouxeram o relatório de Canaã. Aceitando o relato pessimista, os israe-
litas lamentaram que eles não tivessem morrido no deserto e quiseram escolher
outro líder que os levasse de volta para o Egito. Em resposta, "a glória do Senhor
apareceu na tenda da congregação a todos os filhos de Israel. Disse o Senhor a
Moisés: Até quando me provocará este povo?" (v. 10-11).
Deus então propôs deserdar os israelitas e fazer dos descendentes de Moisés
uma grande nação. Mas Moisés intercedeu por eles. Em resposta, Deus esten-
deu-lhes o perdão. Israel, porém, não escapou impune de sua rebelião. Assim,
aqueles homens e mulheres da geração mais antiga, que tinham visto todos os
sinais e maravilhas que Deus havia operado e que, não obstante, se rebelaram
contra Ele, não deveriam entrar em Canaã. Vagueariam no deserto por 40 anos,
até que surgisse uma nova geração que entrasse na terra prometida.
Números 20. Nem mesmo Moisés foi poupado de tal tratamento. Depois
de vaguear no deserto por 40 anos, os israelitas vieram outra vez a Caeles,
fronteira de Canaã. Mas não havia água em Cades, por isso o povo começou a
• se queixar desejando ter morrido no deserto ou ficado no Egito.
Moisés e Arão se retiraram da multidão de queixosos e se dirigiram "para a
porta da tenda da congregação e se lançaram sobre o seu rosto" (v. 6). Do santuário,
Deus os instruiu a reunir o povo e falar "à rocha, que dará a sua água" (v. 8).
Paralelos bíblicos para o juízo investiga Uivo
Todavia, Moisés feriu a rocha ern'vez de falar-lhe como Deus havia instruído.
A rocha deu a água necessária, mas por causa da desobediência de Moisés o Se-
nhor disse: "Visto que não crestes em mim, para me santificardes diante dos filhos
de Israel, por isso, não fareis entrar este povo na terra que lhe der (v. 12).
O texto não declara especificamente se a sentença de Moisés veio do ta-
bernáculo onde anteriormente lhe fora dada instrução acerca de falar à rocha.
Entretanto, isto é uma possibilidade.
Uma sentença menor
Números 12. Miriã e Arão falaram contra Moisés porque ele havia se ca-
sado com uma mulher cusita (v. 1). Assim, eles não somente criticaram o ma-
trimônio, mas questionaram as atitudes de Moisés como líder de Israel, uma
vez que Deus também falara a eles (v. 2). Como resultado, "o Senhor disse a
Moisés, e a Arão, e a Miriã: Vós três, saí à tenda da congregação. E saíram eles
três. Então, o Senhor desceu na coluna de nuvem e se pôs à porta da tenda" (v.
4-5). Ali o Senhor testificou em favor de seu servo Moisés.
Depois, "a nuvem afastou-se de sobre a tenda; e eis que Miriã achou-se le-
prosa, branca como neve" (v. 10). Moisés, contudo, intercedeu em seu favor. E,
embora curada, Miriã foi banida do acampamento por sete dias.
15
JUÍZOS FAVORÁVEIS
Juízos com respeito ao cargo
Números 11. A responsabilidade pelos filhos de Israel pesava muito sobre
Moisés. "Eu sozinho não posso levar todo este povo, pois me é pesado demais"
(v. 14). O Senhor então fez arranjos para indicar assistentes que o ajudassem
a carregar aqueles "fardos":
Ajunta-me setenta homens dos anciãos de Israel, [...] e os trarás perante a tenda
da congregação, para que assistam ali contigo. Então, descerei e ali falarei con-
tigo; tirarei do Espírito que está sobre ti e o porei sobre eles; e contigo levarão a
carga do povo, para que não a leves tu somente (v. 16-17).
Moisés seguiu a instrução do Senhor neste assunto:
E ajuntou setenta homens dos anciãos do povo, e os pôs ao redor da tenda.
Então, o Senhor desceu na nuvem e lhe falou; e, tirando do Espírito que estava
sobre ele, o pôs sobre aqueles setenta anciãos; quando o Espírito repousou
sobre eles, profetizaram (v 24-25).
Estudos selecionados em interpretação profética
Esses homens foram aceitos no cargo pelo Senhor no santuário. Ele evi-
denciou sua aceitação, julgando em seu favor, por assim dizer, ao enviar
sobre eles o seu Espírito.
Números 17. Um teste foi preparado para confirmar Arão como sumo
sacerdote depois de Coré tê-lo desafiado. Doze varas foram escolhidas, uma
para cada tribo. O nome do líder de cada tribo foi escrito em uma vara. No
entanto, o nome de Arão foi escrito sobre a vara de Levi. Esse caso foi resol-
vido, não à porta do santuário, mas dentro do santuário. "E as porás na tenda
da congregação, perante o testemunho, onde eu vos encontrarei" (v. 4).
Segundo as instruções, "Moisés pôs estas varas perante o Senhor, na ten-
da do testemunho" (v. 7). O Senhor julgou a favor de Arão e o confirmou no
cargo. "Moisés entrou na tenda do testemunho, e eis que a vara de Arão, pela
casa de Levi, brotara" (v. 8).
Um juízo com respeito à terra
Números 27. Zelofeade não tivera nenhum filho, e, portanto, assim ne-
nhum herdeiro do sexo masculino. No entanto, cinco filhas lhe nasceram
antes que ele morresse no deserto. Depois da morte do pai, as mulheres sen-
tiram-se injustamente privadas do direito de possuir terra em Israel. Assim,
16 elas apresentaram o seu caso à tenda da congregação na presença de Moisés,
líderes e congregação (v. 2). Mais uma vez houve investigação do caso no
santuário e um julgamento pronunciado dali.
Moisés levou a causa delas perante o Senhor. Disse o Senhor a Moisés: As filhas
de Zelofeade falam o que é justo; certamente lhes darás possessão de herança
entre os irmãos de seu pai e farás passar a elas a herança de seu pai (v. 5-7).
Assim, o Senhor julgou em favor das filhas de Zelofeade quando o caso foi
apresentado perante Ele no santuário.
JUIZOS DO TEMPLO CELESTIAL
Nos SALMOS
Salmo 11. 0 salmo começa com uma lamentação pessoal sobre a violência feita
aos justos pelos ímpios. O salmista, contudo, continua o texto com uma expressão
de confiança na justiça de Deus que, com seus juízos, endireitará as relações dese-
quilibradas entre os dois grupos. O templo celestial é o lugar onde Deus pronuncia
Paralelos bíblicos para o juízo investigativo
esses juízos: "O Senhor está no seu santo femplo; nos céus tem o Senhor seu trono;
os seus olhos estão atentos, as suas pálpebras sondam os filhos dos homens. O Se-
nhor põe à prova ao justo e ao ímpio" (v. 4-5a). Do templo vem os seus juízos sobre
os ímpios (v. 6) e o seu juízo em favor dos justos (v. 7).
Salmo 14. Este salmo se inicia com a declaração: "Diz o insensato no seu
coração: Não há Deus." Esta negação da existência de Deus produz seu fruto
na impiedade dos homens e no dano que eles causam ao povo de Deus. O
Senhor observa a tudo de seu templo celestial e avalia tais condutas. "Do céu
o Senhor olha para os filhos dos homens, para ver se há quem entenda, se há
quem busque a Deus" (v. 2).
Esta situação, no entanto, se reverterá quando Deus julgar contra os ímpios
e em favor dos justos. "Tomar-se-ão de grande pavor, porque Deus está com a
linhagem do justo. Meteis a ridículo o conselho dos humildes, mas o Senhor é o
seu refúgio" (v. 5-6). Baseado nesse tema, o salmista conclui o texto com um apelo
a Deus. Ele suplica pelo livramento do povo e a restauração de sua boa sorte.
Salmo 29. Este salmo contém a expressão do juízo divino sobre os cananeus.
Nele, o salmista descreve o juízo como uma tempestade que vem do Mediterrâneo
para assolar o território cananita (não-israelita) com força destruidora (v. 3-8a).
O texto conta como a tempestade foi ordenada por Deus de seu templo celestial
enquanto a hoste angélica estava a posto (v. 1-2, 9b). Em resposta a esta demons- 17
tração de seu poder, toda a hoste de anjos no templo celestial de Jeová atribuía-lhe
glória, da mesma maneira como foi exortada a fazer no início do salmo. O texto
termina com uma referência ao fato de que Jeová está entronizado como rei para
sempre e com um apelo para que Ele conceda força e paz ao seu povo (v. 10-11).
Salmo 53. Este capítulo é uma duplicata do salmo 14. Veja acima.
Salmo 76. O texto provê uma interessante ilustração de conexão entre a
obra de Deus no templo terrestre e no templo celestial. O início do salmo de-
screve Jerusalém como o lugar de residência divina: "Conhecido é Deus em
Judá; grande, o seu nome em Israel. Em Salém, está o seu tabernáculo, e, em
Sião, a sua morada" (v. 1-2).
Dessa morada terrestre Deus derrotou os inimigos de seu povo, de acordo com
os cinco versos seguintes. Mas isto não era simplesmente uma imagem da atividade
de Jeová no seu templo em Jerusalém. Esse juízo em favor do povo oprimido desceu
do Céu: "Desde os céus fizeste ouvir o teu juízo; tremeu a terra e se aquietou, ao
levantar-se Deus para julgar e salvar todos os humildes da terra" (v. 8-9).
Salmo 102. Este salmo é o clamor de alguém cujos sofrimentos são inexpli-
cáveis. Os primeiros 11 versos transmitem as lamentações do salmista acerca
de sua condição pessoal. O lamento estende-se até incluir sua preocupação
Estudos selecionados em interpretação profética
com a triste condição de Sião. Em resposta a situação, o autor expressa a con-
fiança de que Deus se levantará de seu trono e julgará em favor de Sião e contra
seus inimigos: "Tu, porém, Senhor, permaneces para sempre, e a memória do
teu nome de geração em geração. Levantar-te-ás e terás piedade de Sião; é tem-
po de te compadeceres dela, e já é vinda a sua hora" (v. 12-13).
O trono do qual Deus se levantaria para julgar em favor de seu povo estava loca-
lizado no Céu: "que o Senhor, do alto do seu santuário, desde os céus, baixou vistas
à terra, para ouvir o gemido dos cativos e libertar os condenados à morte" (v. 19-20).
Salmo 103. O salmista expressa um hino de gratidão a Deus. O texto de ação
de graças também é chamado de Te Deum do Antigo Testamento. Graças são
dadas pela quíntupla bênção de perdão• • dos pecados, cura de enfermidade, livra-
mento da cova, admissão a uma bem-aventurada vida após a morte, e o eterno
usufruto da beleza divina no Céu. O autor reconhece que estas bênçãos fluem da
fidelidade de Deus às suas promessas. A aliança de amor com os homens é outro
tema repetido ao longo do salmo (compare os v. 4, 8, 11, 17).
A partir desse contexto, Deus julga em favor de seu povo oprimido. "O Se-
nhor faz justiça e julga a todos os oprimidos" (v. 6). Essa justiça flui de seu trono
celestial, local de onde governa seu reino terrestre. "Nos céus, estabeleceu o
18
Senhor o seu trono, e o seu reino domina sobre tudo" (v. 19).
Nos PROFETAS
Miqueias 1. Segundo a introdução ao livro, os juízos de Deus sobre o povo
rebelde emanam de seu templo celestial.
Ouvi, todos os povos. Prestai atenção, ó terra e tudo o que ela contém, e seja o
Senhor Deus testemunha contra vós outros, o Senhor desde o seu santo templo'.
Porque eis que o Senhor sai de seu lugar, e desce, e anda sobre os altos da terra.
Os montes debaixo dele se derretem, e os vales se fendem; são como a cera dian-
te do fogo, como as águas que se precipitam ninn abismo. Tudo isto por causa da
transgressão de Jacó e dos pecados da casa de Israel.
1 Reis 22. Acabe recrutou a assistência militar de Josafá (Judá) para atacar
os sírios que controlavam Ramote-Gileade no território transjordaniano de
Manasses. Antes de sair com ele, Josafá quis saber se a palavra do Senhor estava
disponível por meio de um de seus profetas. Acabe convocou os profetas da
corte que naturalmente sancionaram a campanha proposta, a ponto de encenar
a vitória que se julgava próxima. Josafá, porém, não ficou satisfeito com a situa-
ção e quis inquirir de um profeta de Jeová. Acabe admitiu que Micaías, filho de
Paralelos bíblicos para o juízo investigativo
Inlá, satisfazia os requisitos propostos por Josafá, mas lhe repugnava chamá-lo,
"porque nunca profetiza de mim o que é bom, mas somente o que é mau" (v. 8).
Ante a insistência de Josafá, Micaía.s foi convocado.
Quando a avaliação foi a princípio procurada, Micaías respondeu sarcasti-
camente: "Sobe e triunfarás, porque o Senhor a entregará nas mãos do rei" (v.
15). Então, Acabe fê-lo jurar por Jeová que suas palavras eram verdade. Mos-
trando-se à altura dessa ocasião, Micaías respondeu: "Vi todo o Israel disperso
pelos montes, como ovelhas que não têm pastor; e disse o Senhor: 'Estes não
têm dono; torne cada um em paz para a sua casa"' (v. 17).
O pastor, nesta profecia obviamente era Acabe, e Micaías claramente lhe
comunicou a profecia de sua morte na batalha e a derrota de suas tropas. O pro-
feta confirmou que esta sentença vinha da corte celestial: "Ouve, pois, a palavra
do Senhor: Vi o Senhor assentado no seu trono, e todo o exército do céu estava
junto a ele, à sua direita e à sua esquerda" (v 19).
Acabe perseverou nesciamente e a profecia de Micaías se cumpriu quando
ele morreu em combate (v 34-35).
d
JUIZOS DO TEMPLO TERRESTRE 19
NOS SALMOS
Salmo 9. O início do salmo apresenta um louvor a Deus. O motivo específi-
co para esse louvor é explicado pela derrota de um inimigo (v 5-6). A ruína do
adversário é atribuída ao justo juízo da parte de Deus. "Pois, ao retrocederem os
meus inimigos, tropeçam e somem-se da tua presença; porque sustentas o meu
direito e a minha causa; no trono te assentas e julgas retamente" (v. 3-4).
Em seguida à descrição da derrota do inimigo (v. 5-6), o salmo retorna, em um
modelo temático A:B:A, à ideia de que essa derrota é atribuível ao justo juízo de Deus.
"Mas o Senhor permanece no seu trono eternamente, trono que erigiu para julgar. Ele
mesmo julga o numdo com justiça; administra os povos com retidão" (v 7-8).
No final do salmo, o autor salienta o mesmo pensamento: "Faz-se co-
nhecido o Senhor, pelo juízo que executa; enlaçado está o ímpio nas obras
de suas próprias mãos" (v. 16).
Contudo, uma passagem de louvor no meio do salmo localiza o trono de Deus
em Sião ou Jerusalém "Cantai louvores ao Senhor, que habita em Sião" (v 11).
Salmo 50. A vinda de Deus para julgar o seu povo é descrita neste salmo
em termos de uma teofania. A primeira estrofe do poema identifica Deus como
Estudos selecionados em interpretação profética
o juiz que vem de Sião, portanto, de seu templo terrestre. Ele intima o povo a
comparecer à sua demanda ou pleito judicial contra eles mesmos (v. 1-7). Os
céus personificados atuam como testemunhas neste cenário. Eles não fazem
referência ao lugar de onde Ele vem para julgar:
Desde Sião, excelência de formosura, resplandece Deus (v. 2). Intima os céus
lá em cima e a terra, para julgar o seu povo. Congregai os meus santos, os que
comigo fizeram aliança por meio de sacrifícios. Os céus anunciam a sua justiça,
porque é o próprio Deus que julga (v. 4-6).
As próximas duas estrofes dirigem o texto aos justos em Israel que não ha-
viam compreendido inteiramente o tipo de sacrifício que Deus desejava — não
uma outra rodada de animais oferecidos, mas ações de graças (v. 8-15). A estro-
fe seguinte descreve as várias maneiras como os israelitas ímpios transgrediam
as leis de Deus e sua aliança (v. 16-21). A estrofe final contém uma advertência
aos justos e uma exortação aos ímpios, os dois grupos em Israel a serem julga-
dos por Deus de Sião (v. 22-23).
Salino 60.0 salmo é um lamento público em que o autor descreve uma der-
rota nacional. O capítulo oferece, ainda, uma oração pela vitória sobre os inimi-
20 gos da nação, especialmente Edom. Ele segue uma estrutura literária A:B::.N:13'.
A (v. 3-5) representa a descrição da derrota ou história passada, e representa a
promessa divina de reverter a derrota ou história futura (v. 6-8). B e B' represen-
tam orações oferecidas pela vitória de Israel. A seção A que contém a promessa
divina de vitória futura, é introduzida com a declaração: "Falou Deus em seu
santuário" (v. 6, Revised Standard Version). Assim, a futura derrota dos inimigos
de Israel descrita nesta seção vem como um juízo pronunciado por Deus sobre
eles, muito provavelmente de seu santuário terrestre.
Salmo 73. Este é um salmo sapiencial em que a justiça divina e o problema
da prosperidade dos ímpios são examinados. O salmista não podia compreen-
der isto até que entrou "no santuário de Deus" e atinou "com o fim deles" (v. 17).
O verso 17 é o centro temático e estrutural do salmo. A partir deste ponto, o
autor desenvolve sua compreensão acerca da disposição final dos casos dos ímpios
e dos justos. Os ímpios perecerão como um sopro de vento, mas Deus prometeu
receber os justos em glória. Baseado no seu desenvolvimento desta compreensão, o
salmista se dispõe a confiar em Deus. Portanto, foi nos recintos do santuário terres-
tre que ele desenvolveu a compreensão de que o julgamento final de Deus seria justo.
Salmo 99. Este é um dos vários salmos que descrevem o domínio de Deus. No
texto se destaca a expressão "o Senhor reina". A descrição inicial centraliza o reinado
Paralelos bíblicos para o juízo investigativo
divino em Jerusalém: "Ele está entronizadb acima dos querubins; abale-se a terra. O
Senhor é grande em Sião e sobremodo elevado acima de todos os povos" (v. 1-2).
O aspecto específico do caráter de Deus, aqui destacado como digno de
adoração, encontra-se na descrição do salmista: "És rei poderoso que ama a
justiça; tu firmas a equidade, executas o juízo e a justiça em Jacó" (v. 4).
A segunda metade do salmo fala como Deus comunicou Sua vontade a
Moisés, Arão e Samuel. Contudo, mesmo para esses poucos privilegiados, Ele
foi "Deus perdoador, ainda que tomando vingança dos seus feitos" (v. 8). Com
base neste aspecto do caráter de Deus, como foi demonstrado em seu trato com
esses líderes, Israel é exortado a prostrar-se "ante o escabelo de seus pés" (v. 5).
e "Rute o seu santo monte" (v. 9), isto é, no templo terrestre em Jerusalém.
NOS PROFETAS
Isaías 6. Esta narrativa descreve o chamado de Isaías ao ministério profé-
tico. O primeiro verso data a visão do ano em que morreu o rei Uzias, cerca de
740 a.C, e apresenta o local onde Deus apareceu e identificou como templo. O
segundo e o terceiro versos descrevem os serafins que acompanhavam a Deus
e lhe entoavam hinos de santidade.
Como resultado dessa manifestação da glória divina, "as bases do limiar
21
se moveram à voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça" (v. 4). Os
comentaristas divergem sobre qual edifício estava envolvido. No entanto, é
provável que a visão se refira ao templo terrestre. Isaías ficou impressionado
com a oportunidade de ver Deus e sua glória. "Ai de mim! Estou perdido! Por-
que sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros
lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!" (v. 5).
Deus, então, enviou um dos serafins a Isaías com uma brasa do altar. Quando
os lábios de Isaías foram tocados por da, seus pecados foram perdoados e lhe foi
dada a capacidade cie cumprir a missão para a qual fora chamado — servir como
profeta e levar a mensagem de Deus ao povo. Isaías aceitou a tarefa e sua mensagem.
É a esta altura que comumente param as homilias sobre o capítulo. Geral-
mente elas debatem a glória de Deus, a habilitação de Isaías para servir como
mensageiro divino ou a disposição do profeta em aceitar a responsabilidade.
Mas a narrativa contém mais do que estes três elementos. A solicitação de •
Deus a Isaías incluía a tarefa de levar uma mensagem de juízo ao seu povo. Ao
profeta perguntar até quando a mensagem deveria ser dada, foi-lhe dito: "Até
que sejam desoladas as cidades e fiquem sem habitantes, as casas fiquem sem
moradores, e a terra seja de todo assolada, e o Senhor afaste dela os homens, e
no meio da terra seja grande o desamparo" (v. 11-12).
Estudos selecionados em interpretação profética
A despeito da natureza desta profecia, a &lima frase do verso• final deste
capítulo já apresenta a promessa embrionária do remanescente. Estes• final-
mente voltariam do exílio para repovoar o país julgado e desolado. Portanto,
não é de surpreender que Isaías posteriormente profetizasse o exílio e pro-
metesse um retorno dele, uma vez que o profeta recebeu essa mensagem no
tempo em que foi chamado para o ministério profético.
Na ocasião em que teve a visão da glória divina no templo terrestre, Isaías
ainda recebeu uma mensagem de juízo para o seu povo. E esta mensagem de
juízo se referia diretamente ao exílio que Judá finalmente experimentou um
século depois do seu tempo.
Isaías 18.0 texto faz uma interessante referência a Deus julgando do lugar
de sua habitação. O contexto do capítulo é uma série de profecias contra as na-
ções, especificamente o oráculo contra a Etiópia. Ao pronunciar o juízo sobre
a Etiópia, Deus disse que olharia calmamente de sua "morada" (v. 4). O juízo
designava que as forças etíopes seriam derrotadas: "Serão deixados juntos às
aves dos montes e aos animais da terra" (v. 6).
Aqui, tanto o templo celestial quanto o terrestre poderiam estar envolvidos.
O último, entretanto, parece mais provável. Neste caso, o templo terrestre é tido
como local de origem do juízo divino, porque Isaías 6 (discutido acima) e a con-
22 dusão do oráculo estrangeiro profetizam um tempo em que os etíopes levariam
presentes "ao lugar do nome do Senhor dos Exércitos, ao monte Sião" (v. 7).
Amós 1. Amos é razoavelmente direto na introdução à profecia acerca de os
juízos divinos sobre o reino do Norte de Israel virem da residência de Deus, ou
templo, em Jerusalém: "O Senhor rugirá de Sião e de Jerusalém fará ouvir a sua
voz; os prados dos pastores estarão de luto, e secar-se-á o cume do Carmelo" (v. 2).
Joel 2-3. Joel 2:30 a 3:21 descreve como Deus julgaria entre seu povo
e as nações. Ao fazê-lo, todas as nações se congregariam no vale de Josafá
("Jeová julga") para o julgamento:
Congregarei todas as nações e as farei descer ao vale de Josafá; e ali entrarei em
juízo contra elas (3:2). Levantem-se as nações e sigam para o vale de Josafá; por-
que ali me assentarei para julgar todas as nações em redor (3:12).
Esse juízo deveria ser dupla Deus julgaria em favor de seu povo e contra as
nações. Por sua parte, o povo de Deus seria liberto (2:32), voltaria ao seu país
(3:7), teria sua sorte restaurada (3:1) e gozaria de um futuro próspero e pacífico
(3:18, 20). As nações eram consideradas culpadas por subjugar o povo de Deus
e sua terra (3:2), saquear o país e o seu templo (3:5) e exilar o povo de Deus (3:6).
Paralelos bíblicos para o juízo investigativo
Portanto, as nações que trouxeram todas estas calamidades sobre o povo de
Deus precisavam de julgamento. Suas próprias populações seriam deportadas e
suas terras deixadas desoladas (3:8, 19). Esses juízos deveriam ser lançados do
santo monte Sião de Deus em Jerusalém, o lugar onde Ele habitava:
O Senhor brama de Sião e se fará ouvir de Jerusalém, e os céus e a terra tre-
merão; mas o Senhor será o refúgio do seu povo e a fortaleza dos filhos de
Israel. Sabereis, assim, que eu sou o Senhor, vosso Deus, que habito em Sião,
meu santo monte (3:16-17).
Malaquias 3. Esta profecia é sobre o tempo em que "o Senhor, a quem vós
buscais", "de repente, virá ao seu templo" (v. 1). Esse fato introduzirá um dia de
julgamento: "Mas quem poderá suportar o dia da sua vinda? E quem poderá
subsistir quando ele aparecer? Porque ele é como o fogo do ourives e como a
potassa dos lavandeiros" (v. 2).
Nesse tempo, Deus "assentar-se-á como derretedor e purificador de prata; puri-
ficará os filhos de Levi e os refinará como ouro e como prata; eles trarão ao Senhor
justas ofertas" (v. 3). Além disso, a profecia identifica esse período como um tempo
de julgamento: "Chegar-me-ei a vós outros para juízo" (v. 5). Então, é possível per-
ceber sete classes entre o professo povo de Deus que não serão aceitas pelo Senhor. 23
Ezequiel 1-10. Deus suportou longa e pacientemente a conduta de seu povo
rebelde durante os oito séculos em que eles habitaram a terra prometida de Canaã
(quatro séculos sob os juízes e quatro séculos sob os reis). As atitudes de violação
da aliança com Deus e o fracasso em desenvolver um genuíno relacionamento de
constante amor fez com que Deus permitisse que o seu povo professo fosse exila-
do da terra sobre a qual eles tinham habitado por tão longo tempo
A situação acima apresenta paralelos (os quais já vimos) em que é natural
apenas esperar que o destino do povo de Deus se expressasse na forma de jul-
gamento pronunciado por profetas. Poderíamos não esperar que tal julgamento
fosse pronunciado, porém mais especificamente, que o juízo viria do templo de
Deus, o lugar de onde os juízos já estudados foram lançados.
E assim aconteceu. O juízo que se ajusta a esses critérios é a mais prolonga-
da das cenas de juízo do Antigo Testamento Ezequiel o viu durante os últimos
anos de existência do povo de Deus sob a monarquia. Historicamente, a cena de
juízo da visão profética foi cumprida ou executada por Nabucodonosor quando
conquistou e queimou Jerusalém em 586 a.0 e exilou o povo de Deus. A discus-
são seguinte sobre esta cena de juízo é uma adaptação de meus escritos publica-
dos em outra obra (WALLENKAMPF; LESHER, 1981, p. 283-291).
Estudos selecionados em interpretação profética
EZEQUIEL 1 - 1 O
A compreensão do juízo investigativo de Judá em Ezequiel 1-10 esclarece-
rá as visões da corte celestial mencionadas por outros profetas. Por exemplo,
estudando-se a visão apocalíptica do juízo investigativo final de Deus conforme
descrita na cena do tribunal de Daniel 7, é importante levar em conta a analogia
precedente do juízo final de Judá. O julgamento anterior no templo de Jerusa-
lém reflete em miniatura o que é previsto acontecer em escala macrocósmica na
sessão do julgamento posterior a ser convocada no templo celestial.
A VIAGEM DE DEUS
O ministério profético de Ezequiel começou quando a mão de Jeová veio
sobre ele enquanto estava junto ao rio Quebar no quinto dia do quarto mês,
no quinto ano de exílio. A data corresponde a julho de 592 a.0 - cálculo
com base em um calendário de outono a outono usado para interpretar as
datas do livro de Ezequiel (Ez 1:1-3).
Para compreendermos as mensagens registradas nos primeiros 24 capítulos
de Ezequiel concernentes a Judá, é importante notar o compacto espaço cronoló-
24 gico em que essas mensagens foram comprimidas. O cerco de Jerusalém começou
em janeiro de 588 a.C, apenas três anos e meio após o chamado de Ezequiel. Dois
anos e meio depois, em 586 a.C, a cidade caiu nas mãos dos babilônios. Portanto,
as mensagens são datadas dos dias finais do reino de Judá, e representam a última
advertência de Deus ao seu povo. Esta parte do ministério de Ezequiel não foi di-
fundida além de duas, três ou quatro décadas como foram os ministérios de Isaías
e Jeremias. Somente quando esse aspecto cronológico do ministério de Ezequiel é
apreciado suas mensagens podem ser postas na devida perspectiva.
Referindo-se ao seu chamado para o ministério profético, Ezequiel (contem-
porâneo de Daniel) disse que os céus foram abertos diante dele e ele viu visões de
Deus (Ez 1:1). A visão é narrada com extenso detalhe no que se segue. A descrição
não trata tanto de Deus como dos seres e objetos que Ezequiel viu com Ele. Muita
criatividade erudita dedica-se ao estudo dos vários detalhes dessa visão para os
comentários bíblicos. Aqui é importante notar as características essenciais do tex-
to frequentemente omitidas. Já que os comentaristas, ao lidar com um assunto tão•
complicado, têm dificuldade em ver a floresta pelas árvores.
No início, Ezequiel viu um grande redemoinho vindo do norte. Essa nuvem
tempestuosa é descrita em termos mais do que naturais: "Uma grande nuvem,
com fogo a revolver-se, e resplendor ao redor dela, e no meio disto, uma coisa
Paralelos bíblicos para o juízo investigativo
como metal brilhante que saía do meio do fogo" (Ez 1:4). A direção da qual essa
nuvem se aproximava - norte - é significativa, e será discutida posteriormente.
As primeiras feições a saírem da nuvem tempestuosa tomaram a forma de
quatro seres viventes (v. 5-14). Embora esses quatro seres viventes sejam identifi-
cados em Ezequiel 10 como "querubins", «importante notar por razões discutidas
abaixo que o termo querubim não é aplicado a eles no capítulo 1. Esses quatro
seres viventes reaparecem ao redor do trono de Deus em Apocalipse 4. Ainda que
haja pequenas diferenças nas descrições de cada um deles por Ezequiel e João, é
óbvio que seres vistos por ambos os homens eram os mesmos. Eles são menciona-
dos em ambas as passagens em termos similares - como seres viventes.
Deixando de lado os símbolos envolvidos na aparência dos quatro seres vi-
ventes, há três principais características a respeito deles que deveríamos notar. Pri-
meiramente, eles têm asas (v. 6, 8, 11, 14). Como asas são usadas para voar, esses
seres viventes são descritos em movimento (v. 9, 12, 14). Além disso, algo que se
assemelhava a tochas de fogo com carvões incandescentes se movia entre eles (v.
13). A finalidade do fogo é descrito no capítulo 10. O mais importante do contexto,
porém, é a descrição de intensa atividade por parte dos seres viventes Eles estavam
em movimento - voando para algum lugar. Mas, antes de determinarmos o local
para onde se dirigiam devemos também notar o que mais eles levavam consiga
A próxima parte da visão descreve quatro rodas, uma para cada ser vivente 25
(v. 17, 19-21). Mas rodas são usadas para movimento, particularmente sobre a
terra. Desse modo, as rodas tocam o solo de vez em quando (v 19, 21). Nesta
passagem, é importante notar novamente a intensa descrição de movimento.
As rodas também iam para algum lugar. Antes de determinarmos a direção das
rodas, devemos identificar o que elas levavam consigo. A visão continua descre-
vendo o firmamento que se estendia acima das cabeças e asas dos quatro seres
viventes (v. 22-25). Esse firmamento também permanecia em movimento, por-
que os seres viventes se moviam com ele (v. 24) e, por ordem (v. 25), o faziam
parar. O propósito do firmamento era conduzir ao trono de Deus (v. 26).
A parte final da visão (v. 26-28) apresenta o próprio Deus assentado sobre
o trono. Ele é descrito como "semelhança" de forma humana, porém, a maior
parte da descrição de Deus associa-se também a descrição de sua glória. Assim,
a glória que o circunda e irradia de sua pessoa é descrita como "metal brilhante,
como fogo [...] e um resplendor ao redor dela, 27).
Estes são os mesmos elementos vistos na nuvem tempestuosa no início do
capítulo (v. 4). Com isso, é evidente que o esplendor que emanava da nuvem era
simplesmente a glória de Deus. "Assim", diz Ezequiel, "era a aparência da glória
do Senhor" (v. 28). Como resultado da revelação da glória divina, Ezequiel caiu
Estudos setecionados em interpretação profética
com o rosto em terra. Deus falou ao sacerdote exilado e deu-lhe comissão e
encargo de profeta ao povo de Deus.
No centro da visão está a pessoa de Deus e a glória que o acompanha. Con-
tudo, sua pessoa e glória estão circunscritas em termos de localidade, uma vez
que Ele está assentado sobre seu trono. O trono de Deus, por sua vez, permane-
ce sustentado pelo firmamento do palanquim divino, que é sustentado por seus
acompanhantes, os quatro seres viventes, e as rodas debaixo deles.
As rodas, os seres viventes e o firmamento estão em movimento. A descrição
de movimento é destacada ao longo da passagem. O trono divino deve acompa-
nhar o firmamento que o sustém, o que indica que Deus também está em mo-
vimento. Deus vai para algum lugar, ponto essencial da visão. Ele conduz sua
carruagem celestial rumo a um destino específico. Os comentaristas enfatizam
que esta é uma visão da glória de Deus, o que certamente é. Mas eles percebem,
incidentalmente, apenas o movimento envolvido na visão. Deus e sua glória não
estão oscilando ociosamente de um lado para outro num vácuo. O movimento é
intencional e direcional. Deus é quem ordena às rodas e aos seres viventes segui-
rem na direção em que devem viajar, juntamente com o firmamento e o seu trono.
Isto nos leva a indagar quanto ao local para onde Deus se dirigia quando
Ezequiel o viu em visão junto ao rio Quebar. Para responder a esta pergunta, re-
26 tornaremos ao verso 4 onde é declarado que a carruagem da nuvem tempestuosa
sob o controle de Deus foi vista vindo do norte. Do ponto de vista de Ezequiel, a
nuvem tempestuosa saindo do Norte poderia ter viajado ou para o sudeste (para
os exilados em Babilônia), ou para o sudoeste (para Judá e Jerusalém).
O relato desta visão não nos diz qual direção a carruagem de Deus tornou.
No entanto, com a leitura dos capítulos 9-11 se deduz que Deus viajava em di-
reção a sudoeste, para o seu templo em Jerusalém. Nos capítulos subsequentes,
o profeta descreve Deus se despedindo do templo após ter fixado sua residência
ali por um período de tempo. O ponto principal da visão do primeiro capítulo
de Ezequiel é que Deus estava em trânsito por meio de sua carruagem celestial
para o local de sua residência terrestre, o templo de Jerusalém
O JUÍZO DE DEUS
Os dois capítulos do livro de Ezequiel contêm a missão e encargo do profeta
(Ez 2-3). Os próximos três capítulos (4-7) apresentam urna série de denúncias
para as transgressões de Judá e profecias concernentes ao seu futuro julgamento.
As profecias de julgamento foram tanto encenadas (Ez 4:1 e 5:5) quanto declara-
das em termos como cerco, fome, extermínio, exílio da população e desolação
do país. O mudo profeta só podia falar quando o Espírito o estimulava.
Paralelos bíblicos para o juízo investigativo
A denúncia do pecado inicia-se com a declaração geral à rejeição dos estatutos
e ordenanças de Deus pelo povo (Ez 5:6). Ela ainda continua com denúncias espe-
cíficas da idolatria (Ez 6), violência, orgulho, injustiça e crimes sangrentos na so-
ciedade (Ez 7). Finalmente, culmina com a visão da idolatria presente entre o povo
de Deus - pecado que corrompeu os próprios recintos do templo de Jeová (Ez 8).
A visão de Ezequiel da quádrupla corrupção dos recintos do templo é data-
da do sexto mês do sexto ano do exílio, ou setembro de 591 a.0 (Ez 8:1). Esta
data indica que Jeová estivera residindo em seu templo por 14 meses. O período
de tempo, aqui indicado, em que Jeová residiu em seu templo suscita de manei-
ra especial duas interrogações relacionadas: em primeiro lugar, por que Ele veio
ali, e o que fez Ele enquanto ali esteve? A primeira pergunta é relevante, pois
observamos que a presença de Jeová em seu templo já era representada pela
glória do Shekinah que repousava sobre a arca da aliança no lugar santíssimo
antes de ser dada a Ezequiel a visão do capítulo 1. ,
Se a presença de Jeová já se manifestava deste modo naquele lugar, por que Ele
necessitava vir ao seu templo na visão dada a Ezequiel no capítulo 1? A resposta é
evidente. Deus veio ah para fazer uma obra especial E a visão específica da vinda
divina ao seu templo enfatiza grandemente a natureza importante dessa obra
As mensagens dadas ao profeta, conforme registradas nos capítulos que
transpõem a lacuna entre as visões do capítulo 1 e do capítulo 8, áugerern que a 27
obra especial era o julgamento. Em outras palavras, Jeová se assentou em juízo
sobre seu povo em seu templo por uns 14 meses, como pode ser determinado
pelas datações associadas às visões, conteúdo das próprias visões e natureza das
mensagens dadas a Ezequiel durante o intervalo entre as duas visões.
A continuação da visão no capítulo 9 provê apoio adicional para a ideia de
que Jeová fixou residência em seu templo durante esse período de tempo a fim
de julgar o seu povo, uma vez que o resultado dessa sessão de juízo é descrito
nesta mesma passagem O povo de Judá que professava servir a Deus foi dividi-
do em duas classes: os que realmente o serviam - evidenciados pelos seus suspi-
ros e gemidos acerca das abominações cometidas na terra - e aqueles que não o
serviam - evidenciados como os responsáveis pelas abominações. A divisão en-
tre esses dois grupos deveria ser feita pelo anjo designado como um escriba Ele
foi instruído a passar pelo meio do povo e escrever um sinal (literalmente a letra
hebraica tãw) nas testas daqueles que pertenciam ao primeiro grupo (Ez 9:4).
Neste exemplo específico, o uso da letra tãw como um marcador especial
pode derivar do fato de que ela era a última letra do alfabeto hebraica Ao se-
lecionar os indivíduos deste modo, o anjo os assinalava como os últimos dos
justos, isto é, os justos remanescentes a serem salvos da destruição de Judá.
Estudos selecionados em interpretação profética
O significado do simbolismo é evidente a partir das ações subsequentes dos
anjos destruidores, que deveriam passar pelo meio da cidade para exterminar
as pessoas que não estavam assinaladas. Historicamente, esta profecia se cum-
priu quando o exército de Nabucodonosor cercou e conquistou Jerusalém al-
guns anos depois de ser dada a visão a Ezequiel.
A outra parte do julgamento era um juízo sobre a cidade. Neste caso, a ci-
dade deveria ser queimada com as brasas de fogo que os quatro seres viventes
traziam consigo (Ez 1:13; 10:2). A história mostra que esse juízo também foi
executado pelo exército de Nabucodonosor (2Rs 25:9).
Assim, duas classes de pessoas em Judá foram diferenciadas nesse tempo
— os justos e os ímpios. Ou seja, os remanescentes a serem salvos e os não-rema-
nescentes a serem destruídos. Essa separação significava que a distinção entre
os indivíduos desses dois grupos tinha sido elaborada enquanto Jeová se as-
sentava em julgamento em seu templo. A execução da sentença era o resultado
de decisões tomadas durante a sessão de julgamento no templo. O juízo dos
habitantes de Judá foi considerado investigativo, uma vez que as decisões foram
tomadas a partir de cada caso e, como resultado, havia uma separação entre
essas duas classes de pessoas.
28
A PARTIDA DE DEUS
Tendo sido tomada uma decisão em cada caso, não havia mais necessidade
de Jeová permanecer em seu templo. Durante a visão da corrupção idólatra do
templo (Ez 8), Jeová fez a interrogação: "Filho do homem, vês o que eles estão
fazendo? As grandes abominações que a casa de Israel faz aqui, para que me
afaste do meu santuário?" (Ez 8:6). Desse modo, a partida de Jeová de seu tem-
plo não foi um ato arbitrário, pois o seu povo o havia expulsado de sua própria
casa. A cena é dada nos capítulos 9 a 11.
Ezequiel vê o trono sobre o firmamento com os seres viventes em prontidão,
agora chamados querubins (Ez 10:1). A carruagem de Deus está vazia, esperando
que Jeová se assente sobre seu trono. A descrição do deslocamento de Deus de seu
templo é repetida três vezes (Ez 9:3; 10:4; 10:18). O som das asas dos querubins é
ouvido em seguida (10:5), e as rodas postas em movimento (Ez 10:13). A carrua-
gem divina deve erguer-se mais uma vez porque Jeová está partindo de seu templo.
Ezequiel enfatiza que os seres viventes que viu anteriormente agora deveriam
ser identificados como querubins. Com exceção da referência aos anjos que guar-
davam o acesso ao jardim do Éden (Gn 3:24), os querubins no Antigo Testamento
estão geralmente associados aos modelos representativos ligados ao propiciatório
que cobria a arca da aliança no lugar santíssimo do templo. Quando esses seres
Paralelos bíblicos para o juízo investigativo
vieram com a carruagem de Jeová no capítulo 1, eles foram identificados apenas
como seres viventes (isto é, celestiais). Agora, entretanto, eles são identificados
com os querubins que estiveram presentes até esse ponto no templo terrestre.
Assim, esses seres vivos tornam-se, por assim dizer, "espíritos" que animam
as figuras simbólicas do templo, outrora inanimadas e• representativas. A iden-
tificação desses seres celestiais com suas representações terrestres no templo e a
partida de ambos é uma outra maneira de declarar quão enfaticamente o tem-
plo de Jeová tinha sido abandonado - até mesmo os modelos dos querubins da
cobertura da arca, agora, seguiam seu caminho. A carruagem divina é primeira-
mente vista no limiar do próprio edifício do templo. "Então se levantou a glória
do Senhor de sobre o querubim, indo para a entrada da casa; a casa encheu-se
da nuvem, e o átrio, da resplandecência da glória do Senhor" (Ez 10:4). Em se-
guida, ela se moveu para a porta oriental dos recintos do templo.
Os querubins levantaram as suas asas e se elevaram da terra a minha vista, quan-
do saíram acompanhados pelas rodas; pararam à entrada da porta oriental da
Casa do Senhor, e a glória do Deus de Israel estava no alto, sobre eles (Ez 10:19).
Finalmente, a carruagem cruzou o vale de Cedrom para descansar por um
pequeno momento sobre o Monte das Oliveiras enquanto Jeová, com o juízo de 29
seu povo concluído, parte por fim de sua casa, seu povo e sua cidade.
Então, os querubins elevaram as suas asas, e as rodas os acompanhavam; e a gló-
ria do Deus de Israel estava no alto, sobre eles. A glória do Senhor subiu do meio
da cidade e se pôs sobre o monte que está ao oriente da cidade (Ez 11:22-23).
A visão que abrange os capítulos 9 a 11 é recíproca à visão dada no início
do livro de Ezequiel. No capítulo 1, Jeová veio ao seu templo para uma obra de
juízo. E nos capítulos 9 a 11, essa obra de juízo completou-se quando Ele par-
tiu de seu templo e cidade. Tendo Jeová deixado o seu templo, Ele não partiu
para o norte, direção da qual viera (Ez 1:4), direção da qual também vieram os
agentes terrestres de seu juízo: o exército babilônio. Jeová partiu para o oriente
(Ez 10:19; 11:23), em direção ao seu povo exilado. Segundo as profecias que se
seguem em Ezequiel, o povo de Deus ainda voltaria para o seu país e cidade.
A EXPECTATIVA DE DEUS
O décimo capítulo do livro de Daniel relata uma visão de Deus e sua gló-
ria. A visão veio sobre o autor enquanto ele jejuava e orava por um determinado
Estudos selecionados em interpretação profética
problema durante três semanas (Dn 10:3). Miguel e Gabriel lutaram contra Ciro,
presumivelmente, acerca do mesmo problema durante o mesmo período de 21
dias (Dn 10:13). Sendo que Daniel recebeu a visão deste capítulo no final de três
semanas completas, o dia do recebimento da visão corresponderia a um sábado.
Nessa ocasião, Daniel recebeu uma visão de Deus e sua glória. A descrição é se-
melhante à visão dada a Ezequiel (Ez 1 e 10). No caso de Daniel, ele não viu Deus
indo para seu templo ou vindo dele. Deus ainda estava no oriente.
Isto suscita a interrogação acerca da razão pela qual Daniel, Miguel e Gabriel
estavam tão preocupados nessa ocasião. Essa visão foi dada no terceiro ano de
Ciro (Dn 10:1). Nessa época, a primeira onda de exilados já havia voltado para
Judá (Ed 1:1; 3:1, 8), de sorte que o retorno dos cativos não estava mais em risco.
A cidade de Jerusalém não deveria ser reconstruída até quase um século depois,
portanto, Jerusalém também não estava em perigo. Isto exclui o templo.
Conforme está revelado em Ageu, Zacarias e Esdras 5 e 6, não era intenção
de Deus que a reconstrução do templo fosse tão adiada como foi. Esse adia-
mento aconteceu principalmente por causa de oposição local (Ed 4:4). Um dos
aspectos dessa oposição foi que "alugaram contra eles conselheiros para frustra-
rem o seu plano" (Ed 4:5). Alguém aluga conselheiros para servir na corte real
(nesse tempo, a corte mais importante era a de Ciro), o lugar mais eficiente para
30 esses conselheiros alugados fazerem seu lobby.
A convergência desses fatores sugere que Ciro cedeu à pressão exercida pe-
los supostos conselheiros e ordenou aos judeus que suspendessem a construção
do templo. Provavelmente, este é o assunto em jogo no capítulo 10 de Daniel: a
mudança de opinião por Ciro quanto à reconstrução do templo de Jerusalém.
Segundo a visão de Daniel, a glória de Deus permanecia no oriente, pois Ele
ainda esperava para voltar ao seu templo, cuja construção fora retardada pelos
obstáculos, que historicamente não foram superados durante outra década.
O RETORNO DE DEUS
A descrição do retorno do exílio e da restauração de Jerusalém se desenvolve
plenamente no último terço do livro de Ezequiel. Especialmente em seus oito ca-
pítulos finais. A parte central da descrição é a restauração do templo. Ali, há uma
exposição notavelmente detalhada do que é apresentado nos capítulos 40 a 42
Depois de o templo ser reconstruído, a glória de Deus pôde a ele retornar. A gló-
ria divina vinha do oriente, direção para a qual ela anteriormente partira do templo.
E eis que, do caminho do oriente, vinha a glória do Deus de Israel; a sua voz era
como o ruído de muitas águas, e a terra resplandeceu por causa de sua glória. O
Paralelos bíblicos para o juízo investigativo
aspecto da visão que tive era como o da visão que eu tivera ... junto ao rio Que-
bar; e me prostrei, rosto em terra. A glória do Senhor entrou no templo pela por-
ta que olha para o oriente. O Espírito me levantou e me levou ao átrio interior; e
eis que a glória do Senhor enchia o templo (Ez 43:2- 5).
Um aápecto interessante da visão de restauração do templo e da glória de
Deus retornando ao seu lugar de habitação é a data em que ela foi dada. A da-
tação de Ezequiel 40:1 propõe que esse dia seja o décimo dia de rot hagãnãh
do vigésimo-quinto ano do exílio. Esse dado cronológico é singular no Antigo
Testamento, por isso, surge uma pergunta: A qual ano novo o texto se refere
(primavera ou outono)? Aqui, as datas de Ezequiel são interpretadas de acordo
com um calendário de outono, portanto, devemos seguir os mesmos métodos
de interpretação. O rosh hashanah do judaísmo moderno é celebrado no ou-
tono. Isso provê uma pequena indicação suplementar de que um calendário
outonal é pretendido nesta datação e noutra parte em Ezequiel.
Mas essa visão não foi dada a Ezequiel no dia do ano novo de outono, ou 1° de
tishri. O profeta recebeu a mensagem dez dias depois. O décimo dia do ano novo
de outono, ou rosh hashanah, aqui mencionado, é, portanto, yom kippur, ou o dia
da expiação A celebração acontecia no décimo dia do sétimo mês, ou tishri. Assim,
esta visão do templo purificado e restaurado foi dada no dia da expiação, quando o 31
primeiro templo foi purificado ritualmente durante os serviços sagrados. Naquele
dia, Ezequiel viu em visão o segundo templo restaurado, limpo e purificada
Desse modo, as visões de Deus e sua glória dadas a Ezequiel e Daniel, fo-
calizavam o templo de Deus e sua relação com ele. No capítulo 1 de Ezequiel,
Ele vem do norte para o seu templo a fim de dedicar-se à obra de julgamento.
Em Ezequiel 10, entretanto, após a conclusão da obra de julgamento, Deus
deixa seu templo e segue em direção ao oriente por 14 meses. Quase 70 anos
mais tarde, Ele ainda é visto por Daniel no oriente esperando para reentrar
em seu templo ainda não reconstruído. Por fim, Ezequiel vê a Deus no dia da
expiação (40:1) retornando do oriente para o seu templo, o qual finalmente
deveria ser reconstruído (43:1-7).
RESUMO
Vinte e oito passagens que tratam de juízo no Antigo Testamento foram ana-
lisadas anteriormente devido as suas conexões com o santuário. Essa lista não é
exaustiva, mas razoavelmente compreensiva e bastante representativa. As formas
Estudos selecionados em interpretação profética
do santuário mencionadas nessas passagens são distribuídas de modo relativa-
mente estatístico. Cerca de um terço delas (oito) estão relacionadas ao tabernácu-
lo no deserto; um outro terço (nove) têm conexões com o templo celestial; e na
parte final (onze) são postas no contexto do templo terrestre de Jerusalém.
Em geral, as conexões com o templo celestial são mais comuns nos Salmos,
enquanto que as conexões com o templo terrestre são mais evidentes nos profetas.
O fato de ocorrer relações alternativas nestes dois conjuntos de literatura indica
que esta distinção não é de grande importância. Ao contrário, a distribuição um
tanto estatística salienta que este aspecto do juízo da obra de Deus no templo ce-
lestial relacionava-se diretamente com a obra divina em suas residências terrestres.
Nos tempos do Antigo Testamento, a obra de juízo no templo celestial e no
templo/tabernáculo terrestre eram os dois lados da mesma moeda. Ou melhor,
diferentes manifestações da mesma obra, como estão diretamente ligadas no
salmo 76. Há muitas profecias ou declarações acerca de juízo no Antigo Testa-
mento que não contêm nenhuma menção específica ou conexão com o santu-
ário. Essa relação, porém, não precisa ser mencionada em todos os exemplos.
Com base na discussão acima, o contexto do santuário pode ser subenten-
dido nesses outros casos. Assim como o santuário era o centro da atividade
redentora de Deus, mesmo que esse propósito seja explicitamente declarado em
32 alguma determinada passagem ou não, ele era também a origem de seus juízos.
O santuário, terrestre ou celestial, era o lugar onde Deus habitava. Ali, também
se centralizava o governo de Deus. E, devido ao fato de ser Ele o único a emitir tais
juízos, é apenas natural que as sentenças fossem emitidas do lugar onde Ele habitava.
Desse modo, a discussão bíblica sobre a relação entre santuário e juízo é natural.
É interessante notar quão frequentemente esses juízos eram pronunciados
no contexto de uma visão teofânica de Deus. Todas as vezes que a Bíblia des-
creve essas visões, muito comumente as apresenta neste tipo de literatura. Esta
relação pode não ser exclusiva, mas é comum. A santidade e glória de Deus
expressas em tais cenas certamente adicionam solenidade ao seu significado.
O objetivo dos juízos do santuário deve ser revisto. Todos os casos ligados
ao tabernáculo no deserto eram obviamente dirigidos ao povo de Deus, mesmo
que o juízo envolvesse indivíduos ou grandes grupos. Considerando quão di-
reta era a relação entre o tabernáculo e o acampamento de Israel durante a per-
manência temporária do êxodo, é apenas natural que mais juízos pessoalmente
relacionados ocorressem em conexão com o tabernáculo que na história isra-
elita posterior. O juízo sobre Acabe, em 1 Reis 22, é a mensagem mais pessoal
desse gênero encontrada nas passagens posteriores ligadas aos templos terrestre
e celestial. Há várias mensagens de juízos pessoais transmitidas pelos profetas
Paralelos bíblicos para o juízo investigativo
durante o período da monarquia — mensagens destinadas a reis ou pessoas co-
muns. No entanto, elas não se relacionavam diretamente ao santuário. Além
desses juízos pessoais, um espectro bastante amplo de juízos aparece relaciona-
do ao santuário. Os juízos se dividem em seis categorias diferentes:
1.Juízo favorável sobre os justos. Nas passagens consideradas acima este
aspecto do juízo aparece por si mesmo somente no Salmo 103. Neste texto, o
juízo é posto no contexto do templo celestial.
2.Juízo distintivo entre os justos e os ímpios em Israel. Salmo 14 (e Salmo
53, duplicata do 14) relaciona tal juízo com o templo celestial. Malaquias 3, Eze-
quiel 10 e Salmos 50 e 73 relacionam essa espécie de juízo ao templo terrestre.
3.Juízo emitido em favor dos justos em oposição aos ímpios. Este tipo de
juízo ocorre no contexto do templo celestial dos Salmos 11 e 102. Ele também
aparece em Joel 2 e 3 no contexto do templo terrestre.
• 4. Juízo sobre pecados de pessoas tidas como justas sob outros aspectos.
Este juízo aparece no contexto do templo terrestre, em Salmos 99.
5. Juízo desfavorável sobre os ímpios. Provém do templo celestial, no
caso particular de Acabe em 1 Reis 22. Este mesmo tipo de juízo, com a mes-
ma origem, é aplicado mais geralmente em Miqueias 1. É importante, porém, 33
lembrar que embora o ímpio Judá fosse julgado digno de exílio, a promessa
profética de que o remanescente voltaria do exílio foi transmitida pelo mes-
mo profeta. Isto também é válido na visão de Isaías 6, que trata do juízo e do
retorno de um remanescente.
6.Os seis casos de juízos sobre nações estrangeiras são explicitamente de-
clarados como vindos do santuário. O juízo dos cananeus veio do templo celes-
tial (Si 29), ao passo que os juízos sobre Edom e Etiópia vieram do templo ter-
restre (S160 e Is 18). A coleção de nações estrangeiras identificadas em Joel 3 foi
também julgada a partir do templo terrestre. O Salmo 76 contém um juízo geral
proveniente do templo celestial sobre inimigos estrangeiros não especificados. Já
no Salmo 9, o juízo é identificado como oriundo do templo terrestre.
A relação entre a obra do santuário celestial e do santuário terrestre é esclarecida
quando as passagens sobre juízo Uo Antigo Testamento são analisadas dentro das
categorias descritas acima. Em quatro dessas seis categorias, os mesmos tipos de
juízos são identificados como procedentes dos templos terrestre e celestial. Apenas
na primeira e terceira categorias esta generalização não é válida. Nestes exemplos,
somente uma passagem pode ser citada como pertencendo a cada categoria.
Estudos selecionados em interpretação profética
Os tipos mais comuns de passagens sobre juízo são aquelas dirigidas contra as
nações estrangeiras e aquelas que distinguem entre justos e ímpios entre o povo
de Deus. Seis exemplos das primeiras e cinco das últimas foram recolhidos. Em-
bora seja preeminente a categoria de juízos sobre as nações estrangeiras, deve-se
notar que quando os diferentes tipos de juízos sobre o povo de Deus são reunidos,
eles formam uma coleção consideravelmente maior que a dos estrangeiros.
Das 20 passagens sobre juízo relacionadas aos templos terrestre e celestial,
a preocupação de 14 é com o povo de Deus, ao passo que seis se preocupam
com as nações estrangeiras. Quando são adicionados os oito casos de juízo do
tabernáculo, a proporção se amplia para 22 a 6. Esta proporção se ajusta ao
quadro geral de juízo no Antigo 'Testamento.
Um estudo das passagens acerca do juízo dentro de suas mais amplas ca-
tegorias indica que Deus estava preocupado com três categorias de pessoas no
mundo (em vez de com apenas duas, como insistiriam alguns). Essas três maio-
res categorias consistem nos justos em Israel, ímpios em Israel e nações. Embo-
ra os dois últimos grupos partilhassem destinos um tanto similares em relação
aos seus juízos, eles eram reunidos a partir de diferentes pontos de origem. As
transferências do terceiro para o primeiro grupo se efetuavam somente em uma
base individual. Isto ocorreu nos casos de Rute, Urias, Ebede-Meleque e outros.
34 Nem todos os juízos coletivos sobre nações estrangeiras eram desfavoráveis.
Há, por exemplo, a profecia de restauração do Egito depois de sua desolação, em
Ezequiel 29. Além deste tipo específico de profecia, havia uma visão profética
maior e mais favorável em relação ao lugar a ser ocupado por estas nações rio
reino escatológico de Deus. Uma das mais preeminentes declarações encontra-
-se nas passagens duplicadas de Isaías 2 e Miqueias 4. O texto é citado aqui por-
que se refere ao juízo de Deus sobre as nações e procede de seu templo:
Mas, nos últimos dias, acontecerá que o monte da Casa do Senhor será estabeleci-
do no cume dos montes e se elevará sobre os outeiros, e para ele afluirão os povos.
Irão muitas nações e dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor e à casa do Deus
de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos pelas suas veredas; por-
que de Sião procederá a lei, e a palavra do Senhor, de Jerusalém. Ele julgará entre
muitos povos e corrigirá nações poderosas e longínquas; estes converterão as suas
espadas em relhas de arados e suas lanças, em podadeiras (Mq 4:1-3).
Ao comparar a descrição de juízo em Daniel com esses aspectos de julga-
mentos do santuário registrados em outros lugares no Antigo Testamento, é evi-
dente que a descrição de Daniel contém todos os elementos essenciais dos últi-
mos. O julgamento de nações estrangeiras, relatada anteriorrnente na categoria
Paralelos bíblicos para o juízo investigativo
seis, está presente em Daniel no surgimento e queda das nações e na queda final,
conforme descrita em Daniel 2:4; 7:11-12, 26; 8:25 e 11:45.
As categorias um e quatro (que tratam dos justos) podem ser agrupadas com
a categoria dois, que distinguia os justos e os ímpios entre o povo de Deus. Isso é
explicitamente mencionado em Daniel 12:1 e 3, e descrito de forma implícita em
Daniel 8:14. A categoria cinco (rejeição de alguns homens do professo povo de
Deus) abrange o lado desfavorável do juízo descrito sob a categoria dois. Este fato
também é explicitamente mencionado em Daniel 12:2 e implícito em Daniel 8:14.
Finalmente, o juízo em favor do povo de Deus e contra os seus inimigos, ex-
postos na categoria três, é o aspecto do juízo subentendido em Daniel 2:44 e mais
explicitamente declarado em Daniel 7:22. Assim, os correlativos para todas as ca-
tegorias de juízo do santuário no Antigo Testamento também são encontrados no
julgamento final, em Daniel. Um quadro composto é precisamente desenvolvido
a partir de todas as passagens sobre juízo do santuário fora de Daniel no Antigo
Testamento. Desse mesmo modo, um quadro composto do juízo final também
deve ser desenvolvido, considerando todas as passagens sobre juízo em Daniel.
Assim como acontece no restante do Antigo Testamento, em alguns casos
esses juízos são especificamente identificados como vindos do santuário e em
outros não. Por exemplo, as passagens sobre juízo em Daniel 2A4, 8:25 e 11:45
não estão especificamente ligadas ao santuário, enquàntõi as cenas do juízo em
Daniel 7:9-13, 22, 26; 8:14 e 12:1 estão. Uma diferença nestas duas categorias de
textos em Daniel é que as passagens do juízo ligadas ao santuário estão frequen-
temente mais preocupadas com o povo de Deus do que com as nações. Todavia,
uma vez que todas as decisões do juízo procedem de Deus, das podem ser vistas
no contexto de juízo do santuário - habitação de Deus.
Duas das diferenças significativas entre juízos do Antigo Testamento em geral
e o juízo final descrito em Daniel envolvem tempo e objetiva Os juízos do santuá-
rio nas passagens do Antigo Testamento estudadas acima se referem a juízos sobre
pessoas, povos ou nações que foram contemporâneas do profeta que os anunciou.
Em Daniel, por outro lado, o juízo final se localiza no contexto de uma es-
trutura apocalíptica depois do surgimento e queda de uma série de nações e no
final de um período específico de tempo profético. Desse modo, os outros juízos
no Antigo Testamento e os juízos em Daniel eram qualitativamente semelhan-
tes, mas postos em diferentes dimensões de tempo.
Uma outra grande diferença é a de escopo ou alvo. Esses outros juízos do
Antigo Testamento eram localizados em escopo, lidando com diferentes indi-
víduos, grupos de pessoas ou nações do Antigo Oriente Próximo. Contudo, o
juízo em Daniel é de mais longo alcance, pois indica termos atuais da história
35
Estudos selecionados em interpretação profética
humana. Por isso, é cósmico em escopo. As passagens sobre juízo no Antigo
Testamento fora de Daniel são uma série de minijulgamentos em escala micros-
cópica, por assim dizer. Elas levam e apontam para o grande juízo final. Além
de prover uma anterior reflexão e um paralelo ou analogia ao mesmo em escala
macroscópica descrita em Daniel (e em Apocalipse).
Deus reuniu sua corte celestial para julgar seu rib ou "processo da aliança" con-
tra o seu povo em várias ocasiões nos tempos do Antigo Testamento. Desse modo,
não deveríamos liberar ou mesmo esperar que Ele proceda da mesma forma no
final de nossa era? Assim, enquanto esses julgamentos vétero-testamentais são
qualitativamente semelhantes ao juízo em Daniel devido aos níveis similares ou
categorias de juízo encontrados em ambos, eles diferem em escopo e em termos
da estrutura conceituai na qual são encontrados. Das 28 passagens sobre juízo do
santuário compiladas do Antigo Testamento, o paralelo mais próximo ao juízo
celestial do tempo presente é o juízo investigativo de Judá, descrito em Ezequiel
1 a 10. É interessante comparar seus respectivos contextos cronológicos.
Deus estabeleceu o seu povo na terra prometida de Canaã conforme des-
crito no livro de Josué. Desde então, por quatro séculos eles viveram sob a lide-
rança de juízes, e por outros quatro séculos sob o domínio de reis. No final de
todo esse período de oito séculos, o julgamento final foi pronunciado sobre eles
36 na visão dada a Ezequiel. O povo recebeu a profecia apenas poucos anos antes
de serem arrastados para o exílio e varridos da terra prometida doada por Deus.
O juízo descrito em Daniel ocorre em uma conjuntura semelhante, mas em
termos mais amplos da história do povo de Deus e do mundo. O "tempo do fim"
e datado nesta era da história humana, mais precisamente antes da introdução
do grande e eterno reino de Deus. Portanto, em uma escala menor, o juízo in-
vestigativo de Judá realizado no templo terrestre de Jerusalém ocorria em uma
conjuntura intermediária da história da salvação. Assim, o juízo investigativo
no templo terrestre se compara ao juízo investigativo no templo celestial, con-
vocado para concluir o capítulo final dessa história.
REFERÊNCIA
WALLENKAMPF, A. V.; LESHER W. R. (Eds.). The sanctuary and atonement. SiIyer Spring:
Biblical Research Institute, 1981.
2
POR QUE ANTIOCO IV
NÃO É O CHIFRE
PEQUENO DE DANIEL 8
Esboço do capítulo
1.Significado da interpretação
2. Daniel 7
3. Daniel8
4. Daniel 9
5. Danie111
6. Sumário
SIGNIFICADO DA
INTERPRETAÇÃO
A visão descrita em Daniel 8
pode ser esquematizada breve-
mente como sdgue: o carneiro
persa apareceu primeiro na visão,
conquistando o norte, o ocidente e
o sul (v. 3-4). O bode grego, com
seu principal chifre, entrou em
cena logo em seguida. Derrotando
o carneiro persa, ele tornou-se o
poder dominante em vista (v. 5-7).
Contudo, depois de alcançar essa
posição, o chifre principal do bode
foi quebrado e quatro chifres, es-
tendendo-se para os quatro ventos
do céu, subiram em seu lugar (v. 8).
38
Estudos selecionados em interpretação profética
Os comentaristas concordam que o conteúdo da visão até aqui é relativamente
claro, uma vez que esses quatro chifres podem ser identificados prontamente
como os quatro reis e os reinos derivados deles, os quais dividiram o império
conquistado por Alexandre.
A interpretação do principal elemento seguinte da visão é mais controvertido.
Outro chifre ("um chifre pequeno"), procedente de um dos quatro ventos ou de
um dos quatro chifres, apareceu em cena. Esse chifre não dirigiu seu ataque ap-
enas contra os outros animais ou reinos, mas contra o povo de Deus, identifica-
do no texto como "o exército das estrelas" (v. 10, 24, Revised Standart Version).
Portanto, o ataque também se dirige contra a obra divina de redenção na forma
do tündd (diário) e do templo (v. 11-12), e contra o principal representante de
Deus -"o príncipe do exército", "Príncipe dos príncipes" (v. 11, 25).
Então, Daniel ouviu dois seres celestiais discutindo o que ele havia visto.
Um perguntou ao outro: "Até quando durará a visão do sacrifício diário (trai/ id)
e da transgressão assoladora, visão na qual é entregue o santuário e o exército, a
fim de serem pisados?" A resposta foi: "Até duas mil e trezentas tardes e manhãs;
e o santuário será purificado [restaurado]" (tradução livre).
A identificação do chifre pequeno que haveria de fazer todas estas coisas con-
tra Deus e seu povo é decisiva para a interpretação de Daniel 8:9-14. Na tentativa
de identificar o chifre pequeno, os comentaristas aplicam os métodos desenvolvi-
dos pelas escolas preterista, futurista e historicista de interpretação profética.
Os preteristas defendem que a maioria das profecias do livro de Daniel já
se cumpriu e, portanto, não há nenhum significado para os dias atuais. Assim,
sustentam que o chifre pequeno surgiu de uma das divisões do império de Alex-
andre. Eles concluem que as atividades do chifre pequeno apontam inconfundi-
velmente para Antíoco IV Epifania. Geralmente, os futuristas também seguem
esta linha de interpretação. Além disso, eles veem Antloco como um tipo de
anticristo do fim dos tempos e que ele deve surgir nos anos finais da história
terrestre, antes do segundo advento de Cristo.
Os historicistas, por outro lado, declaram que as profecias de Daniel re-
tratam um esboço da história humana e eclesiástica, e narram a luta entre .o bem
e o mal até o fim do tempo. Um fluxo de história parece estar envolvido aqui
- especialmente quando este capítulo é comparado com o anterior. Os historicis-
tas defendem que o chifre pequeno representa Roma em suas fases pagã e papal.
Há precisamente três grandes identificações para o chifre pequeno, assim
como há também três grandes aplicações ao período de tempo mencionado
nesta passagem. Os preteristas sugerem que as 2.300 "tardes e manhãs" devem
ser interpretadas como 2.300 sacrifícios individuais da manhã e da tarde, ou
Por que Antioco IV não é o chifre pequeno de Daniel 8
1.150 dias literais. Para eles, a profecia se aplica aos eventos ocorridos na tra-
jetória de Antíoco IV Epifânio, no segundo século a.C.
Utilizando o princípio dia-ano, os historicistas enfatizam que o texto se
refere a um período de 2.300 anos, iniciado em alguma ocasião no quinto sécu-
lo a.C. e encerrado no século 19 d.C.
Como um tipo de obra do anticristo final, alguns futuristas aplicam as "tar-
des e manhãs" como tardes e manhãs literais, ou seja, 2.300 dias. Contudo, eles
afirmam que esse período de tempo ainda não começou, pois a manifestação
final de um anticristo pertence ao futuro.
Mas como essa profecia que trata de um santuário deve ser interpretada?
Os preteristas asseveram que ela se refere à purificação do templo de Jerusalém,
poluído por Antíoco no segundo século a.C.
Devido ao fato de que o templo terrestre foi destruído em 70 d.0 (o período
de tempo profético se estende além desta data), os historicistas afirma que o
texto se refere ao templo celestial. O fato, portanto, comprova a crença dos
principais representantes do pensamento historicista, os adventistas do sétimo
dia, que compreendem a purificação de Daniel 8:14 como uma referência ao
antítipo celestial da purificação do santuário terrestre que ocorria no antigo
Israel no dia da expiação. Uma vez que o dia da expiação simbolizava juízo em
39Israel, a purificação antitípica do santuário celestial é interpretada como um
tempo de juízo investigativo pré-advento do povo de Deus.
A posição historicista é muito diferente daquela defendida pelos intérpretes
da escola futurista, que afirmam que durante os sete anos finais da história ter-
restre, um templo literal (a ser reconstruído em Jerusalém) será poluído por um
anticristo. A purificação ou restauração do templo acontecerá quando Cristo
vier e pôr um fim ao seu reinado nefando.
Estes três pontos de vista sobre a interpretação dos vários elementos de
Daniel 8:9-14 podem ser resumidos como segue:
Elemento re ensta tnis lost man
I. Chifre pequeno
2.2.300 dias
3.Templo
4.Purificação
Antíoco IV
Dias literais passados
Terrestre
Profanação passada
Roma
Anos proféticos
Celestial
Juizo
Futuro anticristo
Dias literais
futuros
Terrestre
Profanação futura
A breve recapitulação das várias interpretações, conforme propostas pe-
las três principais escolas de interpretação profética, esclarece o porquê das
Estudos selecionados em interpretação profética
conclusões amplamente variadas acercada natureza dos eventos preditos nesta
passagem da profecia. De particular importância neste estudo é a natureza do
evento que está para ocorrer no final do 2.300 dias.
De acordo com a primeira escola de pensamento, a purificação prescrita
estava totalmente concluída antes de 10 de janeiro de 164 a.C. A segunda linha
de interpretação, entretanto, se refere a um juízo que está agora em andamento
no Céu. Para o terceiro ponto de vista, isto ainda não ocorreu. Quando ocorrer,
eventos em Jerusalém e Israel estarão envolvidos. Considerando-se a magni-
tude das diferenças de interpretação e a importância dos eventos aos quais elas
se referem, é evidente que estes versos de Daniel precisam ser cuidadosamente
examinados. Demandam nossa mais diligente atenção.
A fim de avaliar devidamente a passagem que trata do chifre pequeno de Daniel
8 é necessário compreendê-la no contexto do livro. As profecias de Daniel corre-
spondem umas às outras em uma grande extensão. Consequentemente, é necessário
examinar os textos proféticos relevantes para a discussão nos capítulos 7, 9, 11 e 12.
DANIEL 7
Ao questionar as várias escolas de interpretação sobre como identificam os
diferentes animais de Daniel 7, percebemos que todas concordam que o leão
representa Babilônia (v. 4). As escolas historicista e futurista identificam o urso
como Medo-Pérsia, ao passo que a escola preterista, constituída essencialmente
de críticos eruditos, o identifica apenas como a Média (v. 5). Desse modo, en-
quanto as escolas historicista e futurista continuam sequencialmente identifi-
cando o leopardo e o animal indescritível como Grécia e Roma, a preterista fica
um passo atrás, identificando-os como Pérsia e Grécia (v. 6-7).
Historicistas e futuristas finalmente divergem no que tange ao chifre peque-
no. Os primeiros o identificam com o chifre papal que saiu de Roma pagã. Os
últimos, apegando-se a uma lacuna no fluir da história profética, o identificam
com o final e ainda futuro anticristo (v. 8). Sendo que eles terminam sua sé-
rie de quatro animais com a Grécia, os preteristas identificam o chifre pequeno
proveniente desse animal como Antínco IV.
Existem, é claro, variações nas aplicações feitas por comentaristas indi-
viduais dentro de cada uma dessas escolas de interpretação profética, mas es-
tas variações não possuem real significado aqui. A diferença essencial para o
propósito dos Estudos Selecionados em Interpretação Profética é a divergência a
40
Por que Antíoco IV não é o chifre pequeno de Daniel8
•
partir da interpretação do segundo animal e as consequências resultantes dessa
divergência na interpretação dos subsequentes animais-nações.
Separando a Média da Pérsia, os preteristas abreviaram seu esquema
profético até o surgimento de Antíoco IV como o chifre pequeno originário
do animal grego, no segundo século a.C. Outro grande esquema que carac-
teriza o segundo animal como um símbolo conjunto para o reino unificado
da Média e Pérsia termina um passo histórico a mais no futuro, com Roma
como o quarto animal. Os esquemas e suas diferenças especificas podem ser
delineados da seguinte forma:
Leão Babilônia Babilônia Babilônia
Urso Média Medo-Pérsia Medo-Périsa
Leopardo Pérsia Grécia Grécia
Animal indescritível Grécia Roma Roma
Chifre pequeno Antioco IV Papado Anticristo final
A interpretação dos símbolos para essas nações possuem uma relação di-
•reta com a identificação do chifre pequeno de Daniel 7. Por isso, esses animais-
nações devem ser identificados antes que uma interpretação seja sugerida para 41
o chifre pequeno que saiu do quarto animal.
No entanto, um dos principais argumentos nos quais se apoiam os preteristas
é o de que o autor de Daniel teria cometido um erro histórico crasso quando se
referiu a Dado como o medo (Dn 5:31, 6:28 e 9:1). O argumento corre como segue:
Embora tal personagem seja desconhecido na história, a referência de Daniel a ele
permitiu a possibilidade de existência de um reino medo separado entre os sobe-
ranos neobabilônios Nabonido e Belsazar, de um lado, e o rei persa, Ciro, de outro.
A primeira apresentação deste ponto de vista encontra-se em Darius the Mede
and the Four Kingdoms, de H. H. Rowley (1935), que pretende provar esse erro
histórico a fim de manter a interpretação preterista desses símbolos proféticos.
A conclusão clássica de Rowley é a de que "não há espaço na história para
Dano, o medo". Infelizmente, ele não estudou diretamente as importantes
fontes cuneiformes, mas se apoiou em abordagens secundárias delas. Em meu
estudo dos títulos reais usados nos tabletes contratuais neobabilônios escritos
no início do reinado de Ciro (SHEA, 1971-1972), saliento que há espaço na
história para Dano, o medo. Ainda que a quantidade de espaço histórico dis-
ponível para ele delimita-se muito precisamente.
Estudos selecionados em interpretação profética
O título "Rei de Babilônia" não foi usado para Ciro nos tabletes contratuais
datados em sua homenagem durante o primeiro ano após a conquista de Ba-
bilônia, em outubro de 539 a.C. Somente o título "Rei dos Países" foi usado para
ele. A homenagem se referia a ele em sua capacidade como rei do Império Persa.
No final de 538 a.C, porém, os escribas acrescentaram o título "Rei de Babilônia"
à sua titulação, termo usado durante todo o restante de seu reinado e de seus
sucessores até o tempo de Xerxes.
Aqui há apenas duas possibilidades. Ou houve um interregno em que o
trono de Babilônia esteve desocupado por um ano, ou alguém mais, além de
Ciro, ocupou o trono por aquele período de tempo. Em minha opinião, o prin-
cipal candidato a ser o outro rei de Babilônia é Ugbaru, o general cuias tropas
conquistaram Babilônia para Ciro. Segundo a crônica de Nabonido, ele no-
meou governadores em Babilônia (compare Dn 6:1) e residiu na cidade até sua
morte, que ocorreu um ano depois. A morte de Nabonido se deu um mês antes
que o título "Rei de Babilônia" fosse adicionado à titulação de Ciro.
Ugbaru estava razoavelmente bem-avançado em idade por ocasião de
sua morte, circunstância que se ajusta à idade de 62 anos para Dano, o
medo (Dn 5:31). As fontes cuneiformes não nos fornecem qualquer in-
formação acerca de seu pai, Assuero, ou sobre sua origem étnica como
42 medo (Dn 9:1). Dano também poderia ser o título real de Ugbaru, uma
vez que o uso de títulos reais é conhecido em Babilônia e na Pérsia. A
explicação lógica para o avanço na,s datas de Daniel no primeiro ano de
Dano, o medo (9:1), ao terceiro ano de Ciro (10:1), é que Dano morreu
no intervalo. Satisfatoriamente, essa proposição apresenta harmonia com
a evidência cuneiforme.
Embora não haja provas conclusivas para o caso devido á falta de referência
direta a Dano, o medo, em um texto cunciforme, deve-se ter em mente que a
maior parte dos tabletes contratuais neobabilônios não estão ainda publicados.
No Museu Britânico, por exemplo, estão 18 mil provenientes de Sippar. Mesmo
sem a publicação desses tabletes, uma hipótese razoável pode ser comprovada a
partir dos tabletes publicados.
Também se deve ter em mente a maneira fragmentária como o passado do
antigo Oriente Próximo é descrito e recuperado até aqui. Assim, a opinião críti-
ca de que o autor de Daniel cometeu um erro estúpido na identificação de um
rei medo de Babilônia não possui apoio pelas fontes históricas do sexto século
a.C. Ao contrário, o conhecimento detalhado da história de Babilônia desse
período, revelado nesta e em outras passagens do livro de Daniel, demonstra
fortemente que o autor foi testemunha ocular desses eventos.
Por que Antfoco IV não é o chifre pequeno de Daniel8
Faltando apoio histórico para a interpretação do segundo animal de Dan-
iel 7, os preteristas devem retroceder na interpretação dos próprios símbolos.
Aqui, o que comumente tem sido feito, como no recente volume da Anchor
Bible sobre Daniel (HARTMAN; DI LELLA, 1978) é emendar o texto tran-
spondo para diante a frase acerca das três costelas na boca do urso, de sorte
que, em vez disto, as costelas terminem na boca do leão. Por outro lado, as
frases relacionadas a uma mudança no leão são transferidas para o urso. Desse
modo, o urso recebe o coração de um homem e permanece apoiado em suas
pernas traseiras, e não sobre um de seus lados. Então, o urso alterado passa a
se referir ao único monarca do fictício reino medo que o autor de Daniel pre-
sumivelmente conhecia — Dario, o medo.
Em contraste com esta distorção da história e do texto em apoio de uma
teoria, a interpretação historicista desses símbolos parece ser muito razoável. O
levantamento do urso, primeiro de um lado e, depois, de outro, pode ser visto
muito naturalmente como uma referência à natureza composta do reino for-
mado pela fusão dos medos e persas. As três costelas deixadas na boca do urso
podem razoavelmente ser entendidas como representando as três principais
conquistas das forças coligadas dos medos e persas no sexto século a.0 Lídia
em 547, Babilônia ern 539 e Egito em 525 a.C.
O apoio para esta interpretação de Daniel 7 é encontrado na interpretação do
carneiro de Daniel 8. Seus dois chifres desproporcionais são especificamente iden-
tificados como os reis da Média e de Pérsia (v. 20), expressando a mesma dualidade
que é encontrada na visão do urso no capítulo 7. A natureza tripartite das conquis-
tas do carneiro também correspondem às três costelas da boca do urso, sendo que
ele se expandiu para o norte (Lídia), para o ocidente (Babilônia), e para o sul (Egito).
As semelhanças entre os dois animais apoiam a interpretação do primeiro,
uma vez que ao analisar o contexto de Daniel 7 percebe-se que o urso represen-
ta a Medo-Pérsia. Isto significa que o animal indescritível, o quarto na ordem
ali existente, representa. Roma. Portanto, o chifre pequeno procedente dele não
pode representar Antíoco IV.
Partindo desta conclusão acerca do chifre pequeno de Daniel 7, a próxima
grande interrogação é: qual é a sua relação com o chifre pequeno de Daniel 8?
Poderia o chifre pequeno de Daniel 8 ser ainda Anfloco Epifânio, mesmo que o
chifre pequeno de Daniel 7 não o represente?
Entre os intérpretes historicistas e futuristas há um número significativo
que opta por diferentes interpretações desses dois símbolos. Praticamente todos
os intérpretes da escola historicista pré-milerita dos séculos 18 e 19 mencio-
nados por L. E. Froom (1946, 1954, v. 3-4) nos volumes 3.e 4 de Ilw Prophetic
43
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Shea william h._2012_._estudos_selecionados_em_interpreta_o_prof_tica._s_rie_santu_rio_e_profecias_apocal_pticas_1._engenheiro_coelho_sp._unaspress.

  • 1. [ffitiriarabiefferaie~ INTERPRETAÇÃ* PROFÉTICA Série , Santuário e profecias apocalípticas ( •U NA SPRE SS plif ),
  • 2. Publicada originalmente em inglês com o título de Daniel and Revelation Committee, a série Santuário e profecias apocalípticas reúne alguns dos mais importantes estudos já produzidos no meio adventista acerca da temática. Em seu conjunto, a coleção representa um verdadeiro tratado histórico-teológico sobre a profecia bíblica, especialmen- te no que se refere à doutrina dos últimos eventos. N -ste volume: O juízo investigativo na Bíblia eria Antíoco IV o chifre pequeno de Daniel 8? O princípio dia-ano O tema do juízo no capítulo 7 de Daniel Á percepção de Daniel acerca de Cristo O dia da expiação e 22 de outubro de 1844 UN Á SP
  • 3. que colocava em dúvida a interpretação tradicional adventista do santuário. O evento contribuiu para a rejeição das ideias de Ford e a consolidação da posição clássica adventista. Como resultado dos debates promovidos naquele local, o Instituto de Pesouisa Bíblica
  • 4.
  • 5. Centro Universitário Adventista de São Paulo Fundado em 1915— www.unasp.edu.br missão: Educar no contexto dos valores bíblico-cristãos para o viver pleno e a excelência no servir. Visão: Ser um centro universitário reconhecido através da excelência dos serviços prestados dos seus elevados , . padrões éticos e da qualidade pessoal e profissional de seus egressos. • Administração da Entidade Presidente: Domingos José de Souza . Mantenedora (UCB) Secretário: Emmanuel Guimarães Tesoureiro- Elnio Álvares de Freitas • Administração Geral do Unasp Reitor Euler Pereira Bahia Pra Reitora de Pós -Graduação, Pesquisa e Exten- são:Tânia Denise Kuntze Pra Reitora de Graduação: Sílvia Cristina de, Oliveira Quadros ., Pró -Reitor Administrativo: Elnio Alvares de Freitas . Secretário Geral: Marcelo Franca Alves Campus Eng, Coelho Diretor Geral: José Paulo Martini - Diretor de Graduação: Afonso Ligório Cardoso Diretora de Pós Graduação Pesquisa e Extensão: Francisca Pinheiro da Silveira Costa Campus São Paulo Diretor Geral: Hélio Carnassale Diretor de Graduação: IlsonTercio Caetano • Diretor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão: Marcos Natal de Souza Costa Campus Virtual Diretor Geral: Valcenir do Vale Costa . Faculdade de Teologia Diretor Emilson dos Reis Coordenador Acadêmico: Ozeas a Moura . Faculdade Adventista de Diretor Geral: Euler Pereira Bahia Hortolândia Diretora de Graduação: Eira Cress . Diretora de Pôs Graduação Pesquisa e Extensão: • Eli Andrade Rocha Prates *LT .1T ASPRESSi Imprensa Universitária Adventista Editor Renato Groger Editor Associado: Rodrigo Follis Conselho Editorial: ' .José Paulo Martini, Afonso Cardoso, Elizeu de Sousa, Francisca Costa, Adolfo Suárez, Ernilabn dos ' Reis, Renato Groger, Ozeas C. Moura, Betania Lopes, Martin Kuhn A Unaspress está sediada no Unasp, campos Engenheiro Coelho, SP • .
  • 6. stuaos se ecien... -m INTERPRETAÇÃO ROFÉTIC Á Tradução: Francisco Alves de Pontes L'UNASPRESS1 Im rensa Universitária Adventista iPÀ
  • 7. ltTNA SPRESS) Estudos Selecionados em Interpretação Profética Imprensa Universitária Adventista edição —2012 1.000 exemplares Caixa Postal 11 — Unasp 4.000 (tiragem acumulada) Engenheiro-Coelho-SP 13.165-000 . (19) 3858-9055 , www.unaspress.unasp.edu.br Todos os direitos em língua portuguesa reserva- dos para a Unaspress, Proibida a'reprodução por . quaisquer meios, salvo em breves citações, com Editoração: Renato Groger, Rodrigo Follis indicação da fonte. Programação visual: Pedro Valença ' Diagramação: Bárbara Reis, Marcia Trindade Todo o texto, incluindo as citações, foi adap- Capa: Havia Luís tado segundo o Acordo Ortográfico da Língua ' Revisão: Thiago Basílio, Juliana Castro Portuguesa, assinado em 1990, em vigor desde Norrnatização: Giulia Pradela janeiro de 2009. • • • • • Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP Brasil) Shea, William H. - Estudos selecionados em interpretação profética /William H. Shea ; tradução Francisco Alves de Pontes. —2 ecl: — Engenheiro Coelho, SP : Unaspress - Imprensa Universitária Adventista, 2012. -- (Série santuário e profecias apocalípticas ; v. 1) ISBN: 978-85-89504-59-1 Título original: Selected studies on prohetic interpretation 1. Adventistas do Sétimo Dia - Doutrinas 2. Bíblia. A T - Crítica e interpretação 3. Bíblia. AT Daniel - Crítica e interpretação 4. Julgamento divino - Ensino bíblico-5..Profecias I.Título. 12-05581 CDD-221.15 Índices para catálogo sistemático: 1. Juízos divinos : AntigoTestamento : Interpretação profética 221.15
  • 8. SUMÁRIO 7 Prefácio à edição brasileira 9 Prefácio à edição em inglês 11 Paralelos bíblicos para o juízo investigativo 37 Por que Antíoco IV não é o chifre pequeno de Daniel 8 73 O princípio dia-ano (la parte) 111 O princípio dia-ano (2a parte) 117 Juízo em Daniel 7 159 Retratos de Jesus no centro de Daniel 169 O dia da expiação e 22 de outubro de 1844
  • 9. GUIA PARA TRASLITERAÇÃO As consoantes das palavras bíblicas aramaicas e hebraicas ou frases são transli- teradas e impressas em itálico como se segue: Consoantes = w = T - z n = t noun_ m ou= - t ou= n Vogais a 1Z‹ o _ _ 1t< = u
  • 10. PREFÁCIO À EDIÇÃO BRASILEIRA •Em agosto de 1980, um grupo de 114 teólogos e administradores se reu- niu em Glacier View, Colorado, para analisar as ideias do teólogo australiano Desmond Ford, que questionava a tradicional interpretação adventista do san- tuário. O evento contribuiu para a rejeição das ideias de Ford e a consolidação da posição tradicional adventista. Entre os principais oponentes de Ford estava William H. Shea, destacado historiador e linguista do Antigo Testamento. Suas mais importantes críticas às teorias de Ford aparecem neste volume. Criticando a teoria popular de que apenas os ímpios são julgados por Deus, Shea chama.a atenção do leitor para um número significativo de ocasiões, na história de Israel, em que o próprio povo de Deus foi julgada O autor critica também a tentativa de se identificar Antíoco Epifânio como o "chifre pequeno" de Daniel 8, e apresenta várias evidências bíblicas e extra bíblicas que confir- mam a validade do princípio dia-ano de interpretação profética. Atenção espe- cial é dada à natureza e ao tempo do juízo descrito em Daniel 7. Com o lançamento deste clássico aclventista, marco inicial de vários estudos subsequentes, a Unaspress contribui para consolidar a base exegética, teológica e histórica da doutrina bíblica do santuário em nosso país. A familiaridade com o conteúdo da obra é indispensável para todos aqueles que desejam aprofundar o conhecimento dessa importante doutrina. • Alberto R. Timm Diretor associado do White State — EUA
  • 11. PREFÁCIO À EDIÇÃO EM INGLÊS Para a pergunta "O que é um adventista do sétimo dia?", a resposta mais comum é: "Adventista do sétimo dia é o cristão que observa o sábado (sé- timo dia), e que está se preparando para a segunda vinda do Salvador?' Mas a perspectiva é mais ampla do que isto. Há uma estrutura mais significativa que mantém unido o quadro de ver- dades bíblicas ensinadas pela Igreja Adventista do Sétimo Dia: a compreensão das profecias de Daniel e Apocalipse. Nelas, os adventistas encontraram sua identidade, tempo e tarefa. A Igreja Adventista interpreta a profecia bíblica empregando os princípios da "escola" histórica de interpretação profética. A opinião historicista (também conhecida como a opinião "histórico-contínua") considera que as profecias de Daniel e Apocalipse manifestam-se em tempo histórico desde os dias de seus respectivos autores até o estabelecimento do eterno reino de Deus. Assim como seus antepassados imediatos, os mileritas eram historicistas, o que também é verdade no tocante aos reformadores do século 16. A pregação das profecias de Daniel e Apocalipse pela Reforma teve um no- tável efeito sobre a Europa Tendia a centralizar-se na apostasia cristã que havia surgido dentro do cristianismo a quem os reformadores viam simbolizada no chifre pequeno (Dn 7), na besta semelhante ao leopardo (Ap 13) e na mulher assentada sobre a besta escarlate (Ap 17). Na Contra-Reforma do século 16, Roma, esforçando-se para enfrentar o desa- fio, procurou desviar o impulso das aplicações proféticas apresentadas pelos refor- madorea O resultado foi argumentação para o que se tornaria dois distintos, porém diversos, métodos de interpretação profética os sistemas preterista e futurista. O sistema futurista elimina totalmente a era cristã do significado profético. Além de remover a maior parte das profecias de Apocalipse (e certos aspectos de Daniel) e colocar o seu cumprimento no final dos tempos. O sistema preterista alcança o mesmo objetivo, relegando ao passado as profecias de ambos os livros. No entanto, não permite ao Apocalipse estender-se além do sexto século d.C. Com o passar do tempo, essas peculiares contra-interpretações começaram a penetrar no pensamento protestante. Primeiro, o preterismo mostrou-se ativo no final do século 18. Depois, as interpretações preteristas se tornaram o ponto
  • 12. de vista padrão do Protestantismo Liberal. E por fim, o futurismo apresentou raízes profundas no último quarto do século 19. Desde então, há um desen- volvimento notório desse conceito no atual sistema de interpretação profética seguido pela maioria dos protestantes conservadores. Hoje, os adventistas do sétimo dia estão praticamente sós como expoentes dos princípios historicistas de interpretação profética. Eventos recentes sugerem que a Contra-Reforma embora adiada, está agora batendo à porta adventista. O sistema historicista de interpretação, bem como as posturas religiosas dele , derivadas, enfrenta centenas de desafios contemporâneos. Tanto as perspectivas futuristas quanto as preteristas são recomendações insistentes à Igreja. Hoje, é de grande importância que os cristãos adventistas do sétimo dia compreendam os princípios (e a sólida base racional para eles) usados para interpretar as im- portantes profecias de Daniel e Apocalipse Portanto, é um prazer para a Comissão de Daniel e Apocalipse publicar para um estudo mais amplo de ministros e membros leigos esta série de es- tudos selecionados. Todas as citações aqui apresentadas reafirmam os princí- pios historicistas de interpretação (tais como o princípio dia-ano) e as posições filosóficas (tais como o juízo investigativo) às quais nossos pioneiros chegaram , por meio desses mesmos princípios. William H. Shea, autor destes estudos, lecionou durante 14 anos no Semi- nário Teológico da Universidade Andrews e atuou como diretor do departa- mento de Antigo Testamento. Depois de passar sete anos como médico em um hospital missionário na América Central, Shea dedicou-se a três anos de estudo de pós-graduação em Assiriologia na Universidade de Harvard.. Recebeu seu Ph.D pela Universidade de Michigan. Suas especialidades são estudos em antigo Oriente Próximo e história do Antigo Testamento. Atualmente ele é diretor as- sociado do Instituto de Pesquisas Bíblicas. Comissão de Daniel e Apocalipse Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia
  • 13. 1 PARALELOS BÍBLICOS PARA O JUÍZO INVESTIGATIvo Uma teologia bíblica plena mente desenvolvida do juízo di vino baseia-se na extensa quanti dade de literatura do Antigo e Novo Testamento sobre o assunto. A extensão plena da literatura do Antigo Testamento é demasiado vasta para tratarmos aqui, como se pode ilustrar por apenas uma de suas categorias: as profecias contra as nações (também· chamadas os "oráculos estrangeiros"). Nessas passagens, os profetas pronunciam os juízos divinos sobre as nações vizinhas a Israel. O vol- ume total de texto dedicado a esse tipo de profecia no Antigo Testa· mento chegaacerca de 35capítulos. Esboço docapítulo . 1. Introdução 2. Juízosdo tabernáculo 3. Juízosdotemplocelestial 4.Juízos dotemplo terrestre 5. Ezequiel 1-10 6. Resumo
  • 14. 12 Estudos selecionados em interpretação profética Se esses capítulos fossem retirados de seus respectivos livros e reunidos em um novo livro bíblico, ele seria maior do que qualquer livro do Novo Testamento, e tão ou mais longo do que 32 dos 39 livros do Antigo Testamento. Todos os profetas maiores contêm extensas coleções desse material (Is 13-23, Jr 46-51, Ez 26-32), bem como oito dos doze profetas menores (Am 1-2, J13, Ob, Jn, Mq 5, Na, Sf 2, Zc 9). Três dos livros dos profetas menores consistem• inteiramente de profecias dessa espécie (Jn, Na e Ob). Esse tipo de profecia provê o ambiente para os juízos pronunciados sobre as nações semelhantes a animais de Daniel. A diferença é a estrutura de tempo em que tais profecias são colocadas. Os outros Profetas profetizaram contra nações contemporâneas a eles, ao passo que os juízos apocalípticos de Daniel foram pronunciados sobre nações que se levantariam e cairiam desde seu tempo até o estabelecimento do eterno reino de Deus. Assim, devido à semelhança dessa literatura, os oráculos proféticos proveem o cenário para os juízos apocalípticos de Daniel. Este é apenas um dos vários vínculos entre profecia clássica e apocalíptica. Contudo, nosso propósito não é analisar os oráculos estrangeiros do An- tigo Testamento. Chamamos a atenção para um segmento da literatura do Antigo Testamento que também precisa ser examinado a fim de desenvolv- er uma completa teologia bíblica de juízo divino. Uma consideração _espe- cial também deve ser dedicada aos juízos de Deus (tanto favoráveis quanto desfavoráveis) sobre seu próprio povo (Israel) e ao elemento de bênçãos e maldições da fórmula da aliança (compare Dt 27-33, por exemplo). Ambas categorias abrangem um extenso conjunto de literatura. Considerando a ex- tensa quantidade de material sobre este assunto, é evidente a dificuldade de prover uma análise compreensível disto. Dadas estas limitações, selecionei um aspecto da matéria que é particular- mente relevante para o assunto de Daniel, a saber, o local de onde eram lança- dos os juízos divinos quando se menciona este aspecto do juízo. A maioria das passagens sobre juízo no Antigo Testamento não comenta sobre o lugar. Mas em um número significativo de casos, o texto declara explicitamente que Deus lançava esses juízos de seu santuário. Três diferentes localidades são mencionadas no texto bíblico. O tabernácu- lo terrestre é comumente identificado no livro de Números como o local de onde Deus julgava o seu povo durante os 40 anos em que este vagueou pelo deserto. Posteriormente, segundo algumas citações de Salmos e dos profetas, o templo de Jerusalém, identificado como lugar de habitação de Deus, tornou- se a fonte de onde seus juízos eram emitidos. Os poderosos atos de Deus em seu templo terrestre correspondem em natureza aos seus atos em seu templo
  • 15. Paralelos bíblicos para o juízo investigativo celestial. Portanto, outros salmos e profetas descrevem os juízos divinos como sendo emitidos do templo celestial. O conceito adventista de juízo investigativo pré-advento afirma que o ju- lgamento do povo de Deus é atualmente conduzido em seu santuário celes- tial. Nos tempos do Antigo Testamento, não importava se o juízo viesse do tabernáculo terrestre, templo terrestre ou templo celestial, pois havia a certeza de que ele vinha de um santuário ativamente usado por Deus naquele tempo. Desse modo, a atividade de julgamento de Deus no passado, a partir de seu santuário, provê um antecedente e um vínculo bíblico para o que os adventistas afirmam acerca da atividade divina no presente. Esses paralelos bíblicos para o juízo investigativo que atualmente provém do templo celestial indicam que esta moderna contraparte ou duplicata não é singular em seu escopo e extensão. Tampouco é exclusiva em espécie ou quali- dade. Os adventistas acabam agindo como míopes ou com vistas curtas nesse assunto. Imaginam que um juízo investigativo nesta época é completa e inteira- mente singular e sem paralela Este aspecto da literatura do juízo no Antigo Testamento é demasiado ex- tenso para permitir que cada passagem seja discutida em detalhes A lista de , textos que vem a seguir é extensa, mas não exaustiva; seu objetivo é ilustrar. 13 JUIZOS DO TABERNÁCULO JUÍZOS DESFAVORÁVEIS Imediatamente fatais Levítico 10. Logo após terem sido investidos como sacerdotes, Nadabe e Abiu, filhos de Arão, "trouxeram fogo estranho perante a face do Senhor, o que não lhes ordenara" (v. 1). Os comentários diferem até certo ponto sobre a natureza mais precisa do sacrilégio cometido, mas, de qualquerforma, como resultado "saiu fogo de diante do Senhor e os consumiu; e morreram perante o Senhor" (v. 2). Que fato ocorreu ao lado do altar, diante do tabernáculo eviden- cia-se nas instruções de Moisés para o sepultamento deles: "Tirai vossos irmãos de diante do santuário, para fora do arraial" (v. 4). Números 16. Coré era um levita que desafiou Arão pelo sacerdócio (v. 10). Datã e Abirão desafiaram mais diretamente a liderança de Moisés (v. 13). Juntos, eles se imaginavam precisamente tão santos e capazes de conduzir Israel como eram Moisés e Arão (v. 3). Assim, um teste foi planejado para resolver este problema.
  • 16. Estudos selecionados em interpretação profética Tomaram, pois, cada qual o seu incensário, neles puseram fogo, sobre eles deita- ram incenso e se puseram perante a porta da tenda da congregação com Moisés e Arâo. Coré fez ajuntar contra eles todo o povo à porta da tenda da congrega- ção; então, a glória do Senhor apareceu a toda a congregação (v. 18-19). O Senhor rejeitou a pretensão dos rebeldes e eles foram tragados pela terra (v. 32). Os principais simpatizantes do levante entre os anciãos foram consumidos pelo fogo (v. 35). A congregação voltou no dia seguinte culpando Moisés e Arão de causar o distúrbio. "Ajuntando-se o povo contra Moisés e Arão, e virando-se para a tenda da congregação, eis que a nuvem a cobriu, e a glória do Senhor apareceu. Vieram, pois, Moisés e Arão perante a tenda da congregação" (v. 42-43). Então, irrompeu uma praga entre o grupo de rebeldes, mas Arão a dete- ve fazendo expiação por eles. O caso de Nadabe e Abiu, e o de Coré, Datã e Abirão são os únicos em que os juízos (imediatamente fatais) foram especi- ficados como saindo diretamente do santuário. Ambos envolviam os planos humanos para ministração na presença de Deus contrários e em desafio às instruções específicas para esses ministérios. Sentenças adiadas Números 14. Esta narrativa conta a história do que aconteceu depois que os14 espias trouxeram o relatório de Canaã. Aceitando o relato pessimista, os israe- litas lamentaram que eles não tivessem morrido no deserto e quiseram escolher outro líder que os levasse de volta para o Egito. Em resposta, "a glória do Senhor apareceu na tenda da congregação a todos os filhos de Israel. Disse o Senhor a Moisés: Até quando me provocará este povo?" (v. 10-11). Deus então propôs deserdar os israelitas e fazer dos descendentes de Moisés uma grande nação. Mas Moisés intercedeu por eles. Em resposta, Deus esten- deu-lhes o perdão. Israel, porém, não escapou impune de sua rebelião. Assim, aqueles homens e mulheres da geração mais antiga, que tinham visto todos os sinais e maravilhas que Deus havia operado e que, não obstante, se rebelaram contra Ele, não deveriam entrar em Canaã. Vagueariam no deserto por 40 anos, até que surgisse uma nova geração que entrasse na terra prometida. Números 20. Nem mesmo Moisés foi poupado de tal tratamento. Depois de vaguear no deserto por 40 anos, os israelitas vieram outra vez a Caeles, fronteira de Canaã. Mas não havia água em Cades, por isso o povo começou a • se queixar desejando ter morrido no deserto ou ficado no Egito. Moisés e Arão se retiraram da multidão de queixosos e se dirigiram "para a porta da tenda da congregação e se lançaram sobre o seu rosto" (v. 6). Do santuário, Deus os instruiu a reunir o povo e falar "à rocha, que dará a sua água" (v. 8).
  • 17. Paralelos bíblicos para o juízo investiga Uivo Todavia, Moisés feriu a rocha ern'vez de falar-lhe como Deus havia instruído. A rocha deu a água necessária, mas por causa da desobediência de Moisés o Se- nhor disse: "Visto que não crestes em mim, para me santificardes diante dos filhos de Israel, por isso, não fareis entrar este povo na terra que lhe der (v. 12). O texto não declara especificamente se a sentença de Moisés veio do ta- bernáculo onde anteriormente lhe fora dada instrução acerca de falar à rocha. Entretanto, isto é uma possibilidade. Uma sentença menor Números 12. Miriã e Arão falaram contra Moisés porque ele havia se ca- sado com uma mulher cusita (v. 1). Assim, eles não somente criticaram o ma- trimônio, mas questionaram as atitudes de Moisés como líder de Israel, uma vez que Deus também falara a eles (v. 2). Como resultado, "o Senhor disse a Moisés, e a Arão, e a Miriã: Vós três, saí à tenda da congregação. E saíram eles três. Então, o Senhor desceu na coluna de nuvem e se pôs à porta da tenda" (v. 4-5). Ali o Senhor testificou em favor de seu servo Moisés. Depois, "a nuvem afastou-se de sobre a tenda; e eis que Miriã achou-se le- prosa, branca como neve" (v. 10). Moisés, contudo, intercedeu em seu favor. E, embora curada, Miriã foi banida do acampamento por sete dias. 15 JUÍZOS FAVORÁVEIS Juízos com respeito ao cargo Números 11. A responsabilidade pelos filhos de Israel pesava muito sobre Moisés. "Eu sozinho não posso levar todo este povo, pois me é pesado demais" (v. 14). O Senhor então fez arranjos para indicar assistentes que o ajudassem a carregar aqueles "fardos": Ajunta-me setenta homens dos anciãos de Israel, [...] e os trarás perante a tenda da congregação, para que assistam ali contigo. Então, descerei e ali falarei con- tigo; tirarei do Espírito que está sobre ti e o porei sobre eles; e contigo levarão a carga do povo, para que não a leves tu somente (v. 16-17). Moisés seguiu a instrução do Senhor neste assunto: E ajuntou setenta homens dos anciãos do povo, e os pôs ao redor da tenda. Então, o Senhor desceu na nuvem e lhe falou; e, tirando do Espírito que estava sobre ele, o pôs sobre aqueles setenta anciãos; quando o Espírito repousou sobre eles, profetizaram (v 24-25).
  • 18. Estudos selecionados em interpretação profética Esses homens foram aceitos no cargo pelo Senhor no santuário. Ele evi- denciou sua aceitação, julgando em seu favor, por assim dizer, ao enviar sobre eles o seu Espírito. Números 17. Um teste foi preparado para confirmar Arão como sumo sacerdote depois de Coré tê-lo desafiado. Doze varas foram escolhidas, uma para cada tribo. O nome do líder de cada tribo foi escrito em uma vara. No entanto, o nome de Arão foi escrito sobre a vara de Levi. Esse caso foi resol- vido, não à porta do santuário, mas dentro do santuário. "E as porás na tenda da congregação, perante o testemunho, onde eu vos encontrarei" (v. 4). Segundo as instruções, "Moisés pôs estas varas perante o Senhor, na ten- da do testemunho" (v. 7). O Senhor julgou a favor de Arão e o confirmou no cargo. "Moisés entrou na tenda do testemunho, e eis que a vara de Arão, pela casa de Levi, brotara" (v. 8). Um juízo com respeito à terra Números 27. Zelofeade não tivera nenhum filho, e, portanto, assim ne- nhum herdeiro do sexo masculino. No entanto, cinco filhas lhe nasceram antes que ele morresse no deserto. Depois da morte do pai, as mulheres sen- tiram-se injustamente privadas do direito de possuir terra em Israel. Assim, 16 elas apresentaram o seu caso à tenda da congregação na presença de Moisés, líderes e congregação (v. 2). Mais uma vez houve investigação do caso no santuário e um julgamento pronunciado dali. Moisés levou a causa delas perante o Senhor. Disse o Senhor a Moisés: As filhas de Zelofeade falam o que é justo; certamente lhes darás possessão de herança entre os irmãos de seu pai e farás passar a elas a herança de seu pai (v. 5-7). Assim, o Senhor julgou em favor das filhas de Zelofeade quando o caso foi apresentado perante Ele no santuário. JUIZOS DO TEMPLO CELESTIAL Nos SALMOS Salmo 11. 0 salmo começa com uma lamentação pessoal sobre a violência feita aos justos pelos ímpios. O salmista, contudo, continua o texto com uma expressão de confiança na justiça de Deus que, com seus juízos, endireitará as relações dese- quilibradas entre os dois grupos. O templo celestial é o lugar onde Deus pronuncia
  • 19. Paralelos bíblicos para o juízo investigativo esses juízos: "O Senhor está no seu santo femplo; nos céus tem o Senhor seu trono; os seus olhos estão atentos, as suas pálpebras sondam os filhos dos homens. O Se- nhor põe à prova ao justo e ao ímpio" (v. 4-5a). Do templo vem os seus juízos sobre os ímpios (v. 6) e o seu juízo em favor dos justos (v. 7). Salmo 14. Este salmo se inicia com a declaração: "Diz o insensato no seu coração: Não há Deus." Esta negação da existência de Deus produz seu fruto na impiedade dos homens e no dano que eles causam ao povo de Deus. O Senhor observa a tudo de seu templo celestial e avalia tais condutas. "Do céu o Senhor olha para os filhos dos homens, para ver se há quem entenda, se há quem busque a Deus" (v. 2). Esta situação, no entanto, se reverterá quando Deus julgar contra os ímpios e em favor dos justos. "Tomar-se-ão de grande pavor, porque Deus está com a linhagem do justo. Meteis a ridículo o conselho dos humildes, mas o Senhor é o seu refúgio" (v. 5-6). Baseado nesse tema, o salmista conclui o texto com um apelo a Deus. Ele suplica pelo livramento do povo e a restauração de sua boa sorte. Salmo 29. Este salmo contém a expressão do juízo divino sobre os cananeus. Nele, o salmista descreve o juízo como uma tempestade que vem do Mediterrâneo para assolar o território cananita (não-israelita) com força destruidora (v. 3-8a). O texto conta como a tempestade foi ordenada por Deus de seu templo celestial enquanto a hoste angélica estava a posto (v. 1-2, 9b). Em resposta a esta demons- 17 tração de seu poder, toda a hoste de anjos no templo celestial de Jeová atribuía-lhe glória, da mesma maneira como foi exortada a fazer no início do salmo. O texto termina com uma referência ao fato de que Jeová está entronizado como rei para sempre e com um apelo para que Ele conceda força e paz ao seu povo (v. 10-11). Salmo 53. Este capítulo é uma duplicata do salmo 14. Veja acima. Salmo 76. O texto provê uma interessante ilustração de conexão entre a obra de Deus no templo terrestre e no templo celestial. O início do salmo de- screve Jerusalém como o lugar de residência divina: "Conhecido é Deus em Judá; grande, o seu nome em Israel. Em Salém, está o seu tabernáculo, e, em Sião, a sua morada" (v. 1-2). Dessa morada terrestre Deus derrotou os inimigos de seu povo, de acordo com os cinco versos seguintes. Mas isto não era simplesmente uma imagem da atividade de Jeová no seu templo em Jerusalém. Esse juízo em favor do povo oprimido desceu do Céu: "Desde os céus fizeste ouvir o teu juízo; tremeu a terra e se aquietou, ao levantar-se Deus para julgar e salvar todos os humildes da terra" (v. 8-9). Salmo 102. Este salmo é o clamor de alguém cujos sofrimentos são inexpli- cáveis. Os primeiros 11 versos transmitem as lamentações do salmista acerca de sua condição pessoal. O lamento estende-se até incluir sua preocupação
  • 20. Estudos selecionados em interpretação profética com a triste condição de Sião. Em resposta a situação, o autor expressa a con- fiança de que Deus se levantará de seu trono e julgará em favor de Sião e contra seus inimigos: "Tu, porém, Senhor, permaneces para sempre, e a memória do teu nome de geração em geração. Levantar-te-ás e terás piedade de Sião; é tem- po de te compadeceres dela, e já é vinda a sua hora" (v. 12-13). O trono do qual Deus se levantaria para julgar em favor de seu povo estava loca- lizado no Céu: "que o Senhor, do alto do seu santuário, desde os céus, baixou vistas à terra, para ouvir o gemido dos cativos e libertar os condenados à morte" (v. 19-20). Salmo 103. O salmista expressa um hino de gratidão a Deus. O texto de ação de graças também é chamado de Te Deum do Antigo Testamento. Graças são dadas pela quíntupla bênção de perdão• • dos pecados, cura de enfermidade, livra- mento da cova, admissão a uma bem-aventurada vida após a morte, e o eterno usufruto da beleza divina no Céu. O autor reconhece que estas bênçãos fluem da fidelidade de Deus às suas promessas. A aliança de amor com os homens é outro tema repetido ao longo do salmo (compare os v. 4, 8, 11, 17). A partir desse contexto, Deus julga em favor de seu povo oprimido. "O Se- nhor faz justiça e julga a todos os oprimidos" (v. 6). Essa justiça flui de seu trono celestial, local de onde governa seu reino terrestre. "Nos céus, estabeleceu o 18 Senhor o seu trono, e o seu reino domina sobre tudo" (v. 19). Nos PROFETAS Miqueias 1. Segundo a introdução ao livro, os juízos de Deus sobre o povo rebelde emanam de seu templo celestial. Ouvi, todos os povos. Prestai atenção, ó terra e tudo o que ela contém, e seja o Senhor Deus testemunha contra vós outros, o Senhor desde o seu santo templo'. Porque eis que o Senhor sai de seu lugar, e desce, e anda sobre os altos da terra. Os montes debaixo dele se derretem, e os vales se fendem; são como a cera dian- te do fogo, como as águas que se precipitam ninn abismo. Tudo isto por causa da transgressão de Jacó e dos pecados da casa de Israel. 1 Reis 22. Acabe recrutou a assistência militar de Josafá (Judá) para atacar os sírios que controlavam Ramote-Gileade no território transjordaniano de Manasses. Antes de sair com ele, Josafá quis saber se a palavra do Senhor estava disponível por meio de um de seus profetas. Acabe convocou os profetas da corte que naturalmente sancionaram a campanha proposta, a ponto de encenar a vitória que se julgava próxima. Josafá, porém, não ficou satisfeito com a situa- ção e quis inquirir de um profeta de Jeová. Acabe admitiu que Micaías, filho de
  • 21. Paralelos bíblicos para o juízo investigativo Inlá, satisfazia os requisitos propostos por Josafá, mas lhe repugnava chamá-lo, "porque nunca profetiza de mim o que é bom, mas somente o que é mau" (v. 8). Ante a insistência de Josafá, Micaía.s foi convocado. Quando a avaliação foi a princípio procurada, Micaías respondeu sarcasti- camente: "Sobe e triunfarás, porque o Senhor a entregará nas mãos do rei" (v. 15). Então, Acabe fê-lo jurar por Jeová que suas palavras eram verdade. Mos- trando-se à altura dessa ocasião, Micaías respondeu: "Vi todo o Israel disperso pelos montes, como ovelhas que não têm pastor; e disse o Senhor: 'Estes não têm dono; torne cada um em paz para a sua casa"' (v. 17). O pastor, nesta profecia obviamente era Acabe, e Micaías claramente lhe comunicou a profecia de sua morte na batalha e a derrota de suas tropas. O pro- feta confirmou que esta sentença vinha da corte celestial: "Ouve, pois, a palavra do Senhor: Vi o Senhor assentado no seu trono, e todo o exército do céu estava junto a ele, à sua direita e à sua esquerda" (v 19). Acabe perseverou nesciamente e a profecia de Micaías se cumpriu quando ele morreu em combate (v 34-35). d JUIZOS DO TEMPLO TERRESTRE 19 NOS SALMOS Salmo 9. O início do salmo apresenta um louvor a Deus. O motivo específi- co para esse louvor é explicado pela derrota de um inimigo (v 5-6). A ruína do adversário é atribuída ao justo juízo da parte de Deus. "Pois, ao retrocederem os meus inimigos, tropeçam e somem-se da tua presença; porque sustentas o meu direito e a minha causa; no trono te assentas e julgas retamente" (v. 3-4). Em seguida à descrição da derrota do inimigo (v. 5-6), o salmo retorna, em um modelo temático A:B:A, à ideia de que essa derrota é atribuível ao justo juízo de Deus. "Mas o Senhor permanece no seu trono eternamente, trono que erigiu para julgar. Ele mesmo julga o numdo com justiça; administra os povos com retidão" (v 7-8). No final do salmo, o autor salienta o mesmo pensamento: "Faz-se co- nhecido o Senhor, pelo juízo que executa; enlaçado está o ímpio nas obras de suas próprias mãos" (v. 16). Contudo, uma passagem de louvor no meio do salmo localiza o trono de Deus em Sião ou Jerusalém "Cantai louvores ao Senhor, que habita em Sião" (v 11). Salmo 50. A vinda de Deus para julgar o seu povo é descrita neste salmo em termos de uma teofania. A primeira estrofe do poema identifica Deus como
  • 22. Estudos selecionados em interpretação profética o juiz que vem de Sião, portanto, de seu templo terrestre. Ele intima o povo a comparecer à sua demanda ou pleito judicial contra eles mesmos (v. 1-7). Os céus personificados atuam como testemunhas neste cenário. Eles não fazem referência ao lugar de onde Ele vem para julgar: Desde Sião, excelência de formosura, resplandece Deus (v. 2). Intima os céus lá em cima e a terra, para julgar o seu povo. Congregai os meus santos, os que comigo fizeram aliança por meio de sacrifícios. Os céus anunciam a sua justiça, porque é o próprio Deus que julga (v. 4-6). As próximas duas estrofes dirigem o texto aos justos em Israel que não ha- viam compreendido inteiramente o tipo de sacrifício que Deus desejava — não uma outra rodada de animais oferecidos, mas ações de graças (v. 8-15). A estro- fe seguinte descreve as várias maneiras como os israelitas ímpios transgrediam as leis de Deus e sua aliança (v. 16-21). A estrofe final contém uma advertência aos justos e uma exortação aos ímpios, os dois grupos em Israel a serem julga- dos por Deus de Sião (v. 22-23). Salino 60.0 salmo é um lamento público em que o autor descreve uma der- rota nacional. O capítulo oferece, ainda, uma oração pela vitória sobre os inimi- 20 gos da nação, especialmente Edom. Ele segue uma estrutura literária A:B::.N:13'. A (v. 3-5) representa a descrição da derrota ou história passada, e representa a promessa divina de reverter a derrota ou história futura (v. 6-8). B e B' represen- tam orações oferecidas pela vitória de Israel. A seção A que contém a promessa divina de vitória futura, é introduzida com a declaração: "Falou Deus em seu santuário" (v. 6, Revised Standard Version). Assim, a futura derrota dos inimigos de Israel descrita nesta seção vem como um juízo pronunciado por Deus sobre eles, muito provavelmente de seu santuário terrestre. Salmo 73. Este é um salmo sapiencial em que a justiça divina e o problema da prosperidade dos ímpios são examinados. O salmista não podia compreen- der isto até que entrou "no santuário de Deus" e atinou "com o fim deles" (v. 17). O verso 17 é o centro temático e estrutural do salmo. A partir deste ponto, o autor desenvolve sua compreensão acerca da disposição final dos casos dos ímpios e dos justos. Os ímpios perecerão como um sopro de vento, mas Deus prometeu receber os justos em glória. Baseado no seu desenvolvimento desta compreensão, o salmista se dispõe a confiar em Deus. Portanto, foi nos recintos do santuário terres- tre que ele desenvolveu a compreensão de que o julgamento final de Deus seria justo. Salmo 99. Este é um dos vários salmos que descrevem o domínio de Deus. No texto se destaca a expressão "o Senhor reina". A descrição inicial centraliza o reinado
  • 23. Paralelos bíblicos para o juízo investigativo divino em Jerusalém: "Ele está entronizadb acima dos querubins; abale-se a terra. O Senhor é grande em Sião e sobremodo elevado acima de todos os povos" (v. 1-2). O aspecto específico do caráter de Deus, aqui destacado como digno de adoração, encontra-se na descrição do salmista: "És rei poderoso que ama a justiça; tu firmas a equidade, executas o juízo e a justiça em Jacó" (v. 4). A segunda metade do salmo fala como Deus comunicou Sua vontade a Moisés, Arão e Samuel. Contudo, mesmo para esses poucos privilegiados, Ele foi "Deus perdoador, ainda que tomando vingança dos seus feitos" (v. 8). Com base neste aspecto do caráter de Deus, como foi demonstrado em seu trato com esses líderes, Israel é exortado a prostrar-se "ante o escabelo de seus pés" (v. 5). e "Rute o seu santo monte" (v. 9), isto é, no templo terrestre em Jerusalém. NOS PROFETAS Isaías 6. Esta narrativa descreve o chamado de Isaías ao ministério profé- tico. O primeiro verso data a visão do ano em que morreu o rei Uzias, cerca de 740 a.C, e apresenta o local onde Deus apareceu e identificou como templo. O segundo e o terceiro versos descrevem os serafins que acompanhavam a Deus e lhe entoavam hinos de santidade. Como resultado dessa manifestação da glória divina, "as bases do limiar 21 se moveram à voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça" (v. 4). Os comentaristas divergem sobre qual edifício estava envolvido. No entanto, é provável que a visão se refira ao templo terrestre. Isaías ficou impressionado com a oportunidade de ver Deus e sua glória. "Ai de mim! Estou perdido! Por- que sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!" (v. 5). Deus, então, enviou um dos serafins a Isaías com uma brasa do altar. Quando os lábios de Isaías foram tocados por da, seus pecados foram perdoados e lhe foi dada a capacidade cie cumprir a missão para a qual fora chamado — servir como profeta e levar a mensagem de Deus ao povo. Isaías aceitou a tarefa e sua mensagem. É a esta altura que comumente param as homilias sobre o capítulo. Geral- mente elas debatem a glória de Deus, a habilitação de Isaías para servir como mensageiro divino ou a disposição do profeta em aceitar a responsabilidade. Mas a narrativa contém mais do que estes três elementos. A solicitação de • Deus a Isaías incluía a tarefa de levar uma mensagem de juízo ao seu povo. Ao profeta perguntar até quando a mensagem deveria ser dada, foi-lhe dito: "Até que sejam desoladas as cidades e fiquem sem habitantes, as casas fiquem sem moradores, e a terra seja de todo assolada, e o Senhor afaste dela os homens, e no meio da terra seja grande o desamparo" (v. 11-12).
  • 24. Estudos selecionados em interpretação profética A despeito da natureza desta profecia, a &lima frase do verso• final deste capítulo já apresenta a promessa embrionária do remanescente. Estes• final- mente voltariam do exílio para repovoar o país julgado e desolado. Portanto, não é de surpreender que Isaías posteriormente profetizasse o exílio e pro- metesse um retorno dele, uma vez que o profeta recebeu essa mensagem no tempo em que foi chamado para o ministério profético. Na ocasião em que teve a visão da glória divina no templo terrestre, Isaías ainda recebeu uma mensagem de juízo para o seu povo. E esta mensagem de juízo se referia diretamente ao exílio que Judá finalmente experimentou um século depois do seu tempo. Isaías 18.0 texto faz uma interessante referência a Deus julgando do lugar de sua habitação. O contexto do capítulo é uma série de profecias contra as na- ções, especificamente o oráculo contra a Etiópia. Ao pronunciar o juízo sobre a Etiópia, Deus disse que olharia calmamente de sua "morada" (v. 4). O juízo designava que as forças etíopes seriam derrotadas: "Serão deixados juntos às aves dos montes e aos animais da terra" (v. 6). Aqui, tanto o templo celestial quanto o terrestre poderiam estar envolvidos. O último, entretanto, parece mais provável. Neste caso, o templo terrestre é tido como local de origem do juízo divino, porque Isaías 6 (discutido acima) e a con- 22 dusão do oráculo estrangeiro profetizam um tempo em que os etíopes levariam presentes "ao lugar do nome do Senhor dos Exércitos, ao monte Sião" (v. 7). Amós 1. Amos é razoavelmente direto na introdução à profecia acerca de os juízos divinos sobre o reino do Norte de Israel virem da residência de Deus, ou templo, em Jerusalém: "O Senhor rugirá de Sião e de Jerusalém fará ouvir a sua voz; os prados dos pastores estarão de luto, e secar-se-á o cume do Carmelo" (v. 2). Joel 2-3. Joel 2:30 a 3:21 descreve como Deus julgaria entre seu povo e as nações. Ao fazê-lo, todas as nações se congregariam no vale de Josafá ("Jeová julga") para o julgamento: Congregarei todas as nações e as farei descer ao vale de Josafá; e ali entrarei em juízo contra elas (3:2). Levantem-se as nações e sigam para o vale de Josafá; por- que ali me assentarei para julgar todas as nações em redor (3:12). Esse juízo deveria ser dupla Deus julgaria em favor de seu povo e contra as nações. Por sua parte, o povo de Deus seria liberto (2:32), voltaria ao seu país (3:7), teria sua sorte restaurada (3:1) e gozaria de um futuro próspero e pacífico (3:18, 20). As nações eram consideradas culpadas por subjugar o povo de Deus e sua terra (3:2), saquear o país e o seu templo (3:5) e exilar o povo de Deus (3:6).
  • 25. Paralelos bíblicos para o juízo investigativo Portanto, as nações que trouxeram todas estas calamidades sobre o povo de Deus precisavam de julgamento. Suas próprias populações seriam deportadas e suas terras deixadas desoladas (3:8, 19). Esses juízos deveriam ser lançados do santo monte Sião de Deus em Jerusalém, o lugar onde Ele habitava: O Senhor brama de Sião e se fará ouvir de Jerusalém, e os céus e a terra tre- merão; mas o Senhor será o refúgio do seu povo e a fortaleza dos filhos de Israel. Sabereis, assim, que eu sou o Senhor, vosso Deus, que habito em Sião, meu santo monte (3:16-17). Malaquias 3. Esta profecia é sobre o tempo em que "o Senhor, a quem vós buscais", "de repente, virá ao seu templo" (v. 1). Esse fato introduzirá um dia de julgamento: "Mas quem poderá suportar o dia da sua vinda? E quem poderá subsistir quando ele aparecer? Porque ele é como o fogo do ourives e como a potassa dos lavandeiros" (v. 2). Nesse tempo, Deus "assentar-se-á como derretedor e purificador de prata; puri- ficará os filhos de Levi e os refinará como ouro e como prata; eles trarão ao Senhor justas ofertas" (v. 3). Além disso, a profecia identifica esse período como um tempo de julgamento: "Chegar-me-ei a vós outros para juízo" (v. 5). Então, é possível per- ceber sete classes entre o professo povo de Deus que não serão aceitas pelo Senhor. 23 Ezequiel 1-10. Deus suportou longa e pacientemente a conduta de seu povo rebelde durante os oito séculos em que eles habitaram a terra prometida de Canaã (quatro séculos sob os juízes e quatro séculos sob os reis). As atitudes de violação da aliança com Deus e o fracasso em desenvolver um genuíno relacionamento de constante amor fez com que Deus permitisse que o seu povo professo fosse exila- do da terra sobre a qual eles tinham habitado por tão longo tempo A situação acima apresenta paralelos (os quais já vimos) em que é natural apenas esperar que o destino do povo de Deus se expressasse na forma de jul- gamento pronunciado por profetas. Poderíamos não esperar que tal julgamento fosse pronunciado, porém mais especificamente, que o juízo viria do templo de Deus, o lugar de onde os juízos já estudados foram lançados. E assim aconteceu. O juízo que se ajusta a esses critérios é a mais prolonga- da das cenas de juízo do Antigo Testamento Ezequiel o viu durante os últimos anos de existência do povo de Deus sob a monarquia. Historicamente, a cena de juízo da visão profética foi cumprida ou executada por Nabucodonosor quando conquistou e queimou Jerusalém em 586 a.0 e exilou o povo de Deus. A discus- são seguinte sobre esta cena de juízo é uma adaptação de meus escritos publica- dos em outra obra (WALLENKAMPF; LESHER, 1981, p. 283-291).
  • 26. Estudos selecionados em interpretação profética EZEQUIEL 1 - 1 O A compreensão do juízo investigativo de Judá em Ezequiel 1-10 esclarece- rá as visões da corte celestial mencionadas por outros profetas. Por exemplo, estudando-se a visão apocalíptica do juízo investigativo final de Deus conforme descrita na cena do tribunal de Daniel 7, é importante levar em conta a analogia precedente do juízo final de Judá. O julgamento anterior no templo de Jerusa- lém reflete em miniatura o que é previsto acontecer em escala macrocósmica na sessão do julgamento posterior a ser convocada no templo celestial. A VIAGEM DE DEUS O ministério profético de Ezequiel começou quando a mão de Jeová veio sobre ele enquanto estava junto ao rio Quebar no quinto dia do quarto mês, no quinto ano de exílio. A data corresponde a julho de 592 a.0 - cálculo com base em um calendário de outono a outono usado para interpretar as datas do livro de Ezequiel (Ez 1:1-3). Para compreendermos as mensagens registradas nos primeiros 24 capítulos de Ezequiel concernentes a Judá, é importante notar o compacto espaço cronoló- 24 gico em que essas mensagens foram comprimidas. O cerco de Jerusalém começou em janeiro de 588 a.C, apenas três anos e meio após o chamado de Ezequiel. Dois anos e meio depois, em 586 a.C, a cidade caiu nas mãos dos babilônios. Portanto, as mensagens são datadas dos dias finais do reino de Judá, e representam a última advertência de Deus ao seu povo. Esta parte do ministério de Ezequiel não foi di- fundida além de duas, três ou quatro décadas como foram os ministérios de Isaías e Jeremias. Somente quando esse aspecto cronológico do ministério de Ezequiel é apreciado suas mensagens podem ser postas na devida perspectiva. Referindo-se ao seu chamado para o ministério profético, Ezequiel (contem- porâneo de Daniel) disse que os céus foram abertos diante dele e ele viu visões de Deus (Ez 1:1). A visão é narrada com extenso detalhe no que se segue. A descrição não trata tanto de Deus como dos seres e objetos que Ezequiel viu com Ele. Muita criatividade erudita dedica-se ao estudo dos vários detalhes dessa visão para os comentários bíblicos. Aqui é importante notar as características essenciais do tex- to frequentemente omitidas. Já que os comentaristas, ao lidar com um assunto tão• complicado, têm dificuldade em ver a floresta pelas árvores. No início, Ezequiel viu um grande redemoinho vindo do norte. Essa nuvem tempestuosa é descrita em termos mais do que naturais: "Uma grande nuvem, com fogo a revolver-se, e resplendor ao redor dela, e no meio disto, uma coisa
  • 27. Paralelos bíblicos para o juízo investigativo como metal brilhante que saía do meio do fogo" (Ez 1:4). A direção da qual essa nuvem se aproximava - norte - é significativa, e será discutida posteriormente. As primeiras feições a saírem da nuvem tempestuosa tomaram a forma de quatro seres viventes (v. 5-14). Embora esses quatro seres viventes sejam identifi- cados em Ezequiel 10 como "querubins", «importante notar por razões discutidas abaixo que o termo querubim não é aplicado a eles no capítulo 1. Esses quatro seres viventes reaparecem ao redor do trono de Deus em Apocalipse 4. Ainda que haja pequenas diferenças nas descrições de cada um deles por Ezequiel e João, é óbvio que seres vistos por ambos os homens eram os mesmos. Eles são menciona- dos em ambas as passagens em termos similares - como seres viventes. Deixando de lado os símbolos envolvidos na aparência dos quatro seres vi- ventes, há três principais características a respeito deles que deveríamos notar. Pri- meiramente, eles têm asas (v. 6, 8, 11, 14). Como asas são usadas para voar, esses seres viventes são descritos em movimento (v. 9, 12, 14). Além disso, algo que se assemelhava a tochas de fogo com carvões incandescentes se movia entre eles (v. 13). A finalidade do fogo é descrito no capítulo 10. O mais importante do contexto, porém, é a descrição de intensa atividade por parte dos seres viventes Eles estavam em movimento - voando para algum lugar. Mas, antes de determinarmos o local para onde se dirigiam devemos também notar o que mais eles levavam consiga A próxima parte da visão descreve quatro rodas, uma para cada ser vivente 25 (v. 17, 19-21). Mas rodas são usadas para movimento, particularmente sobre a terra. Desse modo, as rodas tocam o solo de vez em quando (v 19, 21). Nesta passagem, é importante notar novamente a intensa descrição de movimento. As rodas também iam para algum lugar. Antes de determinarmos a direção das rodas, devemos identificar o que elas levavam consigo. A visão continua descre- vendo o firmamento que se estendia acima das cabeças e asas dos quatro seres viventes (v. 22-25). Esse firmamento também permanecia em movimento, por- que os seres viventes se moviam com ele (v. 24) e, por ordem (v. 25), o faziam parar. O propósito do firmamento era conduzir ao trono de Deus (v. 26). A parte final da visão (v. 26-28) apresenta o próprio Deus assentado sobre o trono. Ele é descrito como "semelhança" de forma humana, porém, a maior parte da descrição de Deus associa-se também a descrição de sua glória. Assim, a glória que o circunda e irradia de sua pessoa é descrita como "metal brilhante, como fogo [...] e um resplendor ao redor dela, 27). Estes são os mesmos elementos vistos na nuvem tempestuosa no início do capítulo (v. 4). Com isso, é evidente que o esplendor que emanava da nuvem era simplesmente a glória de Deus. "Assim", diz Ezequiel, "era a aparência da glória do Senhor" (v. 28). Como resultado da revelação da glória divina, Ezequiel caiu
  • 28. Estudos setecionados em interpretação profética com o rosto em terra. Deus falou ao sacerdote exilado e deu-lhe comissão e encargo de profeta ao povo de Deus. No centro da visão está a pessoa de Deus e a glória que o acompanha. Con- tudo, sua pessoa e glória estão circunscritas em termos de localidade, uma vez que Ele está assentado sobre seu trono. O trono de Deus, por sua vez, permane- ce sustentado pelo firmamento do palanquim divino, que é sustentado por seus acompanhantes, os quatro seres viventes, e as rodas debaixo deles. As rodas, os seres viventes e o firmamento estão em movimento. A descrição de movimento é destacada ao longo da passagem. O trono divino deve acompa- nhar o firmamento que o sustém, o que indica que Deus também está em mo- vimento. Deus vai para algum lugar, ponto essencial da visão. Ele conduz sua carruagem celestial rumo a um destino específico. Os comentaristas enfatizam que esta é uma visão da glória de Deus, o que certamente é. Mas eles percebem, incidentalmente, apenas o movimento envolvido na visão. Deus e sua glória não estão oscilando ociosamente de um lado para outro num vácuo. O movimento é intencional e direcional. Deus é quem ordena às rodas e aos seres viventes segui- rem na direção em que devem viajar, juntamente com o firmamento e o seu trono. Isto nos leva a indagar quanto ao local para onde Deus se dirigia quando Ezequiel o viu em visão junto ao rio Quebar. Para responder a esta pergunta, re- 26 tornaremos ao verso 4 onde é declarado que a carruagem da nuvem tempestuosa sob o controle de Deus foi vista vindo do norte. Do ponto de vista de Ezequiel, a nuvem tempestuosa saindo do Norte poderia ter viajado ou para o sudeste (para os exilados em Babilônia), ou para o sudoeste (para Judá e Jerusalém). O relato desta visão não nos diz qual direção a carruagem de Deus tornou. No entanto, com a leitura dos capítulos 9-11 se deduz que Deus viajava em di- reção a sudoeste, para o seu templo em Jerusalém. Nos capítulos subsequentes, o profeta descreve Deus se despedindo do templo após ter fixado sua residência ali por um período de tempo. O ponto principal da visão do primeiro capítulo de Ezequiel é que Deus estava em trânsito por meio de sua carruagem celestial para o local de sua residência terrestre, o templo de Jerusalém O JUÍZO DE DEUS Os dois capítulos do livro de Ezequiel contêm a missão e encargo do profeta (Ez 2-3). Os próximos três capítulos (4-7) apresentam urna série de denúncias para as transgressões de Judá e profecias concernentes ao seu futuro julgamento. As profecias de julgamento foram tanto encenadas (Ez 4:1 e 5:5) quanto declara- das em termos como cerco, fome, extermínio, exílio da população e desolação do país. O mudo profeta só podia falar quando o Espírito o estimulava.
  • 29. Paralelos bíblicos para o juízo investigativo A denúncia do pecado inicia-se com a declaração geral à rejeição dos estatutos e ordenanças de Deus pelo povo (Ez 5:6). Ela ainda continua com denúncias espe- cíficas da idolatria (Ez 6), violência, orgulho, injustiça e crimes sangrentos na so- ciedade (Ez 7). Finalmente, culmina com a visão da idolatria presente entre o povo de Deus - pecado que corrompeu os próprios recintos do templo de Jeová (Ez 8). A visão de Ezequiel da quádrupla corrupção dos recintos do templo é data- da do sexto mês do sexto ano do exílio, ou setembro de 591 a.0 (Ez 8:1). Esta data indica que Jeová estivera residindo em seu templo por 14 meses. O período de tempo, aqui indicado, em que Jeová residiu em seu templo suscita de manei- ra especial duas interrogações relacionadas: em primeiro lugar, por que Ele veio ali, e o que fez Ele enquanto ali esteve? A primeira pergunta é relevante, pois observamos que a presença de Jeová em seu templo já era representada pela glória do Shekinah que repousava sobre a arca da aliança no lugar santíssimo antes de ser dada a Ezequiel a visão do capítulo 1. , Se a presença de Jeová já se manifestava deste modo naquele lugar, por que Ele necessitava vir ao seu templo na visão dada a Ezequiel no capítulo 1? A resposta é evidente. Deus veio ah para fazer uma obra especial E a visão específica da vinda divina ao seu templo enfatiza grandemente a natureza importante dessa obra As mensagens dadas ao profeta, conforme registradas nos capítulos que transpõem a lacuna entre as visões do capítulo 1 e do capítulo 8, áugerern que a 27 obra especial era o julgamento. Em outras palavras, Jeová se assentou em juízo sobre seu povo em seu templo por uns 14 meses, como pode ser determinado pelas datações associadas às visões, conteúdo das próprias visões e natureza das mensagens dadas a Ezequiel durante o intervalo entre as duas visões. A continuação da visão no capítulo 9 provê apoio adicional para a ideia de que Jeová fixou residência em seu templo durante esse período de tempo a fim de julgar o seu povo, uma vez que o resultado dessa sessão de juízo é descrito nesta mesma passagem O povo de Judá que professava servir a Deus foi dividi- do em duas classes: os que realmente o serviam - evidenciados pelos seus suspi- ros e gemidos acerca das abominações cometidas na terra - e aqueles que não o serviam - evidenciados como os responsáveis pelas abominações. A divisão en- tre esses dois grupos deveria ser feita pelo anjo designado como um escriba Ele foi instruído a passar pelo meio do povo e escrever um sinal (literalmente a letra hebraica tãw) nas testas daqueles que pertenciam ao primeiro grupo (Ez 9:4). Neste exemplo específico, o uso da letra tãw como um marcador especial pode derivar do fato de que ela era a última letra do alfabeto hebraica Ao se- lecionar os indivíduos deste modo, o anjo os assinalava como os últimos dos justos, isto é, os justos remanescentes a serem salvos da destruição de Judá.
  • 30. Estudos selecionados em interpretação profética O significado do simbolismo é evidente a partir das ações subsequentes dos anjos destruidores, que deveriam passar pelo meio da cidade para exterminar as pessoas que não estavam assinaladas. Historicamente, esta profecia se cum- priu quando o exército de Nabucodonosor cercou e conquistou Jerusalém al- guns anos depois de ser dada a visão a Ezequiel. A outra parte do julgamento era um juízo sobre a cidade. Neste caso, a ci- dade deveria ser queimada com as brasas de fogo que os quatro seres viventes traziam consigo (Ez 1:13; 10:2). A história mostra que esse juízo também foi executado pelo exército de Nabucodonosor (2Rs 25:9). Assim, duas classes de pessoas em Judá foram diferenciadas nesse tempo — os justos e os ímpios. Ou seja, os remanescentes a serem salvos e os não-rema- nescentes a serem destruídos. Essa separação significava que a distinção entre os indivíduos desses dois grupos tinha sido elaborada enquanto Jeová se as- sentava em julgamento em seu templo. A execução da sentença era o resultado de decisões tomadas durante a sessão de julgamento no templo. O juízo dos habitantes de Judá foi considerado investigativo, uma vez que as decisões foram tomadas a partir de cada caso e, como resultado, havia uma separação entre essas duas classes de pessoas. 28 A PARTIDA DE DEUS Tendo sido tomada uma decisão em cada caso, não havia mais necessidade de Jeová permanecer em seu templo. Durante a visão da corrupção idólatra do templo (Ez 8), Jeová fez a interrogação: "Filho do homem, vês o que eles estão fazendo? As grandes abominações que a casa de Israel faz aqui, para que me afaste do meu santuário?" (Ez 8:6). Desse modo, a partida de Jeová de seu tem- plo não foi um ato arbitrário, pois o seu povo o havia expulsado de sua própria casa. A cena é dada nos capítulos 9 a 11. Ezequiel vê o trono sobre o firmamento com os seres viventes em prontidão, agora chamados querubins (Ez 10:1). A carruagem de Deus está vazia, esperando que Jeová se assente sobre seu trono. A descrição do deslocamento de Deus de seu templo é repetida três vezes (Ez 9:3; 10:4; 10:18). O som das asas dos querubins é ouvido em seguida (10:5), e as rodas postas em movimento (Ez 10:13). A carrua- gem divina deve erguer-se mais uma vez porque Jeová está partindo de seu templo. Ezequiel enfatiza que os seres viventes que viu anteriormente agora deveriam ser identificados como querubins. Com exceção da referência aos anjos que guar- davam o acesso ao jardim do Éden (Gn 3:24), os querubins no Antigo Testamento estão geralmente associados aos modelos representativos ligados ao propiciatório que cobria a arca da aliança no lugar santíssimo do templo. Quando esses seres
  • 31. Paralelos bíblicos para o juízo investigativo vieram com a carruagem de Jeová no capítulo 1, eles foram identificados apenas como seres viventes (isto é, celestiais). Agora, entretanto, eles são identificados com os querubins que estiveram presentes até esse ponto no templo terrestre. Assim, esses seres vivos tornam-se, por assim dizer, "espíritos" que animam as figuras simbólicas do templo, outrora inanimadas e• representativas. A iden- tificação desses seres celestiais com suas representações terrestres no templo e a partida de ambos é uma outra maneira de declarar quão enfaticamente o tem- plo de Jeová tinha sido abandonado - até mesmo os modelos dos querubins da cobertura da arca, agora, seguiam seu caminho. A carruagem divina é primeira- mente vista no limiar do próprio edifício do templo. "Então se levantou a glória do Senhor de sobre o querubim, indo para a entrada da casa; a casa encheu-se da nuvem, e o átrio, da resplandecência da glória do Senhor" (Ez 10:4). Em se- guida, ela se moveu para a porta oriental dos recintos do templo. Os querubins levantaram as suas asas e se elevaram da terra a minha vista, quan- do saíram acompanhados pelas rodas; pararam à entrada da porta oriental da Casa do Senhor, e a glória do Deus de Israel estava no alto, sobre eles (Ez 10:19). Finalmente, a carruagem cruzou o vale de Cedrom para descansar por um pequeno momento sobre o Monte das Oliveiras enquanto Jeová, com o juízo de 29 seu povo concluído, parte por fim de sua casa, seu povo e sua cidade. Então, os querubins elevaram as suas asas, e as rodas os acompanhavam; e a gló- ria do Deus de Israel estava no alto, sobre eles. A glória do Senhor subiu do meio da cidade e se pôs sobre o monte que está ao oriente da cidade (Ez 11:22-23). A visão que abrange os capítulos 9 a 11 é recíproca à visão dada no início do livro de Ezequiel. No capítulo 1, Jeová veio ao seu templo para uma obra de juízo. E nos capítulos 9 a 11, essa obra de juízo completou-se quando Ele par- tiu de seu templo e cidade. Tendo Jeová deixado o seu templo, Ele não partiu para o norte, direção da qual viera (Ez 1:4), direção da qual também vieram os agentes terrestres de seu juízo: o exército babilônio. Jeová partiu para o oriente (Ez 10:19; 11:23), em direção ao seu povo exilado. Segundo as profecias que se seguem em Ezequiel, o povo de Deus ainda voltaria para o seu país e cidade. A EXPECTATIVA DE DEUS O décimo capítulo do livro de Daniel relata uma visão de Deus e sua gló- ria. A visão veio sobre o autor enquanto ele jejuava e orava por um determinado
  • 32. Estudos selecionados em interpretação profética problema durante três semanas (Dn 10:3). Miguel e Gabriel lutaram contra Ciro, presumivelmente, acerca do mesmo problema durante o mesmo período de 21 dias (Dn 10:13). Sendo que Daniel recebeu a visão deste capítulo no final de três semanas completas, o dia do recebimento da visão corresponderia a um sábado. Nessa ocasião, Daniel recebeu uma visão de Deus e sua glória. A descrição é se- melhante à visão dada a Ezequiel (Ez 1 e 10). No caso de Daniel, ele não viu Deus indo para seu templo ou vindo dele. Deus ainda estava no oriente. Isto suscita a interrogação acerca da razão pela qual Daniel, Miguel e Gabriel estavam tão preocupados nessa ocasião. Essa visão foi dada no terceiro ano de Ciro (Dn 10:1). Nessa época, a primeira onda de exilados já havia voltado para Judá (Ed 1:1; 3:1, 8), de sorte que o retorno dos cativos não estava mais em risco. A cidade de Jerusalém não deveria ser reconstruída até quase um século depois, portanto, Jerusalém também não estava em perigo. Isto exclui o templo. Conforme está revelado em Ageu, Zacarias e Esdras 5 e 6, não era intenção de Deus que a reconstrução do templo fosse tão adiada como foi. Esse adia- mento aconteceu principalmente por causa de oposição local (Ed 4:4). Um dos aspectos dessa oposição foi que "alugaram contra eles conselheiros para frustra- rem o seu plano" (Ed 4:5). Alguém aluga conselheiros para servir na corte real (nesse tempo, a corte mais importante era a de Ciro), o lugar mais eficiente para 30 esses conselheiros alugados fazerem seu lobby. A convergência desses fatores sugere que Ciro cedeu à pressão exercida pe- los supostos conselheiros e ordenou aos judeus que suspendessem a construção do templo. Provavelmente, este é o assunto em jogo no capítulo 10 de Daniel: a mudança de opinião por Ciro quanto à reconstrução do templo de Jerusalém. Segundo a visão de Daniel, a glória de Deus permanecia no oriente, pois Ele ainda esperava para voltar ao seu templo, cuja construção fora retardada pelos obstáculos, que historicamente não foram superados durante outra década. O RETORNO DE DEUS A descrição do retorno do exílio e da restauração de Jerusalém se desenvolve plenamente no último terço do livro de Ezequiel. Especialmente em seus oito ca- pítulos finais. A parte central da descrição é a restauração do templo. Ali, há uma exposição notavelmente detalhada do que é apresentado nos capítulos 40 a 42 Depois de o templo ser reconstruído, a glória de Deus pôde a ele retornar. A gló- ria divina vinha do oriente, direção para a qual ela anteriormente partira do templo. E eis que, do caminho do oriente, vinha a glória do Deus de Israel; a sua voz era como o ruído de muitas águas, e a terra resplandeceu por causa de sua glória. O
  • 33. Paralelos bíblicos para o juízo investigativo aspecto da visão que tive era como o da visão que eu tivera ... junto ao rio Que- bar; e me prostrei, rosto em terra. A glória do Senhor entrou no templo pela por- ta que olha para o oriente. O Espírito me levantou e me levou ao átrio interior; e eis que a glória do Senhor enchia o templo (Ez 43:2- 5). Um aápecto interessante da visão de restauração do templo e da glória de Deus retornando ao seu lugar de habitação é a data em que ela foi dada. A da- tação de Ezequiel 40:1 propõe que esse dia seja o décimo dia de rot hagãnãh do vigésimo-quinto ano do exílio. Esse dado cronológico é singular no Antigo Testamento, por isso, surge uma pergunta: A qual ano novo o texto se refere (primavera ou outono)? Aqui, as datas de Ezequiel são interpretadas de acordo com um calendário de outono, portanto, devemos seguir os mesmos métodos de interpretação. O rosh hashanah do judaísmo moderno é celebrado no ou- tono. Isso provê uma pequena indicação suplementar de que um calendário outonal é pretendido nesta datação e noutra parte em Ezequiel. Mas essa visão não foi dada a Ezequiel no dia do ano novo de outono, ou 1° de tishri. O profeta recebeu a mensagem dez dias depois. O décimo dia do ano novo de outono, ou rosh hashanah, aqui mencionado, é, portanto, yom kippur, ou o dia da expiação A celebração acontecia no décimo dia do sétimo mês, ou tishri. Assim, esta visão do templo purificado e restaurado foi dada no dia da expiação, quando o 31 primeiro templo foi purificado ritualmente durante os serviços sagrados. Naquele dia, Ezequiel viu em visão o segundo templo restaurado, limpo e purificada Desse modo, as visões de Deus e sua glória dadas a Ezequiel e Daniel, fo- calizavam o templo de Deus e sua relação com ele. No capítulo 1 de Ezequiel, Ele vem do norte para o seu templo a fim de dedicar-se à obra de julgamento. Em Ezequiel 10, entretanto, após a conclusão da obra de julgamento, Deus deixa seu templo e segue em direção ao oriente por 14 meses. Quase 70 anos mais tarde, Ele ainda é visto por Daniel no oriente esperando para reentrar em seu templo ainda não reconstruído. Por fim, Ezequiel vê a Deus no dia da expiação (40:1) retornando do oriente para o seu templo, o qual finalmente deveria ser reconstruído (43:1-7). RESUMO Vinte e oito passagens que tratam de juízo no Antigo Testamento foram ana- lisadas anteriormente devido as suas conexões com o santuário. Essa lista não é exaustiva, mas razoavelmente compreensiva e bastante representativa. As formas
  • 34. Estudos selecionados em interpretação profética do santuário mencionadas nessas passagens são distribuídas de modo relativa- mente estatístico. Cerca de um terço delas (oito) estão relacionadas ao tabernácu- lo no deserto; um outro terço (nove) têm conexões com o templo celestial; e na parte final (onze) são postas no contexto do templo terrestre de Jerusalém. Em geral, as conexões com o templo celestial são mais comuns nos Salmos, enquanto que as conexões com o templo terrestre são mais evidentes nos profetas. O fato de ocorrer relações alternativas nestes dois conjuntos de literatura indica que esta distinção não é de grande importância. Ao contrário, a distribuição um tanto estatística salienta que este aspecto do juízo da obra de Deus no templo ce- lestial relacionava-se diretamente com a obra divina em suas residências terrestres. Nos tempos do Antigo Testamento, a obra de juízo no templo celestial e no templo/tabernáculo terrestre eram os dois lados da mesma moeda. Ou melhor, diferentes manifestações da mesma obra, como estão diretamente ligadas no salmo 76. Há muitas profecias ou declarações acerca de juízo no Antigo Testa- mento que não contêm nenhuma menção específica ou conexão com o santu- ário. Essa relação, porém, não precisa ser mencionada em todos os exemplos. Com base na discussão acima, o contexto do santuário pode ser subenten- dido nesses outros casos. Assim como o santuário era o centro da atividade redentora de Deus, mesmo que esse propósito seja explicitamente declarado em 32 alguma determinada passagem ou não, ele era também a origem de seus juízos. O santuário, terrestre ou celestial, era o lugar onde Deus habitava. Ali, também se centralizava o governo de Deus. E, devido ao fato de ser Ele o único a emitir tais juízos, é apenas natural que as sentenças fossem emitidas do lugar onde Ele habitava. Desse modo, a discussão bíblica sobre a relação entre santuário e juízo é natural. É interessante notar quão frequentemente esses juízos eram pronunciados no contexto de uma visão teofânica de Deus. Todas as vezes que a Bíblia des- creve essas visões, muito comumente as apresenta neste tipo de literatura. Esta relação pode não ser exclusiva, mas é comum. A santidade e glória de Deus expressas em tais cenas certamente adicionam solenidade ao seu significado. O objetivo dos juízos do santuário deve ser revisto. Todos os casos ligados ao tabernáculo no deserto eram obviamente dirigidos ao povo de Deus, mesmo que o juízo envolvesse indivíduos ou grandes grupos. Considerando quão di- reta era a relação entre o tabernáculo e o acampamento de Israel durante a per- manência temporária do êxodo, é apenas natural que mais juízos pessoalmente relacionados ocorressem em conexão com o tabernáculo que na história isra- elita posterior. O juízo sobre Acabe, em 1 Reis 22, é a mensagem mais pessoal desse gênero encontrada nas passagens posteriores ligadas aos templos terrestre e celestial. Há várias mensagens de juízos pessoais transmitidas pelos profetas
  • 35. Paralelos bíblicos para o juízo investigativo durante o período da monarquia — mensagens destinadas a reis ou pessoas co- muns. No entanto, elas não se relacionavam diretamente ao santuário. Além desses juízos pessoais, um espectro bastante amplo de juízos aparece relaciona- do ao santuário. Os juízos se dividem em seis categorias diferentes: 1.Juízo favorável sobre os justos. Nas passagens consideradas acima este aspecto do juízo aparece por si mesmo somente no Salmo 103. Neste texto, o juízo é posto no contexto do templo celestial. 2.Juízo distintivo entre os justos e os ímpios em Israel. Salmo 14 (e Salmo 53, duplicata do 14) relaciona tal juízo com o templo celestial. Malaquias 3, Eze- quiel 10 e Salmos 50 e 73 relacionam essa espécie de juízo ao templo terrestre. 3.Juízo emitido em favor dos justos em oposição aos ímpios. Este tipo de juízo ocorre no contexto do templo celestial dos Salmos 11 e 102. Ele também aparece em Joel 2 e 3 no contexto do templo terrestre. • 4. Juízo sobre pecados de pessoas tidas como justas sob outros aspectos. Este juízo aparece no contexto do templo terrestre, em Salmos 99. 5. Juízo desfavorável sobre os ímpios. Provém do templo celestial, no caso particular de Acabe em 1 Reis 22. Este mesmo tipo de juízo, com a mes- ma origem, é aplicado mais geralmente em Miqueias 1. É importante, porém, 33 lembrar que embora o ímpio Judá fosse julgado digno de exílio, a promessa profética de que o remanescente voltaria do exílio foi transmitida pelo mes- mo profeta. Isto também é válido na visão de Isaías 6, que trata do juízo e do retorno de um remanescente. 6.Os seis casos de juízos sobre nações estrangeiras são explicitamente de- clarados como vindos do santuário. O juízo dos cananeus veio do templo celes- tial (Si 29), ao passo que os juízos sobre Edom e Etiópia vieram do templo ter- restre (S160 e Is 18). A coleção de nações estrangeiras identificadas em Joel 3 foi também julgada a partir do templo terrestre. O Salmo 76 contém um juízo geral proveniente do templo celestial sobre inimigos estrangeiros não especificados. Já no Salmo 9, o juízo é identificado como oriundo do templo terrestre. A relação entre a obra do santuário celestial e do santuário terrestre é esclarecida quando as passagens sobre juízo Uo Antigo Testamento são analisadas dentro das categorias descritas acima. Em quatro dessas seis categorias, os mesmos tipos de juízos são identificados como procedentes dos templos terrestre e celestial. Apenas na primeira e terceira categorias esta generalização não é válida. Nestes exemplos, somente uma passagem pode ser citada como pertencendo a cada categoria.
  • 36. Estudos selecionados em interpretação profética Os tipos mais comuns de passagens sobre juízo são aquelas dirigidas contra as nações estrangeiras e aquelas que distinguem entre justos e ímpios entre o povo de Deus. Seis exemplos das primeiras e cinco das últimas foram recolhidos. Em- bora seja preeminente a categoria de juízos sobre as nações estrangeiras, deve-se notar que quando os diferentes tipos de juízos sobre o povo de Deus são reunidos, eles formam uma coleção consideravelmente maior que a dos estrangeiros. Das 20 passagens sobre juízo relacionadas aos templos terrestre e celestial, a preocupação de 14 é com o povo de Deus, ao passo que seis se preocupam com as nações estrangeiras. Quando são adicionados os oito casos de juízo do tabernáculo, a proporção se amplia para 22 a 6. Esta proporção se ajusta ao quadro geral de juízo no Antigo 'Testamento. Um estudo das passagens acerca do juízo dentro de suas mais amplas ca- tegorias indica que Deus estava preocupado com três categorias de pessoas no mundo (em vez de com apenas duas, como insistiriam alguns). Essas três maio- res categorias consistem nos justos em Israel, ímpios em Israel e nações. Embo- ra os dois últimos grupos partilhassem destinos um tanto similares em relação aos seus juízos, eles eram reunidos a partir de diferentes pontos de origem. As transferências do terceiro para o primeiro grupo se efetuavam somente em uma base individual. Isto ocorreu nos casos de Rute, Urias, Ebede-Meleque e outros. 34 Nem todos os juízos coletivos sobre nações estrangeiras eram desfavoráveis. Há, por exemplo, a profecia de restauração do Egito depois de sua desolação, em Ezequiel 29. Além deste tipo específico de profecia, havia uma visão profética maior e mais favorável em relação ao lugar a ser ocupado por estas nações rio reino escatológico de Deus. Uma das mais preeminentes declarações encontra- -se nas passagens duplicadas de Isaías 2 e Miqueias 4. O texto é citado aqui por- que se refere ao juízo de Deus sobre as nações e procede de seu templo: Mas, nos últimos dias, acontecerá que o monte da Casa do Senhor será estabeleci- do no cume dos montes e se elevará sobre os outeiros, e para ele afluirão os povos. Irão muitas nações e dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos pelas suas veredas; por- que de Sião procederá a lei, e a palavra do Senhor, de Jerusalém. Ele julgará entre muitos povos e corrigirá nações poderosas e longínquas; estes converterão as suas espadas em relhas de arados e suas lanças, em podadeiras (Mq 4:1-3). Ao comparar a descrição de juízo em Daniel com esses aspectos de julga- mentos do santuário registrados em outros lugares no Antigo Testamento, é evi- dente que a descrição de Daniel contém todos os elementos essenciais dos últi- mos. O julgamento de nações estrangeiras, relatada anteriorrnente na categoria
  • 37. Paralelos bíblicos para o juízo investigativo seis, está presente em Daniel no surgimento e queda das nações e na queda final, conforme descrita em Daniel 2:4; 7:11-12, 26; 8:25 e 11:45. As categorias um e quatro (que tratam dos justos) podem ser agrupadas com a categoria dois, que distinguia os justos e os ímpios entre o povo de Deus. Isso é explicitamente mencionado em Daniel 12:1 e 3, e descrito de forma implícita em Daniel 8:14. A categoria cinco (rejeição de alguns homens do professo povo de Deus) abrange o lado desfavorável do juízo descrito sob a categoria dois. Este fato também é explicitamente mencionado em Daniel 12:2 e implícito em Daniel 8:14. Finalmente, o juízo em favor do povo de Deus e contra os seus inimigos, ex- postos na categoria três, é o aspecto do juízo subentendido em Daniel 2:44 e mais explicitamente declarado em Daniel 7:22. Assim, os correlativos para todas as ca- tegorias de juízo do santuário no Antigo Testamento também são encontrados no julgamento final, em Daniel. Um quadro composto é precisamente desenvolvido a partir de todas as passagens sobre juízo do santuário fora de Daniel no Antigo Testamento. Desse mesmo modo, um quadro composto do juízo final também deve ser desenvolvido, considerando todas as passagens sobre juízo em Daniel. Assim como acontece no restante do Antigo Testamento, em alguns casos esses juízos são especificamente identificados como vindos do santuário e em outros não. Por exemplo, as passagens sobre juízo em Daniel 2A4, 8:25 e 11:45 não estão especificamente ligadas ao santuário, enquàntõi as cenas do juízo em Daniel 7:9-13, 22, 26; 8:14 e 12:1 estão. Uma diferença nestas duas categorias de textos em Daniel é que as passagens do juízo ligadas ao santuário estão frequen- temente mais preocupadas com o povo de Deus do que com as nações. Todavia, uma vez que todas as decisões do juízo procedem de Deus, das podem ser vistas no contexto de juízo do santuário - habitação de Deus. Duas das diferenças significativas entre juízos do Antigo Testamento em geral e o juízo final descrito em Daniel envolvem tempo e objetiva Os juízos do santuá- rio nas passagens do Antigo Testamento estudadas acima se referem a juízos sobre pessoas, povos ou nações que foram contemporâneas do profeta que os anunciou. Em Daniel, por outro lado, o juízo final se localiza no contexto de uma es- trutura apocalíptica depois do surgimento e queda de uma série de nações e no final de um período específico de tempo profético. Desse modo, os outros juízos no Antigo Testamento e os juízos em Daniel eram qualitativamente semelhan- tes, mas postos em diferentes dimensões de tempo. Uma outra grande diferença é a de escopo ou alvo. Esses outros juízos do Antigo Testamento eram localizados em escopo, lidando com diferentes indi- víduos, grupos de pessoas ou nações do Antigo Oriente Próximo. Contudo, o juízo em Daniel é de mais longo alcance, pois indica termos atuais da história 35
  • 38. Estudos selecionados em interpretação profética humana. Por isso, é cósmico em escopo. As passagens sobre juízo no Antigo Testamento fora de Daniel são uma série de minijulgamentos em escala micros- cópica, por assim dizer. Elas levam e apontam para o grande juízo final. Além de prover uma anterior reflexão e um paralelo ou analogia ao mesmo em escala macroscópica descrita em Daniel (e em Apocalipse). Deus reuniu sua corte celestial para julgar seu rib ou "processo da aliança" con- tra o seu povo em várias ocasiões nos tempos do Antigo Testamento. Desse modo, não deveríamos liberar ou mesmo esperar que Ele proceda da mesma forma no final de nossa era? Assim, enquanto esses julgamentos vétero-testamentais são qualitativamente semelhantes ao juízo em Daniel devido aos níveis similares ou categorias de juízo encontrados em ambos, eles diferem em escopo e em termos da estrutura conceituai na qual são encontrados. Das 28 passagens sobre juízo do santuário compiladas do Antigo Testamento, o paralelo mais próximo ao juízo celestial do tempo presente é o juízo investigativo de Judá, descrito em Ezequiel 1 a 10. É interessante comparar seus respectivos contextos cronológicos. Deus estabeleceu o seu povo na terra prometida de Canaã conforme des- crito no livro de Josué. Desde então, por quatro séculos eles viveram sob a lide- rança de juízes, e por outros quatro séculos sob o domínio de reis. No final de todo esse período de oito séculos, o julgamento final foi pronunciado sobre eles 36 na visão dada a Ezequiel. O povo recebeu a profecia apenas poucos anos antes de serem arrastados para o exílio e varridos da terra prometida doada por Deus. O juízo descrito em Daniel ocorre em uma conjuntura semelhante, mas em termos mais amplos da história do povo de Deus e do mundo. O "tempo do fim" e datado nesta era da história humana, mais precisamente antes da introdução do grande e eterno reino de Deus. Portanto, em uma escala menor, o juízo in- vestigativo de Judá realizado no templo terrestre de Jerusalém ocorria em uma conjuntura intermediária da história da salvação. Assim, o juízo investigativo no templo terrestre se compara ao juízo investigativo no templo celestial, con- vocado para concluir o capítulo final dessa história. REFERÊNCIA WALLENKAMPF, A. V.; LESHER W. R. (Eds.). The sanctuary and atonement. SiIyer Spring: Biblical Research Institute, 1981.
  • 39. 2 POR QUE ANTIOCO IV NÃO É O CHIFRE PEQUENO DE DANIEL 8 Esboço do capítulo 1.Significado da interpretação 2. Daniel 7 3. Daniel8 4. Daniel 9 5. Danie111 6. Sumário SIGNIFICADO DA INTERPRETAÇÃO A visão descrita em Daniel 8 pode ser esquematizada breve- mente como sdgue: o carneiro persa apareceu primeiro na visão, conquistando o norte, o ocidente e o sul (v. 3-4). O bode grego, com seu principal chifre, entrou em cena logo em seguida. Derrotando o carneiro persa, ele tornou-se o poder dominante em vista (v. 5-7). Contudo, depois de alcançar essa posição, o chifre principal do bode foi quebrado e quatro chifres, es- tendendo-se para os quatro ventos do céu, subiram em seu lugar (v. 8).
  • 40. 38 Estudos selecionados em interpretação profética Os comentaristas concordam que o conteúdo da visão até aqui é relativamente claro, uma vez que esses quatro chifres podem ser identificados prontamente como os quatro reis e os reinos derivados deles, os quais dividiram o império conquistado por Alexandre. A interpretação do principal elemento seguinte da visão é mais controvertido. Outro chifre ("um chifre pequeno"), procedente de um dos quatro ventos ou de um dos quatro chifres, apareceu em cena. Esse chifre não dirigiu seu ataque ap- enas contra os outros animais ou reinos, mas contra o povo de Deus, identifica- do no texto como "o exército das estrelas" (v. 10, 24, Revised Standart Version). Portanto, o ataque também se dirige contra a obra divina de redenção na forma do tündd (diário) e do templo (v. 11-12), e contra o principal representante de Deus -"o príncipe do exército", "Príncipe dos príncipes" (v. 11, 25). Então, Daniel ouviu dois seres celestiais discutindo o que ele havia visto. Um perguntou ao outro: "Até quando durará a visão do sacrifício diário (trai/ id) e da transgressão assoladora, visão na qual é entregue o santuário e o exército, a fim de serem pisados?" A resposta foi: "Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado [restaurado]" (tradução livre). A identificação do chifre pequeno que haveria de fazer todas estas coisas con- tra Deus e seu povo é decisiva para a interpretação de Daniel 8:9-14. Na tentativa de identificar o chifre pequeno, os comentaristas aplicam os métodos desenvolvi- dos pelas escolas preterista, futurista e historicista de interpretação profética. Os preteristas defendem que a maioria das profecias do livro de Daniel já se cumpriu e, portanto, não há nenhum significado para os dias atuais. Assim, sustentam que o chifre pequeno surgiu de uma das divisões do império de Alex- andre. Eles concluem que as atividades do chifre pequeno apontam inconfundi- velmente para Antíoco IV Epifania. Geralmente, os futuristas também seguem esta linha de interpretação. Além disso, eles veem Antloco como um tipo de anticristo do fim dos tempos e que ele deve surgir nos anos finais da história terrestre, antes do segundo advento de Cristo. Os historicistas, por outro lado, declaram que as profecias de Daniel re- tratam um esboço da história humana e eclesiástica, e narram a luta entre .o bem e o mal até o fim do tempo. Um fluxo de história parece estar envolvido aqui - especialmente quando este capítulo é comparado com o anterior. Os historicis- tas defendem que o chifre pequeno representa Roma em suas fases pagã e papal. Há precisamente três grandes identificações para o chifre pequeno, assim como há também três grandes aplicações ao período de tempo mencionado nesta passagem. Os preteristas sugerem que as 2.300 "tardes e manhãs" devem ser interpretadas como 2.300 sacrifícios individuais da manhã e da tarde, ou
  • 41. Por que Antioco IV não é o chifre pequeno de Daniel 8 1.150 dias literais. Para eles, a profecia se aplica aos eventos ocorridos na tra- jetória de Antíoco IV Epifânio, no segundo século a.C. Utilizando o princípio dia-ano, os historicistas enfatizam que o texto se refere a um período de 2.300 anos, iniciado em alguma ocasião no quinto sécu- lo a.C. e encerrado no século 19 d.C. Como um tipo de obra do anticristo final, alguns futuristas aplicam as "tar- des e manhãs" como tardes e manhãs literais, ou seja, 2.300 dias. Contudo, eles afirmam que esse período de tempo ainda não começou, pois a manifestação final de um anticristo pertence ao futuro. Mas como essa profecia que trata de um santuário deve ser interpretada? Os preteristas asseveram que ela se refere à purificação do templo de Jerusalém, poluído por Antíoco no segundo século a.C. Devido ao fato de que o templo terrestre foi destruído em 70 d.0 (o período de tempo profético se estende além desta data), os historicistas afirma que o texto se refere ao templo celestial. O fato, portanto, comprova a crença dos principais representantes do pensamento historicista, os adventistas do sétimo dia, que compreendem a purificação de Daniel 8:14 como uma referência ao antítipo celestial da purificação do santuário terrestre que ocorria no antigo Israel no dia da expiação. Uma vez que o dia da expiação simbolizava juízo em 39Israel, a purificação antitípica do santuário celestial é interpretada como um tempo de juízo investigativo pré-advento do povo de Deus. A posição historicista é muito diferente daquela defendida pelos intérpretes da escola futurista, que afirmam que durante os sete anos finais da história ter- restre, um templo literal (a ser reconstruído em Jerusalém) será poluído por um anticristo. A purificação ou restauração do templo acontecerá quando Cristo vier e pôr um fim ao seu reinado nefando. Estes três pontos de vista sobre a interpretação dos vários elementos de Daniel 8:9-14 podem ser resumidos como segue: Elemento re ensta tnis lost man I. Chifre pequeno 2.2.300 dias 3.Templo 4.Purificação Antíoco IV Dias literais passados Terrestre Profanação passada Roma Anos proféticos Celestial Juizo Futuro anticristo Dias literais futuros Terrestre Profanação futura A breve recapitulação das várias interpretações, conforme propostas pe- las três principais escolas de interpretação profética, esclarece o porquê das
  • 42. Estudos selecionados em interpretação profética conclusões amplamente variadas acercada natureza dos eventos preditos nesta passagem da profecia. De particular importância neste estudo é a natureza do evento que está para ocorrer no final do 2.300 dias. De acordo com a primeira escola de pensamento, a purificação prescrita estava totalmente concluída antes de 10 de janeiro de 164 a.C. A segunda linha de interpretação, entretanto, se refere a um juízo que está agora em andamento no Céu. Para o terceiro ponto de vista, isto ainda não ocorreu. Quando ocorrer, eventos em Jerusalém e Israel estarão envolvidos. Considerando-se a magni- tude das diferenças de interpretação e a importância dos eventos aos quais elas se referem, é evidente que estes versos de Daniel precisam ser cuidadosamente examinados. Demandam nossa mais diligente atenção. A fim de avaliar devidamente a passagem que trata do chifre pequeno de Daniel 8 é necessário compreendê-la no contexto do livro. As profecias de Daniel corre- spondem umas às outras em uma grande extensão. Consequentemente, é necessário examinar os textos proféticos relevantes para a discussão nos capítulos 7, 9, 11 e 12. DANIEL 7 Ao questionar as várias escolas de interpretação sobre como identificam os diferentes animais de Daniel 7, percebemos que todas concordam que o leão representa Babilônia (v. 4). As escolas historicista e futurista identificam o urso como Medo-Pérsia, ao passo que a escola preterista, constituída essencialmente de críticos eruditos, o identifica apenas como a Média (v. 5). Desse modo, en- quanto as escolas historicista e futurista continuam sequencialmente identifi- cando o leopardo e o animal indescritível como Grécia e Roma, a preterista fica um passo atrás, identificando-os como Pérsia e Grécia (v. 6-7). Historicistas e futuristas finalmente divergem no que tange ao chifre peque- no. Os primeiros o identificam com o chifre papal que saiu de Roma pagã. Os últimos, apegando-se a uma lacuna no fluir da história profética, o identificam com o final e ainda futuro anticristo (v. 8). Sendo que eles terminam sua sé- rie de quatro animais com a Grécia, os preteristas identificam o chifre pequeno proveniente desse animal como Antínco IV. Existem, é claro, variações nas aplicações feitas por comentaristas indi- viduais dentro de cada uma dessas escolas de interpretação profética, mas es- tas variações não possuem real significado aqui. A diferença essencial para o propósito dos Estudos Selecionados em Interpretação Profética é a divergência a 40
  • 43. Por que Antíoco IV não é o chifre pequeno de Daniel8 • partir da interpretação do segundo animal e as consequências resultantes dessa divergência na interpretação dos subsequentes animais-nações. Separando a Média da Pérsia, os preteristas abreviaram seu esquema profético até o surgimento de Antíoco IV como o chifre pequeno originário do animal grego, no segundo século a.C. Outro grande esquema que carac- teriza o segundo animal como um símbolo conjunto para o reino unificado da Média e Pérsia termina um passo histórico a mais no futuro, com Roma como o quarto animal. Os esquemas e suas diferenças especificas podem ser delineados da seguinte forma: Leão Babilônia Babilônia Babilônia Urso Média Medo-Pérsia Medo-Périsa Leopardo Pérsia Grécia Grécia Animal indescritível Grécia Roma Roma Chifre pequeno Antioco IV Papado Anticristo final A interpretação dos símbolos para essas nações possuem uma relação di- •reta com a identificação do chifre pequeno de Daniel 7. Por isso, esses animais- nações devem ser identificados antes que uma interpretação seja sugerida para 41 o chifre pequeno que saiu do quarto animal. No entanto, um dos principais argumentos nos quais se apoiam os preteristas é o de que o autor de Daniel teria cometido um erro histórico crasso quando se referiu a Dado como o medo (Dn 5:31, 6:28 e 9:1). O argumento corre como segue: Embora tal personagem seja desconhecido na história, a referência de Daniel a ele permitiu a possibilidade de existência de um reino medo separado entre os sobe- ranos neobabilônios Nabonido e Belsazar, de um lado, e o rei persa, Ciro, de outro. A primeira apresentação deste ponto de vista encontra-se em Darius the Mede and the Four Kingdoms, de H. H. Rowley (1935), que pretende provar esse erro histórico a fim de manter a interpretação preterista desses símbolos proféticos. A conclusão clássica de Rowley é a de que "não há espaço na história para Dano, o medo". Infelizmente, ele não estudou diretamente as importantes fontes cuneiformes, mas se apoiou em abordagens secundárias delas. Em meu estudo dos títulos reais usados nos tabletes contratuais neobabilônios escritos no início do reinado de Ciro (SHEA, 1971-1972), saliento que há espaço na história para Dano, o medo. Ainda que a quantidade de espaço histórico dis- ponível para ele delimita-se muito precisamente.
  • 44. Estudos selecionados em interpretação profética O título "Rei de Babilônia" não foi usado para Ciro nos tabletes contratuais datados em sua homenagem durante o primeiro ano após a conquista de Ba- bilônia, em outubro de 539 a.C. Somente o título "Rei dos Países" foi usado para ele. A homenagem se referia a ele em sua capacidade como rei do Império Persa. No final de 538 a.C, porém, os escribas acrescentaram o título "Rei de Babilônia" à sua titulação, termo usado durante todo o restante de seu reinado e de seus sucessores até o tempo de Xerxes. Aqui há apenas duas possibilidades. Ou houve um interregno em que o trono de Babilônia esteve desocupado por um ano, ou alguém mais, além de Ciro, ocupou o trono por aquele período de tempo. Em minha opinião, o prin- cipal candidato a ser o outro rei de Babilônia é Ugbaru, o general cuias tropas conquistaram Babilônia para Ciro. Segundo a crônica de Nabonido, ele no- meou governadores em Babilônia (compare Dn 6:1) e residiu na cidade até sua morte, que ocorreu um ano depois. A morte de Nabonido se deu um mês antes que o título "Rei de Babilônia" fosse adicionado à titulação de Ciro. Ugbaru estava razoavelmente bem-avançado em idade por ocasião de sua morte, circunstância que se ajusta à idade de 62 anos para Dano, o medo (Dn 5:31). As fontes cuneiformes não nos fornecem qualquer in- formação acerca de seu pai, Assuero, ou sobre sua origem étnica como 42 medo (Dn 9:1). Dano também poderia ser o título real de Ugbaru, uma vez que o uso de títulos reais é conhecido em Babilônia e na Pérsia. A explicação lógica para o avanço na,s datas de Daniel no primeiro ano de Dano, o medo (9:1), ao terceiro ano de Ciro (10:1), é que Dano morreu no intervalo. Satisfatoriamente, essa proposição apresenta harmonia com a evidência cuneiforme. Embora não haja provas conclusivas para o caso devido á falta de referência direta a Dano, o medo, em um texto cunciforme, deve-se ter em mente que a maior parte dos tabletes contratuais neobabilônios não estão ainda publicados. No Museu Britânico, por exemplo, estão 18 mil provenientes de Sippar. Mesmo sem a publicação desses tabletes, uma hipótese razoável pode ser comprovada a partir dos tabletes publicados. Também se deve ter em mente a maneira fragmentária como o passado do antigo Oriente Próximo é descrito e recuperado até aqui. Assim, a opinião críti- ca de que o autor de Daniel cometeu um erro estúpido na identificação de um rei medo de Babilônia não possui apoio pelas fontes históricas do sexto século a.C. Ao contrário, o conhecimento detalhado da história de Babilônia desse período, revelado nesta e em outras passagens do livro de Daniel, demonstra fortemente que o autor foi testemunha ocular desses eventos.
  • 45. Por que Antfoco IV não é o chifre pequeno de Daniel8 Faltando apoio histórico para a interpretação do segundo animal de Dan- iel 7, os preteristas devem retroceder na interpretação dos próprios símbolos. Aqui, o que comumente tem sido feito, como no recente volume da Anchor Bible sobre Daniel (HARTMAN; DI LELLA, 1978) é emendar o texto tran- spondo para diante a frase acerca das três costelas na boca do urso, de sorte que, em vez disto, as costelas terminem na boca do leão. Por outro lado, as frases relacionadas a uma mudança no leão são transferidas para o urso. Desse modo, o urso recebe o coração de um homem e permanece apoiado em suas pernas traseiras, e não sobre um de seus lados. Então, o urso alterado passa a se referir ao único monarca do fictício reino medo que o autor de Daniel pre- sumivelmente conhecia — Dario, o medo. Em contraste com esta distorção da história e do texto em apoio de uma teoria, a interpretação historicista desses símbolos parece ser muito razoável. O levantamento do urso, primeiro de um lado e, depois, de outro, pode ser visto muito naturalmente como uma referência à natureza composta do reino for- mado pela fusão dos medos e persas. As três costelas deixadas na boca do urso podem razoavelmente ser entendidas como representando as três principais conquistas das forças coligadas dos medos e persas no sexto século a.0 Lídia em 547, Babilônia ern 539 e Egito em 525 a.C. O apoio para esta interpretação de Daniel 7 é encontrado na interpretação do carneiro de Daniel 8. Seus dois chifres desproporcionais são especificamente iden- tificados como os reis da Média e de Pérsia (v. 20), expressando a mesma dualidade que é encontrada na visão do urso no capítulo 7. A natureza tripartite das conquis- tas do carneiro também correspondem às três costelas da boca do urso, sendo que ele se expandiu para o norte (Lídia), para o ocidente (Babilônia), e para o sul (Egito). As semelhanças entre os dois animais apoiam a interpretação do primeiro, uma vez que ao analisar o contexto de Daniel 7 percebe-se que o urso represen- ta a Medo-Pérsia. Isto significa que o animal indescritível, o quarto na ordem ali existente, representa. Roma. Portanto, o chifre pequeno procedente dele não pode representar Antíoco IV. Partindo desta conclusão acerca do chifre pequeno de Daniel 7, a próxima grande interrogação é: qual é a sua relação com o chifre pequeno de Daniel 8? Poderia o chifre pequeno de Daniel 8 ser ainda Anfloco Epifânio, mesmo que o chifre pequeno de Daniel 7 não o represente? Entre os intérpretes historicistas e futuristas há um número significativo que opta por diferentes interpretações desses dois símbolos. Praticamente todos os intérpretes da escola historicista pré-milerita dos séculos 18 e 19 mencio- nados por L. E. Froom (1946, 1954, v. 3-4) nos volumes 3.e 4 de Ilw Prophetic 43