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Rev Odontol Bras Central 2012;21(58)
Caso Clínico
534
ISSN 1981-3708
Introdução
Apesar dos recentes avanços da odontologia com a incorpo-
ração e o desenvolvimento de novos materiais e técnicas, ainda
existem grandes desafios para a reabilitação de dentes trata-
dos endodonticamente, especialmente em casos na qual a raiz
encontra-se fragilizada1,2
. Por muitos anos, os núcleos metálicos
fundidos eram tidos como a melhor opção para reabilitação de
dentes tratados endodônticamente que tinham pouca estrutu-
ra coronária. No entanto, além desse material não ser estético,
demanda um maior tempo clínico, custo, desgaste da estrutura
coronária e apresentam um maior risco de fraturas dentárias em
função do seu alto módulo de elasticidade1,3,4
.
Para superar tais problemas, nos últimos anos foram desen-
volvidos pinos de fibra de vidro pré-fabricados que possuem
propriedades mecânicas semelhantes a da dentina, especial-
mente o módulo de elasticidade, além de serem estéticos e de
fácil adesão a estrutura dental quando utilizados em conjunto
com sistemas adesivos e cimentos resinosos3,5
. Entretanto, em
dentes com significantes perdas de estrutura coronária e radicu-
lar, a reabilitação ainda é um desafio. Se não houver adequada
adaptação do pino, a linha de cimentação será espessa, o que
pode facilitar a formação de bolhas e falhas que prejudicam a
retenção, bem como menor resistência coesiva do cimento6
.
Numa tentativa de melhorar a adaptação dos pinos em ca-
nais amplos e com grande desgaste, uma das técnicas propostas
é a utilização de pinos anatômicos, através do reembasamento
e moldagem do conduto radicular com resina composta asso-
ciada a pinos pré-fabricados de fibra7
. Essa técnica aumenta a
adaptação do pino às paredes do canal, diminuindo a linha de
cimentação e possibilitando a formação de uma camada fina e
uniforme de cimento, fornecendo condições favoráveis para a
retenção do pino1,2,6-9
.
Dessa forma, o objetivo do presente relato de caso é descre-
ver a conduta clínica para realização da técnica do pino anatô-
mico associado a uma restauração estética direta.
Caso clínico
Paciente do gênero feminino, 24 anos de idade, compareceu
à Clínica de Dentística Restauradora da Faculdade de Odonto-
logia de Piracicaba (UNICAMP), relatando que a coroa cerâmi-
ca do elemento dental 12 tinha “caído” (Figura 1A). Ao exame
clínico-anamnésico, pôde-se observar que havia um remanes-
cente dental com conduto radicular amplamente desgastado
e o conjunto formado por pino e coroa estava desunido à es-
trutura dental (Figura 1B). Ao exame radiográfico, observou-se
que o tratamento endodôntico se encontrava satisfatório. Assim,
como plano de tratamento imediato, optou-se pela confecção e
cimentação de pinos anatômicos reembasados com resina com-
posta e restauração direta como restauração provisória prévia
Pino anatômico com resina composta: relato de caso
Anatomic fiber post with composite resin: case report
Eduardo J. Souza-Júnior1
, Emmanuel J. N. L. Silva1
, Daniel M. Morante2
, Mario A. C. Sinhoreti3
1 - Mestre em Clínica Odontológica (Endodontia) e doutorando em ClínicaOdontológica pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP
2 - Mestre em Endodontia (UEPG) e doutorando em Clínica Odontológica (Endodontia) pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP
3 - Mestre e doutor em Materiais Dentários pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP
Resumo
O protocolo restaurador de dentes tratados endodontica-
mente é um desafio na odontologia adesiva atual, já que existem
vários tipos de retentores intrarradiculares à disposição no mer-
cado, com características ópticas e mecânicas que promovem
um tratamento satisfatório. Dessa forma, a técnica de pino de
fibra anatômico reembasado com resina composta direta torna-
-se eficiente para uso na clínica odontológica, especialmente
em casos de condutos largos e tamanho reduzido de férula.
Para tanto, o pino é limpo, aplica-se o silano e adesivo, além
da resina composta não polimerizada para moldar o conduto
radicular. Após, o pino é tratado novamente e cimentado com
uma pequena espessura de linha de cimentação.Nesse artigo,
o caso clinico abordará as etapas necessárias para a confecção
do pino anatômico, além das estratégias de cimentação adesiva
e a restauração com resina composta, trabalhando os conceitos
da manutenção de uma delgada linha de cimentação para uma
adequada reabilitação dental mantendo a biomecânica e reten-
ção do pino de fibra no interior do conduto radicular.
PALAVRAS-CHAVE: Pinos de fibra customizados; cimento
resinoso; Resina composta.
A B
Figura 1. (A) Aspecto inicial do caso. Nota-se que o conduto radicular estava am-
plamente largo e que o elemento dental não possuia muito remanescente coroná-
rio; (B) Conjunto pino/coroa que perdeu a retenção e acabou caindo da boca da
paciente.
Rev Odontol Bras Central 2012;21(58)
Pino anatômico com resina composta: relato de caso Caso Clínico
535
à confecção de coroa unitária. Primeiramente, para o preparo
do conduto radicular e posteriores procedimentos restaurado-
res, realizou-se isolamento relativo da região ântero-superior,
favorecendo uma boa visualização do campo operatório além
de favorecer a confecção da restauração final, já que os dentes
homólogos poderiam ser tomados como parâmetro, tanto de
cor como de forma. Posteriormente, as paredes do conduto ra-
dicular foram regularizadas com broca de LARGO n° 4, favo-
recendo a uma melhor adaptação e modelagem do pino ana-
tômico. Logo após, procedeu-se à seleção do pino de fibra de
vidro Reforpost n°2 (Ângelus, Londrina, PR, Brasil) (Figura 2A),
iniciou-se a modelagem do conduto radicular. Para tanto, o con-
duto foi previamente isolado com gel de glicerina com auxílio
de pincel microbrush. O pino de fibra de vidro recebeu o tra-
tamento adesivo inicial (aplicação de silano, sistema adesivo e
fotoativação) (Figuras 2B, 2C e 2D) e um volume de resina com-
posta microhíbrida Tetric N-Ceram cor A2 (Ivoclar Vivadent,
Schaan, Lietchtenstein) foi aplicada sobre a porção do pino que
seria modelada, sem ser fotoativada (Figura 3A). Após, foi inse-
rido o conjunto pino e compósito não-fotoativado no interior do
conduto (Figura 3B), o qual foi fotoativado com luz LED (Elipar
Freelight, 1100 mW/cm2
, 3M Espe, St. Paul, MN, USA) durante
5s. O pino anatômico reembasado foi removido (Figura 3C) e
completou-se a fotoativação, por mais 60s. O pino reembasado
foi reinserido para certificar que a adaptação do mesmo estava
satisfatória.
Para o tratamento de superfície do pino anatômico, proce-
deu-se o condicionamento com ácido fosfórico a 37% (Condac
37, FGM, Joinville, Brasil) durante 1 minuto (somente para lim-
peza e remoção de detritos), lavagem com água, secagem e apli-
cação do bond do sistema adesivo Fusion Duralink (Ângelus,
Londrina, PR, Brasil). Em seguida, o conduto radicular foi trata-
do com ácido fosfórico a 37% durante 15 segundos (Figura 3D),
lavagem com água pelo mesmo tempo de condicionamento e
secagem com cone de papel absorvente (Figura 4A), para garan-
tir uma dentina úmida (impedindo a desidratação da dentina),
própria para o procedimento restaurador com sistema adesivo
convencional.
Aplicou-se então o Primer e o Adesivo Fusion duralink (Fi-
gura 4B), retirando-se o excesso de adesivo com cones de papel
absorvente, seguido de fotoativação durante 40s. Para o proce-
dimento de cimentação, foi utilizado o cimento químico Cement
Post (Ângelus, Londrina, PR, Brasil), para garantir uma adequa-
da formação polimérica do cimento no interior do conduto radi-
cular, já que a atenuação luminosa, especialmente no terço api-
cal é presente. Dessa forma, o cimento foi espatulado em placa
de vidro durante 15 segundos e inserido no interior do conduto
Figura 2. (A) Pino de fibra de vidro utilizado para o tratamento restaurador; (B)
Condicionamento do pino com ácido fosfórico a 37% somente para limpeza; (C)
Aplicação de agente silano sobre a superfície do pino; (D) Aplicação do sistema
adesivo sobre a superfície do pino.
Figura 3.(A) Acomodação da resina composta direta sobre a superfície tratada do
pino, para posterior modelagem do conduto radicular; (B) Inserção do conjunto
pino e resina não polimerizada no interior do conduto radicular, para uma correta
anatomização do pino; (C) Pino anatômico finalizado. Nota-se que a anatomia do
conduto radicular foi corretamente moldada pela resina aplicada ao pino de fibra;
(D) Condicionamento do conduto radicular com ácido fosfórico a 37%;
Figura 4. (A) Secagem com papel absorvente do conduto radicular; (B) Aplicação
do sistema adesivo no interior do conduto radicular; (C)Pino anatômico cimen-
tado; (D) Aplicação de sistema adesivo sobre o remanescente e o pino anatômico
(parte coronária); (E) Aplicação da resina cor A2E, correspondente à parede palati-
na da restauração; (F) Aplicação da resina de cor A3,5 D, correspondente à porção
de dentina saturada da restauração;
Rev Odontol Bras Central 2012;21(58)
Pino anatômico com resina composta: relato de caso Caso Clínico
536
através de seringa Centrix.
Após 5 minutos de presa inicial, iniciou-se a reconstrução da
porção coronária, com condicionamento ácido e nova aplicação
do sistema adesivo de 3 passos (Fusion Duralink, Ângelus) (Fi-
gura 4C e 4D). Com o apoio da tira de poliéster, confeccionou-se
a parede palatina empregando-se a resina na cor A2 Tetric N-
-Ceram (Ivoclar Vivadent, Schaan, Lietchtenstein), a qual foi po-
limerizada por 20 segundos (Figura 4E). Em seguida, aplicou-se
o incremento de resina composta na cor A3.5D (Tetric N-Ceram,
Ivoclar Vivadent, Schaan, Lietchtenstein) correspondente à área
de dentina da estrutura dental perdida (Figura 4F). Este incre-
mento foifotopolimerizado por 40 segundosnas faces vestibular
e palatina. Finalmente, uma camada de resina na cor A2 (Tetric
N-Ceram) com a espátula de titânio e melhor acomodada com
pincel em pêlo de marta (Condor Toray).
A fim de se devolver a caracterização superficial do dente,
iniciou-se o acabamento com brocas multilaminadas de 36 lâmi-
nas (KG Sorensen, Cotia, SP, Brasil). O polimento foi realizado
com discos de feltro (FGM, Joinville, SC, Brasil) e pasta diaman-
tada Diamond Excel (FGM, Joinville, SC, Brasil), fornecendo um
brilho naturalà restauração (Figuras 5A e 5B).
dIsCussão
A restauração de dentes tratados endodonticamente tem sido
objeto de diversos trabalhos por muitos anos, visto que a es-
trutura dentária fragilizada deve ser preservada evitando dessa
forma falhas que tenham como consequência a perda do ele-
mento dentário. Pinos de fibra possuem como principal desvan-
tagem a não adaptação aos canais radiculares, resultando em
uma camada espessa de cimento durante a cimentação e falhas
na adesão3,6
. Diante dessa limitação dos pinos de fibra, vem sido
proposta a realização do reembasamento dos pinos de fibra com
resina composta, ou seja, é realizada modelagem do conduto
radicular com resina composta foto-ativada, confeccionando pi-
nos individualizados10
. Este é um procedimento clinico simples,
no qual se obtém uma melhor adaptação do retentor às paredes
do conduto radicular, uma vez que favorecem a justaposição do
pino, reduzindo dessa forma a quantidade de cimento necessá-
ria para fixação, aumentando a retenção mecânica e consequen-
temente contribuindo significantemente para diminuir o estres-
se na interface adesiva durante a contração de polimerização.
No caso clínico apresentado, um deslocamento do pino, jun-
tamente com a coroa cerâmica cimentada motivaram a ida da
paciente ao dentista para realizar o tratamento odontológico.
Provavelmente, a linha de cimentação devia ser muito espessa,
o que pode ter fragilizado a interface dentina/cimento resino-
so. Sendo assim, a técnica do pino anatômico reembasado com
resina composta direta é uma nítida indicação para a resolução
deste caso, garantindo assim uma maior durabilidade da restau-
ração do dente tratado endodonticamente.
A utilização de pino anatômico é indicada para canais ex-
cessivamente amplos, em situações onde o dentista não possui
um pino mais calibroso e situações com pouco remanescente
coronário para sustentação da restauração final11
. Comparado
aos núcleos metálicos fundidos, os pinos anatômicos formarão
um complexo biomecânico mais favorável, já que tanto o pino
quanto a resina composta possuem módulo de elasticidade mais
semelhante ao da estrutura dental, comparados às ligas metáli-
cas. Isso diminui o risco de fratura do remanescente radicular,
garantindo uma longevidade clínica mais satisfatória. Dessa
forma, a utilização de materiais menos rígidos possibilita uma
menor concentração de tensão, especialmente durante a masti-
gação do paciente, o que garantiria uma cimentação mais favo-
recida do pino12
. Além disso, a utilização de pino anatômico tem
se mostrado uma alternativa com sucesso clínico bastante inte-
ressante, com longevidade clínica satisfatória. No ano de 2011,
Costa et al.11
relataram 3 casos clínicos de sucesso com acompa-
nhamento de 3 anos, utilizando os pinos de fibra customizados
com compósito.
A utilização de pinos de fibra anatômicos, reembasados com
resina composta, é uma técnica viável para a reabilitação de
dentes tratados endodonticamente e conduto radicular amplia-
do. É um procedimento prático, que utiliza materiais disponí-
veis no consultório odontológico sem necessidade de trabalho,
garantindo o sucesso da técnica. Dessa forma, a utilização de
pinos anatômicos favorece a longevidade da restauração, seja
esta direta ou indireta, pois a redução da linha de cimentação
favorece a estabilidade do pino de fibra dentro do ambiente ra-
dicular, evitando fraturas e descolamentos do pino.Existe um
protocolo que sugere o tratamento da superfície do pino de fi-
bra com peróxido de hidrogênio, com o intuito de melhorar a
adesão entre pino e sistema de cimentação 13. No presente caso
não foi realizado esse protocolo promissor de pré-tratamento
Figura 5. (A) Restauração finalizada após acabamento e polimento; (B) Aspecto
frontal dos incisivos superiores, evidenciando o aspecto harmônico da restauração
finalizado.
Rev Odontol Bras Central 2012;21(58)
Pino anatômico com resina composta: relato de caso Caso Clínico
537
do pino, entretanto, sabe-se que o protocolo tradicional de pino
anatômico que foi realizado também possui resultados cientifi-
camente comprovados em relação à durabilidade da resistência
adesiva à dentina radicular 14,15,16.Sendo assim, para um me-
lhor prognóstico e durabilidade do tratamento, deve-se, sempre
que possível, realizar os protocolos de tratamento dos pinos de
fibra com embasamento científico e sempre observando a reco-
mendação dos fabricantes.
Referências
01.	Coelho CS, Biffi JC, Silva GR, Abrahão A, Campos RE, Soares CJ.
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04.	da Silva NR, Raposo LH, Versluis A, Fernandes-Neto AJ, Soares
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evaluation of the cement layer thickness after luting two different
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07.	Clavijo VGR, Souza NC, Andrade MF, Susin AH. Pinos anatômicos –
uma nova perspectiva clínica. Dent Press Estet 2006;3:100-121.
08.	Marchi GM, Mitsui FH, Cavalcanti AN. Effect of remaining dentine
structure and thermal-mechanical aging on the fracture resistance
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2008;41:969-976.
09.	da Silveira Teixeira C, Santos Felippe MC, Silva-Sousa YT, de Sousa-
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restored with adhesive materials and fibre posts: an SEM analysis. J
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10.	Grandini S, Sapio S, Simonetti M. Use of anatomic post and core
for reconstructing an endodontically treated tooth: a case report. J
Adhes Dent 2003; 5:243-7.
11.	Costa RG, Morais ECC, Leão MP, Bindo MJF, Campos EA, Correr
GM. Three-year follow up of customized glass fiber esthetic posts.
Eur J Dent 2011;5:107-112.
12.	Stewardson DA. Non-metal post systems. Dent Update
2001;28:326-36.
13.	Menezes MS, Queiroz EC, Soares PV, Faria-e-Silva AL, Soares CJ,
Martins LRM. Fiber post etching with hydrogen peroxide: effect of
concentration and application time. J Endod 2011;37:398-402.
14.	Cecchin D, de Almeida JF, Gomes BP, Zaia AA, Ferraz CC. Effect of
chlorhexidine and ethanol on the durability of the adhesion of the
fiber post relined with resin composite to the root canal. J Endod
2011;37:678-683.
15.	Da Costa RG, de Morais EC, Leão MP, Bindo MJ, Campos EA, Correr
GM. Three-year follow up of customized glass fiber esthetic posts.
Eur J Dent 2011;5:107-112.
16.	Costa RG, De Morais EC, Campos EA, Michel MD, Gonzaga CC,
Correr GM. Customized fiber glass posts. Fatigue and fracture
resistance. Am J Dent 2012;25:35-38.
Abstract
The restorative protocol for endodontically treated teeth is
a challenge in adhesive dentistry, since there are several avai-
lable types of intracanal posts with optical and mechanical
characteristics that promotea satisfactory treatment. Thus, the
anatomical fiber post technique is efficient for the use in den-
tal practice, especially in cases of large root canals and small
dental ferrules. So, the post is cleaned and then the silaneagent
and adhesive system are applied, followed by the placement of
the non-polymerized composite for root canal modeling. After
this, the anatomical fiber post is treated again and followed by
the luting procedure, showing a small cementation thickness.
In this paper, the case report will address the necessary steps
to realize the anatomical fiber post technique using strategies
and adhesive cementation with composite resin restoration,
working the concepts of maintaining a thin cement line and an
adequate dental rehabilitation.
KEY-WORDS: Fiber posts; resin cement, composite resin.

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  • 1. Rev Odontol Bras Central 2012;21(58) Caso Clínico 534 ISSN 1981-3708 Introdução Apesar dos recentes avanços da odontologia com a incorpo- ração e o desenvolvimento de novos materiais e técnicas, ainda existem grandes desafios para a reabilitação de dentes trata- dos endodonticamente, especialmente em casos na qual a raiz encontra-se fragilizada1,2 . Por muitos anos, os núcleos metálicos fundidos eram tidos como a melhor opção para reabilitação de dentes tratados endodônticamente que tinham pouca estrutu- ra coronária. No entanto, além desse material não ser estético, demanda um maior tempo clínico, custo, desgaste da estrutura coronária e apresentam um maior risco de fraturas dentárias em função do seu alto módulo de elasticidade1,3,4 . Para superar tais problemas, nos últimos anos foram desen- volvidos pinos de fibra de vidro pré-fabricados que possuem propriedades mecânicas semelhantes a da dentina, especial- mente o módulo de elasticidade, além de serem estéticos e de fácil adesão a estrutura dental quando utilizados em conjunto com sistemas adesivos e cimentos resinosos3,5 . Entretanto, em dentes com significantes perdas de estrutura coronária e radicu- lar, a reabilitação ainda é um desafio. Se não houver adequada adaptação do pino, a linha de cimentação será espessa, o que pode facilitar a formação de bolhas e falhas que prejudicam a retenção, bem como menor resistência coesiva do cimento6 . Numa tentativa de melhorar a adaptação dos pinos em ca- nais amplos e com grande desgaste, uma das técnicas propostas é a utilização de pinos anatômicos, através do reembasamento e moldagem do conduto radicular com resina composta asso- ciada a pinos pré-fabricados de fibra7 . Essa técnica aumenta a adaptação do pino às paredes do canal, diminuindo a linha de cimentação e possibilitando a formação de uma camada fina e uniforme de cimento, fornecendo condições favoráveis para a retenção do pino1,2,6-9 . Dessa forma, o objetivo do presente relato de caso é descre- ver a conduta clínica para realização da técnica do pino anatô- mico associado a uma restauração estética direta. Caso clínico Paciente do gênero feminino, 24 anos de idade, compareceu à Clínica de Dentística Restauradora da Faculdade de Odonto- logia de Piracicaba (UNICAMP), relatando que a coroa cerâmi- ca do elemento dental 12 tinha “caído” (Figura 1A). Ao exame clínico-anamnésico, pôde-se observar que havia um remanes- cente dental com conduto radicular amplamente desgastado e o conjunto formado por pino e coroa estava desunido à es- trutura dental (Figura 1B). Ao exame radiográfico, observou-se que o tratamento endodôntico se encontrava satisfatório. Assim, como plano de tratamento imediato, optou-se pela confecção e cimentação de pinos anatômicos reembasados com resina com- posta e restauração direta como restauração provisória prévia Pino anatômico com resina composta: relato de caso Anatomic fiber post with composite resin: case report Eduardo J. Souza-Júnior1 , Emmanuel J. N. L. Silva1 , Daniel M. Morante2 , Mario A. C. Sinhoreti3 1 - Mestre em Clínica Odontológica (Endodontia) e doutorando em ClínicaOdontológica pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP 2 - Mestre em Endodontia (UEPG) e doutorando em Clínica Odontológica (Endodontia) pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP 3 - Mestre e doutor em Materiais Dentários pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP Resumo O protocolo restaurador de dentes tratados endodontica- mente é um desafio na odontologia adesiva atual, já que existem vários tipos de retentores intrarradiculares à disposição no mer- cado, com características ópticas e mecânicas que promovem um tratamento satisfatório. Dessa forma, a técnica de pino de fibra anatômico reembasado com resina composta direta torna- -se eficiente para uso na clínica odontológica, especialmente em casos de condutos largos e tamanho reduzido de férula. Para tanto, o pino é limpo, aplica-se o silano e adesivo, além da resina composta não polimerizada para moldar o conduto radicular. Após, o pino é tratado novamente e cimentado com uma pequena espessura de linha de cimentação.Nesse artigo, o caso clinico abordará as etapas necessárias para a confecção do pino anatômico, além das estratégias de cimentação adesiva e a restauração com resina composta, trabalhando os conceitos da manutenção de uma delgada linha de cimentação para uma adequada reabilitação dental mantendo a biomecânica e reten- ção do pino de fibra no interior do conduto radicular. PALAVRAS-CHAVE: Pinos de fibra customizados; cimento resinoso; Resina composta. A B Figura 1. (A) Aspecto inicial do caso. Nota-se que o conduto radicular estava am- plamente largo e que o elemento dental não possuia muito remanescente coroná- rio; (B) Conjunto pino/coroa que perdeu a retenção e acabou caindo da boca da paciente.
  • 2. Rev Odontol Bras Central 2012;21(58) Pino anatômico com resina composta: relato de caso Caso Clínico 535 à confecção de coroa unitária. Primeiramente, para o preparo do conduto radicular e posteriores procedimentos restaurado- res, realizou-se isolamento relativo da região ântero-superior, favorecendo uma boa visualização do campo operatório além de favorecer a confecção da restauração final, já que os dentes homólogos poderiam ser tomados como parâmetro, tanto de cor como de forma. Posteriormente, as paredes do conduto ra- dicular foram regularizadas com broca de LARGO n° 4, favo- recendo a uma melhor adaptação e modelagem do pino ana- tômico. Logo após, procedeu-se à seleção do pino de fibra de vidro Reforpost n°2 (Ângelus, Londrina, PR, Brasil) (Figura 2A), iniciou-se a modelagem do conduto radicular. Para tanto, o con- duto foi previamente isolado com gel de glicerina com auxílio de pincel microbrush. O pino de fibra de vidro recebeu o tra- tamento adesivo inicial (aplicação de silano, sistema adesivo e fotoativação) (Figuras 2B, 2C e 2D) e um volume de resina com- posta microhíbrida Tetric N-Ceram cor A2 (Ivoclar Vivadent, Schaan, Lietchtenstein) foi aplicada sobre a porção do pino que seria modelada, sem ser fotoativada (Figura 3A). Após, foi inse- rido o conjunto pino e compósito não-fotoativado no interior do conduto (Figura 3B), o qual foi fotoativado com luz LED (Elipar Freelight, 1100 mW/cm2 , 3M Espe, St. Paul, MN, USA) durante 5s. O pino anatômico reembasado foi removido (Figura 3C) e completou-se a fotoativação, por mais 60s. O pino reembasado foi reinserido para certificar que a adaptação do mesmo estava satisfatória. Para o tratamento de superfície do pino anatômico, proce- deu-se o condicionamento com ácido fosfórico a 37% (Condac 37, FGM, Joinville, Brasil) durante 1 minuto (somente para lim- peza e remoção de detritos), lavagem com água, secagem e apli- cação do bond do sistema adesivo Fusion Duralink (Ângelus, Londrina, PR, Brasil). Em seguida, o conduto radicular foi trata- do com ácido fosfórico a 37% durante 15 segundos (Figura 3D), lavagem com água pelo mesmo tempo de condicionamento e secagem com cone de papel absorvente (Figura 4A), para garan- tir uma dentina úmida (impedindo a desidratação da dentina), própria para o procedimento restaurador com sistema adesivo convencional. Aplicou-se então o Primer e o Adesivo Fusion duralink (Fi- gura 4B), retirando-se o excesso de adesivo com cones de papel absorvente, seguido de fotoativação durante 40s. Para o proce- dimento de cimentação, foi utilizado o cimento químico Cement Post (Ângelus, Londrina, PR, Brasil), para garantir uma adequa- da formação polimérica do cimento no interior do conduto radi- cular, já que a atenuação luminosa, especialmente no terço api- cal é presente. Dessa forma, o cimento foi espatulado em placa de vidro durante 15 segundos e inserido no interior do conduto Figura 2. (A) Pino de fibra de vidro utilizado para o tratamento restaurador; (B) Condicionamento do pino com ácido fosfórico a 37% somente para limpeza; (C) Aplicação de agente silano sobre a superfície do pino; (D) Aplicação do sistema adesivo sobre a superfície do pino. Figura 3.(A) Acomodação da resina composta direta sobre a superfície tratada do pino, para posterior modelagem do conduto radicular; (B) Inserção do conjunto pino e resina não polimerizada no interior do conduto radicular, para uma correta anatomização do pino; (C) Pino anatômico finalizado. Nota-se que a anatomia do conduto radicular foi corretamente moldada pela resina aplicada ao pino de fibra; (D) Condicionamento do conduto radicular com ácido fosfórico a 37%; Figura 4. (A) Secagem com papel absorvente do conduto radicular; (B) Aplicação do sistema adesivo no interior do conduto radicular; (C)Pino anatômico cimen- tado; (D) Aplicação de sistema adesivo sobre o remanescente e o pino anatômico (parte coronária); (E) Aplicação da resina cor A2E, correspondente à parede palati- na da restauração; (F) Aplicação da resina de cor A3,5 D, correspondente à porção de dentina saturada da restauração;
  • 3. Rev Odontol Bras Central 2012;21(58) Pino anatômico com resina composta: relato de caso Caso Clínico 536 através de seringa Centrix. Após 5 minutos de presa inicial, iniciou-se a reconstrução da porção coronária, com condicionamento ácido e nova aplicação do sistema adesivo de 3 passos (Fusion Duralink, Ângelus) (Fi- gura 4C e 4D). Com o apoio da tira de poliéster, confeccionou-se a parede palatina empregando-se a resina na cor A2 Tetric N- -Ceram (Ivoclar Vivadent, Schaan, Lietchtenstein), a qual foi po- limerizada por 20 segundos (Figura 4E). Em seguida, aplicou-se o incremento de resina composta na cor A3.5D (Tetric N-Ceram, Ivoclar Vivadent, Schaan, Lietchtenstein) correspondente à área de dentina da estrutura dental perdida (Figura 4F). Este incre- mento foifotopolimerizado por 40 segundosnas faces vestibular e palatina. Finalmente, uma camada de resina na cor A2 (Tetric N-Ceram) com a espátula de titânio e melhor acomodada com pincel em pêlo de marta (Condor Toray). A fim de se devolver a caracterização superficial do dente, iniciou-se o acabamento com brocas multilaminadas de 36 lâmi- nas (KG Sorensen, Cotia, SP, Brasil). O polimento foi realizado com discos de feltro (FGM, Joinville, SC, Brasil) e pasta diaman- tada Diamond Excel (FGM, Joinville, SC, Brasil), fornecendo um brilho naturalà restauração (Figuras 5A e 5B). dIsCussão A restauração de dentes tratados endodonticamente tem sido objeto de diversos trabalhos por muitos anos, visto que a es- trutura dentária fragilizada deve ser preservada evitando dessa forma falhas que tenham como consequência a perda do ele- mento dentário. Pinos de fibra possuem como principal desvan- tagem a não adaptação aos canais radiculares, resultando em uma camada espessa de cimento durante a cimentação e falhas na adesão3,6 . Diante dessa limitação dos pinos de fibra, vem sido proposta a realização do reembasamento dos pinos de fibra com resina composta, ou seja, é realizada modelagem do conduto radicular com resina composta foto-ativada, confeccionando pi- nos individualizados10 . Este é um procedimento clinico simples, no qual se obtém uma melhor adaptação do retentor às paredes do conduto radicular, uma vez que favorecem a justaposição do pino, reduzindo dessa forma a quantidade de cimento necessá- ria para fixação, aumentando a retenção mecânica e consequen- temente contribuindo significantemente para diminuir o estres- se na interface adesiva durante a contração de polimerização. No caso clínico apresentado, um deslocamento do pino, jun- tamente com a coroa cerâmica cimentada motivaram a ida da paciente ao dentista para realizar o tratamento odontológico. Provavelmente, a linha de cimentação devia ser muito espessa, o que pode ter fragilizado a interface dentina/cimento resino- so. Sendo assim, a técnica do pino anatômico reembasado com resina composta direta é uma nítida indicação para a resolução deste caso, garantindo assim uma maior durabilidade da restau- ração do dente tratado endodonticamente. A utilização de pino anatômico é indicada para canais ex- cessivamente amplos, em situações onde o dentista não possui um pino mais calibroso e situações com pouco remanescente coronário para sustentação da restauração final11 . Comparado aos núcleos metálicos fundidos, os pinos anatômicos formarão um complexo biomecânico mais favorável, já que tanto o pino quanto a resina composta possuem módulo de elasticidade mais semelhante ao da estrutura dental, comparados às ligas metáli- cas. Isso diminui o risco de fratura do remanescente radicular, garantindo uma longevidade clínica mais satisfatória. Dessa forma, a utilização de materiais menos rígidos possibilita uma menor concentração de tensão, especialmente durante a masti- gação do paciente, o que garantiria uma cimentação mais favo- recida do pino12 . Além disso, a utilização de pino anatômico tem se mostrado uma alternativa com sucesso clínico bastante inte- ressante, com longevidade clínica satisfatória. No ano de 2011, Costa et al.11 relataram 3 casos clínicos de sucesso com acompa- nhamento de 3 anos, utilizando os pinos de fibra customizados com compósito. A utilização de pinos de fibra anatômicos, reembasados com resina composta, é uma técnica viável para a reabilitação de dentes tratados endodonticamente e conduto radicular amplia- do. É um procedimento prático, que utiliza materiais disponí- veis no consultório odontológico sem necessidade de trabalho, garantindo o sucesso da técnica. Dessa forma, a utilização de pinos anatômicos favorece a longevidade da restauração, seja esta direta ou indireta, pois a redução da linha de cimentação favorece a estabilidade do pino de fibra dentro do ambiente ra- dicular, evitando fraturas e descolamentos do pino.Existe um protocolo que sugere o tratamento da superfície do pino de fi- bra com peróxido de hidrogênio, com o intuito de melhorar a adesão entre pino e sistema de cimentação 13. No presente caso não foi realizado esse protocolo promissor de pré-tratamento Figura 5. (A) Restauração finalizada após acabamento e polimento; (B) Aspecto frontal dos incisivos superiores, evidenciando o aspecto harmônico da restauração finalizado.
  • 4. Rev Odontol Bras Central 2012;21(58) Pino anatômico com resina composta: relato de caso Caso Clínico 537 do pino, entretanto, sabe-se que o protocolo tradicional de pino anatômico que foi realizado também possui resultados cientifi- camente comprovados em relação à durabilidade da resistência adesiva à dentina radicular 14,15,16.Sendo assim, para um me- lhor prognóstico e durabilidade do tratamento, deve-se, sempre que possível, realizar os protocolos de tratamento dos pinos de fibra com embasamento científico e sempre observando a reco- mendação dos fabricantes. Referências 01. Coelho CS, Biffi JC, Silva GR, Abrahão A, Campos RE, Soares CJ. Finite element analysis of weakened roots restored with composite resin and posts. Dent Mater J 2009;28:671-678. 02. Teixeira CS, Silva-Sousa YT, Sousa-Neto MD. Bond strength of fiber posts to weakened roots after resin restoration with different light- curing times. J Endod 2009;35:1034-1039. 03. Santos AF, Meira JB, Tanaka CB, Xavier TA, Ballester RY, Lima RG, et al.. Can fiber posts increase root stresses and reduce fracture? J Dent Res 2010;89:587-591. 04. da Silva NR, Raposo LH, Versluis A, Fernandes-Neto AJ, Soares CJ. The effect of post, core, crown type, and ferrule presence on the biomechanical behavior of endodontically treated bovine anterior teeth. J Prosthet Dent 2010;104:306-317. 05. Eskitascioglu G, Belli S, Kalkan M. Evaluation of two post core system using two different methods (fracture strength test and a finite elemental stress analysis). J Endod 2002;28:629-633. 06. Grandini S, Goracci C, Monticelli F, Borracchini A, Ferrari M. SEM evaluation of the cement layer thickness after luting two different posts. J Adhes Dent. 2005;7:235-240. 07. Clavijo VGR, Souza NC, Andrade MF, Susin AH. Pinos anatômicos – uma nova perspectiva clínica. Dent Press Estet 2006;3:100-121. 08. Marchi GM, Mitsui FH, Cavalcanti AN. Effect of remaining dentine structure and thermal-mechanical aging on the fracture resistance of bovine roots with different post and core systems. IntEndod J 2008;41:969-976. 09. da Silveira Teixeira C, Santos Felippe MC, Silva-Sousa YT, de Sousa- Neto MD. Interfacial evaluation of experimentally weakened roots restored with adhesive materials and fibre posts: an SEM analysis. J Dent 2008;36:672-68. 10. Grandini S, Sapio S, Simonetti M. Use of anatomic post and core for reconstructing an endodontically treated tooth: a case report. J Adhes Dent 2003; 5:243-7. 11. Costa RG, Morais ECC, Leão MP, Bindo MJF, Campos EA, Correr GM. Three-year follow up of customized glass fiber esthetic posts. Eur J Dent 2011;5:107-112. 12. Stewardson DA. Non-metal post systems. Dent Update 2001;28:326-36. 13. Menezes MS, Queiroz EC, Soares PV, Faria-e-Silva AL, Soares CJ, Martins LRM. Fiber post etching with hydrogen peroxide: effect of concentration and application time. J Endod 2011;37:398-402. 14. Cecchin D, de Almeida JF, Gomes BP, Zaia AA, Ferraz CC. Effect of chlorhexidine and ethanol on the durability of the adhesion of the fiber post relined with resin composite to the root canal. J Endod 2011;37:678-683. 15. Da Costa RG, de Morais EC, Leão MP, Bindo MJ, Campos EA, Correr GM. Three-year follow up of customized glass fiber esthetic posts. Eur J Dent 2011;5:107-112. 16. Costa RG, De Morais EC, Campos EA, Michel MD, Gonzaga CC, Correr GM. Customized fiber glass posts. Fatigue and fracture resistance. Am J Dent 2012;25:35-38. Abstract The restorative protocol for endodontically treated teeth is a challenge in adhesive dentistry, since there are several avai- lable types of intracanal posts with optical and mechanical characteristics that promotea satisfactory treatment. Thus, the anatomical fiber post technique is efficient for the use in den- tal practice, especially in cases of large root canals and small dental ferrules. So, the post is cleaned and then the silaneagent and adhesive system are applied, followed by the placement of the non-polymerized composite for root canal modeling. After this, the anatomical fiber post is treated again and followed by the luting procedure, showing a small cementation thickness. In this paper, the case report will address the necessary steps to realize the anatomical fiber post technique using strategies and adhesive cementation with composite resin restoration, working the concepts of maintaining a thin cement line and an adequate dental rehabilitation. KEY-WORDS: Fiber posts; resin cement, composite resin.