O documento discute o consumo insuficiente de frutas, legumes e verduras (FLV) no Brasil e as ações para aumentá-lo de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). O consumo per capita de FLV no Brasil aumentou de 147g em 2002 para 153g em 2008, porém ainda está abaixo da recomendação de 400g da OMS. Parcerias como entre a Ceasa Campinas e o programa Aplique Bem visam orientar produtores rurais a cultivar FLV de forma mais segura e sust
Nematoides são responsaveis por perdas de até 30% dos canaviais
Segurança alimentar
1. Em 2002, a Organização Mun-
dial de Saúde (OMS) declarou
em seu World Health Report,
que a alimentação insuficiente
de Frutas, Legumes e Verduras
(FLV) seria um dos dez fatores
de risco que contribuem para
a mortalidade por doenças crô-
nicas não transmissíveis. Além
disso, a Organização estimou
que o consumo diário de 400g
de FLV poderia salvar 2,7 mi-
lhões de vidas no mundo por
ano, em razão do efeito pre-
ventivo desses alimentos con-
tra o câncer, a diabetes, as
doenças cardiovasculares etc.
Diante dessa informação
surge a seguinte pergunta: co-
mo está o consumo per capita
de FLV no Brasil? É possível
ter uma ideia superficial da si-
tuação comparando-se os re-
sultados das últimas Pesquisas
de Orçamentos Familiares
(POF) do Instituto Brasileiro
de Geografia Estatística (IBGE)
realizadas em 2002 e 2008.
Sem levar em conta a distribui-
ção por classe de renda ou Re-
gião, verifica-se que o consu-
mo per capita diário do brasi-
leiro aumentou de 147g em
2002 para 153g em 2008. Mes-
mo assim, fica evidente que a
referência nacional de consu-
mo per capita de FLV ainda es-
tá muito aquém do parâmetro
recomendado pela OMS.
Se o aumento do consumo
de frutas e hortaliças é uma
questão de saúde pública, a
sua elevação aos níveis sugeri-
dos pela OMS dependerá da
criação e realização de políti-
cas públicas em segurança ali-
mentar cada vez mais eficazes.
A princípio, alguns aspectos
deverão ser considerados ain-
da mais. Por exemplo: planeja-
mento da produção agrícola,
educação alimentar e acesso ir-
restrito da população às frutas
e hortaliças, em quantidade e
qualidade. Em outras pala-
vras: uma população saudável
é consequência da política de
segurança alimentar do País, e
isso inclui uma agricultura efi-
caz não apenas em quantida-
de, mas também orientada pe-
las Boas Práticas Agrícolas
(BPA), produtora de alimentos
cada vez mais seguros.
As centrais de abastecimen-
to têm um papel fomentador
do hábito de consumo de ali-
mentos saudáveis. Isso decor-
re em razão de sua posição
consolidadora, que reúne no
mesmo espaço a agricultura e
o comércio de alimentos. Sen-
do assim, elas podem interagir
com ambos os lados da cadeia
de maneira a orientar as suas
atividades para valorizar uma
agricultura capaz de colher
produtos cada vez mais próxi-
mos ao ideal de saudabilidade
da população.
A implementação de tais
ações, no entanto, varia entre
as centrais, uma vez que as ad-
ministrações de cada unidade
dependem das diretrizes da au-
toridade pública gestora.
Nos últimos anos, a Ceasa
Campinas, administrada pela
Prefeitura Municipal, adotou
um planejamento de abasteci-
mento visando o pleno atendi-
mento dos comandos e orien-
tações mercadológicos mun-
diais (FAO/ONU e OMS), espe-
cialmente em atenção ao para-
doxo do desperdício versus fo-
me e também à segurança ali-
mentar com alimento seguro,
valorizando o comércio de ali-
mentos mais saudáveis ao con-
sumidor. O caminho é longo,
contínuo e, na prática, passa
pela orientação do agricultor
no campo, visando minimizar
o uso de agrotóxicos e aumen-
tar a segurança dos trabalhado-
res rurais que realizam as apli-
cações.
Embora o controle químico
de pragas e doenças seja regu-
lamentado e, ao mesmo tem-
po, indispensável na agricultu-
ra convencional, principalmen-
te nas FLV ainda mais suscetí-
veis, seu emprego deve ser res-
ponsável e decidido somente
mediante o diagnóstico do en-
genheiro-agrônomo. As pulve-
rizações, portanto, devem ser
realizadas com equipamentos
adequados, calibrados, com
produtos recomendados e res-
peitando integralmente a bula
que acompanha o defensivo.
Uma parceria firmada entre
a Ceasa e o programa Aplique
Bem, da Secretaria de Agricul-
tura e Abastecimento do Esta-
do de São Paulo, criado e coor-
denado conjuntamente pelo
Instituto Agronômico de Cam-
pinas (IAC) e a empresa Arysta
LifeScience, visa levar ao pro-
dutor de FLV regional as orien-
tações sobre tecnologia de apli-
cação de defensivos agrícolas
e segurança do aplicador.
O Aplique Bem é um suces-
so nacional que comemorou
10 anos de inovações na agri-
cultura com o treinamento de
mais de 55 mil produtores ru-
rais no Brasil. Trata-se de uma
iniciativa que adotou um mo-
delo inovador para os treina-
mentos: ao invés de reunir os
agricultores numa sala de au-
la, o programa vai até eles gra-
tuitamente utilizando laborató-
rios itinerantes. Os instrutores
(agrônomos) orientam os apli-
cadores a respeito do uso cor-
reto do Equipamento de Prote-
ção Individual (EPI) e doam
um kit completo para cada
usuário. Em seguida, avaliam
todo o equipamento de pulve-
rização e verificam as corre-
ções necessárias para o me-
lhor desempenho. O treina-
mento termina com um relató-
rio de todas as recomenda-
ções e prevê um retorno à pro-
priedade após um período pa-
ra a confirmação do emprego
efetivo das instruções.
No caso da parceria entre a
Ceasa e o Aplique Bem, o pro-
cesso será contínuo, respeitan-
do-se um agendamento regu-
lar. E a expectativa dos partici-
pantes, ou seja, Ceasa, Aplique
Bem e agricultores, é que essa
iniciativa resulte em maior se-
gurança, dos alimentos, dos
aplicadores e do meio ambien-
te.
Vivemos em um mundo em
constante revolução. Como
numa longa ópera, em que
personagens se erigem, caem
e se reconstroem, personifica-
dos a cada século por sucessi-
vos atores que têm o prazer e
a angústia de cantar árias se-
renas e interpretar os mais
tormentosos atos na grande
peça da vida. Nessa grande
obra, o dia de hoje abriu um
capítulo que se iniciou chuvo-
so - não de uma tempestade
relampejante e estrondosa,
mas de uma chuva fina que
desce do céu prateado, cinza
e fúlgido, molhando tudo
com uma tristeza plácida.
Cortaram a cabeça do rei.
A de Luís XVI, que levou con-
sigo toda uma forma de orga-
nização da sociedade que,
apesar de já estar há algum
tempo circulando em salões
cada vez mais restritos, no
momento final sucumbiu nu-
ma batida seca e doída. Hoje,
conosco, a história se escre-
veu com mais delicadeza, em-
bora não menos pungente,
não menos revolucionária,
dispensando a guilhotina,
mas convocando Tânato a
carregar do leito o rei enquan-
to dormia, fatigado - e Car-
men, assim, deixou-nos.
Com seus cabelos longos e
negros - posto que era rainha
e não rei e a despeito dos
anos que acumulavam -, Car-
men viveu a maior parte de
seus anos num tempo em
que a estratificação social era,
de certa forma, mais exclu-
dente que hoje em termos
comportamentais. E, de algu-
ma maneira, o mito que se
tornou, orbita esse referencial
- mas vai além dele. Ela foi
nosso expoente máximo de
elegância, de estilo, da socie-
dade e de seus valores tradi-
cionais. Cativou estilistas, to-
mou café com editores de mo-
da, caçou com a alta nobreza
britânica, festejou com artis-
tas de Hollywood e jantou
com colunáveis nova-iorqui-
nas, mostrando ao grand
monde do monde entier um
Brasil autenticamente fino.
Assim como o comparecimen-
to de Luís XVI a óperas e reci-
tais conferia-lhes imediata-
mente grande importância, a
presença de Carmen em um
evento imbuía-lhe automati-
camente de ampla notorieda-
de e garantia-lhe certeza de
sucesso.
O comportamento que Car-
men representava ia muito
além das fronteiras do dinhei-
ro. Do mesmo modo que de-
fendia que o estilo é imortal e
que, para se vestir bem, devia-
se fugir da condição de
fashion victim, ela provou
que a finesse do portar-se es-
tava também dissociada da
posição de wealth victim.
Atravessou todos os revezes
que a vida lhe impôs em seus
anos de senioridade com o
mesmo sorriso no rosto que
exibia na juventude. Enfren-
tou a doença e os tribunais
com a cabeça erguida e lutou
pelos direitos dos debilitados,
reafirmando sua condição na-
tural de imperatriz.
O mundo em que Carmen
viveu passou por muitas revo-
luções. O glamour da alta so-
ciedade, antes frequentemen-
te venerado por classes me-
nos favorecidas, hoje é, mui-
tas vezes, visto com antipatia.
Nos processos revolucioná-
rios, inexoravelmente, muito
se agrega e muito se perde.
De fato, é inegável que revolu-
ções são necessárias para a
evolução de um povo, de um
indivíduo, de um país. Mas é
igualmente verdadeiro que
nem tudo o que é tradicional
é ruim e deve ser descartado.
E é nesse ponto que se encai-
xa o principal legado que Car-
men nos deixa. À maneira do
neto que, ao visitar a avó, es-
quece-se do ritmo frenético e
angustiante do mundo atual
e respira aliviado a serenida-
de da senhora que desconhe-
ce smartphones e redes so-
ciais, mas acolhe a família
com longas conversas em tor-
no de uma mesa e de um
bom pudim de leite. Carmen
representará para sempre a
certeza de que um mundo de
gentilezas e de classe pode
existir dentro de nós, e nos da-
rá sempre a tranquilidade de
que, apesar das turbulências
- sociais, hígidas ou financei-
ras -, a vida segue e o que im-
porta permanece. Assim co-
mo um bom soberano faz
com seu povo.
Opinião
1, 2, 3, pra frente. Os dedi-
nhos das mãos, dos pés, pe-
ga mais alguns emprestados
de quem estiver aí do seu la-
do para a conta dar certo. Po-
de contar. É bom olhar pra
frente. Às vezes muito me-
lhor do que olhar para trás.
Conta o quanto falta para vo-
cê chegar lá. No ano que
vem. No que deseja. No dia
que se sentirá em glória abso-
luta.
No caminho vá plantando
coisas boas. Não aceite pro-
vocações – tente. Não aceitar
não é ignorar, mas apenas
preparar pra comer o prato
frio depois, saboreando até
os ossos. Cada segundo que
passa é para a frente: é mais,
temos de pensar, ao contrá-
rio de imaginar um tempo
que passa e se escoa.
A vida não é foguete que a
gente lança para o espaço na-
quela expectativa da tensa
contagem regressiva. A gente
a conta das mais variadas for-
mas. Como contamos os de-
graus de uma escada que des-
cemos ou subimos, os quilô-
metros que nos farão chegar
ao destino. Vivemos contan-
do tudo. Então que seja para
o progresso. Pensamento oti-
mista para crer que a terra
sob nossos pés pode parar
com essa tremedeira que es-
cangalhou nossos planos re-
centes. Precisaremos fazer
novos cálculos.
Não é para menos que se
demonstra que há matemáti-
ca em tudo. A existência é
uma sucessão de equações
que vamos resolvendo em
busca de desvendar as incóg-
nitas. Pensa se não. Algumas
equações são tão intrincadas
que ficam sem solução até o
fim, mesmo que você diaria-
mente se pergunte o que foi
que calculou errado, quais va-
lores usou, onde cruzou os fa-
tores. Quem somou, quem
subtraiu, quem dividiu. No
amor essas são as maiores va-
riáveis.
Filosoficamente, multipli-
camos menos do que devería-
mos, e somamos muito timi-
damente. Deram agora de
querer emplacar o dividir,
mas isso acaba não levando
a lugar nenhum, porque so-
mos um só conjunto buscan-
do intersecções. Não há pro-
babilidade de dar certo.
Os números nos rodeiam,
nos norteiam. Nos desnor-
teiam quando estamos de-
vendo, quando a eles são apli-
cados juros e correções. Nos
alegraram quando foram no-
tas boas, que ainda sou do
tempo do 0 a 10, nada de A,
B, C, mais ou menos, AAA.
Era nota precisa, também
bem diferente dessas notas
que a gente vê jurado dando
na tevê, que todo mundo ga-
nha com decimal e sempre
entre o 9 e o 10.
Neste mundo que busca
destrinchar tudo, quem anda
bem por cima é o percen-
tual. Tudo é percentual – es-
ses dias mesmo soltaram ro-
jões e fogos de artifício com
o crescimento de 0,1 da eco-
nomia do País. Isso é que é
otimismo. Bom, pelo menos
um pouco, para a nossa posi-
tiva contagem progressiva.
No futebol! Não tem jogo
que a gente consiga assistir
sossegado sem que os locuto-
res fiquem que nem matra-
cas falando em percentuais,
citando números que decidi-
damente não farão a menor
diferença na partida. Quan-
tos chutes, quantos ponta-
pés, quantas vezes um time
venceu , empatou ou perdeu
do outro. Quantos cuspinhos
no ar. Os computadores faci-
litam muito isso, esses cálcu-
los com as informações inse-
ridas.
Pena que a gente não ve-
nha com um botãozinho de
apertar e a resposta do tem-
po aparecer. Abastecemos
nossas vidas continuamente
e o caminhar se chama desti-
no.
O melhor é pensar nele
avançando, sempre de forma
que seja esplêndido e sur-
preendente. Inusitado. Se
quiser contar quanto falta pa-
ra as coisas que já sabe, aí
tem lugar que responde rápi-
do: http://www.contadorde-
dias.com.br/.
Você só tem de inserir a
data inicial e a final, para sa-
ber quantos dias, quantas se-
manas, o que será a sua con-
tagem. Bom para acalmar a
ansiedade. Matematicamen-
te.
CARMEN MAYRINK VEIGA
Contagem
progressiva
De reis e revoluções
Editor: Rui Motta rui@rac.com.br Correio do Leitor leitor@rac.com.br
marli gonçalves
I I Marli Gonçalves é jornalista
Segurança alimentar
RICARDO MUNHOZ E
CLAUDINEI BARBOSA
I I Ricardo Munhoz é
engenheiro-agrônomo da Ceasa Campinas;
Claudinei Barbosa é diretor-técnico
operacional da Ceasa Campinas
FELIPPE
BARONE
CEASA CAMPINAS
I I Felippe Barone é economista
“Não debato publicamente com pessoas
condenadas por crime”
Juiz Sérgio Moro, sobre afirmação de Lula de que a Justiça tem servido para desmoralizar a Petrobras e o Rio de Janeiro.
charge
opiniao@rac.com.br
A2 CORREIO POPULARA2 Campinas, sábado, 9 de dezembro de 2017