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Copyright © 2012 by Editora Aegis                  EDITORES: Gianpaolo Celli
                                                             Richard Diegues
Todos os direitos desta edição                      REVISÃO: Fabrícia C. Romaniv
estão reservados à Editora Aegis.
                                           PROJETO GRÁFICO: Richard Diegues
Nenhuma parte deste livro poderá
ser reproduzida sem permissão           FOTOGRAFIA DE CAPA: André V. Franzão
formal, por escrito da editora,       ILUSTRAÇÕES DE MIOLO: Dreamstime.com
exceto para citações incorpo-                DIAGRAMAÇÃO: Richard Diegues
radas em críticas ou resenhas.
                                                1ª edição em Dezembro de 2012
                                                Impresso no Brasil


           DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NÃO PUBLICAÇÃO (CIF)

   Entre umas e todas - meu jeito de fazer e entender cerveja /
      Jaime Pereira Filho -- São Paulo : Editora Aegis, 2012.
       ISBN 978-85-61541-15-6
   1. Cervejas - Processo de fabricação. 2. Cervejas - História. 3. Bebidas fer-
      mentadas. 4. Literatura brasileira - I. Filho, Jaime Pereira. II.Título

                                                                        CDD 663.42
                        ÍNDICES PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO:
                 1. Cervejas : Tecnologia : Literatura brasileira
                                      663.42




                                        Todas as citações e nomes incidentes neste
                                        livro são fruto do inconsciente de seu
                                        autor, devendo ser encarados como não
                                        intencionais, exceto em citações dire-
                  [2012]                tas e homenagens implícitas. Ainda as-
                                        sim, caso sinta-se ofendido com algo
 Noster Primus Anno
                                        nestas páginas, basta fechar a obra.Toda-
                                        via, se resolver insistir, compreenda que
                                        coincidências realmente ocorrem. Todas
                                        as opiniões expressas nessa obra per-
EDITORA AEGIS                           tencem ao seu autor e colaboradores. Os
Rua Piatã, 633                          animais e leveduras que eventualmente
Vila Isolina Mazzei - São Paulo         foram feridos, molestados, bebidos e
CEP 02080-010 / SP                      traumatizados durante a produção desta
                                        obra receberam um funeral decente. A cola
editora@aegis.art.br                    usada na lombada pode conter glúten e
Twitter: @AegisEditora                  traços de lúpulo. Sim, exercício provo-
www.facebook.com/AegisEditora           ca enfarto eTV causa retardamento men-
www.aegis.art.br                        tal.Vá ler, preferêncialmente em um bar!
A cerveja é a prova viva de que Deus nos
        ama e nos quer ver felizes.
             Benjamin Franklin


Faça sempre lúcido o que você disse que
faria bêbedo. Isso o ensinará a manter sua
boca fechada.
Ernest Hemmingway


Um pouco de cerveja é um prato para um rei.
Willian Shakespeare (A Winter's Tale)


 Na vida, existem outras coisas para além
 de cerveja, mas a cerveja faz essas outras
     coisas parecerem ainda melhores.
                    Stephen Morris


A cerveja má é como a arte má: se persisti-
res muito tempo nela, acabarás por esquecer
que existem outras alternativas.
         Stephen Greenleaf
Jaime Pereira Filho, amigo de tan-
                tas horas e tantas cervejas. Tantas
                histórias e tantas conversas. Pro-
                fessor desejado por todos os alu-
               nos que querem saber sobre cerve-
              ja de uma maneira descolada e só
             do jeito que ele sabe ensinar, e que
          agora vem na forma escrita comparti-
        lhar todas essas coisas com todos nós.

        Com certeza, você irá se deliciar com o
  papo informal e a forma de contar histórias que
 só o Jaime tem, as quais sempre desfruto quan-
 do bate no coração a vontade de ter uma boa
 conversa e degustar uma boa cerveja. Histórias
que eu nunca poderia imaginar que tinham acon-
tecido, histórias que talvez nunca foram escritas,
Entre Umas e Todas


mas que, agora, na mão deste dedicado professor,
estão imortalizadas nesta obra.

       Além dessas maravilhosas conversas, o escri-
tor vai te ensinar passo a passo os detalhes da fabri-
cação artesanal de cervejas. Todos os segredinhos que
nenhum alemão iria contar e nenhum cervejeiro se
atreveria a falar.

      Aproveite cada momento, cada instante, cada
ensinamento deste livro. A partir de agora você será
apresentado ao novo mundo das cervejas. Seja muito
bem-vindo, Ein Prosit!




                             Afonso Fraga Landini
                                        Mestre Cervejeiro
                          proprietário do site Arte Brew.




                          8
Entre Umas e Todas




ESTE LIVRO QUE VOCÊ TEM
em mãos é uma verdadeira
degustação de todo meu
expertise cervejeiro, juntamente com uma grande dose
de autoaprendizado que somente a prática e a persis-
tência concedem ao homem. Uma compilação dos
melhores momentos de meus mais de trinta anos de
estudos e efetiva produção de cervejas domésticas e
artesanais.
       O livro nasceu com uma missão clara e dirigida:
desvendar de forma simples e divertida esta arte
milenar, que é a fabricação de cervejas, com seus inú-
meros enigmas e estigmas, mitos e ritos.
       Tenho a intenção de expor, sem pudores, essa
que é uma das mais antigas artes da humanidade, que
transcende a invenção da roda e da escrita; uma ver-
dadeira referência dos primórdios da agricultura, ar-
quitetura, família e sociedade.
       De forma simples, e propositalmente rudimen-
tar, vou abordar este tema didaticamente, mas sem o
                         10
Jaime Pereira Filho


chato cunho de um tutor. Pretendo, entretanto, ir mui-
to além de um módico passo a passo. Quero botar os
pés no terreno árido e conceitual da microbiologia, da
química, e até mesmo da física nuclear, sem tornar a
coisa enfadonha. De tal maneira pretendo apresentar
esta fabulosa “ciência exata das aproximações”, co-
nhecida de forma simplória por Cerveja, mas que es-
conde muito por detrás desse simples nome e de suas
inúmeras variações de aroma, sabor e cor. Vou racioci-
nar a sua anatomia, fisiologia e citologia, de forma
simplificada, para que você possa conhecer a sua his-
tória, as eras de produção que paulatinamente a mol-
daram até hoje, incluindo até mesmo riscos de conta-
minações e qualquer outra coisa que possa atrapalhar
nosso prazer de ter um ótimo produto final em mãos.
        Nos dias de hoje, a literatura está repleta de
obras cervejeiras. Muitas são cientificamente corre-
tas e profundas em suas análises; são importantíssi-
mas e ricas dentro de um contexto de estudos para
químicos e físicos, porém são ineficazes aos que lite-
ralmente querem arregaçar as mangas e colocar as
mãos diretamente nos maltes, panelas e garrafas para
produzir em casa a melhor cerveja do mundo: seu
próprio rótulo artesanal, pois as melhores cervejas
do mundo são as que você mais aprecia, e dentre elas
certamente está a que você irá produzir.
        Entre Umas e Todas será o suficiente para que
você possa ser iniciado nesse hobby, com primeiros

                         11
Entre Umas e Todas


passos firmes e consistentes, que, com certeza, o le-
varão adiante por toda uma vida de prazerosos testes
e descobertas.
       Enfim, o que lhe dou aqui é uma nova e sim-
ples visão da Cerveja, ou seja, o meu jeito todo espe-
cial de entender e fazer cerveja, desvinculado de toda
a complexidade que por milênios permeou – propo-
sitalmente, guardada como um segredo de mágico –
as nossas cabeças.
       Já era dia de um livro assim ser escrito!




                                Jaime Pereira Filho
                                             o Autor




                         12
Entre Umas e Todas




                             TRABALHANDO NO RAMO
                            CERVEJEIRO, tanto como
                           proprietário de bares,
                           como na área de distribui-
ção de bebidas, ou na produção de cervejas artesanais,
apenas algum tempo atrás foi que comecei a notar a
assustadora miopia que assola a grande maioria da
população brasileira quando o assunto é cerveja. O
mais assustador é que essa falta de visão não se limita
aos simples apreciadores da bebida, mas também se
estende aos profissionais e entusiastas do ramo.
       No momento em que comecei a estudar a fundo
o complexo mundo das cervejas, pude perceber o quan-
to ainda somos reféns da guerra de cem anos entre as
companhias líderes deste mercado, que são a Antarctica
e a Brahma. Durante grande parte da história da cerveja
no Brasil, fomos submetidos sempre às mesmas cer-
vejas e, devido à falta de informação e de opções,
aceitávamos o que nos era imposto pelas gigantes.

                          14
Jaime Pereira Filho


       Porém a verdadeira história da cerveja vai mui-
to além do que convivemos em nossa terra natal. Vai
muito além de batalhas publicitárias e logísticas entre
as eternas inimigas que viriam a se fundir e montar
uma das maiores cervejarias do mundo. Muito além
da fictícia tradição de nossas “antigas” cervejas que
datam do final do século XIX.
       Apaixonados por cerveja, como eu, acreditam
que Deus colocou, indiretamente, a cerveja no mun-
do antes mesmo do homem. Esta teoria baseia-se no
fato de que bastaria que grãos de cevada, trigo, ou
outros cereais, caíssem em uma poça d’água para que
os micro-organismos presentes no ar fermentassem
aquele líquido. Claro que esta é uma visão simplista
do processo produtivo da cerveja, mas comprova a
teoria de que a cerveja não foi inventada pelo ho-
mem, mas, sim, descoberta no meio ambiente e pos-
teriormente aprimorada.
       Registros históricos de produção e consumo de
cerveja são apontados desde cerca de 6.000 a.C., com os
mesopotâmios. Manuscritos dedicados a Ninkasi, deu-
sa da cerveja, são atribuídos aos sumérios por volta de
2.600 a.C. Porém foram os egípcios quem realmente
evoluíram a cultura cervejeira. Em princípio, a cerveja
era vista como uma alternativa para aqueles que não
possuíam recursos para compra do vinho, mas com o
passar do tempo foi ganhando espaço e notoriedade.

                          15
Entre Umas e Todas


Um dos marcos mais famosos neste aspecto é uma
estátua encontrada em túmulo egípcio de um homem
fabricando cerveja que data de 2.400 a.C.
       Através dos anos, historiadores apontam diver-
sas referências e indícios de produção, comercialização
e consumo de cerveja, por todos os povos e civiliza-
ções que por aqui passaram. Mas foi entre 1792 e 1750
a.C. que surgiu a primeira regulamentação referente à
produção, comercialização e consumo da cerveja, cha-
mado de Código de Hammurabi, que determinava di-
reitos e obrigações de clientes de tascas na Babilônia.
       Durante praticamente 5.000 anos a cerveja fez
parte da história de nossos ancestrais, tendo a sua
produção e comercialização evoluída e adaptada para
cada civilização. Passados estes cinco milênios, final-
mente surgiu um dos maiores avanços na fabricação
da cerveja: a adição do lúpulo. O acréscimo desta flor
às receitas, por volta de 700 d.C., foi responsável pelo
surgimento do amargor que até hoje apreciamos em
nossas cervejas. O lúpulo é de suma importância no
ponto de vista comercial e industrial, pois prolonga a
validade da cerveja e lhe atribui o característico
amargor, responsável por nos fazer continuar a be-
ber a cerveja mesmo após termos saciado nossa sede.
       Em 1487, o duque alemão Albrecht IV pro-
mulgou a primeira lei de pureza da cerveja na Baviera;
lei esta que viria a ser aprimorada e sancionada pelo

                          16
Jaime Pereira Filho


também duque alemão Guilherme IV em 1516. Sur-
gia a Reinheitsgebot, lei de pureza que determina que
as cervejas alemãs somente podem possuir em sua
receita três ingredientes: malte, lúpulo e água! Esta lei
é vigente em toda Alemanha até os dias atuais, tendo
somente sido atualizada para permitir a inclusão do
fermento industrializado.
        A cerveja somente desembarcou no Brasil em
1808, trazida pela família real portuguesa que estava de
mudança para o Brasil colônia. Quase meio século mais
tarde ela começaria a ser produzida comercialmente
pela Cervejaria Imperial, que mais tarde passou a se
chamar Companhia Cervejaria Bohemia, posteriormen-
te vendida à Antarctica, hoje pertencente à AmBev.
        São dados como estes aqui apresentados que
fundamentam minha teoria de que ainda estamos
engatinhando quando o assunto é cerveja. Não questi-
ono os méritos das grandes cervejarias de terem adap-
tado as fortes e amargas cervejas alemãs ao clima bra-
sileiro, tendo com isso conquistado a esmagadora lide-
rança de mercado que até hoje defendem. Porém tento
abrir os olhos do consumidor para o fato de que o que
conhecemos e a que somos submetidos como sendo a
“história da cerveja” muito se distancia da realidade.
        Ainda hoje, no Brasil, mais de 90% da cerveja
consumida é do tipo Pilsen, o qual só foi desenvolvido
em 1842 d.C na República Tcheca. Poucos são os

                           17
Entre Umas e Todas


que conhecem dois ou três outros tipos de cervejas,
que no mundo totalizam mais de 20 mil. Outro fato
que corrobora minha teoria é que em 1980 surgiu na
Europa o movimento “The Craft Beer Reinassance”,
revitalizando pequenas cervejarias artesanais, movi-
mento seguido pelos americanos em 1983. Em um
mundo no qual a comunicação já não é mais descul-
pa para um déficit de desenvolvimento, acho um ab-
surdo somente em 2002 ter surgido a primeira cerve-
jaria artesanal de significância no Brasil, a Eisenbahn.
        Portanto, quando comparamos nossa história
cervejeira à história da cerveja no mundo, ou quando
comparamos nossas “tradicionais” cervejarias às ale-
mãs, como a Weihenstephan, fundada em 1040 e é
hoje a cervejaria mais antiga do mundo ainda em ati-
vidade, notamos que ainda temos muito que apren-
der sobre o assunto cerveja e, se São Gambrinus qui-
ser, o movimento de microcervejarias artesanais no
Brasil irá continuar crescendo para que a próxima
geração possa desfrutar de uma maior gama de op-
ções do que todas que as antecederam no país da
cerveja estupidamente gelada.



                            Marcelo Soares Pereira
                                Empresário e mais jovem
                     Mestre Cervejeiro da Família Pereira

                          18
Entre Umas e Todas




                          J AIME P EREIRA F ILHO é
                          aquele típico sujeito com o
qual você se senta diante de uma mesa – seja em um
fim de tarde lá pelas bandas da movimentada Vila
Mariana, seja em um quiosque de frente para o mar
com os pés na areia – e pede uma cerveja gelada pra
molhar a garganta, pois certamente vão escoar por aí
várias horas de uma legítima conversa de bar.
       Notadamente, sugiro que comece a prosa per-
guntando quantos anos ele tem na produção de cer-
veja; depois, aguarde o característico sorriso largo,
acompanhado de bate e pronto da resposta: 100
Anos! Isso mesmo, segundo a matemática da famí-
lia Pereira, temos contabilizados aí os 30 anos de
sua própria experiência, mais os 60 anos de tradi-
ção herdados diretamente de seu pai, e os 10 anos
de dinamismo e irreverência cervejeira de seu filho
mais novo. Três gerações com uma mesma paixão
que vem de berço. Literalmente falando, pois no es-
critório de Jaime é possível encontrar uma relíquia:
                         20
Jaime Pereira Filho


seu berço de infância, que consiste de uma caixa de
cerveja trazida por seu pai da fábrica onde trabalhava.
       Mas todo esse conhecimento sobre a bebida
que virou preferência nacional não vem apenas dessa
genealogia. Jaime já recebeu importantes prêmios,
como o Troféu Top One Brasil Antarctica em 1999,
graças à sua cancha adquirida enquanto assumiu os
cargos de diretor, posteriormente de vice-presidente
e, finalmente, de presidente da Associação Brasileira
dos Distribuidores Antarctica entre 1995 e 2001. Uma
união de teoria e prática que lhe conferiu uma visão
mais que privilegiada dos dois mundos paralelos da
fabricação de Cerveja: o industrial e o artesanal.
       Humor ácido, boas sacadas na hora certa, um
dinamismo que lhe devolve mais de dez anos de idade
logo de cara, além de um vasto arsenal de causos, são
algumas das qualidades que esse sujeito boa praça nos
transmite durante uma conversa animada. Os cursos
que ele ministra – no qual formou várias centenas de
Mestres Cervejeiros, onde me incluo com doutorado a
caminho – são uma lição de vida que se mescla aos
matizes dos maltes e ao aroma do lúpulo. Vendo sua
paixão pela bebida enquanto fala e discorre sobre seus
ingredientes e preparo, quase esquecemos que estamos
diante de um Engenheiro com duas faculdades no lom-
bo, vergando três M.B.A.s nas lapelas, além de umas
pitadas de estudos sobre Física Nuclear que consumiu
na Universidade de São Paulo “pra passar o tempo”.

                          21
Entre Umas e Todas


       Quando resolvi editar esta obra, conhecia bem
o Jaime, professor. Depois de um tempo, conforme
fomos tendo contato e molhando as gargantas, fui
conhecendo também o Velho Mestre Amador, que
zanzou um bocado pela nossa Marinha Brasileira, de
onde certamente veio o nome de seu bar, o Pier 1327,
com sua decoração que navega entre os temas náuti-
cos e boas cervejas.
       Já produzi muitas cervejas com Mestre Jaime.
Tomei outras tantas. E ainda espero cruzar muitas
vezes o melhor desses dois mundos em ambos os
lados do balcão.
       Não estou aqui pra abalizar o conhecimento
de ninguém; afinal, sou um mero home-brewing ainda.
Dessa forma, quero apenas efetivamente apresentar
esse sujeito e dizer o porquê de você precisar ler essa
obra. Os motivos são simples: o cara sabe do que está
falando – e fala sem frescura; ele faz uma das melho-
res cervejas do mundo; e, acima de tudo, é perfeita-
mente capaz de ensinar o mesmo a você!
       Brindemos à harmonização dessas páginas.
Boa degustação a você.
       Saúde!


                                   Richard Diegues
                                     Mestre Cervejeiro,
                                       escritor e editor

                          22
Entre Umas e Todas




ESTE LIVRO É DEDICADO aos
grandes Mestres Cervejeiros
dos primórdios da Guerra dos
8.000 Anos, esses milênios
envoltos em batalhas diárias, que passo a passo fo-
ram sendo subjugadas na busca das combinações per-
feitas de ingredientes. Homens com a alma penden-
do muito mais para alquimistas do que para cientis-
tas; praticamente mágicos, totalmente empíricos, hu-
mildes e ainda assim dotados de um atrevimento
sem fim. Munidos apenas de recipientes escavados
em madeira, que não podiam ser colocados sobre o
fogo, e uma criatividade ilimitada, desenvolveram
técnicas de transmissão de calor utilizando pedras
quentes submergidas na água. E, mesmo nessa pre-
cariedade, ainda assim conseguiam obter diversas
rampas e patamares de temperatura em seus mos-
tos, alcançando até mesmo a fervura necessária para
esterilização, da mesma maneira como fazemos co-

                        24
Jaime Pereira Filho


modamente hoje com nossas panelas de inox e
queimadores de última geração.
        Homens que sequer sonhavam com a existên-
cia de ciências como a microbiologia ou bioquímica,
mas que eram capazes de pensar paradoxalmente e
usar seus instintos para desenvolver as melhores cer-
vejas da história da humanidade, tendo apenas as
quatro forças elementares da natureza nessa emprei-
tada: a água, o ar, a terra e o fogo.
        Sem livros e com uma parca tradição oral, cada
Mestre Cervejeiro dessa história que veio se desenro-
lando até nossos dias eram verdadeiros pesquisado-
res da natureza, que se viram pressionados pelos enor-
mes fardos das dúvidas que chegavam a carregar, e
passar de geração a geração, muitas vezes por mais
de mil anos. Artífices que se dedicavam à produção
da cerveja de uma maneira tão carinhosa e farta, que
mesmo desconhecendo os pormenores por dentro
dos processos que executavam, ainda assim prosse-
guiam na luta, passando essas ambiguidades de pai
para filho, sabendo que, um dia, a luz dessa mágica
viria à tona.
        Verdadeiras gêneses de super-homens que,
mesmo antes de descobrirem a escrita que viria a
facilitar essa transmissão de segredos milenares, con-
seguiam produzir algo tão notável que merecia su-
bir cada vez mais alto nas intrincadas linhas
genealógicas pela história adiante. Responsáveis pela
                         25
Entre Umas e Todas


catarse imprimida em cada novo conhecedor, e futu-
ro produtor, desta que é a bebida mais versátil e
apaixonante do mundo: a Cerveja!
        Soldados sem armas, sem bandeiras ou fron-
teiras. Capazes de lutar incansavelmente ao lado de
seus verdadeiros companheiros, contra os inimigos
invisíveis que atacavam seu maior patrimônio, sem
portar armas – como o lúpulo que hoje conhecemos
tão bem – e, mesmo diante de tantas adversidades e
perdas, sem nunca terem abandonado a guerra.

      A estes, nosso eterno agradecimento.




                        26
A TEORIA NA PRÁTICA
               ____________________________

Agora que você faz parte da elite que conhece a teoria para
produzir a sua própria cerveja, poderá também conhecer
essa arte na prática. De posse desse livro você tem direito
a uma aula completa de produção de cerveja artesanal com
Jaime Pereira Filho, no local onde este livro foi criado e
escrito: o Pier 1327. Para ter direito ao curso, onde será
produzida passo a passo uma receita de cerveja exclusiva,
você precisa apenas realizar o agendamento da aula pelo
telefone (11) 5539-6213, diretamente com o autor. Esse
livro dá direito a uma aula, para apenas uma pessoa. A
promoção é válida para agendamentos até o dia 31/12/2013.
Para utilizar esse “voucher” basta que, após o agendamento,
você compareça na data e horário informado (o local é: Rua
Joaquim Távora, 1327, Vila Mariana, São Paulo, SP), levando
este exemplar (obrigatório apresentar o livro no dia do curso).

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  • 1.
  • 2. Copyright © 2012 by Editora Aegis EDITORES: Gianpaolo Celli Richard Diegues Todos os direitos desta edição REVISÃO: Fabrícia C. Romaniv estão reservados à Editora Aegis. PROJETO GRÁFICO: Richard Diegues Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida sem permissão FOTOGRAFIA DE CAPA: André V. Franzão formal, por escrito da editora, ILUSTRAÇÕES DE MIOLO: Dreamstime.com exceto para citações incorpo- DIAGRAMAÇÃO: Richard Diegues radas em críticas ou resenhas. 1ª edição em Dezembro de 2012 Impresso no Brasil DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NÃO PUBLICAÇÃO (CIF) Entre umas e todas - meu jeito de fazer e entender cerveja / Jaime Pereira Filho -- São Paulo : Editora Aegis, 2012. ISBN 978-85-61541-15-6 1. Cervejas - Processo de fabricação. 2. Cervejas - História. 3. Bebidas fer- mentadas. 4. Literatura brasileira - I. Filho, Jaime Pereira. II.Título CDD 663.42 ÍNDICES PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO: 1. Cervejas : Tecnologia : Literatura brasileira 663.42 Todas as citações e nomes incidentes neste livro são fruto do inconsciente de seu autor, devendo ser encarados como não intencionais, exceto em citações dire- [2012] tas e homenagens implícitas. Ainda as- sim, caso sinta-se ofendido com algo Noster Primus Anno nestas páginas, basta fechar a obra.Toda- via, se resolver insistir, compreenda que coincidências realmente ocorrem. Todas as opiniões expressas nessa obra per- EDITORA AEGIS tencem ao seu autor e colaboradores. Os Rua Piatã, 633 animais e leveduras que eventualmente Vila Isolina Mazzei - São Paulo foram feridos, molestados, bebidos e CEP 02080-010 / SP traumatizados durante a produção desta obra receberam um funeral decente. A cola editora@aegis.art.br usada na lombada pode conter glúten e Twitter: @AegisEditora traços de lúpulo. Sim, exercício provo- www.facebook.com/AegisEditora ca enfarto eTV causa retardamento men- www.aegis.art.br tal.Vá ler, preferêncialmente em um bar!
  • 3.
  • 4. A cerveja é a prova viva de que Deus nos ama e nos quer ver felizes. Benjamin Franklin Faça sempre lúcido o que você disse que faria bêbedo. Isso o ensinará a manter sua boca fechada. Ernest Hemmingway Um pouco de cerveja é um prato para um rei. Willian Shakespeare (A Winter's Tale) Na vida, existem outras coisas para além de cerveja, mas a cerveja faz essas outras coisas parecerem ainda melhores. Stephen Morris A cerveja má é como a arte má: se persisti- res muito tempo nela, acabarás por esquecer que existem outras alternativas. Stephen Greenleaf
  • 5.
  • 6.
  • 7. Jaime Pereira Filho, amigo de tan- tas horas e tantas cervejas. Tantas histórias e tantas conversas. Pro- fessor desejado por todos os alu- nos que querem saber sobre cerve- ja de uma maneira descolada e só do jeito que ele sabe ensinar, e que agora vem na forma escrita comparti- lhar todas essas coisas com todos nós. Com certeza, você irá se deliciar com o papo informal e a forma de contar histórias que só o Jaime tem, as quais sempre desfruto quan- do bate no coração a vontade de ter uma boa conversa e degustar uma boa cerveja. Histórias que eu nunca poderia imaginar que tinham acon- tecido, histórias que talvez nunca foram escritas,
  • 8. Entre Umas e Todas mas que, agora, na mão deste dedicado professor, estão imortalizadas nesta obra. Além dessas maravilhosas conversas, o escri- tor vai te ensinar passo a passo os detalhes da fabri- cação artesanal de cervejas. Todos os segredinhos que nenhum alemão iria contar e nenhum cervejeiro se atreveria a falar. Aproveite cada momento, cada instante, cada ensinamento deste livro. A partir de agora você será apresentado ao novo mundo das cervejas. Seja muito bem-vindo, Ein Prosit! Afonso Fraga Landini Mestre Cervejeiro proprietário do site Arte Brew. 8
  • 9.
  • 10. Entre Umas e Todas ESTE LIVRO QUE VOCÊ TEM em mãos é uma verdadeira degustação de todo meu expertise cervejeiro, juntamente com uma grande dose de autoaprendizado que somente a prática e a persis- tência concedem ao homem. Uma compilação dos melhores momentos de meus mais de trinta anos de estudos e efetiva produção de cervejas domésticas e artesanais. O livro nasceu com uma missão clara e dirigida: desvendar de forma simples e divertida esta arte milenar, que é a fabricação de cervejas, com seus inú- meros enigmas e estigmas, mitos e ritos. Tenho a intenção de expor, sem pudores, essa que é uma das mais antigas artes da humanidade, que transcende a invenção da roda e da escrita; uma ver- dadeira referência dos primórdios da agricultura, ar- quitetura, família e sociedade. De forma simples, e propositalmente rudimen- tar, vou abordar este tema didaticamente, mas sem o 10
  • 11. Jaime Pereira Filho chato cunho de um tutor. Pretendo, entretanto, ir mui- to além de um módico passo a passo. Quero botar os pés no terreno árido e conceitual da microbiologia, da química, e até mesmo da física nuclear, sem tornar a coisa enfadonha. De tal maneira pretendo apresentar esta fabulosa “ciência exata das aproximações”, co- nhecida de forma simplória por Cerveja, mas que es- conde muito por detrás desse simples nome e de suas inúmeras variações de aroma, sabor e cor. Vou racioci- nar a sua anatomia, fisiologia e citologia, de forma simplificada, para que você possa conhecer a sua his- tória, as eras de produção que paulatinamente a mol- daram até hoje, incluindo até mesmo riscos de conta- minações e qualquer outra coisa que possa atrapalhar nosso prazer de ter um ótimo produto final em mãos. Nos dias de hoje, a literatura está repleta de obras cervejeiras. Muitas são cientificamente corre- tas e profundas em suas análises; são importantíssi- mas e ricas dentro de um contexto de estudos para químicos e físicos, porém são ineficazes aos que lite- ralmente querem arregaçar as mangas e colocar as mãos diretamente nos maltes, panelas e garrafas para produzir em casa a melhor cerveja do mundo: seu próprio rótulo artesanal, pois as melhores cervejas do mundo são as que você mais aprecia, e dentre elas certamente está a que você irá produzir. Entre Umas e Todas será o suficiente para que você possa ser iniciado nesse hobby, com primeiros 11
  • 12. Entre Umas e Todas passos firmes e consistentes, que, com certeza, o le- varão adiante por toda uma vida de prazerosos testes e descobertas. Enfim, o que lhe dou aqui é uma nova e sim- ples visão da Cerveja, ou seja, o meu jeito todo espe- cial de entender e fazer cerveja, desvinculado de toda a complexidade que por milênios permeou – propo- sitalmente, guardada como um segredo de mágico – as nossas cabeças. Já era dia de um livro assim ser escrito! Jaime Pereira Filho o Autor 12
  • 13.
  • 14. Entre Umas e Todas TRABALHANDO NO RAMO CERVEJEIRO, tanto como proprietário de bares, como na área de distribui- ção de bebidas, ou na produção de cervejas artesanais, apenas algum tempo atrás foi que comecei a notar a assustadora miopia que assola a grande maioria da população brasileira quando o assunto é cerveja. O mais assustador é que essa falta de visão não se limita aos simples apreciadores da bebida, mas também se estende aos profissionais e entusiastas do ramo. No momento em que comecei a estudar a fundo o complexo mundo das cervejas, pude perceber o quan- to ainda somos reféns da guerra de cem anos entre as companhias líderes deste mercado, que são a Antarctica e a Brahma. Durante grande parte da história da cerveja no Brasil, fomos submetidos sempre às mesmas cer- vejas e, devido à falta de informação e de opções, aceitávamos o que nos era imposto pelas gigantes. 14
  • 15. Jaime Pereira Filho Porém a verdadeira história da cerveja vai mui- to além do que convivemos em nossa terra natal. Vai muito além de batalhas publicitárias e logísticas entre as eternas inimigas que viriam a se fundir e montar uma das maiores cervejarias do mundo. Muito além da fictícia tradição de nossas “antigas” cervejas que datam do final do século XIX. Apaixonados por cerveja, como eu, acreditam que Deus colocou, indiretamente, a cerveja no mun- do antes mesmo do homem. Esta teoria baseia-se no fato de que bastaria que grãos de cevada, trigo, ou outros cereais, caíssem em uma poça d’água para que os micro-organismos presentes no ar fermentassem aquele líquido. Claro que esta é uma visão simplista do processo produtivo da cerveja, mas comprova a teoria de que a cerveja não foi inventada pelo ho- mem, mas, sim, descoberta no meio ambiente e pos- teriormente aprimorada. Registros históricos de produção e consumo de cerveja são apontados desde cerca de 6.000 a.C., com os mesopotâmios. Manuscritos dedicados a Ninkasi, deu- sa da cerveja, são atribuídos aos sumérios por volta de 2.600 a.C. Porém foram os egípcios quem realmente evoluíram a cultura cervejeira. Em princípio, a cerveja era vista como uma alternativa para aqueles que não possuíam recursos para compra do vinho, mas com o passar do tempo foi ganhando espaço e notoriedade. 15
  • 16. Entre Umas e Todas Um dos marcos mais famosos neste aspecto é uma estátua encontrada em túmulo egípcio de um homem fabricando cerveja que data de 2.400 a.C. Através dos anos, historiadores apontam diver- sas referências e indícios de produção, comercialização e consumo de cerveja, por todos os povos e civiliza- ções que por aqui passaram. Mas foi entre 1792 e 1750 a.C. que surgiu a primeira regulamentação referente à produção, comercialização e consumo da cerveja, cha- mado de Código de Hammurabi, que determinava di- reitos e obrigações de clientes de tascas na Babilônia. Durante praticamente 5.000 anos a cerveja fez parte da história de nossos ancestrais, tendo a sua produção e comercialização evoluída e adaptada para cada civilização. Passados estes cinco milênios, final- mente surgiu um dos maiores avanços na fabricação da cerveja: a adição do lúpulo. O acréscimo desta flor às receitas, por volta de 700 d.C., foi responsável pelo surgimento do amargor que até hoje apreciamos em nossas cervejas. O lúpulo é de suma importância no ponto de vista comercial e industrial, pois prolonga a validade da cerveja e lhe atribui o característico amargor, responsável por nos fazer continuar a be- ber a cerveja mesmo após termos saciado nossa sede. Em 1487, o duque alemão Albrecht IV pro- mulgou a primeira lei de pureza da cerveja na Baviera; lei esta que viria a ser aprimorada e sancionada pelo 16
  • 17. Jaime Pereira Filho também duque alemão Guilherme IV em 1516. Sur- gia a Reinheitsgebot, lei de pureza que determina que as cervejas alemãs somente podem possuir em sua receita três ingredientes: malte, lúpulo e água! Esta lei é vigente em toda Alemanha até os dias atuais, tendo somente sido atualizada para permitir a inclusão do fermento industrializado. A cerveja somente desembarcou no Brasil em 1808, trazida pela família real portuguesa que estava de mudança para o Brasil colônia. Quase meio século mais tarde ela começaria a ser produzida comercialmente pela Cervejaria Imperial, que mais tarde passou a se chamar Companhia Cervejaria Bohemia, posteriormen- te vendida à Antarctica, hoje pertencente à AmBev. São dados como estes aqui apresentados que fundamentam minha teoria de que ainda estamos engatinhando quando o assunto é cerveja. Não questi- ono os méritos das grandes cervejarias de terem adap- tado as fortes e amargas cervejas alemãs ao clima bra- sileiro, tendo com isso conquistado a esmagadora lide- rança de mercado que até hoje defendem. Porém tento abrir os olhos do consumidor para o fato de que o que conhecemos e a que somos submetidos como sendo a “história da cerveja” muito se distancia da realidade. Ainda hoje, no Brasil, mais de 90% da cerveja consumida é do tipo Pilsen, o qual só foi desenvolvido em 1842 d.C na República Tcheca. Poucos são os 17
  • 18. Entre Umas e Todas que conhecem dois ou três outros tipos de cervejas, que no mundo totalizam mais de 20 mil. Outro fato que corrobora minha teoria é que em 1980 surgiu na Europa o movimento “The Craft Beer Reinassance”, revitalizando pequenas cervejarias artesanais, movi- mento seguido pelos americanos em 1983. Em um mundo no qual a comunicação já não é mais descul- pa para um déficit de desenvolvimento, acho um ab- surdo somente em 2002 ter surgido a primeira cerve- jaria artesanal de significância no Brasil, a Eisenbahn. Portanto, quando comparamos nossa história cervejeira à história da cerveja no mundo, ou quando comparamos nossas “tradicionais” cervejarias às ale- mãs, como a Weihenstephan, fundada em 1040 e é hoje a cervejaria mais antiga do mundo ainda em ati- vidade, notamos que ainda temos muito que apren- der sobre o assunto cerveja e, se São Gambrinus qui- ser, o movimento de microcervejarias artesanais no Brasil irá continuar crescendo para que a próxima geração possa desfrutar de uma maior gama de op- ções do que todas que as antecederam no país da cerveja estupidamente gelada. Marcelo Soares Pereira Empresário e mais jovem Mestre Cervejeiro da Família Pereira 18
  • 19.
  • 20. Entre Umas e Todas J AIME P EREIRA F ILHO é aquele típico sujeito com o qual você se senta diante de uma mesa – seja em um fim de tarde lá pelas bandas da movimentada Vila Mariana, seja em um quiosque de frente para o mar com os pés na areia – e pede uma cerveja gelada pra molhar a garganta, pois certamente vão escoar por aí várias horas de uma legítima conversa de bar. Notadamente, sugiro que comece a prosa per- guntando quantos anos ele tem na produção de cer- veja; depois, aguarde o característico sorriso largo, acompanhado de bate e pronto da resposta: 100 Anos! Isso mesmo, segundo a matemática da famí- lia Pereira, temos contabilizados aí os 30 anos de sua própria experiência, mais os 60 anos de tradi- ção herdados diretamente de seu pai, e os 10 anos de dinamismo e irreverência cervejeira de seu filho mais novo. Três gerações com uma mesma paixão que vem de berço. Literalmente falando, pois no es- critório de Jaime é possível encontrar uma relíquia: 20
  • 21. Jaime Pereira Filho seu berço de infância, que consiste de uma caixa de cerveja trazida por seu pai da fábrica onde trabalhava. Mas todo esse conhecimento sobre a bebida que virou preferência nacional não vem apenas dessa genealogia. Jaime já recebeu importantes prêmios, como o Troféu Top One Brasil Antarctica em 1999, graças à sua cancha adquirida enquanto assumiu os cargos de diretor, posteriormente de vice-presidente e, finalmente, de presidente da Associação Brasileira dos Distribuidores Antarctica entre 1995 e 2001. Uma união de teoria e prática que lhe conferiu uma visão mais que privilegiada dos dois mundos paralelos da fabricação de Cerveja: o industrial e o artesanal. Humor ácido, boas sacadas na hora certa, um dinamismo que lhe devolve mais de dez anos de idade logo de cara, além de um vasto arsenal de causos, são algumas das qualidades que esse sujeito boa praça nos transmite durante uma conversa animada. Os cursos que ele ministra – no qual formou várias centenas de Mestres Cervejeiros, onde me incluo com doutorado a caminho – são uma lição de vida que se mescla aos matizes dos maltes e ao aroma do lúpulo. Vendo sua paixão pela bebida enquanto fala e discorre sobre seus ingredientes e preparo, quase esquecemos que estamos diante de um Engenheiro com duas faculdades no lom- bo, vergando três M.B.A.s nas lapelas, além de umas pitadas de estudos sobre Física Nuclear que consumiu na Universidade de São Paulo “pra passar o tempo”. 21
  • 22. Entre Umas e Todas Quando resolvi editar esta obra, conhecia bem o Jaime, professor. Depois de um tempo, conforme fomos tendo contato e molhando as gargantas, fui conhecendo também o Velho Mestre Amador, que zanzou um bocado pela nossa Marinha Brasileira, de onde certamente veio o nome de seu bar, o Pier 1327, com sua decoração que navega entre os temas náuti- cos e boas cervejas. Já produzi muitas cervejas com Mestre Jaime. Tomei outras tantas. E ainda espero cruzar muitas vezes o melhor desses dois mundos em ambos os lados do balcão. Não estou aqui pra abalizar o conhecimento de ninguém; afinal, sou um mero home-brewing ainda. Dessa forma, quero apenas efetivamente apresentar esse sujeito e dizer o porquê de você precisar ler essa obra. Os motivos são simples: o cara sabe do que está falando – e fala sem frescura; ele faz uma das melho- res cervejas do mundo; e, acima de tudo, é perfeita- mente capaz de ensinar o mesmo a você! Brindemos à harmonização dessas páginas. Boa degustação a você. Saúde! Richard Diegues Mestre Cervejeiro, escritor e editor 22
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  • 24. Entre Umas e Todas ESTE LIVRO É DEDICADO aos grandes Mestres Cervejeiros dos primórdios da Guerra dos 8.000 Anos, esses milênios envoltos em batalhas diárias, que passo a passo fo- ram sendo subjugadas na busca das combinações per- feitas de ingredientes. Homens com a alma penden- do muito mais para alquimistas do que para cientis- tas; praticamente mágicos, totalmente empíricos, hu- mildes e ainda assim dotados de um atrevimento sem fim. Munidos apenas de recipientes escavados em madeira, que não podiam ser colocados sobre o fogo, e uma criatividade ilimitada, desenvolveram técnicas de transmissão de calor utilizando pedras quentes submergidas na água. E, mesmo nessa pre- cariedade, ainda assim conseguiam obter diversas rampas e patamares de temperatura em seus mos- tos, alcançando até mesmo a fervura necessária para esterilização, da mesma maneira como fazemos co- 24
  • 25. Jaime Pereira Filho modamente hoje com nossas panelas de inox e queimadores de última geração. Homens que sequer sonhavam com a existên- cia de ciências como a microbiologia ou bioquímica, mas que eram capazes de pensar paradoxalmente e usar seus instintos para desenvolver as melhores cer- vejas da história da humanidade, tendo apenas as quatro forças elementares da natureza nessa emprei- tada: a água, o ar, a terra e o fogo. Sem livros e com uma parca tradição oral, cada Mestre Cervejeiro dessa história que veio se desenro- lando até nossos dias eram verdadeiros pesquisado- res da natureza, que se viram pressionados pelos enor- mes fardos das dúvidas que chegavam a carregar, e passar de geração a geração, muitas vezes por mais de mil anos. Artífices que se dedicavam à produção da cerveja de uma maneira tão carinhosa e farta, que mesmo desconhecendo os pormenores por dentro dos processos que executavam, ainda assim prosse- guiam na luta, passando essas ambiguidades de pai para filho, sabendo que, um dia, a luz dessa mágica viria à tona. Verdadeiras gêneses de super-homens que, mesmo antes de descobrirem a escrita que viria a facilitar essa transmissão de segredos milenares, con- seguiam produzir algo tão notável que merecia su- bir cada vez mais alto nas intrincadas linhas genealógicas pela história adiante. Responsáveis pela 25
  • 26. Entre Umas e Todas catarse imprimida em cada novo conhecedor, e futu- ro produtor, desta que é a bebida mais versátil e apaixonante do mundo: a Cerveja! Soldados sem armas, sem bandeiras ou fron- teiras. Capazes de lutar incansavelmente ao lado de seus verdadeiros companheiros, contra os inimigos invisíveis que atacavam seu maior patrimônio, sem portar armas – como o lúpulo que hoje conhecemos tão bem – e, mesmo diante de tantas adversidades e perdas, sem nunca terem abandonado a guerra. A estes, nosso eterno agradecimento. 26
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  • 29. A TEORIA NA PRÁTICA ____________________________ Agora que você faz parte da elite que conhece a teoria para produzir a sua própria cerveja, poderá também conhecer essa arte na prática. De posse desse livro você tem direito a uma aula completa de produção de cerveja artesanal com Jaime Pereira Filho, no local onde este livro foi criado e escrito: o Pier 1327. Para ter direito ao curso, onde será produzida passo a passo uma receita de cerveja exclusiva, você precisa apenas realizar o agendamento da aula pelo telefone (11) 5539-6213, diretamente com o autor. Esse livro dá direito a uma aula, para apenas uma pessoa. A promoção é válida para agendamentos até o dia 31/12/2013. Para utilizar esse “voucher” basta que, após o agendamento, você compareça na data e horário informado (o local é: Rua Joaquim Távora, 1327, Vila Mariana, São Paulo, SP), levando este exemplar (obrigatório apresentar o livro no dia do curso). DEPOIS DE CONHECER A AULA QUE VIROU LIVRO, AGORA VOCÊ PODE CONHECER O LIVRO QUE VIROU AULA! Nota: essa promoção é ofertada e de inteira responsabilidade do autor, sendo as datas e horários sujeitos a disponibilidade das turmas, e ocorrendo apenas na possibilidade de ser realizada com o autor, no endereço informado desde que ainda seja constante de sua propriedade e/ou utilização. Carimbo Comprovante de www.pier1327.com.br www.aegis.art.br Conclusão do Curso Presencial