O documento discute a falta de inclusão da auto-avaliação das bibliotecas escolares (BE) nos relatórios de avaliação externa das escolas. A autora observa que as BE são frequentemente mencionadas apenas em termos de projetos e não em termos de sua missão. Ela acredita que é necessária formação para as equipes de BE e direções escolares para que a avaliação da BE faça sentido e não se torne burocrática.
1. COMENTÁRIO CRÍTICO DE REFERÊNCIAS À BE EM AMOSTRA DE
RELATÓRIOS DE AVALIAÇÃO EXTERNA
Na leitura dos relatórios por mim analisados pude constatar que há muito
trabalho para fazer e muito a mudar no que se refere à inclusão da auto-avaliação da BE
na auto-avaliação da escola/agrupamento.
Não posso dizer que fiquei muito surpreendida, pois nunca fui solicitada para elaborar
qualquer documento/relatório a apresentar à inspecção, nem a minha presença foi
solicitada nas entrevistas com os inspectores…
Penso que tal não tem a ver com o trabalho desenvolvido por mim e pela equipa que
chefiava, a quem é reconhecido valor pelos órgãos dirigentes, mas por algum
desconhecimento da verdadeira missão da BE e pela falta de enquadramento que esta
teve ao longo dos anos. Há doze anos que coordeno a BE da minha escola, agora
agrupamento, e sempre cumprimos as orientações que nos eram dadas pela RBE, que
sem dúvida se referiam quase exclusivamente à promoção da leitura.
Custa-me um bocado pensar que durante tanto tempo nos queixássemos da falta de
orientação e de enquadramento e que de repente tenhamos que por em prática um
modelo que estamos a tentar digerir, mas que leva o seu tempo a operacionalizar de uma
maneira que a todos sirva: que mobilize toda a escola, que a integre em todas as suas
vertentes, e que sirva, por consequência, para a avaliar interna e externamente.
Causou-me alguma estranheza que, mesmo em escolas/agrupamentos que foram
considerados em vários aspectos muito bons, a BE seja referida apenas quando são
elencados os projectos de orientação ou apoio institucional a que aderiram, PNL, PAM,
RBE … complementos de oferta educativa, ou para dizer que “constitui um espaço
agradável”.
A título de exemplo, no relatório da IGE do Agrupamento de Escolas de Nogueira,
Braga, em que a BE tem há muitos anos uma força e um papel de reconhecidíssimo
valor, (com uma coordenadora incansável, cujo trabalho eu bem conheço), apenas é
referido que é de destacar a “envolvência do agrupamento em projectos e actividades
formativas, designadamente PNL, PAM e criação e dinamização da BE, sendo de resto
os primeiros no concelho de Braga funcionando em rede com a BM” …
No relatório do Agrupamento Vertical Afonso Betote, de Vila do Conde, encontrei uma
referência mais alargada, que mesmo assim só alegava que “a BE, com ligação à RNBE,
responde às múltiplas e distintas necessidades dos alunos, sendo considerada pelos
mesmos como espaço de eleição”.
Talvez não venha a propósito desta reflexão, mas gostaria de dizer que o meu
espírito crítico, sempre muito activo, não me impede de julgar que é de toda a
pertinência um modelo de avaliação para a BE que, bem enquadrado e enquadrando as
múltiplas facetas da escola, dê sentido a todo o nosso trabalho. Mas penso ter o direito
de me indignar quando tenho que, em dias, conhecer, reflectir e levar à prática o que
poderia e deveria ter feito ao longo de todos estes anos. Uma formação atempada e bem-
feita às equipas que gerem as bibliotecas é essencial, mas também as direcções das
escolas necessitam dela urgentemente, bem como todos os que têm a missão de avaliar
os serviços que prestamos, para que tudo faça sentido e não se torne mais um pesadelo
burocrático.
Ana Silva DREN 8