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Versão Pública                                    Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18




                            MINISTÉRIO DA FAZENDA

                   Secretaria de Acompanhamento Econômico



Parecer no 06510/2010/RJ      COGCE/SEAE/MF

                                                                    Em 29 de junho de 2010.

Referência: Ofício nº 3818/2009/SDE/GAB de 10 de junho de 2009

                                          Assunto: ATO DE CONCENTRAÇÃO n.º
                                          08012.004423/2009-18
                                          Requerentes: Perdigao S/A e Sadia S/A
                                          Operação: Aquisição da Sadia S/A pela
                                          Perdigão S/A, por meio de incorporação de
                                          ações.
                                          Recomendação:         Aprovação      com
                                          restrições.
                                          Versão Pública


O presente parecer técnico destina-se à instrução de processo constituído na
forma da Lei nº 8.884, de 11 de junho de 1994, em curso perante o Sistema
Brasileiro de Defesa da Concorrência - SBDC.

Não encerra, por isso, conteúdo decisório ou vinculante, mas apenas auxiliar ao
julgamento, pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica - CADE, dos
atos e condutas de que trata a Lei.

A divulgação do seu teor atende ao propósito de conferir publicidade aos
conceitos e critérios observados em procedimentos da espécie pela Secretaria
de Acompanhamento Econômico - SEAE, em benefício da transparência e
uniformidade de condutas.

Nos termos da Portaria SEAE nº 83, de 19 de novembro de 2007, e considerando a
solicitação da Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça, nos termos do
art. 54 da Lei nº 8.884/94, a Seae emite parecer técnico referente ao ato de
concentração entre as empresas Perdigao S/A e Sadia S/A.




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Sumário

1. Dos Requerentes .................................................................................................................................. 2
   1.1.    PERDIGÃO S/A (Doravante denominada PERDIGÃO) ..................................................... 3
   1.2.    Sadia S.A. (Doravante denominada SADIA)........................................................................ 4
2. Da Operação .......................................................................................................................................... 5
2. Da Definição de mercado relevante ................................................................................................ 6
   3.1. Oferta de produtos ......................................................................................................................... 6
     3.1.1. Dimensão Produto .................................................................................................................. 6
     3.1.2. Dimensão Geográfica .......................................................................................................... 25
   3.2. Demanda por insumos para o abate – relação com produtores ........................................... 26
     3.2.1. Dimensão Produto ................................................................................................................ 26
     3.2.2. Dimensão Geográfica .......................................................................................................... 26
4. Da Possibilidade de Exercício de Poder de Mercado................................................................... 27
   4.1. Da oferta de produtos .................................................................................................................. 27
   4.2. Do abate ........................................................................................................................................ 28
5. Da Probabilidade de Exercício de Poder de Mercado .................................................................. 30
   5.1.    Condições de Entrada ........................................................................................................... 30
     5.1.1.     Carnes in natura – Abate de frangos, suínos e perus e oferta de carne de peru 31
     5.1.2.     Processados................................................................................................................... 40
   5.2.    Rivalidade ................................................................................................................................ 66
     5.2.1. Carnes in natura - abate e oferta de carne de peru ........................................................ 66
     5.2.2. Processados .......................................................................................................................... 66
   5.3. Conclusão ..................................................................................................................................... 88
6. Da Análise de Eficiências ............................................................................................................... 88
   6.1. Das Requerentes ......................................................................................................................... 88
   6.2. Do Posicionamento da SEAE .................................................................................................... 88
7. Da Recomendação ............................................................................................................................. 90
ANEXO I. Análise das Notas Técnicas elaboradas pelas Requerentes ...................................... 93
ANEXO II. Participação de mercado por mercado relevante .......................................................... 113
ANEXO III. Respostas das empresas referente a tempestividade da entrada ............................ 143
ANEXO IV - Valor da marca por mercado relevante ........................................................................ 146
ANEXO V. Teste qualitativo – respostas das empresas ................................................................. 151
ANEXO VI. Respostas a respeito da 1ª e 2ª escolhas .................................................................... 155
ANEXO VII. Histórico de entrada por empresa ................................................................................. 161
ANEXO VIII. Evolução quantidade produzida ................................................................................... 166
ANEXO IX. Evolução de produção de carne in natura .................................................................... 173




1. Dos Requerentes


                                                                             2
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1.1. PERDIGÃO S/A (Doravante denominada PERDIGÃO)

1. A PERDIGÃO é uma empresa de origem brasileira que pertence ao Grupo Perdigão
e possui sede no Estado de São Paulo. Trata-se de uma sociedade “holding” sem
atividades operacionais.

2. Os acionistas da Perdigão são apresentadas no Quadro 1.

Quadro 1. Acionistas da Perdigão
Acionistas                                                                        %
Caixa Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil                           14,16
Fundação Petrobrás de Seguridade Social - Petros                                12,04
Fundo Bird                                                                      7,26
Fundo Sistel de Seguridade Social                                                 4
Fundação Vale do Rio Doce de Seguridade Social - Valia                          3,72
FPRV1 Sabiá FIM Previdenciário                                                   1,1
Administradores                                                                 0,16
Tesouraria                                                                      0,21
Outros                                                                          57,35
Total                                                                            100
 Fonte: Requerentes.

3. O Grupo Perdigão atua por meio de subsidiárias na produção e exportação de
carnes “in natura”, no processamento comercialização de carnes bovina, suína e de
aves industrializadas. A empresa atua nos segmentos de vegetais congelados e de
alimentos prontos para consumo, como massas prontas, tortas, pizzas e folhados. Nos
mercados de produtos lácteos, a empresa opera por meio das marcas Batavo,
Cotochés e Elegê.

4. Tais atividades estão listadas no Anexo V da Resolução CADE nº 15/1998 como:

Pecuária e Produção Animal – Pecuária de Corte e Leite (3.01)

Pecuária e Produção Animal – Frigoríficos de Bovinos (3.02)

Pecuária e Produção Animal – Gado de Leite (3.03)

Pecuária e Produção Animal – Suínos (3.05)

Pecuária e Produção Animal – Aves e Ovos (3.06)

Pecuária e Produção Animal – Frigoríficos de Suínos e Aves (3.07)

Pecuária e Produção Animal – Rações (3.08)

Indústria Alimentícia – Laticínio (7.01)

Indústria Alimentícia – Massas e Pães (7.03)

Indústria Alimentícia – Preparados e Congelados (7.07)

Indústria Alimentícia – Condimentos Diversos

Indústria Alimentícia – Conservas Diversas (7.09)

Indústria Alimentícia – Defumados Diversos (7.11)




                                           3
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5. O Grupo Perdigão possui participação direta ou indireta nas seguintes empresas
com atividades no Brasil:

No Brasil

      •   Perdigão S.A.

      •   PDF Participações Ltda;

      •   PSA Participações Ltda;

      •   Perdigão Trading S.A.;

      •   Sino dos Alpes Alimentos Ltda.;

      •   Up Alimentos Ltda.;

      •   Avipal S.A. Construtora e Incorporadora;

      •   Avipal S.A. Alimentos;

      •   Avipal Nordeste S.A.;

      •   Avipal Centro-Oeste S.A.

No mercosul

      •   Estabelecimientos Levino Zaccardi y Cia S.A.. (Argentina)

6. Nos últimos três anos, o Grupo Perdigão promoveu operações no Brasil e no
Mercosul. Essas operações estão relacionadas no item I.10 do Anexo I da Resolução
do CADE nº 15/98. Grande parte destas operações foi aprovada pela SEAE tendo por
base a presença da empresa Sadia como rival.

7. Os faturamentos do Grupo Perdigão no Brasil, Mercosul1 e mundo2 em 2008 de
CONFIDENCIAL, CONFIDENCIAL e CONFIDENCIAL, respectivamente.



1.2.      Sadia S.A. (Doravante denominada SADIA)

8. A SADIA é uma empresa atuante no Brasil, no setor alimentício, com atividades no
abate e produção de frangos, suínos e perus, em alimentos congelados e resfriados
industrializados e em margarinas, além de atuar na exportação de aves, suínos e
produtos industrializados.

9. Os acionistas da Sadia são apresentadas no Quadro 2.

Quadro 2. Acionistas da Sadia
Acionistas                                                                        %
OLD Participações Ltda.                                                          3,92
Sunflower Participações S.A.                                                     5,31
Demais Membros do Acordo de Acionistas                                           14,16
PREVI - Caixa de Prev. Func. Bco. Brasil                                         7,33
Ações em Tesouraria                                                              1,47

1
    CONFIDENCIAL
2
    Incluindo Mercosul e Brasil.

                                             4
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Outros                                                                              67,81
Total                                                                                100
 Fonte: Requerentes.

10. O Grupo Sadia detém participação superior a 5% na composição social das
empresas atuantes no Brasil e no Mercosul relacionadas a seguir:



        Concórdia Holding Financeira S.A. (Brasil);

        Concórdia S.A. Corretora de Valores Mobiliários, Câmbio e Commodities
        (Brasil);

        Sadia Industrial Ltda. (nova denominação de Rezende Óleo Ltda) (Brasil);

        Rezende Marketing & Comunicações Ltda. (Brasil)

        Big Foods Indústria de Produtos Alimentícios Ltda. (Brasil);

        Baumhardt Comércio e Participações Ltda. (Brasil);

                 - Excelsior Alimentos S.A. (Brasil);

        Sadia International Ltd. (Ilhas Cayman);

                 - Sadia Alimentos S.A. (Argentina);

                 - Sadia Chile S.A. (Chile);

                 - Sadia Uruguay S.A. (Uruguai);



11. Nos últimos três anos, o Grupo Sadia promoveu operações no Brasil e no
Mercosul. Essas operações estão relacionadas no item I.10 do Anexo I da Resolução
do CADE n.º 15/98. Grande parte destas operações foi aprovada pela SEAE tendo por
base a presença da empresa Perdigão como rival.

12. O faturamento do grupo Sadia no mundo, em 2008, foi de cerca de
CONFIDENCIAL. No Brasil, o faturamento do grupo no mesmo período foi de
aproximadamente CONFIDENCIAL. O faturamento decorrente de vendas realizadas
pelo grupo para outros países da América, incluindo os países do Mercosul, foi de
CONFIDENCIAL.



2. Da Operação

13. A operação compreende 3 etapas:

1ª etapa – Reorganização Societária da Sadia

14. Nesta primeira etapa, acionistas que detenham, no mínimo, 51% do capital votante
da Sadia migrarão para a HFF Participações S.A. (“HFF”), para que esta se torne
acionista controladora da Sadia.

15. Ainda no âmbito da reorganização societária da Sadia, a alienação da totalidade
das ações de emissão da Concórdia Holding Financeira S.A. detidas pela Sadia


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constitui uma das condições para a eficácia do Acordo de Associação, na medida em
que Perdigão colocou como condição de negócio que o segmento financeiro da Sadia
não fizesse parte da associação. Nesse sentido, foi constituída uma sociedade por
alguns dos acionistas da HFF, denominada HFIN Participações S.A., com o propósito
específico de adquirir a Concórdia Holding Financeira S.A. da Sadia.



2ª etapa – Incorporação de ações da HFF pela Perdigão

16. Finalizada a reorganização societária da Sadia, a Perdigão incorporará as ações
de emissão da HFF, ocasião em que HFF tornar-se-á sua subsidiária integral e a
Perdigão, em conseqüência, passará a ser a controladora da Sadia. Nesta mesma
etapa, a Perdigão alterará sua denominação social para BRF Brasil Foods S.A..

17. A BRF poderá, ainda, a seu critério, realizar a incorporação da subsidiária integral
HFF, o que fará com que passe a deter diretamente as ações da Sadia que eram de
propriedade da HFF.



3ª etapa – Incorporação de Ações da Sadia

18. Concluída a segunda etapa, a BRF, já na qualidade de acionista controladora
direta ou indireta da Sadia, visando à conclusão da associação, realizará a
incorporação das ações da Sadia que remanescerem em poder do público, ocasião
em que a Sadia tornar-se-á sua subsidiária integral.



2.   Da Definição de mercado relevante

3.1. Oferta de produtos

3.1.1. Dimensão Produto

19. Para a dimensão produto, considerar-se-ão quatro aspectos: (i) informações
prestadas no requerimento inicial; (ii) jurisprudência européia; (iii) proposta de
mercado relevante das requerentes e (iv) respostas das empresas oficiadas.



3.1.1.1. Requerimento inicial

20. As requerentes inicialmente identificaram as seguintes relações horizontais
existentes entre os grupos das requerentes.

Quadro 3. Identificação das relações horizontais existentes entre os grupos das
requerentes.

Linha de produtos                                              SADIA         PERDIGÃO
1 - Carnes in natura
      1.1 Frango                                                    X             X
      1.2. Suínos                                                   X             X
      1.3. Peru                                                     X             X
      1.4. Bovino                                                   X             X
      1.5. Peixes e Frutos do Mar                                   X
2. Congelados

                                           6
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      2.1. Congelados
              2.1.1. Pratos Prontos                                X             X
              2.1.2. Pizza                                         X             X
              2.1.3. Hamburguer                                    X             X
              2.1.4. Empanados                                     X             X
              2.1.5. Tortas                                        X             X
              2.1.6. Lanches Prontos                               X             X
              2.1.7. Salgadinhos                                   X             X
              2.1.8. Pão de Queijo                                 X             X
              2.1.9. Kibes                                         X             X
              2.1.10. Almôndegas                                   X             X
              2.1.11 - Batatas                                     X             X
              2.1.12. Vegetais                                     X             X
              2.1.13. Pães                                         X
      2.2. Frios e embutidos
              2.2.1. Industrializados de Carne                     X             X
                          Presunto                                 X             X
                          Apresuntado                              X             X
                          Afiambrados                              X             X
                          Mortadela                                X             X
                          Salame                                   X             X
                          Salsichas                                X             X
                          Linguiças                                X             X
                          Frios Especiais
(Copa/Lombo/Parma)                                                 X             X
                          Frios Saudáveis (Peito de
Peru/Blanquet)                                                     X             X
               2.2.2. Bacon                                        X             X
               2.2.3. Patês Cárneos                                X             X
      2.3. Margarinas                                              X             X
      2.4. Lácteos
               2.4.1. Linha Seca
                          Leites UHT                                             X
                          Sucos                                                  X
                          Achocolatado Líquido (Aromatizado)                     X
                          Molhos Prontos e Congelados                            X
                          Doce de Leite                                          X
                         Creme de Leite                                          X
                         Leite em Pó                                             X
                         Leite condensado                                        X
                         Bebidas de Soja                                         X
               2.4.2. Linha Refrigerada                                          X
                         Queijos                                   X             X
                         Leite Pasteurizado                                      X
                         Iogurtes e Bebidas                                      X
                         Sobremesas Lácteas                                      X
                         Alimentos a base de soja                                X
                         Manteiga                                                X
                         Leite Fermentado                                        X
                         Creme de Leite                                          X
                         Pasteurizado/Nata                                       X
                         Petit-Suisse                                            X


                                          7
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                       Requeijão                                                    X
                       Cream Cheese                                   X
      2.5. Massas frescas                                             X
      2.6. Sobremesas                                                 X
      2.8. Kit Festa (Cesta Natalina vários itens)                    X             X
3. Vendas Diversas
      3.1. Matérias Primas                                            X             X
      3.2. Medicamentos e vacinas                                     X             X
      3.3. Farelo de Soja                                             X             X
      3.4. Animais vivos                                              X             X
      3.5. Ovos                                                       X             X
      3.6. Rações                                                     X             X
      3.7. Farinhas e derivados de soja                               X             X
      3.8. Óleos vegetais                                             X             X
      3.9. Outros                                                     X             X
Fonte: requerentes

21. De acordo com o Quadro 3, pode-se elucidar diretamente as seguintes
informações a respeito das sobreposições horizontais:



    1. Carnes in natura – somente não há sobreposição horizontal na produção de
       Peixes e Frutos do Mar.

    2. Industrializados

    Congelados – somente não há sobreposição horizontal na produção de pães

    Frios e embutidos – existe sobreposição horizontal em todos os produtos.

    Margarinas – existe sobreposição horizontal.

    Lácteos:

         Linha Seca – não existe sobreposição horizontal em nenhum produto

         Linha refrigerada – somente existe sobreposição horizontal no produto queijos.

    Kit festa – existe sobreposição horizontal



    3. Vendas diversas – existe sobreposição horizontal em todos os produtos.

22. Adicionalmente, as requerentes informaram, por meio da Nota Técnica
“DEFINIÇÃO DOS MERCADOS RELEVANTES NO ATO DE CONCENTRAÇÃO
SADIA E PERDIGÃO”, que não haveria sobreposição nas seguintes linhas de
produtos: tortas, lanches prontos e salgadinhos. Em complemento, por meio daquela
mesma Nota Técnica, informam que os itens constantes em vendas diversas seriam
oferecidos de forma preferencial aos produtores parceiros em seus respectivos
sistemas de integração. Por sua vez, a oferta de óleos vegetais seria apenas mediante
produção terceirizada.

23. A partir das informações postadas no Quadro 3, observa-se que as requerentes se
sobrepõe em duas grandes áreas:



                                            8
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      •   Oferta de carnes in natura;
      •   Oferta de carnes processadas.

24. Dentro da área de carnes in natura, as requerentes se sobrepõe em três áreas:

      •   Oferta de carne de suínos in natura para consumo;
      •   Oferta de carne de bovinos in natura para consumo;
      •   Oferta de carne de aves in natura para consumo.

25. E, dentro da área de carnes processadas, as requerentes se sobrepõe em três
áreas:

      •   Oferta de produtos processados de carne bovina
      •   Oferta de produtos processados de carne de porco;
      •   Oferta de produtos processados de carne de aves.



3.1.1.2. Jurisprudência européia

26. A Comissão Européia divide os mercados in natura e processados de carne por
tipo de animal: (i) suíno; (ii) aves e (iii) bovino.

27. A Comunidade Européia, quando da análise do caso Danish Crown/Flagship
Foods3, assim se manifestou:

                 … In the view of both competitors and customers pork is a separate
                 product to be distinguished from beef, lamb, poultry etc. Processors of
                 pig meat take into account the fact that consumers clearly distinguish
                 between the various types of protein contained in these products.
                 Customers also have different diet preferences based on health and
                 safety concerns as well as religious beliefs in some cases. …

28. Segundo a OFT (Office of Fair Trading), quando da análise do caso Tulip Limited
of Geroge Adams & Sons e George Adams & Sons (Holdings) Limited4, a oferta de
carne fresca de suíno atende a dois mercados distintos: (i) mercado de carne fresca
de suíno para processamento e (ii) mercado de carne fresca de suíno para consumo.

29. A partir do mercado de carne fresca de suíno para processamento, surge um
terceiro mercado, o mercado de produtos processados de carne de suíno.




3
    http://ec.europa.eu/competition/mergers/cases/decisions/m3401_en.pdf.
4
    http://www.oft.gov.uk/shared_oft/mergers_ea02/361227/Tulip.pdf.

                                                9
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30. A Figura 1 apresenta os diferentes mercados considerados pela OFT5 no que
refere ao mercado de suínos.


                                                   Oferta de carne
                                                   fresca de suíno




                              Oferta de carne                             Oferta de carne
                           fresca de suíno para                        fresca de suíno para
         Upstream             processamento                                  consumo




                              Mercado de
                                produtos
      Downstream             processados de
                                  suíno




                 Figura 1. Divisão dos mercados de suínos segundo a OF
                 Fonte: OFT. Elaboração SEAE/MF

31. Como se pode verificar pela Figura 1, o mercado de carne fresca de suíno para
processamento é o mercado upstream do mercado de produtos processados de suíno.

32. A Comissão Européia, quando da análise do caso Marfrig/Seara6, dividiu o
mercado de frango em três mercados distintos: (i) oferta de carne fresca de frango
para consumo no varejo; (ii) oferta de carne fresca de frango para consumo no
atacado e (iii) oferta de carne fresca de frango para processadores industriais.




5

http://www.oft.gov.uk/shared_oft/mergers_ea02/2009/Cranswick.pdf;jsessionid=AD2FEA115BF
76DB16FEED042008C50C4.
6
  http://ec.europa.eu/competition/mergers/cases/decisions/m5705_20091218_20310_en.pdf


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Versão Pública                                     Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18


                                          Oferta de carne in
                                          natura de frango




                                                                Varejo     Atacado




                                          Mercado de carne
                 Downstream              processada de frango




Figura 2. Divisão dos mercados de carne de frango segundo a Comissão Européia.
Fonte: OFT. Elaboração SEAE/MF

33. Como se pode verificar, a jurisprudência européia separa os mercados de carne in
natura dos mercados de carne processada.



    A. Mercados in natura

34. Nos mercados de carne in natura, a jurisprudência européia trabalha com
mercados distintos por tipo de animal, ou seja:



    1. mercado relevante de Frango;

    2. mercado relevante de Suínos;

    3. mercado relevante de aves;

    4. mercado relevante de Bovino.



    B. Produtos processados

35. O Quadro 4 resume o entendimento da comunidade européia no que se refere aos
produtos processados de carne quando da análise do caso Danish Crown e Flagship
Foods.




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Versão Pública                                     Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18


Quadro 4. Entendimento da comunidade européia a respeito de produtos processados
de carne.




Fonte: OFT.

36. Segundo a Comissão Européia, os produtos processados de carne são produtos
produzidos a partir da conjugação de carne de aves e de mamíferos (bovinos, suínos
etc) com especiarias. Estes produtos processados podem ser defumados, cozidos,
etc).

37. Segundo a Comissão Européia, os produtos processados de carne podem ser
classificados de acordo com sete dimensões:

    (i) Tipo de matéria prima (suíno, bovino, aves);
    (ii) Ingredientes utilizados;
    (iii) Quantidade de aguá,
    (iv) Tratamento térmico;
    (v) Porção;
    (vi) Embalagem;
    (vii)    Temperatura;

38. Segundo a Comissão Européia, todos os produtos processados de carne
constituem uma combinação das sete dimensões acima apresentadas.

39. Com base na divisão dos mercados por tipo de animal e nas dimensões existentes
nos produtos processados de carne, apresentam-se as definições de mercados
relevantes trabalhados pela Comissão européia em suas decisões recentes.




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Versão Pública                                      Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18


Quadro 5. Mercados relevantes de carnes processadas segundo a Comissão
Européia




Fonte: OFT.


40. Como se pode verificar pelo Quadro 5, a Comissão Européia divide os produtos
processados de carne por tipo de animal (suíno, bovino e aves). A partir desta divisão,
a Comissão subdivide em seis mercados:

(a) produtos curados;

(b) carne processada pra consumo a frio;

(c) carne enlatada;

(d) Lingüiça cozida;

(e) Patês e tortas;

(f) Pratos prontos e outros componentes para tal.



3.1.1.3. Proposta de mercado relevante das Requerentes

41. Esta seção tem como objetivo fazer uma análise dos mercados relevantes sob a
ótica da oferta. Para tanto, apresenta-se um relato da visita realizada pela SEAE a três
instalações da Perdigão e discute-se a nota técnica apresentada pelas requerentes.

3.1.1.3.1 Definição de mercado relevante pelo lado da oferta - Visita realizada pela
SEAE às instalações produtivas da Perdigão

42. Em atendimento ao convite feito pelos representantes legais da Perdigão,
visitaram-se as instalações produtivas da BRFoods em Santa Catarina, localizadas
nos municípios de Videira, Salto Veloso e Lages, nos dias 12 e 13/04/2010.

43. Na planta produtiva integrada (abate de aves, suínos e produtos processados)
localizada em Videira, foi mostrado o processo de produção de mortadelas, salsichas
e lingüiças, sendo apresentadas quatro linhas produtivas: salsichas, mortadelas,
lingüiça defumada e lingüiça frescal. A matéria-prima utilizada no processo produtivo,

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Versão Pública                                      Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18


farinha de osso e pedaços de carne de aves e suínos, seria decorrente do próprio
abate de suínos na planta, bem como de fornecedores da região.

44. Observou-se que a produção de mortadela e de salsicha compartilha alguns
equipamentos, no que se refere à etapa inicial de preparo da massa. Posteriormente,
duas linhas específicas e dedicadas são alocadas para cada um dos produtos. Nessas
linhas, foram destacadas algumas similaridades dos equipamentos (embutideiras, com
especificidades quanto ao calibre de saída do produto e do procedimento de
lacre/grampeamento) e das instalações (sala, forno).

45. No que tange a produção a granel de lingüiça frescal e defumada, as linhas se
diferem, apenas, no processo de cozimento no forno, caso do último produto.

46. Já em Salto Veloso, foi apresentado o processo produtivo de hambúrguer.
Verificou-se que o hambúrguer é feito a partir de vários tipos de carne bovina ou de
frango, além de outros ingredientes, e há equipamentos específicos para a produção
deste produto. Os insumos seriam adquiridos no mercado – destacando-se pedaços
de carne e sangue bovino, fornecidos por outras empresas.

47. Também foram observadas linhas produtivas para outros produtos como lingüiça
defumada (partes selecionadas) e lanches – destacando-se que essas seriam
específicas, inclusive em razão das dimensões particulares desses produtos.

48. Por fim, na fábrica localizada em Lages, foram apresentadas as linhas produtivas
específicas para lasanhas e pizzas. Observou-se um conjunto de equipamentos
dispostos no sentido de uma linha de montagem, passando por várias fases: preparo
da massa, fermentação, dimensionamento, inclusão de ingredientes, aquecimento,
inclusão    de    outros    ingredientes,    pesagem,     detecção    de     impurezas,
resfriamento/congelamento, embalagem e expedição. As linhas são extensas,
ocupando frações consideráveis das instalações. Observa-se um maior nível de
automação na linha de pizzas, bem como a maior participação de recursos humanos
na linha de lasanhas – em razão, particularmente, da complexidade de ingredientes
que compõem esse produto. A logística de recepção de insumos e distribuição de
produtos, por sua vez, seria unificada, nesse último caso, aproveitando o transporte de
carga refrigerada dos produtos industrializados de carne.



3.1.1.3.2. Nota técnica apresentada pelas Requerentes

49. As Requerentes apresentaram Notas Técnicas7, em que foram realizados estudos
quantitativos com vista a subsidiar a definição de mercado relevante, nas dimensões
produto e geográfica, no setor de alimentos. Foram utilizadas técnicas econométricas
de cointegração, que testam a existência de relação estável de longo prazo entre as
séries de preços, para as definições de mercados relevantes.

50. O estudo elaborado teve como base a identificação das sobreposições horizontais
decorrentes da operação, que se concentram nos seguintes segmentos: i) carnes in
natura (frango, suínos, peru, bovino); ii) industrializados (congelados – pratos prontos,
pizza, hambúrguer, empanados, tortas, lanches prontos, salgadinhos, pão de queijo,

7
 Estudos econométricos apresentados pelas Requerentes: “Definição dos Mercados
Relevantes no Ato de Concentração Sadia e Perdigão”; “ Nota Técnica Complementar.
Mercados Relevantes”; “Comparações entre os preços dos produtos constantes da linha festa
e os preços dos cortes in natura”; “Mercados Relevantes no Ato de Concentração Sadia e
Perdigão: Teste de Elasticidades Críticas e Teste de Perda Crítica”


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kibes, almôndegas, batatas, vegetais, pães; frios e embutidos – presunto,
apresuntado, afiambrados, mortadela, salame, salsichas, lingüiças, frios especiais,
frios saudáveis, bacon, patês cárneos; margarinas; kit festa); vendas diversas
(matérias-primas, medicamentos e vacinas, farelo de soja, animais vivos, ovos,
rações, farelo e derivados de soja, óleos vegetais, entre outros).

51. Alguns desses produtos não foram alvos de análise nas Notas Técnicas, quais
sejam:

    •   Salgadinhos – cessação da atividade da Sadia nesse segmento em janeiro de
    2009;

    • Tortas e lanches prontos – Perdigão deixou de atuar nesses segmentos em
    julho de 2008;

    • Batatas, vegetais e pães congelados - participação de mercado conjunta das
    Requerentes inferior a 20% nesses segmentos;

    • Pães de Queijo - participação de mercado conjunta das Requerentes inferior a
    20%;

    •   Vendas Diversas – baixa participação de mercado das Requerentes.

52. Também não foram realizados testes econométricos para o mercado de carnes in
natura, uma vez que, segundo consta na Nota Técnica, considerando o mercado in
natura em geral ou por tipo de carnes, a participação de mercado conjunta das
Requerentes seria inferior a 20%8.

53. Em relação à dimensão produto, os mercados relevantes obtidos foram:

I) Frios e embutidos a base de carne mecanicamente separada (suína e de aves),
basicamente mortadelas e salsichas

II) Demais frios e embutidos, tais como lingüiças, bacon, presunto, etc., que têm como
matéria-prima basicamente a carne de porco

III) Congelados a base de carne bovina (hambúrgueres, almôndegas e kibes) e cortes
de carne bovina in natura

IV) Pratos prontos e massas frescas/Pratos Prontos e massas secas para lasanha

V) Pizzas congeladas e resfriadas

VI) Congelados a base de carne de frango (empanados) e peito de frango congelado
in natura

VII) Margarinas e óleos vegetais

VIII) Canais food service e varejo

IX) Kit festa e cortes de carnes suína in natura

54. Quanto ao mercado geográfico, os resultados obtidos foram que a definição mais
adequada seria nacional.



8
 Sobre o mercado de carnes in natura, ver seção 4 deste Parecer. A análise detalhada feita
pela SEAE sobre os estudos apresentados nas Notas se encontra no ANEXO I.

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    55. Com o objetivo de fornecer evidências quantitativas adicionais de que os mercados
    relevantes definidos nas Notas Técnicas apresentavam abrangência adequada,
    também foram apresentados, pelas Requerentes, testes de elasticidade crítica e de
    perda critica para os mercados relevantes: i) pratos prontos, massas frescas e massas
    secas de lasanha; ii) congelados a base de carne bovina e cortes de carne in natura;
    iii) congelados a base de carne bovina e cortes de carne bovina in natura; iv)demais
    frios e embutidos; v) frios e embutidos a base de carne mecanicamente separada; e vi)
    margarinas e óleos vegetais.

    56. Considerando aumentos de preços de 5% e 10%, a comparação entre os valores,
    em módulo, da elasticidade crítica e da elasticidade estimada por GMM mostrou que
    os mercados relevantes (prato pronto; hambúrguer; empanado; presunto; salsichas.
    pizzas; margarinas) deveriam ser maiores do que os produtos considerados. A mesma
    conclusão foi obtida quando se comparou a perda efetiva (estimada) e perda crítica.
    Ademais, concluiu-se, por meio dos testes, a adequação das definições de mercados
    relevantes determinados nas Notas.



    3.1.1.3.2.1. Do posicionamento da SEAE

    57. Em suma, a SEAE apresenta os pontos críticos relevantes do estudo quantitativo
    elaborado pelas Requerentes, para analisar a definição de mercado relevante, nas
    dimensões produto e geográfica.

•   A metodologia utilizada (cointegração, principalmente) para a determinação de
    mercados relevantes é mais apropriada para bens homogêneos;

•   Apenas quando há limitação de dados referentes a preços e/ou quantidades por
    produto, por exemplo, para o cálculo de elasticidade, poder-se-ia lançar mão de outros
    métodos para a estimativa de um mercado relevante;

•   testes de cointegração, ferramenta mais aceitável quando as séries são integradas de
    ordem 1 para se definir mercado, por si só não são suficientes para concluir se
    determinados produtos ou regiões pertencem ou não a um mesmo mercado relevante.
    A avaliação da significância dos parâmetros de cada variável no espaço de
    cointegração, a fim de saber quais variáveis participam efetivamente do equilíbrio de
    longo prazo, fornecem resultados mais robustos para a delineação do mercado
    relevante.

•   A não consideração de variáveis que captem o fator marca e a praticidade no modelo,
    que podem ser importantes na escolha do produto pelo consumidor (ver seção
    5.1.2.2.3.1 do Parecer).

•   Utilização de séries de preços de produtos que não podem ser considerados
    substitutos diretos do hambúrguer e do empanado. Isso se verifica nos resultados
    obtidos pelo estudo das Requerentes, em que considerou o mercado de congelados a
    base de carne bovina no mesmo mercado de cortes de carnes in natura, bem como o
    mercado de congelados a base de frango no mesmo mercado de peito de frango
    congelado

•   O modelo de elasticidade crítica é mais apropriado para mercados com firmas
    idênticas e produtos homogêneos;

•   Foram utilizados períodos distintos nas amostras de elasticidade crítica e de
    elasticidade efetiva;


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•   Utilizaram-se segmentos distintos nas amostras para o cálculo da elasticidade crítica e
    da efetiva: varejo versus atacado.

    58. Assim, se uma dada análise econométrica define um mercado relevante que possa
    não refletir um comportamento observado no mercado, recomenda-se prudência em
    aceitar as conclusões sobre esse mercado relevante.



    3.1.1.4. Respostas das empresas brasileiras oficiadas

    59. Esta subseção tem como objetivo identificar a definição dos mercados relevantes
    do ponto de vista das empresas concorrentes e clientes.



    3.1.1.4.1. Visão geral dos questionamentos

    60. Com o intuito de construir os mercados relevantes de produto, foram oficiadas as
    seguintes empresas:

    Quadro 6. Concorrentes e clientes oficiados
    Item                                           Empresa
                                                   JBS
                                                   Bertin
                                                   Independência
                                                   Minerva
                                                   Mataboi
                                                   Pif Paf
                                                   Aurora
    Concorrentes
                                                   Ceratti
                                                   Frimesa
                                                   Doux
                                                   Seara
                                                   Marfrig
                                                   Perdigão
                                                   Sadia
                                                   CONFIDENCIAL
    Clientes                                       CONFIDENCIAL
                                                   CONFIDENCIAL
    Fonte: Empresas consultadas.

    61. Os questionamentos foram direcionados às empresas com base nas
    segmentações informadas pelas requerentes no requerimento inicial (item 3.1.1). A
    partir destas informações, dividiu-se os mercados em cinco grandes segmentos:

        (i) Carnes in natura;
        (ii) Congelados;
        (iii) Produto processados de carne;
        (iv) Margarinas;
        (v) Óleos vegetais.



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62. Como definição para segmento de congelados, a SEAE utilizou a seguinte
definição:

                 “Os produtos congelados são produtos que podem ser estocados por
                 um prazo relativamente longo e podem ser preparados rapidamente por
                 qualquer pessoa. Apesar desta característica ser comum aos produtos,
                 não se pode considerar todos os produtos no mesmo mercado
                 relevante, uma vez que os referidos produtos atendem a demandas
                 distintas.

63. Para os produtos processados de carne, a SEAE trabalhou com a definição
apresentada pela Comissão Européia:

                  “... the market for processed meat products as comprising meat from
                 mammals or birds, containing external ingredients such as salt or spices,
                 being raw, dried, smoked or cooked. The various processed meat
                 products vary in several dimensions such as the raw material used
                 (pork, beef, poultry), ingredients (spices), water content, heat treatment
                 (smoked or boiled), portion, packaging, temperature (chilled or canned).
                 All processed meat products constitute a combination of this 7-
                 dimension scheme. However, the Commission noted that all processors
                 are able to use all processing techniques (drying, smoking and cooking)
                 on meat from all species”.



3.1.1.4.2. Respostas apresentadas pelas empresas

64. Com base nas definições de produtos congelados e produtos processados de
carne, solicitou-se as empresas que classificassem determinados produtos de acordo
com os critérios de substituição pelo lado da demanda e pelo lado da oferta.

65. As respostas das empresas concorrentes a respeito da substituição pelo lado da
demanda são apresentadas nos Quadros 7, 8 e 9.




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Quadro 7. Respostas das empresas concorrentes referente a substituição pelo lado da demanda - Grupo de Congelados




Fonte: Empresas. Elaboração SEAE/MF.




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  Quadro 8. Respostas das empresas concorrentes referente a substituição pelo lado da demanda - Grupo Processados de carne




Fonte: Empresas. Elaboração SEAE/MF.



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Quadro 9. Respostas das empresas concorrentes referente a substituição pelo lado da demanda aos grupos kit festa e margarinas.




Fonte: Empresas. Elaboração SEAE/MF.



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         66. Das respostas das Concorrentes, pode se extrair as seguintes conclusões
         preliminares:

         Pratos prontos – cada um dos produtos seria um mercado relevante, de acordo com a
         manifestação da Oetker e Doux, bem como pelo exposto pelas Requerentes em sua
         Nota Técnica “Definição dos Mercados Relevantes no Ato de Concentração Sadia e
         Perdigão”.

         Semi-prontos congelados – a maioria considera mercados distintos para hambúrguer e
         empanados, admitindo substituição entre kibe e almôndega.

         Processada para consumo a frio – de acordo com a maioria, no mínimo, presunto e
         apresuntado seriam substitutos. CONFIDENCIAL.

         Processada cozida – não se percebe uma coincidência de definições.

         Processada curada - o bacon não teria substitutos.

         Kit festa – haveria uma distinção entre suínos e aves. Alguns produtos não teriam
         substitutos, como o tender suíno, alegando-se a sazonalidade do consumo em função
         de festividades.

         67. Adicionalmente, foram consultados clientes, de forma a se obter uma percepção
         mais clara da ótica da demanda.

            Quadro 10. Respostas das empresas clientes referente à substituição pelo lado da
            demanda em todos os grupos.
   Grupo          Segmento          Produtos     CONFIDENCIAL        CONFIDENCIAL       CONFIDENCIAL
                                Pratos prontos
                                     Pizzas
                    Pratos
                                    Lanches      CONFIDENCIAL        CONFIDENCIAL       CONFIDENCIAL
                    prontos
                                      Pães
                                Pão de Queijo
Congelados
                                  hamburguer
                                Empanado de
                Semi-prontos         frango      CONFIDENCIAL        CONFIDENCIAL       CONFIDENCIAL
                                      quibe
                                  almondega
                               Presunto suíno
                                 apresuntado
                                      suíno
                 Processados       mortadela
                  consumo a          salame      CONFIDENCIAL        CONFIDENCIAL       CONFIDENCIAL
                      frio     presunto frango
                                frios especiais
Processados                    (peito de frango
  de carne                           cozido)
                                    Lingüiça
                                   defumada
                   Curados
                                       paio
                                      bacon      CONFIDENCIAL        CONFIDENCIAL       CONFIDENCIAL
                                  Salsicha de
                Semi-cozidos
                                     frango      CONFIDENCIAL        CONFIDENCIAL
                                Salsicha suína
 Margarina        Margarina        Margarina     CONFIDENCIAL        CONFIDENCIAL
  Kit festa          Suíno           Lombo

                                                  22
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                             Paleta
                          Pernil c/ e s/
                             tender          CONFIDENCIAL          CONFIDENCIAL         CONFIDENCIAL
                           picannha
                              Peru
            Aves        Chester              CONFIDENCIAL          CONFIDENCIAL         CONFIDENCIAL
                        Fiesta
Fonte: Empresas. Elaboração da SEAE/MF


68. Observa-se que a resposta do cliente CONFIDENCIAL estaria mais detalhada e
adequada a cada produto considerado, assim, essa será adotada, preferencialmente.

69. Esse cliente afirma que, em geral, a substituição entre esses produtos
CONFIDENCIAL. Assim, no que se refere à ótica da demanda, CONFIDENCIAL

70. Portanto, a despeito de uma maior diversidade, bem como ausência de consenso,
em alguns casos, as respostas dos concorrentes e clientes, analisadas em seu
conjunto, indicam que haveria substituibilidade, apenas, entre os seguintes produtos:
presuntos e apresuntados, kit festa aves e kit festa suínos.



3.1.1.5. Mercados relevantes definidos pela SEAE

71. O Quadro 11 apresenta as definições de mercados relevantes definidos pela
SEAE. Este conjunto de mercados relevantes foi obtido a partir da análise de três
elementos: (i) jurisprudência européia; (ii) respostas das empresas concorrentes e
clientes e (iii) estudo de mercado relevante realizado pelas requerentes.

72. Um 1° ponto a ser destacado é que haveria uma especificidade na demanda por
produtos de carne oriundas de cada tipo de animal: bovino, frango, suíno e peru.

73. Um 2° ponto a ser considerado diz respeito à natureza dos produtos processados.
Observa-se, em geral, uma maior diferenciação desses produtos, observável nos
seguintes atributos: tamanho, forma, embalagem, sabor, conservação, tipos e marca.

74. Nos casos em que se observa uma maior diferenciação do produto, sugere-se a
preferência pelo critério de substituição pela ótica da demanda, em detrimento da ótica
da oferta – que poderia ser utilizada em casos de produtos homogêneos. Nesse
sentido, salienta-se a orientação da jurisprudência norte-americana quanto à utilização
da ótica da demanda.9

75. Da análise da jurisprudência européia, foi possível uma segmentação inicial, tanto
em função da origem animal da carne quanto do processo produtivo envolvido.

76. Por sua vez, a análise das respostas das empresas concorrentes e clientes
possibilitou uma adequação dessas definições às especificidades do caso brasileiro,
destacando-se, como corte preferencial, a ótica da demanda. E, por fim, do estudo
realizados pelas requerentes, bem como da visita técnica realizada, foi possível se
aferir alguns processos produtivos distintos e específicos para determinados produtos.

77. Cabe destacar que a Nielsen faz uma segmentação semelhante, indicando qual o
foco de atenção dos agentes na avaliação do mercado de seus produtos e, portanto,
uma proxy para a definição do mercado relevante.

9
    FTC & USDOJ. Comentary on the Horizontal Merger Guidelines. 2006.

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Quadro 11. Mercados relevantes definidos pela SEAE
Grupo                Segmento           Mercados relevantes                   Nº
                     Frangos            Frangos                               1
                     Suínos             Suínos                                2
Carnes in natura
                     Peru               Peru                                  3
                     Bovino             Bovino                                4
                                        Lasanhas e pratos prontos             5
                                        (strognoff, comida oriental,
                     Pratos prontos     etc...)
                     congelados         Pizzas congeladas                      6
                                        Pão de queijo e pães prontos           7
                                        congelados
Congelados                              Hambúrguer (carne bovina e             8
                     Pratos Semi-       carne de frango)
                     prontos            Empanados de frango                   9
                     congelados
                                        Kibes e almôndegas                    10
                     Batatas e                                                11
                                        Batatas e vegetais
                     vegetais
                                        Presunto (suíno e frango) e           12
                     Carnes             apresuntado
                     processadas        Mortadela                             13
                     para consumo a                                           14
                                        Salame
                     frio
                                        Frios especiais (copa, etc.)          15
                     Carnes                                                   16
                     processadas        Salsicha (suíno, frango e
Carnes processadas cozida semi-         peru)
                     pronta
                     Carne                                                    17
                     processada         Lingüiça frescal
                     fresca
                     Carne                                                    18
                                        Lingüiça defumada, paio e
                     processada
                                        bacon
                     curada
                                         Tender de frango; Chester,           19
                     Kit festa aves     peru temperado congelado
                                         Lombo suíno temperado                20
Kit festa                               congelado; paleta suína
                     Kit festa suíno    defumada; pernil com osso
                                        temperado; pernil sem osso
                                        temperado; presunto tender;
                                        tender suíno
Margarinas           Margarinas         Margarinas                            21

Elaboração SEAE/MF




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3.1.2. Dimensão Geográfica

78. Conforme entendimento do SBDC em Pareceres anteriores10, a definição da
dimensão geográfica, para as linhas de produtos contidas no quadro 11, foi
considerada nacional, seja por questões ligadas à perecibilidade, seja por questões
ligadas à distribuição.

79. Para confirmar a dimensão geográfica como sendo o mercado nacional, foram
consultadas as principais empresas concorrentes a respeito do mercado relevante
geográfico em cada um dos mercados relevantes considerados, fazendo-se a seguinte
pergunta:

     1. Levando em conta a característica física dos produtos assinalados acima, os
        custos de transporte ou qualquer outra variável considerada relevante, assinale
        o raio de cobertura (em quilômetros) para a distribuição medido desde o centro
        de produção ou de armazenamento da sua empresa.



80. O Quadro 12 apresenta a consolidação das respostas:

Quadro 12. Respostas das concorrentes
 Empresa    Resposta
             Todos os produtos da Aurora são disponibilizados a todo o mercado
             brasileiro. Nossa distribuição é nacional, temos 8 filiais próprias e
             diversos distribuidores de nossos produtos, que comercializam nosso
             portfólio de produtos em todas as regiões do Brasil.
 Aurora
             A partir de nossas fábricas, mais concentradas em Santa Catarina,
             temos uma distância mais longa de entrega de nossos produtos de
             4.000 km, sendo que existe uma maior concentração de distribuição de
             nossos produtos na região sudeste do Brasil.

                 Nossa distância média de entrega nacional é de 1.000 KM
                 Nós distribuímos todos os produtos para o mercado dentro de
                 CONFIDENCIAL quilômetros de perímetro de nossas Plantas e Centro
 Tyson           de Distribuição, que estão localizados em São José/SC, Lages/SC,
                 Araquari/SC e Itaiópolis/SC. Da planta de Campo Mourão nós
                 vendemos principalmente volumes CONFIDENCIAL
                 Para:
                 São Paulo – 80 km
                 Rio de Janeiro – 455 Km
                 Curitiba – 738 Km
                 Santa Catarina – 738 Km
 Omamori         Porto Alegre – 1159 Km
                 Belo Horizonte – 589 Km
                 Góias/Distrito Federal – 853 Km
                 Bahia – 2200 Km
                 Fortaleza – 2919 Km
                 Belém – 2831 Km

10
    Vide, por exemplo, ACs nºs 08012.000118/2002-81,              08012.008109/2004-08,
08012.000336/2005-68. Todos aprovados pelo CADE sem restrições.

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                 Cuiabá – 1531 Km
 Seara           Cobertura nacional para todos os itens comercializados.
                 CONFIDENCIAL

                 CONFIDENCIAL
 Marfrig




Fonte: respostas das empresas. Elaboração da SEAE/MF

81. Pelas razões expostas pelas empresas e em consonância com a Jurisprudência do
CADE, considerar-se-á como dimensão geográfica dos mercados relevantes
apresentados no Quadro 11, para tratar das concentrações horizontais, o mercado
nacional.



3.2. Demanda por insumos para o abate – relação com produtores

3.2.1. Dimensão Produto

82. Observa-se sobreposição horizontal entre as atividades de abate dos seguintes
rebanhos: suíno e aves (frango e peru). A princípio, ocorreriam especificidades no que
se refere ao abate de cada tipo de rebanho, bem como especificidades e
regulamentações no que se refere ao controle sanitário, de forma que, na dimensão
produto, em sua relação com os fornecedores do insumo, criadores dos animais, serão
considerados como mercados relevantes: abate de suínos, abate de frango e abate de
peru.



3.2.2. Dimensão Geográfica

83. Por razões sanitárias (saúde dos animais)e econômicas (custo de transporte), as
cargas de animais vivos, usualmente, não percorrem grandes distâncias geográficas.
Ressalte-se que, de acordo com informações das Requerentes, constantes dos autos
– Nota Técnica “PODER DE MONOPSÔNIO”, a cada unidade de abate
corresponderiam um conjunto geograficamente limitado de produtores integrados de
animais. Em particular, as cadeias produtivas de suínos e aves têm sido
caracterizadas por um elevado grau de integração vertical, observando-se contratos
entre as empresas abatedouras e produtores integrados.

84. Assim, considera-se que o mercado de oferta desses rebanhos, suíno, frango e
peru, teria dimensões próximas as unidades produtoras, sendo de natureza regional e,
no limite, local. Para o presente parecer, será definido o âmbito estadual,
correspondendo aos seguintes mercados relevantes, em que ocorrem sobreposições
entre as Requerentes:

suínos – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul;

frangos – Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Goiás;

perus – Paraná.



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              4. Da Possibilidade de Exercício de Poder de Mercado

              4.1. Da oferta de produtos

              85. O Quadro 13 apresenta o resumo das participações de mercado11.

              Quadro 13. Participações de mercado por mercado relevante - 2008.
                                  Mercado                                    Concentração
    Grupo           Segmento                      Perdigão        Sadia                           HHI12           ∆HHI
                                  relevante                                    conjunta
                                                CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL        CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL
                   Bovino      Bovino
                                                CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL        CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL
                   Suino       Suino
In natura                                       CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL        CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL
                   Frango      Frango
                                                CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL        CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL
                   Peru        Peru*
                                                CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL        CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL
                               Pratos prontos
                               congelados
                   Pratos                       CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL        CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL
                               Pizzas
                   prontos
                               congeladas
                   congelados                   CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL        CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL
                               Pão de queijo
                               congelado**
Congelados                     Empanado de      CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL        CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL
                   Pratos      frango
                   Semi-                        CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL        CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL
                               Hambúrgueres
                   prontos                      CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL        CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL
                   congelados Kibes e
                               almôndegas
                   Batatas e   Batatas e        CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL        CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL
                   vegetais    vegetais
                                                CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL        CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL
                               Presuntos e
                   Carnes      apresuntados
                   processadas                  CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL        CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL
                               Mortadela
                   para                         CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL        CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL
                   consumo a Salame
                               Frios            CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL        CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL
                   frio
                               diferenciados
Carnes             Carnes                       CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL        CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL
processadas        processadas
                   cozidas     Salsicha
                   semi-
                   prontas
                   Carnes      Linguiças        CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL        CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL
                   processadas defumadas,
                   curadas     paio e bacon


              11
                Os quadros com as participações completas de mercado encontram-se no ANEXO II.
              12
                O IHH é a soma dos quadrados das participações de mercado de cada empresa. Os critérios
              adotados pela Federal Trade Commission (Estados Unidos) para verificar se uma operação
              gera ou não impactos anti-competitivos são os seguintes:
                * IHH inferior a 1000 pontos – não haverá nexo causal, não sendo, portanto, necessário
              seguir para outras etapas;
                * IHH entre 1000 e 1800 pontos – se o acréscimo no índice pós-operação foi inferior a 100
              pontos não haverá nexo causal, não sendo, portanto, necessário seguir para outras etapas;
                * IHH superior a 1800 – se o acréscimo no índice pós-operação for inferior a 50 pontos não
              haverá nexo causal, não sendo, portanto, necessário seguir para outras etapas.


                                                          27
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                  Carnes                         CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL      CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL
                                Lingüiça
                  processadas
                                frescal
                  frescas
                  Kit festa                      CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL      CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL
                                Kit festa aves
                  aves
Kit festa                                        CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL      CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL
                  Kit festa     Kit festa
                  suínos        suínos
                                                 CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL      CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL
Margarinas        Margarinas    Margarinas
             Fonte: dados das empresas. Elaboração SEAE/MF
             * Ressalte-se que, de acordo com estimativas do setor, conforme matéria publicada no Valor
             Online de 13/01/2010, a participação da BRF no mercado de perus equivaleria a 90%.13
             ** Informado pela Pif Paf.

             86. Como se pode verificar pelo Quadro 13, no Grupo carnes in natura somente o
             mercado de carne peru in natura possui a participação conjunta superior a 20%.

             87. Para o grupo congelados temos: concentração inferior a 20% para batatas e
             vegetais congelados e pães de queijo congelados (CONFIDENCIAL e
             CONFIDENCIAL, respectivamente). E, para os demais mercados inseridos nesse
             grupo, as concentrações são superiores a 20%. Com relação ao grupo de carnes
             processadas, a participação conjunta das empresas é superior a 20% em todos os
             mercados relevantes, o mesmo acontecendo para os mercados relevantes Kit Festa e
             Margarinas.

             88. Neste sentido, faz-se necessário prosseguir para as demais etapas de análise em
             todos os mercados relevantes considerados, com exceção dos mercados relevantes
             de carne bovina, suína e de frango in natura, pães de queijo e pães prontos
             congelados e batatas e vegetais congelados.



             4.2. Do abate

             89. Os quadros 14, 15 e 16, abaixo, apresentam as participações nos mercados
             estaduais de abate de suínos, frango e peru, respectivamente, para o ano de 2008.


             Quadro 14- Participação de mercado no mercado relevante de abate de suínos -
             (cabeças 2008)

             Empresa                                  RS                SC                  PR
             Doux                                CONFIDENCIAL      CONFIDENCIAL        CONFIDENCIAL
             Seara                               CONFIDENCIAL      CONFIDENCIAL        CONFIDENCIAL
             Marfrig                             CONFIDENCIAL      CONFIDENCIAL        CONFIDENCIAL
             Frimesa                             CONFIDENCIAL      CONFIDENCIAL        CONFIDENCIAL
             Aurora                              CONFIDENCIAL      CONFIDENCIAL        CONFIDENCIAL
             PIF PAF                             CONFIDENCIAL      CONFIDENCIAL        CONFIDENCIAL
             Perdigão                            CONFIDENCIAL      CONFIDENCIAL        CONFIDENCIAL
             Sadia                               CONFIDENCIAL      CONFIDENCIAL        CONFIDENCIAL
             Outros                              CONFIDENCIAL      CONFIDENCIAL        CONFIDENCIAL
             Total Requerentes                   CONFIDENCIAL      CONFIDENCIAL        CONFIDENCIAL

             13
               Disponível em <http://www.noticiasagricolas.com.br/noticias.php?id=60487&sms_ss=email>.
             Acessado em 16/06/2010.

                                                          28
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            Fonte: Respostas aos Ofícios encaminhados às Requerentes e concorrentes.
            Elaboração SEAE.

    Quadro 15 - Participação de mercado no mercado relevante no abate de frangos -
    (cabeças 2008)
Empresa                         RS          SC           PR           MT           GO
                           CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL
Doux
                           CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL
Seara
                           CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL
Marfrig
                           CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL
Sadia
                           CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL
Perdigão
                           CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL
Outros
                           CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL
Total Requerentes
            Fonte: Respostas aos Ofícios encaminhados às Requerentes e concorrentes.
            Elaboração SEAE.
            Nota: Nos Estados da Bahia e Mato Grosso, o total do mercado por estado (com base
            no MAPA), informado pelas Requerentes, em reposta ao Ofício nº 10352/2009/RJ
            COGCE/SEAE/MF, é inferior ao total dos abates das empresas Sadia e Perdigão
            nesses Estados.

    Quadro 16 - Participação de mercado no mercado relevante no abate de perus
    (cabeças – 2008)
     Empresa                                                       PR
     Perdigão                                                CONFIDENCIAL
     Sadia                                                   CONFIDENCIAL
     Total Estado                                            CONFIDENCIAL
            Fonte: Requerentes, em resposta ao Ofício 10352/2009/RJ COGCE/SEAE/MF.
            Elaboração SEAE.
            Nota: nos Estados da Bahia e Mato Grosso, o total do mercado por estado (com base
            no MAPA), informado pelas Requerentes, em resposta ao Ofício nº 10352/2009/RJ
            COGCE/SEAE/MF, é inferior ao total dos abates das empresas Sadia e Perdigão
            nesses Estados.

    90. Quanto ao mercado de abate de peru, a atuação apenas das Requerentes nesse
    mercado no Estado do Paraná pode ser corroborada no quadro a seguir:


    Quadro 17 – Abates de peru por empresas, 2004 (número de cabeças)
    Empresa                              2004                  Participação (%)
    Sadia - Chapecó (SC)              11.628.149                      33,3
    Sadia – F. Beltrão (PR)            5.332.976                      15,3
    Sadia – Uberlândia (MG)            6.169.130                      17,6
    Perdigão – Carambéi (PR)           6.480.012                      18,5
    Doux – Frangosul (RS)              5.339.972                      15,3
    TOTAL                             34.950.239                      100
    Fonte: Silva (2006)14 - UBA/UBEF (Relatório Anual de 2004/05).

    91. Com relação ao abate de suínos, as requerentes tiveram uma participação
    conjunta de CONFIDENCIAL, respectivamente.

    14
      SILVA, R.A. Síntese da produção brasileira e paranaense de peru. Secretaria de Estado da
    Agricultura e do Abastecimento – Departamento de Economia Rural (DERAL).2006. Disponível
    em: http://www.seab.pr.gov.br/modules/qas/uploads/128/perus_br_pr_jun_06.pdf. Acesso em
    15/06/2010.

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92. Quanto ao abate de Peru, ambas as Requerentes atuam no Estado do Paraná,
porém o total do mercado por estado (com base no MAPA) informado pelas
Requerentes, em resposta ao Ofício nº 10352/2009/RJ COGCE/SEAE/MF,
CONFIDENCIAL. O mesmo ocorre no abate de frango no Estado do Mato Grosso.

93. Nota-se, portanto, que há uma disparidade entre as estatísticas de abate das
Requerentes e as estatísticas oficiais de abate.

94. Cabe ressaltar que na Nota Técnica “Poder de Monopsônio” apresentada pelas
Requerentes, em 16/06/2010, foi relatado que as integrações são pré-existentes, e
portanto, em nada incrementaria o grau de integração dos mercados.

95. No entanto, relataram que em Estados com maior concentração de plantas de
abate, como, por exemplo, o Estado de Santa Catarina, os integrados estariam aptos a
fornecerem para mais de um sistema e para ilustrar esse fato, apresentaram, para o
mercado de suínos em Santa Catarina, a localização dos integrados de cada uma das
Requerentes, de acordo com o município onde se encontravam, as plantas de abates
e raios de influência.

96. A conclusão obtida dessa ilustração pelas Requerentes foi a seguinte:

        “(...) há integrados localizados em municípios que atendem somente a planta
        da Perdigão, integrados em municípios que atendem apenas a Sadia e
        integrados em municípios que atendem as plantas de ambas as
        empresas” (grifo nosso)

97. Em face do exposto no parágrafo 96 acima, observa-se que o argumento de que
não há alterações no grau de integração dos mercados seria contraditório.

98. Dessa forma, a SEAE prosseguirá para análise do mercado de abate relativo ao
poder de monopsônio.




5. Da Probabilidade de Exercício de Poder de Mercado

99. Conforme observado no quadro 13, a operação gera concentração de mercado
excessiva em quase todos os mercados relevantes analisados, com exceção dos
mercados relevantes de carne bovina, suína e de frango in natura e de batatas e
vegetais congelados. Nesse sentido, faz-se necessário à análise de alguns elementos
para que seja determinado se, neste caso, o abuso de poder de mercado constitui em
ameaça real proveniente desta operação.



5.1.    Condições de Entrada

100. A seção de condições de entrada encontra-se dividida em duas partes: (i) análise
das condições de entrada do grupo in natura e (ii) análise das condições de entrada do
grupo processados (composto pelos grupos congelados, kit festa e margarinas).




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5.1.1. Carnes in natura – Abate de frangos, suínos e perus e oferta de carne de peru

101. Preliminarmente, será apresentada uma breve discussão a respeito das cadeias
produtivas de aves (frangos e perus) e suínos. Essa discussão será relevante para a
análise seguinte de condições de entrada.



Cadeia Produtiva da Carne de Aves

102. A cadeia produtiva de frangos de corte no Brasil é integralmente verticalizada, em
que a forma contratual, segundo Saab et al. (2009)15, possibilita às empresas ganho
de qualidade na matéria–prima, abastecimento constante, redução dos custos
industriais nas operações de abate, padronização da carcaça e, ao avicultor, um maior
ganho de produtividade, redução dos custos de produção e maior rentabilidade,
formação de um plantel básico de reprodutores de alto valor zootécnico e garantia de
comercialização da produção com conseqüente redução de seu risco.

103. De acordo com Araújo et. al.(2008)16, a cadeia produtiva da avicultura de corte é
composta pelos seguintes elos: avozeiro, matrizeiro, incubatório/nascedouro, aviário,
frigorífico, varejista e consumidor final. Também há elos auxiliares, quais sejam:
pesquisa e desenvolvimento genético, medicamentos, milho, soja e outros insumos,
equipamentos e embalagens). A Figura a seguir mostra a cadeia produtiva da
avicultura de corte.




Figura 3: Cadeia produtiva da avicultura de corte
Fonte: Paiva, Bueno, Sauer & Sproesser (2006); Michels & Gordin (2004) – apud Araújo et.
al.(2008).


104. Um breve comentário de cada elo é feito a seguir, conforme Araújo et. al.(2008):



15
   SAAB, M.S.B.L.M., NEVES, M.F, CLÁUDIO, L.D.G. O desafio da coordenação e seus
impactos sobre a competitividade de cadeias e sistemas agroindustriais. Revista Brasileira de
Zootecnia, v.38, p.412-422, 2009.
16
   Araújo, G.C; Bueno, M.P; Veridiana Pinheiro Bueno, V.P.; Renato Luis Sproesser, R.L.;
Souza, I.F. Cadeia produtiva da avicultura de corte: avalia de valor bruto nas transações
econômicas dos agentes envolvidos. Gestão & Regionalidade - Vol. 24 - Nº 72 - set-dez/2008.

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    •   Avozeiro: “é o primeiro elo da cadeia produtiva, onde ficam as galinhas avós,
        que são originadas a partir da importação de ovos das linhagens avós, as quais
        são cruzadas para produzir as matrizes que, por sua vez, vão gerar os pintos
        comerciais criados para o abate”;
    •   Matrizeiro: “é o segundo elo da cadeia produtiva, pertencente normalmente ao
        frigorífico, onde se originam os ovos;”
    •   Incubatório/Nascedouro: “é o terceiro elo da cadeia produtiva, unidades
        pertencentes geralmente ao frigorífico, que recebem os ovos para chocá-los e,
        na seqüência do processo, passam para os nascedouros, cujo objetivo é dar
        origem aos pintos de corte que serão encaminhados para os aviários após
        algumas horas de seu nascimento”;
    •   Aviário: “é o quarto elo da cadeia produtiva e corresponde a uma etapa de
        produção, caracterizada pelos contratos de integração entre frigoríficos e
        produtores rurais (integrados). É no aviário que se dá o crescimento e a
        engorda dos pintos, que ali chegam com algumas horas depois de nascidos e
        ficam até a época de abate, aos 43 dias, aproximadamente”;
    •   Frigorífico: “é o quinto elo da cadeia produtiva. Também chamado de unidade
        industrial ou abatedouro ou empresa, é o quinto elo da cadeia produtiva, onde
        se origina o produto final – o frango resfriado, congelado, inteiro e em
        cortes/pedaços. É composto, na sua maioria, por várias seções no processo
        produtivo, quais sejam: recepção, atordoamento, sangria, escaldagem,
        depenagem, evisceração, lavagem, pré-resfriamento, gotejamento, pré-
        resfriamento de miúdos, processamento de pés, classificação/cortes,
        embalagem, congelamento e expedição”;
    •   Varejista: “sexto elo, incluindo-se aqui as empresas de exportação. A figura do
        atacadista não aparece como um elo individual porque o próprio frigorífico
        desempenha este papel”;
    •   Consumidor final: “representado tanto pelo mercado nacional como pelo
        mercado internacional”;
    •   Varejo: sexto elo da cadeia produtiva e “vem, ao longo dos últimos 40 anos,
        fazendo significativos investimentos na expansão da sua rede física e nos
        sistemas de gestão da informação (...)”.

105. No segmento de aves reprodutoras (mercado de “avós”) destacam-se as empresas
de genética Cobb, Aviagem, Hubbard e Hybro. De acordo com o Parecer nº
06531/2009/RJ COGCE/SEAE/MF, referente ao Ato de Concentração nº
08012.007776/2008-99 (Cobb Vantress Inc. e Hendrix Genetics B.V.), há três principais
competidores no mercado mundial de geração de aves reprodutoras (matrizes de corte):
Cobb, Aviagen e Hubbard, as quais já possuem presença no Brasil. Ademais, consta
que existem ainda quatro competidores menores: Case, PureLine, Peterson e Smerna.
Já dentre as empresas que atuam no setor frigorífico de aves pode-se destacar a Seara,
Sadia e Perdigão.

106. Dessa forma, a empresa integradora (frigorífico) possui controle sobre os
diversos elos da cadeia, atuando desde a produção de ração, dos pintos, bem como
no abate, no processamento e na exportação. Nesse sentido, cabe ressaltar, de
acordo com Martins (1999): “o fato de não haver formação de estoques de carne de
frango nem na indústria nem no varejo, nem falta de produtos nas prateleiras dos
supermercados é um indicador de eficiência do referido planejamento”.



Cadeia Produtiva da Carne Suína




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107. Segundo Saab et al. (2009), a maior parte da produção é feita nos moldes do
sistema de integração, em que as empresas Sadia, Perdigão, Aurora, Seara, entre
outras, se destacam como grandes integradoras.

108. A Figura abaixo ilustra a cadeia produtiva da carne suína.




Figura 4 - Cadeia produtiva da carne suína17
Fonte: Triches et. al. (2006)


109. Segundo Triches et. al18. (2006), o segmento de criação de raças ou linhagens
compreende as atividades realizadas por empresas de pesquisa e de melhoramento
genético, que são responsáveis pelo aprimoramento de raças ou de linhagens mais
produtivas e menos suscetíveis a doenças. Essas empresas, segundo o autor, são
geralmente de nacionalidade estrangeira, localizada em países desenvolvidos.

110. O segundo segmento engloba os produtores de matérias-primas para a indústria
de ração (milho, soja, etc.), além das unidades de reprodução e de produção que
compreendem todas as fases de produção de matrizes, cruzamento, gestação,
reprodução, desmame, recria e engorda e o armazenamento, tratamento e desova dos
dejetos das unidades de produção.

17
   Embora a cadeia produtiva apresentada pelos autores tenha sido caracterizada como sendo
a da serra gaúcha, esta caracterização da cadeia também pode ser entendida como a do
Brasil, sem grandes alterações.
18
   DIVANILDO TRICHES, D.; SIMAN, R.F.; SILVA, A.M.; STULP, V.J. A cadeia produtiva de
carne suína no estado do rio grande do sul e na serra gaúcha. XLIV CONGRESSO DA
SOBER. Fortaleza, 2006.

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111. O terceiro e último segmento é caracterizado pelas atividades pós-propriedade,
composto pela agroindústria, pelos intermediários e atacadistas, pelos varejistas e
pelos agentes exportadores e importadores, pelas indústrias processadoras de
subprodutos (couro, farinhas de carne, de osso e de sangue) e pelos consumidores
internos e externos.

112. Dentre as empresas que atuam em genética suína pode-se citar a Agroceres-PIC e
a Génétiporc. Segundo Rohenkohl (2008)19, desde os anos 90, algumas empresas
entraram no mercado brasileiro de genética de suínos, tais como as empresas
européias Topigs, Dan Bred, Pen Ar Lan e a empresa canadense Génétiporc. Relatou
que as empresas multinacionais têm corpo técnico próprio, e que contrata veterinários e
alguns geneticistas no Brasil.

113. O autor informou que a EMBRAPA, em parceria com a Aurora, lançou uma linha de
reprodutores direcionada à melhoria da competitividade dos pequenos suinocultores.
Relatou também que a EMBRAPA-CNPSA e a Sadia “possuem corpo técnico próprio e
um banco genético que permite incrementos de qualidade, constituindo linhas genéticas
próprias, independentemente de importações”.

114. Já dentre as empresas que atuam no setor frigorífico de suínos podem-se destacar
a Seara, Aurora, Sadia e Perdigão.

115. De acordo com Miele e Waquil (2006)20, além da produção de reprodutores
(fêmeas, machos e sêmen) em granjas núcleos e multiplicadoras, com significativa
presença de investimentos das próprias agroindústrias e empresas de genética, há
três tipos de sistemas de produção suinícola: produção em ciclo completo (CC): o
mesmo estabelecimento desenvolve todas as etapas de produção do animal (cruza ou
inseminação, maternidade, desmama, creche e terminação); unidades de produção de
leitões (UPLs)21: desenvolvem as etapas de inseminação, maternidade, desmame e
creche, produzindo leitões com até 22 a 28 kg; unidades de terminação (UTs): se
dedicam apenas à terminação. Ressaltaram que:

                         “Até meados dos anos 1990, predominava no Brasil a produção
                         CC. Após este período houve um processo de mudança com a
                         transformação de parte destes estabelecimentos suinícolas em
                         UPL e UT (Weydmann & Conceição, 2003). Essa tendência à
                         especialização nas etapas do processo produtivo dos suínos
                         ocorreu em todo o país, mas se dá de forma mais intensiva na
                         região Sul. Essa substituição ocorre nas cinco principais
                         empresas, mas com padrões diferentes. Enquanto que a Sadia
                         e a Seara praticamente não trabalham mais com
                         estabelecimentos em CC, nas demais agroindústrias este
                         sistema ainda representa parcela significativa dos abates e do
                         alojamento de matrizes, apesar de seguir uma tendência de
                         queda nessa participação.”



19
   ROHENKOHL,        J.    Relatório     Setorial.     FINEP,       (2008).     Disponível    em:
http://www.finep.gov.br/PortalDPP/relatorio_setorial_final/relatorio_setorial_final_impressao.asp
?lst_setor=363. Acesso em: 06/06/2010.
20
   MIELE, M; WAQUIL, P.D. Dimensões econômicas e organizacionais da cadeia produtiva da
carne suína no Brasil. EMBRAPA (Documento 110). 2006.
21
    Segundo o autor, Disponível em: http://www.sober.org.br/palestra/6/97.pdf. Acesso em
15/06/2010.atualmente, os estabelecimentos em UPL produzem leitões com até 10 ou 12 kg,
desativando o estágio de creche, sendo este desenvolvido por um quarto tipo de sistema de
produção denominado crecheiros.

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116. Os autores também informaram que a maior coordenação da cadeia aumentou a
eficiência dos agentes e que a evolução do mercado spot para a coordenação vertical
via contratos está associada principalmente à busca pela qualidade, redução do risco
e aumento de produtividade.



5.1.1.1.         Barreiras a entrada

5.1.1.1.1.       Grau de integração da cadeia produtiva

117. Quanto maior o grau de integração de uma cadeia produtiva, maiores e mais
complexos os requisitos e a combinação de recursos produtivos por parte de um
entrante. Assim, a entrada pode ser mais custosa, bem como demandar um maior
prazo para a sua efetivação.

118. Na literatura econômica, a integração vertical é tratada como um arranjo
produtivo que busca responder a determinadas especificidades produtivas que afetam
os custos das firmas, por meio dos seguintes mecanismos: dupla-marginalização e
custos de transação.22

119. A dupla marginalização ocorreria quando dois elos sucessivos de uma cadeia
produtiva seriam caracterizados por estruturas oligopolizadas, de forma que a cada elo
corresponderia um Mark-up sobre o respectivo custo marginal, indicando níveis de
produção sub-ótimos. Uma firma integrada elimina essa dupla marginalização, na
medida em que fornece para si própria o insumo ao seu custo marginal, o que elimina
parte da ineficiência no sistema produtivo.

120. Os custos de transação estariam relacionados com processos rotineiros de
aquisição de insumos/venda de produtos no mercado. Quanto mais significativos
esses custos, maiores os incentivos para uma integração vertical na cadeia produtiva,
compreendida como uma substituição do mecanismo de preços do mercado pelos
processos decisórios hierárquicos da firma. Usualmente, esses custos seriam
definidos segundo os seguintes atributos: especificidade do ativo, periodicidade e
incerteza. No limite, o primeiro resultaria em uma customização do produto, o segundo
em um suprimento estável e constante (especialização produtiva) e o terceiro em uma
impossibilidade de previsão quanto ao comportamento futuro, negativa para o
planejamento, a assunção de riscos e à tomada de decisão. Nessa situação, uma
integração possibilita uma relação particular entre os dois agentes da transação,
resultando em eficiências produtivas.

121. Essas cadeias produtivas de suínos, frangos e perus são conhecidas por um
elevado grau de integração vertical, desde a relação entre produtores e abatedores,
passando pela industrialização de derivados de carnes até o escoamento para o
varejo alimentar. Em geral, as empresas abatedoras têm um papel central de
gerenciamento da cadeia, constituindo, cada uma, um sistema particular, que busca
otimizar a produção desde o dimensionamento e aplicação de insumos (grãos,
vacinas, matrizes reprodutoras) até campanhas de marketing para o lançamento e
promoção de produtos junto aos consumidores.

122. Diversas informações constantes dos autos indicam essa característica, sejam as
compras de insumos para os produtores de animais, conforme relatado pelas
Requerentes, seja pela relevância dos produtores integrados no fornecimento de
animais para o abate das principais empresas desses mercados.

22
  Williamson, Oliver E. 1985. The Economic Institutions of Capitalism: firms,markets, relational
contracting. New York: Free Press.

                                              35
Versão Pública                                        Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18


123. Assim, para que um entrante nesse mercado possa contestar uma eventual
conduta anticompetitiva,23 esse deveria empregar, no mínimo, a mesma tecnologia ou
arranjo produtivo das empresas incumbentes. Nesse sentido, seria necessária a prévia
constituição de uma rede de produtores integrados, em uma dimensão adequada à
escala mínima de operação desse entrante. O desenvolvimento dessa rede, contudo,
implicaria, ou na coordenação de contratação de diversos produtores já em operação,
ou no desenvolvimento de novos produtores, sujeito ao decurso de tempo necessário
ao desenvolvimento de rebanhos economicamente viáveis.



5.1.1.1.3.       Ameaça de reação dos competidores instalados

124. A entrada pode ser influenciada pela capacidade dos competidores instalados
ampliarem sua oferta em um menor decurso de tempo, e a um menor custo, de forma
a absorver as eventuais oportunidades de venda que seriam apropriadas pelo
potencial entrante. Tal fenômeno torna-se mais relevante, na medida em que o
processo de entrada seja custoso e complexo, envolvendo custos afundados ou de
coordenação de atividades e decisões entre diferentes agentes – elaboração de
contratos.

125. Conforme se observa nos quadros constantes no ANEXO IX, tem ocorrido um
incremento no abate de suínos e aves ao longo dos últimos anos. Conforme disposto
na subseção a seguir referente ao histórico de entradas, as principais entradas no
setor se referem à aquisição de empresas pré-existentes. Nesse sentido, pode-se
assumir que o incremento de oferta de produtos tem sido providenciado,
principalmente, pelas empresas já instaladas.

126. Em complemento, levando-se em consideração a discussão acima sobre as
cadeias de aves e suínos, em que se ressalta a complexidade desses arranjos
produtivos, bem como a manifestação sobre tempestividade de entrada por parte da
empresa Marfrig, constante na subseção tempestividade a seguir, conclui-se que as
empresas já instaladas teriam uma maior flexibilidade na oferta de produtos. Assim,
seria possível que as oportunidades de venda fossem absorvidas, principalmente, por
essas empresas instaladas, de forma que uma possível ameaça de reação a um
entrante teria uma maior credibilidade.



5.1.1.2.         Probabilidade

5.1.1.2.1.       Escala Mínimas Viáveis - EMV

127. As Requerentes, em resposta ao Ofício nº 8.686/2010/RJ COGCE/SEAE/MF,
informaram que não há necessidade da empresa estabelecer um sistema integrado
para atuar no mercado de abates, uma vez que pode adquirir os animais no mercado,
de produtores independentes, e que, inclusive, o abate pode ser terceirizado. Com
base nessa premissa, informaram o investimento necessário, expresso a seguir:

Quadro 18 – Escala Mínima Viável - EMV
Abate                      Capacidade (cabeças/dia)               Investimento (MR$)
Frango                          CONFIDENCIAL                        CONFIDENCIAL
Peru                            CONFIDENCIAL                        CONFIDENCIAL

23
  Baumol, William J. “Contestable markets: an uprising in the theory of industry structure,”
American Economic Review 72(1) March 1982, pp. 1—15.


                                            36
Versão Pública                                        Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18


Suínos                              CONFIDENCIAL                    CONFIDENCIAL
Fonte: Requerentes, em resposta ao Ofício nº 8.686/2010/RJ COGCE/SEAE/MF.

128. No entanto, observa-se que a grande maioria das empresas nesses mercados
atuam de forma integrada. A tabela abaixo mostra estabelecimentos suinícolas
integrados, por região.

Tabela 1 - Estabelecimentos suinícolas e industriais e tipo de vínculo no Brasil em
2005




Fonte: Miele e Waquil (2006) - estimativa com base em consulta a especialistas nos principais
estados produtores e às empresas e cooperativas.
* Suinocultores integrados a empresas ou cooperativas, atuando através de contratos ou
programas de fomento pecuário.
** Entre as dez principais empresas, responsáveis por 43% dos abates e 90% das exportações.


129. Observa-se que a maioria dos estabelecimentos de suínos são integrados. Sabe-
se também que os estabelecimentos de aves são, na sua grande maioria, integrados.

130. Dessa forma, pode-se concluir que para a entrada no mercado de abate e no
mercado de carnes in natura seria necessária a prévia constituição de uma rede de
produtores integrados, bem como a contratação de matrizes reprodutoras junto às
empresas de genética (desenvolvedoras e multiplicadoras). Assim, a EMV deveria
abarcar todos esses investimentos.



5.1.1.2.2.       Oportunidades de Vendas - OV (média requerentes e concorrentes)

131. A princípio, pode-se assumir como proxy para as oportunidades de venda a taxa
de crescimento médio dos mercados de suínos, frangos e perus nos últimos 03 anos.
Com base nos quadros constantes no ANEXO IX essas taxas equivaleriam a,
respectivamente, 4%; 6% e 10%.

       Quadro 19 – Oportunidade de vendas - OV
       Abate                     OV – MIL Cabeças                     OV – MIL TON
       Frango                     CONFIDENCIAL                           529,01
       Peru                            3.372                              45,83
       Suínos                     CONFIDENCIAL                           121,16
         Elaboração: SEAE.

132. Contudo, como disposto acima, as EMVs apresentadas não abrangeriam todo o
investimento, de forma que se pudesse comparar com as OVs, de forma a se obter
uma sinalização clara sobre as efetiva probabilidade de entrada.




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Aquisição da Sadia S/A pela Perdigão S/A
Aquisição da Sadia S/A pela Perdigão S/A
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Aquisição da Sadia S/A pela Perdigão S/A

  • 1. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 MINISTÉRIO DA FAZENDA Secretaria de Acompanhamento Econômico Parecer no 06510/2010/RJ COGCE/SEAE/MF Em 29 de junho de 2010. Referência: Ofício nº 3818/2009/SDE/GAB de 10 de junho de 2009 Assunto: ATO DE CONCENTRAÇÃO n.º 08012.004423/2009-18 Requerentes: Perdigao S/A e Sadia S/A Operação: Aquisição da Sadia S/A pela Perdigão S/A, por meio de incorporação de ações. Recomendação: Aprovação com restrições. Versão Pública O presente parecer técnico destina-se à instrução de processo constituído na forma da Lei nº 8.884, de 11 de junho de 1994, em curso perante o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência - SBDC. Não encerra, por isso, conteúdo decisório ou vinculante, mas apenas auxiliar ao julgamento, pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica - CADE, dos atos e condutas de que trata a Lei. A divulgação do seu teor atende ao propósito de conferir publicidade aos conceitos e critérios observados em procedimentos da espécie pela Secretaria de Acompanhamento Econômico - SEAE, em benefício da transparência e uniformidade de condutas. Nos termos da Portaria SEAE nº 83, de 19 de novembro de 2007, e considerando a solicitação da Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça, nos termos do art. 54 da Lei nº 8.884/94, a Seae emite parecer técnico referente ao ato de concentração entre as empresas Perdigao S/A e Sadia S/A. 1
  • 2. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 Sumário 1. Dos Requerentes .................................................................................................................................. 2 1.1. PERDIGÃO S/A (Doravante denominada PERDIGÃO) ..................................................... 3 1.2. Sadia S.A. (Doravante denominada SADIA)........................................................................ 4 2. Da Operação .......................................................................................................................................... 5 2. Da Definição de mercado relevante ................................................................................................ 6 3.1. Oferta de produtos ......................................................................................................................... 6 3.1.1. Dimensão Produto .................................................................................................................. 6 3.1.2. Dimensão Geográfica .......................................................................................................... 25 3.2. Demanda por insumos para o abate – relação com produtores ........................................... 26 3.2.1. Dimensão Produto ................................................................................................................ 26 3.2.2. Dimensão Geográfica .......................................................................................................... 26 4. Da Possibilidade de Exercício de Poder de Mercado................................................................... 27 4.1. Da oferta de produtos .................................................................................................................. 27 4.2. Do abate ........................................................................................................................................ 28 5. Da Probabilidade de Exercício de Poder de Mercado .................................................................. 30 5.1. Condições de Entrada ........................................................................................................... 30 5.1.1. Carnes in natura – Abate de frangos, suínos e perus e oferta de carne de peru 31 5.1.2. Processados................................................................................................................... 40 5.2. Rivalidade ................................................................................................................................ 66 5.2.1. Carnes in natura - abate e oferta de carne de peru ........................................................ 66 5.2.2. Processados .......................................................................................................................... 66 5.3. Conclusão ..................................................................................................................................... 88 6. Da Análise de Eficiências ............................................................................................................... 88 6.1. Das Requerentes ......................................................................................................................... 88 6.2. Do Posicionamento da SEAE .................................................................................................... 88 7. Da Recomendação ............................................................................................................................. 90 ANEXO I. Análise das Notas Técnicas elaboradas pelas Requerentes ...................................... 93 ANEXO II. Participação de mercado por mercado relevante .......................................................... 113 ANEXO III. Respostas das empresas referente a tempestividade da entrada ............................ 143 ANEXO IV - Valor da marca por mercado relevante ........................................................................ 146 ANEXO V. Teste qualitativo – respostas das empresas ................................................................. 151 ANEXO VI. Respostas a respeito da 1ª e 2ª escolhas .................................................................... 155 ANEXO VII. Histórico de entrada por empresa ................................................................................. 161 ANEXO VIII. Evolução quantidade produzida ................................................................................... 166 ANEXO IX. Evolução de produção de carne in natura .................................................................... 173 1. Dos Requerentes 2
  • 3. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 1.1. PERDIGÃO S/A (Doravante denominada PERDIGÃO) 1. A PERDIGÃO é uma empresa de origem brasileira que pertence ao Grupo Perdigão e possui sede no Estado de São Paulo. Trata-se de uma sociedade “holding” sem atividades operacionais. 2. Os acionistas da Perdigão são apresentadas no Quadro 1. Quadro 1. Acionistas da Perdigão Acionistas % Caixa Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil 14,16 Fundação Petrobrás de Seguridade Social - Petros 12,04 Fundo Bird 7,26 Fundo Sistel de Seguridade Social 4 Fundação Vale do Rio Doce de Seguridade Social - Valia 3,72 FPRV1 Sabiá FIM Previdenciário 1,1 Administradores 0,16 Tesouraria 0,21 Outros 57,35 Total 100 Fonte: Requerentes. 3. O Grupo Perdigão atua por meio de subsidiárias na produção e exportação de carnes “in natura”, no processamento comercialização de carnes bovina, suína e de aves industrializadas. A empresa atua nos segmentos de vegetais congelados e de alimentos prontos para consumo, como massas prontas, tortas, pizzas e folhados. Nos mercados de produtos lácteos, a empresa opera por meio das marcas Batavo, Cotochés e Elegê. 4. Tais atividades estão listadas no Anexo V da Resolução CADE nº 15/1998 como: Pecuária e Produção Animal – Pecuária de Corte e Leite (3.01) Pecuária e Produção Animal – Frigoríficos de Bovinos (3.02) Pecuária e Produção Animal – Gado de Leite (3.03) Pecuária e Produção Animal – Suínos (3.05) Pecuária e Produção Animal – Aves e Ovos (3.06) Pecuária e Produção Animal – Frigoríficos de Suínos e Aves (3.07) Pecuária e Produção Animal – Rações (3.08) Indústria Alimentícia – Laticínio (7.01) Indústria Alimentícia – Massas e Pães (7.03) Indústria Alimentícia – Preparados e Congelados (7.07) Indústria Alimentícia – Condimentos Diversos Indústria Alimentícia – Conservas Diversas (7.09) Indústria Alimentícia – Defumados Diversos (7.11) 3
  • 4. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 5. O Grupo Perdigão possui participação direta ou indireta nas seguintes empresas com atividades no Brasil: No Brasil • Perdigão S.A. • PDF Participações Ltda; • PSA Participações Ltda; • Perdigão Trading S.A.; • Sino dos Alpes Alimentos Ltda.; • Up Alimentos Ltda.; • Avipal S.A. Construtora e Incorporadora; • Avipal S.A. Alimentos; • Avipal Nordeste S.A.; • Avipal Centro-Oeste S.A. No mercosul • Estabelecimientos Levino Zaccardi y Cia S.A.. (Argentina) 6. Nos últimos três anos, o Grupo Perdigão promoveu operações no Brasil e no Mercosul. Essas operações estão relacionadas no item I.10 do Anexo I da Resolução do CADE nº 15/98. Grande parte destas operações foi aprovada pela SEAE tendo por base a presença da empresa Sadia como rival. 7. Os faturamentos do Grupo Perdigão no Brasil, Mercosul1 e mundo2 em 2008 de CONFIDENCIAL, CONFIDENCIAL e CONFIDENCIAL, respectivamente. 1.2. Sadia S.A. (Doravante denominada SADIA) 8. A SADIA é uma empresa atuante no Brasil, no setor alimentício, com atividades no abate e produção de frangos, suínos e perus, em alimentos congelados e resfriados industrializados e em margarinas, além de atuar na exportação de aves, suínos e produtos industrializados. 9. Os acionistas da Sadia são apresentadas no Quadro 2. Quadro 2. Acionistas da Sadia Acionistas % OLD Participações Ltda. 3,92 Sunflower Participações S.A. 5,31 Demais Membros do Acordo de Acionistas 14,16 PREVI - Caixa de Prev. Func. Bco. Brasil 7,33 Ações em Tesouraria 1,47 1 CONFIDENCIAL 2 Incluindo Mercosul e Brasil. 4
  • 5. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 Outros 67,81 Total 100 Fonte: Requerentes. 10. O Grupo Sadia detém participação superior a 5% na composição social das empresas atuantes no Brasil e no Mercosul relacionadas a seguir: Concórdia Holding Financeira S.A. (Brasil); Concórdia S.A. Corretora de Valores Mobiliários, Câmbio e Commodities (Brasil); Sadia Industrial Ltda. (nova denominação de Rezende Óleo Ltda) (Brasil); Rezende Marketing & Comunicações Ltda. (Brasil) Big Foods Indústria de Produtos Alimentícios Ltda. (Brasil); Baumhardt Comércio e Participações Ltda. (Brasil); - Excelsior Alimentos S.A. (Brasil); Sadia International Ltd. (Ilhas Cayman); - Sadia Alimentos S.A. (Argentina); - Sadia Chile S.A. (Chile); - Sadia Uruguay S.A. (Uruguai); 11. Nos últimos três anos, o Grupo Sadia promoveu operações no Brasil e no Mercosul. Essas operações estão relacionadas no item I.10 do Anexo I da Resolução do CADE n.º 15/98. Grande parte destas operações foi aprovada pela SEAE tendo por base a presença da empresa Perdigão como rival. 12. O faturamento do grupo Sadia no mundo, em 2008, foi de cerca de CONFIDENCIAL. No Brasil, o faturamento do grupo no mesmo período foi de aproximadamente CONFIDENCIAL. O faturamento decorrente de vendas realizadas pelo grupo para outros países da América, incluindo os países do Mercosul, foi de CONFIDENCIAL. 2. Da Operação 13. A operação compreende 3 etapas: 1ª etapa – Reorganização Societária da Sadia 14. Nesta primeira etapa, acionistas que detenham, no mínimo, 51% do capital votante da Sadia migrarão para a HFF Participações S.A. (“HFF”), para que esta se torne acionista controladora da Sadia. 15. Ainda no âmbito da reorganização societária da Sadia, a alienação da totalidade das ações de emissão da Concórdia Holding Financeira S.A. detidas pela Sadia 5
  • 6. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 constitui uma das condições para a eficácia do Acordo de Associação, na medida em que Perdigão colocou como condição de negócio que o segmento financeiro da Sadia não fizesse parte da associação. Nesse sentido, foi constituída uma sociedade por alguns dos acionistas da HFF, denominada HFIN Participações S.A., com o propósito específico de adquirir a Concórdia Holding Financeira S.A. da Sadia. 2ª etapa – Incorporação de ações da HFF pela Perdigão 16. Finalizada a reorganização societária da Sadia, a Perdigão incorporará as ações de emissão da HFF, ocasião em que HFF tornar-se-á sua subsidiária integral e a Perdigão, em conseqüência, passará a ser a controladora da Sadia. Nesta mesma etapa, a Perdigão alterará sua denominação social para BRF Brasil Foods S.A.. 17. A BRF poderá, ainda, a seu critério, realizar a incorporação da subsidiária integral HFF, o que fará com que passe a deter diretamente as ações da Sadia que eram de propriedade da HFF. 3ª etapa – Incorporação de Ações da Sadia 18. Concluída a segunda etapa, a BRF, já na qualidade de acionista controladora direta ou indireta da Sadia, visando à conclusão da associação, realizará a incorporação das ações da Sadia que remanescerem em poder do público, ocasião em que a Sadia tornar-se-á sua subsidiária integral. 2. Da Definição de mercado relevante 3.1. Oferta de produtos 3.1.1. Dimensão Produto 19. Para a dimensão produto, considerar-se-ão quatro aspectos: (i) informações prestadas no requerimento inicial; (ii) jurisprudência européia; (iii) proposta de mercado relevante das requerentes e (iv) respostas das empresas oficiadas. 3.1.1.1. Requerimento inicial 20. As requerentes inicialmente identificaram as seguintes relações horizontais existentes entre os grupos das requerentes. Quadro 3. Identificação das relações horizontais existentes entre os grupos das requerentes. Linha de produtos SADIA PERDIGÃO 1 - Carnes in natura 1.1 Frango X X 1.2. Suínos X X 1.3. Peru X X 1.4. Bovino X X 1.5. Peixes e Frutos do Mar X 2. Congelados 6
  • 7. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 2.1. Congelados 2.1.1. Pratos Prontos X X 2.1.2. Pizza X X 2.1.3. Hamburguer X X 2.1.4. Empanados X X 2.1.5. Tortas X X 2.1.6. Lanches Prontos X X 2.1.7. Salgadinhos X X 2.1.8. Pão de Queijo X X 2.1.9. Kibes X X 2.1.10. Almôndegas X X 2.1.11 - Batatas X X 2.1.12. Vegetais X X 2.1.13. Pães X 2.2. Frios e embutidos 2.2.1. Industrializados de Carne X X Presunto X X Apresuntado X X Afiambrados X X Mortadela X X Salame X X Salsichas X X Linguiças X X Frios Especiais (Copa/Lombo/Parma) X X Frios Saudáveis (Peito de Peru/Blanquet) X X 2.2.2. Bacon X X 2.2.3. Patês Cárneos X X 2.3. Margarinas X X 2.4. Lácteos 2.4.1. Linha Seca Leites UHT X Sucos X Achocolatado Líquido (Aromatizado) X Molhos Prontos e Congelados X Doce de Leite X Creme de Leite X Leite em Pó X Leite condensado X Bebidas de Soja X 2.4.2. Linha Refrigerada X Queijos X X Leite Pasteurizado X Iogurtes e Bebidas X Sobremesas Lácteas X Alimentos a base de soja X Manteiga X Leite Fermentado X Creme de Leite X Pasteurizado/Nata X Petit-Suisse X 7
  • 8. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 Requeijão X Cream Cheese X 2.5. Massas frescas X 2.6. Sobremesas X 2.8. Kit Festa (Cesta Natalina vários itens) X X 3. Vendas Diversas 3.1. Matérias Primas X X 3.2. Medicamentos e vacinas X X 3.3. Farelo de Soja X X 3.4. Animais vivos X X 3.5. Ovos X X 3.6. Rações X X 3.7. Farinhas e derivados de soja X X 3.8. Óleos vegetais X X 3.9. Outros X X Fonte: requerentes 21. De acordo com o Quadro 3, pode-se elucidar diretamente as seguintes informações a respeito das sobreposições horizontais: 1. Carnes in natura – somente não há sobreposição horizontal na produção de Peixes e Frutos do Mar. 2. Industrializados Congelados – somente não há sobreposição horizontal na produção de pães Frios e embutidos – existe sobreposição horizontal em todos os produtos. Margarinas – existe sobreposição horizontal. Lácteos: Linha Seca – não existe sobreposição horizontal em nenhum produto Linha refrigerada – somente existe sobreposição horizontal no produto queijos. Kit festa – existe sobreposição horizontal 3. Vendas diversas – existe sobreposição horizontal em todos os produtos. 22. Adicionalmente, as requerentes informaram, por meio da Nota Técnica “DEFINIÇÃO DOS MERCADOS RELEVANTES NO ATO DE CONCENTRAÇÃO SADIA E PERDIGÃO”, que não haveria sobreposição nas seguintes linhas de produtos: tortas, lanches prontos e salgadinhos. Em complemento, por meio daquela mesma Nota Técnica, informam que os itens constantes em vendas diversas seriam oferecidos de forma preferencial aos produtores parceiros em seus respectivos sistemas de integração. Por sua vez, a oferta de óleos vegetais seria apenas mediante produção terceirizada. 23. A partir das informações postadas no Quadro 3, observa-se que as requerentes se sobrepõe em duas grandes áreas: 8
  • 9. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 • Oferta de carnes in natura; • Oferta de carnes processadas. 24. Dentro da área de carnes in natura, as requerentes se sobrepõe em três áreas: • Oferta de carne de suínos in natura para consumo; • Oferta de carne de bovinos in natura para consumo; • Oferta de carne de aves in natura para consumo. 25. E, dentro da área de carnes processadas, as requerentes se sobrepõe em três áreas: • Oferta de produtos processados de carne bovina • Oferta de produtos processados de carne de porco; • Oferta de produtos processados de carne de aves. 3.1.1.2. Jurisprudência européia 26. A Comissão Européia divide os mercados in natura e processados de carne por tipo de animal: (i) suíno; (ii) aves e (iii) bovino. 27. A Comunidade Européia, quando da análise do caso Danish Crown/Flagship Foods3, assim se manifestou: … In the view of both competitors and customers pork is a separate product to be distinguished from beef, lamb, poultry etc. Processors of pig meat take into account the fact that consumers clearly distinguish between the various types of protein contained in these products. Customers also have different diet preferences based on health and safety concerns as well as religious beliefs in some cases. … 28. Segundo a OFT (Office of Fair Trading), quando da análise do caso Tulip Limited of Geroge Adams & Sons e George Adams & Sons (Holdings) Limited4, a oferta de carne fresca de suíno atende a dois mercados distintos: (i) mercado de carne fresca de suíno para processamento e (ii) mercado de carne fresca de suíno para consumo. 29. A partir do mercado de carne fresca de suíno para processamento, surge um terceiro mercado, o mercado de produtos processados de carne de suíno. 3 http://ec.europa.eu/competition/mergers/cases/decisions/m3401_en.pdf. 4 http://www.oft.gov.uk/shared_oft/mergers_ea02/361227/Tulip.pdf. 9
  • 10. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 30. A Figura 1 apresenta os diferentes mercados considerados pela OFT5 no que refere ao mercado de suínos. Oferta de carne fresca de suíno Oferta de carne Oferta de carne fresca de suíno para fresca de suíno para Upstream processamento consumo Mercado de produtos Downstream processados de suíno Figura 1. Divisão dos mercados de suínos segundo a OF Fonte: OFT. Elaboração SEAE/MF 31. Como se pode verificar pela Figura 1, o mercado de carne fresca de suíno para processamento é o mercado upstream do mercado de produtos processados de suíno. 32. A Comissão Européia, quando da análise do caso Marfrig/Seara6, dividiu o mercado de frango em três mercados distintos: (i) oferta de carne fresca de frango para consumo no varejo; (ii) oferta de carne fresca de frango para consumo no atacado e (iii) oferta de carne fresca de frango para processadores industriais. 5 http://www.oft.gov.uk/shared_oft/mergers_ea02/2009/Cranswick.pdf;jsessionid=AD2FEA115BF 76DB16FEED042008C50C4. 6 http://ec.europa.eu/competition/mergers/cases/decisions/m5705_20091218_20310_en.pdf 10
  • 11. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 Oferta de carne in natura de frango Varejo Atacado Mercado de carne Downstream processada de frango Figura 2. Divisão dos mercados de carne de frango segundo a Comissão Européia. Fonte: OFT. Elaboração SEAE/MF 33. Como se pode verificar, a jurisprudência européia separa os mercados de carne in natura dos mercados de carne processada. A. Mercados in natura 34. Nos mercados de carne in natura, a jurisprudência européia trabalha com mercados distintos por tipo de animal, ou seja: 1. mercado relevante de Frango; 2. mercado relevante de Suínos; 3. mercado relevante de aves; 4. mercado relevante de Bovino. B. Produtos processados 35. O Quadro 4 resume o entendimento da comunidade européia no que se refere aos produtos processados de carne quando da análise do caso Danish Crown e Flagship Foods. 11
  • 12. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 Quadro 4. Entendimento da comunidade européia a respeito de produtos processados de carne. Fonte: OFT. 36. Segundo a Comissão Européia, os produtos processados de carne são produtos produzidos a partir da conjugação de carne de aves e de mamíferos (bovinos, suínos etc) com especiarias. Estes produtos processados podem ser defumados, cozidos, etc). 37. Segundo a Comissão Européia, os produtos processados de carne podem ser classificados de acordo com sete dimensões: (i) Tipo de matéria prima (suíno, bovino, aves); (ii) Ingredientes utilizados; (iii) Quantidade de aguá, (iv) Tratamento térmico; (v) Porção; (vi) Embalagem; (vii) Temperatura; 38. Segundo a Comissão Européia, todos os produtos processados de carne constituem uma combinação das sete dimensões acima apresentadas. 39. Com base na divisão dos mercados por tipo de animal e nas dimensões existentes nos produtos processados de carne, apresentam-se as definições de mercados relevantes trabalhados pela Comissão européia em suas decisões recentes. 12
  • 13. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 Quadro 5. Mercados relevantes de carnes processadas segundo a Comissão Européia Fonte: OFT. 40. Como se pode verificar pelo Quadro 5, a Comissão Européia divide os produtos processados de carne por tipo de animal (suíno, bovino e aves). A partir desta divisão, a Comissão subdivide em seis mercados: (a) produtos curados; (b) carne processada pra consumo a frio; (c) carne enlatada; (d) Lingüiça cozida; (e) Patês e tortas; (f) Pratos prontos e outros componentes para tal. 3.1.1.3. Proposta de mercado relevante das Requerentes 41. Esta seção tem como objetivo fazer uma análise dos mercados relevantes sob a ótica da oferta. Para tanto, apresenta-se um relato da visita realizada pela SEAE a três instalações da Perdigão e discute-se a nota técnica apresentada pelas requerentes. 3.1.1.3.1 Definição de mercado relevante pelo lado da oferta - Visita realizada pela SEAE às instalações produtivas da Perdigão 42. Em atendimento ao convite feito pelos representantes legais da Perdigão, visitaram-se as instalações produtivas da BRFoods em Santa Catarina, localizadas nos municípios de Videira, Salto Veloso e Lages, nos dias 12 e 13/04/2010. 43. Na planta produtiva integrada (abate de aves, suínos e produtos processados) localizada em Videira, foi mostrado o processo de produção de mortadelas, salsichas e lingüiças, sendo apresentadas quatro linhas produtivas: salsichas, mortadelas, lingüiça defumada e lingüiça frescal. A matéria-prima utilizada no processo produtivo, 13
  • 14. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 farinha de osso e pedaços de carne de aves e suínos, seria decorrente do próprio abate de suínos na planta, bem como de fornecedores da região. 44. Observou-se que a produção de mortadela e de salsicha compartilha alguns equipamentos, no que se refere à etapa inicial de preparo da massa. Posteriormente, duas linhas específicas e dedicadas são alocadas para cada um dos produtos. Nessas linhas, foram destacadas algumas similaridades dos equipamentos (embutideiras, com especificidades quanto ao calibre de saída do produto e do procedimento de lacre/grampeamento) e das instalações (sala, forno). 45. No que tange a produção a granel de lingüiça frescal e defumada, as linhas se diferem, apenas, no processo de cozimento no forno, caso do último produto. 46. Já em Salto Veloso, foi apresentado o processo produtivo de hambúrguer. Verificou-se que o hambúrguer é feito a partir de vários tipos de carne bovina ou de frango, além de outros ingredientes, e há equipamentos específicos para a produção deste produto. Os insumos seriam adquiridos no mercado – destacando-se pedaços de carne e sangue bovino, fornecidos por outras empresas. 47. Também foram observadas linhas produtivas para outros produtos como lingüiça defumada (partes selecionadas) e lanches – destacando-se que essas seriam específicas, inclusive em razão das dimensões particulares desses produtos. 48. Por fim, na fábrica localizada em Lages, foram apresentadas as linhas produtivas específicas para lasanhas e pizzas. Observou-se um conjunto de equipamentos dispostos no sentido de uma linha de montagem, passando por várias fases: preparo da massa, fermentação, dimensionamento, inclusão de ingredientes, aquecimento, inclusão de outros ingredientes, pesagem, detecção de impurezas, resfriamento/congelamento, embalagem e expedição. As linhas são extensas, ocupando frações consideráveis das instalações. Observa-se um maior nível de automação na linha de pizzas, bem como a maior participação de recursos humanos na linha de lasanhas – em razão, particularmente, da complexidade de ingredientes que compõem esse produto. A logística de recepção de insumos e distribuição de produtos, por sua vez, seria unificada, nesse último caso, aproveitando o transporte de carga refrigerada dos produtos industrializados de carne. 3.1.1.3.2. Nota técnica apresentada pelas Requerentes 49. As Requerentes apresentaram Notas Técnicas7, em que foram realizados estudos quantitativos com vista a subsidiar a definição de mercado relevante, nas dimensões produto e geográfica, no setor de alimentos. Foram utilizadas técnicas econométricas de cointegração, que testam a existência de relação estável de longo prazo entre as séries de preços, para as definições de mercados relevantes. 50. O estudo elaborado teve como base a identificação das sobreposições horizontais decorrentes da operação, que se concentram nos seguintes segmentos: i) carnes in natura (frango, suínos, peru, bovino); ii) industrializados (congelados – pratos prontos, pizza, hambúrguer, empanados, tortas, lanches prontos, salgadinhos, pão de queijo, 7 Estudos econométricos apresentados pelas Requerentes: “Definição dos Mercados Relevantes no Ato de Concentração Sadia e Perdigão”; “ Nota Técnica Complementar. Mercados Relevantes”; “Comparações entre os preços dos produtos constantes da linha festa e os preços dos cortes in natura”; “Mercados Relevantes no Ato de Concentração Sadia e Perdigão: Teste de Elasticidades Críticas e Teste de Perda Crítica” 14
  • 15. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 kibes, almôndegas, batatas, vegetais, pães; frios e embutidos – presunto, apresuntado, afiambrados, mortadela, salame, salsichas, lingüiças, frios especiais, frios saudáveis, bacon, patês cárneos; margarinas; kit festa); vendas diversas (matérias-primas, medicamentos e vacinas, farelo de soja, animais vivos, ovos, rações, farelo e derivados de soja, óleos vegetais, entre outros). 51. Alguns desses produtos não foram alvos de análise nas Notas Técnicas, quais sejam: • Salgadinhos – cessação da atividade da Sadia nesse segmento em janeiro de 2009; • Tortas e lanches prontos – Perdigão deixou de atuar nesses segmentos em julho de 2008; • Batatas, vegetais e pães congelados - participação de mercado conjunta das Requerentes inferior a 20% nesses segmentos; • Pães de Queijo - participação de mercado conjunta das Requerentes inferior a 20%; • Vendas Diversas – baixa participação de mercado das Requerentes. 52. Também não foram realizados testes econométricos para o mercado de carnes in natura, uma vez que, segundo consta na Nota Técnica, considerando o mercado in natura em geral ou por tipo de carnes, a participação de mercado conjunta das Requerentes seria inferior a 20%8. 53. Em relação à dimensão produto, os mercados relevantes obtidos foram: I) Frios e embutidos a base de carne mecanicamente separada (suína e de aves), basicamente mortadelas e salsichas II) Demais frios e embutidos, tais como lingüiças, bacon, presunto, etc., que têm como matéria-prima basicamente a carne de porco III) Congelados a base de carne bovina (hambúrgueres, almôndegas e kibes) e cortes de carne bovina in natura IV) Pratos prontos e massas frescas/Pratos Prontos e massas secas para lasanha V) Pizzas congeladas e resfriadas VI) Congelados a base de carne de frango (empanados) e peito de frango congelado in natura VII) Margarinas e óleos vegetais VIII) Canais food service e varejo IX) Kit festa e cortes de carnes suína in natura 54. Quanto ao mercado geográfico, os resultados obtidos foram que a definição mais adequada seria nacional. 8 Sobre o mercado de carnes in natura, ver seção 4 deste Parecer. A análise detalhada feita pela SEAE sobre os estudos apresentados nas Notas se encontra no ANEXO I. 15
  • 16. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 55. Com o objetivo de fornecer evidências quantitativas adicionais de que os mercados relevantes definidos nas Notas Técnicas apresentavam abrangência adequada, também foram apresentados, pelas Requerentes, testes de elasticidade crítica e de perda critica para os mercados relevantes: i) pratos prontos, massas frescas e massas secas de lasanha; ii) congelados a base de carne bovina e cortes de carne in natura; iii) congelados a base de carne bovina e cortes de carne bovina in natura; iv)demais frios e embutidos; v) frios e embutidos a base de carne mecanicamente separada; e vi) margarinas e óleos vegetais. 56. Considerando aumentos de preços de 5% e 10%, a comparação entre os valores, em módulo, da elasticidade crítica e da elasticidade estimada por GMM mostrou que os mercados relevantes (prato pronto; hambúrguer; empanado; presunto; salsichas. pizzas; margarinas) deveriam ser maiores do que os produtos considerados. A mesma conclusão foi obtida quando se comparou a perda efetiva (estimada) e perda crítica. Ademais, concluiu-se, por meio dos testes, a adequação das definições de mercados relevantes determinados nas Notas. 3.1.1.3.2.1. Do posicionamento da SEAE 57. Em suma, a SEAE apresenta os pontos críticos relevantes do estudo quantitativo elaborado pelas Requerentes, para analisar a definição de mercado relevante, nas dimensões produto e geográfica. • A metodologia utilizada (cointegração, principalmente) para a determinação de mercados relevantes é mais apropriada para bens homogêneos; • Apenas quando há limitação de dados referentes a preços e/ou quantidades por produto, por exemplo, para o cálculo de elasticidade, poder-se-ia lançar mão de outros métodos para a estimativa de um mercado relevante; • testes de cointegração, ferramenta mais aceitável quando as séries são integradas de ordem 1 para se definir mercado, por si só não são suficientes para concluir se determinados produtos ou regiões pertencem ou não a um mesmo mercado relevante. A avaliação da significância dos parâmetros de cada variável no espaço de cointegração, a fim de saber quais variáveis participam efetivamente do equilíbrio de longo prazo, fornecem resultados mais robustos para a delineação do mercado relevante. • A não consideração de variáveis que captem o fator marca e a praticidade no modelo, que podem ser importantes na escolha do produto pelo consumidor (ver seção 5.1.2.2.3.1 do Parecer). • Utilização de séries de preços de produtos que não podem ser considerados substitutos diretos do hambúrguer e do empanado. Isso se verifica nos resultados obtidos pelo estudo das Requerentes, em que considerou o mercado de congelados a base de carne bovina no mesmo mercado de cortes de carnes in natura, bem como o mercado de congelados a base de frango no mesmo mercado de peito de frango congelado • O modelo de elasticidade crítica é mais apropriado para mercados com firmas idênticas e produtos homogêneos; • Foram utilizados períodos distintos nas amostras de elasticidade crítica e de elasticidade efetiva; 16
  • 17. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 • Utilizaram-se segmentos distintos nas amostras para o cálculo da elasticidade crítica e da efetiva: varejo versus atacado. 58. Assim, se uma dada análise econométrica define um mercado relevante que possa não refletir um comportamento observado no mercado, recomenda-se prudência em aceitar as conclusões sobre esse mercado relevante. 3.1.1.4. Respostas das empresas brasileiras oficiadas 59. Esta subseção tem como objetivo identificar a definição dos mercados relevantes do ponto de vista das empresas concorrentes e clientes. 3.1.1.4.1. Visão geral dos questionamentos 60. Com o intuito de construir os mercados relevantes de produto, foram oficiadas as seguintes empresas: Quadro 6. Concorrentes e clientes oficiados Item Empresa JBS Bertin Independência Minerva Mataboi Pif Paf Aurora Concorrentes Ceratti Frimesa Doux Seara Marfrig Perdigão Sadia CONFIDENCIAL Clientes CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Fonte: Empresas consultadas. 61. Os questionamentos foram direcionados às empresas com base nas segmentações informadas pelas requerentes no requerimento inicial (item 3.1.1). A partir destas informações, dividiu-se os mercados em cinco grandes segmentos: (i) Carnes in natura; (ii) Congelados; (iii) Produto processados de carne; (iv) Margarinas; (v) Óleos vegetais. 17
  • 18. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 62. Como definição para segmento de congelados, a SEAE utilizou a seguinte definição: “Os produtos congelados são produtos que podem ser estocados por um prazo relativamente longo e podem ser preparados rapidamente por qualquer pessoa. Apesar desta característica ser comum aos produtos, não se pode considerar todos os produtos no mesmo mercado relevante, uma vez que os referidos produtos atendem a demandas distintas. 63. Para os produtos processados de carne, a SEAE trabalhou com a definição apresentada pela Comissão Européia: “... the market for processed meat products as comprising meat from mammals or birds, containing external ingredients such as salt or spices, being raw, dried, smoked or cooked. The various processed meat products vary in several dimensions such as the raw material used (pork, beef, poultry), ingredients (spices), water content, heat treatment (smoked or boiled), portion, packaging, temperature (chilled or canned). All processed meat products constitute a combination of this 7- dimension scheme. However, the Commission noted that all processors are able to use all processing techniques (drying, smoking and cooking) on meat from all species”. 3.1.1.4.2. Respostas apresentadas pelas empresas 64. Com base nas definições de produtos congelados e produtos processados de carne, solicitou-se as empresas que classificassem determinados produtos de acordo com os critérios de substituição pelo lado da demanda e pelo lado da oferta. 65. As respostas das empresas concorrentes a respeito da substituição pelo lado da demanda são apresentadas nos Quadros 7, 8 e 9. 18
  • 19. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 Quadro 7. Respostas das empresas concorrentes referente a substituição pelo lado da demanda - Grupo de Congelados Fonte: Empresas. Elaboração SEAE/MF. 19
  • 20. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 Quadro 8. Respostas das empresas concorrentes referente a substituição pelo lado da demanda - Grupo Processados de carne Fonte: Empresas. Elaboração SEAE/MF. 20
  • 21. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 Quadro 9. Respostas das empresas concorrentes referente a substituição pelo lado da demanda aos grupos kit festa e margarinas. Fonte: Empresas. Elaboração SEAE/MF. 21
  • 22. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 66. Das respostas das Concorrentes, pode se extrair as seguintes conclusões preliminares: Pratos prontos – cada um dos produtos seria um mercado relevante, de acordo com a manifestação da Oetker e Doux, bem como pelo exposto pelas Requerentes em sua Nota Técnica “Definição dos Mercados Relevantes no Ato de Concentração Sadia e Perdigão”. Semi-prontos congelados – a maioria considera mercados distintos para hambúrguer e empanados, admitindo substituição entre kibe e almôndega. Processada para consumo a frio – de acordo com a maioria, no mínimo, presunto e apresuntado seriam substitutos. CONFIDENCIAL. Processada cozida – não se percebe uma coincidência de definições. Processada curada - o bacon não teria substitutos. Kit festa – haveria uma distinção entre suínos e aves. Alguns produtos não teriam substitutos, como o tender suíno, alegando-se a sazonalidade do consumo em função de festividades. 67. Adicionalmente, foram consultados clientes, de forma a se obter uma percepção mais clara da ótica da demanda. Quadro 10. Respostas das empresas clientes referente à substituição pelo lado da demanda em todos os grupos. Grupo Segmento Produtos CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Pratos prontos Pizzas Pratos Lanches CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL prontos Pães Pão de Queijo Congelados hamburguer Empanado de Semi-prontos frango CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL quibe almondega Presunto suíno apresuntado suíno Processados mortadela consumo a salame CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL frio presunto frango frios especiais Processados (peito de frango de carne cozido) Lingüiça defumada Curados paio bacon CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Salsicha de Semi-cozidos frango CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Salsicha suína Margarina Margarina Margarina CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Kit festa Suíno Lombo 22
  • 23. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 Paleta Pernil c/ e s/ tender CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL picannha Peru Aves Chester CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Fiesta Fonte: Empresas. Elaboração da SEAE/MF 68. Observa-se que a resposta do cliente CONFIDENCIAL estaria mais detalhada e adequada a cada produto considerado, assim, essa será adotada, preferencialmente. 69. Esse cliente afirma que, em geral, a substituição entre esses produtos CONFIDENCIAL. Assim, no que se refere à ótica da demanda, CONFIDENCIAL 70. Portanto, a despeito de uma maior diversidade, bem como ausência de consenso, em alguns casos, as respostas dos concorrentes e clientes, analisadas em seu conjunto, indicam que haveria substituibilidade, apenas, entre os seguintes produtos: presuntos e apresuntados, kit festa aves e kit festa suínos. 3.1.1.5. Mercados relevantes definidos pela SEAE 71. O Quadro 11 apresenta as definições de mercados relevantes definidos pela SEAE. Este conjunto de mercados relevantes foi obtido a partir da análise de três elementos: (i) jurisprudência européia; (ii) respostas das empresas concorrentes e clientes e (iii) estudo de mercado relevante realizado pelas requerentes. 72. Um 1° ponto a ser destacado é que haveria uma especificidade na demanda por produtos de carne oriundas de cada tipo de animal: bovino, frango, suíno e peru. 73. Um 2° ponto a ser considerado diz respeito à natureza dos produtos processados. Observa-se, em geral, uma maior diferenciação desses produtos, observável nos seguintes atributos: tamanho, forma, embalagem, sabor, conservação, tipos e marca. 74. Nos casos em que se observa uma maior diferenciação do produto, sugere-se a preferência pelo critério de substituição pela ótica da demanda, em detrimento da ótica da oferta – que poderia ser utilizada em casos de produtos homogêneos. Nesse sentido, salienta-se a orientação da jurisprudência norte-americana quanto à utilização da ótica da demanda.9 75. Da análise da jurisprudência européia, foi possível uma segmentação inicial, tanto em função da origem animal da carne quanto do processo produtivo envolvido. 76. Por sua vez, a análise das respostas das empresas concorrentes e clientes possibilitou uma adequação dessas definições às especificidades do caso brasileiro, destacando-se, como corte preferencial, a ótica da demanda. E, por fim, do estudo realizados pelas requerentes, bem como da visita técnica realizada, foi possível se aferir alguns processos produtivos distintos e específicos para determinados produtos. 77. Cabe destacar que a Nielsen faz uma segmentação semelhante, indicando qual o foco de atenção dos agentes na avaliação do mercado de seus produtos e, portanto, uma proxy para a definição do mercado relevante. 9 FTC & USDOJ. Comentary on the Horizontal Merger Guidelines. 2006. 23
  • 24. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 Quadro 11. Mercados relevantes definidos pela SEAE Grupo Segmento Mercados relevantes Nº Frangos Frangos 1 Suínos Suínos 2 Carnes in natura Peru Peru 3 Bovino Bovino 4 Lasanhas e pratos prontos 5 (strognoff, comida oriental, Pratos prontos etc...) congelados Pizzas congeladas 6 Pão de queijo e pães prontos 7 congelados Congelados Hambúrguer (carne bovina e 8 Pratos Semi- carne de frango) prontos Empanados de frango 9 congelados Kibes e almôndegas 10 Batatas e 11 Batatas e vegetais vegetais Presunto (suíno e frango) e 12 Carnes apresuntado processadas Mortadela 13 para consumo a 14 Salame frio Frios especiais (copa, etc.) 15 Carnes 16 processadas Salsicha (suíno, frango e Carnes processadas cozida semi- peru) pronta Carne 17 processada Lingüiça frescal fresca Carne 18 Lingüiça defumada, paio e processada bacon curada Tender de frango; Chester, 19 Kit festa aves peru temperado congelado Lombo suíno temperado 20 Kit festa congelado; paleta suína Kit festa suíno defumada; pernil com osso temperado; pernil sem osso temperado; presunto tender; tender suíno Margarinas Margarinas Margarinas 21 Elaboração SEAE/MF 24
  • 25. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 3.1.2. Dimensão Geográfica 78. Conforme entendimento do SBDC em Pareceres anteriores10, a definição da dimensão geográfica, para as linhas de produtos contidas no quadro 11, foi considerada nacional, seja por questões ligadas à perecibilidade, seja por questões ligadas à distribuição. 79. Para confirmar a dimensão geográfica como sendo o mercado nacional, foram consultadas as principais empresas concorrentes a respeito do mercado relevante geográfico em cada um dos mercados relevantes considerados, fazendo-se a seguinte pergunta: 1. Levando em conta a característica física dos produtos assinalados acima, os custos de transporte ou qualquer outra variável considerada relevante, assinale o raio de cobertura (em quilômetros) para a distribuição medido desde o centro de produção ou de armazenamento da sua empresa. 80. O Quadro 12 apresenta a consolidação das respostas: Quadro 12. Respostas das concorrentes Empresa Resposta Todos os produtos da Aurora são disponibilizados a todo o mercado brasileiro. Nossa distribuição é nacional, temos 8 filiais próprias e diversos distribuidores de nossos produtos, que comercializam nosso portfólio de produtos em todas as regiões do Brasil. Aurora A partir de nossas fábricas, mais concentradas em Santa Catarina, temos uma distância mais longa de entrega de nossos produtos de 4.000 km, sendo que existe uma maior concentração de distribuição de nossos produtos na região sudeste do Brasil. Nossa distância média de entrega nacional é de 1.000 KM Nós distribuímos todos os produtos para o mercado dentro de CONFIDENCIAL quilômetros de perímetro de nossas Plantas e Centro Tyson de Distribuição, que estão localizados em São José/SC, Lages/SC, Araquari/SC e Itaiópolis/SC. Da planta de Campo Mourão nós vendemos principalmente volumes CONFIDENCIAL Para: São Paulo – 80 km Rio de Janeiro – 455 Km Curitiba – 738 Km Santa Catarina – 738 Km Omamori Porto Alegre – 1159 Km Belo Horizonte – 589 Km Góias/Distrito Federal – 853 Km Bahia – 2200 Km Fortaleza – 2919 Km Belém – 2831 Km 10 Vide, por exemplo, ACs nºs 08012.000118/2002-81, 08012.008109/2004-08, 08012.000336/2005-68. Todos aprovados pelo CADE sem restrições. 25
  • 26. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 Cuiabá – 1531 Km Seara Cobertura nacional para todos os itens comercializados. CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Marfrig Fonte: respostas das empresas. Elaboração da SEAE/MF 81. Pelas razões expostas pelas empresas e em consonância com a Jurisprudência do CADE, considerar-se-á como dimensão geográfica dos mercados relevantes apresentados no Quadro 11, para tratar das concentrações horizontais, o mercado nacional. 3.2. Demanda por insumos para o abate – relação com produtores 3.2.1. Dimensão Produto 82. Observa-se sobreposição horizontal entre as atividades de abate dos seguintes rebanhos: suíno e aves (frango e peru). A princípio, ocorreriam especificidades no que se refere ao abate de cada tipo de rebanho, bem como especificidades e regulamentações no que se refere ao controle sanitário, de forma que, na dimensão produto, em sua relação com os fornecedores do insumo, criadores dos animais, serão considerados como mercados relevantes: abate de suínos, abate de frango e abate de peru. 3.2.2. Dimensão Geográfica 83. Por razões sanitárias (saúde dos animais)e econômicas (custo de transporte), as cargas de animais vivos, usualmente, não percorrem grandes distâncias geográficas. Ressalte-se que, de acordo com informações das Requerentes, constantes dos autos – Nota Técnica “PODER DE MONOPSÔNIO”, a cada unidade de abate corresponderiam um conjunto geograficamente limitado de produtores integrados de animais. Em particular, as cadeias produtivas de suínos e aves têm sido caracterizadas por um elevado grau de integração vertical, observando-se contratos entre as empresas abatedouras e produtores integrados. 84. Assim, considera-se que o mercado de oferta desses rebanhos, suíno, frango e peru, teria dimensões próximas as unidades produtoras, sendo de natureza regional e, no limite, local. Para o presente parecer, será definido o âmbito estadual, correspondendo aos seguintes mercados relevantes, em que ocorrem sobreposições entre as Requerentes: suínos – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul; frangos – Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Goiás; perus – Paraná. 26
  • 27. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 4. Da Possibilidade de Exercício de Poder de Mercado 4.1. Da oferta de produtos 85. O Quadro 13 apresenta o resumo das participações de mercado11. Quadro 13. Participações de mercado por mercado relevante - 2008. Mercado Concentração Grupo Segmento Perdigão Sadia HHI12 ∆HHI relevante conjunta CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Bovino Bovino CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Suino Suino In natura CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Frango Frango CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Peru Peru* CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Pratos prontos congelados Pratos CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Pizzas prontos congeladas congelados CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Pão de queijo congelado** Congelados Empanado de CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Pratos frango Semi- CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Hambúrgueres prontos CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL congelados Kibes e almôndegas Batatas e Batatas e CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL vegetais vegetais CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Presuntos e Carnes apresuntados processadas CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Mortadela para CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL consumo a Salame Frios CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL frio diferenciados Carnes Carnes CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL processadas processadas cozidas Salsicha semi- prontas Carnes Linguiças CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL processadas defumadas, curadas paio e bacon 11 Os quadros com as participações completas de mercado encontram-se no ANEXO II. 12 O IHH é a soma dos quadrados das participações de mercado de cada empresa. Os critérios adotados pela Federal Trade Commission (Estados Unidos) para verificar se uma operação gera ou não impactos anti-competitivos são os seguintes: * IHH inferior a 1000 pontos – não haverá nexo causal, não sendo, portanto, necessário seguir para outras etapas; * IHH entre 1000 e 1800 pontos – se o acréscimo no índice pós-operação foi inferior a 100 pontos não haverá nexo causal, não sendo, portanto, necessário seguir para outras etapas; * IHH superior a 1800 – se o acréscimo no índice pós-operação for inferior a 50 pontos não haverá nexo causal, não sendo, portanto, necessário seguir para outras etapas. 27
  • 28. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 Carnes CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Lingüiça processadas frescal frescas Kit festa CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Kit festa aves aves Kit festa CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Kit festa Kit festa suínos suínos CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Margarinas Margarinas Margarinas Fonte: dados das empresas. Elaboração SEAE/MF * Ressalte-se que, de acordo com estimativas do setor, conforme matéria publicada no Valor Online de 13/01/2010, a participação da BRF no mercado de perus equivaleria a 90%.13 ** Informado pela Pif Paf. 86. Como se pode verificar pelo Quadro 13, no Grupo carnes in natura somente o mercado de carne peru in natura possui a participação conjunta superior a 20%. 87. Para o grupo congelados temos: concentração inferior a 20% para batatas e vegetais congelados e pães de queijo congelados (CONFIDENCIAL e CONFIDENCIAL, respectivamente). E, para os demais mercados inseridos nesse grupo, as concentrações são superiores a 20%. Com relação ao grupo de carnes processadas, a participação conjunta das empresas é superior a 20% em todos os mercados relevantes, o mesmo acontecendo para os mercados relevantes Kit Festa e Margarinas. 88. Neste sentido, faz-se necessário prosseguir para as demais etapas de análise em todos os mercados relevantes considerados, com exceção dos mercados relevantes de carne bovina, suína e de frango in natura, pães de queijo e pães prontos congelados e batatas e vegetais congelados. 4.2. Do abate 89. Os quadros 14, 15 e 16, abaixo, apresentam as participações nos mercados estaduais de abate de suínos, frango e peru, respectivamente, para o ano de 2008. Quadro 14- Participação de mercado no mercado relevante de abate de suínos - (cabeças 2008) Empresa RS SC PR Doux CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Seara CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Marfrig CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Frimesa CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Aurora CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL PIF PAF CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Perdigão CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Sadia CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Outros CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Total Requerentes CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL 13 Disponível em <http://www.noticiasagricolas.com.br/noticias.php?id=60487&sms_ss=email>. Acessado em 16/06/2010. 28
  • 29. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 Fonte: Respostas aos Ofícios encaminhados às Requerentes e concorrentes. Elaboração SEAE. Quadro 15 - Participação de mercado no mercado relevante no abate de frangos - (cabeças 2008) Empresa RS SC PR MT GO CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Doux CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Seara CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Marfrig CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Sadia CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Perdigão CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Outros CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Total Requerentes Fonte: Respostas aos Ofícios encaminhados às Requerentes e concorrentes. Elaboração SEAE. Nota: Nos Estados da Bahia e Mato Grosso, o total do mercado por estado (com base no MAPA), informado pelas Requerentes, em reposta ao Ofício nº 10352/2009/RJ COGCE/SEAE/MF, é inferior ao total dos abates das empresas Sadia e Perdigão nesses Estados. Quadro 16 - Participação de mercado no mercado relevante no abate de perus (cabeças – 2008) Empresa PR Perdigão CONFIDENCIAL Sadia CONFIDENCIAL Total Estado CONFIDENCIAL Fonte: Requerentes, em resposta ao Ofício 10352/2009/RJ COGCE/SEAE/MF. Elaboração SEAE. Nota: nos Estados da Bahia e Mato Grosso, o total do mercado por estado (com base no MAPA), informado pelas Requerentes, em resposta ao Ofício nº 10352/2009/RJ COGCE/SEAE/MF, é inferior ao total dos abates das empresas Sadia e Perdigão nesses Estados. 90. Quanto ao mercado de abate de peru, a atuação apenas das Requerentes nesse mercado no Estado do Paraná pode ser corroborada no quadro a seguir: Quadro 17 – Abates de peru por empresas, 2004 (número de cabeças) Empresa 2004 Participação (%) Sadia - Chapecó (SC) 11.628.149 33,3 Sadia – F. Beltrão (PR) 5.332.976 15,3 Sadia – Uberlândia (MG) 6.169.130 17,6 Perdigão – Carambéi (PR) 6.480.012 18,5 Doux – Frangosul (RS) 5.339.972 15,3 TOTAL 34.950.239 100 Fonte: Silva (2006)14 - UBA/UBEF (Relatório Anual de 2004/05). 91. Com relação ao abate de suínos, as requerentes tiveram uma participação conjunta de CONFIDENCIAL, respectivamente. 14 SILVA, R.A. Síntese da produção brasileira e paranaense de peru. Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento – Departamento de Economia Rural (DERAL).2006. Disponível em: http://www.seab.pr.gov.br/modules/qas/uploads/128/perus_br_pr_jun_06.pdf. Acesso em 15/06/2010. 29
  • 30. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 92. Quanto ao abate de Peru, ambas as Requerentes atuam no Estado do Paraná, porém o total do mercado por estado (com base no MAPA) informado pelas Requerentes, em resposta ao Ofício nº 10352/2009/RJ COGCE/SEAE/MF, CONFIDENCIAL. O mesmo ocorre no abate de frango no Estado do Mato Grosso. 93. Nota-se, portanto, que há uma disparidade entre as estatísticas de abate das Requerentes e as estatísticas oficiais de abate. 94. Cabe ressaltar que na Nota Técnica “Poder de Monopsônio” apresentada pelas Requerentes, em 16/06/2010, foi relatado que as integrações são pré-existentes, e portanto, em nada incrementaria o grau de integração dos mercados. 95. No entanto, relataram que em Estados com maior concentração de plantas de abate, como, por exemplo, o Estado de Santa Catarina, os integrados estariam aptos a fornecerem para mais de um sistema e para ilustrar esse fato, apresentaram, para o mercado de suínos em Santa Catarina, a localização dos integrados de cada uma das Requerentes, de acordo com o município onde se encontravam, as plantas de abates e raios de influência. 96. A conclusão obtida dessa ilustração pelas Requerentes foi a seguinte: “(...) há integrados localizados em municípios que atendem somente a planta da Perdigão, integrados em municípios que atendem apenas a Sadia e integrados em municípios que atendem as plantas de ambas as empresas” (grifo nosso) 97. Em face do exposto no parágrafo 96 acima, observa-se que o argumento de que não há alterações no grau de integração dos mercados seria contraditório. 98. Dessa forma, a SEAE prosseguirá para análise do mercado de abate relativo ao poder de monopsônio. 5. Da Probabilidade de Exercício de Poder de Mercado 99. Conforme observado no quadro 13, a operação gera concentração de mercado excessiva em quase todos os mercados relevantes analisados, com exceção dos mercados relevantes de carne bovina, suína e de frango in natura e de batatas e vegetais congelados. Nesse sentido, faz-se necessário à análise de alguns elementos para que seja determinado se, neste caso, o abuso de poder de mercado constitui em ameaça real proveniente desta operação. 5.1. Condições de Entrada 100. A seção de condições de entrada encontra-se dividida em duas partes: (i) análise das condições de entrada do grupo in natura e (ii) análise das condições de entrada do grupo processados (composto pelos grupos congelados, kit festa e margarinas). 30
  • 31. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 5.1.1. Carnes in natura – Abate de frangos, suínos e perus e oferta de carne de peru 101. Preliminarmente, será apresentada uma breve discussão a respeito das cadeias produtivas de aves (frangos e perus) e suínos. Essa discussão será relevante para a análise seguinte de condições de entrada. Cadeia Produtiva da Carne de Aves 102. A cadeia produtiva de frangos de corte no Brasil é integralmente verticalizada, em que a forma contratual, segundo Saab et al. (2009)15, possibilita às empresas ganho de qualidade na matéria–prima, abastecimento constante, redução dos custos industriais nas operações de abate, padronização da carcaça e, ao avicultor, um maior ganho de produtividade, redução dos custos de produção e maior rentabilidade, formação de um plantel básico de reprodutores de alto valor zootécnico e garantia de comercialização da produção com conseqüente redução de seu risco. 103. De acordo com Araújo et. al.(2008)16, a cadeia produtiva da avicultura de corte é composta pelos seguintes elos: avozeiro, matrizeiro, incubatório/nascedouro, aviário, frigorífico, varejista e consumidor final. Também há elos auxiliares, quais sejam: pesquisa e desenvolvimento genético, medicamentos, milho, soja e outros insumos, equipamentos e embalagens). A Figura a seguir mostra a cadeia produtiva da avicultura de corte. Figura 3: Cadeia produtiva da avicultura de corte Fonte: Paiva, Bueno, Sauer & Sproesser (2006); Michels & Gordin (2004) – apud Araújo et. al.(2008). 104. Um breve comentário de cada elo é feito a seguir, conforme Araújo et. al.(2008): 15 SAAB, M.S.B.L.M., NEVES, M.F, CLÁUDIO, L.D.G. O desafio da coordenação e seus impactos sobre a competitividade de cadeias e sistemas agroindustriais. Revista Brasileira de Zootecnia, v.38, p.412-422, 2009. 16 Araújo, G.C; Bueno, M.P; Veridiana Pinheiro Bueno, V.P.; Renato Luis Sproesser, R.L.; Souza, I.F. Cadeia produtiva da avicultura de corte: avalia de valor bruto nas transações econômicas dos agentes envolvidos. Gestão & Regionalidade - Vol. 24 - Nº 72 - set-dez/2008. 31
  • 32. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 • Avozeiro: “é o primeiro elo da cadeia produtiva, onde ficam as galinhas avós, que são originadas a partir da importação de ovos das linhagens avós, as quais são cruzadas para produzir as matrizes que, por sua vez, vão gerar os pintos comerciais criados para o abate”; • Matrizeiro: “é o segundo elo da cadeia produtiva, pertencente normalmente ao frigorífico, onde se originam os ovos;” • Incubatório/Nascedouro: “é o terceiro elo da cadeia produtiva, unidades pertencentes geralmente ao frigorífico, que recebem os ovos para chocá-los e, na seqüência do processo, passam para os nascedouros, cujo objetivo é dar origem aos pintos de corte que serão encaminhados para os aviários após algumas horas de seu nascimento”; • Aviário: “é o quarto elo da cadeia produtiva e corresponde a uma etapa de produção, caracterizada pelos contratos de integração entre frigoríficos e produtores rurais (integrados). É no aviário que se dá o crescimento e a engorda dos pintos, que ali chegam com algumas horas depois de nascidos e ficam até a época de abate, aos 43 dias, aproximadamente”; • Frigorífico: “é o quinto elo da cadeia produtiva. Também chamado de unidade industrial ou abatedouro ou empresa, é o quinto elo da cadeia produtiva, onde se origina o produto final – o frango resfriado, congelado, inteiro e em cortes/pedaços. É composto, na sua maioria, por várias seções no processo produtivo, quais sejam: recepção, atordoamento, sangria, escaldagem, depenagem, evisceração, lavagem, pré-resfriamento, gotejamento, pré- resfriamento de miúdos, processamento de pés, classificação/cortes, embalagem, congelamento e expedição”; • Varejista: “sexto elo, incluindo-se aqui as empresas de exportação. A figura do atacadista não aparece como um elo individual porque o próprio frigorífico desempenha este papel”; • Consumidor final: “representado tanto pelo mercado nacional como pelo mercado internacional”; • Varejo: sexto elo da cadeia produtiva e “vem, ao longo dos últimos 40 anos, fazendo significativos investimentos na expansão da sua rede física e nos sistemas de gestão da informação (...)”. 105. No segmento de aves reprodutoras (mercado de “avós”) destacam-se as empresas de genética Cobb, Aviagem, Hubbard e Hybro. De acordo com o Parecer nº 06531/2009/RJ COGCE/SEAE/MF, referente ao Ato de Concentração nº 08012.007776/2008-99 (Cobb Vantress Inc. e Hendrix Genetics B.V.), há três principais competidores no mercado mundial de geração de aves reprodutoras (matrizes de corte): Cobb, Aviagen e Hubbard, as quais já possuem presença no Brasil. Ademais, consta que existem ainda quatro competidores menores: Case, PureLine, Peterson e Smerna. Já dentre as empresas que atuam no setor frigorífico de aves pode-se destacar a Seara, Sadia e Perdigão. 106. Dessa forma, a empresa integradora (frigorífico) possui controle sobre os diversos elos da cadeia, atuando desde a produção de ração, dos pintos, bem como no abate, no processamento e na exportação. Nesse sentido, cabe ressaltar, de acordo com Martins (1999): “o fato de não haver formação de estoques de carne de frango nem na indústria nem no varejo, nem falta de produtos nas prateleiras dos supermercados é um indicador de eficiência do referido planejamento”. Cadeia Produtiva da Carne Suína 32
  • 33. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 107. Segundo Saab et al. (2009), a maior parte da produção é feita nos moldes do sistema de integração, em que as empresas Sadia, Perdigão, Aurora, Seara, entre outras, se destacam como grandes integradoras. 108. A Figura abaixo ilustra a cadeia produtiva da carne suína. Figura 4 - Cadeia produtiva da carne suína17 Fonte: Triches et. al. (2006) 109. Segundo Triches et. al18. (2006), o segmento de criação de raças ou linhagens compreende as atividades realizadas por empresas de pesquisa e de melhoramento genético, que são responsáveis pelo aprimoramento de raças ou de linhagens mais produtivas e menos suscetíveis a doenças. Essas empresas, segundo o autor, são geralmente de nacionalidade estrangeira, localizada em países desenvolvidos. 110. O segundo segmento engloba os produtores de matérias-primas para a indústria de ração (milho, soja, etc.), além das unidades de reprodução e de produção que compreendem todas as fases de produção de matrizes, cruzamento, gestação, reprodução, desmame, recria e engorda e o armazenamento, tratamento e desova dos dejetos das unidades de produção. 17 Embora a cadeia produtiva apresentada pelos autores tenha sido caracterizada como sendo a da serra gaúcha, esta caracterização da cadeia também pode ser entendida como a do Brasil, sem grandes alterações. 18 DIVANILDO TRICHES, D.; SIMAN, R.F.; SILVA, A.M.; STULP, V.J. A cadeia produtiva de carne suína no estado do rio grande do sul e na serra gaúcha. XLIV CONGRESSO DA SOBER. Fortaleza, 2006. 33
  • 34. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 111. O terceiro e último segmento é caracterizado pelas atividades pós-propriedade, composto pela agroindústria, pelos intermediários e atacadistas, pelos varejistas e pelos agentes exportadores e importadores, pelas indústrias processadoras de subprodutos (couro, farinhas de carne, de osso e de sangue) e pelos consumidores internos e externos. 112. Dentre as empresas que atuam em genética suína pode-se citar a Agroceres-PIC e a Génétiporc. Segundo Rohenkohl (2008)19, desde os anos 90, algumas empresas entraram no mercado brasileiro de genética de suínos, tais como as empresas européias Topigs, Dan Bred, Pen Ar Lan e a empresa canadense Génétiporc. Relatou que as empresas multinacionais têm corpo técnico próprio, e que contrata veterinários e alguns geneticistas no Brasil. 113. O autor informou que a EMBRAPA, em parceria com a Aurora, lançou uma linha de reprodutores direcionada à melhoria da competitividade dos pequenos suinocultores. Relatou também que a EMBRAPA-CNPSA e a Sadia “possuem corpo técnico próprio e um banco genético que permite incrementos de qualidade, constituindo linhas genéticas próprias, independentemente de importações”. 114. Já dentre as empresas que atuam no setor frigorífico de suínos podem-se destacar a Seara, Aurora, Sadia e Perdigão. 115. De acordo com Miele e Waquil (2006)20, além da produção de reprodutores (fêmeas, machos e sêmen) em granjas núcleos e multiplicadoras, com significativa presença de investimentos das próprias agroindústrias e empresas de genética, há três tipos de sistemas de produção suinícola: produção em ciclo completo (CC): o mesmo estabelecimento desenvolve todas as etapas de produção do animal (cruza ou inseminação, maternidade, desmama, creche e terminação); unidades de produção de leitões (UPLs)21: desenvolvem as etapas de inseminação, maternidade, desmame e creche, produzindo leitões com até 22 a 28 kg; unidades de terminação (UTs): se dedicam apenas à terminação. Ressaltaram que: “Até meados dos anos 1990, predominava no Brasil a produção CC. Após este período houve um processo de mudança com a transformação de parte destes estabelecimentos suinícolas em UPL e UT (Weydmann & Conceição, 2003). Essa tendência à especialização nas etapas do processo produtivo dos suínos ocorreu em todo o país, mas se dá de forma mais intensiva na região Sul. Essa substituição ocorre nas cinco principais empresas, mas com padrões diferentes. Enquanto que a Sadia e a Seara praticamente não trabalham mais com estabelecimentos em CC, nas demais agroindústrias este sistema ainda representa parcela significativa dos abates e do alojamento de matrizes, apesar de seguir uma tendência de queda nessa participação.” 19 ROHENKOHL, J. Relatório Setorial. FINEP, (2008). Disponível em: http://www.finep.gov.br/PortalDPP/relatorio_setorial_final/relatorio_setorial_final_impressao.asp ?lst_setor=363. Acesso em: 06/06/2010. 20 MIELE, M; WAQUIL, P.D. Dimensões econômicas e organizacionais da cadeia produtiva da carne suína no Brasil. EMBRAPA (Documento 110). 2006. 21 Segundo o autor, Disponível em: http://www.sober.org.br/palestra/6/97.pdf. Acesso em 15/06/2010.atualmente, os estabelecimentos em UPL produzem leitões com até 10 ou 12 kg, desativando o estágio de creche, sendo este desenvolvido por um quarto tipo de sistema de produção denominado crecheiros. 34
  • 35. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 116. Os autores também informaram que a maior coordenação da cadeia aumentou a eficiência dos agentes e que a evolução do mercado spot para a coordenação vertical via contratos está associada principalmente à busca pela qualidade, redução do risco e aumento de produtividade. 5.1.1.1. Barreiras a entrada 5.1.1.1.1. Grau de integração da cadeia produtiva 117. Quanto maior o grau de integração de uma cadeia produtiva, maiores e mais complexos os requisitos e a combinação de recursos produtivos por parte de um entrante. Assim, a entrada pode ser mais custosa, bem como demandar um maior prazo para a sua efetivação. 118. Na literatura econômica, a integração vertical é tratada como um arranjo produtivo que busca responder a determinadas especificidades produtivas que afetam os custos das firmas, por meio dos seguintes mecanismos: dupla-marginalização e custos de transação.22 119. A dupla marginalização ocorreria quando dois elos sucessivos de uma cadeia produtiva seriam caracterizados por estruturas oligopolizadas, de forma que a cada elo corresponderia um Mark-up sobre o respectivo custo marginal, indicando níveis de produção sub-ótimos. Uma firma integrada elimina essa dupla marginalização, na medida em que fornece para si própria o insumo ao seu custo marginal, o que elimina parte da ineficiência no sistema produtivo. 120. Os custos de transação estariam relacionados com processos rotineiros de aquisição de insumos/venda de produtos no mercado. Quanto mais significativos esses custos, maiores os incentivos para uma integração vertical na cadeia produtiva, compreendida como uma substituição do mecanismo de preços do mercado pelos processos decisórios hierárquicos da firma. Usualmente, esses custos seriam definidos segundo os seguintes atributos: especificidade do ativo, periodicidade e incerteza. No limite, o primeiro resultaria em uma customização do produto, o segundo em um suprimento estável e constante (especialização produtiva) e o terceiro em uma impossibilidade de previsão quanto ao comportamento futuro, negativa para o planejamento, a assunção de riscos e à tomada de decisão. Nessa situação, uma integração possibilita uma relação particular entre os dois agentes da transação, resultando em eficiências produtivas. 121. Essas cadeias produtivas de suínos, frangos e perus são conhecidas por um elevado grau de integração vertical, desde a relação entre produtores e abatedores, passando pela industrialização de derivados de carnes até o escoamento para o varejo alimentar. Em geral, as empresas abatedoras têm um papel central de gerenciamento da cadeia, constituindo, cada uma, um sistema particular, que busca otimizar a produção desde o dimensionamento e aplicação de insumos (grãos, vacinas, matrizes reprodutoras) até campanhas de marketing para o lançamento e promoção de produtos junto aos consumidores. 122. Diversas informações constantes dos autos indicam essa característica, sejam as compras de insumos para os produtores de animais, conforme relatado pelas Requerentes, seja pela relevância dos produtores integrados no fornecimento de animais para o abate das principais empresas desses mercados. 22 Williamson, Oliver E. 1985. The Economic Institutions of Capitalism: firms,markets, relational contracting. New York: Free Press. 35
  • 36. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 123. Assim, para que um entrante nesse mercado possa contestar uma eventual conduta anticompetitiva,23 esse deveria empregar, no mínimo, a mesma tecnologia ou arranjo produtivo das empresas incumbentes. Nesse sentido, seria necessária a prévia constituição de uma rede de produtores integrados, em uma dimensão adequada à escala mínima de operação desse entrante. O desenvolvimento dessa rede, contudo, implicaria, ou na coordenação de contratação de diversos produtores já em operação, ou no desenvolvimento de novos produtores, sujeito ao decurso de tempo necessário ao desenvolvimento de rebanhos economicamente viáveis. 5.1.1.1.3. Ameaça de reação dos competidores instalados 124. A entrada pode ser influenciada pela capacidade dos competidores instalados ampliarem sua oferta em um menor decurso de tempo, e a um menor custo, de forma a absorver as eventuais oportunidades de venda que seriam apropriadas pelo potencial entrante. Tal fenômeno torna-se mais relevante, na medida em que o processo de entrada seja custoso e complexo, envolvendo custos afundados ou de coordenação de atividades e decisões entre diferentes agentes – elaboração de contratos. 125. Conforme se observa nos quadros constantes no ANEXO IX, tem ocorrido um incremento no abate de suínos e aves ao longo dos últimos anos. Conforme disposto na subseção a seguir referente ao histórico de entradas, as principais entradas no setor se referem à aquisição de empresas pré-existentes. Nesse sentido, pode-se assumir que o incremento de oferta de produtos tem sido providenciado, principalmente, pelas empresas já instaladas. 126. Em complemento, levando-se em consideração a discussão acima sobre as cadeias de aves e suínos, em que se ressalta a complexidade desses arranjos produtivos, bem como a manifestação sobre tempestividade de entrada por parte da empresa Marfrig, constante na subseção tempestividade a seguir, conclui-se que as empresas já instaladas teriam uma maior flexibilidade na oferta de produtos. Assim, seria possível que as oportunidades de venda fossem absorvidas, principalmente, por essas empresas instaladas, de forma que uma possível ameaça de reação a um entrante teria uma maior credibilidade. 5.1.1.2. Probabilidade 5.1.1.2.1. Escala Mínimas Viáveis - EMV 127. As Requerentes, em resposta ao Ofício nº 8.686/2010/RJ COGCE/SEAE/MF, informaram que não há necessidade da empresa estabelecer um sistema integrado para atuar no mercado de abates, uma vez que pode adquirir os animais no mercado, de produtores independentes, e que, inclusive, o abate pode ser terceirizado. Com base nessa premissa, informaram o investimento necessário, expresso a seguir: Quadro 18 – Escala Mínima Viável - EMV Abate Capacidade (cabeças/dia) Investimento (MR$) Frango CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Peru CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL 23 Baumol, William J. “Contestable markets: an uprising in the theory of industry structure,” American Economic Review 72(1) March 1982, pp. 1—15. 36
  • 37. Versão Pública Ato de Concentração n° 08012.004423/2009-18 Suínos CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL Fonte: Requerentes, em resposta ao Ofício nº 8.686/2010/RJ COGCE/SEAE/MF. 128. No entanto, observa-se que a grande maioria das empresas nesses mercados atuam de forma integrada. A tabela abaixo mostra estabelecimentos suinícolas integrados, por região. Tabela 1 - Estabelecimentos suinícolas e industriais e tipo de vínculo no Brasil em 2005 Fonte: Miele e Waquil (2006) - estimativa com base em consulta a especialistas nos principais estados produtores e às empresas e cooperativas. * Suinocultores integrados a empresas ou cooperativas, atuando através de contratos ou programas de fomento pecuário. ** Entre as dez principais empresas, responsáveis por 43% dos abates e 90% das exportações. 129. Observa-se que a maioria dos estabelecimentos de suínos são integrados. Sabe- se também que os estabelecimentos de aves são, na sua grande maioria, integrados. 130. Dessa forma, pode-se concluir que para a entrada no mercado de abate e no mercado de carnes in natura seria necessária a prévia constituição de uma rede de produtores integrados, bem como a contratação de matrizes reprodutoras junto às empresas de genética (desenvolvedoras e multiplicadoras). Assim, a EMV deveria abarcar todos esses investimentos. 5.1.1.2.2. Oportunidades de Vendas - OV (média requerentes e concorrentes) 131. A princípio, pode-se assumir como proxy para as oportunidades de venda a taxa de crescimento médio dos mercados de suínos, frangos e perus nos últimos 03 anos. Com base nos quadros constantes no ANEXO IX essas taxas equivaleriam a, respectivamente, 4%; 6% e 10%. Quadro 19 – Oportunidade de vendas - OV Abate OV – MIL Cabeças OV – MIL TON Frango CONFIDENCIAL 529,01 Peru 3.372 45,83 Suínos CONFIDENCIAL 121,16 Elaboração: SEAE. 132. Contudo, como disposto acima, as EMVs apresentadas não abrangeriam todo o investimento, de forma que se pudesse comparar com as OVs, de forma a se obter uma sinalização clara sobre as efetiva probabilidade de entrada. 37