O projeto forneceu moradias melhores, transporte e água potável para comunidades tradicionais do Pantanal. Cursos ensinaram técnicas de produção e comercialização de doces, gerando renda. Infraestrutura como estradas e saúde ainda são necessidades.
1. Projeto Geração de Renda Para as Comunidades do Pantanal
Boletim Informativo |cptsocialms.blogspot.com.br | janeiro/setembro de 2015 | nº 3, Ano 2 |
e transformamos realidades!
Compartilhamos saberes...
2. Página 2
Os produtos da marca Sabores do Pantanal foram
comercializados em domicílios, feiras semanais
que acontecem na cidade e na Feira do Produtor,
que funciona 2 vezes ao mês, organizada pela
prefeituradeCorumbá.
Foram comercializados: farinha de mandioca,
farinha de bocaiuva, cana descascada, mamão,
O que é necessário para se mudar
uma realidade? Alguém disse que
antes de tudo é preciso conhecê-la,
compreendê-la. E para quê se muda
uma realidade? Isso depende.
Depende da realidade e de quem
desejamudá-la.
Em se tratando das seis
Comunidades Tradicionais do
Pantanal do Paiaguás, consideraremos
mudar para melhorar e melhorar
porque se precisa superar o
sobreviver, ou seja, o viver mesmo
que em condições adversas e sem
meios ou recursos. Sobreviver
significa lutar pelo mínimo, pelas
necessidades básicas, é viver no limite.
No limite da fome, da sede, da solidão,
do desamparo, da exclusão, da
fragilidade.É umvivervulnerável.
Solidária e conhecedora da
realidade dessas comunidades
tradicionais, às margens do Rio
Taquari, há mais de 30 anos, a
Comissão Pastoral da Terra, da
Diocese de Cor umbá (MS),
configurou-se, por meio do Projeto
Geração de Renda, um agente
transformador derealidades.
Realidades que agora possuem água
para consumo humano, moradia um
pouco mais digna, acesso a alguns
meios de transporte terrestres e
a q u á t i c o s , p r o d u ç ã o e
comercialização alimentícia e
organização comunitária.
Nos dois anos de execução do
Projeto, as ações da CPT estimularam
e reforçaram o protagonismo de 175
famílias, compartilhando com
crianças, jovens, homens e mulheres,
c o n h e c i m e n t o s e s a b e r e s .
Fornecendo-lhes meios para que
conquistem uma renda mais estável e
uma vida mais digna. Para que
produzam e comercializem produtos
nativos e cultivados, para que deixem
apenas de lutar por sobrevivência e
passem à vivência, ao bem viver, ao
viverpara vencer.
Só que o trabalho não acaba aqui.
As comunidades precisam ainda de
melhor infraestrutura e logística como
estradas, escolas, unidadesdesaúde. O
ir e vir às comunidades, uma
problemática constante, em razão do
alto custo das passagens de lancha,
frete e combustível, poderia ser
solucionado por meio de um
transporte público ou subsidiado. Até
melhores oportunidades de geração
de renda são necessárias. Iniciativas
quedevemadvirdo poderpúblico.
O que está ao alcance da CPT tem
sido feito, ano após ano, mas muito
ainda está por fazer. A busca pela
felicidade e garantia de direitos
continua.
limão, pimenta, melado, rapadura, abóbora, doces
de diferentes tipos, laranja, mamão e maracujá em
compotaseembarra,entreoutrosprodutos.
Os resultados foram positivos e possibilitaram
a experiência da geração de renda entre os
membros das Comunidades que participaram das
vendas.
Editorial
Projeto Geração de Renda para as Comunidades do Pantanal
Equipe:
Amélia Zanella
Bruna Mabel
Linda Inês
Maria de Fátima
Maria de Lourdes
Thiago Castro
Vanderlei da Conceição
Pe. Pascoal Forin
As imagens são do Arquivo da Comissão Pastoral da Terra
Jornalista responsável: Ana Carolina Monteiro DRT/MS 031
A Comissão Pastoral da Terra, ligada à
Diocese de Corumbá, foi criada em 1987,
durante o período de ditadura militar, para
defender os direitos dos trabalhadores rurais
assentados nas terras do município de
Corumbá (MS). Após anos de ocupação e
luta, ampliou o seu trabalho em resposta às
demandas levantadas pelos grupos de
mulheres da periferia urbana e pelas
comunidades tradicionais do Pantanal do
Paiaguás. Colocando-se ao lado desses povos
no processo de luta pela terra e pela
melhoria das condições de vida, por meio de
novos projetos de formação e geração de
renda. A CPT também tem desenvolvido
atividades evangelizadoras em todas as
comunidades daquela região.
EXPEDIENTE
Padre Pascoal Forin em missa na Comunidade Cedro
Nos meses de maio e junho, as Comunidades receberam o
curso de Organização, Comercialização e Marketing. As
mulheres aprenderam a agregar valores à matéria-prima
utilizada no preparo dos doces e derivados visando à
comercialização nas feiras de Corumbá (MS). Foram ensinadas
técnicas de preparação e modo de fazer dos doces, embalagem,
rotulagemeorigemda produçãopara o consumidorfinal.
Cursos de Doces
Participação nas feiras de Corumbá Curso de Organização,
Comercialização e Marketing
Ao longo do ano, as Comunidades
Bracinho, São Domingos, Limãozinho,
Cedro, Cedrinho e Corixão foram
contempladas com os seguintes cursos: 1)
transformação de frutas nativas em doces
em calda; 2) doces em pedaços; 3) doces
cristalizados;e4)docesempasta.
O maior objetivo foi aperfeiçoar o
aprendizado das mulheres, promovendo,
assim, geração de renda e bem viver a
essas comunidades, por meio do
e n s i n a m e n t o d e t é c n i c a s d e
acompanhamento da produção,
transformação e comercialização de
produtosnativosecultivados.
As 280 jovens e mulheres que
participaram dos cursos, com duração de
08 horas, cada um, aprenderam sobre
higiene pessoal, do local e dos
equipamentos, esterilização no vapor,
fechamento, resfriamento e rotulagem de
vidros
A produção de doces é diversificada,
há diferentes áreas da agricultura e
plantas frutíferas de diferentes épocas do
ano quepodem seraproveitadas.
Cursos de doces realizados na Comunidade São Domingos e na Comunidade Cedro
Curso com as mulheres da Comunidade Bracinho
Feira de DomingoFeira do Produtor
Equipe CPT
‘‘O maior objetivo foi aperfeiçoar o aprendizado
das mulheres, promovendo, assim, geração de
renda e bem viver às Comunidades’’
‘‘Os resultados foram positivos e possibilitaram a
experiência da geração de renda ’’
3. Página 3Janeiro/Setembro de 2015 - nº 3, Ano 2
Moradias mais dignas
Transporte aquático e terrestre Poços familiares
Apenas as embarcações de pequeno
porte fazem o transporte pelos rios que
permeiam a região. O transporte por
terra, dentro das comunidades, é
demorado e o local reserva muitos
perigos, como ataques de animais
silvestres, em particular de cobras
peçonhentas e onças. Os moradores
daquela região, inclusive as crianças,
costumam andar a pé ou a cavalo, se
arriscando diariamente para chegar até
seusdestinos.
Com o intuito de facilitar o acesso e o
transporte entre as comunidades, o
Projeto adquiriu 24 carroças de tração
A ação humana interferiu no ciclo
natural de cheias e secas numa parte do
Pantanal em Mato Grosso do Sul. A área
total do impacto ambiental, somada,
equivale a três cidades de São Paulo. De
1974 a 2008, considerado o último ciclo
de cheia da região, havia água em
abundância no Pantanal do Paiaguás. As
famílias que lá viviam usavam água de
baías e corixos para consumo humano e
u s o d o m é s t i c o, a l é m d i s s o,
armazenavam água para o ano inteiro.
A partir de 2009, o que se vê são
quilômetros e quilômetros de áreas de
pura areia branca, num cenário de seca
que lembra muito o sertão árido,
obrigando as famílias a buscar
alternativas de acesso à água para
sobreviver.
Pelo Projeto, foram construídos 110
poços manuais de manilha e 24 de tábua,
os quais já estão fornecendo água para
consumo humano em todas as
comunidades.
O poço manual é uma alternativa
animal. Para o transporte aquático,
foram adquiridos 3 barcos de alumínio
com 6,70m de comprimento, cinco
lugares, equipados com 4 bancos,
coletes salva-vidas e motor rabeta a
diesel.
Os barcos servirão de meio de
transporte das famílias e dos produtos
transformados na unidade produtiva até
a cidade e de mercadorias da cidade para
a Comunidade. Apenas em casos de
doença, outras pessoas da Comunidade
terão acesso às embarcações para
deslocamentoatéa áreaurbana.
simples que minimiza o problema
vivenciado pelas Comunidades de falta
de água, mas a problemática da seca é
uma constante e se agrava a cada ciclo
anual.
Organização Comunitária Placas Solares
Compreendemos o conceito de
Comunidade Tradicional como um
grupo que interage diretamente,
face a face, e que é capaz de agir
coletivamente a partir destas
interações, que compartilha um
patrimônio e um pacote de
recursos, dentre eles o território,
sobre os quais são estabelecidos
direitoscoletivos.
Cientes dessa realidade é que
foram organizadas, em cada
C o m u n i d a d e , d e n t r o d o s
parâmetros de base comunitária,
o fi c i n a s d e Fo r m a ç ã o d e
Organizações Comunitárias com
as famílias participantesdo Projeto.
O objetivo foi organizar os grupos
de produção que estão inseridos na
gestão dos bens e serviços
Em meio a tantas ações concluídas
pelo Projeto Geração de Renda junto às
comunidades, houve economia de recurso.
Essa economia significativa possibilitou a
aquisição de 31 kits de energia solar,
compostos por 03 placas, 01 inversor, 01
controlador e 01 bateria. As placas solares
fotovoltaicas instaladas captam energia de
fonte inesgotável, não agridem o meio
desenvolvidos pelo Projeto.
Um importante papel dessa fase foi
dar visibilidade às Comunidades
Tradicionais do Paiaguás, uma vez que,
organizadas, elas terão condições de
comercializar seus produtos, cujas
vendas gerarão renda e lhes fortalecerão
oslaçossociais.
ambiente e são suficientes para iluminar
cinco cômodos de uma casa, além de
funcionar um freezer de 150 litros ou uma
geladeira de 240 litros. O que possibilita
estocar os produtos da unidade de
produção preparados para comercialização
e também para consumo próprio. A equipe
contemplou as famílias que fazem parte do
grupo deproduçãodecada Comunidade.
Casa do Doce
Com o intuito de dar suporte,
ampliar e sistematizar a capacidade
de produção e geração de renda das
Comunidades Tradicionais do
Paiaguás foram construídas
Unidades Produtivas chamadas de
‘Casa do Doce’.
É n e s s a s u n i d a d e s d e
transformação, instaladas dentro das
comunidades, que as frutas nativas e
cultivadas são preparadas em doces
para a comercialização.
As unidades estão equipadas com
aparatos para higienização em todo o
processo de fabricação. São de
madeira, com piso e bancadas de
cerâmica, fogão à lenha e possuem
váriosutensíliosdecozinha.
As construções, erguidas em áreas
de 24m, foram adaptadas às
condições locais, em espaços
e s c o l h i d o s e c e d i d o s p e l a s
comunidades.
2
Casa do Doce na Comunidade Limãozinho
Dona Olga e senhor Alexandre na Comunidade CedrinhoBarco conquistado para Comunidade Limãozinho
Reunião na Comunidade Bracinho
Carroça do grupo da Comunidade São Domingos
Poço de Dona Jacinta da Colônia São Domingos
Inicialmente, a meta de distribuição de
telhados para as famílias das comunidades
do Paiaguás era de 100 kits, porém, o Projeto
se superou e conseguiu beneficiar mais 27
famílias
Com o auxílio do Projeto, a tradicional
moradia coberta com folhas de acuri foi
substituída por uma com cobertura de
Eternit. A família beneficiada com as telhas
pôde cobrir dois cômodos, numa área de
28m. Essa estrutura é modesta, mas trouxe
resultados importantes, como a melhora da
higienização doméstica e o aumento do
confortofamiliar.
Para a moradora da comunidade
Bracinho, Joselina Pessoa da Costa, o
telhado novo para sua família ‘‘melhorou
muito’’ sua qualidade de vida, ‘‘hoje não
existem mais ratos e morcegos sobre o
telhado da casa e diminuiu o risco de
contaminação da saúde”, além disso, com o
telhado novo “podemos coletar água da
chuva para usodoméstico”.
2
‘‘o Projeto se superou e conseguiu
beneficiar mais 27 famílias’’
Casa da dona Aurea e do senhor Felicio - Comunidade Cedrinho
Casa da dona Aracilda e do senhor Antonio - Comunidade Corixão
4. Benfeitorias
por
Comunidades
Poços
prontos
Telhados
prontos
Carroças
entregues
Rolos de
Arame para
Quintal
Produtivo
Corixão 14 15 3 32
Cedrinho 10 10 2 22
Cedro 24 22 5 66
Limãozinho 09 09 2 13
Colônia São
Domingos
49 48 9 128
Colônia
Bracinho
28 23 3 76
TOTAL 134 127 24 337
Contabilizamos também a aquisição de 1.218 manilhas e 1.777 telhas que se
transformaram nas benfeitorias acima.
Boletim Informativo
Diocese de Corumbá
Comissão Pastoral da Terra
Rua Tiradentes, 478
Centro - 79302-052
Corumbá - MS
Tel: (67) 3231- 8537
E-mail: diocesecorumbacpt@gmail.com
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