O documento discute como o modelo de desenvolvimento imposto no Brasil levou à desigualdade social e exploração. Apesar das conquistas democráticas ao longo do tempo, persistem discriminação e intolerância na sociedade. Embora o povo tenha lutado por direitos no passado, atualmente parece satisfeito e pouco mobilizado para enfrentar problemas como a baixa posição educacional do Brasil. É necessário que os cidadãos retomem a participação política para promover mudanças.
1. Luta democrática X Comodismo
Diante do modelo de desenvolvimento que nos é imposto desde os primórdios
da ocupação portuguesa no Brasil houve a estruturação caótica e desigual da
sociedade. Nativos escravizados, africanos retirados de sua terra natal à força e
discriminação entre próprios portugueses na época colonial deram origem ao atual
contexto de preconceitos sociais que vivenciamos hoje. Instaurou-se a lógica da
escravidão, exploração e busca desenfreada por status como modelo ideal de
sobrevivência.
Ao longo do tempo, indubitavelmente, a política modificou-se. Fazendo um
paralelo, desde os movimentos emancipatórios e a luta por direitos políticos e melhor
qualidade de vida desencadeou uma série de mudanças que atendiam aos interesses
do povo. Com a consolidação da identidade nacional por meio da música, literatura e
comemorações culturais, como o carnaval, verificou-se que, nos bastidores, a
separação por classes reduzia para dar margem a uma união em prol da igualdade e
liberdade de expressão.
Tendo em vista esse panorama, entretanto, o que se verifica na maioria das
relações sociais é a discriminação e intolerância com quem é diferente. O racismo, o
bullying nas escolas e o julgamento baseado em premissas duvidosas, frutos de um
passado extremamente conservador e pouco aberto a novas formas de abordar o
mundo vigoram nos pilares da estrutura social. De fato, as conquistas brasileiras como
direitos trabalhistas, civis, políticos, o voto direto, legislações a favor das mulheres,
atuação autônoma de sindicatos, entre outras, foram muitas. Porém, a mobilização
política dos tempos antigos decaiu drasticamente. Qual seria a razão? Aparentemente,
o povo mostra-se satisfeito e estagnado diante das vitórias, ainda que escassas em
relação aos países desenvolvidos, sobre os problemas sociais.O Brasil pode ser a 6ª
maior economia do planeta, mas em um âmbito educacional permanece na 88ª
posição. Informação essa preocupante, mas a população não se manifesta
massivamente a respeito como em outras épocas de reivindicações.
Por conseguinte, é necessário reaver as nossas bases de cidadania e
participação nas decisões políticas. A nação brasileira, historicamente, não é apolítica.
Já tivemos grandes amostras de solidariedade e benevolência partindo de nosso povo.
Já fizemos história. Não podemos simplesmente calar ou ignorar a realidade que nos é
exposta. Afinal, como disse Martin Luther King:“O que me preocupa não é o grito dos
corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem ética... O que me preocupa é o
silêncio dos bons”.