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Você Pode Ser Feliz
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"As pessoas são quase tão felizes quanto resolvem ser."
Abraham Lincoln
“Vocês acharão muito útil o novo enfoque do Dr. Carlson: fundamentado, sensível e
pleno de orientação consoladora."
Dr. Wayne Dyer
"Você pode ser feliz interessa àqueles que não querem mais ficar enredados em maneiras
ultrapassadas de pensar. O autor nos fala com simplicidade sobre o modo mais adequado
para sairmos do desequilíbrio e empreendermos uma vida com mais alegria."
Marsha Sinetar
Especializado em administração de estresse e em comportamento humano. Richard Carlson
mostraQUEa felicidade não depende de circunstâncias externas: não depende da solução de
problemas: nem da melhoria de nossos relacionamentos e muito menos da obtenção • de
sucesso. Para Carlson. o contentamento, o estado de felicidade, "nada tem a ver com forças
fora do nosso controle - e Que. na verdade, contentamento é o nosso estado natural".
Podemos ser felizes agora por meio da compreensão de cinco princípios: Pensamento, Estados
de Ânimo. Realidades Separadas, Sentimentos e Momento Presente. Princípios nunca antes
[2]
aplicados pelo seu terapeuta - garante o autor -. eQUE possibilitarão a descoberta de um novo
jeito de viver, sem reprimir as emoções naturais, nem deixar que sentimentos e pensamentos
nos dominem.
Aos meus belos filhos-
Que vocês sejam sempre felizes aconteça o que acontecer.
AGRADECIMENTOS
GOSTARIA DE AGRADECER às seguintes pessoas: Patti Breitman, por ter sido capaz de captar o
que eu estava tentando dizer antes mesmo de terminar de dizê-lo; Kristine Carlson, pelo seu
estímulo amoroso; Sheila Krystal, por ser uma sócia e amiga tão maravilhosa; Carol LaRusso, pelo
trabalho de edição tão adorável e por dedicar o tempo necessário para aprender esta abordagem;
George e Linda Pransky, por serem maravilhosos professores; e Barbara e Don Carlson por
aprenderem o belo dom da felicidade - e o compartilharem com outros.
[3]
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Sumário
PREFÁCIO .............................................................................................................................................................................4
INTRODUÇÃO..................................................................................................................................................................5
PARTE I – OS PRINCÍPIOS ................................................................................................................................................8
UM O PRINCÍPIO DO PENSAMENTO.......................................................................................................................... 8
DOIS O PRINCÍPIO DOS ESTADOS DE ÂNIMO .........................................................................................................19
TRÊS O PRINCÍPIO DAS REALIDADES SEPARADAS ....................................................................................................24
QUATRO O PRINCÍPIO DOS SENTIMENTOS .............................................................................................................27
CINCO O PRINCÍPIO DO MOMENTO PRESENTE........................................................................................................31
UMA BREVE REVISÃO DOS PRINCÍPIOS.................................................................................................................36
PARTE II APLICANDO OS PRINCÍPIOS............................................................................................................................ 36
SEIS RELACIONAMENTOS........................................................................................................................................36
SETE ESTRESSE ......................................................................................................................................................... 45
OITO RESOLVENDO PROBLEMAS ............................................................................................................................. 51
NOVE FELICIDADE ....................................................................................................................................................57
DEZ HÁBITOS E VÍCIOS .............................................................................................................................................61
ONZE UMA LISTA PARA CHECAR SUA VIDA..............................................................................................................63
O AUTOR...................................................................................................................................................................66
[4]
PREFÁCIO
Dr. Wayne Dyer
MUITAS PESSOAS ACREDITAM ERRONEAMENTE que as circunstâncias fazem a pessoa. Não fazem.
Elas, isto sim, a revelam. Nossas circunstâncias não nos definem; elas representam o nosso currículo
singular - nossas provas, desafios e oportunidades de crescimento pessoal, aceitação e isenção. O
nosso sucesso como seres humanos não depende do que acumulamos, possuímos ou realizamos.
Não depende dos detalhes da nossa situação, mas de como lidamos com o que temos e de como
fazemos face aos nossos desafios, de como transformamos o nosso currículo singular em cresci-
mento e em uma vida cheia de amor.
Temos a capacidade de manifestar nosso próprio destino, de criar "Verdadeira Magia" em nossas
vidas, de fazer delas uma expressão de divindade, de tirar o ego de nossas consciências, e de tornar
o amor a nossa primeira prioridade. Para fazermos essas coisas, entretanto, é essencial criarmos um
equilíbrio interior, um senso de harmonia e equanimidade dentro de nós. A felicidade não é o fim da
estrada; é o princípio. O contentamento enriquece nossa vida espiritual.
Os princípios contidos neste livro funcionam para você como instrumentos de navegação que o
ajudam a achar contentamento na vida. Eles são como um conjunto de instruções de uso que
[5]
orientam-no para dentro de si mesmo, onde mora a paz. Eles podem ajudá-lo a manter-se centrado e
calmo. Ao ficar mais feliz, você entra numa nova dimensão da vida que planta sementes para o
ulterior crescimento espiritual. Sem a constante luta e distração do estresse, da ira, de circunstâncias
e desejos, sua vida se desdobrará com maior harmonia.
Neste livro extraordinário, Dr. Carlson explica que a vida não é nossa inimiga, mas o pensamento
pode sê-lo. Ele recordanos que nossas mentes são ferramentas muito poderosas que podem trabalhar
a favor ou contra nós em qualquer momento. Nós temos escolha. Podemos aprender a fluir com a
vida, com aceitação amorosa e paciente, ou podemos lutar contra ela. Tenho dito muitas vezes que
somos seres espirituais que estão tendo uma experiência humana. Somos capazes de fazer com que
esta experiência humana seja a melhor possível. Temos, dentro de nós, os recursos para viver uma
vida feliz e satisfeita a despeito dos desafios que enfrentamos. Leiam este livro e reflitam sobre a
sua mensagem. Vocês verão que, apesar das experiências externas, isto é verdade: Vocês podem ser
felizes! Deus os abençoe.
INTRODUÇÃO
F ELICIDADE! É algo que todos queremos mas poucos chegam a conseguir. Ela se caracteriza por
sentimentos de gratidão, paz interior, satisfação e afeto por nós mesmos e por outros. O nosso
estado mental mais natural é o de contentamento e alegria. As barreiras ou obstruções que nos
impedem de experimentar esses sentimentos positivos são processos negativos aprendidos que nós
acabamos aceitando inocentemente como "necessários" ou porque "a vida é assim". Quando
revelamos estes sentimentos positivos inerentes, e removemos as obstruções que nos afastam deles,
o resultado é uma experiência de vida mais bela e cheia de significação.
Esses sentimentos positivos não são emoções fugazes que vêm e vão ao sabor da mudança de
circunstâncias, eles permeiam nossas vidas e tornam-se parte de nós. A descoberta desse estado
mental nos permite ser mais despreocupados, à vontade, quer nossas circunstâncias justifiquem ou
não essa perspectiva positiva. Nesse estado mais aprazível, a vida parece menos complicada e
nossos problemas são mitigados. A razão: quando nos sentimos melhor temos mais acesso à nossa
própria sabedoria e ao nosso bom senso. Tendemos a reagir menos, estar menos na defensiva e ser
menos críticos; tomamos melhores decisões e comunicamo-nos mais eficazmente.
A melhor maneira de você revelar esses sentimentos positivos profundos dentro de si mesmo é
começar a entender a fonte da qual eles provêm. Há cinco princípios do funcionamento psicológico
que operam como guias, ou navegadores, e hão de ajudá-lo a recuperar o seu estado de serenidade
natural. Eu chamo esse estado natural de "funcionamento psicológico sadio" ou, simplesmente,
"uma sensação agradável". Você aprenderá a detectar e proteger-se de bloqueios psicológicos que o
privaram desses sentimentos positivos - esses pensamentos inseguros que você aprendeu a levar tão
a sério.
[6]
Os quatro primeiros princípios deste livro baseiam-se numa série de princípios psicológicos
originalmente estabelecidos pelos Drs. Rick Suarez e Roger C. Mills. ∗
∗
Rick Suarez, Roger C. Mills e Darlene Stewart. Sanity, Insanity, and Common Sense: The Groundbreaking New Approach
to Happiness (Nova York: Fawcett, Columbine, 1987).
Eles mostram de que forma
você pode ter acesso a esse sentimento de felicidade quando quiser. Esses princípios, quando
compreendidos, permitem-lhe sentir-se feliz e contente a despeito dos problemas que você enfrentar
- permitem mesmo! Eu, na minha função de consultor que ensina esses princípios na sua prática
profissional, vejo continuamente pessoas transformarem suas vidas dando-lhes um sentido mais
positivo apesar dos difíceis desafios com que se defrontam. Quando você se sentir genuinamente
contente com sua vida, terá condições de resolver qualquer problema com mais facilidade e eficiên-
cia do que achava possível. Os cinco princípios que apresentarei em breve representam um
profundo avanço na compreensão do nosso funcionamento psicológico humano. Eles princípios
notavelmente simples, embora poderosos, que explicam como a mente funciona, e podem ser
usados por todos os seres humanos onde quer que vivam - eles transpõem todas as barreiras
culturais. Os princípios são descritos em detalhe a partir do Capítulo Um, mas vou resumi-los bre-
vemente aqui:
Pensamento. Nossa capacidade de pensar cria nossa experiência psicológica de vida, e o
pensamento é uma função voluntária.
Estados de ânimo. Nossa compreensão de que o pensamento é uma função voluntária varia de
um momento a outro e de um dia para o outro; essas variações são chamadas estados de ânimo.
Realidades separadas. Como todos pensamos de maneira singular e única, cada um de nós vive
numa realidade psicológica separada.
Sentimentos. Nossos sentimentos e emoções servem como mecanismo incorporado de bio-
alimentação que nos permite saber como estamos nos saindo de um ponto de vista psicológico.
O momento presente. Aprendendo a centrar nossa atenção no momento atual, prestando
atenção aos nossos sentimentos, conseguimos viver com o máximo de eficiência e sem a
distração do pensamento negativo. O momento atual é onde achamos felicidade e paz interior.
Ao aprender como sua mente opera e funciona, você ganha acesso à felicidade - um sentimento
magnífico - que lhe permite desfrutar livremente da sua vida e dos seus rela cionamentos. A maioria
das abordagens da felicidade recomenda fazer ou mudar alguma coisa na vida. Mas a experiência
nos mostra que, quando muito, isso é uma cura temporária. A mentalidade que nos diz que para
sermos felizes devemos fazer algo de modo diferente não desaparece quando a mudança já ocorreu.
Ela começa então tudo de novo, procurando falhas e condições que devem ser preenchidas e
corrigidas antes de que possamos sentir-nos felizes. Quando você compreende os cinco princípios
do funcionamento psicológico sadio, pode reverter essa dinâmica e sentir-se feliz agora mesmo,
mesmo se você e sua vida não forem perfeitos! Uma vez que você sinta-se contente, e não mais
distraído pelo seu falso negativismo, o melhor acesso à sua verdadeira sabedoria e ao seu bom
senso há de permitir-lhe ver soluções e alternativas que têm estado sepultadas sob pesadas
preocupações e buliçoso diálogo interior.
[7]
O contentamento é o alicerce que conduz a uma vida satisfatória. Ele traz consigo bons
relacionamentos, satisfação no trabalho, habilidades paternais ou maternais (no caso daqueles que
são pais) e a sabedoria e o bom senso necessários para levar a vida airosamente. Sem
contentamento, a vida pode parecer um campo de batalha no qual estamos ocupados demais
debatendo-nos com problemas para podermos desfrutar da beleza da própria vida. Consumidos por
preocupações, na esperança de algum dia as coisas melhorarem, protelamos a satisfação enquanto a
vida escapole. Sentindo-nos felizes, podemos desfrutar da vida plenamente - agora mesmo.
Obviamente, você tem problemas muito "reais" e importantes, mas desde que aprenda a estar
satisfeito, eles não o impedirão de curtir a vida. Um sentimento de contentamento traz consigo
desfrute infantil - um jeito despreocupado de estar no mundo que abre um canal de apreciação das
coisas simples, para sentir-se grato pelo esplêndido dom da vida em si.
Essa nova compreensão pode aplicar-se a todos os desafios da vida. Você não aprenderá técnica
alguma sofisticada nem "mecanismos de enfrentamento" para lidar com cada problema específico;
você aprenderá simplesmente a viver num estado mental de maior contentamento: um estado de
amor. O que este conhecimento tem de mais belo - uma vez que você compreende o funcionamento
psicológico sadio - é que ele perdura. Não que você nunca mais vá perder contato com o sentimento
de amor - vai sim -, mas quando isso acontecer, entenderá como perdeu o rumo, e saberá
exatamente como reorientar-se em uma direção melhor.
A CHAVE DA FELICIDADE: SUA MENTE
Sua mente atende às suas necessidades basicamente de duas formas. Ela é um cofre que armazena
informação e experiência anterior, e é também um transmissor de sabedoria e bom senso. A parte
do cérebro que faz as vezes de cofre de armazenamento, ou "computador", é usada para analisar,
comparar, relacionar fatos, e fazer cômputos. O valor deste componente é claro: sem ele, nós não
poderíamos sobreviver. A outra parte do cérebro, o "transmissor" a que todos nós temos acesso, é
aquela que lida com assuntos do coração - onde a informação do computador é insuficiente. É a
nossa mente transmissora, e não a mente computadora, a fonte do nosso contentamento, de alegria e
sabedoria.
Parte do processo para viabilizar o acesso a esta outra parte de nós mesmos consiste em
reconhecermos quão necessária e prática ela é. Seria muito inadequado usar um computador para se
resolver um problema do casamento ou da carreira, ou para decidir como falar com seu filho
adolescente sobre drogas ou, com a criança que começa andar, sobre disciplina. A maioria das
pessoas não usaria um computador para esses problemas pessoais e que tocam profundamente o
coração; eles requerem suavidade e sabedoria. A menos que compreendamos e valorizemos a parte
"transmissora" de nós mesmos (funcionamento psicológico sadio), não teremos alternativa senão a
de apelar para o "computador" para lidar com nossos assuntos pessoais. As novas respostas não
derivam do que você já sabe na parte do seu cérebro semelhante a um computador, Elas derivam de
uma mudança do coração, de você ver a vida diferentemente, da parte desconhecida e mais
silenciosa de si mesmo.
Ilustremos este tema com a história conhecida do sujeito que perdeu suas chaves. Ele pensa e pensa
(pensamento de computador) onde elas poderiam estar, mas não adianta. Simplesmente, ele não
consegue lembrar. Então, bem no momento em que ele desistiu de pensar para olhar pela janela, a
resposta surge de repente na sua cabeça e ele lembra exatamente onde deixou as chaves. A resposta
veio quando ele espaireceu sua cabeça, e não do excessivo pensamento que não permitiria que ela
viesse à tona. Todos já tivemos experiências similares mas poucos temos aprendido a valiosa lição
de "não saber" a fim de saber. Em vez disso, continuamos a pensar que a resposta vem quando
passarmos a usar o nosso "computador".
[8]
Você pode aprender a ter acesso e confiar neste funcionamento psicológico sadio - a parte
silenciosa da mente que é fonte de sentimentos positivos inerentes, a parte sábia de você, que sabe
as respostas. E quando ela não sabe, ela sabe que não sabe. Você pode aprender a diferença entre
pensamento de computador e pensamento criativo - quando cabe confiar no seu computador, e
quando é conveniente recuar e serenar-se.
O objetivo deste livro é ajudá-lo a experimentar esse estado mental mais agradável (contentamento)
com mais freqüência na sua vida. Quando as pessoas aprendem a viver nesse sereno estado mental,
descobrem que felicidade e contentamento independem, na realidade, das circunstâncias. Não que
as coisas não devam dar "certo" - sem dúvida é melhor assim -, mas nem sempre elas têm de dar
certo antes para que possamos ser felizes. Nem sempre temos poder sobre outras pessoas e/ou
acontecimentos, mas temos sim enorme poder para sentirmo-nos felizes e satisfeitos com nossas
vidas. Um ótimo subproduto do sentir-se feliz "sem razão alguma" é que os detalhes problemáticos
começam a resolver-se por si mesmos. Nós realmente pensamos melhor, de maneira mais clara e
mais inteligente quando nossas mentes não estão repletas de confusas preocupações.
Nossas mentes podem trabalhar para nós ou contra nós não importa em que momento. Podemos
aprender a aceitar as leis psicológicas naturais que nos regem, e a conviver com elas,
compreendendo como fluir com a vida em vez de lutar contra ela. Podemos regressar ao nosso
estado natural de contentamento.
Os cinco princípios ensinarão você a viver num estado de sentimento positivo a maior parte do
tempo. Use-os como um instrumento de navegação para guiar-se pela vida e nortear-se em direção à
felicidade.
- Richard Carlson Walnut Creek, Califórnia
PARTE I – OS PRINCÍPIOS
UM O PRINCÍPIO DO PENSAMENTO
Tudo o que realizas e tudo o que não consegues realizar é o resultado direto dos teus próprios
pensamentos. - James Allen
SERES HUMANOS SÃO CRIATURAS PENSANTES. A todo momento, todos os dias, nossas
mentes trabalham para compreender o que vemos e experimentamos. Embora isso possa parecer
óbvio, é um dos princípios menos compreendidos em nossa constituição psicológica. No entanto, a
compreensão da natureza do pensamento é a base de uma vida plenamente funcional e feliz.
Pensar é uma capacidade - uma função da consciência humana. Ninguém sabe exatamente qual a
origem do pensamento, mas pode-se dizer que ele provém do mesmo lugar de onde também provém
o que faz nossos corações baterem, seja o que for - provém do fato de estarmos vivos. Como se
verifica com relação a outras funções humanas, o pensamento ocorre queiramos ou não. Nesse
sentido, o "pensamento" é um elemento impessoal da nossa existência.
O RELACIONAMENTO ENTRE PENSAMENTO E SENTIMENTO
[9]
Todo sentimento negativo (e positivo) é um resultado direto do pensamento. É impossível sentir
ciúme sem antes ter pensamentos de ciúme, sentir-se irado sem ter pensamentos irados, E é
impossível estar deprimido sem ter pensamentos depressivos. Isso parece óbvio, mas se fosse mais
bem compreendido todos seríamos mais felizes e viveríamos num mundo mais feliz!
Praticamente todos os pacientes com os quais trabalhei ao longo dos anos começaram suas sessões
deste jeito:
Paciente: "Hoje sinto-me muito deprimido."
Richard: "Você reconheceu que tem tido pensamentos depressivos?"
Paciente: "Eu não tive pensamentos negativos ou depressivos; apenas sinto-me deprimido."
Eu levei algum tempo até identificar o problema em nossa comunicação. Todos temos sido
ensinados que "pensar" significa sentar-se para "ponderar", dedicar tempo e esforço, como se
estivéssemos resolvendo um problema de matemática. Segundo esta idéia de pensamento, uma
pessoa que não cogitaria passar seis horas obcecada quanto a um só pensamento irado poderia,
entretanto, achar bastante "normal" pensar em quinze ou vinte pensamentos irados durante trinta
segundos por vez.
"Pensar em algo" pode acontecer no curso de vários dias ou num segundo fugaz. Tendemos a
menosprezar o segundo caso como se não tivesse importância, supondo que não nos recusemos a
reconhecê-lo, sem mais nem menos. Mas a coisa não é bem assim. Os sentimentos seguem e
respondem a um pensamento, o que independe do tempo que o pensamento durar. Por exemplo, se
você pensa, mesmo que de passagem, "Meu irmão recebeu mais atenção que eu - eu nunca gostei
mesmo dele", o fato de você agora sentir-se ressentido com seu irmão não é mera coincidência. Se
você tem o pensamento "Meu chefe não me aprecia - eu nunca tenho o reconhecimento que
mereço", o fato de você agora sentir-se desgostoso quanto ao seu emprego surgiu assim que esse
pensamento lhe veio à mente. Tudo se passa num instante. O tempo que você leva até sentir os
efeitos do seu pensamento é o mesmo que transcorre até você ver a luz depois de virar o interruptor.
Os efeitos prejudiciais do pensamento surgem quando esquecemos que "pensamento" é uma função
da nossa consciência - uma capacidade que nós temos, como seres humanos que somos.
Produzimos nosso próprio pensamento. O pensamento não é algo que nos acontece, mas algo que
nós fazemos. Ele vem de dentro de nós, não de fora. O que pensamos determina o que vemos -
mesmo que com freqüência pareça ser bem ao contrário.
Consideremos o caso de um atleta profissional que "deixa um furo com seu time" ao cometer um
erro essencial no último jogo do campeonato antes de aposentar-se. Durante anos, depois de parar
de jogar, ele repisa seu erro por um momento de vez em quando. Quando perguntam-lhe "Por que
você está deprimido boa parte do tempo?", ele responde dizendo: "Eu fui bobo mesmo ao cometer
um erro como aquele. Como você quer que eu me sinta?" Esta pessoa não se vê como quem pensa
seus próprios pensamentos, nem vê no seu pensamento a causa do seu sofrimento. Se você
sugerisse que o pensamento era o que estava a lhe causar a depressão, ele diria, com total
sinceridade: "Não é, não. A razão de estar deprimido é que eu cometi o erro, não que estou
pensando nele. Aliás, eu já raramente penso nele. Simplesmente estou perturbado diante dos fatos."
Poderíamos substituir o erro do nosso ex-atleta por qualquer exemplo: um relacionamento passado,
um outro atual que está "indo por água abaixo", um deslize financeiro, palavras ríspidas que
dissemos para magoar alguém, críticas dirigidas a nós mesmos, o fato de nossos pais não serem
perfeitos, de termos escolhido a carreira ou o companheiro errado, ou seja o que for - tanto faz. É o
nosso pensar, não as nossas circunstâncias, o que determina como nos sentimos. Esquecemos. de
[10]
um momento para outro, que somos responsáveis por nosso pensamento, que somos nós que
estamos pensando, de modo que muitas vezes parece como se as nossas circunstâncias estivessem
ditando nossos sentimentos e nossa experiência de vida. Conseqüentemente, parece fazer sentido
pormos a culpa de nossa infelicidade nas circunstâncias que enfrentamos, o que faz com que nos
sintamos impotentes quanto a nossas vidas.
SOMOS OS PENSADORES DOS NOSSOS PENSAMENTOS
Diferentemente de outras funções e capacidades que possuímos na condição de seres humanos, é
difícil lembrar que somos os pensadores dos nossos próprios pensamentos. É fácil lembrar que
nossas vozes são o produto da nossa capacidade de falar. Seria praticamente impossível nos
surpreendermos ante a nossa função da fala porque estamos muito cientes de sermos nós os que
criamos o barulho. Poderíamos gritar, berrar, declamar e esbravejar, mas ainda assim não teríamos
medo do som de nossa própria voz.
O mesmo poderia ser dito sobre a capacidade de ingerir e digerir alimento. Você não comeria algo
para depois ficar perguntando-se por que está com certo gosto na boca - você sempre está ciente de
ser quem pôs a comida na sua boca.
Mas pensar é diferente. William James, o pai da psicologia norte-americana, disse uma vez: "O
pensamento é o grande originador da nossa experiência." Toda a experiência e percepção na vida
têm por base o pensamento. Desde que o pensamento precede a tudo e ocorre tão automaticamente,
ele é mais básico e "familiar" que qualquer outra das funções que possuímos. Temos aprendido
ingenuamente a interpretar nossos pensamentos como se fossem "realidade", mas o pensamento
nada mais é que uma capacidade que temos - somos nós os que produzimos esses pensamentos. É
fácil acreditar que, uma vez que pensamos em alguma coisa, o objeto do nosso pensamento (o
conteúdo) representa a realidade. Quando nos damos conta de que o pensar é uma capacidade e não
exatamente uma realidade, podemos rejeitar quaisquer pensamentos negativos que passarem por
nossas mentes. Em fazendo isso, começa a emergir um sentimento positivo de felicidade. Se
alimentarmos pensamentos negativos (prestando-lhes atenção demais ou repisando-os), perderemos
o sentimento positivo e sentiremos os efeitos da negatividade.
Eis um exemplo típico da forma como o pensamento pode ser mal interpretado e como essa falta de
compreensão afeta cada um de nós - o "pensador". Suponhamos que, acidentalmente, você derrama
um copo d'água no chão de um restaurante e, ao levantar as vistas, vê que um homem, a duas mesas
da sua, dirige-lhe um olhar que você acha reprovador. Você responde com ira. "Qual é a desse
cara", você pensa. "Será que ele nunca derrubou nada? Que idiota!" Você fica frustrado com os
pensamentos em torno da circunstância, que acabam estragando-lhe a tarde. A cada cinco minutos
você recorda o incidente e, ao pensar nele, fica furioso. Mas a verdade é que aquele homem nem
viu você derramar a água. Ele estava no mundo dele, reagindo aos próprios pensamentos sobre um
erro que cometera no trabalho naquele dia. Ele mal poderia ter ligado menos para você. Na
realidade, ele nem percebeu que você existia.
Infelizmente, todos temos experimentado esse tipo de situação muitas vezes. Esquecemo-nos de que
apenas estamos pensando. Enchemos nossas cabeças com informação falsa, que depois
interpretamos como "realidade" em vez de "pensamento". Bastaria que pudéssemos lembrar que nós
somos o pensador. Se pudéssemos realmente entender isso quando pensamos em algo, sentiríamos
os efeitos dos nossos pensamentos. No episódio do restaurante, poderíamos ter sido capazes de
perceber que eram nossos próprios pensamentos, e não os de outra pessoa, o que nos perturbava.
A compreensão do princípio do pensamento e de como ele se aplica ao conjunto da experiência
humana é um dom valioso. Não precisamos estar em constante conflito com nosso meio e com
aqueles que nos rodeiam. Podemos manter um sentimento positivo de felicidade, porque não mais
nos sentimos compelidos a seguir seriamente todo o encadeamento de pensamentos que nos vier à
[11]
cabeça. Você pode não ter controle algum sobre o que outra pessoa faz, mas pode ficar imune aos
efeitos adversos do seu pensamento a respeito dela, desde que você entenda que pensa
"pensamentos", e não "realidade". Seus pensamentos, não as suas circunstâncias, determinam como
você se sente. A ausência de pensamentos negativos produz um sentimento positivo.
Se você não compreender este princípio, talvez pareça que o pensamento é determinado pelo que o
mundo exterior está a fazer. Mas na verdade é bem o contrário. Nosso pensamento é que molda a
nossa experiência de vida. A forma como pensamos sobre alguma coisa e, o que é mais importante,
a forma de nos relacionarmos com o nosso pensamento determinarão seu efeito sobre nós. A
circunstância externa em si é neutra. Só o pensamento confere significado a uma circunstância. É
por isso que a mesma circunstância pode significar e significará coisas inteiramente diferentes para
pessoas diferentes. No nosso exemplo do restaurante, se você rejeitasse seus pensamentos
negativos, não teria se importado com o incidente. Num relacionamento salutar com seu pensar,
você teria seus pensamentos, mas não "entraria na deles" nem permitiria que eles o perturbassem.
NOSSO RELACIONAMENTO COM O PENSAMENTO
Pode-se estabelecer um continuum na compreensão de uma pessoa quanto ao relacionamento entre
pensamento e realidade:
"Meus pensamentos .................. "Meus pensamentos são
representam a realidade." apenas pensamentos."
Num dos lados o pensamento é como a "realidade". Do ponto de vista clínico, este seria o caso de
um psicótico, uma pessoa que jamais usaria a palavra pensamento. Um psicótico experimenta
realmente todo o pensamento como se realidade fosse. Para ele não há diferença alguma entre
pensamento e realidade. Se ele pensa ouvir vozes a lhe dizerem que pule pela janela, tenta fazê-lo;
se pensa que vê um monstro, foge dele. Seja qual for o conteúdo dos pensamentos dele, acredita que
eles são a realidade, cem por cento do tempo.
No extremo oposto do espectro está a pessoa que compreende o processo de pensamento - uma
pessoa que combina saúde mental e felicidade -, uma pessoa que não leva seus próprios
pensamentos, nem os de mais ninguém, demasiadamente a sério - uma pessoa que raramente
permite que seu pensamento a deixe abatida e estrague seu dia. Qualquer pensamento pode cruzar
pela cabeça de uma pessoa situada neste lado da escala, mas ela ainda terá ciência de que "é apenas
um pensamento".
A maioria de nós situa-se em algum lugar entre esses dois extremos. Muito poucos de nós levamos
nossos pensamentos tão a sério ao ponto de sermos considerados psicóticos. Surpreendentemente,
porém, um número ainda menor compreende de verdade a natureza do pensamento, o bastante para
situar-se no extremo direito da escala. A maioria de nós não compreende que somos os pensadores
dos nossos próprios pensamentos - fazemo-los para nós mesmos. Talvez, às vezes, nos demos conta
disso, mas de maneira seletiva. Nossas mentes criam numerosas exceções a este princípio, o que
nos impede de compreender que precisamos implementá-lo em nossas vidas. Por exemplo, você
pode sentir-se abatido um dia e ter o pensamento: "Nunca vou conseguir terminar este projeto." Em
vez de dizer para si mesmo: "Epa, lá vêm de novo meus pensamentos", e pôr fim ao negativismo
sem delongas, talvez você continue na mesma cadeia de pensamento. Você dirá: "Eu bem que sabia
quando comecei; não devia ter tentado este projeto; nunca fui bom neste tipo de serviço, e nunca
serei" - e assim por diante. A compreensão adequada do pensamento nos permite sustar estes
"ataques de pensamento" cotidianos antes que eles nos atinjam. Considere esse tipo de pensamento
como se fosse estática no aparelho de televisão - como interferência. Não adianta estudar e analisar
a estática na tela da TV, e da mesma forma pouco adianta estudarmos a estática nos nossos
pensamentos. Sem uma compreensão adequada do pensamento, a mais insignificante quantidade de
estática em nossas mentes pode crescer em espiral até estragar um dia inteiro ou até uma existência.
[12]
Quando você identifica seus pensamentos negativos como estática, como interferência, pode rejeitá-
los -eles não mais atendem às suas necessidades. No exemplo, os pensamentos negativos a respeito
da sua capacidade de terminar um projeto certamente não o ajudarão a concluí-lo.
Todos produzimos uma corrente contínua de pensamentos, vinte e quatro horas por dia. Assim que
um pensamento é esquecido, ele vai embora. Quando pensa-se nele de novo, ele volta. Mas, de
qualquer maneira, ele não passa de um pensamento. No sentido prático, isso sugere que pensar em
algo não significa que devamos levar os pensamentos a sério e reagir de modo negativo. Selecione e
escolha aqueles pensamentos aos quais você deseja reagir.
A maioria de nós é capaz de compreender este princípio no que diz respeito a outras pessoas, mas
não a nós próprios. Vejamos o caso de um motorista que trafega pela auto-estrada e fica aborrecido.
Ele é cortado por outro carro, que por pouco não causa um acidente. Um pensamento lhe passa pela
cabeça: "Eu deveria dar um tiro no motorista desse carro." O que houve é um pensamento, que
cruzou pela mente dele. A maioria de nós desprezaria esse pensamento, considerando-o pura tolice.
Todos preferiríamos que os motoristas fossem mais prudentes, mas não levamos muito a sério
nosso pensamento violento. Já um psicótico pode não ser capaz de desprezar o pensamento tão
facilmente. Ele acredita veementemente que qualquer pensamento que lhe vem à mente é realidade
e deve ser levado a sério.
Embora possamos sentir empatia (se não rir) diante da estultice de se levar a sério um tal
pensamento, todos fazemos a mesma coisa, sob formas e limites diferentes, centenas de vezes a
cada dia. Cada um de nós, à sua maneira, confunde o seu pensamento com a realidade. Nós
conseguimos ver os pensamentos de outras pessoas (como os do motorista na auto-estrada) como
"apenas pensamentos", mas quase sempre deixamos de ver os nossos da mesma forma. E por que
nossos pensamentos parecem tão reais? Porque somos nós que os criamos.
NEM SEMPRE TEMOS DE LEVAR A SÉRIO OS NOSSOS PENSAMENTOS
Rara uma pessoa, o pensamento "Pergunto-me se ela gosta de mim, aposto que não gosta" seria
motivo de aflição. No entanto, esta mesma pessoa pode interpretar que o motorista na rodovia
"apenas teve um pensamento". A maioria de nós acredita que, se temos um pensamento, ele merece
séria atenção e interesse, mas se mais alguém pensa alguma coisa, somos capazes de ver isso
simplesmente como um pensamento que não merece atenção. Por quê? De novo, porque o
pensamento é algo que dá forma à realidade de dentro para fora. Por ser tão próximo a nós, é fácil
esquecermos que somos nós que o fazemos. O pensamento ajuda-nos a entender o que vemos -
precisamos dele para sobreviver no mundo e dar significado à vida. Quando entendemos a
verdadeira natureza e finalidade do pensamento, porém, não é preciso que nos preocupe muito (ou
que levemos demasiadamente a sério) tudo o que por acaso pensamos; podemos relaxar.
O nosso pensar não é "realidade", mas apenas uma tentativa de interpretarmos uma dada situação.
A nossa interpretação do que vemos cria uma resposta emocional. As nossas respostas emocionais
não são, portanto, o produto do que nos acontece, mas decorrência do nosso pensar, do nosso
sistema de crenças.
À guisa de ilustração, usemos o exemplo do circo que chega a uma cidade. Para as pessoas e
famílias que adoram circo, esse é um grande motivo de comemoração. Para aqueles que não gostam
de circo, o incremento de tráfego e a confusão provocam preocupação. O circo em si é neutro - ele
não é a causa de reações positivas ou negativas. Podemos pensar em muitos exemplos similares.
Quando compreendemos o conceito, nossos pensamentos podem ser para nós uma dádiva
formidável e ajudar-nos em nossas vidas. Inversamente, podemos virar vítimas do nosso pensar, e a
[13]
nossa qualidade de vida pode diminuir. Visto que nossos pensamentos mudam de um momento para
outro, a vida pode virar uma luta, se não um campo de batalha.
Nosso nível de felicidade parece estar sujeito aos altos e baixos das nossas circunstâncias. Na
realidade, não são as circunstâncias, mas a nossa interpretação delas, o que determina o nosso nível
de bem-estar. É por isso que circunstâncias idênticas podem ter significação diferente para
diferentes pessoas. Aprenda a ver os pensamentos negativos como uma forma de estática mental, e
você poderá parar de prestar-lhes tanta atenção.
A compreensão da natureza do pensamento permite-nos viver num estado de repouso, um estado de
sentimento neutro, positivo, de felicidade e contentamento despreocupado. Quando temos a atenção
desviada daquilo em que estamos pensando, particularmente quando é algo negativo, ficamos com
um sentimento bom e confortável. Isso não visa de modo algum sugerir que não precisamos pensar
- certamente precisamos. Apenas sugere que pensamentos negativos - pensamentos que causam
aflição e infelicidade - não merecem ser alimentados porque afastam o que estamos a procurar, um
sentimento de felicidade. Esse contentamento cria espaço necessário em nossas mentes para
pensamentos novos e criativos entrarem, permitindo-nos ter esse atributo infantil que consiste em
focalizar serenamente aquilo que devolve à vida o prodígio e a aventura.
Esse foco sereno permite-nos escutar as pessoas amorosamente. Ele nos possibilita dar ouvidos até
a crítica, de modo tal que ela não nos incomoda porque não estamos mais analisando - estamos
meramente absorvendo informação.
Em última análise, o relacionamento que você tiver com seu próprio pensamento determinará a sua
saúde mental e a na felicidade. Você acredita que, pelo fato de pensar alguma coita, ela deve ser
levada a sério? Ou você entende que pensar é algo que você faz em virtude da sua condição
humana, c que precisa não confundir pensamento com realidade? Você pode ter pensamentos e
deixá-los passar, focalizando-os serenamente, ou sente-se compelido a considerá-los ou analisá-los?
LAURA E STEVE
Laura dirige a caminho de um encontro com seu namorado, Steve. No percurso ela ouve notícias
pelo rádio sobre o número de casamentos que acabam em divórcio. Ela começa a pensar:
"Pergunto-me se Steve e eu vamos casar. Pergunto-me se vale a pena. Nosso casamento seria bom?
Steve tem muitas das características de seu pai, divorciado. Ele se atrasa com freqüência e tende a
trabalhar demais. Pergunto-me se de se importa tanto comigo quanto com seu trabalho. Pergunto-
me se nossos filhos seriam tão importantes quanto o trabalho." E ela continua perdida em
divagações.
O pensamento de Laura ocorreu automaticamente. Essas cogitações tiveram lugar num instante.
Comparemos o efeito delas com base no relacionamento de Laura com seu próprio pensar.
Primeiro, suponhamos que Laura (como a maioria das pessoas) acredita que se algo passa-lhe pela
mente deve merecer atenção e ser levado a sério. Ela não tem verdadeira consciência de que está a
criar seus pensamentos, mas presume que o conteúdo destes deve ser relevante. Agora, ela sente-se
justificadamente preocupada com seu relacionamento e decide trazer o tema à baila em conversa
com Steve. O resto do percurso transcorre sob o signo da preocupação.
Agora, consideremos uma alternativa. Nela, Laura compreende como seus pensamentos criam a sua
experiência de vida. Pensamentos idênticos passam pela mente de Laura, e por um momento ela
[14]
começa a sentir seus efeitos adversos. Então ela lembra que foram seus pensamentos, e não Steve,
que causaram-lhe preocupação quanto ao relacionamento dos dois, que até aquele momento estava
ótimo. Poucos segundos atrás, antes do noticiário, ela estivera refletindo sobre como tudo parecia
estar correndo bem - ela estava naquele agradável estado de sentimentos em que limitava-se a
pensar seus pensamentos, sem analisá-los. Ela dá um risinho e sente-se grata por não mais ter de ser
vítima dos seus próprios pensamentos. Ela passa a focalizar com serenidade e rejeita seus
pensamentos. Depois passa o resto do percurso a curtir sua música preferida e sua felicidade.
TENDO A OPÇÃO DE AGIR SOB A INFLUÊNCIA DOS NOSSOS PENSAMENTOS
A maioria de nós supõe que se algo lhe vem à mente, é por alguma razão; deve ser representativo da
realidade, merecedor da nossa atenção, e tem de ser enfrentado. Se compreendemos o princípio do
pensamento, no entanto, sabemos que isso é um erro mental. Se algo lhe vem à mente, reconheça-o
como o que é - um pensamento fugaz. Isso não significa que não possamos ou não devamos
ponderar o pensamento ou agir sob a sua influência, pois ele de fato fornece uma opção. Milhares
de pensamentos passam por nossas mentes todos os dias; de acordo com o princípio do pensamento,
nenhum é mais importante do que o seguinte, cada um é apenas um pensamento. Quando
compreendermos este princípio, aquilo em que pensamos deixará de ter o poder de determinar
completamente a nossa qualidade de vida. Nós podemos, isto sim, optar por permanecer no estado
de sentimento mais agradável que resulta de focalizar o pensamento mais serenamente.
A razão pela qual podemos assistir a um filme perturbador ou até aterrorizante e depois sair para
jantar é que sempre aos mantemos a um passo de distância da fita. Compreendemos que é apenas
um filme. Quando ele acaba, acabou. Já mão está conosco, nós continuamos com nossas vidas. O
mesmo vale para o pensamento. Ele está somente em nossas mentes. Quando um pensamento sai da
mente, vai embora -até pensarmos nele de novo. Não há nada a temer do pensamento em si, desde
que compreendamos que é apenas um pensamento.
Talvez o maior mal-entendido quanto a este princípio é acreditar que o objetivo é controlar aquilo
em que se pensa. Não é nada disso. O objetivo é compreender o pensamento como o que ele é: uma
capacidade que você possui de moldar a sua realidade de dentro para fora. Nada mais, nada menos
do que isso. Aquilo em que você pensa não vai determinar em última análise a sua qualidade de
vida, antes sim o relacionamento que você mantém com o seu próprio pensar - como você fabrica
pensamentos e responde a eles. Você ouve o seu pensar como realidade, ou como um pensamento?
UMA ANALOGIA COM O SONHO
É comum acordar de manhã e dizer: "Opa, esse sonho pareceu real mesmo." Mas por mais real que
o sonho parecesse, nós admitimos que é um sonho. Portanto, se sonhamos que levamos o carro para
o mecânico consertar, e ele fez o problema piorar, não vamos aparecer na oficina para reclamar.
Compreendemos que sonhar nada mais é que pensar enquanto estamos dormindo. Quando
aplicamos a mesma analogia ao princípio do pensamento, do pensamento em estado de vigília, que
também parece real enquanto acontece, não precisamos mais interpretá-lo como verdade.
OS DOIS ASPECTOS DO PENSAMENTO
Há dois aspectos do pensamento cuja compreensão é muito importante. Primeiro, o fato de
pensarmos, de termos essa função humana. Não se trata de compreender aquilo em que pensamos
(o conteúdo), mas de reconhecer que nós somos os pensadores que produzem os pensamentos que
constantemente passam por nossas mentes. O segundo aspecto, aquele que é geralmente tratado, é o
conteúdo, ou aquilo em que estamos pensando. Há uma diferença fundamental entre ambos. Os
defensores do pensamento positivo sugerem pensar pensamentos positivos o quanto a gente puder e
evitar absolutamente o pensamento negativo. Muito embora seja verdade que pensar pensamentos
positivos faz com que nos sintamos melhor do que pensar pensamentos negativos, o pensamento
[15]
positivo é um conceito errôneo, baseado na suposição de que o pensamento, em si e por si, tem uma
realidade com a qual precisamos nos preocupar. O pensamento, quer seja positivo ou negativo, não
deixa de ser apenas uma função.
Quando entendemos o pensamento como o que ele verdadeiramente é, vemos pensamentos
positivos ou negativos como o que são. Um pensador positivo está constantemente sob pressão para
produzir somente pensamentos positivos, o que demanda enorme esforço e concentração, deixando
pouca energia para pensamentos novos e criativos. Quando pensamentos negativos de fato
penetram na mente (coisa que há de acontecer cedo ou tarde), um pensador positivo tem de negar
que eles existem e suprimi-los com pensamentos positivos.
As pessoas que compreendem a natureza do pensamento não estão submetidas à pressão de
produzir conteúdo algum específico ao pensarem. Elas vêem o pensamento como o que de é: uma
função da consciência, uma capacidade voluntária molda a nossa experiência de vida. Por acaso
isso significa pessoas que compreendem que o pensamento é uma função hão de pensar
pensamentos negativos intencionalmente? Não, claro que não. Nem quer dizer que os pensamentos
negativos não entrarão jamais nas mentes delas. Elas simplesmente compreendem que os
pensamentos negativos, em si e por si mesmos, não têm de modo algum o poder de prejudicá-las.
Para elas, pensamentos, positivos ou negativos, são simplesmente pensamentos.
A HISTÓRIA DE STACEY
O pensamento enquanto pura função da consciência não tem conteúdo algum até nós o
introduzirmos. Nossas crenças, idéias a respeito da vida, suposições subjacentes e opiniões
determinarão o conteúdo que introduzimos no nosso pensamento, mas o pensamento em si é
inócuo, um conceito vazio até que nós o preenchemos com significado. Suponhamos por exemplo,
quando Stacey era uma criancinha, seus pais contrataram uma babá que passava a noite no emprego
para ajudar a tomar conta dela. Quando Stacey se tornou adulta, acreditava que o elemento mais
importante para ser boa mãe era passar a maior quantidade de tempo possível com seus filhos. Um
dia, ao refletir sobre seus pais, veio-lhe à mente o pensamento de que seus pais não eram tão
atenciosos quanto poderiam ter sido. Afinal, eles tinham contratado para ela uma babá que passava
a noite no emprego. Por que eles não quiseram tomar conta dela? Talvez não se importassem com
ela tanto quanto diziam.
Mas como é que ela sabe disso? Em que baseia essa conclusão? Quem é que acabou de introduzir o
conteúdo nos seus pensamentos sobre o papel dos pais? Foi ela. Veio-lhe à mente um pensamento
sobre seus pais - em princípio, um pensamento simples, até ela acrescentar o conteúdo que dizia:
"Talvez meus pais não se importassem tanto assim como eu sempre achei." Não importa que Stacey
tivesse um relacionamento perfeitamente sadio e amoroso com seus pais - um pensamento surgiu na
mente dela. Se ela levar este pensamento a sério e concordar com ele, certamente ficará deprimida.
Ela poderia comentar o assunto com seus amigos, seu marido ou, se parecesse realmente
importante, poderia até trazê-lo à baila em conversa com seus pais e discutir com eles. De fato, a
psicologia popular sugeriria que ela fizesse justamente isso -analisar a estática, depois agir em
função dela. A idéia de se tirar um peso do peito e exprimir os sentimentos é tida como boa - mas
será que sempre o é? Se Stacey compreendesse qual era realmente a origem de seus sentimentos,
optaria por trazê-los à baila perante seus pais?
Esse pesar todo, e muitos mais como ele, decorre de uma simples má interpretação da natureza do
pensamento. Em lugar de entender seu pensar como algo que ela estava a fazer constantemente,
Stacey tendia a levar muito a sério seus pensamentos. Tivesse Stacey reconhecido o que se passava,
poderia ter rejeitado seus pensamentos negativos sobre a sua criação - o que lhe permitiria manter
um sentimento positivo, e sentir-se segura quanto à sua vida.
[16]
A história de Stacey e da babá que passava a noite no emprego voltará a ser motivo de atenção nos
três capítulos seguintes para demonstrar como os cinco princípios trabalham juntos para criarem
uma vida feliz.
SISTEMAS DE PENSAMENTO
Todos os nossos pensamentos passados podem ser agrupados no nosso "sistema de pensamento",
uma unidade autocontida através da qual vemos o mundo. Toda decisão, reação e interpretação que
temos é matizada pelo nosso sistema de pensamento individualizado.
Nosso sistema de pensamento é como um filtro através do qual passa a informação antes de chegar
à nossa percepção. Ele é um padrão de pensamento complexo, perfeitamente elaborado,
concatenado dentro de conceitos, crenças, expectativa e opiniões. Nosso sistema de pensamento é
que nos possibilita comparar fatos ou situações novas com o que já conhecemos de experiências
anteriores.
O seu sistema de pensamento contém toda informação acumulada por você ao longo da sua
existência. É da informação do passado que seu sistema de pensamento se vale para interpretar a
significação relativa de tudo o que acontece na sua vida. Nesse sentido, um sistema de pensamento
é a fonte do pensamento condicionado. Quando você conta com ele, está pensando da maneira
habitual, o seu jeito usual de ver as coisas. É aqui que configuram-se suas reações habituais perante
a vida.
Os sistemas de pensamento contêm a nossa perspectiva de "como a vida é". Eles são os
mecanismos psicológicos que nos convencem quando estamos certos, exatos na nossa compreensão
ou justificados. Por natureza, os sistemas de pensamento são teimosos e não gostam de que se mexa
com eles. Eles são absolutamente autoconfirmáveis. Se você tem um sistema de pensamento que
inclui a idéia de que as escolas do nosso país são péssimas e causam a maioria dos nossos
problemas como nação, o cenário a seguir seria possível. Você está lendo o jornal da tarde e na
página trinta e seis depara-se com um artigo perto do pé da página que diz: "Vinte e um alunos
reprovados no exame de alfabetização no distrito." Você sorri; mais uma vez fica provado que está
com a razão. Você mostra o artigo para sua esposa: "Veja só, querida, nossas escolas estão
acabando. É bem como eu já lhe falei." Você não sabe que na primeira página do mesmo jornal se
lê nas manchetes: "O teste das escolas no país melhorou dezessete por cento nos últimos cinco
anos!" Mas é essa a natureza dos sistemas de pensamento. Pela forma como eles estão ligados em
nossas mentes, sempre parecerá existir uma conexão lógica entre coisas que achamos verdadeiras.
Nossas crenças sempre farão perfeito sentido para nós, dentro do nosso próprio sistema de
pensamento.
Nossos sistemas de pensamento levam-nos a acreditar que somos realistas e que vemos a vida como
ela realmente é. O fato de uma pessoa ver numa situação uma oportunidade e outra pessoa
igualmente inteligente ver na mesma situação um problema importante não incomoda ao sistema de
pensamento. Nosso sistema de pensamento despreza o ponto de vista do outro, considera-o
descaminhado, bem-intencionado, mas errado, ou não muito certo.
Já que nossos sistemas de pensamento estão cheios de nossas recordações do passado, informação
que temos acumulado ao longo das nossas existências, eles encorajam-nos a continuar a ver as
coisas do mesmo jeito. Nós reagimos negativamente (ou positivamente) às mesmas situações ou
circunstâncias repetidas vezes, interpretando as nossas atuais experiências na vida como o temos
feito no passado. Alguém que acredita que as pessoas são inerentemente críticas ficará na defensiva
toda vez que qualquer um lhe oferecer uma sugestão, tanto faz se esta pessoa pretende ou não ser
crítica. Isso se tornará uma característica na vida daquela pessoa, a menos e até ela compreender a
natureza dos sistemas de pensamento, particularmente do seu próprio. A compreensão deste
[17]
conceito há de ajudá-la a perceber que não está vendo a realidade, ou a verdade, mas uma
interpretação da realidade através do seu próprio pensar.
Por estarmos tão familiarizados com nossos sistemas de pensamento, eles parecem-nos dar
informação verdadeira e precisa. Devido ao aspecto autoconfirmativo dos sistemas de pensamento,
nós aceitamos idéias conhecidas e desconsideramos o resto. É por isso que as pessoas raramente
mudam suas opiniões políticas ou religiosas, e hesitam até em discuti-las com seus amigos e
familiares. Elas "sabem a verdade" e podem apresentar exemplos e argumentações para sustentar
suas afirmações. Elas também "sabem" que suas famílias e amigos "não compreendem a verdade" e
por serem teimosos provavelmente nunca a compreenderão. Nós conhecemos o resultado quando as
cabeças fecham-se para os sistemas de pensamento de outros - geralmente todas as partes
envolvidas sofrem frustração. É por isso que as pessoas sentem-se atraídas por outras que
compartilham suas crenças, e ficam impacientes com aquelas que não o fazem.
A compreensão da natureza dos sistemas de pensamento rode mudar isso. Quando sabemos que
outras pessoas (e nós mesmos) interpretam ingenuamente suas crenças como se realidade fossem,
podemos abrir mão da necessidade de ser donos da razão. Podemos ver que nossas crenças são
meramente função de condicionamento e experiências. Se nosso passado tivesse sido diferente,
nossas idéias sobre a vida seriam diferentes. As crenças de outras pessoas também resultam de suas
experiências passadas. Se as coisas tivessem sido diferentes. teria surgido um conjunto de crenças
totalmente diferente.
"Isso pode até ser verdade", você diz, "mas a minha visão da vida é boa e eu não só continuo a
pensar que é exata, como não a modificaria nem se pudesse." A questão aqui não é você mudar o
seu sistema de crenças sobre a vida, mas perceber a sua natureza arbitrária. Nós só precisamos
enxergar o fato dos sistemas de pensamento, não mexer com os conteúdos, para reduzir a frustração
em nossas vidas. A menos que compreendamos os sistemas de pensamento, raramente
conseguiremos ouvir outros pontos de vista. Nós interpretamos o que outros dizem e fazem com
base no que já sabemos. A informação chega e nós decidimos se ela faz sentido com base no nosso
conhecimento prévio. A menos que a informação seja algo com o qual nós já concordamos, o nosso
sistema de pensamento tenderá a desprezá-la. Para encurtar: a nova informação geralmente não é
bem-vinda dentro dos nossos sistemas de pensamento preexistentes. Por isso, podemos nos
aborrecer repetidas vezes ante os mesmos acontecimentos ou circunstâncias, do princípio ao fim das
nossas existências. Temos desenvolvido relações causa-e-efeito recorrentes entre certos eventos e
reações.
Por exemplo, você pode acreditar que sempre que alguém lhe dá uma sugestão isso quer dizer que
esse indivíduo desaprova você como pessoa. Você nem vai questionar isso, porque seu sistema de
pensamento o confirmará. Sempre parece ser uma suposição verdadeira e precisa sobre a natureza
humana. Mesmo se alguém afirmar que essa suposição é infundada, você se convence de que essa
outra pessoa tem motivos escusos ou não está ciente da hostilidade dela em relação a você. Por mais
tempo que isso leve, você procurará verificar suas crenças preexistentes a fim de provar que está
com a razão, mesmo à custa da sua própria infelicidade.
Mas se você entende a natureza dos sistemas de pensamento, pode começar a ver para além deles, e
captar o valor de outros pontos de vista. Aquilo que costumávamos interpretar como crítica passa
agora a ser visto simplesmente como uma opinião de outra pessoa baseada no sistema de
pensamento dela. Podemos praticamente eliminar discussões vãs em nossas vidas e pararmos
completamente de nos sentir ressentidos, confusos ou zangados quando outros não vêem as coisas
do jeito que nós as vemos. Na verdade, quando compreendermos a índole teimosa dos sistemas de
pensamento, já estaremos preparados para aceitar que os outros não vejam as coisas do nosso jeito.
[18]
Bob e Carol e Ted e Alice
O "casal A", Bob e Carol, tem compreensão dos sistemas de pensamento. O "casal B", Ted e Alice,
não tem.
O casal A, Bob e Carol, tem um filho pequeno a quem ambos amam muito. Bob, na tentativa
sincera de ajudar a aliviar algumas responsabilidades da sua esposa, propõe-se a destinar tempo
livre para levar o filho ao médico a fim de tomar suas injeções. Ele não acha que isso seja a parte
mais prazenteira da criação dos filhos, mas mesmo assim se oferece rira fazê-lo. Carol, que acredita
que levar seu filho ao médico é uma forma importante de demonstrar seu amor, aprecia a ajuda
oferecida pelo marido e agradece-lhe, mas recusa-a. Ela sabe que o sistema de pensamento do
marido inclui modos de oferecer ajuda diferentes dos seus. O que é mais importante, Carol
compreende que ela tem seu próprio sistema de pensamento, com diferentes necessidades, crenças e
desejos em relação à maternidade. Ela decide com serenidade que prefere fazer isso pessoalmente.
Casal B: mesmo cenário, diferente nível de compreensão. Ted. que se importa com seu filho tanto
quanto Bob, oferece a mesma ajuda. Alice não entende de sistemas de pensamento, Para ela,
oferecer esse tipo de ajuda equivale a afirmar que ela não é boa mãe. Ela jamais ofereceria esse tipo
de ajuda às suas irrigas (salvo numa emergência) porque "sabe" que levar o filho para tomar injeção
é uma exigência do papel de mãe responsável. Ela responde ao marido acusando-o de não respeitar
seus atributos maternais. Como Ted não tem melhor compreensão dos sistemas de pensamento da
que ela tem, chama Alice de "pessoa ingrata". Segue-se uma discussão e marido e mulher acabam
ficando infelizes durante dias. Este é apenas um exemplo das discussões típicas que podem resultar
da falta de compreensão dos sistemas de pensamento.
Se Ted ou Alice tivessem essa compreensão, a discussão nunca teria acontecido. A esposa teria
ouvido o oferecimento do marido e, não importando o que sentisse, teria respondido : "Não,
obrigada. Gostaria de ir eu mesma" - ou algo nesse sentido. Se Ted compreendesse os sistemas de
pensamento, teria acabado com o problema logo no início reconhecendo a reação de Alice como
função do seu sistema de pensamento. Ele teria conseguido explicar seu desejo de ajudar de modo
amoroso e sem ficar na defensiva. Mesmo se ela não reagisse bem à sua explanação carinhosa, ele
não encararia a investida dela como algo tão pessoal. Teria, em vez disso, equiparado o problema a
dois sistemas de pensamento jogando pingue-pongue, que era justamente o que estava acontecendo.
Dois sistemas de pensamento não podem enfrentar-se olhos nos olhos, assim como duas pessoas
que falam línguas diferentes não podem se entender sem um intérprete.
É interessante notar que Carol queria tanto quanto Alice incumbir-se de levar o filho ao médico. A
diferença de comportamentos não decorria das opiniões ou circunstâncias de cada uma delas, mas
da compreensão. Carol sabia que suas opiniões tinham origem no seu sistema de pensamento, mas
Alice acreditava que sua opinião resultava do fato de ser mãe. Ela acreditava que certas obrigações
inerentes ao papel da boa mãe eram mais importantes que outras, e interpretou o oferecimento do
marido de compartilhar as responsabilidades como uma crítica a seus dons maternais.
Quando compreendemos como funciona nosso sistema de pensamento, podemos evitar esse padrão
de discussões desnecessárias similares e a conseqüente infelicidade.
[19]
DOIS O PRINCÍPIO DOS ESTADOS DE ÂNIMO
O tempo esfria, o tempo clarifica; nenhum estado de ânimo pode manter-se absolutamente
inalterado no decorrer das horas.
- Thomas Mann
ASSIM COMO ESTAMOS CONSTANTEMENTE pensando como seres humanos, o nosso nível
de consciência de que nós fazemos o pensamento está a mudar constantemente. Essa constante
alteração da nossa percepção de nós mesmos como pensadores é o que se conhece por "estados de
ânimo" variáveis. Para cima, para baixo, para cima, para baixo, a cada minuto, a cada dia, nosso
nível de disposição de ânimo está em constante movimento. Para algumas pessoas, as alterações de
ânimo são ligeiras - para outras, extremas.
Em qualquer caso, o fato persiste: nunca ficamos emocionalmente numa situação por muito tempo.
Bem no momento que a vida parece correr tranqüilamente, pimba!, nosso nível de ânimo despenca
e a vida parece cambalear novamente. Ou. quando a vida parece sem esperança, nosso estado de
ânimo eleva-se e tudo parece andar direito de novo.
Quando você está de alto-astral, a vida parece boa. Você possui perspectiva e bom senso. De alto-
astral, as coisas não parecem tão difíceis, os problemas parecem menos terríveis e mais fáceis de
serem resolvidos. No alto-astral, os relacionamentos fluem suavemente e a comunicação é fácil e
encantadora. De baixo-astral, a vida parece insuportavelmente séria e difícil. Você tem pouca
perspectiva; parece como se as pessoas estivessem no seu encalço. A vida parece girar só em torno
de você. Você encara as coisas muito pessoalmente e com freqüência interpreta mal aqueles que o
circundam. Essas características dos estados de ânimo são universais. Elas são válidas para todo
mundo. Não existe pessoa viva que seja feliz, com quem seja divertido estar e que fique
despreocupada quando está de baixo-astral, ou que possa ficar chateada, na defensiva, zangada e
emburrada estando de alto-astral.
NOSSOS ESTADOS DE ÂNIMO ESTÃO SEMPRE MUDANDO
As pessoas não se dão conta de que seus estados de ânimo estão sempre modificando-se. Elas
tendem a pensar que suas vidas pioraram de repente no último dia, ou na última hora. Vejamos o
exemplo de um paciente que me procurou inicialmente porque notava que estava tendo graves
problemas de relacionamento com sua esposa. Ele compareceu ao meu consultório dois dias
consecutivos. No primeiro dia ele estava resplandecente, até gabando-se do muito que se divertira
com a esposa no fim de semana. Segundo ele descreveu, os dois tinham rido, brincado, conversado
e dado românticas caminhadas. Ele estava evidentemente de alto-astral. No dia seguinte ele chegou
reclamando da falta de gratidão que sentia da parte da sua esposa, diante de tudo o que estava
fazendo por ela. "Ela nunca dá valor ao que faço", disse. "Ela é a pessoa mais ingrata que já
conheci."
-E quanto a ontem? - eu perguntei. - Você não esteve falando-me de como tudo era maravilhoso
entre vocês?
-Estive sim, mas estava totalmente errado. Estava enganando-me, como tem acontecido durante
todo o tempo que levamos casados. Acho que quero o divórcio.
[20]
Um contraste tão rápido e completo pode parecer absurdo, até engraçado - mas todos somos assim.
Estando de baixo-astral, nós perdemos a capacidade de ouvir, e a nossa perspectiva foge pela janela.
A vida parece séria, importante e urgente.
ESTADOS DE ÂNIMO SÃO PARTE DA CONDIÇÃO HUMANA
Os estados de ânimo são uma condição humana. A gente não pode evitá-los. Você não vai parar de
mudar de estado de ânimo lendo este livro - isso não pode acontecer. O que pode acontecer é você
conseguir compreender que os estados de ânimo fazem parte da tarefa de ser humano. Em vez de
ficar atolado no baixo-astral, convencido de que está vendo a vida de modo realista, você pode
aprender a questionar seu julgamento quando está nesse estado. Você sempre verá a vida e os
acontecimentos nela diferentemente com diferentes estados de ânimo. Quando você estiver de
baixo-astral, aprenda a passar por ele como o que é, simplesmente: uma condição humana
inevitável que passará com o tempo, se a deixar sozinha e evitar dar-lhe muita atenção.
Com a compreensão dos estados de ânimo, podemos aprender a prezar nossos altos e ser dignos nos
baixos. Isso contrasta nitidamente com o que a maioria de nós faz quando está de baixo-astral -
tentamos pensar, imaginar ou forçar um jeito de sair dele. Mas a gente não pode forçar a saída do
baixo-astral, assim como não pode forçar-se a curtir quando fizer algo que não lhe agrada. Quanto
mais esforço (ou pensamento) você põe nisso, mais fundo mergulha.
Como a vida parece muito séria quando estamos de baixo-astral, ela carrega um senso de urgência
inerente. É por isso que a maioria das pessoas tem suas discussões mais sérias estando de baixo-
astral, e esse é um dos problemas centrais nos relacionamentos. O simples ato de reconhecermos
um estado mental de decaimento, em nós mesmos ou em outros, pode mudar o curso de um
relacionamento.
O mesmo comportamento de nossos filhos que é gracioso quando estamos de alto-astral, é irritante
quando estamos de baixo-astral. Mas uma vez que entendermos o princípio dos estados de ânimo,
não confundiremos nossos filhos quando estamos de baixo-astral, acusando-os injustamente - para
depois termos de gastar tempo e energia, quando estamos de alto-astral, desculpando-nos por nossas
palavras e atos. Isso se aplica também quando lidamos com outras pessoas, que não nossos filhos, e
em qualquer situação. Quando compreendermos o quanto nossos estados de ânimo influem sobre a
nossa perspectiva, não precisaremos mais reagir ou ser vítimas deles. As coisas acabarão nos
parecendo muito diferentes se as deixarmos como estão por enquanto.
SEUS ESTADOS DE ÂNIMO MUDAM, NÃO SUA VIDA
Um estado de alto-astral, sentimento positivo, funcionamento psicológico sadio - "esse certo
sentimento". Nesse estado mental, não é necessário fazer ajuste algum mental; você sente-se bem.
Mas o que dizer daquelas vezes em que você não se sente tão bem assim? A compreensão dos
estados de ânimo permite recuperar esse estado sadio rapidamente depois de tê-lo perdido. Quando
você entende que é seu ânimo
- não sua vida - o que mudou de repente, passa a ter uma perspectiva melhor. Essa nova
perspectiva ensina a gente a levar os pensamentos menos a sério quando não se sente bem
- a pensar mais devagar e desviar a atenção daquilo em que se está pensando. Você será mais
cortês e paciente com seus estados de ânimo, o que ajuda a retornar a um estado de funcionamento
sadio.
[21]
Você se lembra de Stacey e da babá que passava a noite no emprego? Como poderia afetar aquela
situação uma compreensão dos estados de ânimo? Se você observar atentamente, notará que toda
situação desse tipo tem a ver com o estado de ânimo. Quando Stacey cai num baixo-astral, como
qualquer outra pessoa, produz pensamentos negativos sobre a vida. Neste exemplo, ela estava
produzindo pensamentos negativos sobre seus pais, por causa da decisão deles de contratar uma
babá que passava a noite no emprego para tomar conta dela quando era criança. Se você
perguntasse a ela no dia anterior, quando estava com melhor astral (estado de sentimento positivo),
se estava ligando para essa velha questão, ela provavelmente teria rido. Talvez ela até dissesse:
"Pois é, essa é uma ótima idéia, talvez eu devesse tentar com o meu filho."
Não deixo de levar em conta o fato de que há vezes em que você chega às mesmas conclusões a
respeito de situações, independentemente do seu estado de ânimo. Mas o que você acha sobre
alguma coisa sempre dependerá do seu estado de ânimo. Stacey poderia achar, mesmo estando de
melhor astral, que contratar uma babá que passe a noite no emprego não é boa idéia para ela, mas
não seria tão prejudicialmente afetada por seus pensamentos.
É razoável todos termos ciência do nosso nível anímico, sobretudo quando estamos abatidos. Se
Stacey tivesse entendido que estava de baixo-astral, esperaria a reação que teve ante seus
pensamentos com relação à decisão de seus pais. Ela saberia que estava tendo uma reação de baixo-
astral e que seria melhor reconsiderar seus sentimentos quando se sentisse melhor.
Tudo parece diferente com diferentes estados de ânimo. Se compreendemos este princípio, a nossa
compaixão por nós mesmos e por outros aumenta radicalmente. Saberemos que às vezes nossos
parceiros ou amigos verão o lado luminoso, a oportunidade, numa situação, e outras vezes verão em
tudo um problema potencial ou real. Se você aprender a reconhecer os estados de ânimo de outras
pessoas, vai parar de julgá-las quando elas vêem o lado mais escuro da vida. Quando de baixo-
astral, nós todos vemos o lado mais escuro. Uma compreensão dos estados de ânimo permitirá que
você se recorde:
"É claro que eles vêem isso dessa maneira estando de baixo-astral." Sem uma tal compreensão,
você achará que outras pessoas são pessimistas, negativas ou sem visão. Você esquece que uma
hora atrás a mesma pessoa interpretou a mesmíssima circunstância de modo inteiramente diferente.
Quando começamos a reparar nos nossos próprios níveis de ânimo, de repente, o estado de ânimo
em si torna-se responsável, não importa o momento, pelo nosso ponto de vista quanto à vida. Num
estado mental mais elevado veremos a mesma situação de modo diferente. Isso não é renegar da
responsabilidade, mas um fato da vida que aplica-se a toda e qualquer situação em que já estivemos
(ou estaremos) envolvidos.
NÃO LEVE O BAIXO-ASTRAL MUITO A SÉRIO
Se não compreendermos o poder dos estados de ânimo, tenderemos a dar muita importância ao que
nosso parceiro (ou qualquer outra pessoa) nos diz. Assim que tivermos compreendido o princípio
dos estados de ânimo, veremos que esse é um contexto convidativo para os problemas. Quanto mais
tempo passamos com alguém, mais provável é que o vejamos nos seus momentos de baixo-astral.
Estando de baixo-astral, qualquer pessoa poderá nos dizer coisas que desejaríamos não tivesse dito.
Os problemas de relacionamento mais sérios afinal nada mais são que o resultado de dois parceiros
que adquiriram o hábito de levar os baixos-astrais do outro demasiadamente a sério. A
inevitabilidade do enfoque e o comportamento de nosso parceiro no momento de baixo-astral os
problemas que tínhamos certeza de ter há tanto tempo, parecem menos terríveis quando aprendemos
a prestar atenção cuidadosa e respeitosa ao nível anímico dos nossos parceiros, e os "deixamos em
paz" no baixo-astral. Com muita freqüência, deixar as pessoas sozinhas quando estão em estado de
abatimento mental é tudo o que elas precisam para saírem por si mesmas desse estado e
[22]
recuperarem o bom senso e um sentimento mais positivo. A última coisa que elas precisam ou
querem é alguém a questioná-las ou discutir com elas. Fazer isso reforçaria e aprofundaria o estado
de ânimo delas, encorajando mais situações parecidas. A maioria dos parceiros não dão um ao outro
o espaço que precisam quando estão de baixo-astral; pelo contrário, reagem como se o que o
parceiro está dizendo ficasse talhado em pedra. Mas não fica! Quando a pessoa sair do baixo-astral
a sua atitude será mais moderada e será mais fácil estar perto dela.
Quando você experimentar este princípio em ação ficará agradavelmente surpreso ao ver com que
rapidez e facilidade situações embaraçosas se resolvem por si mesmas. O segredo consiste em
entender que as palavras e ações do nosso parceiro, assim como as nossas, dependem do estado de
ânimo. Quando começarmos a ver a verdade contida neste princípio, não ficaremos a procurar
parceiros alternativos para substituir os que já temos. Em lugar disso perceberemos que qualquer
pessoa que conheçamos, em qualquer canto do mundo, vai ler uma porção de baixos-astrais. A
constante mudança de parceiro, achando que outro alguém seria melhor, perde seu apelo: não há
pessoa alguma que não passe por altos e baixos no estado de ânimo. Aprenda a apreciar e
compreender o parceiro que você já tem - e aprenda a curtir cada pessoa nova que conhecer.
Se bem podemos ser compassivos e compreensivos com os outros quando estão de baixo-astral, nos
nossos baixos-astrais necessitamos parar de dar ouvidos a nós mesmos. Apesar da urgência que
sentimos, nos nossos estados mais deprimidos nunca veremos as coisas em perspectiva. Se alguma
coisa parece importante neste instante, ainda estará ali quando nos sentirmos melhor e mais
preparados para lidar com ela. A via mais rápida para um melhor astral é não fazermos caso de
como nos sentimos quando estamos de baixo-astral. A quantidade e a qualidade do nosso
pensamento nos deixam abatidos. Quando aprendermos a desconsiderar pensamentos negativos,
nosso sentimento positivo voltará logo.
Não pretendo sugerir que só os altos-astrais são representativos da realidade, ou que nossos baixos-
astrais são imposturas. Tanto os altos quanto os baixos-astrais parecerão reais e justificados dentro
de si mesmos. Quando você está de baixo-astral, a forma de ver as coisas sempre parece razoável.
De fato, você não pode vê-las de outro modo. O truque não é ver a situação de maneira diferente,
mas reconhecer o estado mental em que você se encontra, e compreender que, quando estiver de
baixo-astral, gerará pensamentos negativos. A mesmíssima circunstância com a qual você está
envolvido hoje parecerá muito diferente amanhã, ou talvez até daqui a dez minutos. Se você puder
deixar de lado a preocupação, e espantar o baixo-astral, o seu nível de bem-estar subirá de novo.
Quando seus sentimentos forem mais importantes para você do que seu pensar, a qualidade desses
sentimentos melhorará.
NÃO TENTE RESOLVER SEUS PROBLEMAS ESTANDO DE BAIXO-ASTRAL
Quantas vezes você já se pegou a dizer: "Esse não parecia eu", ou "Não pode ter sido eu quem falou
- será que perdi a cabeça?" Há notícia boa e ruim quanto a essa tendência habitual. A notícia ruim é
que foi você quem falou, como já foi antes e sempre será quando perder a sua perspectiva no futuro.
A boa notícia é que se tratava apenas de você num baixo-astral; foi papo de baixo-astral. Se o seu
nível anímico fosse superior, suas circunstâncias teriam parecido completamente diferentes e você
teria se comportado de maneira diferente.
A boa notícia, no sentido prático, é que de agora em diante você pode reconhecer e identificar os
baixos-astrais quando estiver neles. Respeite o poder de um baixo-astral, a certeza com que você vê
o lado escuro e problemático de uma situação. Em virtude da natureza dos estados de ânimo, você
não verá as coisas de outro jeito enquanto estiver num deles. Mas você pode aprender a desconfiar
de si mesmo e dos pensamentos que gera quando acaba num baixo-astral. Se um problema genuíno
existir quando você estiver abatido, não se preocupe - o problema ainda estará aí quando seu estado
de ânimo melhorar. E quando isso acontecer, você estará mais bem preparado para lidar com ele.
[23]
Não faz sentido você pôr muita ênfase no que pensa enquanto está de baixo-astral -isso só vai
impedi-lo de alcançar um sentimento de contentamento.
RESOLVA SEUS PROBLEMAS ESTANDO DE ALTO-ASTRAL
Se você trata com uma pessoa a respeito de algum assunto enquanto ela está de baixo-astral, pode
ficar certo do resultado. A pessoa ficará na defensiva, incomodada e não receptiva. O mesmo
acontece conosco. Se tentarmos resolver um problema ou tomar uma decisão importante enquanto
nosso nível anímico está baixo, provavelmente nos decepcionaremos e nos arrependeremos do
nosso comportamento.
Quando nosso estado de ânimo está por baixo não temos acesso à nossa sabedoria. O aspecto
confuso desta parte do princípio que ora estudamos é que nos momentos de baixo-astral é que
vamos querer resolver os nossos problemas e enfrentar outras pessoas. A tentação sempre estará ali.
O baixo-astral provoca confusão e ressentimento. Ele encoraja-nos .a "querer chegar ao fundo da
questão", "dar uma certa Interpretação ao que outros estão dizendo", "moldar a nossa comunicação"
e "expressar nossos sentimentos". Mas os sentimentos que você tem quando está de baixo-astral não
são os seus verdadeiros sentimentos - são os sentimentos que você (e outros) sente nos momentos
de baixo-astral. Nessas condições você só vai experimentar sentimentos negativos; logo, não faz
nenhum sentido confiar nesses sentimentos ou agir de acordo com eles. A solução é esperar até o
ânimo se reerguer, e ele se reerguerá por si mesmo. Quanto menos atenção você der ao seu pensar
nos momentos de baixo-astral, mais depressa o ânimo se reerguerá. Então, e só então, seus
sentimentos mais sensatos virão à tona.
Portanto, mesmo quando você se sentir compelido a tomar alguma providência séria, perceberá qual
a maneira mais adequada. Se quiser discutir algo que o está incomodando, o momento certo para
fazê-lo é o de alto-astral. O princípio dos estados de ânimo não diz que seja evitado o confronto -
exceto quando você estiver abatido. O princípio fornece o meio mais fácil, hábil e produtivo de
abordar a vida.
Uma outra confusão quanto ao princípio dos estados de ânimo é que às vezes a gente pensa que tem
de enfrentar as pessoas enquanto está de baixo-astral. Se bem que isso aconteça algumas vezes, não
é tão freqüente quanto você pode pensar. Muitas vezes, uns poucos minutos afastado do problema
podem ser tudo o que você precisa para suavizar a situação. O estado de ânimo é causa fundamental
- não o efeito - da maioria dos desentendimentos e problemas. O estado de ânimo veio primeiro.
Num estado de ânimo mais favorável, o mesmo cenário teria parecido completamente diferente.
Naquelas raras ocasiões em que você tem mesmo de enfrentar alguém enquanto você (ou essa
pessoa) está de baixo-astral, a coisa mais importante da qual é preciso estar ciente é saber que você
está num baixo-astral, e que sua visão da situação é suspeita e limitada. Com este entendimento
você ganha perspectiva.
O acesso à saúde mental, como tudo o mais, fica mais fácil com a prática. Quanto mais você confiar
nesse agradável sentimento de felicidade, mais fácil será conservá-lo por mais tempo. Pratique a
atitude de ignorar seus baixos-astrais, em lugar de analisá-los, e veja quão rapidamente eles somem.
Os baixos-astrais são uma distorção do nosso pensar. Aceite-os como parte da vida, faça o que
puder para ignorá-los, e o funcionamento psicológico sadio irá prevalecer em sua vida.
[24]
TRÊS O PRINCÍPIO DAS REALIDADES SEPARADAS
Não vemos os fatos como eles são, vemo-los como nós somos.
- Anais Nin
SE VOCÊ JÁ VIAJOU a outros países, está a par das vastas diferenças entre culturas. Mesmo
aqueles que não viajaram provavelmente viram descrições na televisão, em filmes ou livros. O
princípio das realidades separadas diz que as diferenças entre indivíduos são tão vastas quanto as
existentes entre diferentes culturas. Assim como não pretenderíamos que pessoas de diferentes
culturas vissem ou fizessem as coisas como nós, o princípio das realidades separadas nos diz que as
diferenças individuais em nossos sistemas de pensamento também o impedem. Não é questão de se
tolerarem diferenças no comportamento, mas de se compreender concretamente que não pode ser
senão assim.
Nos dois capítulos prévios, tomamos conhecimento sobre (luas maneiras fundamentais de as
pessoas funcionarem psicologicamente, no pensamento e em estados de ânimo. Considerando-se
que todo ser humano funciona dessa maneira, é Impossível dois seres humanos, quer da mesma
cultura ou não, verem as coisas exatamente da mesma forma. Não há exceções a esta regra. Cada
sistema de pensamento é singular em si mesmo. Ele é formado através de um processo de
pensamento que depende do que se recebe. Nossos pais, nossos contextos, interpretações, nossa
recordação, percepção seletiva, circunstâncias, nosso nível anímico - muitos fatores desempenham
papéis na determinação do nosso sistema individual de pensamento. As combinações são infinitas, e
é impossível elas se reproduzirem entre indivíduos.
A compreensão deste princípio pode virtualmente eliminar disputas. Quando já esperamos ver as
coisas de modo diferente, quando damos por certo que os outros farão as coisas diferentemente, e
quando entendemos que outros reagirão diferentemente de nós ao mesmo estímulo, a compaixão
que temos para com nós mesmos e com outrem aumenta de forma notável. No momento em que
esperamos outra coisa, o potencial para conflito existe. Isso é verdade em pequena escala, entre
duas pessoas num relacionamento, ou em grande escala, tal como nos relacionamentos entre nações.
Podemos ver exemplos deste princípio em toda parte. Com a nossa atenção (pensamento) fora das
nossas expectativas, somos livres para experimentar a essência singular de cada pessoa, produzindo
um agradável sentimento em nós mesmos e maximizando o potencial dos nossos relacionamentos
com os outros.
É FÚTIL TENTAR FAZER OUTROS MUDAREM
Nos relacionamentos, os problemas se dão basicamente de duas formas. Ou pensamos que os outros
realmente vêem as coisas como nós as vemos - e portanto não conseguimos entender ou ficamos
contrariados pelas reações deles - ou acreditamos que os outros deveriam ver as coisas como nós as
vemos porque vemos a realidade como ela é realmente. Quando entendemos o princípio das
realidades separadas livramo-nos destes catalisadores de problemas de relacionamento. Os outros
não só não deveriam ver as coisas como nós as vemos, como de fato não podem vê-las assim. A
natureza dos sistemas de pensamento individuais faz com que seja impossível vermos qualquer
coisa como outra pessoa a vê -ou que outros vejam as coisas exatamente como nós as vemos. Esse
novo entendimento nos liberta de uma idéia falsa e devolve a alegria das nossas diferenças. Uma
coisa é dizer "a variedade é o sal da vida", e outra compreender e acreditar realmente nisso. O
truque de acreditar nisso é não se forçar a pensar assim, mas ver que, de uma perspectiva
psicológica, as diferenças entre pessoas e suas formas de encarar a vida fazem perfeito sentido.
[25]
Quando você compreende o fato das realidades separadas, não tem razão lógica alguma para
encarar pessoalmente o que outros dizem e fazem. As pessoas passam suas existências provando a
si mesmas que a sua versão pessoal da vida é válida, realista e correta. O aspecto autoconfirmativo
dos sistemas de pensamento apontará infinitos exemplos para provar que ele está certo. Quando
você entende esta idéia, vê a futilidade de se tentar fazer outras pessoas mudarem, ou até de discutir
com elas. Se você discute, a outra pessoa está geralmente tão certa de que está com a razão que
pode até usar fatos que dizem respeito a você para provar a posição dela, como no exemplo a
seguir.
Vejamos o caso do marido e da esposa casados há vinte anos - o marido considera as pessoas
geralmente críticas por natureza, e a esposa acha-as dispostas a lisonjear sempre que possível.
Durante anos, eles têm discutido essa questão em particular, o marido acenando com inúmeros
exemplos da Atitude crítica e agressiva das pessoas. Para quantos exemplos o marido apresenta, a
esposa tem igual número de exemplos visando provar a sua posição. Nenhum deles consegue
entender por que o outro é tão cego perante os "fatos". Um dia, os dois estão num restaurante e
ouvem por acaso um garçom falar para outro: "Você viu o chapéu da mulher da mesa dois?
Nossa!" A esposa vira imediatamente para o marido e diz: "Esta vendo? Eis outro exemplo de
pessoa que lisonjeia. Que bom! O que é preciso para você ver que na verdade as pessoas buscam
oportunidades para lisonjear? O marido, pasmo, olha para a esposa e diz: "Lisonjear, do que é que
você está falando? O homem estava rindo do chapéu da coitada mulher."
O mal-entendido engraçado fica claro no instante em que compreendemos a dinâmica do que
realmente está se passando. Tudo o que você precisa fazer é aceitar como um dado que cada um de
nós vê a vida a partir da sua própria realidade separada, sua própria interpretação da vida, seu
próprio sistema de referência. Nenhum de nós questiona a própria versão da realidade porque para
nós ela sempre parece verdadeira. Em toda parte para onde olhamos, vemos exemplos que nos
provam continuamente que estamos certos.
REALIDADES SEPARADAS SÃO UM FATO DA VIDA
A chave para se chegar a um entendimento com as realidades separadas e ver a beleza que existe
nelas é reparar na absoluta inocência do processo. Nós vemos o que vemos com base em nosso
condicionamento e em nossas crenças (nossos sistemas de pensamento). A sua mente interpretará
um conjunto de circunstâncias nos limites do contexto que ela já conhece ou acredita ser certo. Em
virtude de você ter um conhecimento singular e um conjunto singular de fatos do seu passado, a sua
interpretação de qualquer situação irá variar em função disso. É como se sua mente fosse um
complexo sistema de computação, e, como acontece com o computador, a interpretação da
informação depende do que foi previamente introduzido. Assim ocorre conosco. Nossas mentes
processam informação atual baseadas inteiramente em conhecimento prévio. Simplesmente não há
como evitar as realidades separadas, e se não aceitarmos e compreendermos este fato da vida, nos
frustraremos e talvez até destruamos nossas vidas. Havendo compreensão, este conhecimento pode
ser uma fonte de sabedoria, alegria e humor.
Compreender realidades separadas não quer dizer que você deva abrir mão de suas opiniões e
crenças mais profundas. Crenças e opiniões são neutras em si mesmas. Elas são um aspecto
interessante, enriquecedor e poderoso da vida. O elemento importante na felicidade, na saúde
mental e no contentamento pessoal é o seu relacionamento com essas crenças e opiniões. Você
acredita que o seu jeito de ver a vida representa a única realidade concreta e incontestável? Ou você
entende que suas atuais crenças e interpretações sobre a vida derivam do seu próprio sistema de
pensamento, e que se a informação contida nesse sistema de pensamento fosse diferente, suas
conclusões seriam diferentes? A idéia é não rotular determinadas crenças ou idéias como certas ou
erradas, mas simplesmente compreender como as idéias se originam, a ine-vitabilidade de ver as
coisas de maneira diferente de outras pessoas. Quando compreendemos o princípio das realidades
separadas, podemos continuar a manter qualquer crença ou opinião que tivermos - a diferença será
[26]
que nossas crenças pessoais, e as objeções que outras pessoas lhes fizerem, não serão uma fonte de
hostilidade ou sofrimento.
AS DEFESAS CAIRÃO E OS CORAÇÕES SE ABRIRÃO
A compreensão das realidades separadas aproxima-nos inegavelmente daqueles que conhecemos e
amamos. Ela ajuda-nos a compreender os outros, e também nos torna muito mais interessantes e
acessíveis. Quando entendemos verdadeiramente que nossas idéias a respeito da vida decorrem dos
nossos próprios sistemas de pensamento e não necessariamente representam a realidade, atraímos
outras pessoas.
E eis o porquê: nós todos temos interesse inalienável em Validar as nossas crenças. Mas os sistemas
de pensamento (os nossos ou os de outros) não gostam de ser ameaçados nem que se mexa com
eles. Quando você se aproxima de alguém, não no intuito de mudar suas crenças mas com genuíno
interesse e respeito por seu ponto de vista sobre a vida, as defesas caem e abrem-se os corações. As
pessoas que aceitam sinceramente o fato das realidades separadas têm relacionamentos mais
satisfatórios do que jamais sonharam. Com freqüência, você desenvolve relacionamentos com
pessoas das quais chegou a pensar que não poderia gostar. Em vez de se sentir frustrado e zangado
por causa das diferenças individuais de alguém, você começa a ver essa pessoa sob uma nova luz,
uma inocência não só nela - mas em você mesmo. O resultado é um abrandamento das crenças de
ambas as pessoas, um novo apreço mútuo e um sentimento agradável e positivo.
O princípio das realidades separadas pode ser representado por um continuum:
Intolerância..........Tolerância..............Compreensão
O extremo esquerdo da escala é onde a maioria das pessoas acredita que os relacionamentos
desenvolvem problemas. E elas têm razão. Ao nos deslocarmos em direção à tolerância, os
problemas são tratados, mas dificilmente resolvidos. Ainda que a tolerância seja certamente mais
desejável que a intolerância, ela representa uma pequena fração do que você precisa percorrer nessa
escala se quiser relacionamentos felizes e satisfatórios. A tolerância de outras pessoas e o jeito de
elas estarem no mundo sugerem uma sutil forma de superioridade no nosso entender ou do nosso
ponto de vista. Com base no que você conhece agora sobre sistemas de pensamento e realidades
separadas, sabe que suas idéias pessoais sobre a vida e como ela deveria ser vivida não podem ser
superiores às de ninguém. A informação contida no seu sistema de pensamento é tão arbitrária
como a do próximo. As suas idéias, crenças, opiniões e reações perante a vida são produto e função
da informação e do estímulo que você absorveu, e isso é igualmente certo no caso de pessoas que
vêem a vida de modo diametralmente diferente do seu. Se você não entender isso, as diferenças
entre pessoas podem virar uma grande fonte de frustração. Se você entender as realidades
separadas, essas mesmas diferenças individuais tornam-se uma fonte de interesse, crescimento e
inspiração.
CRESCIMENTO E COMPROMISSO TORNAM-SE POSSÍVEIS
Especialmente quando as diferenças parecem insuperáveis, a compreensão das realidades separadas
tem aplicações muitíssimo práticas. Se nos aproximamos de alguém de forma compreensiva,
abrimos a porta para o crescimento. Quando não visualizamos outras posturas como inferiores ou
erradas, aceitamos nova informação sem que o nosso velho sistema de pensamento a desmereça.
Sem esta compreensão, o nosso sistema de pensamento domina e nos impede de escutar
sinceramente. Escute sem julgar, e a pessoa com quem você está perceberá seu respeito à postura
dela e a sua disposição em ouvir. O resultado é maior compreensão e moderação de ambas as partes
- a essência do compromisso ou da colaboração, revelando o melhor de nós mesmos e dos outros.
[27]
Voltemos, mais uma vez, às reflexões de Stacey sobre a decisão de seus pais de contratarem uma
babá que passava a noite no emprego para tomar conta dela quando era pequena. Se Stacey não
compreende as realidades separadas, não surpreende que ficasse contrariada ante tal decisão. Afinal,
era muito diferente das suas próprias crenças quanto ao papel dos pais! Como ela acreditava
veementemente nos seus próprios pensamentos, tendia a ficar remoendo-os, causando-se ainda mais
aflição. Quando Stacey refletiu pela primeira vez sobre a decisão de seus pais, o fez sem uma
compreensão ou consideração das realidades separadas. Ela não teve condições de entender por que
seus pais teriam tomado uma atitude como aquela. Além disso, ela ficava igualmente aborrecida por
causa de outras decisões e opiniões que não condiziam com seus próprios pontos de vista.
A compreensão das realidades separadas teria permitido a Stacey dar-se ao luxo de refletir sem
irritar-se ou julgar. Ela saberia que seus pais tomaram as decisões que tomaram baseados no que
achavam certo naquele momento - nem mais, nem menos. Então Stacey não teria rotulado a sua
reação como correta e a decisão de seus pais como errada, mas reconhecido nelas simplesmente
decisões diferentes, baseadas em diferentes sistemas de pensamento. O relacionamento de Stacey
com seus pais teria sido cheio de respeito mútuo e amor, em lugar de dúvidas e acusações.
A falta de compreensão do princípio das realidades separadas pode resultar em constante conflito e
frustração. A solução é adquirir uma adequada compreensão deste conceito, e ter a humildade de
admitir que nem sempre se pode entrar nas mentes de outras pessoas. Não importa quão facilmente
você encare algo, ou quão obviamente certa lhe pareça uma situação, uma outra pessoa poderá
avaliá-la de modo diferente e ter a mesma certeza dessa postura.
QUATRO O PRINCÍPIO DOS SENTIMENTOS
Você está a apenas um pensamento do bom sentimento.
- Sheila Krystal
VOCÊ TEM À SUA DISPOSIÇÃO um sistema de orientação infalível para navegar pela vida. Este
sistema, que consiste exclusivamente em seus sentimentos, permite-lhe saber quando está no rumo
errado e avança em direção à infelicidade e ao conflito, afastando-se do funcionamento psicológico
sadio. Seus sentimentos agem como um barômetro, fazendo-lhe saber como está o tempo dentro de
você.
Nós reconhecemos a poderosa ligação entre nosso pensamento e nossa experiência de vida. Quando
pensamos, imediatamente sentimos os efeitos de nossos pensamentos. Isso acontece num instante e,
para a maioria de nós, sem percebermos que está a acontecer.
Nós pensamos de uma das duas maneiras: ou como é habitual, através do nosso sistema individual
de pensamento, ou através do que se chama "estado mental natural" - funcionamento psicológico
sadio. Já comentamos os efeitos do pensar através do sistema de pensamento. Neste capítulo, você
verá que conta com outra alternativa muito concreta.
O quarto princípio afirma que nossos sentimentos nos dizem, com completa precisão, quando o
nosso pensar sofre uma disfunção. Quando não temos consciência de estarmos pensando, nossos
pensamentos são gerados mediante o sistema de pensamento, em vez de mediante o funcionamento
sadio. Não fosse por nossos sentimentos, jamais saberíamos quando caímos na armadilha dos
[28]
nossos sistemas de pensamento ou quando estivemos de baixo-astral. Ficaríamos convencidos de
que estávamos a encarar a vida realisticamente, mesmo nos nossos estados mentais de maior
abatimento.
Quando não caímos na armadilha dos sistemas de pensamento, nossos sentimentos se mantêm
positivos. Temos um sentimento de contentamento e uma sensação de alegria no que quer que
estejamos fazendo. Não parece haver um fundamento lógico para o sentimento positivo; nós
sentimo-nos bem, só isso. Experimentamos os sentimentos humanos mais profundos, mais
genéricos, gerados a partir de um estado mental natural: contentamento, amor e gratidão. Trata-se
de um estado no qual vemos a vida claramente. Nossa atenção e nossa concentração são moderadas
- nossas mentes estão desanuviadas. Podemos fazer qualquer coisa nesse estado mental (inclusive
coisas desagradáveis) porque nossas mentes não estão atulhadas de pensamentos do passado, do
futuro, ou juízos sobre o que estamos fazendo. Lidamos com o que quer, ou quem quer, que
tivermos pela frente. Esse é o estado mental a partir do qual evoluem idéias novas e criativas, e no
qual as soluções aos problemas parecem óbvias. Todos temos acesso a esse estado mental, e quando
estamos nele não é preciso fazer nenhum ajuste mental - tudo flui naturalmente.
Quando a nossa experiência de vida deixa de ser agradável, nosso sistema de alerta de sentimentos
esperneia e como uma bandeira vermelha nos lembra que estamos fora do rumo. Voltamos a pensar
através do nosso sistema de pensamento. Estamos tendo uma disfunção no modo de pensar e está na
hora de fazermos um ajuste mental. Nossos sentimentos estão para a nossa saúde mental como as
luzes de advertência do painel estão para nossos carros. Ambos nos informam que está na hora de
moderar. No carro, nós moderamos a pressão no acelerador. É hora de parar no acostamento.
Assim também, quando nos sentimos descontentes, necessitamos clarear nossas cabeças e parar
com o que estamos pensando - com isso voltamos a um sentimento positivo. Abandone
temporariamente o pensamento que está a surgir de um sistema de referência distorcido e habitual.
Lembre-se, desconsiderar ou deixar de ouvir pensamentos perturbadores não significa fazer de
conta que essas coisas não nos incomodam nem necessitam de melhoria. Porém, a boa solução ou
novas idéias nunca resultarão de uma disfunção do pensamento - mas somente de um estado de
sentimento positivo cm que a vida parece fácil. Necessitamos começar a descrer da validade do
nosso sistema de pensamento em se tratando de manter e ter acesso à nossa própria saúde mental.
Decida ele uma vez por todas que não vale a pena defender nem alimentar sentimentos negativos.
O único valor dos sentimentos negativos é permitir que saibamos que estamos vendo a vida
distorcidamente. Esta idéia é vigorosamente contestada no atual pensamento psicológico. Muitos, se
não a maioria dos psicólogos de hoje, compartilham a crença segundo a qual tornar-se mais
consciente de seus sentimentos (sejam quais forem), e depois expressá-los, representa maturidade
emocional. Nada poderia ia estar mais longe da verdade. Se o estado de ânimo é a fonte da
experiência, não o efeito, quando você estiver de baixo-astral, ou sentindo-se mal, gerará
pensamentos negativos cem por cento do tempo. Se você se sente mal e um psicólogo (ou quem
quer que seja) pergunta: "Como está se sentindo?", ele ou ela está, de fato, pedindo-lhe que explique
como vê a vida quando está de baixo-astral. Quando seu estado de ânimo melhorar, você terá uma
descrição drasticamente diferente dos mesmos acontecimentos. O baixo-astral não tem valor algum,
a não ser o de lembrar-lhe que você está pensando disfuncionalmente e não deveria confiar ou dar
ouvidos seriamente a si mesmo no momento presente.
DESCONFIE DE SEUS SENTIMENTOS QUANDO ESTIVER DE BAIXO-ASTRAL
Lembre, quando estamos de baixo-astral sempre somos capazes de apontar razões por que nos
sentirmos como nos sentimos e ficaremos tentados a confiar nos nossos pensamentos. Mas nossos
pensamentos no baixo-astral estarão distorcidos e, como seus sentimentos são um resultado direto
do seu pensar, também eles estarão distorcidos. Sentimentos desagradáveis são um sinal acurado
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  • 1. [1] Você Pode Ser Feliz Apoio Clube do E-book http://clubedoebook.spaces.live.com/ http://clubedoebook.blogspot.com/ "As pessoas são quase tão felizes quanto resolvem ser." Abraham Lincoln “Vocês acharão muito útil o novo enfoque do Dr. Carlson: fundamentado, sensível e pleno de orientação consoladora." Dr. Wayne Dyer "Você pode ser feliz interessa àqueles que não querem mais ficar enredados em maneiras ultrapassadas de pensar. O autor nos fala com simplicidade sobre o modo mais adequado para sairmos do desequilíbrio e empreendermos uma vida com mais alegria." Marsha Sinetar Especializado em administração de estresse e em comportamento humano. Richard Carlson mostraQUEa felicidade não depende de circunstâncias externas: não depende da solução de problemas: nem da melhoria de nossos relacionamentos e muito menos da obtenção • de sucesso. Para Carlson. o contentamento, o estado de felicidade, "nada tem a ver com forças fora do nosso controle - e Que. na verdade, contentamento é o nosso estado natural". Podemos ser felizes agora por meio da compreensão de cinco princípios: Pensamento, Estados de Ânimo. Realidades Separadas, Sentimentos e Momento Presente. Princípios nunca antes
  • 2. [2] aplicados pelo seu terapeuta - garante o autor -. eQUE possibilitarão a descoberta de um novo jeito de viver, sem reprimir as emoções naturais, nem deixar que sentimentos e pensamentos nos dominem. Aos meus belos filhos- Que vocês sejam sempre felizes aconteça o que acontecer. AGRADECIMENTOS GOSTARIA DE AGRADECER às seguintes pessoas: Patti Breitman, por ter sido capaz de captar o que eu estava tentando dizer antes mesmo de terminar de dizê-lo; Kristine Carlson, pelo seu estímulo amoroso; Sheila Krystal, por ser uma sócia e amiga tão maravilhosa; Carol LaRusso, pelo trabalho de edição tão adorável e por dedicar o tempo necessário para aprender esta abordagem; George e Linda Pransky, por serem maravilhosos professores; e Barbara e Don Carlson por aprenderem o belo dom da felicidade - e o compartilharem com outros.
  • 3. [3] Clique CRTL + Seleção para ir direto para a Página Sumário PREFÁCIO .............................................................................................................................................................................4 INTRODUÇÃO..................................................................................................................................................................5 PARTE I – OS PRINCÍPIOS ................................................................................................................................................8 UM O PRINCÍPIO DO PENSAMENTO.......................................................................................................................... 8 DOIS O PRINCÍPIO DOS ESTADOS DE ÂNIMO .........................................................................................................19 TRÊS O PRINCÍPIO DAS REALIDADES SEPARADAS ....................................................................................................24 QUATRO O PRINCÍPIO DOS SENTIMENTOS .............................................................................................................27 CINCO O PRINCÍPIO DO MOMENTO PRESENTE........................................................................................................31 UMA BREVE REVISÃO DOS PRINCÍPIOS.................................................................................................................36 PARTE II APLICANDO OS PRINCÍPIOS............................................................................................................................ 36 SEIS RELACIONAMENTOS........................................................................................................................................36 SETE ESTRESSE ......................................................................................................................................................... 45 OITO RESOLVENDO PROBLEMAS ............................................................................................................................. 51 NOVE FELICIDADE ....................................................................................................................................................57 DEZ HÁBITOS E VÍCIOS .............................................................................................................................................61 ONZE UMA LISTA PARA CHECAR SUA VIDA..............................................................................................................63 O AUTOR...................................................................................................................................................................66
  • 4. [4] PREFÁCIO Dr. Wayne Dyer MUITAS PESSOAS ACREDITAM ERRONEAMENTE que as circunstâncias fazem a pessoa. Não fazem. Elas, isto sim, a revelam. Nossas circunstâncias não nos definem; elas representam o nosso currículo singular - nossas provas, desafios e oportunidades de crescimento pessoal, aceitação e isenção. O nosso sucesso como seres humanos não depende do que acumulamos, possuímos ou realizamos. Não depende dos detalhes da nossa situação, mas de como lidamos com o que temos e de como fazemos face aos nossos desafios, de como transformamos o nosso currículo singular em cresci- mento e em uma vida cheia de amor. Temos a capacidade de manifestar nosso próprio destino, de criar "Verdadeira Magia" em nossas vidas, de fazer delas uma expressão de divindade, de tirar o ego de nossas consciências, e de tornar o amor a nossa primeira prioridade. Para fazermos essas coisas, entretanto, é essencial criarmos um equilíbrio interior, um senso de harmonia e equanimidade dentro de nós. A felicidade não é o fim da estrada; é o princípio. O contentamento enriquece nossa vida espiritual. Os princípios contidos neste livro funcionam para você como instrumentos de navegação que o ajudam a achar contentamento na vida. Eles são como um conjunto de instruções de uso que
  • 5. [5] orientam-no para dentro de si mesmo, onde mora a paz. Eles podem ajudá-lo a manter-se centrado e calmo. Ao ficar mais feliz, você entra numa nova dimensão da vida que planta sementes para o ulterior crescimento espiritual. Sem a constante luta e distração do estresse, da ira, de circunstâncias e desejos, sua vida se desdobrará com maior harmonia. Neste livro extraordinário, Dr. Carlson explica que a vida não é nossa inimiga, mas o pensamento pode sê-lo. Ele recordanos que nossas mentes são ferramentas muito poderosas que podem trabalhar a favor ou contra nós em qualquer momento. Nós temos escolha. Podemos aprender a fluir com a vida, com aceitação amorosa e paciente, ou podemos lutar contra ela. Tenho dito muitas vezes que somos seres espirituais que estão tendo uma experiência humana. Somos capazes de fazer com que esta experiência humana seja a melhor possível. Temos, dentro de nós, os recursos para viver uma vida feliz e satisfeita a despeito dos desafios que enfrentamos. Leiam este livro e reflitam sobre a sua mensagem. Vocês verão que, apesar das experiências externas, isto é verdade: Vocês podem ser felizes! Deus os abençoe. INTRODUÇÃO F ELICIDADE! É algo que todos queremos mas poucos chegam a conseguir. Ela se caracteriza por sentimentos de gratidão, paz interior, satisfação e afeto por nós mesmos e por outros. O nosso estado mental mais natural é o de contentamento e alegria. As barreiras ou obstruções que nos impedem de experimentar esses sentimentos positivos são processos negativos aprendidos que nós acabamos aceitando inocentemente como "necessários" ou porque "a vida é assim". Quando revelamos estes sentimentos positivos inerentes, e removemos as obstruções que nos afastam deles, o resultado é uma experiência de vida mais bela e cheia de significação. Esses sentimentos positivos não são emoções fugazes que vêm e vão ao sabor da mudança de circunstâncias, eles permeiam nossas vidas e tornam-se parte de nós. A descoberta desse estado mental nos permite ser mais despreocupados, à vontade, quer nossas circunstâncias justifiquem ou não essa perspectiva positiva. Nesse estado mais aprazível, a vida parece menos complicada e nossos problemas são mitigados. A razão: quando nos sentimos melhor temos mais acesso à nossa própria sabedoria e ao nosso bom senso. Tendemos a reagir menos, estar menos na defensiva e ser menos críticos; tomamos melhores decisões e comunicamo-nos mais eficazmente. A melhor maneira de você revelar esses sentimentos positivos profundos dentro de si mesmo é começar a entender a fonte da qual eles provêm. Há cinco princípios do funcionamento psicológico que operam como guias, ou navegadores, e hão de ajudá-lo a recuperar o seu estado de serenidade natural. Eu chamo esse estado natural de "funcionamento psicológico sadio" ou, simplesmente, "uma sensação agradável". Você aprenderá a detectar e proteger-se de bloqueios psicológicos que o privaram desses sentimentos positivos - esses pensamentos inseguros que você aprendeu a levar tão a sério.
  • 6. [6] Os quatro primeiros princípios deste livro baseiam-se numa série de princípios psicológicos originalmente estabelecidos pelos Drs. Rick Suarez e Roger C. Mills. ∗ ∗ Rick Suarez, Roger C. Mills e Darlene Stewart. Sanity, Insanity, and Common Sense: The Groundbreaking New Approach to Happiness (Nova York: Fawcett, Columbine, 1987). Eles mostram de que forma você pode ter acesso a esse sentimento de felicidade quando quiser. Esses princípios, quando compreendidos, permitem-lhe sentir-se feliz e contente a despeito dos problemas que você enfrentar - permitem mesmo! Eu, na minha função de consultor que ensina esses princípios na sua prática profissional, vejo continuamente pessoas transformarem suas vidas dando-lhes um sentido mais positivo apesar dos difíceis desafios com que se defrontam. Quando você se sentir genuinamente contente com sua vida, terá condições de resolver qualquer problema com mais facilidade e eficiên- cia do que achava possível. Os cinco princípios que apresentarei em breve representam um profundo avanço na compreensão do nosso funcionamento psicológico humano. Eles princípios notavelmente simples, embora poderosos, que explicam como a mente funciona, e podem ser usados por todos os seres humanos onde quer que vivam - eles transpõem todas as barreiras culturais. Os princípios são descritos em detalhe a partir do Capítulo Um, mas vou resumi-los bre- vemente aqui: Pensamento. Nossa capacidade de pensar cria nossa experiência psicológica de vida, e o pensamento é uma função voluntária. Estados de ânimo. Nossa compreensão de que o pensamento é uma função voluntária varia de um momento a outro e de um dia para o outro; essas variações são chamadas estados de ânimo. Realidades separadas. Como todos pensamos de maneira singular e única, cada um de nós vive numa realidade psicológica separada. Sentimentos. Nossos sentimentos e emoções servem como mecanismo incorporado de bio- alimentação que nos permite saber como estamos nos saindo de um ponto de vista psicológico. O momento presente. Aprendendo a centrar nossa atenção no momento atual, prestando atenção aos nossos sentimentos, conseguimos viver com o máximo de eficiência e sem a distração do pensamento negativo. O momento atual é onde achamos felicidade e paz interior. Ao aprender como sua mente opera e funciona, você ganha acesso à felicidade - um sentimento magnífico - que lhe permite desfrutar livremente da sua vida e dos seus rela cionamentos. A maioria das abordagens da felicidade recomenda fazer ou mudar alguma coisa na vida. Mas a experiência nos mostra que, quando muito, isso é uma cura temporária. A mentalidade que nos diz que para sermos felizes devemos fazer algo de modo diferente não desaparece quando a mudança já ocorreu. Ela começa então tudo de novo, procurando falhas e condições que devem ser preenchidas e corrigidas antes de que possamos sentir-nos felizes. Quando você compreende os cinco princípios do funcionamento psicológico sadio, pode reverter essa dinâmica e sentir-se feliz agora mesmo, mesmo se você e sua vida não forem perfeitos! Uma vez que você sinta-se contente, e não mais distraído pelo seu falso negativismo, o melhor acesso à sua verdadeira sabedoria e ao seu bom senso há de permitir-lhe ver soluções e alternativas que têm estado sepultadas sob pesadas preocupações e buliçoso diálogo interior.
  • 7. [7] O contentamento é o alicerce que conduz a uma vida satisfatória. Ele traz consigo bons relacionamentos, satisfação no trabalho, habilidades paternais ou maternais (no caso daqueles que são pais) e a sabedoria e o bom senso necessários para levar a vida airosamente. Sem contentamento, a vida pode parecer um campo de batalha no qual estamos ocupados demais debatendo-nos com problemas para podermos desfrutar da beleza da própria vida. Consumidos por preocupações, na esperança de algum dia as coisas melhorarem, protelamos a satisfação enquanto a vida escapole. Sentindo-nos felizes, podemos desfrutar da vida plenamente - agora mesmo. Obviamente, você tem problemas muito "reais" e importantes, mas desde que aprenda a estar satisfeito, eles não o impedirão de curtir a vida. Um sentimento de contentamento traz consigo desfrute infantil - um jeito despreocupado de estar no mundo que abre um canal de apreciação das coisas simples, para sentir-se grato pelo esplêndido dom da vida em si. Essa nova compreensão pode aplicar-se a todos os desafios da vida. Você não aprenderá técnica alguma sofisticada nem "mecanismos de enfrentamento" para lidar com cada problema específico; você aprenderá simplesmente a viver num estado mental de maior contentamento: um estado de amor. O que este conhecimento tem de mais belo - uma vez que você compreende o funcionamento psicológico sadio - é que ele perdura. Não que você nunca mais vá perder contato com o sentimento de amor - vai sim -, mas quando isso acontecer, entenderá como perdeu o rumo, e saberá exatamente como reorientar-se em uma direção melhor. A CHAVE DA FELICIDADE: SUA MENTE Sua mente atende às suas necessidades basicamente de duas formas. Ela é um cofre que armazena informação e experiência anterior, e é também um transmissor de sabedoria e bom senso. A parte do cérebro que faz as vezes de cofre de armazenamento, ou "computador", é usada para analisar, comparar, relacionar fatos, e fazer cômputos. O valor deste componente é claro: sem ele, nós não poderíamos sobreviver. A outra parte do cérebro, o "transmissor" a que todos nós temos acesso, é aquela que lida com assuntos do coração - onde a informação do computador é insuficiente. É a nossa mente transmissora, e não a mente computadora, a fonte do nosso contentamento, de alegria e sabedoria. Parte do processo para viabilizar o acesso a esta outra parte de nós mesmos consiste em reconhecermos quão necessária e prática ela é. Seria muito inadequado usar um computador para se resolver um problema do casamento ou da carreira, ou para decidir como falar com seu filho adolescente sobre drogas ou, com a criança que começa andar, sobre disciplina. A maioria das pessoas não usaria um computador para esses problemas pessoais e que tocam profundamente o coração; eles requerem suavidade e sabedoria. A menos que compreendamos e valorizemos a parte "transmissora" de nós mesmos (funcionamento psicológico sadio), não teremos alternativa senão a de apelar para o "computador" para lidar com nossos assuntos pessoais. As novas respostas não derivam do que você já sabe na parte do seu cérebro semelhante a um computador, Elas derivam de uma mudança do coração, de você ver a vida diferentemente, da parte desconhecida e mais silenciosa de si mesmo. Ilustremos este tema com a história conhecida do sujeito que perdeu suas chaves. Ele pensa e pensa (pensamento de computador) onde elas poderiam estar, mas não adianta. Simplesmente, ele não consegue lembrar. Então, bem no momento em que ele desistiu de pensar para olhar pela janela, a resposta surge de repente na sua cabeça e ele lembra exatamente onde deixou as chaves. A resposta veio quando ele espaireceu sua cabeça, e não do excessivo pensamento que não permitiria que ela viesse à tona. Todos já tivemos experiências similares mas poucos temos aprendido a valiosa lição de "não saber" a fim de saber. Em vez disso, continuamos a pensar que a resposta vem quando passarmos a usar o nosso "computador".
  • 8. [8] Você pode aprender a ter acesso e confiar neste funcionamento psicológico sadio - a parte silenciosa da mente que é fonte de sentimentos positivos inerentes, a parte sábia de você, que sabe as respostas. E quando ela não sabe, ela sabe que não sabe. Você pode aprender a diferença entre pensamento de computador e pensamento criativo - quando cabe confiar no seu computador, e quando é conveniente recuar e serenar-se. O objetivo deste livro é ajudá-lo a experimentar esse estado mental mais agradável (contentamento) com mais freqüência na sua vida. Quando as pessoas aprendem a viver nesse sereno estado mental, descobrem que felicidade e contentamento independem, na realidade, das circunstâncias. Não que as coisas não devam dar "certo" - sem dúvida é melhor assim -, mas nem sempre elas têm de dar certo antes para que possamos ser felizes. Nem sempre temos poder sobre outras pessoas e/ou acontecimentos, mas temos sim enorme poder para sentirmo-nos felizes e satisfeitos com nossas vidas. Um ótimo subproduto do sentir-se feliz "sem razão alguma" é que os detalhes problemáticos começam a resolver-se por si mesmos. Nós realmente pensamos melhor, de maneira mais clara e mais inteligente quando nossas mentes não estão repletas de confusas preocupações. Nossas mentes podem trabalhar para nós ou contra nós não importa em que momento. Podemos aprender a aceitar as leis psicológicas naturais que nos regem, e a conviver com elas, compreendendo como fluir com a vida em vez de lutar contra ela. Podemos regressar ao nosso estado natural de contentamento. Os cinco princípios ensinarão você a viver num estado de sentimento positivo a maior parte do tempo. Use-os como um instrumento de navegação para guiar-se pela vida e nortear-se em direção à felicidade. - Richard Carlson Walnut Creek, Califórnia PARTE I – OS PRINCÍPIOS UM O PRINCÍPIO DO PENSAMENTO Tudo o que realizas e tudo o que não consegues realizar é o resultado direto dos teus próprios pensamentos. - James Allen SERES HUMANOS SÃO CRIATURAS PENSANTES. A todo momento, todos os dias, nossas mentes trabalham para compreender o que vemos e experimentamos. Embora isso possa parecer óbvio, é um dos princípios menos compreendidos em nossa constituição psicológica. No entanto, a compreensão da natureza do pensamento é a base de uma vida plenamente funcional e feliz. Pensar é uma capacidade - uma função da consciência humana. Ninguém sabe exatamente qual a origem do pensamento, mas pode-se dizer que ele provém do mesmo lugar de onde também provém o que faz nossos corações baterem, seja o que for - provém do fato de estarmos vivos. Como se verifica com relação a outras funções humanas, o pensamento ocorre queiramos ou não. Nesse sentido, o "pensamento" é um elemento impessoal da nossa existência. O RELACIONAMENTO ENTRE PENSAMENTO E SENTIMENTO
  • 9. [9] Todo sentimento negativo (e positivo) é um resultado direto do pensamento. É impossível sentir ciúme sem antes ter pensamentos de ciúme, sentir-se irado sem ter pensamentos irados, E é impossível estar deprimido sem ter pensamentos depressivos. Isso parece óbvio, mas se fosse mais bem compreendido todos seríamos mais felizes e viveríamos num mundo mais feliz! Praticamente todos os pacientes com os quais trabalhei ao longo dos anos começaram suas sessões deste jeito: Paciente: "Hoje sinto-me muito deprimido." Richard: "Você reconheceu que tem tido pensamentos depressivos?" Paciente: "Eu não tive pensamentos negativos ou depressivos; apenas sinto-me deprimido." Eu levei algum tempo até identificar o problema em nossa comunicação. Todos temos sido ensinados que "pensar" significa sentar-se para "ponderar", dedicar tempo e esforço, como se estivéssemos resolvendo um problema de matemática. Segundo esta idéia de pensamento, uma pessoa que não cogitaria passar seis horas obcecada quanto a um só pensamento irado poderia, entretanto, achar bastante "normal" pensar em quinze ou vinte pensamentos irados durante trinta segundos por vez. "Pensar em algo" pode acontecer no curso de vários dias ou num segundo fugaz. Tendemos a menosprezar o segundo caso como se não tivesse importância, supondo que não nos recusemos a reconhecê-lo, sem mais nem menos. Mas a coisa não é bem assim. Os sentimentos seguem e respondem a um pensamento, o que independe do tempo que o pensamento durar. Por exemplo, se você pensa, mesmo que de passagem, "Meu irmão recebeu mais atenção que eu - eu nunca gostei mesmo dele", o fato de você agora sentir-se ressentido com seu irmão não é mera coincidência. Se você tem o pensamento "Meu chefe não me aprecia - eu nunca tenho o reconhecimento que mereço", o fato de você agora sentir-se desgostoso quanto ao seu emprego surgiu assim que esse pensamento lhe veio à mente. Tudo se passa num instante. O tempo que você leva até sentir os efeitos do seu pensamento é o mesmo que transcorre até você ver a luz depois de virar o interruptor. Os efeitos prejudiciais do pensamento surgem quando esquecemos que "pensamento" é uma função da nossa consciência - uma capacidade que nós temos, como seres humanos que somos. Produzimos nosso próprio pensamento. O pensamento não é algo que nos acontece, mas algo que nós fazemos. Ele vem de dentro de nós, não de fora. O que pensamos determina o que vemos - mesmo que com freqüência pareça ser bem ao contrário. Consideremos o caso de um atleta profissional que "deixa um furo com seu time" ao cometer um erro essencial no último jogo do campeonato antes de aposentar-se. Durante anos, depois de parar de jogar, ele repisa seu erro por um momento de vez em quando. Quando perguntam-lhe "Por que você está deprimido boa parte do tempo?", ele responde dizendo: "Eu fui bobo mesmo ao cometer um erro como aquele. Como você quer que eu me sinta?" Esta pessoa não se vê como quem pensa seus próprios pensamentos, nem vê no seu pensamento a causa do seu sofrimento. Se você sugerisse que o pensamento era o que estava a lhe causar a depressão, ele diria, com total sinceridade: "Não é, não. A razão de estar deprimido é que eu cometi o erro, não que estou pensando nele. Aliás, eu já raramente penso nele. Simplesmente estou perturbado diante dos fatos." Poderíamos substituir o erro do nosso ex-atleta por qualquer exemplo: um relacionamento passado, um outro atual que está "indo por água abaixo", um deslize financeiro, palavras ríspidas que dissemos para magoar alguém, críticas dirigidas a nós mesmos, o fato de nossos pais não serem perfeitos, de termos escolhido a carreira ou o companheiro errado, ou seja o que for - tanto faz. É o nosso pensar, não as nossas circunstâncias, o que determina como nos sentimos. Esquecemos. de
  • 10. [10] um momento para outro, que somos responsáveis por nosso pensamento, que somos nós que estamos pensando, de modo que muitas vezes parece como se as nossas circunstâncias estivessem ditando nossos sentimentos e nossa experiência de vida. Conseqüentemente, parece fazer sentido pormos a culpa de nossa infelicidade nas circunstâncias que enfrentamos, o que faz com que nos sintamos impotentes quanto a nossas vidas. SOMOS OS PENSADORES DOS NOSSOS PENSAMENTOS Diferentemente de outras funções e capacidades que possuímos na condição de seres humanos, é difícil lembrar que somos os pensadores dos nossos próprios pensamentos. É fácil lembrar que nossas vozes são o produto da nossa capacidade de falar. Seria praticamente impossível nos surpreendermos ante a nossa função da fala porque estamos muito cientes de sermos nós os que criamos o barulho. Poderíamos gritar, berrar, declamar e esbravejar, mas ainda assim não teríamos medo do som de nossa própria voz. O mesmo poderia ser dito sobre a capacidade de ingerir e digerir alimento. Você não comeria algo para depois ficar perguntando-se por que está com certo gosto na boca - você sempre está ciente de ser quem pôs a comida na sua boca. Mas pensar é diferente. William James, o pai da psicologia norte-americana, disse uma vez: "O pensamento é o grande originador da nossa experiência." Toda a experiência e percepção na vida têm por base o pensamento. Desde que o pensamento precede a tudo e ocorre tão automaticamente, ele é mais básico e "familiar" que qualquer outra das funções que possuímos. Temos aprendido ingenuamente a interpretar nossos pensamentos como se fossem "realidade", mas o pensamento nada mais é que uma capacidade que temos - somos nós os que produzimos esses pensamentos. É fácil acreditar que, uma vez que pensamos em alguma coisa, o objeto do nosso pensamento (o conteúdo) representa a realidade. Quando nos damos conta de que o pensar é uma capacidade e não exatamente uma realidade, podemos rejeitar quaisquer pensamentos negativos que passarem por nossas mentes. Em fazendo isso, começa a emergir um sentimento positivo de felicidade. Se alimentarmos pensamentos negativos (prestando-lhes atenção demais ou repisando-os), perderemos o sentimento positivo e sentiremos os efeitos da negatividade. Eis um exemplo típico da forma como o pensamento pode ser mal interpretado e como essa falta de compreensão afeta cada um de nós - o "pensador". Suponhamos que, acidentalmente, você derrama um copo d'água no chão de um restaurante e, ao levantar as vistas, vê que um homem, a duas mesas da sua, dirige-lhe um olhar que você acha reprovador. Você responde com ira. "Qual é a desse cara", você pensa. "Será que ele nunca derrubou nada? Que idiota!" Você fica frustrado com os pensamentos em torno da circunstância, que acabam estragando-lhe a tarde. A cada cinco minutos você recorda o incidente e, ao pensar nele, fica furioso. Mas a verdade é que aquele homem nem viu você derramar a água. Ele estava no mundo dele, reagindo aos próprios pensamentos sobre um erro que cometera no trabalho naquele dia. Ele mal poderia ter ligado menos para você. Na realidade, ele nem percebeu que você existia. Infelizmente, todos temos experimentado esse tipo de situação muitas vezes. Esquecemo-nos de que apenas estamos pensando. Enchemos nossas cabeças com informação falsa, que depois interpretamos como "realidade" em vez de "pensamento". Bastaria que pudéssemos lembrar que nós somos o pensador. Se pudéssemos realmente entender isso quando pensamos em algo, sentiríamos os efeitos dos nossos pensamentos. No episódio do restaurante, poderíamos ter sido capazes de perceber que eram nossos próprios pensamentos, e não os de outra pessoa, o que nos perturbava. A compreensão do princípio do pensamento e de como ele se aplica ao conjunto da experiência humana é um dom valioso. Não precisamos estar em constante conflito com nosso meio e com aqueles que nos rodeiam. Podemos manter um sentimento positivo de felicidade, porque não mais nos sentimos compelidos a seguir seriamente todo o encadeamento de pensamentos que nos vier à
  • 11. [11] cabeça. Você pode não ter controle algum sobre o que outra pessoa faz, mas pode ficar imune aos efeitos adversos do seu pensamento a respeito dela, desde que você entenda que pensa "pensamentos", e não "realidade". Seus pensamentos, não as suas circunstâncias, determinam como você se sente. A ausência de pensamentos negativos produz um sentimento positivo. Se você não compreender este princípio, talvez pareça que o pensamento é determinado pelo que o mundo exterior está a fazer. Mas na verdade é bem o contrário. Nosso pensamento é que molda a nossa experiência de vida. A forma como pensamos sobre alguma coisa e, o que é mais importante, a forma de nos relacionarmos com o nosso pensamento determinarão seu efeito sobre nós. A circunstância externa em si é neutra. Só o pensamento confere significado a uma circunstância. É por isso que a mesma circunstância pode significar e significará coisas inteiramente diferentes para pessoas diferentes. No nosso exemplo do restaurante, se você rejeitasse seus pensamentos negativos, não teria se importado com o incidente. Num relacionamento salutar com seu pensar, você teria seus pensamentos, mas não "entraria na deles" nem permitiria que eles o perturbassem. NOSSO RELACIONAMENTO COM O PENSAMENTO Pode-se estabelecer um continuum na compreensão de uma pessoa quanto ao relacionamento entre pensamento e realidade: "Meus pensamentos .................. "Meus pensamentos são representam a realidade." apenas pensamentos." Num dos lados o pensamento é como a "realidade". Do ponto de vista clínico, este seria o caso de um psicótico, uma pessoa que jamais usaria a palavra pensamento. Um psicótico experimenta realmente todo o pensamento como se realidade fosse. Para ele não há diferença alguma entre pensamento e realidade. Se ele pensa ouvir vozes a lhe dizerem que pule pela janela, tenta fazê-lo; se pensa que vê um monstro, foge dele. Seja qual for o conteúdo dos pensamentos dele, acredita que eles são a realidade, cem por cento do tempo. No extremo oposto do espectro está a pessoa que compreende o processo de pensamento - uma pessoa que combina saúde mental e felicidade -, uma pessoa que não leva seus próprios pensamentos, nem os de mais ninguém, demasiadamente a sério - uma pessoa que raramente permite que seu pensamento a deixe abatida e estrague seu dia. Qualquer pensamento pode cruzar pela cabeça de uma pessoa situada neste lado da escala, mas ela ainda terá ciência de que "é apenas um pensamento". A maioria de nós situa-se em algum lugar entre esses dois extremos. Muito poucos de nós levamos nossos pensamentos tão a sério ao ponto de sermos considerados psicóticos. Surpreendentemente, porém, um número ainda menor compreende de verdade a natureza do pensamento, o bastante para situar-se no extremo direito da escala. A maioria de nós não compreende que somos os pensadores dos nossos próprios pensamentos - fazemo-los para nós mesmos. Talvez, às vezes, nos demos conta disso, mas de maneira seletiva. Nossas mentes criam numerosas exceções a este princípio, o que nos impede de compreender que precisamos implementá-lo em nossas vidas. Por exemplo, você pode sentir-se abatido um dia e ter o pensamento: "Nunca vou conseguir terminar este projeto." Em vez de dizer para si mesmo: "Epa, lá vêm de novo meus pensamentos", e pôr fim ao negativismo sem delongas, talvez você continue na mesma cadeia de pensamento. Você dirá: "Eu bem que sabia quando comecei; não devia ter tentado este projeto; nunca fui bom neste tipo de serviço, e nunca serei" - e assim por diante. A compreensão adequada do pensamento nos permite sustar estes "ataques de pensamento" cotidianos antes que eles nos atinjam. Considere esse tipo de pensamento como se fosse estática no aparelho de televisão - como interferência. Não adianta estudar e analisar a estática na tela da TV, e da mesma forma pouco adianta estudarmos a estática nos nossos pensamentos. Sem uma compreensão adequada do pensamento, a mais insignificante quantidade de estática em nossas mentes pode crescer em espiral até estragar um dia inteiro ou até uma existência.
  • 12. [12] Quando você identifica seus pensamentos negativos como estática, como interferência, pode rejeitá- los -eles não mais atendem às suas necessidades. No exemplo, os pensamentos negativos a respeito da sua capacidade de terminar um projeto certamente não o ajudarão a concluí-lo. Todos produzimos uma corrente contínua de pensamentos, vinte e quatro horas por dia. Assim que um pensamento é esquecido, ele vai embora. Quando pensa-se nele de novo, ele volta. Mas, de qualquer maneira, ele não passa de um pensamento. No sentido prático, isso sugere que pensar em algo não significa que devamos levar os pensamentos a sério e reagir de modo negativo. Selecione e escolha aqueles pensamentos aos quais você deseja reagir. A maioria de nós é capaz de compreender este princípio no que diz respeito a outras pessoas, mas não a nós próprios. Vejamos o caso de um motorista que trafega pela auto-estrada e fica aborrecido. Ele é cortado por outro carro, que por pouco não causa um acidente. Um pensamento lhe passa pela cabeça: "Eu deveria dar um tiro no motorista desse carro." O que houve é um pensamento, que cruzou pela mente dele. A maioria de nós desprezaria esse pensamento, considerando-o pura tolice. Todos preferiríamos que os motoristas fossem mais prudentes, mas não levamos muito a sério nosso pensamento violento. Já um psicótico pode não ser capaz de desprezar o pensamento tão facilmente. Ele acredita veementemente que qualquer pensamento que lhe vem à mente é realidade e deve ser levado a sério. Embora possamos sentir empatia (se não rir) diante da estultice de se levar a sério um tal pensamento, todos fazemos a mesma coisa, sob formas e limites diferentes, centenas de vezes a cada dia. Cada um de nós, à sua maneira, confunde o seu pensamento com a realidade. Nós conseguimos ver os pensamentos de outras pessoas (como os do motorista na auto-estrada) como "apenas pensamentos", mas quase sempre deixamos de ver os nossos da mesma forma. E por que nossos pensamentos parecem tão reais? Porque somos nós que os criamos. NEM SEMPRE TEMOS DE LEVAR A SÉRIO OS NOSSOS PENSAMENTOS Rara uma pessoa, o pensamento "Pergunto-me se ela gosta de mim, aposto que não gosta" seria motivo de aflição. No entanto, esta mesma pessoa pode interpretar que o motorista na rodovia "apenas teve um pensamento". A maioria de nós acredita que, se temos um pensamento, ele merece séria atenção e interesse, mas se mais alguém pensa alguma coisa, somos capazes de ver isso simplesmente como um pensamento que não merece atenção. Por quê? De novo, porque o pensamento é algo que dá forma à realidade de dentro para fora. Por ser tão próximo a nós, é fácil esquecermos que somos nós que o fazemos. O pensamento ajuda-nos a entender o que vemos - precisamos dele para sobreviver no mundo e dar significado à vida. Quando entendemos a verdadeira natureza e finalidade do pensamento, porém, não é preciso que nos preocupe muito (ou que levemos demasiadamente a sério) tudo o que por acaso pensamos; podemos relaxar. O nosso pensar não é "realidade", mas apenas uma tentativa de interpretarmos uma dada situação. A nossa interpretação do que vemos cria uma resposta emocional. As nossas respostas emocionais não são, portanto, o produto do que nos acontece, mas decorrência do nosso pensar, do nosso sistema de crenças. À guisa de ilustração, usemos o exemplo do circo que chega a uma cidade. Para as pessoas e famílias que adoram circo, esse é um grande motivo de comemoração. Para aqueles que não gostam de circo, o incremento de tráfego e a confusão provocam preocupação. O circo em si é neutro - ele não é a causa de reações positivas ou negativas. Podemos pensar em muitos exemplos similares. Quando compreendemos o conceito, nossos pensamentos podem ser para nós uma dádiva formidável e ajudar-nos em nossas vidas. Inversamente, podemos virar vítimas do nosso pensar, e a
  • 13. [13] nossa qualidade de vida pode diminuir. Visto que nossos pensamentos mudam de um momento para outro, a vida pode virar uma luta, se não um campo de batalha. Nosso nível de felicidade parece estar sujeito aos altos e baixos das nossas circunstâncias. Na realidade, não são as circunstâncias, mas a nossa interpretação delas, o que determina o nosso nível de bem-estar. É por isso que circunstâncias idênticas podem ter significação diferente para diferentes pessoas. Aprenda a ver os pensamentos negativos como uma forma de estática mental, e você poderá parar de prestar-lhes tanta atenção. A compreensão da natureza do pensamento permite-nos viver num estado de repouso, um estado de sentimento neutro, positivo, de felicidade e contentamento despreocupado. Quando temos a atenção desviada daquilo em que estamos pensando, particularmente quando é algo negativo, ficamos com um sentimento bom e confortável. Isso não visa de modo algum sugerir que não precisamos pensar - certamente precisamos. Apenas sugere que pensamentos negativos - pensamentos que causam aflição e infelicidade - não merecem ser alimentados porque afastam o que estamos a procurar, um sentimento de felicidade. Esse contentamento cria espaço necessário em nossas mentes para pensamentos novos e criativos entrarem, permitindo-nos ter esse atributo infantil que consiste em focalizar serenamente aquilo que devolve à vida o prodígio e a aventura. Esse foco sereno permite-nos escutar as pessoas amorosamente. Ele nos possibilita dar ouvidos até a crítica, de modo tal que ela não nos incomoda porque não estamos mais analisando - estamos meramente absorvendo informação. Em última análise, o relacionamento que você tiver com seu próprio pensamento determinará a sua saúde mental e a na felicidade. Você acredita que, pelo fato de pensar alguma coita, ela deve ser levada a sério? Ou você entende que pensar é algo que você faz em virtude da sua condição humana, c que precisa não confundir pensamento com realidade? Você pode ter pensamentos e deixá-los passar, focalizando-os serenamente, ou sente-se compelido a considerá-los ou analisá-los? LAURA E STEVE Laura dirige a caminho de um encontro com seu namorado, Steve. No percurso ela ouve notícias pelo rádio sobre o número de casamentos que acabam em divórcio. Ela começa a pensar: "Pergunto-me se Steve e eu vamos casar. Pergunto-me se vale a pena. Nosso casamento seria bom? Steve tem muitas das características de seu pai, divorciado. Ele se atrasa com freqüência e tende a trabalhar demais. Pergunto-me se de se importa tanto comigo quanto com seu trabalho. Pergunto- me se nossos filhos seriam tão importantes quanto o trabalho." E ela continua perdida em divagações. O pensamento de Laura ocorreu automaticamente. Essas cogitações tiveram lugar num instante. Comparemos o efeito delas com base no relacionamento de Laura com seu próprio pensar. Primeiro, suponhamos que Laura (como a maioria das pessoas) acredita que se algo passa-lhe pela mente deve merecer atenção e ser levado a sério. Ela não tem verdadeira consciência de que está a criar seus pensamentos, mas presume que o conteúdo destes deve ser relevante. Agora, ela sente-se justificadamente preocupada com seu relacionamento e decide trazer o tema à baila em conversa com Steve. O resto do percurso transcorre sob o signo da preocupação. Agora, consideremos uma alternativa. Nela, Laura compreende como seus pensamentos criam a sua experiência de vida. Pensamentos idênticos passam pela mente de Laura, e por um momento ela
  • 14. [14] começa a sentir seus efeitos adversos. Então ela lembra que foram seus pensamentos, e não Steve, que causaram-lhe preocupação quanto ao relacionamento dos dois, que até aquele momento estava ótimo. Poucos segundos atrás, antes do noticiário, ela estivera refletindo sobre como tudo parecia estar correndo bem - ela estava naquele agradável estado de sentimentos em que limitava-se a pensar seus pensamentos, sem analisá-los. Ela dá um risinho e sente-se grata por não mais ter de ser vítima dos seus próprios pensamentos. Ela passa a focalizar com serenidade e rejeita seus pensamentos. Depois passa o resto do percurso a curtir sua música preferida e sua felicidade. TENDO A OPÇÃO DE AGIR SOB A INFLUÊNCIA DOS NOSSOS PENSAMENTOS A maioria de nós supõe que se algo lhe vem à mente, é por alguma razão; deve ser representativo da realidade, merecedor da nossa atenção, e tem de ser enfrentado. Se compreendemos o princípio do pensamento, no entanto, sabemos que isso é um erro mental. Se algo lhe vem à mente, reconheça-o como o que é - um pensamento fugaz. Isso não significa que não possamos ou não devamos ponderar o pensamento ou agir sob a sua influência, pois ele de fato fornece uma opção. Milhares de pensamentos passam por nossas mentes todos os dias; de acordo com o princípio do pensamento, nenhum é mais importante do que o seguinte, cada um é apenas um pensamento. Quando compreendermos este princípio, aquilo em que pensamos deixará de ter o poder de determinar completamente a nossa qualidade de vida. Nós podemos, isto sim, optar por permanecer no estado de sentimento mais agradável que resulta de focalizar o pensamento mais serenamente. A razão pela qual podemos assistir a um filme perturbador ou até aterrorizante e depois sair para jantar é que sempre aos mantemos a um passo de distância da fita. Compreendemos que é apenas um filme. Quando ele acaba, acabou. Já mão está conosco, nós continuamos com nossas vidas. O mesmo vale para o pensamento. Ele está somente em nossas mentes. Quando um pensamento sai da mente, vai embora -até pensarmos nele de novo. Não há nada a temer do pensamento em si, desde que compreendamos que é apenas um pensamento. Talvez o maior mal-entendido quanto a este princípio é acreditar que o objetivo é controlar aquilo em que se pensa. Não é nada disso. O objetivo é compreender o pensamento como o que ele é: uma capacidade que você possui de moldar a sua realidade de dentro para fora. Nada mais, nada menos do que isso. Aquilo em que você pensa não vai determinar em última análise a sua qualidade de vida, antes sim o relacionamento que você mantém com o seu próprio pensar - como você fabrica pensamentos e responde a eles. Você ouve o seu pensar como realidade, ou como um pensamento? UMA ANALOGIA COM O SONHO É comum acordar de manhã e dizer: "Opa, esse sonho pareceu real mesmo." Mas por mais real que o sonho parecesse, nós admitimos que é um sonho. Portanto, se sonhamos que levamos o carro para o mecânico consertar, e ele fez o problema piorar, não vamos aparecer na oficina para reclamar. Compreendemos que sonhar nada mais é que pensar enquanto estamos dormindo. Quando aplicamos a mesma analogia ao princípio do pensamento, do pensamento em estado de vigília, que também parece real enquanto acontece, não precisamos mais interpretá-lo como verdade. OS DOIS ASPECTOS DO PENSAMENTO Há dois aspectos do pensamento cuja compreensão é muito importante. Primeiro, o fato de pensarmos, de termos essa função humana. Não se trata de compreender aquilo em que pensamos (o conteúdo), mas de reconhecer que nós somos os pensadores que produzem os pensamentos que constantemente passam por nossas mentes. O segundo aspecto, aquele que é geralmente tratado, é o conteúdo, ou aquilo em que estamos pensando. Há uma diferença fundamental entre ambos. Os defensores do pensamento positivo sugerem pensar pensamentos positivos o quanto a gente puder e evitar absolutamente o pensamento negativo. Muito embora seja verdade que pensar pensamentos positivos faz com que nos sintamos melhor do que pensar pensamentos negativos, o pensamento
  • 15. [15] positivo é um conceito errôneo, baseado na suposição de que o pensamento, em si e por si, tem uma realidade com a qual precisamos nos preocupar. O pensamento, quer seja positivo ou negativo, não deixa de ser apenas uma função. Quando entendemos o pensamento como o que ele verdadeiramente é, vemos pensamentos positivos ou negativos como o que são. Um pensador positivo está constantemente sob pressão para produzir somente pensamentos positivos, o que demanda enorme esforço e concentração, deixando pouca energia para pensamentos novos e criativos. Quando pensamentos negativos de fato penetram na mente (coisa que há de acontecer cedo ou tarde), um pensador positivo tem de negar que eles existem e suprimi-los com pensamentos positivos. As pessoas que compreendem a natureza do pensamento não estão submetidas à pressão de produzir conteúdo algum específico ao pensarem. Elas vêem o pensamento como o que de é: uma função da consciência, uma capacidade voluntária molda a nossa experiência de vida. Por acaso isso significa pessoas que compreendem que o pensamento é uma função hão de pensar pensamentos negativos intencionalmente? Não, claro que não. Nem quer dizer que os pensamentos negativos não entrarão jamais nas mentes delas. Elas simplesmente compreendem que os pensamentos negativos, em si e por si mesmos, não têm de modo algum o poder de prejudicá-las. Para elas, pensamentos, positivos ou negativos, são simplesmente pensamentos. A HISTÓRIA DE STACEY O pensamento enquanto pura função da consciência não tem conteúdo algum até nós o introduzirmos. Nossas crenças, idéias a respeito da vida, suposições subjacentes e opiniões determinarão o conteúdo que introduzimos no nosso pensamento, mas o pensamento em si é inócuo, um conceito vazio até que nós o preenchemos com significado. Suponhamos por exemplo, quando Stacey era uma criancinha, seus pais contrataram uma babá que passava a noite no emprego para ajudar a tomar conta dela. Quando Stacey se tornou adulta, acreditava que o elemento mais importante para ser boa mãe era passar a maior quantidade de tempo possível com seus filhos. Um dia, ao refletir sobre seus pais, veio-lhe à mente o pensamento de que seus pais não eram tão atenciosos quanto poderiam ter sido. Afinal, eles tinham contratado para ela uma babá que passava a noite no emprego. Por que eles não quiseram tomar conta dela? Talvez não se importassem com ela tanto quanto diziam. Mas como é que ela sabe disso? Em que baseia essa conclusão? Quem é que acabou de introduzir o conteúdo nos seus pensamentos sobre o papel dos pais? Foi ela. Veio-lhe à mente um pensamento sobre seus pais - em princípio, um pensamento simples, até ela acrescentar o conteúdo que dizia: "Talvez meus pais não se importassem tanto assim como eu sempre achei." Não importa que Stacey tivesse um relacionamento perfeitamente sadio e amoroso com seus pais - um pensamento surgiu na mente dela. Se ela levar este pensamento a sério e concordar com ele, certamente ficará deprimida. Ela poderia comentar o assunto com seus amigos, seu marido ou, se parecesse realmente importante, poderia até trazê-lo à baila em conversa com seus pais e discutir com eles. De fato, a psicologia popular sugeriria que ela fizesse justamente isso -analisar a estática, depois agir em função dela. A idéia de se tirar um peso do peito e exprimir os sentimentos é tida como boa - mas será que sempre o é? Se Stacey compreendesse qual era realmente a origem de seus sentimentos, optaria por trazê-los à baila perante seus pais? Esse pesar todo, e muitos mais como ele, decorre de uma simples má interpretação da natureza do pensamento. Em lugar de entender seu pensar como algo que ela estava a fazer constantemente, Stacey tendia a levar muito a sério seus pensamentos. Tivesse Stacey reconhecido o que se passava, poderia ter rejeitado seus pensamentos negativos sobre a sua criação - o que lhe permitiria manter um sentimento positivo, e sentir-se segura quanto à sua vida.
  • 16. [16] A história de Stacey e da babá que passava a noite no emprego voltará a ser motivo de atenção nos três capítulos seguintes para demonstrar como os cinco princípios trabalham juntos para criarem uma vida feliz. SISTEMAS DE PENSAMENTO Todos os nossos pensamentos passados podem ser agrupados no nosso "sistema de pensamento", uma unidade autocontida através da qual vemos o mundo. Toda decisão, reação e interpretação que temos é matizada pelo nosso sistema de pensamento individualizado. Nosso sistema de pensamento é como um filtro através do qual passa a informação antes de chegar à nossa percepção. Ele é um padrão de pensamento complexo, perfeitamente elaborado, concatenado dentro de conceitos, crenças, expectativa e opiniões. Nosso sistema de pensamento é que nos possibilita comparar fatos ou situações novas com o que já conhecemos de experiências anteriores. O seu sistema de pensamento contém toda informação acumulada por você ao longo da sua existência. É da informação do passado que seu sistema de pensamento se vale para interpretar a significação relativa de tudo o que acontece na sua vida. Nesse sentido, um sistema de pensamento é a fonte do pensamento condicionado. Quando você conta com ele, está pensando da maneira habitual, o seu jeito usual de ver as coisas. É aqui que configuram-se suas reações habituais perante a vida. Os sistemas de pensamento contêm a nossa perspectiva de "como a vida é". Eles são os mecanismos psicológicos que nos convencem quando estamos certos, exatos na nossa compreensão ou justificados. Por natureza, os sistemas de pensamento são teimosos e não gostam de que se mexa com eles. Eles são absolutamente autoconfirmáveis. Se você tem um sistema de pensamento que inclui a idéia de que as escolas do nosso país são péssimas e causam a maioria dos nossos problemas como nação, o cenário a seguir seria possível. Você está lendo o jornal da tarde e na página trinta e seis depara-se com um artigo perto do pé da página que diz: "Vinte e um alunos reprovados no exame de alfabetização no distrito." Você sorri; mais uma vez fica provado que está com a razão. Você mostra o artigo para sua esposa: "Veja só, querida, nossas escolas estão acabando. É bem como eu já lhe falei." Você não sabe que na primeira página do mesmo jornal se lê nas manchetes: "O teste das escolas no país melhorou dezessete por cento nos últimos cinco anos!" Mas é essa a natureza dos sistemas de pensamento. Pela forma como eles estão ligados em nossas mentes, sempre parecerá existir uma conexão lógica entre coisas que achamos verdadeiras. Nossas crenças sempre farão perfeito sentido para nós, dentro do nosso próprio sistema de pensamento. Nossos sistemas de pensamento levam-nos a acreditar que somos realistas e que vemos a vida como ela realmente é. O fato de uma pessoa ver numa situação uma oportunidade e outra pessoa igualmente inteligente ver na mesma situação um problema importante não incomoda ao sistema de pensamento. Nosso sistema de pensamento despreza o ponto de vista do outro, considera-o descaminhado, bem-intencionado, mas errado, ou não muito certo. Já que nossos sistemas de pensamento estão cheios de nossas recordações do passado, informação que temos acumulado ao longo das nossas existências, eles encorajam-nos a continuar a ver as coisas do mesmo jeito. Nós reagimos negativamente (ou positivamente) às mesmas situações ou circunstâncias repetidas vezes, interpretando as nossas atuais experiências na vida como o temos feito no passado. Alguém que acredita que as pessoas são inerentemente críticas ficará na defensiva toda vez que qualquer um lhe oferecer uma sugestão, tanto faz se esta pessoa pretende ou não ser crítica. Isso se tornará uma característica na vida daquela pessoa, a menos e até ela compreender a natureza dos sistemas de pensamento, particularmente do seu próprio. A compreensão deste
  • 17. [17] conceito há de ajudá-la a perceber que não está vendo a realidade, ou a verdade, mas uma interpretação da realidade através do seu próprio pensar. Por estarmos tão familiarizados com nossos sistemas de pensamento, eles parecem-nos dar informação verdadeira e precisa. Devido ao aspecto autoconfirmativo dos sistemas de pensamento, nós aceitamos idéias conhecidas e desconsideramos o resto. É por isso que as pessoas raramente mudam suas opiniões políticas ou religiosas, e hesitam até em discuti-las com seus amigos e familiares. Elas "sabem a verdade" e podem apresentar exemplos e argumentações para sustentar suas afirmações. Elas também "sabem" que suas famílias e amigos "não compreendem a verdade" e por serem teimosos provavelmente nunca a compreenderão. Nós conhecemos o resultado quando as cabeças fecham-se para os sistemas de pensamento de outros - geralmente todas as partes envolvidas sofrem frustração. É por isso que as pessoas sentem-se atraídas por outras que compartilham suas crenças, e ficam impacientes com aquelas que não o fazem. A compreensão da natureza dos sistemas de pensamento rode mudar isso. Quando sabemos que outras pessoas (e nós mesmos) interpretam ingenuamente suas crenças como se realidade fossem, podemos abrir mão da necessidade de ser donos da razão. Podemos ver que nossas crenças são meramente função de condicionamento e experiências. Se nosso passado tivesse sido diferente, nossas idéias sobre a vida seriam diferentes. As crenças de outras pessoas também resultam de suas experiências passadas. Se as coisas tivessem sido diferentes. teria surgido um conjunto de crenças totalmente diferente. "Isso pode até ser verdade", você diz, "mas a minha visão da vida é boa e eu não só continuo a pensar que é exata, como não a modificaria nem se pudesse." A questão aqui não é você mudar o seu sistema de crenças sobre a vida, mas perceber a sua natureza arbitrária. Nós só precisamos enxergar o fato dos sistemas de pensamento, não mexer com os conteúdos, para reduzir a frustração em nossas vidas. A menos que compreendamos os sistemas de pensamento, raramente conseguiremos ouvir outros pontos de vista. Nós interpretamos o que outros dizem e fazem com base no que já sabemos. A informação chega e nós decidimos se ela faz sentido com base no nosso conhecimento prévio. A menos que a informação seja algo com o qual nós já concordamos, o nosso sistema de pensamento tenderá a desprezá-la. Para encurtar: a nova informação geralmente não é bem-vinda dentro dos nossos sistemas de pensamento preexistentes. Por isso, podemos nos aborrecer repetidas vezes ante os mesmos acontecimentos ou circunstâncias, do princípio ao fim das nossas existências. Temos desenvolvido relações causa-e-efeito recorrentes entre certos eventos e reações. Por exemplo, você pode acreditar que sempre que alguém lhe dá uma sugestão isso quer dizer que esse indivíduo desaprova você como pessoa. Você nem vai questionar isso, porque seu sistema de pensamento o confirmará. Sempre parece ser uma suposição verdadeira e precisa sobre a natureza humana. Mesmo se alguém afirmar que essa suposição é infundada, você se convence de que essa outra pessoa tem motivos escusos ou não está ciente da hostilidade dela em relação a você. Por mais tempo que isso leve, você procurará verificar suas crenças preexistentes a fim de provar que está com a razão, mesmo à custa da sua própria infelicidade. Mas se você entende a natureza dos sistemas de pensamento, pode começar a ver para além deles, e captar o valor de outros pontos de vista. Aquilo que costumávamos interpretar como crítica passa agora a ser visto simplesmente como uma opinião de outra pessoa baseada no sistema de pensamento dela. Podemos praticamente eliminar discussões vãs em nossas vidas e pararmos completamente de nos sentir ressentidos, confusos ou zangados quando outros não vêem as coisas do jeito que nós as vemos. Na verdade, quando compreendermos a índole teimosa dos sistemas de pensamento, já estaremos preparados para aceitar que os outros não vejam as coisas do nosso jeito.
  • 18. [18] Bob e Carol e Ted e Alice O "casal A", Bob e Carol, tem compreensão dos sistemas de pensamento. O "casal B", Ted e Alice, não tem. O casal A, Bob e Carol, tem um filho pequeno a quem ambos amam muito. Bob, na tentativa sincera de ajudar a aliviar algumas responsabilidades da sua esposa, propõe-se a destinar tempo livre para levar o filho ao médico a fim de tomar suas injeções. Ele não acha que isso seja a parte mais prazenteira da criação dos filhos, mas mesmo assim se oferece rira fazê-lo. Carol, que acredita que levar seu filho ao médico é uma forma importante de demonstrar seu amor, aprecia a ajuda oferecida pelo marido e agradece-lhe, mas recusa-a. Ela sabe que o sistema de pensamento do marido inclui modos de oferecer ajuda diferentes dos seus. O que é mais importante, Carol compreende que ela tem seu próprio sistema de pensamento, com diferentes necessidades, crenças e desejos em relação à maternidade. Ela decide com serenidade que prefere fazer isso pessoalmente. Casal B: mesmo cenário, diferente nível de compreensão. Ted. que se importa com seu filho tanto quanto Bob, oferece a mesma ajuda. Alice não entende de sistemas de pensamento, Para ela, oferecer esse tipo de ajuda equivale a afirmar que ela não é boa mãe. Ela jamais ofereceria esse tipo de ajuda às suas irrigas (salvo numa emergência) porque "sabe" que levar o filho para tomar injeção é uma exigência do papel de mãe responsável. Ela responde ao marido acusando-o de não respeitar seus atributos maternais. Como Ted não tem melhor compreensão dos sistemas de pensamento da que ela tem, chama Alice de "pessoa ingrata". Segue-se uma discussão e marido e mulher acabam ficando infelizes durante dias. Este é apenas um exemplo das discussões típicas que podem resultar da falta de compreensão dos sistemas de pensamento. Se Ted ou Alice tivessem essa compreensão, a discussão nunca teria acontecido. A esposa teria ouvido o oferecimento do marido e, não importando o que sentisse, teria respondido : "Não, obrigada. Gostaria de ir eu mesma" - ou algo nesse sentido. Se Ted compreendesse os sistemas de pensamento, teria acabado com o problema logo no início reconhecendo a reação de Alice como função do seu sistema de pensamento. Ele teria conseguido explicar seu desejo de ajudar de modo amoroso e sem ficar na defensiva. Mesmo se ela não reagisse bem à sua explanação carinhosa, ele não encararia a investida dela como algo tão pessoal. Teria, em vez disso, equiparado o problema a dois sistemas de pensamento jogando pingue-pongue, que era justamente o que estava acontecendo. Dois sistemas de pensamento não podem enfrentar-se olhos nos olhos, assim como duas pessoas que falam línguas diferentes não podem se entender sem um intérprete. É interessante notar que Carol queria tanto quanto Alice incumbir-se de levar o filho ao médico. A diferença de comportamentos não decorria das opiniões ou circunstâncias de cada uma delas, mas da compreensão. Carol sabia que suas opiniões tinham origem no seu sistema de pensamento, mas Alice acreditava que sua opinião resultava do fato de ser mãe. Ela acreditava que certas obrigações inerentes ao papel da boa mãe eram mais importantes que outras, e interpretou o oferecimento do marido de compartilhar as responsabilidades como uma crítica a seus dons maternais. Quando compreendemos como funciona nosso sistema de pensamento, podemos evitar esse padrão de discussões desnecessárias similares e a conseqüente infelicidade.
  • 19. [19] DOIS O PRINCÍPIO DOS ESTADOS DE ÂNIMO O tempo esfria, o tempo clarifica; nenhum estado de ânimo pode manter-se absolutamente inalterado no decorrer das horas. - Thomas Mann ASSIM COMO ESTAMOS CONSTANTEMENTE pensando como seres humanos, o nosso nível de consciência de que nós fazemos o pensamento está a mudar constantemente. Essa constante alteração da nossa percepção de nós mesmos como pensadores é o que se conhece por "estados de ânimo" variáveis. Para cima, para baixo, para cima, para baixo, a cada minuto, a cada dia, nosso nível de disposição de ânimo está em constante movimento. Para algumas pessoas, as alterações de ânimo são ligeiras - para outras, extremas. Em qualquer caso, o fato persiste: nunca ficamos emocionalmente numa situação por muito tempo. Bem no momento que a vida parece correr tranqüilamente, pimba!, nosso nível de ânimo despenca e a vida parece cambalear novamente. Ou. quando a vida parece sem esperança, nosso estado de ânimo eleva-se e tudo parece andar direito de novo. Quando você está de alto-astral, a vida parece boa. Você possui perspectiva e bom senso. De alto- astral, as coisas não parecem tão difíceis, os problemas parecem menos terríveis e mais fáceis de serem resolvidos. No alto-astral, os relacionamentos fluem suavemente e a comunicação é fácil e encantadora. De baixo-astral, a vida parece insuportavelmente séria e difícil. Você tem pouca perspectiva; parece como se as pessoas estivessem no seu encalço. A vida parece girar só em torno de você. Você encara as coisas muito pessoalmente e com freqüência interpreta mal aqueles que o circundam. Essas características dos estados de ânimo são universais. Elas são válidas para todo mundo. Não existe pessoa viva que seja feliz, com quem seja divertido estar e que fique despreocupada quando está de baixo-astral, ou que possa ficar chateada, na defensiva, zangada e emburrada estando de alto-astral. NOSSOS ESTADOS DE ÂNIMO ESTÃO SEMPRE MUDANDO As pessoas não se dão conta de que seus estados de ânimo estão sempre modificando-se. Elas tendem a pensar que suas vidas pioraram de repente no último dia, ou na última hora. Vejamos o exemplo de um paciente que me procurou inicialmente porque notava que estava tendo graves problemas de relacionamento com sua esposa. Ele compareceu ao meu consultório dois dias consecutivos. No primeiro dia ele estava resplandecente, até gabando-se do muito que se divertira com a esposa no fim de semana. Segundo ele descreveu, os dois tinham rido, brincado, conversado e dado românticas caminhadas. Ele estava evidentemente de alto-astral. No dia seguinte ele chegou reclamando da falta de gratidão que sentia da parte da sua esposa, diante de tudo o que estava fazendo por ela. "Ela nunca dá valor ao que faço", disse. "Ela é a pessoa mais ingrata que já conheci." -E quanto a ontem? - eu perguntei. - Você não esteve falando-me de como tudo era maravilhoso entre vocês? -Estive sim, mas estava totalmente errado. Estava enganando-me, como tem acontecido durante todo o tempo que levamos casados. Acho que quero o divórcio.
  • 20. [20] Um contraste tão rápido e completo pode parecer absurdo, até engraçado - mas todos somos assim. Estando de baixo-astral, nós perdemos a capacidade de ouvir, e a nossa perspectiva foge pela janela. A vida parece séria, importante e urgente. ESTADOS DE ÂNIMO SÃO PARTE DA CONDIÇÃO HUMANA Os estados de ânimo são uma condição humana. A gente não pode evitá-los. Você não vai parar de mudar de estado de ânimo lendo este livro - isso não pode acontecer. O que pode acontecer é você conseguir compreender que os estados de ânimo fazem parte da tarefa de ser humano. Em vez de ficar atolado no baixo-astral, convencido de que está vendo a vida de modo realista, você pode aprender a questionar seu julgamento quando está nesse estado. Você sempre verá a vida e os acontecimentos nela diferentemente com diferentes estados de ânimo. Quando você estiver de baixo-astral, aprenda a passar por ele como o que é, simplesmente: uma condição humana inevitável que passará com o tempo, se a deixar sozinha e evitar dar-lhe muita atenção. Com a compreensão dos estados de ânimo, podemos aprender a prezar nossos altos e ser dignos nos baixos. Isso contrasta nitidamente com o que a maioria de nós faz quando está de baixo-astral - tentamos pensar, imaginar ou forçar um jeito de sair dele. Mas a gente não pode forçar a saída do baixo-astral, assim como não pode forçar-se a curtir quando fizer algo que não lhe agrada. Quanto mais esforço (ou pensamento) você põe nisso, mais fundo mergulha. Como a vida parece muito séria quando estamos de baixo-astral, ela carrega um senso de urgência inerente. É por isso que a maioria das pessoas tem suas discussões mais sérias estando de baixo- astral, e esse é um dos problemas centrais nos relacionamentos. O simples ato de reconhecermos um estado mental de decaimento, em nós mesmos ou em outros, pode mudar o curso de um relacionamento. O mesmo comportamento de nossos filhos que é gracioso quando estamos de alto-astral, é irritante quando estamos de baixo-astral. Mas uma vez que entendermos o princípio dos estados de ânimo, não confundiremos nossos filhos quando estamos de baixo-astral, acusando-os injustamente - para depois termos de gastar tempo e energia, quando estamos de alto-astral, desculpando-nos por nossas palavras e atos. Isso se aplica também quando lidamos com outras pessoas, que não nossos filhos, e em qualquer situação. Quando compreendermos o quanto nossos estados de ânimo influem sobre a nossa perspectiva, não precisaremos mais reagir ou ser vítimas deles. As coisas acabarão nos parecendo muito diferentes se as deixarmos como estão por enquanto. SEUS ESTADOS DE ÂNIMO MUDAM, NÃO SUA VIDA Um estado de alto-astral, sentimento positivo, funcionamento psicológico sadio - "esse certo sentimento". Nesse estado mental, não é necessário fazer ajuste algum mental; você sente-se bem. Mas o que dizer daquelas vezes em que você não se sente tão bem assim? A compreensão dos estados de ânimo permite recuperar esse estado sadio rapidamente depois de tê-lo perdido. Quando você entende que é seu ânimo - não sua vida - o que mudou de repente, passa a ter uma perspectiva melhor. Essa nova perspectiva ensina a gente a levar os pensamentos menos a sério quando não se sente bem - a pensar mais devagar e desviar a atenção daquilo em que se está pensando. Você será mais cortês e paciente com seus estados de ânimo, o que ajuda a retornar a um estado de funcionamento sadio.
  • 21. [21] Você se lembra de Stacey e da babá que passava a noite no emprego? Como poderia afetar aquela situação uma compreensão dos estados de ânimo? Se você observar atentamente, notará que toda situação desse tipo tem a ver com o estado de ânimo. Quando Stacey cai num baixo-astral, como qualquer outra pessoa, produz pensamentos negativos sobre a vida. Neste exemplo, ela estava produzindo pensamentos negativos sobre seus pais, por causa da decisão deles de contratar uma babá que passava a noite no emprego para tomar conta dela quando era criança. Se você perguntasse a ela no dia anterior, quando estava com melhor astral (estado de sentimento positivo), se estava ligando para essa velha questão, ela provavelmente teria rido. Talvez ela até dissesse: "Pois é, essa é uma ótima idéia, talvez eu devesse tentar com o meu filho." Não deixo de levar em conta o fato de que há vezes em que você chega às mesmas conclusões a respeito de situações, independentemente do seu estado de ânimo. Mas o que você acha sobre alguma coisa sempre dependerá do seu estado de ânimo. Stacey poderia achar, mesmo estando de melhor astral, que contratar uma babá que passe a noite no emprego não é boa idéia para ela, mas não seria tão prejudicialmente afetada por seus pensamentos. É razoável todos termos ciência do nosso nível anímico, sobretudo quando estamos abatidos. Se Stacey tivesse entendido que estava de baixo-astral, esperaria a reação que teve ante seus pensamentos com relação à decisão de seus pais. Ela saberia que estava tendo uma reação de baixo- astral e que seria melhor reconsiderar seus sentimentos quando se sentisse melhor. Tudo parece diferente com diferentes estados de ânimo. Se compreendemos este princípio, a nossa compaixão por nós mesmos e por outros aumenta radicalmente. Saberemos que às vezes nossos parceiros ou amigos verão o lado luminoso, a oportunidade, numa situação, e outras vezes verão em tudo um problema potencial ou real. Se você aprender a reconhecer os estados de ânimo de outras pessoas, vai parar de julgá-las quando elas vêem o lado mais escuro da vida. Quando de baixo- astral, nós todos vemos o lado mais escuro. Uma compreensão dos estados de ânimo permitirá que você se recorde: "É claro que eles vêem isso dessa maneira estando de baixo-astral." Sem uma tal compreensão, você achará que outras pessoas são pessimistas, negativas ou sem visão. Você esquece que uma hora atrás a mesma pessoa interpretou a mesmíssima circunstância de modo inteiramente diferente. Quando começamos a reparar nos nossos próprios níveis de ânimo, de repente, o estado de ânimo em si torna-se responsável, não importa o momento, pelo nosso ponto de vista quanto à vida. Num estado mental mais elevado veremos a mesma situação de modo diferente. Isso não é renegar da responsabilidade, mas um fato da vida que aplica-se a toda e qualquer situação em que já estivemos (ou estaremos) envolvidos. NÃO LEVE O BAIXO-ASTRAL MUITO A SÉRIO Se não compreendermos o poder dos estados de ânimo, tenderemos a dar muita importância ao que nosso parceiro (ou qualquer outra pessoa) nos diz. Assim que tivermos compreendido o princípio dos estados de ânimo, veremos que esse é um contexto convidativo para os problemas. Quanto mais tempo passamos com alguém, mais provável é que o vejamos nos seus momentos de baixo-astral. Estando de baixo-astral, qualquer pessoa poderá nos dizer coisas que desejaríamos não tivesse dito. Os problemas de relacionamento mais sérios afinal nada mais são que o resultado de dois parceiros que adquiriram o hábito de levar os baixos-astrais do outro demasiadamente a sério. A inevitabilidade do enfoque e o comportamento de nosso parceiro no momento de baixo-astral os problemas que tínhamos certeza de ter há tanto tempo, parecem menos terríveis quando aprendemos a prestar atenção cuidadosa e respeitosa ao nível anímico dos nossos parceiros, e os "deixamos em paz" no baixo-astral. Com muita freqüência, deixar as pessoas sozinhas quando estão em estado de abatimento mental é tudo o que elas precisam para saírem por si mesmas desse estado e
  • 22. [22] recuperarem o bom senso e um sentimento mais positivo. A última coisa que elas precisam ou querem é alguém a questioná-las ou discutir com elas. Fazer isso reforçaria e aprofundaria o estado de ânimo delas, encorajando mais situações parecidas. A maioria dos parceiros não dão um ao outro o espaço que precisam quando estão de baixo-astral; pelo contrário, reagem como se o que o parceiro está dizendo ficasse talhado em pedra. Mas não fica! Quando a pessoa sair do baixo-astral a sua atitude será mais moderada e será mais fácil estar perto dela. Quando você experimentar este princípio em ação ficará agradavelmente surpreso ao ver com que rapidez e facilidade situações embaraçosas se resolvem por si mesmas. O segredo consiste em entender que as palavras e ações do nosso parceiro, assim como as nossas, dependem do estado de ânimo. Quando começarmos a ver a verdade contida neste princípio, não ficaremos a procurar parceiros alternativos para substituir os que já temos. Em lugar disso perceberemos que qualquer pessoa que conheçamos, em qualquer canto do mundo, vai ler uma porção de baixos-astrais. A constante mudança de parceiro, achando que outro alguém seria melhor, perde seu apelo: não há pessoa alguma que não passe por altos e baixos no estado de ânimo. Aprenda a apreciar e compreender o parceiro que você já tem - e aprenda a curtir cada pessoa nova que conhecer. Se bem podemos ser compassivos e compreensivos com os outros quando estão de baixo-astral, nos nossos baixos-astrais necessitamos parar de dar ouvidos a nós mesmos. Apesar da urgência que sentimos, nos nossos estados mais deprimidos nunca veremos as coisas em perspectiva. Se alguma coisa parece importante neste instante, ainda estará ali quando nos sentirmos melhor e mais preparados para lidar com ela. A via mais rápida para um melhor astral é não fazermos caso de como nos sentimos quando estamos de baixo-astral. A quantidade e a qualidade do nosso pensamento nos deixam abatidos. Quando aprendermos a desconsiderar pensamentos negativos, nosso sentimento positivo voltará logo. Não pretendo sugerir que só os altos-astrais são representativos da realidade, ou que nossos baixos- astrais são imposturas. Tanto os altos quanto os baixos-astrais parecerão reais e justificados dentro de si mesmos. Quando você está de baixo-astral, a forma de ver as coisas sempre parece razoável. De fato, você não pode vê-las de outro modo. O truque não é ver a situação de maneira diferente, mas reconhecer o estado mental em que você se encontra, e compreender que, quando estiver de baixo-astral, gerará pensamentos negativos. A mesmíssima circunstância com a qual você está envolvido hoje parecerá muito diferente amanhã, ou talvez até daqui a dez minutos. Se você puder deixar de lado a preocupação, e espantar o baixo-astral, o seu nível de bem-estar subirá de novo. Quando seus sentimentos forem mais importantes para você do que seu pensar, a qualidade desses sentimentos melhorará. NÃO TENTE RESOLVER SEUS PROBLEMAS ESTANDO DE BAIXO-ASTRAL Quantas vezes você já se pegou a dizer: "Esse não parecia eu", ou "Não pode ter sido eu quem falou - será que perdi a cabeça?" Há notícia boa e ruim quanto a essa tendência habitual. A notícia ruim é que foi você quem falou, como já foi antes e sempre será quando perder a sua perspectiva no futuro. A boa notícia é que se tratava apenas de você num baixo-astral; foi papo de baixo-astral. Se o seu nível anímico fosse superior, suas circunstâncias teriam parecido completamente diferentes e você teria se comportado de maneira diferente. A boa notícia, no sentido prático, é que de agora em diante você pode reconhecer e identificar os baixos-astrais quando estiver neles. Respeite o poder de um baixo-astral, a certeza com que você vê o lado escuro e problemático de uma situação. Em virtude da natureza dos estados de ânimo, você não verá as coisas de outro jeito enquanto estiver num deles. Mas você pode aprender a desconfiar de si mesmo e dos pensamentos que gera quando acaba num baixo-astral. Se um problema genuíno existir quando você estiver abatido, não se preocupe - o problema ainda estará aí quando seu estado de ânimo melhorar. E quando isso acontecer, você estará mais bem preparado para lidar com ele.
  • 23. [23] Não faz sentido você pôr muita ênfase no que pensa enquanto está de baixo-astral -isso só vai impedi-lo de alcançar um sentimento de contentamento. RESOLVA SEUS PROBLEMAS ESTANDO DE ALTO-ASTRAL Se você trata com uma pessoa a respeito de algum assunto enquanto ela está de baixo-astral, pode ficar certo do resultado. A pessoa ficará na defensiva, incomodada e não receptiva. O mesmo acontece conosco. Se tentarmos resolver um problema ou tomar uma decisão importante enquanto nosso nível anímico está baixo, provavelmente nos decepcionaremos e nos arrependeremos do nosso comportamento. Quando nosso estado de ânimo está por baixo não temos acesso à nossa sabedoria. O aspecto confuso desta parte do princípio que ora estudamos é que nos momentos de baixo-astral é que vamos querer resolver os nossos problemas e enfrentar outras pessoas. A tentação sempre estará ali. O baixo-astral provoca confusão e ressentimento. Ele encoraja-nos .a "querer chegar ao fundo da questão", "dar uma certa Interpretação ao que outros estão dizendo", "moldar a nossa comunicação" e "expressar nossos sentimentos". Mas os sentimentos que você tem quando está de baixo-astral não são os seus verdadeiros sentimentos - são os sentimentos que você (e outros) sente nos momentos de baixo-astral. Nessas condições você só vai experimentar sentimentos negativos; logo, não faz nenhum sentido confiar nesses sentimentos ou agir de acordo com eles. A solução é esperar até o ânimo se reerguer, e ele se reerguerá por si mesmo. Quanto menos atenção você der ao seu pensar nos momentos de baixo-astral, mais depressa o ânimo se reerguerá. Então, e só então, seus sentimentos mais sensatos virão à tona. Portanto, mesmo quando você se sentir compelido a tomar alguma providência séria, perceberá qual a maneira mais adequada. Se quiser discutir algo que o está incomodando, o momento certo para fazê-lo é o de alto-astral. O princípio dos estados de ânimo não diz que seja evitado o confronto - exceto quando você estiver abatido. O princípio fornece o meio mais fácil, hábil e produtivo de abordar a vida. Uma outra confusão quanto ao princípio dos estados de ânimo é que às vezes a gente pensa que tem de enfrentar as pessoas enquanto está de baixo-astral. Se bem que isso aconteça algumas vezes, não é tão freqüente quanto você pode pensar. Muitas vezes, uns poucos minutos afastado do problema podem ser tudo o que você precisa para suavizar a situação. O estado de ânimo é causa fundamental - não o efeito - da maioria dos desentendimentos e problemas. O estado de ânimo veio primeiro. Num estado de ânimo mais favorável, o mesmo cenário teria parecido completamente diferente. Naquelas raras ocasiões em que você tem mesmo de enfrentar alguém enquanto você (ou essa pessoa) está de baixo-astral, a coisa mais importante da qual é preciso estar ciente é saber que você está num baixo-astral, e que sua visão da situação é suspeita e limitada. Com este entendimento você ganha perspectiva. O acesso à saúde mental, como tudo o mais, fica mais fácil com a prática. Quanto mais você confiar nesse agradável sentimento de felicidade, mais fácil será conservá-lo por mais tempo. Pratique a atitude de ignorar seus baixos-astrais, em lugar de analisá-los, e veja quão rapidamente eles somem. Os baixos-astrais são uma distorção do nosso pensar. Aceite-os como parte da vida, faça o que puder para ignorá-los, e o funcionamento psicológico sadio irá prevalecer em sua vida.
  • 24. [24] TRÊS O PRINCÍPIO DAS REALIDADES SEPARADAS Não vemos os fatos como eles são, vemo-los como nós somos. - Anais Nin SE VOCÊ JÁ VIAJOU a outros países, está a par das vastas diferenças entre culturas. Mesmo aqueles que não viajaram provavelmente viram descrições na televisão, em filmes ou livros. O princípio das realidades separadas diz que as diferenças entre indivíduos são tão vastas quanto as existentes entre diferentes culturas. Assim como não pretenderíamos que pessoas de diferentes culturas vissem ou fizessem as coisas como nós, o princípio das realidades separadas nos diz que as diferenças individuais em nossos sistemas de pensamento também o impedem. Não é questão de se tolerarem diferenças no comportamento, mas de se compreender concretamente que não pode ser senão assim. Nos dois capítulos prévios, tomamos conhecimento sobre (luas maneiras fundamentais de as pessoas funcionarem psicologicamente, no pensamento e em estados de ânimo. Considerando-se que todo ser humano funciona dessa maneira, é Impossível dois seres humanos, quer da mesma cultura ou não, verem as coisas exatamente da mesma forma. Não há exceções a esta regra. Cada sistema de pensamento é singular em si mesmo. Ele é formado através de um processo de pensamento que depende do que se recebe. Nossos pais, nossos contextos, interpretações, nossa recordação, percepção seletiva, circunstâncias, nosso nível anímico - muitos fatores desempenham papéis na determinação do nosso sistema individual de pensamento. As combinações são infinitas, e é impossível elas se reproduzirem entre indivíduos. A compreensão deste princípio pode virtualmente eliminar disputas. Quando já esperamos ver as coisas de modo diferente, quando damos por certo que os outros farão as coisas diferentemente, e quando entendemos que outros reagirão diferentemente de nós ao mesmo estímulo, a compaixão que temos para com nós mesmos e com outrem aumenta de forma notável. No momento em que esperamos outra coisa, o potencial para conflito existe. Isso é verdade em pequena escala, entre duas pessoas num relacionamento, ou em grande escala, tal como nos relacionamentos entre nações. Podemos ver exemplos deste princípio em toda parte. Com a nossa atenção (pensamento) fora das nossas expectativas, somos livres para experimentar a essência singular de cada pessoa, produzindo um agradável sentimento em nós mesmos e maximizando o potencial dos nossos relacionamentos com os outros. É FÚTIL TENTAR FAZER OUTROS MUDAREM Nos relacionamentos, os problemas se dão basicamente de duas formas. Ou pensamos que os outros realmente vêem as coisas como nós as vemos - e portanto não conseguimos entender ou ficamos contrariados pelas reações deles - ou acreditamos que os outros deveriam ver as coisas como nós as vemos porque vemos a realidade como ela é realmente. Quando entendemos o princípio das realidades separadas livramo-nos destes catalisadores de problemas de relacionamento. Os outros não só não deveriam ver as coisas como nós as vemos, como de fato não podem vê-las assim. A natureza dos sistemas de pensamento individuais faz com que seja impossível vermos qualquer coisa como outra pessoa a vê -ou que outros vejam as coisas exatamente como nós as vemos. Esse novo entendimento nos liberta de uma idéia falsa e devolve a alegria das nossas diferenças. Uma coisa é dizer "a variedade é o sal da vida", e outra compreender e acreditar realmente nisso. O truque de acreditar nisso é não se forçar a pensar assim, mas ver que, de uma perspectiva psicológica, as diferenças entre pessoas e suas formas de encarar a vida fazem perfeito sentido.
  • 25. [25] Quando você compreende o fato das realidades separadas, não tem razão lógica alguma para encarar pessoalmente o que outros dizem e fazem. As pessoas passam suas existências provando a si mesmas que a sua versão pessoal da vida é válida, realista e correta. O aspecto autoconfirmativo dos sistemas de pensamento apontará infinitos exemplos para provar que ele está certo. Quando você entende esta idéia, vê a futilidade de se tentar fazer outras pessoas mudarem, ou até de discutir com elas. Se você discute, a outra pessoa está geralmente tão certa de que está com a razão que pode até usar fatos que dizem respeito a você para provar a posição dela, como no exemplo a seguir. Vejamos o caso do marido e da esposa casados há vinte anos - o marido considera as pessoas geralmente críticas por natureza, e a esposa acha-as dispostas a lisonjear sempre que possível. Durante anos, eles têm discutido essa questão em particular, o marido acenando com inúmeros exemplos da Atitude crítica e agressiva das pessoas. Para quantos exemplos o marido apresenta, a esposa tem igual número de exemplos visando provar a sua posição. Nenhum deles consegue entender por que o outro é tão cego perante os "fatos". Um dia, os dois estão num restaurante e ouvem por acaso um garçom falar para outro: "Você viu o chapéu da mulher da mesa dois? Nossa!" A esposa vira imediatamente para o marido e diz: "Esta vendo? Eis outro exemplo de pessoa que lisonjeia. Que bom! O que é preciso para você ver que na verdade as pessoas buscam oportunidades para lisonjear? O marido, pasmo, olha para a esposa e diz: "Lisonjear, do que é que você está falando? O homem estava rindo do chapéu da coitada mulher." O mal-entendido engraçado fica claro no instante em que compreendemos a dinâmica do que realmente está se passando. Tudo o que você precisa fazer é aceitar como um dado que cada um de nós vê a vida a partir da sua própria realidade separada, sua própria interpretação da vida, seu próprio sistema de referência. Nenhum de nós questiona a própria versão da realidade porque para nós ela sempre parece verdadeira. Em toda parte para onde olhamos, vemos exemplos que nos provam continuamente que estamos certos. REALIDADES SEPARADAS SÃO UM FATO DA VIDA A chave para se chegar a um entendimento com as realidades separadas e ver a beleza que existe nelas é reparar na absoluta inocência do processo. Nós vemos o que vemos com base em nosso condicionamento e em nossas crenças (nossos sistemas de pensamento). A sua mente interpretará um conjunto de circunstâncias nos limites do contexto que ela já conhece ou acredita ser certo. Em virtude de você ter um conhecimento singular e um conjunto singular de fatos do seu passado, a sua interpretação de qualquer situação irá variar em função disso. É como se sua mente fosse um complexo sistema de computação, e, como acontece com o computador, a interpretação da informação depende do que foi previamente introduzido. Assim ocorre conosco. Nossas mentes processam informação atual baseadas inteiramente em conhecimento prévio. Simplesmente não há como evitar as realidades separadas, e se não aceitarmos e compreendermos este fato da vida, nos frustraremos e talvez até destruamos nossas vidas. Havendo compreensão, este conhecimento pode ser uma fonte de sabedoria, alegria e humor. Compreender realidades separadas não quer dizer que você deva abrir mão de suas opiniões e crenças mais profundas. Crenças e opiniões são neutras em si mesmas. Elas são um aspecto interessante, enriquecedor e poderoso da vida. O elemento importante na felicidade, na saúde mental e no contentamento pessoal é o seu relacionamento com essas crenças e opiniões. Você acredita que o seu jeito de ver a vida representa a única realidade concreta e incontestável? Ou você entende que suas atuais crenças e interpretações sobre a vida derivam do seu próprio sistema de pensamento, e que se a informação contida nesse sistema de pensamento fosse diferente, suas conclusões seriam diferentes? A idéia é não rotular determinadas crenças ou idéias como certas ou erradas, mas simplesmente compreender como as idéias se originam, a ine-vitabilidade de ver as coisas de maneira diferente de outras pessoas. Quando compreendemos o princípio das realidades separadas, podemos continuar a manter qualquer crença ou opinião que tivermos - a diferença será
  • 26. [26] que nossas crenças pessoais, e as objeções que outras pessoas lhes fizerem, não serão uma fonte de hostilidade ou sofrimento. AS DEFESAS CAIRÃO E OS CORAÇÕES SE ABRIRÃO A compreensão das realidades separadas aproxima-nos inegavelmente daqueles que conhecemos e amamos. Ela ajuda-nos a compreender os outros, e também nos torna muito mais interessantes e acessíveis. Quando entendemos verdadeiramente que nossas idéias a respeito da vida decorrem dos nossos próprios sistemas de pensamento e não necessariamente representam a realidade, atraímos outras pessoas. E eis o porquê: nós todos temos interesse inalienável em Validar as nossas crenças. Mas os sistemas de pensamento (os nossos ou os de outros) não gostam de ser ameaçados nem que se mexa com eles. Quando você se aproxima de alguém, não no intuito de mudar suas crenças mas com genuíno interesse e respeito por seu ponto de vista sobre a vida, as defesas caem e abrem-se os corações. As pessoas que aceitam sinceramente o fato das realidades separadas têm relacionamentos mais satisfatórios do que jamais sonharam. Com freqüência, você desenvolve relacionamentos com pessoas das quais chegou a pensar que não poderia gostar. Em vez de se sentir frustrado e zangado por causa das diferenças individuais de alguém, você começa a ver essa pessoa sob uma nova luz, uma inocência não só nela - mas em você mesmo. O resultado é um abrandamento das crenças de ambas as pessoas, um novo apreço mútuo e um sentimento agradável e positivo. O princípio das realidades separadas pode ser representado por um continuum: Intolerância..........Tolerância..............Compreensão O extremo esquerdo da escala é onde a maioria das pessoas acredita que os relacionamentos desenvolvem problemas. E elas têm razão. Ao nos deslocarmos em direção à tolerância, os problemas são tratados, mas dificilmente resolvidos. Ainda que a tolerância seja certamente mais desejável que a intolerância, ela representa uma pequena fração do que você precisa percorrer nessa escala se quiser relacionamentos felizes e satisfatórios. A tolerância de outras pessoas e o jeito de elas estarem no mundo sugerem uma sutil forma de superioridade no nosso entender ou do nosso ponto de vista. Com base no que você conhece agora sobre sistemas de pensamento e realidades separadas, sabe que suas idéias pessoais sobre a vida e como ela deveria ser vivida não podem ser superiores às de ninguém. A informação contida no seu sistema de pensamento é tão arbitrária como a do próximo. As suas idéias, crenças, opiniões e reações perante a vida são produto e função da informação e do estímulo que você absorveu, e isso é igualmente certo no caso de pessoas que vêem a vida de modo diametralmente diferente do seu. Se você não entender isso, as diferenças entre pessoas podem virar uma grande fonte de frustração. Se você entender as realidades separadas, essas mesmas diferenças individuais tornam-se uma fonte de interesse, crescimento e inspiração. CRESCIMENTO E COMPROMISSO TORNAM-SE POSSÍVEIS Especialmente quando as diferenças parecem insuperáveis, a compreensão das realidades separadas tem aplicações muitíssimo práticas. Se nos aproximamos de alguém de forma compreensiva, abrimos a porta para o crescimento. Quando não visualizamos outras posturas como inferiores ou erradas, aceitamos nova informação sem que o nosso velho sistema de pensamento a desmereça. Sem esta compreensão, o nosso sistema de pensamento domina e nos impede de escutar sinceramente. Escute sem julgar, e a pessoa com quem você está perceberá seu respeito à postura dela e a sua disposição em ouvir. O resultado é maior compreensão e moderação de ambas as partes - a essência do compromisso ou da colaboração, revelando o melhor de nós mesmos e dos outros.
  • 27. [27] Voltemos, mais uma vez, às reflexões de Stacey sobre a decisão de seus pais de contratarem uma babá que passava a noite no emprego para tomar conta dela quando era pequena. Se Stacey não compreende as realidades separadas, não surpreende que ficasse contrariada ante tal decisão. Afinal, era muito diferente das suas próprias crenças quanto ao papel dos pais! Como ela acreditava veementemente nos seus próprios pensamentos, tendia a ficar remoendo-os, causando-se ainda mais aflição. Quando Stacey refletiu pela primeira vez sobre a decisão de seus pais, o fez sem uma compreensão ou consideração das realidades separadas. Ela não teve condições de entender por que seus pais teriam tomado uma atitude como aquela. Além disso, ela ficava igualmente aborrecida por causa de outras decisões e opiniões que não condiziam com seus próprios pontos de vista. A compreensão das realidades separadas teria permitido a Stacey dar-se ao luxo de refletir sem irritar-se ou julgar. Ela saberia que seus pais tomaram as decisões que tomaram baseados no que achavam certo naquele momento - nem mais, nem menos. Então Stacey não teria rotulado a sua reação como correta e a decisão de seus pais como errada, mas reconhecido nelas simplesmente decisões diferentes, baseadas em diferentes sistemas de pensamento. O relacionamento de Stacey com seus pais teria sido cheio de respeito mútuo e amor, em lugar de dúvidas e acusações. A falta de compreensão do princípio das realidades separadas pode resultar em constante conflito e frustração. A solução é adquirir uma adequada compreensão deste conceito, e ter a humildade de admitir que nem sempre se pode entrar nas mentes de outras pessoas. Não importa quão facilmente você encare algo, ou quão obviamente certa lhe pareça uma situação, uma outra pessoa poderá avaliá-la de modo diferente e ter a mesma certeza dessa postura. QUATRO O PRINCÍPIO DOS SENTIMENTOS Você está a apenas um pensamento do bom sentimento. - Sheila Krystal VOCÊ TEM À SUA DISPOSIÇÃO um sistema de orientação infalível para navegar pela vida. Este sistema, que consiste exclusivamente em seus sentimentos, permite-lhe saber quando está no rumo errado e avança em direção à infelicidade e ao conflito, afastando-se do funcionamento psicológico sadio. Seus sentimentos agem como um barômetro, fazendo-lhe saber como está o tempo dentro de você. Nós reconhecemos a poderosa ligação entre nosso pensamento e nossa experiência de vida. Quando pensamos, imediatamente sentimos os efeitos de nossos pensamentos. Isso acontece num instante e, para a maioria de nós, sem percebermos que está a acontecer. Nós pensamos de uma das duas maneiras: ou como é habitual, através do nosso sistema individual de pensamento, ou através do que se chama "estado mental natural" - funcionamento psicológico sadio. Já comentamos os efeitos do pensar através do sistema de pensamento. Neste capítulo, você verá que conta com outra alternativa muito concreta. O quarto princípio afirma que nossos sentimentos nos dizem, com completa precisão, quando o nosso pensar sofre uma disfunção. Quando não temos consciência de estarmos pensando, nossos pensamentos são gerados mediante o sistema de pensamento, em vez de mediante o funcionamento sadio. Não fosse por nossos sentimentos, jamais saberíamos quando caímos na armadilha dos
  • 28. [28] nossos sistemas de pensamento ou quando estivemos de baixo-astral. Ficaríamos convencidos de que estávamos a encarar a vida realisticamente, mesmo nos nossos estados mentais de maior abatimento. Quando não caímos na armadilha dos sistemas de pensamento, nossos sentimentos se mantêm positivos. Temos um sentimento de contentamento e uma sensação de alegria no que quer que estejamos fazendo. Não parece haver um fundamento lógico para o sentimento positivo; nós sentimo-nos bem, só isso. Experimentamos os sentimentos humanos mais profundos, mais genéricos, gerados a partir de um estado mental natural: contentamento, amor e gratidão. Trata-se de um estado no qual vemos a vida claramente. Nossa atenção e nossa concentração são moderadas - nossas mentes estão desanuviadas. Podemos fazer qualquer coisa nesse estado mental (inclusive coisas desagradáveis) porque nossas mentes não estão atulhadas de pensamentos do passado, do futuro, ou juízos sobre o que estamos fazendo. Lidamos com o que quer, ou quem quer, que tivermos pela frente. Esse é o estado mental a partir do qual evoluem idéias novas e criativas, e no qual as soluções aos problemas parecem óbvias. Todos temos acesso a esse estado mental, e quando estamos nele não é preciso fazer nenhum ajuste mental - tudo flui naturalmente. Quando a nossa experiência de vida deixa de ser agradável, nosso sistema de alerta de sentimentos esperneia e como uma bandeira vermelha nos lembra que estamos fora do rumo. Voltamos a pensar através do nosso sistema de pensamento. Estamos tendo uma disfunção no modo de pensar e está na hora de fazermos um ajuste mental. Nossos sentimentos estão para a nossa saúde mental como as luzes de advertência do painel estão para nossos carros. Ambos nos informam que está na hora de moderar. No carro, nós moderamos a pressão no acelerador. É hora de parar no acostamento. Assim também, quando nos sentimos descontentes, necessitamos clarear nossas cabeças e parar com o que estamos pensando - com isso voltamos a um sentimento positivo. Abandone temporariamente o pensamento que está a surgir de um sistema de referência distorcido e habitual. Lembre-se, desconsiderar ou deixar de ouvir pensamentos perturbadores não significa fazer de conta que essas coisas não nos incomodam nem necessitam de melhoria. Porém, a boa solução ou novas idéias nunca resultarão de uma disfunção do pensamento - mas somente de um estado de sentimento positivo cm que a vida parece fácil. Necessitamos começar a descrer da validade do nosso sistema de pensamento em se tratando de manter e ter acesso à nossa própria saúde mental. Decida ele uma vez por todas que não vale a pena defender nem alimentar sentimentos negativos. O único valor dos sentimentos negativos é permitir que saibamos que estamos vendo a vida distorcidamente. Esta idéia é vigorosamente contestada no atual pensamento psicológico. Muitos, se não a maioria dos psicólogos de hoje, compartilham a crença segundo a qual tornar-se mais consciente de seus sentimentos (sejam quais forem), e depois expressá-los, representa maturidade emocional. Nada poderia ia estar mais longe da verdade. Se o estado de ânimo é a fonte da experiência, não o efeito, quando você estiver de baixo-astral, ou sentindo-se mal, gerará pensamentos negativos cem por cento do tempo. Se você se sente mal e um psicólogo (ou quem quer que seja) pergunta: "Como está se sentindo?", ele ou ela está, de fato, pedindo-lhe que explique como vê a vida quando está de baixo-astral. Quando seu estado de ânimo melhorar, você terá uma descrição drasticamente diferente dos mesmos acontecimentos. O baixo-astral não tem valor algum, a não ser o de lembrar-lhe que você está pensando disfuncionalmente e não deveria confiar ou dar ouvidos seriamente a si mesmo no momento presente. DESCONFIE DE SEUS SENTIMENTOS QUANDO ESTIVER DE BAIXO-ASTRAL Lembre, quando estamos de baixo-astral sempre somos capazes de apontar razões por que nos sentirmos como nos sentimos e ficaremos tentados a confiar nos nossos pensamentos. Mas nossos pensamentos no baixo-astral estarão distorcidos e, como seus sentimentos são um resultado direto do seu pensar, também eles estarão distorcidos. Sentimentos desagradáveis são um sinal acurado