1. Como terminou a guerra?
A Nova Maré e o Virar da Guerra
Em 1917, a Tríplice Entente perdia um aliado de peso, com a saída do Império Russo da guerra. Apesar
de tecnologicamente atrasados, a Rússia contava com um exército de grandes dimensões, o que permitia
compensar por outros desafios de armamento. Porém, esta desvantagem convertia as forças armadas russas no
exército com maiores baixas, na frente de batalha.
Com a queda do regime e a instauração da União Soviética, os soldados foram chamados a lutar na
guerra civil russa, que levou à vitória de Lenin e dos Bolcheviques, não regressando ao teatro de operações
europeu. Porém, esta saída foi compensada com uma entrada de peso: após anos de distanciamento e
isolacionismo, os Estados Unidos da América alteram a sua política externa e decidem entrar activamente no
conflito, deixando de apenas fornecer mercadorias e armamento.
O Fim da Guerra
Com milhares de novas tropas, trazidas pelos Estados Unidos, nas linhas da frente, e a Tríplice Aliança
sem capacidade de obtenção de novos recursos humanos e materiais, as conquistas da Entente foram-se
sucedendo.
Finalmente derrotados, os países da Tríplice Aliança assinaram, a 11 de Novembro de 1918, o tratado
de armistício, terminando assim o maior conflito armado que o mundo tinha vivido, até à data.
O Armistício de Compiègne, o tratado de cessar-fogo assinado a 11 de Novembro de 1918, entre os
Aliados e a Alemanha, foi realizado dentro de uma carruagem na floresta de Compiègne, terminando assim
oficialmente a Primeira Grande Guerra, pelas 11:00 horas desse dia.
O Pós-Guerra e a Nova Europa
Um ano mais tarde, os vencidos teriam que assinar o Tratado de Versalhes, que impunha pesadas
compensações de guerra.
Com uma Europa destruída, e tendo perdido mais de 10 milhões de habitantes, na sua grande maioria
homens, a Europa estava diferente: as mulheres, ao serem chamadas a contribuir activamente para os esforços de
guerra, ao deixarem um papel doméstico e entrarem no mercado de trabalho, ganhariam um novo papel numa
sociedade até então liderada por homens.
Os vencedores, na crença que tinham lutado a guerra das guerras, a última guerra que alguma vez
existiria no mundo, celebraram durante anos os novos tempos.
Porém, os vencidos, afogados em pesadas dívidas de guerra e com economias destruídas, sem apoios
para recomeçar, não sentiram a mesma felicidade após o conflito… estavam lançadas as sementes para a
Segunda Guerra Mundial.
Mortos e feridos
Dos 70 milhões de soldados mobilizados para a guerra, 10 milhões morreram e cerca de 20 milhões
ficaram feridos ou mutilados.
A França registrou cerca de 1,4 milhão de mortos e 4,2 milhões de feridos; a Alemanha, 2 milhões de
mortos e 4,2 milhões de feridos; a Áustria-Hungria, 1,4 milhões de mortos e 3,6 milhões de feridos; a Rússia, 2
milhões de mortos e 5 milhões de feridos; a Grã-Bretanha, 960.000 mortos e 2 milhões de feridos; a Itália,
600.000 mortos e 1 milhão de feridos e o Império Otomano, 800.000 mortos. Proporcionalmente, quem se saiu
pior foi o pequeno Exército sérvio, com 130.000 mortos e 135.000 feridos, três quartos de seu contingente.
As emblemáticas batalhas de Verdun e do Somme, travadas em 1916 na França, provocaram,
respectivamente, 770.000 e 1,2 milhão de baixas (mortos, feridos e desaparecidos), dos dois lados.
O início da guerra foi fulminante: 27.000 soldados franceses perderam a vida no dia 22 de agosto de
1914, a jornada mais sangrenta do Exército francês.
Das baixas registradas, 70% foram devidas a disparos de artilharia, e entre 5 e 6 milhões de soldados
sofreram mutilações. O gás venenoso, usado pela primeira vez em 1915, deixou 20.000 mortos e marcou
profundamente a memória do conflito.
2. Também houve inúmeras vítimas civis. Os dados das vítimas civis, diretas ou indiretas, são difíceis de
precisar. Além da guerra, o êxodo, a fome, a guerra civil que eclodiu na Rússia e os conflitos regionais do
pós-guerra podem ter deixado entre 5 e 10 milhões de mortos, de acordo com estimativas de alguns
historiadores. Depois da guerra, uma pandemia mundial da chamada "gripe espanhola" deixou pelo menos 20
milhões de mortos na Europa.
Genocídios e Refugiados
Assim o mundo acostumou-se à expulsão e matança compulsórias em escala astronômica, fenômenos
tão conhecidos que foi preciso inventar novas palavras para eles: “sem Estado” (“apátrida”) ou “genocídio”. A
Primeira Guerra Mundial levou à matança de um incontável número de armênios pela Turquia — o número
mais habitual é de 1,5 milhão —, que pode figurar como a primeira tentativa moderna de eliminar toda uma
população. A Primeira Guerra Mundial e a Revolução Russa forçaram milhões de pessoas a se deslocarem como
refugiados, ou por compulsórias “trocas de população” entre Estados, que equivaliam à mesma coisa. Um total
de 1,3 milhão de gregos foi repatriado para a Grécia, sobretudo da Turquia; 400 mil turcos foram decantados no
Estado que os reclamava; cerca de 200 mil búlgaros passaram para o diminuído território que tinha o seu nome
nacional; enquanto 1,5 ou talvez 2 milhões de nacionais russos, fugindo da Revolução Russa ou no lado
perdedor da Guerra Civil russa, se viram sem pátria. Foi sobretudo para estes, mais do que para os 300 mil
armênios que fugiam ao genocídio, que se inventou um novo documento para aqueles que, num mundo cada vez
mais burocratizado, não tinham existência burocrática em qualquer Estado: o chamado passaporte de Nansen da
Liga das Nações, com o nome do grande explorador ártico que fez uma segunda carreira como amigo dos
sem-amigos. Numa estimativa por cima, os anos 1914-22 geraram entre 4 e 5 milhões de refugiados.
Texto adaptado a partir de:
DIÁRIO UNIVERSAL. Armistício da Primeira Guerra Mundial. Disponível em:
<https://www.diario-universal.com/arquivo/aconteceu/a-primeira-guerra-mundial/>. Acesso em: 01 de maio de
2018.
ESTADO DE MINAS. A Primeira Guerra Mundial em números. Disponível em:
<https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2014/06/28/interna_internacional,542894/a-primeira-guerra-
mundial-em-numeros.shtml>. Acesso em: 01 de maio de 2018.
HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremos: o breve século XX: 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras,
1995.