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Baixar para ler offline
Sociologia
em movimento
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Componente curricular: SOCIOLOGIA
1o
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e 3o
anos
Ensino Médio
Afrânio Silva • Bruno Loureiro • Cassia Miranda • Fátima Ferreira •
Lier Pires Ferreira • Marcela M. Serrano • Marcelo Araújo •
Marcelo Costa • Martha Nogueira • Otair Fernandes de Oliveira •
Paula Menezes • Raphael M. C. Corrêa • Rodrigo Pain • Rogério Lima •
Tatiana Bukowitz • Thiago Esteves • Vinicius Mayo Pires
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MANUAL DO
PROFESSOR
Afrânio Silva
Mestre em Ciência Política pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Professor do Colégio Pedro II e da Seeduc.
Pesquisador do Ibam.
Bruno Loureiro
Bacharel em Ciências Sociais
pela Universidade Federal
do Rio de Janeiro. Professor de
Sociologia da rede pública e de escolas
particulares do Rio de Janeiro.
Cassia Miranda
Mestre em Filosofia pela Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Professora de Sociologia da
rede pública do Rio de Janeiro.
Fátima Ferreira
Doutora em Educação pela
Universidade Estácio de Sá.
Professora e chefe do Departamento
de Sociologia do Colégio Pedro II.
Lier Pires Ferreira
Doutor em Direito (Direito Internacional
e Integração Econômica) pela Universidade
do Estado do Rio de Janeiro. Professor de
Sociologia do Colégio Pedro II. Professor
adjunto do Instituto Universitário
de Pesquisas do Rio de Janeiro da
Universidade Candido Mendes.
Marcela M. Serrano
Mestre em Ciências Sociais pela Universidade
do Estado do Rio de Janeiro. Professora
do Ensino Básico Técnico e Tecnológico.
Marcelo Araújo
Mestre em Artes Visuais pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro. Professor
de Sociologia do Colégio Pedro II.
Marcelo Costa
Mestre em Sociologia (Antropologia) pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Professor de Sociologia do Colégio Pedro II.
Martha Nogueira
Mestre em Ciências Sociais pela Universidade
do Estado do Rio de Janeiro. Professora
de Sociologia do Colégio Pedro II.
Otair Fernandes de Oliveira
Doutor em Ciências Sociais pela Universidade
do Estado do Rio de Janeiro. Professor da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
Paula Menezes
Mestre em Sociologia (Antropologia) pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Professora de Sociologia do Colégio Pedro II.
Raphael M. C. Corrêa
Mestre em Planejamento Urbano e Regional
pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Professor de Sociologia do Colégio Pedro II.
Rodrigo Pain
Doutor em Ciências pelo Curso de
Pós-graduação em Desenvolvimento,
Agricultura e Sociedade (Estudos
Internacionais Comparados) da Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro.
Professor da rede pública do Rio de Janeiro.
Rogério Lima
Doutor em Ciências Humanas (Sociologia)
pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Professor de Sociologia do Colégio Pedro II.
Professor do Instituto de Aplicação da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Tatiana Bukowitz
Mestre em Sociologia pelo Instituto
Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro
da Universidade Candido Mendes. Professora
de Sociologia do Colégio Pedro II.
Thiago Esteves
Mestre em Ciências pelo Curso de
Pós-Graduação em Ciências Sociais em
Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade
da Universidade Federal Rural do Rio
de Janeiro. Professor do Centro Federal
de Educação Tecnológica Celso Suckow
da Fonseca (Cefet/RJ).
Vinicius Mayo Pires
Bacharel em Ciências Sociais pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Professor de Sociologia da rede pública
e de escolas particulares do Rio de Janeiro.
Componente curricular: soCiologia
1o
, 2o
e 3o
anos
Ensino Médio
Sociologia
em movimento
2a
edição
São Paulo, 2016
MANUAL DO PROFESSOR
1 3 5 7 9 10 8 6 4 2
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Todos os direitos reservados
EDITORA MODERNA LTDA.
Rua Padre Adelino, 758 - Belenzinho
São Paulo - SP - Brasil - CEP 03303-904
Vendas e Atendimento: Tel. (0_ _11) 2602-5510
Fax (0_ _11) 2790-1501
www.moderna.com.br
2016
Impresso no Brasil
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP
, Brasil)
Sociologia em movimento. — 2. ed. — São Paulo :
Moderna, 2016.
Vários autores.
Obra em volume único.
“Componente curricular: Sociologia”
.
Bibliografia.
1. Sociologia (Ensino médio).
16-01980 CDD-301
Índices para catálogo sistemático:
1. Sociologia : Ensino médio 301
Coordenação editorial: Fernando Carlo Vedovate
Edição de texto: Izabel Perez, Triolet Editorial
Assistência editorial: André dos Santos Araújo
Preparação de texto: Triolet Editorial
Gerência de design e produção gráfica: Sandra Botelho de Carvalho Homma
Coordenação de produção: Everson de Paula, Triolet Editorial
Suporte administrativo editorial: Maria de Lourdes Rodrigues (coord.)
Coordenação de design e projetos visuais: Marta Cerqueira Leite
Projeto gráfico: Mariza de Souza Porto
Capa: Douglas Rodrigues José
Foto: Woods Wheatcroft/Getty Images
Coordenação de arte: Wilson Gazzoni Agostinho
Edição de arte: Daniele Fátima Oliveira, Triolet Editorial
Editoração eletrônica: Triolet Editorial
Coordenação de revisão: Adriana Bairrada, Triolet Editorial
Revisão: Triolet Editorial
Pesquisa iconográfica: Triolet Editorial
Coordenação de bureau: Américo Jesus
Tratamento de imagens: Triolet Editorial
Pré-impressão: Alexandre Petreca, Everton L. de Oliveira, Helio P
. de Souza Filho,
Marcio H. Kamoto, Vitória Sousa
Coordenação de produção industrial: Viviane Pavani
Impressão e acabamento:
Apresentação
Caros alunos,
ÉpossívelquealgunsdevocêsjátenhamentradoemcontatocomaSociologia,quernas
aulasdeCiênciasSociaisnoEnsinoFundamental,queremartigosderevistasouprogramas
de televisão. Outros, porém, talvez jamais tenham tido essa oportunidade até agora, mo-
mento em que chegam ao Ensino Médio. O que é Sociologia? O que faz um sociólogo? Para
queserveessecampodeestudosdasCiênciasHumanas?Eisaquialgumasdasinquietações
e provocações que nós, professores, estamos acostumados a ouvir. O livro que agora você
tem nas mãos pretende, mais do que oferecer respostas prontas, servir como instrumento
para que juntos possamos formular as questões importantes para nossa sociedade atual
e estabelecer os critérios para criar soluções possíveis, sempre amparados pelo campo
científico das Ciências Sociais.
Demodogeral,gostaríamosqueestelivrocontribuísseparaampliaroshorizontesdasua
experiênciasobreosmaisvariadosfenômenossociais,apartirdocontatocomnovasformas
decompreensãoeapropriaçãodarealidade.ASociologiaofereceferramentasimportantes
para entender que a maior parte daquilo que fazemos e dos problemas com os quais lida-
mos não são determinados pela natureza, mas são hábitos, costumes e crenças histórica e
socialmente construídos. Assim, fazemos parte da natureza, somos influenciados por ela,
mas ao mesmo tempo nos apropriamos dela e a transformamos; nossa vida cotidiana não
é orientada apenas por necessidades biológicas (ingestão de proteínas, por exemplo), mas
por necessidades socialmente construídas (comer um prato com arroz, feijão, bife e batata
frita),poisdefinimosdiferentesmodosdesatisfazê-las(ouabrirmãodesatisfazê-las,como
quando alguém entra em greve de fome por uma causa na qual acredita).
Uma característica importante deste livro é ter sido escrito por mãos calejadas pela
prática docente. Nos capítulos que seguem, os temas e as discussões propostas procuram
combinarodebateacumuladopelaSociologiaaolongodesuahistóriaenquantodisciplina
com as inquietações e demandas atuais de jovens que, como você, sentem-se provocados
pelas questões e transformações sociais com as quais todos temos que lidar.
Enfim,esperamosqueostextos,asatividades,oslivros,osfilmes,ossites,osaplicativose
osjogospropostospermitamfundamentarsuacuriosidadecomoscritérioseargumentosda
Sociologiaetornepossíveleprazerosooexercíciodeseapropriarsociologicamentedavida.
Boa leitura!
Organização do livro
..................
..................
..................
..................
Questão motivadora
É possível eximir a sociedade da responsabilidade sobre as ações dos jovens em
situações tão diversas quanto o envolvimento com o crime e o mérito escolar?
c
a
p
í
t
U
l
o
2 A Sociologia e a relação entre
o indivíduo e a sociedade
Ao final deste capítulo,
você será capaz de:
• Compreender a relação entre
indivíduo e sociedade como
uma questão central para o
desenvolvimento da teoria
sociológica.
• Relacionar o protagonismo
do indivíduo ou da sociedade
com as teorias fundamentais
da Sociologia clássica.
• Reconhecer a Sociologia
contemporânea como um
esforço para eliminar a
dualidade entre indivíduo
e sociedade na análise dos
fenômenos sociais.
Crianças em escola em Mingora, no Paquistão, em 2013. As
situações sociais adversas criam dificuldades para a educação
e podem alterar a trajetória de vida das pessoas. Mas o esforço
dos indivíduos e da comunidade também tem sua influência.
Os critérios de inclusão e exclusão são histórica e socialmente
construídos e revelam as contradições entre interesses dos
diferentes grupos que formam uma sociedade. Jovens brincam no
quintal de uma instituição correcional de menores próximo ao
vilarejo de Boychinovtsi, na Bulgária, em 2015.
NIKOLAY
DOYCHINOV/AFP
A
MAJEED/AFP
39
38
Este livro é um curso de Sociologia em volume único, dividido em 6 unidades,
com um total de 15 capítulos, para alunos do Ensino Médio.
Abertura de capítulo
Relaciona os objetivos do capítulo e propõe
a Questão motivadora, um ponto de partida
que alerta para temas e conceitos do capítulo.
Abertura de
unidade
Apresenta o
tema da unidade
e uma lista dos
capítulos que a
compõem.
Saiba mais
Introduz informações complementares
importantes para compreender a
abrangência do tema do capítulo.
Considerações sociológicas
Esta seção esmiúça um tema
vinculado ao capítulo para revelar
os diferentes pontos de vista com
base nos temas estudados.
Cronologia
No início de cada
capítulo, uma linha
do tempo traz
datas marcantes
e fatos históricos
pertinentes ao tema
desenvolvido.
No Brasil, apesar dos avanços legais que criminalizaram diferentes formas de discri-
minação, ainda são numerosos os episódios de atitudes preconceituosas. A reincidência
dessas atitudes produz, em indivíduos e grupos sociais, a consolidação de estigmas, que
podem resultar em situações de violência extrema.
Saiba mais
Apartheid – exemplo de segregação
O apartheidfoi a política oficial de segregação racial
da África do Sul. Para seus formuladores, tratava-se de
desenvolvimento separado dos colonizadores europeus
e da população negra nativa. Apesar de já contar com
uma legislação segregacionista que criava áreas restritas
para negros e brancos e proibia relações afetivas inter-
-raciais desde o começo do século XX, somente a partir
de 1948, com a vitória do Partido Nacional Africâner
(formado por descendentes dos colonizadores holan-
deses que desenvolveram na África do Sul uma cultura
específica, com idioma e hábitos próprios), houve a
institucionalização do apartheidcomo projeto nacional.
Para sua implantação, um conjunto de atos jurídicos
legalizou o racismo e promoveu a segregação racial
no país. As primeiras leis do apartheid foram o Mixed
MarriageAct(Lei do Casamento Misto), de 1949, e o Im-
moralityAct(Lei da Imoralidade), de 1950, que proibiam
casamentos e relações sexuais e afetivas inter-raciais.
O GroupAreasAct(Lei das Áreas de Grupos),instituí-
do também em 1950, designava os locais de residência
e de trabalho nas cidades de acordo com a raça de seus
habitantes, e foi o fundamento do sistema de apar-
theid urbano. A lei impedia que não brancos vivessem
em certas cidades ou bairros e trabalhassem em áreas
economicamente mais viáveis.
Em1953,ogovernodecretouoReservationofSeparate
AmenitiesAct(LeidaConservaçãodeDiversõesSeparadas)
e instituiu a separação espacial das categorias raciais em
relação ao lazer. Espaços públicos, como praias, piscinas,
banheiros,teatros,cinemas,ginásiosdeesportes,alémde
meiosdetransporteebibliotecas,passaramaserrestritos
de acordo com as categorias raciais estabelecidas pela
Lei de Registro da População (Population Registration
Act), que dividia a população em grupos “raciais”: white
(brancos),coloured(mestiçoseindianos)enative(negros).
O regime segregacionista sul-africano terminou
em 1994, com a eleição de Nelson Mandela, o princi-
pal líder da resistência ao apartheid na África do Sul.
Mandela esteve preso de agosto de 1962 a fevereiro
de 1990 e, ao ser libertado aos 72 anos – em virtude
das pressões políticas e sociais exercidas sobre o regime
sul-africano por países de todo o mundo –, continuou
a luta contra a segregação sofrida pelos negros em
seu país. Foi presidente da África do Sul de 1994 a
1999 e comandou a transição do regime do apartheid
para uma África do Sul democrática e multirracial. Na
atualidade, apesar do fim do regime de segregação,
a crise econômica e a desigualdade social fazem com
que a maior parte da população (da qual os negros são
maioria absoluta) ainda viva em condições de pobreza
e miséria. Dados do relatório da ONU O estado das ci-
dadesdomundo2010 colocam as cidades sul-africanas
Johanesburgo, Ekurhulen e Buffalo City como algumas
das cidades mais desiguais do mundo.
Mulher negra limpa banheiro
público de Johanesburgo, em
1985, reservado para brancos.
Homem exibe jornal que anuncia
a libertação de Nelson Mandela
em 11 de fevereiro de 1990.
Campanha para a eleição de
Nelson Mandela à presidência da
África do Sul em 1994.
BERNARD
BISSON/SYGMA/CORBIS/LATINSTOCK
TREVOR
SAMSON/AFP
PETER
TURNLEY/CORBIS/LATINSTOCK
117
Reprodução
proibida.
Art.
184
do
Código
Penal
e
Lei
9.610
de
19
de
fevereiro
de
1998.
Considerações sociológicas
Uma breve radiografia da terceirização no Brasil
As pesquisas mais recentes sobre terceiriza-
ção, em várias regiões do Brasil, têm chegado,
invariavelmente, aos mesmos resultados, confir-
mando uma epidemia sem controle.
Conforme observado por Druck e Franco
(2007), nos anos 2000, a terceirização cresceu
em todas as direções, destacadamente no setor
público e nas empresas estatais. No caso do setor
privado, atingiu as áreas nucleares das empresas
e passou a usar novas modalidades, a exemplo
das cooperativas, das empresas pejotizadas e do
trabalho em domicílio, também chamado de tele-
trabalho. Os diversos setores pesquisados nestes
anos, como bancários, telemarketing, petroquími-
co, petroleiro, além das empresas estatais e priva-
tizadas de energia elétrica, comunicações, assim
como nos serviços públicos de saúde, revelam,
além do crescimento da terceirização, as múlti-
plas formas de precarização dos trabalhadores
terceirizados em todas estas atividades: nos tipos
de contrato, na remuneração, nas condições de
trabalho e de saúde e na representação sindical.
É sabido que não há estatísticas precisas sobre
a terceirização no Brasil, dada a dificuldade de
captá-las junto às empresas, mas o Dieese, através
da PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego), es-
timou, para as principais regiões metropolitanas,
que, em 2009, 11,6% dos empregados urbanos
eram subcontratados em serviços terceirizados
e autônomos que trabalhavam para empresas.
Em estudo mais recente (Dieese-CUT, 2011)
registrava que em 2010 os setores “tipicamente
terceirizados” correspondiam a 25,5% dos empre-
gos formais no Brasil. Nesse mesmo estudo, um
conjunto de indicadores revela as desigualdades
entre trabalhadores terceirizados e os demais,
pois a remuneração dos empregados em setores
tipicamente terceirizados é 27,1% menor do que
a dos demais empregados; a jornada de traba-
lho é de três horas a mais para os terceirizados;
o tempo de permanência no emprego é 55,5%
menor do que o dos demais empregados; e a
taxa de rotatividade nas empresas tipicamente
terceirizadas é de 44,9%, enquanto nas demais
empresas é de 22,0%.
Para o estado de São Paulo, Pochmann (2012)
mostra a evolução do número de trabalhadores
formais em atividades tipicamente terceirizáveis,
que salta de 110 mil em 1995 para mais de 700 mil
em 2010. No período 1996-2010, o crescimento
médio anual do emprego formal terceirizado foi
de 13,1% ao ano e de 12,4% o aumento médio
anual do número de empresas. [...]
ANTUNES, Ricardo; DRUCK, Graça. A terceirização como regra?
Revista do Tribunal Superior do Trabalho, Brasília, v. 79, n. 4,
p. 222, out./dez. 2013.
De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos
(Dieese), os terceirizados estão mais sujeitos a acidentes por terem piores condições de
trabalho; trabalham, em média, três horas a mais por semana, recebem menores salários e
têm menos direitos trabalhistas em relação aos trabalhadores contratados diretamente pelas
empresas. São Paulo (SP, 2015).
MARCIO
RIBEIRO/BRAZIL
PHOTO
PRESS/FOLHAPRESS
228
Reprodução
proibida.
Art.
184
do
Código
Penal
e
Lei
9.610
de
19
de
fevereiro
de
1998.
Organização do livro
Octavio Ianni
Nasceu em 1926 na cidade de Itu, interior de São Paulo. Graduou-
-se em Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (USP)
em 1954; depois, cursou mestrado sob orientação de Florestan
Fernandes. Em 1961, recebeu o título de doutor, também pela
USP, com a tese O negro na sociedade de castas. Foi professor
da referida universidade, aposentando-se em 1969 durante o
regime militar. Suas pesquisas concentram-se nas áreas de ra-
ça, Estado, América Latina, revoluções e classes.
Na análise de Octavio
Ianni, os escravoslibertos
foram incorporados à
sociedade de classes
como mão de obra
subalterna.
JOSÉ
SABINO/
FOLHAPRESS
Quem escreveu sobre isso
Outroaspectodadesigualdadesofridapelapopulaçãonegrasãooscasosdediscriminação
e violência dos quais são vítimas. O Mapa da violência de 2014 (disponível em <http://www.
mapadaviolencia.org.br/pdf2014/Mapa2014_JovensBrasil_Preliminar.pdf>, acesso em 3 mar.
2016),apresentadadosalarmantes.Osjovensnegrosconstituemamaioriadasvítimasdeho-
micídio. Entre 2002 e 2012, enquanto a taxa de brancos assassinados caiu de 19.846 em 2002
para 14.928, o número de negros mortos subiu de 29.656 para 41.127 no mesmo período. De
acordo com o coordenador da pesquisa, o sociólogo Julio Waiselfisz (1941-), os dados indicam
ocaráterseletivodasmortes.UmapesquisadaUniversidadedeSãoCarlosdivulgadaem2014
demonstrou que 58% das mortes provocadas por policiaisno estado de São Paulo têm como
alvo a população negra, que, por sua vez, corresponde a apenas 34% da população do estado.
No que se refere à juventude negra, outro dado importante são as diferenças no aces-
so à educação. Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de
2011, detalhados no gráfico abaixo e abrangendo a população de 18 a 24 anos de idade,
demonstram que os jovens negros entre 18 e 24 anos possuem inserção escolar desigual
em relação à população branca. Isso se explica pelas dificuldades encontradas pela po-
pulação negra de entrar e permanecer na escola. Ainda que se tenha observado melhora
nos índices relacionados à juventude negra, quando comparados com os da juventude
branca, verifica-se que eles são muito inferiores. Essa inserção desigual tem consequên-
cias, por exemplo, no mercado de trabalho. Os dados da Pnad de 2012 indicaram que,
dos trabalhadores desempregados, 59,9% eram negros, um aumento em relação ao ano
anterior, cujo percentual era de 57,6%. Na Pnad seguinte, esse índice subiu para 60,6%.
Pesquisa Nacional
por Amostra de
Domicílios
A Pesquisa Nacional
por Amostra de
Domicílios (Pnad)
é realizada pelo
IBGE e tem como
objetivo obter
informações anuais
sobre os aspectos
socioeconômicos
e demográficos
da população
brasileira. Por ter
propósitos múltiplos,
investiga diversas
características
socioeconômicas:
educação, trabalho,
rendimento,
habitação,
fecundidade, saúde,
entre outras. Outros
temas podem ser
incluídos na pesquisa
de acordo com as
necessidades de
informação do país.
11,9
34,3
14,2
39,6
24,1
4,5 5,7
65,7
43,9
32,2
13,7
10,2
11,8
7,2
35,8
45,2
2001 (1)
Branca Preta ou parda
2011 2001 (1) 2011
Fundamental regular
Médio regular
Outros (2)
Superior (3)
Desigualdade entre os jovens
(1) Exclusive a população
rural de Rondônia, Acre,
Amazonas, Roraima, Pará e
Amapá. (2) Pré-vestibular,
supletivo e alfabetização
de adultos. (3) Inclusive
graduação, mestrado ou
doutorado.
Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2001/2011.
ANDERSON
DE
ANDRADE
PIMENTEL
JESUS, Carolina
Maria de. Quarto
de despejo: diário
de uma favelada.
São Paulo: Ática, 2009.
Carolina Maria de Jesus foi
uma catadora de papel e
moradora da favela do
Canindé (São Paulo, SP)
na década de 1950. Com
os pedaços de papel que
encontrava no lixo e um
velho caderno, escreveu
suas anotações relatando
o cotidiano de sua realida-
de de dificuldades com os
três filhos, os sonhos e as
tensões sociais por ela vivi-
das. A obra, que permanece
atual em todos os seus as-
pectos, foi traduzida em 13
idiomas, tornando-se um
best-seller internacional.
Livro
244
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proibida.
Art.
184
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Código
Penal
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Lei
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19
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1998.
Interfaces
Perspectivas
Pode-se dizer que o maior objetivo do ensino de Sociologia na Educação Básica seria
a contribuição para o desenvolvimento, por parte dos alunos, de um novo olhar sobre a
realidade social. Nesse sentido, deve-se partir do pressuposto de que o olhar sociológico e a
forma de se produzir conhecimento com base nesse olhar admitem diferentes perspectivas,
abordagens distintas que buscam explicações e interpretações para um mesmo fenômeno
social. Assim, a aquisição de um suporte teórico e metodológico e o desenvolvimento
de uma sensibilidade e de um interesse especial com questões que envolvem a vida em
sociedade são também fundamentais para que se possa exercitar o estranhamento em
relação aos fenômenos sociais e sua desnaturalização, permitindo o desenvolvimento e o
reconhecimento de novas maneiras de olhar e interpretar a realidade.
Como forma de aprofundar a reflexão para a compreensão da Sociologia como ciência
e como disciplina escolar, propomos uma atividade que possa envolver as disciplinas de
Sociologia, Desenho Geométrico, Arte e Física em torno da ideia de perspectiva.
A palavra perspectiva possui diferentes significados. Pode-se falar em perspectiva com
relação à representação de figuras tridimensionais sobre uma superfície plana, causando
impressões de profundidade, espessura etc. Pode-se também abordar a perspectiva como
ponto de vista sobre determinada situação ou realidade a ser analisada. É possível ainda ver
a perspectiva com referência ao futuro, quando se projeta algo que poderá vir a acontecer
com base em dada realidade. Em todas essas acepções, fica clara a importância da noção
de representação e de olhar.
O Desenho Geométrico evidencia formas de construção gráficas que produzem ilusões
de ótica. A Física compreende que a ilusão de ótica demonstra como funciona o sistema
visual humano. A Arte, por sua vez, apropria-se dessa possibilidade para apresentar como
“realidade visual” mundos lógica e fisicamente impossíveis, assim como para produzir o
efeito de realidade ilustrando realidades
tridimensionais em telas planas. A ilusão
de ótica revela que a percepção que
temos do mundo é, em grande medida,
produzida por nós mesmos. Devemos
gerar essa consciência também em re-
lação à realidade social, por meio das
diferentes perspectivas sociológicas.
Desenho Geométrico, Arte e Física
Diante dessas reflexões, propomos
trabalhar com os diferentes signi-
ficados de perspectiva por meio da
análise de algumas obras do artista
gráfico holandês M. C. Escher.Veja
a imagem representada em Relati-
vidade, de 1953, e tente determinar
qual foi o ponto de vista adotado
pelo artista nessa tela. Qual é a
experiência espacial das figuras
representadas na pintura? Qual
é a experiência do admirador da
obra? E qual é o estranhamento
que cada ponto de vista produz?
Atividade
O uso da perspectiva realizado por Escher em Relatividade, de 1953, convida a
uma reflexão sobre o tema, que pode ser trabalhado em diversas disciplinas.
ESCHER
FOUNDATION/FINE
ART
IMAGES
56
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Penal
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Lei
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Direito e sociedade
Atividade
Forme um grupo com os colegas de turma e, após
uma programação inicial, realize uma pesquisa
com trabalhadoras domésticas.
1. Procure identificar se a legislação em vigor é
cumprida pelos seus empregadores.
2. Verifique se na percepção das domésticas a
lei modificou efetivamente suas condições
de trabalho.
3. Peça que façam uma comparação entre a
situação anterior e a atual.
PEC das domésticas
A extensão dos direitos trabalhistas para os traba-
lhadores domésticos, consolidada na Lei Complemen-
tar 150 de 1o
de junho de 2015, gerou inúmeras contro-
vérsias na sociedade brasileira. De um lado, estavam os
que tinham sido contrários à lei, argumentando que se
criaria uma situação insustentável do ponto de vista
econômico, pois oneraria a classe média e poderia levar
ao desemprego da categoria.
De outro, houve os que defenderam sua aprovação
afirmando que a lei fora resultado de décadas de uma
lutapelaregulamentaçãoformaldacategoria.Em2013,
o sociólogo Joaze B. Costa, da Universidade de Brasília,
foi contundente ao classificar os opositores da lei como
produtores de um discurso “eticamente insustentável,
encharcado de herançaescravagista, baseado na explo-
ração principalmente de mulheres negras”.
Para muitos, o debate é resultado de décadas de
luta para que os trabalhadores domésticos fossem
equiparados aos demais trabalhadores. Esquecida
pelas leis trabalhistas da década de 1940, a catego-
ria, constituída em sua imensa maioria de mulheres
negras, não pode ter sua trajetória desvinculada da
questão racial no Brasil. Em muitos casos, a função
é uma derivação direta das tarefas exercidas pelos
negros no período anterior à abolição. A função de
propriedade do patrão é destacada por Creuza Maria
de Oliveira, presidente da Federação Nacional das
Trabalhadoras Domésticas em 2012. “Se você pega
um jornal, vê: precisa-se de empregada que não es-
tude e que durma no emprego. É um objeto na casa
do empregador”, diz ela.
De acordo com Joaze B. Costa, “o Brasil não pode
submeter trabalhadores domésticos a um tratamento
desigual, com privação de direitos, para garantir o
conforto da classe média”. No entanto, ele chama a
atenção para o fato de que a legislação é apenas um
caminho na construção de uma nova representação
das trabalhadoras e trabalhadores dessa categoria.
Passados alguns anos, cabe avaliar. Será que somos
capazes de perceber a vinculação entre a situação das
domésticas e as questões de gênero e raça que marcam
a desigualdade social no Brasil? Até que ponto temos
sido capazes de construir um novo olhar sobre o traba-
lho doméstico no Brasil? Ou a luta apenas começou?
Trabalhadoras domésticas
comemoram a ampliação de
seus direitos. Na imagem,
cena do filme Que horas
ela volta?, que retrata a
relação entre empregadas
domésticas e patrões.
OSCILLOSCOPE
LABORATORIES/EVERETT
COLLECTION/EASYPIX
251
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Penal
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Lei
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19
de
fevereiro
de
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Interfaces
Explicita a relação dos temas
trabalhados nos capítulos com as
demais áreas do conhecimento, em
especial com as Ciências Humanas,
favorecendo a interdisciplinaridade
e a busca por solução de problemas
práticos do cotidiano dos estudantes.
Glossário
Pequenas
inserções
criadas para
esclarecer
alguns
termos e
conceitos que
aparecem
ao longo do
capítulo.
Direito e sociedade
Apresenta leis que
regulamentam a questão
social estudada no capítulo,
demonstrando a importância
da ordenação jurídica para a
organização da sociedade.
Quem escreveu
sobre isso
Apresentação de
alguns pensadores
cujas ideias foram
discutidas porque
criaram novas
formas de entender
as questões sociais
abordadas no
capítulo.
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Código
Penal
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19
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Atividades
Reflexão e revisão
Questão 1
Ao longo deste capítulo, discutimos as diferentes
faces do processo de socialização e de controle so-
cial. Vimos algumas análises sociológicas sobre o
tema e de que maneira elas nos ajudam a com-
preender a realidade social e o modo como os in-
divíduos e grupos agem na sociedade. Tendo por
base os conteúdos estudados, responda às per-
guntas a seguir.
1. Em que consiste o processo de socialização e
quais tipos de socialização podem ser identifi-
cados?
2. Explique a diferença entre grupos e instituições
sociais.
3. De que modo o controle social permite estabele-
cer uma previsibilidade no comportamento dos
indivíduos e grupos sociais?
4. Analise o impacto das tecnologias da informa-
ção nos processos de socialização e de interação
social atualmente.
Questão 2
“Segundo a Subsecretaria de Promoção
dos Direitos da Criança e do Adolescente, dos
estados com o maior número de jovens em
cumprimento de medidas socioeducativas de
privação de liberdade, destaca-se o estado de
São Paulo, um total de 7.069 jovens internos
(50% das internações no Brasil) […] Nos úl-
timos dez anos, avalia-se que as reformas no
sistema socioeducativo no estado de São Paulo
permitiram o aumento dos encarceramentos de
jovens, não em decorrência do aumento da cri-
minalidade, mas sim em virtude da construção
de instituições destinadas à punição e também
pela implementação de medidas socioeducati-
vas em meio aberto.”
TEIXEIRA, Joana D’Arc. Punição e controle social da juventude:
políticas contrárias aos direitos humanos. Anais do
Encontro Fazendo Gênero. Florianópolis, 2008.
A vida de muitos jovens brasileiros, em particular
os de classes populares urbanas, é marcada pelo
encarceramento e por uma sociabilidade violenta,
em que a força se torna o princípio organizador das
relações sociais. Com base nos conceitos de sociali-
zação e controle social, pode-se dizer que (marque
a opção correta):
Exames de seleção
Questão 1
(Enem, 2013)
A escravidão não há de ser suprimida no
Brasil por uma guerra civil, muito menos por
insurreições ou atentados locais. Não deve sê-
-lo, tampouco, por uma guerra civil, como o foi
nos Estados Unidos. Ela poderia desaparecer,
talvez, depois de uma revolução, como acon-
teceu na França, sendo essa revolução obra
exclusiva da população livre. É no Parlamento
e não em fazendas ou Quilombos do interior,
nem nas ruas e praças das cidades que se há de
ganhar, ou perder, a causa da liberdade.
Nabuco, J. O abolicionismo (1883). Rio de Janeiro:
Nova Fronteira; São Paulo: Publifolha, 2000 (adaptado).
No texto, Joaquim Nabuco defende um projeto polí-
tico sobre como deveria ocorrer o fim da escravidão
no Brasil, no qual
a) copiava o modelo haitiano de emancipação negra.
b) incentivava a conquista de alforrias por meio de
ações judiciais.
c) optava pela via legalista de libertação.
d) priorizava a negociação em torno das indeniza-
ções aos senhores.
e) antecipava a libertação paternalista dos cativos.
Questão 2
(Enem, 2013)
A charge revela uma crítica aos meios de comuni-
cação, em especial à internet, porque
a) Muitos desses jovens vivem em ambientes vio-
lentos e, portanto, agem de maneira violenta,
ameaçando a convivência social. Cabe ao Es-
tado restabelecer a ordem social, com o uso de
prisões.
b) O aumento da taxa de jovens encarcerados in-
dica, por um lado, problemas no processo de so-
cialização dos jovens que não são integrados às
normas sociais vigentes e, por outro, uma tenta-
tiva do Estado de utilizar a punição como modo
de controle social diante dos problemas relacio-
nados à formação social da juventude.
c) O cárcere representa uma forma de controle so-
cial do crime, em que o Estado atua como agente
de proteção dos demais membros da sociedade.
d) O cárcere substitui a escola para muitos desses
jovens, sendo, portanto, uma instituição que
transmite um conjunto de regras que podem
ajudar a recuperar jovens criminosos.
Questões para debate
Questão 1
Observe a imagem e responda: qual é a importância
das atividades lúdicas das crianças no processo de
socialização? De que modo essas atividades auxi-
liam na preparação para o exercício do papel social?
Questão 2
Tomemos como objeto de estudo as relações amo-
rosas na atualidade: a expressão “ficar”, surgida es-
pontaneamente nas dinâmicas relacionais juvenis,
representativa de um comportamento de experi-
mentação afetiva descompromissada e superficial,
generalizou-se de tal modo que passa a ser modelo
de um comportamento considerado normal e até
desejável entre adolescentes e jovens. Diante dessa
consideração, podemos identificar o “ficar” como
instituição social?
a) questiona a integração das pessoas nas redes vir-
tuais de relacionamento.
b) considera as relações sociais como menos impor-
tantes que as virtuais.
c) enaltece a pretensão do homem de estar em todos
os lugares ao mesmo tempo.
d) descreve com precisão as sociedades humanas no
mundo globalizado. E concebe a rede de computa-
dores como o espaço mais eficaz para a construção
de relações sociais.
e) concebe a rede de computadores como o espaço
mais eficaz para a construção de relações sociais.
Questão para pesquisa
“Nos últimos anos, e de forma cada vez mais
intensa, podemos observar que os jovens vêm
lançando mão da dimensão simbólica como a
principal e mais visível forma de comunicação,
expressa nos comportamentos e atitudes pelos
quais se posicionam diante de si mesmos e da
sociedade. É possível constatar esse fenômeno
nas ruas, nas escolas ou nos espaços de agre-
gação juvenil, onde os jovens se reúnem em
torno de diferentes expressões culturais, como
a música, a dança, o teatro, entre outras, e tor-
nam visíveis, através do corpo, das roupas e de
comportamentos próprios, as diferentes formas
de se expressar e de se colocar diante do mundo.
O mundo da cultura aparece como um espaço
privilegiadodepráticas,representações,símbolos
e rituais no qual os jovens buscam demarcar uma
identidade juvenil. Longe dos olhares dos pais,
professores ou patrões, assumem um papel de
protagonistas, atuando de alguma forma sobre
o seu meio, construindo um determinado olhar
sobre si mesmos e sobre o mundo que os cerca.
Nesse contexto, a música é a atividade que mais
os envolve e os mobiliza. Muitos deles deixam
de ser simples fruidores e passam também a ser
produtores, formando grupos musicais das mais
diversastendências,compondo,apresentando-se
em festas e eventos, criando novas formas de
mobilizar os recursos culturais da sociedade atual
além da lógica estreita do mercado.”
DAYRELL, Juarez. O rap e o funk na socialização da juventude. Educação
e Pesquisa, São Paulo, v. 28, n. 1, jan./jun. 2002. Disponível em: <www.
scielo. br/pdf/ep/v28n1/11660.pdf>. Acesso em: ago. 2015.
Em grupo, pesquisem quais são as maneiras de so-
cialização na cidade onde moram. Avaliem o pa-
pel da música na socialização dos jovens de hoje.
Comparem com as gerações de seus pais e apre-
sentem um painel apontando semelhanças e dife-
renças entre essas formas de socialização.
MARTYNOVA
ANNA/SHUTTERSTOCK
ALEXANDRE
AFFONSO
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184
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Código
Penal
e
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Antropologia Interpretativa: o primado dos significados
A Antropologia Interpretativa – também chamada Antropologia Hermenêutica ou
Simbólica– confere à históriapapeldiferenciado.Nessaperspectiva,a culturaé um sistema
simbólico, uma complexa “teia de significados” tecida pelos próprios seres humanos e da
qual estes não podem se libertar.
Seu principal representante é o antropólogo estadunidense Clifford Geertz, cujas bases
teóricas estão na Sociologia Compreensiva de Max Weber. Para Geertz, o comportamento
humano é sempre simbólico, dependente de como os indivíduos percebem a si próprios
e das ações que resultam dessa percepção.
Essa corrente permite, por exemplo, compreender o comportamento esperado de
um torcedor no estádio de futebol no meio de sua torcida. Nesse ambiente, espera-se
que ele, assim como os demais, vibre, grite e torça de modo entusiasmado a cada ataque
de seu time. A forma de torcer representa um conjunto de símbolos com significados
compartilhados entre indivíduos de um mesmo grupo social.
Para o
Estruturalismo,
as relações de
parentesco
são uma das
formas de
compreender
as relações em
um sistema
cultural. Todas
as sociedades
conhecidas
estabelecem
regras para
casamentos
possíveis e
proibidos entre
seus membros.
ANDERSON
DE
ANDRADE
PIMENTEL
Relações de parentesco
Claude Lévi-Strauss
Claude Lévi-Strauss (1908-2009) é considerado o criador
da Antropologia Estrutural. Iniciou seus estudos sobre os
indígenas brasileiros quando foi professor da Universidade
de São Paulo (USP), nos anos 1930. Em suas obras, pro-
põe a busca pelo entendimento das estruturas que con-
ferem sentido a um sistema cultural. Em contraposição à
escola funcionalista, defendeu a etnologia, em lugar da
etnografia, como principal método de estudo da cultura.
Etnologia
Etnologia é a área
da Antropologia
que estuda os
hábitos culturais
de diferentes
populações com
base nos dados
obtidos por meio
de pesquisa de
campo, isto é, pela
etnografia.
ULF
ANDERSEN/GETTY
IMAGES
Quem escreveu sobre isso
Claude Lévi-Strauss, criador da
Antropologia Estruturalista.
EU
MEU
MARIDO
Meus sogros
(Pais do meu marido)
Meus cunhados
(Irmãos do meu marido)
Sobrinhos do
meu marido
Sobrinhos
(Filhos dos
meus irmãos)
4o
grau
Meus irmãos
2o
grau
LINHA COLATERAL
LINHA
RETA
Meus pais
1o
grau
Meus tios
(Irmãos dos meus pais)
3o
grau
1o
grau
Meus avós
2o
grau
Meus bisavós
3o
grau
Meus bisnetos (Filhos dos meus netos)
3o
grau
2o
grau
Meus trinetos (Filhos dos meus bisnetos)
4o
grau
Filme
Brava gente brasileira
REPRODUÇÃO
Brasil, 2001.
Direção: Lúcia Murat.
Duração: 104 min.
No final do século XVII, o
cartógrafo Diogo e alguns
soldados se dirigem ao
Forte Coimbra, no inte-
rior do país. No caminho,
deparam-se com um gru-
po de mulheres indígenas
e as estupram. Diogo é
forçado por Pedro, chefe
dos soldados, a participar
do ato. O filme retrata o
choque entre as culturas
branca e indígena, além
de discutir os conflitos
entre Diogo, Pedro e ou-
tras personagens.
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184
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Penal
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Lei
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fevereiro
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1998.
Atividades
Ao final de cada capítulo, esta seção contém questões
para pesquisa, debate, reflexão e revisão, além de
exames de seleção que permitirão o contato com as
questões do Enem e de vestibulares.
Organização do livro
Moviment Ação O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA):
o Brasil de direito e o Brasil de fato
LUIZ
CLÁUDIO
MARIGO
/
OPÇÃO
BRASIL
IMAGENS
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Como vimos nos capítulos 1 e 2, a sociedade é uma realidade singular que transforma seus
integrantes e é por eles transformada. Uma das transformações sociais mais importantes se
refere ao reconhecimento do indivíduo como ser autônomo, dotado de direitos e deveres, a
quem se faz indispensável a garantia de sua dignidade e de seu pleno desenvolvimento. Esse
princípio é a preocupação central do pensamento social moderno, com base no qual os au-
tores clássicos e contemporâneos da Sociologia refletiram sobre a relação entre o indivíduo e
a sociedade. As diferentes legislações mencionadas ao longo de nossa primeira unidade são
exemplos de regras sociais criadas que transformam a sociedade e são por ela transformadas.
Entretanto, as reflexões desenvolvidas na unidade demonstram que, apesar do protago-
nismo do indivíduo, a realidade vivida em diferentes sociedades, inclusive no Brasil, ainda
não condiz com nosso ideal moderno de indivíduo. Em nosso país, muitas vezes o ideal de
sociedade traduzido na legislação foi chamado “Brasil de direito”, enquanto a realidade do
dia a dia, muito distante desse ideal, é chamada “Brasil de fato”. Reconhecer a diferença entre
esses dois “Brasis” é um primeiro passo para descobrir suas causas e construir propostas viáveis
para a construção de uma sociedade na qual os direitos são realidades de fato.
Sabemos, portanto, que a realidade social é um fenômeno humano complexo que permite
diversas abordagens. Diferentes áreas do conhecimento e de atuação profissional dedicam-
-se a refletir sobre suas mais variadas facetas. Sociólogos, geógrafos, historiadores, filósofos,
engenheiros, arquitetos, bacharéis em Direito, militares, ambientalistas, médicos, artistas e
pesquisadores de outras tantas disciplinas dedicam-se a estudar cada aspecto de nossa reali-
dade, descrever suas transformações e características, diagnosticar seus problemas e elaborar
projetos para seu desenvolvimento.
Crianças em Freguesia do Andirá, Amazonas, 2011. Os conselhos dos direitos da criança e do adolescente
são órgãos deliberativos responsáveis por assegurar a prioridade a crianças e adolescentes. Previstos
pelo ECA, eles formulam e acompanham a execução das políticas públicas de atendimento à infância e à
adolescência.
MovimentAção
Ao fim de cada unidade,
há uma proposta
de “arregaçar as
mangas” e dedicar-se
a uma atividade que
explora experiências
vinculadas à política e
à cidadania
Indicações
Esta seção traz informações sucintas sobre
filmes, documentários, livros e endereços
eletrônicos que dialogam com o tema do capítulo.
Sumário do livro
1. Primeiras palavras .................................................................................................................................................................. 64
2. Cultura e vida social ................................................................................................................................................................ 66
3. Escolas antropológicas ........................................................................................................................................................... 68
4. Ideologia e comportamento social ......................................................................................................................................... 75
5. Cultura e ideologia .................................................................................................................................................................. 78
6. Indústria cultural e meios de comunicação de massa ........................................................................................................... 81
Unidade
Sociedade e conhecimento: a realidade social como objeto de estudo, 15
1
1. Primeiras palavras................................................................................................................................................................... 18
2. As diferentes formas de conhecimento................................................................................................................................... 19
3. Ciência e senso comum: opostos ou complementares? ......................................................................................................... 22
4. A contribuição da Sociologia para a interpretação da sociedade contemporânea .............................................................. 26
5. Os métodos de análise sociológica da realidade social ......................................................................................................... 28
6. A Sociologia e a interpretação da sociedade do século XXI .................................................................................................... 31
Considerações sociológicas – A produção do conhecimento sociológico .................................................................................34
Direito e sociedade – O ensino da Sociologia na Educação Básica ............................................................................................ 35
Atividades ..................................................................................................................................................................................... 36
A Sociologia e a relação entre o indivíduo e a sociedade, 38
2
capítUlo
Produção de conhecimento: uma característica fundamental das sociedades humanas, 16
1
capítUlo
1. Primeiras palavras .................................................................................................................................................................. 40
2. A relação entre indivíduo e sociedade: perspectivas sociológicas clássicas ........................................................................ 42
3. A relação entre indivíduo e sociedade: perspectivas sociológicas contemporâneas ........................................................... 50
Considerações sociológicas – Os dilemas da construção da identidade na era da informação .............................................. 54
Direito e sociedade – Sociologia e direitos individuais ............................................................................................................ 55
Interfaces – Perspectivas ........................................................................................................................................................... 56
Atividades ..................................................................................................................................................................................... 57
MovimentAção – O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): o Brasil de direito e o Brasil de fato ................................... 59
Unidade
2 Cultura e sociedade: cultura, poder e diversidade nas relações cotidianas, 61
Cultura e ideologia, 62
3
capítUlo
Sumário do livro
1. Primeiras palavras .................................................................................................................................................................. 90
2. O processo de socialização ..................................................................................................................................................... 90
3. Controle social ......................................................................................................................................................................... 97
Considerações sociológicas – Escola: um lugar de controle ou de aquisição de conhecimento? ......................................... 104
Direitoesociedade – Sociologia e direitos individuais ................................................................................................................... 105
Atividades ................................................................................................................................................................................... 106
Socialização e controle social , 88
4
capítUlo
1. Primeiras palavras ................................................................................................................................................................. 110
2. Preconceito, discriminação e segregação ............................................................................................................................. 110
3. Raça, racismo e etnia: aspectos socioantropológicos .......................................................................................................... 118
4. Multiculturalismo, interculturalidade e ação afirmativa .................................................................................................... 125
Considerações sociológicas – Um debate sobre as cotas raciais ............................................................................................ 129
Direito e sociedade – Ensino de História da África e dos negros no Brasil ............................................................................... 130
Interfaces – Raça e desempenho esportivo: uma falsa polêmica ............................................................................................ 131
Atividades .................................................................................................................................................................................... 132
MovimentAção – Congresso - Diversidade cultural, preconceito e discriminação na escola ................................................ 134
Raça, etnia e multiculturalismo, 108
5
capítUlo
1. Primeiras palavras ................................................................................................................................................................. 138
2. Poder, política e Estado .......................................................................................................................................................... 139
3. As relações de poder na sociedade contemporânea ............................................................................................................ 149
4. Formação do Estado brasileiro ............................................................................................................................................. 158
Considerações sociológicas – O quarto poder ......................................................................................................................... 166
Direito e sociedade – O direito ao voto dos adolescentes: a participação dos jovens na vida política brasileira
e a reforma política ..................................................................................................................................................................... 167
Atividades ................................................................................................................................................................................... 168
Unidade
3 Relações de poder e movimentos sociais: a luta pelos direitos na sociedade
contemporânea , 135
Poder, política e Estado, 136
6
capítUlo
Considerações sociológicas – Novelas brasileiras: alienação ou conscientização na tela? .................................................... 85
Direito e sociedade – O Direito e a promoção da cultura ............................................................................................................ 86
Atividades ..................................................................................................................................................................................... 87
Unidade
Mundo do trabalho e desigualdade social , 213
4
1. Primeiras palavras ................................................................................................................................................................. 216
2. A questão do trabalho em Marx, Weber e Durkheim ........................................................................................................... 218
3. As experiências de racionalização do trabalho .................................................................................................................... 221
4. Sistemas flexíveis de produção ............................................................................................................................................. 223
5. Trabalho: cenário atual, avanços e retrocessos ................................................................................................................... 225
Considerações sociológicas – Uma breve radiografia da terceirização no Brasil .................................................................. 228
Direitoesociedade – Regulamentação do trabalho .......................................................................................................................... 229
Atividades ................................................................................................................................................................................... 230
Movimentos sociais, 194
8
capítUlo
1. Primeiras palavras ................................................................................................................................................................ 196
2. Movimentos sociais como fenômenos históricos ................................................................................................................... 197
3. Características estruturais dos movimentos sociais ........................................................................................................... 199
4. Movimentos sociais tradicionais e novos movimentos sociais ........................................................................................... 201
Considerações sociológicas – Os movimentos de legalização das drogas: o caso da maconha ........................................... 206
Direito e sociedade – A legislação e os movimentos sociais .................................................................................................... 207
Interfaces – As manifestações veganas e os direitos dos animais ............................................................................................208
Atividades ................................................................................................................................................................................... 209
MovimentAção – A voz do cidadão ............................................................................................................................................. 211
Trabalho e sociedade, 214
9
capítUlo
Democracia, cidadania e direitos humanos, 170
7
capítUlo
1. Primeiras palavras ................................................................................................................................................................. 172
2. Democracia ............................................................................................................................................................................. 173
3. Teoria democrática moderna ................................................................................................................................................. 176
4. Teoria democrática contemporânea ..................................................................................................................................... 180
5. Cidadania e direitos humanos ............................................................................................................................................... 184
6. Democracia, cidadania e direitos humanos no Brasil ........................................................................................................... 187
Consideraçõessociológicas – Cidadania formal e cidadania real no Brasil. Para quem são os direitos em nosso país? ........... 190
Direito e sociedade – Programa Nacional de Direitos Humanos .............................................................................................. 191
Atividades .................................................................................................................................................................................... 192
Sumário do livro
1. Primeiras palavras ................................................................................................................................................................ 260
2. Capitalismo: um sistema entre crises e desenvolvimento ................................................................................................... 261
3. Abordagens e perspectivas do desenvolvimento .............................................................................................................................. 264
4. O debate sobre desenvolvimento na era da globalização ................................................................................................... 277
Considerações sociológicas – O capitalismo e as novas perspectivas sobre o desenvolvimento na globalização .............. 278
Direito e sociedade – O Banco do Brics e o desenvolvimento .................................................................................................. 279
Atividades ................................................................................................................................................................................... 280
Unidade
Globalização e sociedade do século XXI: dilemas e perspectivas, 257
5
Sociologia do Desenvolvimento, 258
11
capítUlo
Estratificação e desigualdades sociais, 232
10
capítUlo
1. Primeiras palavras ................................................................................................................................................................ 234
2. Formas de estratificação ....................................................................................................................................................... 236
3. Brasil: a interpretação da pobreza e o cenário de mudanças e permanências socioeconômicas ...................................... 241
Considerações sociológicas – Desigualdade, pobreza e políticas públicas: notas para um debate ...................................... 250
Direito e sociedade – PEC das domésticas ................................................................................................................................. 251
Interfaces – Os subterrâneos do mundo do trabalho ...................................................................................................................252
Atividades ................................................................................................................................................................................... 253
MovimentAção – Festival: música e desigualdade social no Brasil contemporâneo ............................................................. 255
1. Primeiras palavras ................................................................................................................................................................ 284
2. O debate sobre a globalização: um ponto de partida sociológico ....................................................................................... 284
3. O mundo se modifica e um novo debate se inicia ................................................................................................................. 287
4. Integração regional ............................................................................................................................................................... 290
5. Juntando e separando países ................................................................................................................................................ 293
Considerações sociológicas – Um panorama do debate sociológico sobre a globalização ................................................... 298
Direito e sociedade – Convenção 29 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) .......................................................... 299
Interfaces – Tensões sociais expressas no muralismo mexicano de Diego Rivera ..................................................................300
Atividades .................................................................................................................................................................................... 301
MovimentAção – Educação sem fronteiras para o desenvolvimento global .......................................................................... 303
Globalização e integração regional , 282
12
capítUlo
1. Primeiras palavras ................................................................................................................................................................ 308
2. Ordem 3 conflito: duas perspectivas sobre as cidades ....................................................................................................... 309
3. Conflitos urbanos: violência e privatização do espaço público ........................................................................................... 315
4. Administração das cidades e o mercado ............................................................................................................................... 321
Considerações sociológicas – Copa e Olimpíadas: boas ou ruins para a cidade? ................................................................... 324
Direito e sociedade – Moradia: mercadoria restrita ................................................................................................................. 325
Atividades ................................................................................................................................................................................... 326
1. Primeiras palavras ................................................................................................................................................................ 358
2. O contexto histórico da problemática socioambiental ........................................................................................................ 359
3. Sustentabilidade e a produção de alimentos ....................................................................................................................... 364
4. Modernização, transformação social e justiça ambiental .................................................................................................. 373
Considerações sociológicas – A ”economia verde” como estratégia de mercado ................................................................... 381
Direito e sociedade – A legislação ambiental ........................................................................................................................... 382
Interfaces – Parkour: um exercício de direito à cidade .............................................................................................................383
Atividades ................................................................................................................................................................................... 384
MovimentAção – Júri simulado: desocupação do Pinheirinho ................................................................................................ 386
Referências bibliográficas .................................................................................................................................................... 388
Sociedade e espaço urbano, 306
13
capítUlo
1. Primeiras palavras ................................................................................................................................................................ 330
2. Sexo e gênero: entre a construção e a desconstrução ......................................................................................................... 332
3. O patriarcado e seus efeitos .................................................................................................................................................. 335
4. A divisão sexual do trabalho: a mulher entre o público e o privado .................................................................................... 337
5. Interseccionalidades: raça, classe e gênero ......................................................................................................................... 340
6. Identidade de gênero: sua instabilidade .............................................................................................................................. 342
7. Sexualidade(s) em transformação ....................................................................................................................................... 344
8. Movimentos sociais: feminismo(s) e LGBT ........................................................................................................................... 347
Considerações sociológicas – Duas vertentes: o patriarcalismo no pensamento social brasileiro ......................................... 352
Direito e sociedade – Feminicídio passa a ser considerado crime hediondo no Brasil ........................................................... 353
Atividades ................................................................................................................................................................................... 354
Gêneros, sexualidades e identidades, 328
14
capítUlo
Unidade
AvidanascidadesdoséculoXXI–questõescentraisdeumasociedadeemconstrução,305
6
Sociedade e meio ambiente, 356
15
capítUlo
Professor pataxó leciona em escola indígena, na
aldeia Boca da Mata, no município de Porto Seguro
(BA, 2014). A diversidade das sociedades humanas
é caracterizada pela capacidade de todos os grupos
sociais produzirem, transmitirem e aprenderem
conhecimentos sobre si e a realidade.
Sociedade e conhecimento:
a realidade social como
objeto de estudo
1
U
n
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a
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Renato
SoaReS/PulSaR
ImagenS
Capítulo 1
Produção de
conhecimento:
uma característica
fundamental das
sociedades humanas, 16
Capítulo 2
A Sociologia e a relação
entre o indivíduo e a
sociedade, 38
15
....................................
....................................
....................................
....................................
Grafite em uma passagem subterrânea de pedestres sob a rua da
Consolação, em São Paulo (SP, 2014). Diferentemente da ciência,
a arte é uma das formas que as sociedades utilizam para conhecer
a realidade.
Produção de conhecimento:
uma característica fundamental
das sociedades humanas
1
C
a
p
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t
u
l
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ErnEsto
rEghran/Pulsar
ImagEns
PiPo
Gialluisi
Ao final deste
capítulo, você será
capaz de:
• Compreender que
a produção de
conhecimento é uma
característica de
todas as sociedades
humanas.
• Identificar na realidade
social os diferentes
tipos de conhecimento
produzidos pela
humanidade.
• Utilizar as Ciências
Sociais como meio de
conhecer a realidade
social.
16
Estudantes colocam em prática a teoria aprendida nas aulas de
Química e Física: com o auxílio da lupa, captam a luz solar para
gerar calor e queimar objetos. O conhecimento científico é uma
forma de conhecimento, fundamentada na observação e na
experimentação sistematizadas.
Questão motivadora
Como as Ciências Sociais podem colocar em
discussão as nossas certezas sobre o mundo?
Rafael
Ben-aRI/DePoSIt
PhotoS/glowImageS
17
Meninos jogando futebol em pequeno campo de futebol
flutuante no rio Negro, no município de Tepequém (RR, 2010).
Os saberes e as práticas comuns produzidos com base nas relações
entre os indivíduos são parte importante do conhecimento social
ao qual se dedica a Sociologia.
1 Primeiras palavras
Um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado em setembro de
2014, informava que 805 milhões de pessoas passavam fome em todo o mundo. Esse
número representava um em cada nove seres humanos que viviam no planeta. A ONU
também apontava que a maior parte dos que passavam fome vivia em países em desen-
volvimento. Isso nos mostra que, em pleno século XXI, antigos problemas continuam a
desafiar a humanidade. Por isso, é cada vez mais importante compreender o mundo e os
fenômenos que fazem parte do dia a dia.
Para cada problema vivenciado por homens e mulheres em vários lugares da Terra,
como a falta de comida ou a distância entre duas cidades, diferentes sociedades encon-
traram diferentes soluções. Entretanto, tendo como referência a história ocidental até o
final da Idade Média, essa busca por conhecimento e soluções não acontecia em relação às
transformações e aos conflitos sociais: os choques entre religiões, os conflitos geracionais,
a estrutura familiar e a organização política e econômica, entre outros, eram entendidos
como fenômenos naturais ou como resultados da providência divina. Nesses casos, não
cabia à humanidade interferir. Uma realidade na qual não se pode intervir não é vivida
como um problema, mas como um destino, e um destino não pode ser objeto da ação
humana e do conhecimento científico.
Somente a partir do século XVIII, por causa das grandes revoluções que ocorreram no
período, as sociedades e suas diferentes realidades começaram a ser discutidas e vistas
como construções passíveis de serem transformadas pela ação humana. Mais do que
isso, essas transformações poderiam ser realizadas considerando objetivos traçados pela
própria sociedade, com base em princípios éticos modernos que propunham a liberdade,
a igualdade e a fraternidade contra a servidão, a hierarquia e a exploração.
O contexto social que mudou o modo como as sociedades ocidentais olhavam para si
mesmas e as converteu em objeto da ciência foi um processo sócio-histórico que envolveu
três grandes revoluções: uma econômica (Revolução Industrial), uma política (Revolução
Francesa) e outra cultural (Iluminismo).
Nesse contexto, o conhecimento religioso e filosófico construído ao longo dos séculos
foi confrontado com outro modo de compreender a realidade social: o conhecimento
científico. Somente então foi possível o surgimento da Sociologia, ciência que objetiva
compreender os conflitos, as permanências e as transformações das sociedades contem-
porâneas. Em conjunto com a Antropologia e a Ciência Política, a Sociologia constitui
o campo do conhecimento denominado Ciências Sociais.
René Descartes
publica Discurso
do método.
1637 1830
Augusto Comte
publica Curso de
filosofia positiva.
1895
Émile Durkheim
publica As regras
do método
sociológico.
1925
O Colégio Pedro II,
no Rio de Janeiro,
passa a ser a primeira
instituição de ensino
a oferecer a disciplina
Sociologia em sua grade
curricular no Brasil.
Max Weber
publica A ética
protestante e
o “espírito” do
capitalismo.
1904 1942
A Reforma
Capanema retira
a obrigatoriedade
do ensino de
Sociologia
nas escolas
secundárias.
Marx e Engels
publicam Manifesto
comunista.
1848
É criado o
primeiro curso
de Sociologia no
Brasil, na Escola
Livre de Sociologia
e Política de São
Paulo.
1933
Cronologia
www.sociologia.
seed.pr.gov.br
Acesso em: maio 2016.
Site da disciplina de Socio-
logia do Portal Dia a Dia
Educação, do estado do Pa-
raná. Apresenta diferentes
documentos e informações
sobre o tema.
Site
18
Reprodução
proibida.
Art.
184
do
Código
Penal
e
Lei
9.610
de
19
de
fevereiro
de
1998.
Elasbuscamcompreenderarealidadesocialeproporsoluçõesparaosinúmerosconflitos
sociaiscontemporâneos.Aindaque,naprática,adivisãoentreastrêsciênciasnãosejarigorosa,
porconvenção,aAntropologiapriorizaosfenômenosculturais,aCiênciaPolítica,asrelações
de poder e instituições políticas, e a Sociologia, a análise das relações e estruturas sociais.
Neste capítulo, iniciaremos juntos a caminhada para entender como a Sociologia nos
permite desnaturalizar nossas certezas e por que o método científico é uma ferramenta
indispensável para o sucesso dessa empreitada.
2 As diferentes formas de conhecimento
A espécie humana não se limita a sobreviver no mundo. Ela também procura entendê-
-lo e modificá-lo de acordo com as diferentes formas como percebe a realidade. Essa
busca, que articula a realidade objetiva (como se apresenta aos sentidos) e a realidade
subjetiva (tal qual é percebida pelos indivíduos), é a matriz sobre a qual se constrói o
que convencionamos chamar conhecimento.
Podemos definir o conhecimento como toda compreensão e prática adquiridas, cuja
memória e transmissão permitem lidar com as tarefas do dia a dia. Quando uma pessoa age
de acordo com sua experiência de vida, expressa uma forma de conhecimento do mundo.
Correr a favor do vento e segurar um martelo pelo cabo são habilidades adquiridas com a
experiência,umtipodeconhecimentoconstruídonavidacomum.Domesmomodo,quando
umcientistaanunciaumadescoberta,tambémapresentaumtipodeconhecimentosobrea
realidade. Portanto, podemos afirmar que somos todos capazes de produzir conhecimento,
mas existem diferenças de acordo com a forma como esse conhecimento é produzido.
Orientado pela experiência e transmitido por gerações, o conhecimento produzido
nas sociedades adquire formas tão diversas quanto as próprias sociedades. Pode-se, por
exemplo, resolver um problema imediato (como atravessar um rio sem se afogar), res-
ponder a uma questão transcendental, isto é, que vai além da nossa existência material
(como o sentido da vida e da morte), resolver uma pendência social (como determinar o
justo proprietário de uma terra) ou desvendar as estruturas do Universo (de que forma
definir a menor partícula que compõe a matéria).
É possível tentar explicar as mais diversas questões com base na experiência ou
mediante o que se aprende com os pais, na crença em Deus ou em um livro sagrado, em
sistemas lógicos de pensamento ou, ainda, em regras e critérios sistemáticos de inves-
tigação e de verificação.
Desnaturalizar
A ideia de
desnaturalização ou
estranhamento na
Sociologia consiste
em perceber os
fenômenos sociais
como construções
humanas resultantes
de outros
fenômenos sociais,
não como aspectos
imutáveis da
natureza.
Criada a primeira
associação de sociólogos
no país, a Associação
Profissional dos Sociólogos
do Estado do Rio de
Janeiro – APSERJ.
1981
1968
É publicado o livro
Pedagogia do oprimido,
de Paulo Freire,
referência para a
valorização dos saberes
populares na construção
do conhecimento.
1996
Sancionada a Lei
no
9.394/1996, nova Lei de
Diretrizes e Bases da Educação,
que aponta a necessidade dos
conhecimentos de Sociologia
na formação dos alunos de
Ensino Médio.
Sancionada a Lei
no
11.684/2008, que torna
obrigatória a inclusão da
Sociologia como disciplina nas
grades curriculares de Ensino
Médio em todo o país.
2008
Realizado em São Paulo o
I Congresso de Sociologia.
Nesse congresso, Florestan
Fernandes apresenta
o estudo Oensinode
Sociologianaescola
secundáriabrasileira.
1954
1952
A Organização
Internacional do
Trabalho reconhece
a profissão de
sociólogo.
19
Reprodução
proibida.
Art.
184
do
Código
Penal
e
Lei
9.610
de
19
de
fevereiro
de
1998.
As explicações obtidas com regras e critérios sistemáticos de investigação e de veri-
ficação constituem a forma de conhecimento que chamamos de ciência.
Pela possibilidade de ser criticada e corrigida, pela flexibilidade para absorver
inovações e expandir sua área de atuação, pela eficiência na forma como orienta
a intervenção no mundo, pelo caráter plural que permite sua prática em diferentes
culturas, a ciência é hoje o modo mais aceito de produção de conhecimento. No
entanto, ainda que ela seja importante para a produção material da sociedade, outros
conhecimentos produzidos no dia a dia, baseados na prática e na experiência, estão
presentes na vida social. As conquistas das lutas políticas e a eficácia dos saberes
tradicionais dos povos, assim como diferentes produtos da inteligência coletiva
(desenvolvida por meio do trabalho colaborativo e disponibilizada para a sociedade
especialmente por meio das novas tecnologias informacionais, como a internet),
são exemplos disso.
Conhecimento religioso
O fato de a ciência ser o meio de produção de conhecimento mais amplamente
aceito nas sociedades industrializadas não significa que outros meios tenham desa-
parecido. Quando o conhecimento sobre o sentido da vida ou sobre como proceder
diante da inevitabilidade da morte é fundamentado na crença em Deus ou em um
livro sagrado, ele é chamado conhecimento teológico ou religioso.
Remeta à discussão sobre a
influência da religião no senso
comum brasileiro ao longo da
história.
Saiba mais
No Brasil, 92% da população declara ter religião. Na foto, igreja da
Ordem Terceira de São Francisco de Assis em Ouro Preto (MG, 2015).
Religião
A religião pode ser entendida como o
conjunto de crenças e práticas comuns de
uma coletividade, organizado com base em
uma ou mais divindades, que determinam
os princípios morais desse grupo e suas
interpretações do mundo. Cada expressão
ou manifestação religiosa se caracteriza por
símbolos e rituais específicos. As tradições
religiosas mais difundidas na atualidade
são o cristianismo, o islamismo, o hinduís-
mo, o judaísmo e o budismo. Além dessas,
existem milhares de outras manifestações
religiosas em todo o mundo. No Brasil, por
exemplo, convivem centenas de religiões,
que podem ser reunidas em cinco grandes
grupos: católicos, evangélicos, espíritas,
afro-brasileiros e de outras manifestações
religiosas, como o islamismo, o judaísmo,
o budismo e o hinduísmo. Estas últimas
representam apenas uma pequena parcela
das crenças religiosas dos brasileiros.
anDRe
DIB/PulSaR
ImagenS
Fonte: IBGE. Censo demográfico 2010: resultados gerais da amostra. Rio de Janeiro: IBGE, 2012.
Grandes grupos de religião no Brasil (em relação à população total)
Católica Apostólica
Romana
Evangélicas Espíritas
Umbanda e
Candomblé
Outras
religiosidades
Sem religião
64,6% 22,2% 2,1% 0,4% 2,7% 8,0%
20
Reprodução
proibida.
Art.
184
do
Código
Penal
e
Lei
9.610
de
19
de
fevereiro
de
1998.
Diferentemente da ciência, a religião é um conhecimento sustentado pela crença na
existência de uma realidade exterior ao mundo que influencia a percepção e a explicação
da realidade social. Seus ensinamentos orientam uma compreensão e uma prática da vida
fundamentadas nos princípios religiosos.
Conhecimento filosófico
A Filosofia também procura explicar a realidade. Mas, diferentemente da fundamen-
tação religiosa, que tem como princípio a fé em uma verdade revelada, amparada em um
ou mais deuses ou profetas, a Filosofia empreende um esforço para dar sentido racional
aos mistérios do mundo com base no questionamento e na reflexão.
Ainda que seus resultados não precisem ser comprovados em testes de verificação, eles
não podem deixar de obedecer aos princípios da razão. Ao procurar responder a questões
como “o que é?”, “como é?” e “por que é?”, em outras palavras, ao buscar a essência, a
significação e a origem das coisas, a Filosofia se vale do pensamento racional e da lógica
para justificar e sistematizar o conhecimento que produz.
Saiba mais
Filosofia e Filosofia das Ciências Sociais
A Filosofia é uma disciplina acadêmica
que está inter-relacionada com diferentes
campos do saber, pois trabalha com ques-
tões como a natureza do entendimento,
da lógica, da linguagem e da causalidade.
Essas questões são importantes para
diferentes ciências, entre elas a Sociologia.
Por esse motivo, existe uma especiali-
dadefilosóficachamada Filosofia das Ciên-
cias Sociais, que se propõe, entre outras
coisas, a questionar os fundamentos da
construção teórica, dos métodos de coleta
de dados e dos resultados da Sociologia.
O questionamento dos fundamentos da
ciência promovido pela Filosofia é impor-
tante para que a Sociologia continue a se
transformar, de maneira que aprimore suas
técnicas, renove seu compromisso ético e
aperfeiçoe os resultados.
Assim, a Filosofia das Ciências Sociais
pesquisa os processos de construção de
conceitos, a relação entre a teoria e a
realidade, o lugar dos valores em sua ar-
gumentação, a natureza da ação, o papel
da linguagem e as formas para comprovar
uma teoria sociológica.
Senso comum
Compreende o
conjunto de saberes
e práticas produzidos
com base nas
experiências concretas
das sociedades
humanas. É construído
pela observação e pelo
aprendizado diante dos
fenômenos cotidianos.
É transmitido
socialmente ao longo
das gerações, em uma
ou mais coletividades.
Conhecimento do senso comum
Desde que nascemos, apreendemos continuamente informações sobre o mundo.
A convivência em sociedade nos transmite o que é essencial para sobrevivermos.
Esse conhecimento fundamentado na experiência, ou na experiência que nos é
transmitida, é chamado senso comum. É como se a experiência fosse um conjunto de
fenômenos sobre os quais não cabe questionamento e que, por esse motivo, se impõe
como a base das opiniões, ideias e concepções que acabam por prevalecer em determi-
nado contexto social.
Segundo o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, o senso comum é o
conhecimento vulgar e prático que orienta nossas ações no cotidiano e lhes dá sentido.
De fato, na maior parte do tempo, ao tomarmos decisões, não realizamos reflexões
elaboradas nem experimentos em laboratório. Apenas agimos de acordo com o que
consideramos adequado, com base em nossa experiência no mundo. Quando o céu fica
carregado de nuvens negras, não é preciso ser cientista para saber que logo virá uma
tempestade. Sabemos disso porque, todas as vezes em que choveu, o céu tinha sido
tomado por nuvens escuras.
21
Reprodução
proibida.
Art.
184
do
Código
Penal
e
Lei
9.610
de
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fevereiro
de
1998.
Pais ensinam filho a andar de bicicleta.
A experiência e a transmissão de
conhecimentos práticos sobre a vida são
características do senso comum.
Socióloga entrevista participante do Movimento dos
Trabalhadores Sem Teto, em 2012: a coleta de dados
empíricos é um dos fundamentos das Ciências Sociais.
A formação dos indivíduos
será discutida com maior
profundidade no capítulo 3,
no qual é abordado o tema
da socialização.
Ciência
Estudo sistemático
e metódico dos
diferentes fenômenos
naturais ou sociais.
É realizado com base
na seleção de um
objeto de pesquisa,
que é então analisado
por meio de um
conjunto de técnicas
de investigação e
procedimentos de
verificação aprovados
coletivamente
por um grupo de
profissionais da área
do conhecimento
em questão.
Conhecimento científico
O escurecer do céu e a tempestade que o sucede podem ser analisados mediante a
aplicação de um método rigoroso de investigação que explicaria as causas e consequências
desse fenômeno, as condições em que ele acontece ou sua periodicidade. Ao seguir esse
método, o investigador não apenas produzirá um conhecimento válido como também
poderá promover sua aplicação útil. No século XX, o conhecimento formal fundamenta-
do na observação e na experimentação, aliado a sua aplicação útil, tornou-se a principal
característica do que chamamos ciência.
O conhecimento científico também é resultado da busca constante por explicações
sobre os diferentes eventos que acontecem em nosso mundo. No entanto, essas explica-
ções precisam ser construídas mediante rigorosa execução de um método organizado,
com base em teorias coerentes e socialmente aceitas.
3 Ciência e senso comum: opostos
ou complementares?
Desde que a ciência se estabeleceu como o principal meio de conhecimento dos
fenômenos naturais e sociais, sua relação com o senso comum tornou-se objeto de de-
bates. De um lado, estão aqueles que a consideram um conhecimento hierarquicamente
superior ao senso comum; de outro, os que consideram complementares os dois tipos
de conhecimento.
O sociólogo Pedro Demo defende que a pesquisa é o modo pelo qual se conhece a
realidade.Ainvestigaçãoéumacaracterísticafundamentaldaciência.Aocompararosenso
comum com a ciência, ele afirma que o primeiro aceita a realidade sem questionamentos
nem pesquisas. Isso equivale a afirmar que o Sol se movimenta em torno da Terra porque
o vemos nascer no leste e se pôr no oeste. Ao contrário, a ciência é construída com base
em pesquisas metodologicamente fundamentadas.
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favoRetto
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proibida.
Art.
184
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Penal
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fevereiro
de
1998.
Iluminismo
Movimento
intelectual surgido
na Europa no
século XVIII. O
Iluminismo teve
grande influência
nas transformações
políticas e
econômicas ocorridas
nesse período. Suas
propostas mais
relevantes foram a
defesa da liberdade
econômica e política
e a valorização
da ciência como
principal meio
de compreensão
do mundo. Seus
ideais serviram
aos interesses da
burguesia nascente
contra a estrutura
social do Estado
absolutista. John
Locke, Voltaire,
Charles de
Montesquieu,
Jean-Jacques
Rousseau e Adam
Smith são alguns dos
principais teóricos
do Iluminismo e
tiveram papel central
na construção do
pensamento social
contemporâneo.
Os defensores da oposição entre ciência e senso comum destacam a ciência como
conhecimentoimparcialeracional,enquantoosensocomumévistocomoumolharparcial
e irracional sobre a realidade. Essa concepção tem origem no Iluminismo, movimento
intelectual e político que, ao longo do século XVIII, defendeu a ciência como o caminho
para a superação do chamado Antigo Regime.
A defesa da ciência como único conhecimento válido e aceito e a crítica aos outros
meios de explicação do mundo, principalmente o religioso, serviram de fundamento para
que, no século XIX, se desenvolvesse uma corrente de pensamento conhecida como Po-
sitivismo. Nela, a ciência é o único conhecimento útil a ser perseguido pela humanidade,
a única maneira de investigar e conhecer a realidade e a única forma legítima de resolver
os problemas que a impediriam de atingir sua plenitude.
Em uma segunda vertente, estão aqueles que consideram a ciência e o senso comum
conhecimentos complementares. O sociólogo Boaventura de Sousa Santos afirma que a
oposição entre ciência e senso comum se justificou nos séculos XVIII e XIX, principalmente
nas Ciências Naturais, para promover a ciência como o principal meio de conhecimento
do mundo. Na atualidade, tal oposição não se justifica e deve ser substituída por uma
aproximação que transforme tanto o senso comum quanto a ciência. Assim, o senso co-
mum se tornaria menos supersticioso e restrito à tradição, enquanto a ciência ficaria mais
acessível e inteligível a todos, mediante o surgimento de novos veículos de divulgação
científica e a universalização da educação.
Saiba mais
Positivismo
Corrente de pensamento criada pelo filósofo francês
Augusto Comte (1798-1857), o Positivismo está relacionado
ao surgimento da Sociologia como ciência. Seu método exige
que o investigador assuma uma atitude laica e pragmática
na busca dos princípios que governam a vida social, como
um físico que procura identificar as leis do mundo natural. O
Positivismo defende o princípio de que a ciência é o caminho
para o progresso da humanidade e que só se pode afirmar
que uma teoria é correta se ela for comprovada por meio de
métodos científicos válidos. Esta escola filosófica ganhou
força na Europa na segunda metade do século XIX e come-
ço do XX, período em que chegou ao Brasil, tendo exercido
significativa influência no país, que expressa em sua bandeira
republicana o lema positivista “Ordem e progresso”.
Considerado um
dos fundadores do
pensamento sociológico,
Augusto Comte é o
criador do Positivismo.
alBum/akg-ImageS/latInStock
Boaventura de Sousa Santos
Sociólogo português (1940-), especialista em Sociologia do
Direito, é defensor da aproximação entre ciência e senso comum
e incentivador da ação dos movimentos sociais como meio de
enfrentar crises. Dirige atualmente o projeto de investigação
Alice – espelhos estranhos, lições imprevistas: definindo para a
Europa um novo modo de partilhar as experiências do mundo.
Boaventura de Sousa Santos enfatiza a importância da
complementaridade entre senso comum e ciência.
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Essa percepção de ciência e senso comum como formas complementares de co-
nhecimento também pode ser encontrada na obra de Paulo Freire. Segundo ele, não
há produção de conhecimento sem que haja conexão entre o sujeito que o produz e
sua realidade social. Isso significa que o senso comum determina o alcance e o tipo
de conhecimento produzido. Contrapondo-se ao Positivismo, Freire defende que o
conhecimento da realidade acontece com base no modo como os indivíduos explicam
o mundo em seu cotidiano e na valorização do saber popular – uma das modalidades
do senso comum.
Segundo essa visão, todo conhecimento científico teria por objetivo converter-se em
senso comum. Assim, em um tempo no qual a ciência se tornasse popular, o senso co-
mum também passaria a adquirir novo caráter, mais crítico e menos receptivo a verdades
prontas que não apresentassem fundamentos racionais e objetivos para serem validados.
Nesse sentido, ciência e senso comum seriam percebidos como complementares.
Por exemplo, a classe burguesa que liderou a Revolução Francesa para depor o rei
absolutista e proclamar uma república não aceitou a premissa religiosa que orientava
o senso comum, segundo a qual os reis governavam por direito divino. Ao argumentar
que os homens eram todos iguais e que seria impossível provar que Deus escolhera um
em detrimento dos demais para governar, o pensamento liberal burguês proclamava
que os próprios cidadãos deveriam decidir, por critérios definidos por eles mesmos,
quem seria o governante.
Antes, o senso comum aceitava que os reis fossem coroados por ordem divina; hoje
ele rejeita essa hipótese, que durante séculos teve valor de verdade. Nas sociedades de-
mocráticas ocidentais, acredita-se que o voto confere legitimidade ao governante pelo
período estipulado para seu mandato. A difusão dessa concepção pelo mundo tem sido
a base para questionar governos ditatoriais em diferentes épocas e lugares.
Mais recentemente, eventos ligados à chamada Primavera Árabe – um conjunto de
movimentos sociais que atingiu vários países árabes a partir de 2011 – serviram para
questionar um poder solidamente estabelecido e que até então não se mostrava passível
de ser questionado. Embora na maior parte dos casos não se tenha alcançado um estado
de liberdades democráticas nesses países, houve o questionamento efetivo da situação,
com consequências que impossibilitaram o retorno completo ao estado de coisas anterior
à eclosão desses protestos.
O óleo de Lorenzo
Estados Unidos, 1992.
Direção: George Miller.
Duração: 136 min.
Aos seis anos, Loren-
zo recebe o diagnóstico
de adrenoleucodistrofia
(ALD), doença rara que
atinge o cérebro e leva
à morte. Desenganados
pelos médicos, seus pais
passam a questionar a
ciência médica tradicional
e a buscar alternativas que
sejam capazes de impedir
o avanço da doença.
Filme
reprodução
Paulo Freire
Educador e filósofo pernambucano (1921-1997), revo-
lucionou a educação ao criar uma pedagogia eman-
cipadora, na qual o educando se liberta das visões
naturalizadas pelas classes dominantes e constrói
seu aprendizado utilizando a realidade de seu pró-
prio contexto. Em Pedagogia da autonomia, Freire
defende que o conhecimento que o educando traz
para a escola deve ser respeitado e orientado para
que ele possa produzir uma interpretação crítica e
não alienante do mundo em que vive.
Paulo Freire propôs uma nova visão sobre a
educação, que valorizava as práticas culturais
e os saberes populares.
clóvIS
cRanchI
SoBRInho/eStaDão
conteúDo
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Manifestante protesta na Praça Tahrir, no Cairo, Egito, em 2011. Os eventos da Primavera Árabe contaram
com a presença de milhares de pessoas, inclusive mulheres, que buscavam ampliar seus direitos civis.
clauDIa
wIenS/alamy/glow
ImageS
Em 2011, uma onda
de protestos oriundos
das redes sociais
tomou conta das ruas
em diversos países do
Oriente Médio e norte
da África, resultando na
queda de governantes
que ocupavam o poder
havia décadas. Cinco
anos depois de iniciado
o processo, não existia
ainda estabilidade nesses
países, e a realidade
estava muito longe da
pretendida “revolução
democrática”.
Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 6. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. p. 45 e 49.
BAHREIN
ARGÉLIA
SÍRIA
JORDÂNIA
TUNÍSIA
LÍBIA EGITO
IÊMEN
M
a
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V
e
r
m
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h
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30º L
30º L
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
ÍNDICO
OCEANO
ÍNDICO
Trópico de Câncer
Mar Mediterrâneo
Primavera Árabe
anderson
de
andrade
pimentel
Informe aos alunos que o
debate sobre a democracia
moderna e os regimes po-
líticos será aprofundado na
unidade 3.
2.440 km
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4 A contribuição da Sociologia para a
interpretação da sociedade contemporânea
Diferentemente dos modos de organização da vida social que a precederam, a socie-
dade contemporânea tem sido capaz de produzir explicações distintas sobre si mesma,
graças ao papel exercido pelo conhecimento científico. Se pensar sobre a vida social é
uma característica das sociedades humanas, com a Sociologia esse pensar adquire rigor e
perspectiva singulares, que se expressam na construção de diferentes métodos de análise
sobre o mundo.
A busca por uma interpretação científica
da realidade social
O estabelecimento da ciência como principal meio de explicar o mundo influenciou o
modo como a realidade social passou a ser interpretada a partir do século XIX. As trans-
formações sociais, políticas e econômicas que culminaram com as revoluções Industrial
e Francesa trouxeram para seus contemporâneos novos dilemas a serem enfrentados.
No que se refere à Revolução Industrial, é importante entender que ela alterou pro-
fundamente as relações sociais e econômicas vigentes na época. Em lugar da tradicional
economia agrária, consolidou-se uma realidade cada vez mais urbanizada, com o aumento
da população nas cidades e o rápido desenvolvimento do comércio e da industrialização.
Surgiu também uma mão de obra barata e abundante, formada principalmente pelos
camponeses que haviam sido expulsos das antigas propriedades comunais, convertidas
agora em propriedades privadas. Essa mão de obra foi submetida a condições laborais
insalubres e jornadas exaustivas. O trabalho nas fábricas era realizado sem nenhum tipo
de proteção contra doenças ou acidentes, sem salário fixo nem garantia de emprego,
configurando um novo e terrível quadro social de exploração e desigualdade, cada vez
mais afastado dos ideais iluministas que antecederam a sociedade capitalista.
A pobreza gerada pela
Revolução Industrial e
suas consequências foram
retratadas em muitas obras
de arte ao longo do século
XIX. Ao lado, a rua Dudley,
em Londres, ilustrada por
Gustave Doré em 1872.
Filme
Os miseráveis
Reino Unido, 2012.
Direção: Tom Hooper.
Duração: 158 min.
A obra se baseia no musi-
cal de mesmo nome, de
Alain Boublil, Claude-Mi-
chel Schönberg e Herbert
Kretzmer, que por sua vez
é inspirado no romance es-
crito por Victor Hugo. Na
Europa do século XIX, um
ex-presidiário é vítima da
perseguição de um policial.
O filme retrata a situação
social vivida pela classe
operária no século XIX.
reprodução
coleção
PaRtIculaR
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  • 3. Afrânio Silva Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor do Colégio Pedro II e da Seeduc. Pesquisador do Ibam. Bruno Loureiro Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor de Sociologia da rede pública e de escolas particulares do Rio de Janeiro. Cassia Miranda Mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Professora de Sociologia da rede pública do Rio de Janeiro. Fátima Ferreira Doutora em Educação pela Universidade Estácio de Sá. Professora e chefe do Departamento de Sociologia do Colégio Pedro II. Lier Pires Ferreira Doutor em Direito (Direito Internacional e Integração Econômica) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Professor de Sociologia do Colégio Pedro II. Professor adjunto do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro da Universidade Candido Mendes. Marcela M. Serrano Mestre em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Professora do Ensino Básico Técnico e Tecnológico. Marcelo Araújo Mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor de Sociologia do Colégio Pedro II. Marcelo Costa Mestre em Sociologia (Antropologia) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor de Sociologia do Colégio Pedro II. Martha Nogueira Mestre em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Professora de Sociologia do Colégio Pedro II. Otair Fernandes de Oliveira Doutor em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Paula Menezes Mestre em Sociologia (Antropologia) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professora de Sociologia do Colégio Pedro II. Raphael M. C. Corrêa Mestre em Planejamento Urbano e Regional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor de Sociologia do Colégio Pedro II. Rodrigo Pain Doutor em Ciências pelo Curso de Pós-graduação em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade (Estudos Internacionais Comparados) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Professor da rede pública do Rio de Janeiro. Rogério Lima Doutor em Ciências Humanas (Sociologia) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor de Sociologia do Colégio Pedro II. Professor do Instituto de Aplicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Tatiana Bukowitz Mestre em Sociologia pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro da Universidade Candido Mendes. Professora de Sociologia do Colégio Pedro II. Thiago Esteves Mestre em Ciências pelo Curso de Pós-Graduação em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Professor do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet/RJ). Vinicius Mayo Pires Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor de Sociologia da rede pública e de escolas particulares do Rio de Janeiro. Componente curricular: soCiologia 1o , 2o e 3o anos Ensino Médio Sociologia em movimento 2a edição São Paulo, 2016 MANUAL DO PROFESSOR
  • 4. 1 3 5 7 9 10 8 6 4 2 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados EDITORA MODERNA LTDA. Rua Padre Adelino, 758 - Belenzinho São Paulo - SP - Brasil - CEP 03303-904 Vendas e Atendimento: Tel. (0_ _11) 2602-5510 Fax (0_ _11) 2790-1501 www.moderna.com.br 2016 Impresso no Brasil Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP , Brasil) Sociologia em movimento. — 2. ed. — São Paulo : Moderna, 2016. Vários autores. Obra em volume único. “Componente curricular: Sociologia” . Bibliografia. 1. Sociologia (Ensino médio). 16-01980 CDD-301 Índices para catálogo sistemático: 1. Sociologia : Ensino médio 301 Coordenação editorial: Fernando Carlo Vedovate Edição de texto: Izabel Perez, Triolet Editorial Assistência editorial: André dos Santos Araújo Preparação de texto: Triolet Editorial Gerência de design e produção gráfica: Sandra Botelho de Carvalho Homma Coordenação de produção: Everson de Paula, Triolet Editorial Suporte administrativo editorial: Maria de Lourdes Rodrigues (coord.) Coordenação de design e projetos visuais: Marta Cerqueira Leite Projeto gráfico: Mariza de Souza Porto Capa: Douglas Rodrigues José Foto: Woods Wheatcroft/Getty Images Coordenação de arte: Wilson Gazzoni Agostinho Edição de arte: Daniele Fátima Oliveira, Triolet Editorial Editoração eletrônica: Triolet Editorial Coordenação de revisão: Adriana Bairrada, Triolet Editorial Revisão: Triolet Editorial Pesquisa iconográfica: Triolet Editorial Coordenação de bureau: Américo Jesus Tratamento de imagens: Triolet Editorial Pré-impressão: Alexandre Petreca, Everton L. de Oliveira, Helio P . de Souza Filho, Marcio H. Kamoto, Vitória Sousa Coordenação de produção industrial: Viviane Pavani Impressão e acabamento:
  • 5. Apresentação Caros alunos, ÉpossívelquealgunsdevocêsjátenhamentradoemcontatocomaSociologia,quernas aulasdeCiênciasSociaisnoEnsinoFundamental,queremartigosderevistasouprogramas de televisão. Outros, porém, talvez jamais tenham tido essa oportunidade até agora, mo- mento em que chegam ao Ensino Médio. O que é Sociologia? O que faz um sociólogo? Para queserveessecampodeestudosdasCiênciasHumanas?Eisaquialgumasdasinquietações e provocações que nós, professores, estamos acostumados a ouvir. O livro que agora você tem nas mãos pretende, mais do que oferecer respostas prontas, servir como instrumento para que juntos possamos formular as questões importantes para nossa sociedade atual e estabelecer os critérios para criar soluções possíveis, sempre amparados pelo campo científico das Ciências Sociais. Demodogeral,gostaríamosqueestelivrocontribuísseparaampliaroshorizontesdasua experiênciasobreosmaisvariadosfenômenossociais,apartirdocontatocomnovasformas decompreensãoeapropriaçãodarealidade.ASociologiaofereceferramentasimportantes para entender que a maior parte daquilo que fazemos e dos problemas com os quais lida- mos não são determinados pela natureza, mas são hábitos, costumes e crenças histórica e socialmente construídos. Assim, fazemos parte da natureza, somos influenciados por ela, mas ao mesmo tempo nos apropriamos dela e a transformamos; nossa vida cotidiana não é orientada apenas por necessidades biológicas (ingestão de proteínas, por exemplo), mas por necessidades socialmente construídas (comer um prato com arroz, feijão, bife e batata frita),poisdefinimosdiferentesmodosdesatisfazê-las(ouabrirmãodesatisfazê-las,como quando alguém entra em greve de fome por uma causa na qual acredita). Uma característica importante deste livro é ter sido escrito por mãos calejadas pela prática docente. Nos capítulos que seguem, os temas e as discussões propostas procuram combinarodebateacumuladopelaSociologiaaolongodesuahistóriaenquantodisciplina com as inquietações e demandas atuais de jovens que, como você, sentem-se provocados pelas questões e transformações sociais com as quais todos temos que lidar. Enfim,esperamosqueostextos,asatividades,oslivros,osfilmes,ossites,osaplicativose osjogospropostospermitamfundamentarsuacuriosidadecomoscritérioseargumentosda Sociologiaetornepossíveleprazerosooexercíciodeseapropriarsociologicamentedavida. Boa leitura!
  • 6. Organização do livro .................. .................. .................. .................. Questão motivadora É possível eximir a sociedade da responsabilidade sobre as ações dos jovens em situações tão diversas quanto o envolvimento com o crime e o mérito escolar? c a p í t U l o 2 A Sociologia e a relação entre o indivíduo e a sociedade Ao final deste capítulo, você será capaz de: • Compreender a relação entre indivíduo e sociedade como uma questão central para o desenvolvimento da teoria sociológica. • Relacionar o protagonismo do indivíduo ou da sociedade com as teorias fundamentais da Sociologia clássica. • Reconhecer a Sociologia contemporânea como um esforço para eliminar a dualidade entre indivíduo e sociedade na análise dos fenômenos sociais. Crianças em escola em Mingora, no Paquistão, em 2013. As situações sociais adversas criam dificuldades para a educação e podem alterar a trajetória de vida das pessoas. Mas o esforço dos indivíduos e da comunidade também tem sua influência. Os critérios de inclusão e exclusão são histórica e socialmente construídos e revelam as contradições entre interesses dos diferentes grupos que formam uma sociedade. Jovens brincam no quintal de uma instituição correcional de menores próximo ao vilarejo de Boychinovtsi, na Bulgária, em 2015. NIKOLAY DOYCHINOV/AFP A MAJEED/AFP 39 38 Este livro é um curso de Sociologia em volume único, dividido em 6 unidades, com um total de 15 capítulos, para alunos do Ensino Médio. Abertura de capítulo Relaciona os objetivos do capítulo e propõe a Questão motivadora, um ponto de partida que alerta para temas e conceitos do capítulo. Abertura de unidade Apresenta o tema da unidade e uma lista dos capítulos que a compõem.
  • 7. Saiba mais Introduz informações complementares importantes para compreender a abrangência do tema do capítulo. Considerações sociológicas Esta seção esmiúça um tema vinculado ao capítulo para revelar os diferentes pontos de vista com base nos temas estudados. Cronologia No início de cada capítulo, uma linha do tempo traz datas marcantes e fatos históricos pertinentes ao tema desenvolvido. No Brasil, apesar dos avanços legais que criminalizaram diferentes formas de discri- minação, ainda são numerosos os episódios de atitudes preconceituosas. A reincidência dessas atitudes produz, em indivíduos e grupos sociais, a consolidação de estigmas, que podem resultar em situações de violência extrema. Saiba mais Apartheid – exemplo de segregação O apartheidfoi a política oficial de segregação racial da África do Sul. Para seus formuladores, tratava-se de desenvolvimento separado dos colonizadores europeus e da população negra nativa. Apesar de já contar com uma legislação segregacionista que criava áreas restritas para negros e brancos e proibia relações afetivas inter- -raciais desde o começo do século XX, somente a partir de 1948, com a vitória do Partido Nacional Africâner (formado por descendentes dos colonizadores holan- deses que desenvolveram na África do Sul uma cultura específica, com idioma e hábitos próprios), houve a institucionalização do apartheidcomo projeto nacional. Para sua implantação, um conjunto de atos jurídicos legalizou o racismo e promoveu a segregação racial no país. As primeiras leis do apartheid foram o Mixed MarriageAct(Lei do Casamento Misto), de 1949, e o Im- moralityAct(Lei da Imoralidade), de 1950, que proibiam casamentos e relações sexuais e afetivas inter-raciais. O GroupAreasAct(Lei das Áreas de Grupos),instituí- do também em 1950, designava os locais de residência e de trabalho nas cidades de acordo com a raça de seus habitantes, e foi o fundamento do sistema de apar- theid urbano. A lei impedia que não brancos vivessem em certas cidades ou bairros e trabalhassem em áreas economicamente mais viáveis. Em1953,ogovernodecretouoReservationofSeparate AmenitiesAct(LeidaConservaçãodeDiversõesSeparadas) e instituiu a separação espacial das categorias raciais em relação ao lazer. Espaços públicos, como praias, piscinas, banheiros,teatros,cinemas,ginásiosdeesportes,alémde meiosdetransporteebibliotecas,passaramaserrestritos de acordo com as categorias raciais estabelecidas pela Lei de Registro da População (Population Registration Act), que dividia a população em grupos “raciais”: white (brancos),coloured(mestiçoseindianos)enative(negros). O regime segregacionista sul-africano terminou em 1994, com a eleição de Nelson Mandela, o princi- pal líder da resistência ao apartheid na África do Sul. Mandela esteve preso de agosto de 1962 a fevereiro de 1990 e, ao ser libertado aos 72 anos – em virtude das pressões políticas e sociais exercidas sobre o regime sul-africano por países de todo o mundo –, continuou a luta contra a segregação sofrida pelos negros em seu país. Foi presidente da África do Sul de 1994 a 1999 e comandou a transição do regime do apartheid para uma África do Sul democrática e multirracial. Na atualidade, apesar do fim do regime de segregação, a crise econômica e a desigualdade social fazem com que a maior parte da população (da qual os negros são maioria absoluta) ainda viva em condições de pobreza e miséria. Dados do relatório da ONU O estado das ci- dadesdomundo2010 colocam as cidades sul-africanas Johanesburgo, Ekurhulen e Buffalo City como algumas das cidades mais desiguais do mundo. Mulher negra limpa banheiro público de Johanesburgo, em 1985, reservado para brancos. Homem exibe jornal que anuncia a libertação de Nelson Mandela em 11 de fevereiro de 1990. Campanha para a eleição de Nelson Mandela à presidência da África do Sul em 1994. BERNARD BISSON/SYGMA/CORBIS/LATINSTOCK TREVOR SAMSON/AFP PETER TURNLEY/CORBIS/LATINSTOCK 117 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Considerações sociológicas Uma breve radiografia da terceirização no Brasil As pesquisas mais recentes sobre terceiriza- ção, em várias regiões do Brasil, têm chegado, invariavelmente, aos mesmos resultados, confir- mando uma epidemia sem controle. Conforme observado por Druck e Franco (2007), nos anos 2000, a terceirização cresceu em todas as direções, destacadamente no setor público e nas empresas estatais. No caso do setor privado, atingiu as áreas nucleares das empresas e passou a usar novas modalidades, a exemplo das cooperativas, das empresas pejotizadas e do trabalho em domicílio, também chamado de tele- trabalho. Os diversos setores pesquisados nestes anos, como bancários, telemarketing, petroquími- co, petroleiro, além das empresas estatais e priva- tizadas de energia elétrica, comunicações, assim como nos serviços públicos de saúde, revelam, além do crescimento da terceirização, as múlti- plas formas de precarização dos trabalhadores terceirizados em todas estas atividades: nos tipos de contrato, na remuneração, nas condições de trabalho e de saúde e na representação sindical. É sabido que não há estatísticas precisas sobre a terceirização no Brasil, dada a dificuldade de captá-las junto às empresas, mas o Dieese, através da PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego), es- timou, para as principais regiões metropolitanas, que, em 2009, 11,6% dos empregados urbanos eram subcontratados em serviços terceirizados e autônomos que trabalhavam para empresas. Em estudo mais recente (Dieese-CUT, 2011) registrava que em 2010 os setores “tipicamente terceirizados” correspondiam a 25,5% dos empre- gos formais no Brasil. Nesse mesmo estudo, um conjunto de indicadores revela as desigualdades entre trabalhadores terceirizados e os demais, pois a remuneração dos empregados em setores tipicamente terceirizados é 27,1% menor do que a dos demais empregados; a jornada de traba- lho é de três horas a mais para os terceirizados; o tempo de permanência no emprego é 55,5% menor do que o dos demais empregados; e a taxa de rotatividade nas empresas tipicamente terceirizadas é de 44,9%, enquanto nas demais empresas é de 22,0%. Para o estado de São Paulo, Pochmann (2012) mostra a evolução do número de trabalhadores formais em atividades tipicamente terceirizáveis, que salta de 110 mil em 1995 para mais de 700 mil em 2010. No período 1996-2010, o crescimento médio anual do emprego formal terceirizado foi de 13,1% ao ano e de 12,4% o aumento médio anual do número de empresas. [...] ANTUNES, Ricardo; DRUCK, Graça. A terceirização como regra? Revista do Tribunal Superior do Trabalho, Brasília, v. 79, n. 4, p. 222, out./dez. 2013. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), os terceirizados estão mais sujeitos a acidentes por terem piores condições de trabalho; trabalham, em média, três horas a mais por semana, recebem menores salários e têm menos direitos trabalhistas em relação aos trabalhadores contratados diretamente pelas empresas. São Paulo (SP, 2015). MARCIO RIBEIRO/BRAZIL PHOTO PRESS/FOLHAPRESS 228 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
  • 8. Organização do livro Octavio Ianni Nasceu em 1926 na cidade de Itu, interior de São Paulo. Graduou- -se em Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (USP) em 1954; depois, cursou mestrado sob orientação de Florestan Fernandes. Em 1961, recebeu o título de doutor, também pela USP, com a tese O negro na sociedade de castas. Foi professor da referida universidade, aposentando-se em 1969 durante o regime militar. Suas pesquisas concentram-se nas áreas de ra- ça, Estado, América Latina, revoluções e classes. Na análise de Octavio Ianni, os escravoslibertos foram incorporados à sociedade de classes como mão de obra subalterna. JOSÉ SABINO/ FOLHAPRESS Quem escreveu sobre isso Outroaspectodadesigualdadesofridapelapopulaçãonegrasãooscasosdediscriminação e violência dos quais são vítimas. O Mapa da violência de 2014 (disponível em <http://www. mapadaviolencia.org.br/pdf2014/Mapa2014_JovensBrasil_Preliminar.pdf>, acesso em 3 mar. 2016),apresentadadosalarmantes.Osjovensnegrosconstituemamaioriadasvítimasdeho- micídio. Entre 2002 e 2012, enquanto a taxa de brancos assassinados caiu de 19.846 em 2002 para 14.928, o número de negros mortos subiu de 29.656 para 41.127 no mesmo período. De acordo com o coordenador da pesquisa, o sociólogo Julio Waiselfisz (1941-), os dados indicam ocaráterseletivodasmortes.UmapesquisadaUniversidadedeSãoCarlosdivulgadaem2014 demonstrou que 58% das mortes provocadas por policiaisno estado de São Paulo têm como alvo a população negra, que, por sua vez, corresponde a apenas 34% da população do estado. No que se refere à juventude negra, outro dado importante são as diferenças no aces- so à educação. Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2011, detalhados no gráfico abaixo e abrangendo a população de 18 a 24 anos de idade, demonstram que os jovens negros entre 18 e 24 anos possuem inserção escolar desigual em relação à população branca. Isso se explica pelas dificuldades encontradas pela po- pulação negra de entrar e permanecer na escola. Ainda que se tenha observado melhora nos índices relacionados à juventude negra, quando comparados com os da juventude branca, verifica-se que eles são muito inferiores. Essa inserção desigual tem consequên- cias, por exemplo, no mercado de trabalho. Os dados da Pnad de 2012 indicaram que, dos trabalhadores desempregados, 59,9% eram negros, um aumento em relação ao ano anterior, cujo percentual era de 57,6%. Na Pnad seguinte, esse índice subiu para 60,6%. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) é realizada pelo IBGE e tem como objetivo obter informações anuais sobre os aspectos socioeconômicos e demográficos da população brasileira. Por ter propósitos múltiplos, investiga diversas características socioeconômicas: educação, trabalho, rendimento, habitação, fecundidade, saúde, entre outras. Outros temas podem ser incluídos na pesquisa de acordo com as necessidades de informação do país. 11,9 34,3 14,2 39,6 24,1 4,5 5,7 65,7 43,9 32,2 13,7 10,2 11,8 7,2 35,8 45,2 2001 (1) Branca Preta ou parda 2011 2001 (1) 2011 Fundamental regular Médio regular Outros (2) Superior (3) Desigualdade entre os jovens (1) Exclusive a população rural de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá. (2) Pré-vestibular, supletivo e alfabetização de adultos. (3) Inclusive graduação, mestrado ou doutorado. Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2001/2011. ANDERSON DE ANDRADE PIMENTEL JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2009. Carolina Maria de Jesus foi uma catadora de papel e moradora da favela do Canindé (São Paulo, SP) na década de 1950. Com os pedaços de papel que encontrava no lixo e um velho caderno, escreveu suas anotações relatando o cotidiano de sua realida- de de dificuldades com os três filhos, os sonhos e as tensões sociais por ela vivi- das. A obra, que permanece atual em todos os seus as- pectos, foi traduzida em 13 idiomas, tornando-se um best-seller internacional. Livro 244 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Interfaces Perspectivas Pode-se dizer que o maior objetivo do ensino de Sociologia na Educação Básica seria a contribuição para o desenvolvimento, por parte dos alunos, de um novo olhar sobre a realidade social. Nesse sentido, deve-se partir do pressuposto de que o olhar sociológico e a forma de se produzir conhecimento com base nesse olhar admitem diferentes perspectivas, abordagens distintas que buscam explicações e interpretações para um mesmo fenômeno social. Assim, a aquisição de um suporte teórico e metodológico e o desenvolvimento de uma sensibilidade e de um interesse especial com questões que envolvem a vida em sociedade são também fundamentais para que se possa exercitar o estranhamento em relação aos fenômenos sociais e sua desnaturalização, permitindo o desenvolvimento e o reconhecimento de novas maneiras de olhar e interpretar a realidade. Como forma de aprofundar a reflexão para a compreensão da Sociologia como ciência e como disciplina escolar, propomos uma atividade que possa envolver as disciplinas de Sociologia, Desenho Geométrico, Arte e Física em torno da ideia de perspectiva. A palavra perspectiva possui diferentes significados. Pode-se falar em perspectiva com relação à representação de figuras tridimensionais sobre uma superfície plana, causando impressões de profundidade, espessura etc. Pode-se também abordar a perspectiva como ponto de vista sobre determinada situação ou realidade a ser analisada. É possível ainda ver a perspectiva com referência ao futuro, quando se projeta algo que poderá vir a acontecer com base em dada realidade. Em todas essas acepções, fica clara a importância da noção de representação e de olhar. O Desenho Geométrico evidencia formas de construção gráficas que produzem ilusões de ótica. A Física compreende que a ilusão de ótica demonstra como funciona o sistema visual humano. A Arte, por sua vez, apropria-se dessa possibilidade para apresentar como “realidade visual” mundos lógica e fisicamente impossíveis, assim como para produzir o efeito de realidade ilustrando realidades tridimensionais em telas planas. A ilusão de ótica revela que a percepção que temos do mundo é, em grande medida, produzida por nós mesmos. Devemos gerar essa consciência também em re- lação à realidade social, por meio das diferentes perspectivas sociológicas. Desenho Geométrico, Arte e Física Diante dessas reflexões, propomos trabalhar com os diferentes signi- ficados de perspectiva por meio da análise de algumas obras do artista gráfico holandês M. C. Escher.Veja a imagem representada em Relati- vidade, de 1953, e tente determinar qual foi o ponto de vista adotado pelo artista nessa tela. Qual é a experiência espacial das figuras representadas na pintura? Qual é a experiência do admirador da obra? E qual é o estranhamento que cada ponto de vista produz? Atividade O uso da perspectiva realizado por Escher em Relatividade, de 1953, convida a uma reflexão sobre o tema, que pode ser trabalhado em diversas disciplinas. ESCHER FOUNDATION/FINE ART IMAGES 56 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Direito e sociedade Atividade Forme um grupo com os colegas de turma e, após uma programação inicial, realize uma pesquisa com trabalhadoras domésticas. 1. Procure identificar se a legislação em vigor é cumprida pelos seus empregadores. 2. Verifique se na percepção das domésticas a lei modificou efetivamente suas condições de trabalho. 3. Peça que façam uma comparação entre a situação anterior e a atual. PEC das domésticas A extensão dos direitos trabalhistas para os traba- lhadores domésticos, consolidada na Lei Complemen- tar 150 de 1o de junho de 2015, gerou inúmeras contro- vérsias na sociedade brasileira. De um lado, estavam os que tinham sido contrários à lei, argumentando que se criaria uma situação insustentável do ponto de vista econômico, pois oneraria a classe média e poderia levar ao desemprego da categoria. De outro, houve os que defenderam sua aprovação afirmando que a lei fora resultado de décadas de uma lutapelaregulamentaçãoformaldacategoria.Em2013, o sociólogo Joaze B. Costa, da Universidade de Brasília, foi contundente ao classificar os opositores da lei como produtores de um discurso “eticamente insustentável, encharcado de herançaescravagista, baseado na explo- ração principalmente de mulheres negras”. Para muitos, o debate é resultado de décadas de luta para que os trabalhadores domésticos fossem equiparados aos demais trabalhadores. Esquecida pelas leis trabalhistas da década de 1940, a catego- ria, constituída em sua imensa maioria de mulheres negras, não pode ter sua trajetória desvinculada da questão racial no Brasil. Em muitos casos, a função é uma derivação direta das tarefas exercidas pelos negros no período anterior à abolição. A função de propriedade do patrão é destacada por Creuza Maria de Oliveira, presidente da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas em 2012. “Se você pega um jornal, vê: precisa-se de empregada que não es- tude e que durma no emprego. É um objeto na casa do empregador”, diz ela. De acordo com Joaze B. Costa, “o Brasil não pode submeter trabalhadores domésticos a um tratamento desigual, com privação de direitos, para garantir o conforto da classe média”. No entanto, ele chama a atenção para o fato de que a legislação é apenas um caminho na construção de uma nova representação das trabalhadoras e trabalhadores dessa categoria. Passados alguns anos, cabe avaliar. Será que somos capazes de perceber a vinculação entre a situação das domésticas e as questões de gênero e raça que marcam a desigualdade social no Brasil? Até que ponto temos sido capazes de construir um novo olhar sobre o traba- lho doméstico no Brasil? Ou a luta apenas começou? Trabalhadoras domésticas comemoram a ampliação de seus direitos. Na imagem, cena do filme Que horas ela volta?, que retrata a relação entre empregadas domésticas e patrões. OSCILLOSCOPE LABORATORIES/EVERETT COLLECTION/EASYPIX 251 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Interfaces Explicita a relação dos temas trabalhados nos capítulos com as demais áreas do conhecimento, em especial com as Ciências Humanas, favorecendo a interdisciplinaridade e a busca por solução de problemas práticos do cotidiano dos estudantes. Glossário Pequenas inserções criadas para esclarecer alguns termos e conceitos que aparecem ao longo do capítulo. Direito e sociedade Apresenta leis que regulamentam a questão social estudada no capítulo, demonstrando a importância da ordenação jurídica para a organização da sociedade.
  • 9. Quem escreveu sobre isso Apresentação de alguns pensadores cujas ideias foram discutidas porque criaram novas formas de entender as questões sociais abordadas no capítulo. Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Atividades Reflexão e revisão Questão 1 Ao longo deste capítulo, discutimos as diferentes faces do processo de socialização e de controle so- cial. Vimos algumas análises sociológicas sobre o tema e de que maneira elas nos ajudam a com- preender a realidade social e o modo como os in- divíduos e grupos agem na sociedade. Tendo por base os conteúdos estudados, responda às per- guntas a seguir. 1. Em que consiste o processo de socialização e quais tipos de socialização podem ser identifi- cados? 2. Explique a diferença entre grupos e instituições sociais. 3. De que modo o controle social permite estabele- cer uma previsibilidade no comportamento dos indivíduos e grupos sociais? 4. Analise o impacto das tecnologias da informa- ção nos processos de socialização e de interação social atualmente. Questão 2 “Segundo a Subsecretaria de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, dos estados com o maior número de jovens em cumprimento de medidas socioeducativas de privação de liberdade, destaca-se o estado de São Paulo, um total de 7.069 jovens internos (50% das internações no Brasil) […] Nos úl- timos dez anos, avalia-se que as reformas no sistema socioeducativo no estado de São Paulo permitiram o aumento dos encarceramentos de jovens, não em decorrência do aumento da cri- minalidade, mas sim em virtude da construção de instituições destinadas à punição e também pela implementação de medidas socioeducati- vas em meio aberto.” TEIXEIRA, Joana D’Arc. Punição e controle social da juventude: políticas contrárias aos direitos humanos. Anais do Encontro Fazendo Gênero. Florianópolis, 2008. A vida de muitos jovens brasileiros, em particular os de classes populares urbanas, é marcada pelo encarceramento e por uma sociabilidade violenta, em que a força se torna o princípio organizador das relações sociais. Com base nos conceitos de sociali- zação e controle social, pode-se dizer que (marque a opção correta): Exames de seleção Questão 1 (Enem, 2013) A escravidão não há de ser suprimida no Brasil por uma guerra civil, muito menos por insurreições ou atentados locais. Não deve sê- -lo, tampouco, por uma guerra civil, como o foi nos Estados Unidos. Ela poderia desaparecer, talvez, depois de uma revolução, como acon- teceu na França, sendo essa revolução obra exclusiva da população livre. É no Parlamento e não em fazendas ou Quilombos do interior, nem nas ruas e praças das cidades que se há de ganhar, ou perder, a causa da liberdade. Nabuco, J. O abolicionismo (1883). Rio de Janeiro: Nova Fronteira; São Paulo: Publifolha, 2000 (adaptado). No texto, Joaquim Nabuco defende um projeto polí- tico sobre como deveria ocorrer o fim da escravidão no Brasil, no qual a) copiava o modelo haitiano de emancipação negra. b) incentivava a conquista de alforrias por meio de ações judiciais. c) optava pela via legalista de libertação. d) priorizava a negociação em torno das indeniza- ções aos senhores. e) antecipava a libertação paternalista dos cativos. Questão 2 (Enem, 2013) A charge revela uma crítica aos meios de comuni- cação, em especial à internet, porque a) Muitos desses jovens vivem em ambientes vio- lentos e, portanto, agem de maneira violenta, ameaçando a convivência social. Cabe ao Es- tado restabelecer a ordem social, com o uso de prisões. b) O aumento da taxa de jovens encarcerados in- dica, por um lado, problemas no processo de so- cialização dos jovens que não são integrados às normas sociais vigentes e, por outro, uma tenta- tiva do Estado de utilizar a punição como modo de controle social diante dos problemas relacio- nados à formação social da juventude. c) O cárcere representa uma forma de controle so- cial do crime, em que o Estado atua como agente de proteção dos demais membros da sociedade. d) O cárcere substitui a escola para muitos desses jovens, sendo, portanto, uma instituição que transmite um conjunto de regras que podem ajudar a recuperar jovens criminosos. Questões para debate Questão 1 Observe a imagem e responda: qual é a importância das atividades lúdicas das crianças no processo de socialização? De que modo essas atividades auxi- liam na preparação para o exercício do papel social? Questão 2 Tomemos como objeto de estudo as relações amo- rosas na atualidade: a expressão “ficar”, surgida es- pontaneamente nas dinâmicas relacionais juvenis, representativa de um comportamento de experi- mentação afetiva descompromissada e superficial, generalizou-se de tal modo que passa a ser modelo de um comportamento considerado normal e até desejável entre adolescentes e jovens. Diante dessa consideração, podemos identificar o “ficar” como instituição social? a) questiona a integração das pessoas nas redes vir- tuais de relacionamento. b) considera as relações sociais como menos impor- tantes que as virtuais. c) enaltece a pretensão do homem de estar em todos os lugares ao mesmo tempo. d) descreve com precisão as sociedades humanas no mundo globalizado. E concebe a rede de computa- dores como o espaço mais eficaz para a construção de relações sociais. e) concebe a rede de computadores como o espaço mais eficaz para a construção de relações sociais. Questão para pesquisa “Nos últimos anos, e de forma cada vez mais intensa, podemos observar que os jovens vêm lançando mão da dimensão simbólica como a principal e mais visível forma de comunicação, expressa nos comportamentos e atitudes pelos quais se posicionam diante de si mesmos e da sociedade. É possível constatar esse fenômeno nas ruas, nas escolas ou nos espaços de agre- gação juvenil, onde os jovens se reúnem em torno de diferentes expressões culturais, como a música, a dança, o teatro, entre outras, e tor- nam visíveis, através do corpo, das roupas e de comportamentos próprios, as diferentes formas de se expressar e de se colocar diante do mundo. O mundo da cultura aparece como um espaço privilegiadodepráticas,representações,símbolos e rituais no qual os jovens buscam demarcar uma identidade juvenil. Longe dos olhares dos pais, professores ou patrões, assumem um papel de protagonistas, atuando de alguma forma sobre o seu meio, construindo um determinado olhar sobre si mesmos e sobre o mundo que os cerca. Nesse contexto, a música é a atividade que mais os envolve e os mobiliza. Muitos deles deixam de ser simples fruidores e passam também a ser produtores, formando grupos musicais das mais diversastendências,compondo,apresentando-se em festas e eventos, criando novas formas de mobilizar os recursos culturais da sociedade atual além da lógica estreita do mercado.” DAYRELL, Juarez. O rap e o funk na socialização da juventude. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 28, n. 1, jan./jun. 2002. Disponível em: <www. scielo. br/pdf/ep/v28n1/11660.pdf>. Acesso em: ago. 2015. Em grupo, pesquisem quais são as maneiras de so- cialização na cidade onde moram. Avaliem o pa- pel da música na socialização dos jovens de hoje. Comparem com as gerações de seus pais e apre- sentem um painel apontando semelhanças e dife- renças entre essas formas de socialização. MARTYNOVA ANNA/SHUTTERSTOCK ALEXANDRE AFFONSO 107 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 106 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Antropologia Interpretativa: o primado dos significados A Antropologia Interpretativa – também chamada Antropologia Hermenêutica ou Simbólica– confere à históriapapeldiferenciado.Nessaperspectiva,a culturaé um sistema simbólico, uma complexa “teia de significados” tecida pelos próprios seres humanos e da qual estes não podem se libertar. Seu principal representante é o antropólogo estadunidense Clifford Geertz, cujas bases teóricas estão na Sociologia Compreensiva de Max Weber. Para Geertz, o comportamento humano é sempre simbólico, dependente de como os indivíduos percebem a si próprios e das ações que resultam dessa percepção. Essa corrente permite, por exemplo, compreender o comportamento esperado de um torcedor no estádio de futebol no meio de sua torcida. Nesse ambiente, espera-se que ele, assim como os demais, vibre, grite e torça de modo entusiasmado a cada ataque de seu time. A forma de torcer representa um conjunto de símbolos com significados compartilhados entre indivíduos de um mesmo grupo social. Para o Estruturalismo, as relações de parentesco são uma das formas de compreender as relações em um sistema cultural. Todas as sociedades conhecidas estabelecem regras para casamentos possíveis e proibidos entre seus membros. ANDERSON DE ANDRADE PIMENTEL Relações de parentesco Claude Lévi-Strauss Claude Lévi-Strauss (1908-2009) é considerado o criador da Antropologia Estrutural. Iniciou seus estudos sobre os indígenas brasileiros quando foi professor da Universidade de São Paulo (USP), nos anos 1930. Em suas obras, pro- põe a busca pelo entendimento das estruturas que con- ferem sentido a um sistema cultural. Em contraposição à escola funcionalista, defendeu a etnologia, em lugar da etnografia, como principal método de estudo da cultura. Etnologia Etnologia é a área da Antropologia que estuda os hábitos culturais de diferentes populações com base nos dados obtidos por meio de pesquisa de campo, isto é, pela etnografia. ULF ANDERSEN/GETTY IMAGES Quem escreveu sobre isso Claude Lévi-Strauss, criador da Antropologia Estruturalista. EU MEU MARIDO Meus sogros (Pais do meu marido) Meus cunhados (Irmãos do meu marido) Sobrinhos do meu marido Sobrinhos (Filhos dos meus irmãos) 4o grau Meus irmãos 2o grau LINHA COLATERAL LINHA RETA Meus pais 1o grau Meus tios (Irmãos dos meus pais) 3o grau 1o grau Meus avós 2o grau Meus bisavós 3o grau Meus bisnetos (Filhos dos meus netos) 3o grau 2o grau Meus trinetos (Filhos dos meus bisnetos) 4o grau Filme Brava gente brasileira REPRODUÇÃO Brasil, 2001. Direção: Lúcia Murat. Duração: 104 min. No final do século XVII, o cartógrafo Diogo e alguns soldados se dirigem ao Forte Coimbra, no inte- rior do país. No caminho, deparam-se com um gru- po de mulheres indígenas e as estupram. Diogo é forçado por Pedro, chefe dos soldados, a participar do ato. O filme retrata o choque entre as culturas branca e indígena, além de discutir os conflitos entre Diogo, Pedro e ou- tras personagens. 72 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Atividades Ao final de cada capítulo, esta seção contém questões para pesquisa, debate, reflexão e revisão, além de exames de seleção que permitirão o contato com as questões do Enem e de vestibulares.
  • 10. Organização do livro Moviment Ação O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): o Brasil de direito e o Brasil de fato LUIZ CLÁUDIO MARIGO / OPÇÃO BRASIL IMAGENS 59 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Como vimos nos capítulos 1 e 2, a sociedade é uma realidade singular que transforma seus integrantes e é por eles transformada. Uma das transformações sociais mais importantes se refere ao reconhecimento do indivíduo como ser autônomo, dotado de direitos e deveres, a quem se faz indispensável a garantia de sua dignidade e de seu pleno desenvolvimento. Esse princípio é a preocupação central do pensamento social moderno, com base no qual os au- tores clássicos e contemporâneos da Sociologia refletiram sobre a relação entre o indivíduo e a sociedade. As diferentes legislações mencionadas ao longo de nossa primeira unidade são exemplos de regras sociais criadas que transformam a sociedade e são por ela transformadas. Entretanto, as reflexões desenvolvidas na unidade demonstram que, apesar do protago- nismo do indivíduo, a realidade vivida em diferentes sociedades, inclusive no Brasil, ainda não condiz com nosso ideal moderno de indivíduo. Em nosso país, muitas vezes o ideal de sociedade traduzido na legislação foi chamado “Brasil de direito”, enquanto a realidade do dia a dia, muito distante desse ideal, é chamada “Brasil de fato”. Reconhecer a diferença entre esses dois “Brasis” é um primeiro passo para descobrir suas causas e construir propostas viáveis para a construção de uma sociedade na qual os direitos são realidades de fato. Sabemos, portanto, que a realidade social é um fenômeno humano complexo que permite diversas abordagens. Diferentes áreas do conhecimento e de atuação profissional dedicam- -se a refletir sobre suas mais variadas facetas. Sociólogos, geógrafos, historiadores, filósofos, engenheiros, arquitetos, bacharéis em Direito, militares, ambientalistas, médicos, artistas e pesquisadores de outras tantas disciplinas dedicam-se a estudar cada aspecto de nossa reali- dade, descrever suas transformações e características, diagnosticar seus problemas e elaborar projetos para seu desenvolvimento. Crianças em Freguesia do Andirá, Amazonas, 2011. Os conselhos dos direitos da criança e do adolescente são órgãos deliberativos responsáveis por assegurar a prioridade a crianças e adolescentes. Previstos pelo ECA, eles formulam e acompanham a execução das políticas públicas de atendimento à infância e à adolescência. MovimentAção Ao fim de cada unidade, há uma proposta de “arregaçar as mangas” e dedicar-se a uma atividade que explora experiências vinculadas à política e à cidadania Indicações Esta seção traz informações sucintas sobre filmes, documentários, livros e endereços eletrônicos que dialogam com o tema do capítulo.
  • 11. Sumário do livro 1. Primeiras palavras .................................................................................................................................................................. 64 2. Cultura e vida social ................................................................................................................................................................ 66 3. Escolas antropológicas ........................................................................................................................................................... 68 4. Ideologia e comportamento social ......................................................................................................................................... 75 5. Cultura e ideologia .................................................................................................................................................................. 78 6. Indústria cultural e meios de comunicação de massa ........................................................................................................... 81 Unidade Sociedade e conhecimento: a realidade social como objeto de estudo, 15 1 1. Primeiras palavras................................................................................................................................................................... 18 2. As diferentes formas de conhecimento................................................................................................................................... 19 3. Ciência e senso comum: opostos ou complementares? ......................................................................................................... 22 4. A contribuição da Sociologia para a interpretação da sociedade contemporânea .............................................................. 26 5. Os métodos de análise sociológica da realidade social ......................................................................................................... 28 6. A Sociologia e a interpretação da sociedade do século XXI .................................................................................................... 31 Considerações sociológicas – A produção do conhecimento sociológico .................................................................................34 Direito e sociedade – O ensino da Sociologia na Educação Básica ............................................................................................ 35 Atividades ..................................................................................................................................................................................... 36 A Sociologia e a relação entre o indivíduo e a sociedade, 38 2 capítUlo Produção de conhecimento: uma característica fundamental das sociedades humanas, 16 1 capítUlo 1. Primeiras palavras .................................................................................................................................................................. 40 2. A relação entre indivíduo e sociedade: perspectivas sociológicas clássicas ........................................................................ 42 3. A relação entre indivíduo e sociedade: perspectivas sociológicas contemporâneas ........................................................... 50 Considerações sociológicas – Os dilemas da construção da identidade na era da informação .............................................. 54 Direito e sociedade – Sociologia e direitos individuais ............................................................................................................ 55 Interfaces – Perspectivas ........................................................................................................................................................... 56 Atividades ..................................................................................................................................................................................... 57 MovimentAção – O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): o Brasil de direito e o Brasil de fato ................................... 59 Unidade 2 Cultura e sociedade: cultura, poder e diversidade nas relações cotidianas, 61 Cultura e ideologia, 62 3 capítUlo
  • 12. Sumário do livro 1. Primeiras palavras .................................................................................................................................................................. 90 2. O processo de socialização ..................................................................................................................................................... 90 3. Controle social ......................................................................................................................................................................... 97 Considerações sociológicas – Escola: um lugar de controle ou de aquisição de conhecimento? ......................................... 104 Direitoesociedade – Sociologia e direitos individuais ................................................................................................................... 105 Atividades ................................................................................................................................................................................... 106 Socialização e controle social , 88 4 capítUlo 1. Primeiras palavras ................................................................................................................................................................. 110 2. Preconceito, discriminação e segregação ............................................................................................................................. 110 3. Raça, racismo e etnia: aspectos socioantropológicos .......................................................................................................... 118 4. Multiculturalismo, interculturalidade e ação afirmativa .................................................................................................... 125 Considerações sociológicas – Um debate sobre as cotas raciais ............................................................................................ 129 Direito e sociedade – Ensino de História da África e dos negros no Brasil ............................................................................... 130 Interfaces – Raça e desempenho esportivo: uma falsa polêmica ............................................................................................ 131 Atividades .................................................................................................................................................................................... 132 MovimentAção – Congresso - Diversidade cultural, preconceito e discriminação na escola ................................................ 134 Raça, etnia e multiculturalismo, 108 5 capítUlo 1. Primeiras palavras ................................................................................................................................................................. 138 2. Poder, política e Estado .......................................................................................................................................................... 139 3. As relações de poder na sociedade contemporânea ............................................................................................................ 149 4. Formação do Estado brasileiro ............................................................................................................................................. 158 Considerações sociológicas – O quarto poder ......................................................................................................................... 166 Direito e sociedade – O direito ao voto dos adolescentes: a participação dos jovens na vida política brasileira e a reforma política ..................................................................................................................................................................... 167 Atividades ................................................................................................................................................................................... 168 Unidade 3 Relações de poder e movimentos sociais: a luta pelos direitos na sociedade contemporânea , 135 Poder, política e Estado, 136 6 capítUlo Considerações sociológicas – Novelas brasileiras: alienação ou conscientização na tela? .................................................... 85 Direito e sociedade – O Direito e a promoção da cultura ............................................................................................................ 86 Atividades ..................................................................................................................................................................................... 87
  • 13. Unidade Mundo do trabalho e desigualdade social , 213 4 1. Primeiras palavras ................................................................................................................................................................. 216 2. A questão do trabalho em Marx, Weber e Durkheim ........................................................................................................... 218 3. As experiências de racionalização do trabalho .................................................................................................................... 221 4. Sistemas flexíveis de produção ............................................................................................................................................. 223 5. Trabalho: cenário atual, avanços e retrocessos ................................................................................................................... 225 Considerações sociológicas – Uma breve radiografia da terceirização no Brasil .................................................................. 228 Direitoesociedade – Regulamentação do trabalho .......................................................................................................................... 229 Atividades ................................................................................................................................................................................... 230 Movimentos sociais, 194 8 capítUlo 1. Primeiras palavras ................................................................................................................................................................ 196 2. Movimentos sociais como fenômenos históricos ................................................................................................................... 197 3. Características estruturais dos movimentos sociais ........................................................................................................... 199 4. Movimentos sociais tradicionais e novos movimentos sociais ........................................................................................... 201 Considerações sociológicas – Os movimentos de legalização das drogas: o caso da maconha ........................................... 206 Direito e sociedade – A legislação e os movimentos sociais .................................................................................................... 207 Interfaces – As manifestações veganas e os direitos dos animais ............................................................................................208 Atividades ................................................................................................................................................................................... 209 MovimentAção – A voz do cidadão ............................................................................................................................................. 211 Trabalho e sociedade, 214 9 capítUlo Democracia, cidadania e direitos humanos, 170 7 capítUlo 1. Primeiras palavras ................................................................................................................................................................. 172 2. Democracia ............................................................................................................................................................................. 173 3. Teoria democrática moderna ................................................................................................................................................. 176 4. Teoria democrática contemporânea ..................................................................................................................................... 180 5. Cidadania e direitos humanos ............................................................................................................................................... 184 6. Democracia, cidadania e direitos humanos no Brasil ........................................................................................................... 187 Consideraçõessociológicas – Cidadania formal e cidadania real no Brasil. Para quem são os direitos em nosso país? ........... 190 Direito e sociedade – Programa Nacional de Direitos Humanos .............................................................................................. 191 Atividades .................................................................................................................................................................................... 192
  • 14. Sumário do livro 1. Primeiras palavras ................................................................................................................................................................ 260 2. Capitalismo: um sistema entre crises e desenvolvimento ................................................................................................... 261 3. Abordagens e perspectivas do desenvolvimento .............................................................................................................................. 264 4. O debate sobre desenvolvimento na era da globalização ................................................................................................... 277 Considerações sociológicas – O capitalismo e as novas perspectivas sobre o desenvolvimento na globalização .............. 278 Direito e sociedade – O Banco do Brics e o desenvolvimento .................................................................................................. 279 Atividades ................................................................................................................................................................................... 280 Unidade Globalização e sociedade do século XXI: dilemas e perspectivas, 257 5 Sociologia do Desenvolvimento, 258 11 capítUlo Estratificação e desigualdades sociais, 232 10 capítUlo 1. Primeiras palavras ................................................................................................................................................................ 234 2. Formas de estratificação ....................................................................................................................................................... 236 3. Brasil: a interpretação da pobreza e o cenário de mudanças e permanências socioeconômicas ...................................... 241 Considerações sociológicas – Desigualdade, pobreza e políticas públicas: notas para um debate ...................................... 250 Direito e sociedade – PEC das domésticas ................................................................................................................................. 251 Interfaces – Os subterrâneos do mundo do trabalho ...................................................................................................................252 Atividades ................................................................................................................................................................................... 253 MovimentAção – Festival: música e desigualdade social no Brasil contemporâneo ............................................................. 255 1. Primeiras palavras ................................................................................................................................................................ 284 2. O debate sobre a globalização: um ponto de partida sociológico ....................................................................................... 284 3. O mundo se modifica e um novo debate se inicia ................................................................................................................. 287 4. Integração regional ............................................................................................................................................................... 290 5. Juntando e separando países ................................................................................................................................................ 293 Considerações sociológicas – Um panorama do debate sociológico sobre a globalização ................................................... 298 Direito e sociedade – Convenção 29 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) .......................................................... 299 Interfaces – Tensões sociais expressas no muralismo mexicano de Diego Rivera ..................................................................300 Atividades .................................................................................................................................................................................... 301 MovimentAção – Educação sem fronteiras para o desenvolvimento global .......................................................................... 303 Globalização e integração regional , 282 12 capítUlo
  • 15. 1. Primeiras palavras ................................................................................................................................................................ 308 2. Ordem 3 conflito: duas perspectivas sobre as cidades ....................................................................................................... 309 3. Conflitos urbanos: violência e privatização do espaço público ........................................................................................... 315 4. Administração das cidades e o mercado ............................................................................................................................... 321 Considerações sociológicas – Copa e Olimpíadas: boas ou ruins para a cidade? ................................................................... 324 Direito e sociedade – Moradia: mercadoria restrita ................................................................................................................. 325 Atividades ................................................................................................................................................................................... 326 1. Primeiras palavras ................................................................................................................................................................ 358 2. O contexto histórico da problemática socioambiental ........................................................................................................ 359 3. Sustentabilidade e a produção de alimentos ....................................................................................................................... 364 4. Modernização, transformação social e justiça ambiental .................................................................................................. 373 Considerações sociológicas – A ”economia verde” como estratégia de mercado ................................................................... 381 Direito e sociedade – A legislação ambiental ........................................................................................................................... 382 Interfaces – Parkour: um exercício de direito à cidade .............................................................................................................383 Atividades ................................................................................................................................................................................... 384 MovimentAção – Júri simulado: desocupação do Pinheirinho ................................................................................................ 386 Referências bibliográficas .................................................................................................................................................... 388 Sociedade e espaço urbano, 306 13 capítUlo 1. Primeiras palavras ................................................................................................................................................................ 330 2. Sexo e gênero: entre a construção e a desconstrução ......................................................................................................... 332 3. O patriarcado e seus efeitos .................................................................................................................................................. 335 4. A divisão sexual do trabalho: a mulher entre o público e o privado .................................................................................... 337 5. Interseccionalidades: raça, classe e gênero ......................................................................................................................... 340 6. Identidade de gênero: sua instabilidade .............................................................................................................................. 342 7. Sexualidade(s) em transformação ....................................................................................................................................... 344 8. Movimentos sociais: feminismo(s) e LGBT ........................................................................................................................... 347 Considerações sociológicas – Duas vertentes: o patriarcalismo no pensamento social brasileiro ......................................... 352 Direito e sociedade – Feminicídio passa a ser considerado crime hediondo no Brasil ........................................................... 353 Atividades ................................................................................................................................................................................... 354 Gêneros, sexualidades e identidades, 328 14 capítUlo Unidade AvidanascidadesdoséculoXXI–questõescentraisdeumasociedadeemconstrução,305 6 Sociedade e meio ambiente, 356 15 capítUlo
  • 16.
  • 17. Professor pataxó leciona em escola indígena, na aldeia Boca da Mata, no município de Porto Seguro (BA, 2014). A diversidade das sociedades humanas é caracterizada pela capacidade de todos os grupos sociais produzirem, transmitirem e aprenderem conhecimentos sobre si e a realidade. Sociedade e conhecimento: a realidade social como objeto de estudo 1 U n i d a d e Renato SoaReS/PulSaR ImagenS Capítulo 1 Produção de conhecimento: uma característica fundamental das sociedades humanas, 16 Capítulo 2 A Sociologia e a relação entre o indivíduo e a sociedade, 38 15
  • 18. .................................... .................................... .................................... .................................... Grafite em uma passagem subterrânea de pedestres sob a rua da Consolação, em São Paulo (SP, 2014). Diferentemente da ciência, a arte é uma das formas que as sociedades utilizam para conhecer a realidade. Produção de conhecimento: uma característica fundamental das sociedades humanas 1 C a p í t u l o ErnEsto rEghran/Pulsar ImagEns PiPo Gialluisi Ao final deste capítulo, você será capaz de: • Compreender que a produção de conhecimento é uma característica de todas as sociedades humanas. • Identificar na realidade social os diferentes tipos de conhecimento produzidos pela humanidade. • Utilizar as Ciências Sociais como meio de conhecer a realidade social. 16
  • 19. Estudantes colocam em prática a teoria aprendida nas aulas de Química e Física: com o auxílio da lupa, captam a luz solar para gerar calor e queimar objetos. O conhecimento científico é uma forma de conhecimento, fundamentada na observação e na experimentação sistematizadas. Questão motivadora Como as Ciências Sociais podem colocar em discussão as nossas certezas sobre o mundo? Rafael Ben-aRI/DePoSIt PhotoS/glowImageS 17 Meninos jogando futebol em pequeno campo de futebol flutuante no rio Negro, no município de Tepequém (RR, 2010). Os saberes e as práticas comuns produzidos com base nas relações entre os indivíduos são parte importante do conhecimento social ao qual se dedica a Sociologia.
  • 20. 1 Primeiras palavras Um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado em setembro de 2014, informava que 805 milhões de pessoas passavam fome em todo o mundo. Esse número representava um em cada nove seres humanos que viviam no planeta. A ONU também apontava que a maior parte dos que passavam fome vivia em países em desen- volvimento. Isso nos mostra que, em pleno século XXI, antigos problemas continuam a desafiar a humanidade. Por isso, é cada vez mais importante compreender o mundo e os fenômenos que fazem parte do dia a dia. Para cada problema vivenciado por homens e mulheres em vários lugares da Terra, como a falta de comida ou a distância entre duas cidades, diferentes sociedades encon- traram diferentes soluções. Entretanto, tendo como referência a história ocidental até o final da Idade Média, essa busca por conhecimento e soluções não acontecia em relação às transformações e aos conflitos sociais: os choques entre religiões, os conflitos geracionais, a estrutura familiar e a organização política e econômica, entre outros, eram entendidos como fenômenos naturais ou como resultados da providência divina. Nesses casos, não cabia à humanidade interferir. Uma realidade na qual não se pode intervir não é vivida como um problema, mas como um destino, e um destino não pode ser objeto da ação humana e do conhecimento científico. Somente a partir do século XVIII, por causa das grandes revoluções que ocorreram no período, as sociedades e suas diferentes realidades começaram a ser discutidas e vistas como construções passíveis de serem transformadas pela ação humana. Mais do que isso, essas transformações poderiam ser realizadas considerando objetivos traçados pela própria sociedade, com base em princípios éticos modernos que propunham a liberdade, a igualdade e a fraternidade contra a servidão, a hierarquia e a exploração. O contexto social que mudou o modo como as sociedades ocidentais olhavam para si mesmas e as converteu em objeto da ciência foi um processo sócio-histórico que envolveu três grandes revoluções: uma econômica (Revolução Industrial), uma política (Revolução Francesa) e outra cultural (Iluminismo). Nesse contexto, o conhecimento religioso e filosófico construído ao longo dos séculos foi confrontado com outro modo de compreender a realidade social: o conhecimento científico. Somente então foi possível o surgimento da Sociologia, ciência que objetiva compreender os conflitos, as permanências e as transformações das sociedades contem- porâneas. Em conjunto com a Antropologia e a Ciência Política, a Sociologia constitui o campo do conhecimento denominado Ciências Sociais. René Descartes publica Discurso do método. 1637 1830 Augusto Comte publica Curso de filosofia positiva. 1895 Émile Durkheim publica As regras do método sociológico. 1925 O Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, passa a ser a primeira instituição de ensino a oferecer a disciplina Sociologia em sua grade curricular no Brasil. Max Weber publica A ética protestante e o “espírito” do capitalismo. 1904 1942 A Reforma Capanema retira a obrigatoriedade do ensino de Sociologia nas escolas secundárias. Marx e Engels publicam Manifesto comunista. 1848 É criado o primeiro curso de Sociologia no Brasil, na Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo. 1933 Cronologia www.sociologia. seed.pr.gov.br Acesso em: maio 2016. Site da disciplina de Socio- logia do Portal Dia a Dia Educação, do estado do Pa- raná. Apresenta diferentes documentos e informações sobre o tema. Site 18 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
  • 21. Elasbuscamcompreenderarealidadesocialeproporsoluçõesparaosinúmerosconflitos sociaiscontemporâneos.Aindaque,naprática,adivisãoentreastrêsciênciasnãosejarigorosa, porconvenção,aAntropologiapriorizaosfenômenosculturais,aCiênciaPolítica,asrelações de poder e instituições políticas, e a Sociologia, a análise das relações e estruturas sociais. Neste capítulo, iniciaremos juntos a caminhada para entender como a Sociologia nos permite desnaturalizar nossas certezas e por que o método científico é uma ferramenta indispensável para o sucesso dessa empreitada. 2 As diferentes formas de conhecimento A espécie humana não se limita a sobreviver no mundo. Ela também procura entendê- -lo e modificá-lo de acordo com as diferentes formas como percebe a realidade. Essa busca, que articula a realidade objetiva (como se apresenta aos sentidos) e a realidade subjetiva (tal qual é percebida pelos indivíduos), é a matriz sobre a qual se constrói o que convencionamos chamar conhecimento. Podemos definir o conhecimento como toda compreensão e prática adquiridas, cuja memória e transmissão permitem lidar com as tarefas do dia a dia. Quando uma pessoa age de acordo com sua experiência de vida, expressa uma forma de conhecimento do mundo. Correr a favor do vento e segurar um martelo pelo cabo são habilidades adquiridas com a experiência,umtipodeconhecimentoconstruídonavidacomum.Domesmomodo,quando umcientistaanunciaumadescoberta,tambémapresentaumtipodeconhecimentosobrea realidade. Portanto, podemos afirmar que somos todos capazes de produzir conhecimento, mas existem diferenças de acordo com a forma como esse conhecimento é produzido. Orientado pela experiência e transmitido por gerações, o conhecimento produzido nas sociedades adquire formas tão diversas quanto as próprias sociedades. Pode-se, por exemplo, resolver um problema imediato (como atravessar um rio sem se afogar), res- ponder a uma questão transcendental, isto é, que vai além da nossa existência material (como o sentido da vida e da morte), resolver uma pendência social (como determinar o justo proprietário de uma terra) ou desvendar as estruturas do Universo (de que forma definir a menor partícula que compõe a matéria). É possível tentar explicar as mais diversas questões com base na experiência ou mediante o que se aprende com os pais, na crença em Deus ou em um livro sagrado, em sistemas lógicos de pensamento ou, ainda, em regras e critérios sistemáticos de inves- tigação e de verificação. Desnaturalizar A ideia de desnaturalização ou estranhamento na Sociologia consiste em perceber os fenômenos sociais como construções humanas resultantes de outros fenômenos sociais, não como aspectos imutáveis da natureza. Criada a primeira associação de sociólogos no país, a Associação Profissional dos Sociólogos do Estado do Rio de Janeiro – APSERJ. 1981 1968 É publicado o livro Pedagogia do oprimido, de Paulo Freire, referência para a valorização dos saberes populares na construção do conhecimento. 1996 Sancionada a Lei no 9.394/1996, nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que aponta a necessidade dos conhecimentos de Sociologia na formação dos alunos de Ensino Médio. Sancionada a Lei no 11.684/2008, que torna obrigatória a inclusão da Sociologia como disciplina nas grades curriculares de Ensino Médio em todo o país. 2008 Realizado em São Paulo o I Congresso de Sociologia. Nesse congresso, Florestan Fernandes apresenta o estudo Oensinode Sociologianaescola secundáriabrasileira. 1954 1952 A Organização Internacional do Trabalho reconhece a profissão de sociólogo. 19 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
  • 22. As explicações obtidas com regras e critérios sistemáticos de investigação e de veri- ficação constituem a forma de conhecimento que chamamos de ciência. Pela possibilidade de ser criticada e corrigida, pela flexibilidade para absorver inovações e expandir sua área de atuação, pela eficiência na forma como orienta a intervenção no mundo, pelo caráter plural que permite sua prática em diferentes culturas, a ciência é hoje o modo mais aceito de produção de conhecimento. No entanto, ainda que ela seja importante para a produção material da sociedade, outros conhecimentos produzidos no dia a dia, baseados na prática e na experiência, estão presentes na vida social. As conquistas das lutas políticas e a eficácia dos saberes tradicionais dos povos, assim como diferentes produtos da inteligência coletiva (desenvolvida por meio do trabalho colaborativo e disponibilizada para a sociedade especialmente por meio das novas tecnologias informacionais, como a internet), são exemplos disso. Conhecimento religioso O fato de a ciência ser o meio de produção de conhecimento mais amplamente aceito nas sociedades industrializadas não significa que outros meios tenham desa- parecido. Quando o conhecimento sobre o sentido da vida ou sobre como proceder diante da inevitabilidade da morte é fundamentado na crença em Deus ou em um livro sagrado, ele é chamado conhecimento teológico ou religioso. Remeta à discussão sobre a influência da religião no senso comum brasileiro ao longo da história. Saiba mais No Brasil, 92% da população declara ter religião. Na foto, igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Assis em Ouro Preto (MG, 2015). Religião A religião pode ser entendida como o conjunto de crenças e práticas comuns de uma coletividade, organizado com base em uma ou mais divindades, que determinam os princípios morais desse grupo e suas interpretações do mundo. Cada expressão ou manifestação religiosa se caracteriza por símbolos e rituais específicos. As tradições religiosas mais difundidas na atualidade são o cristianismo, o islamismo, o hinduís- mo, o judaísmo e o budismo. Além dessas, existem milhares de outras manifestações religiosas em todo o mundo. No Brasil, por exemplo, convivem centenas de religiões, que podem ser reunidas em cinco grandes grupos: católicos, evangélicos, espíritas, afro-brasileiros e de outras manifestações religiosas, como o islamismo, o judaísmo, o budismo e o hinduísmo. Estas últimas representam apenas uma pequena parcela das crenças religiosas dos brasileiros. anDRe DIB/PulSaR ImagenS Fonte: IBGE. Censo demográfico 2010: resultados gerais da amostra. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. Grandes grupos de religião no Brasil (em relação à população total) Católica Apostólica Romana Evangélicas Espíritas Umbanda e Candomblé Outras religiosidades Sem religião 64,6% 22,2% 2,1% 0,4% 2,7% 8,0% 20 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
  • 23. Diferentemente da ciência, a religião é um conhecimento sustentado pela crença na existência de uma realidade exterior ao mundo que influencia a percepção e a explicação da realidade social. Seus ensinamentos orientam uma compreensão e uma prática da vida fundamentadas nos princípios religiosos. Conhecimento filosófico A Filosofia também procura explicar a realidade. Mas, diferentemente da fundamen- tação religiosa, que tem como princípio a fé em uma verdade revelada, amparada em um ou mais deuses ou profetas, a Filosofia empreende um esforço para dar sentido racional aos mistérios do mundo com base no questionamento e na reflexão. Ainda que seus resultados não precisem ser comprovados em testes de verificação, eles não podem deixar de obedecer aos princípios da razão. Ao procurar responder a questões como “o que é?”, “como é?” e “por que é?”, em outras palavras, ao buscar a essência, a significação e a origem das coisas, a Filosofia se vale do pensamento racional e da lógica para justificar e sistematizar o conhecimento que produz. Saiba mais Filosofia e Filosofia das Ciências Sociais A Filosofia é uma disciplina acadêmica que está inter-relacionada com diferentes campos do saber, pois trabalha com ques- tões como a natureza do entendimento, da lógica, da linguagem e da causalidade. Essas questões são importantes para diferentes ciências, entre elas a Sociologia. Por esse motivo, existe uma especiali- dadefilosóficachamada Filosofia das Ciên- cias Sociais, que se propõe, entre outras coisas, a questionar os fundamentos da construção teórica, dos métodos de coleta de dados e dos resultados da Sociologia. O questionamento dos fundamentos da ciência promovido pela Filosofia é impor- tante para que a Sociologia continue a se transformar, de maneira que aprimore suas técnicas, renove seu compromisso ético e aperfeiçoe os resultados. Assim, a Filosofia das Ciências Sociais pesquisa os processos de construção de conceitos, a relação entre a teoria e a realidade, o lugar dos valores em sua ar- gumentação, a natureza da ação, o papel da linguagem e as formas para comprovar uma teoria sociológica. Senso comum Compreende o conjunto de saberes e práticas produzidos com base nas experiências concretas das sociedades humanas. É construído pela observação e pelo aprendizado diante dos fenômenos cotidianos. É transmitido socialmente ao longo das gerações, em uma ou mais coletividades. Conhecimento do senso comum Desde que nascemos, apreendemos continuamente informações sobre o mundo. A convivência em sociedade nos transmite o que é essencial para sobrevivermos. Esse conhecimento fundamentado na experiência, ou na experiência que nos é transmitida, é chamado senso comum. É como se a experiência fosse um conjunto de fenômenos sobre os quais não cabe questionamento e que, por esse motivo, se impõe como a base das opiniões, ideias e concepções que acabam por prevalecer em determi- nado contexto social. Segundo o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, o senso comum é o conhecimento vulgar e prático que orienta nossas ações no cotidiano e lhes dá sentido. De fato, na maior parte do tempo, ao tomarmos decisões, não realizamos reflexões elaboradas nem experimentos em laboratório. Apenas agimos de acordo com o que consideramos adequado, com base em nossa experiência no mundo. Quando o céu fica carregado de nuvens negras, não é preciso ser cientista para saber que logo virá uma tempestade. Sabemos disso porque, todas as vezes em que choveu, o céu tinha sido tomado por nuvens escuras. 21 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
  • 24. Pais ensinam filho a andar de bicicleta. A experiência e a transmissão de conhecimentos práticos sobre a vida são características do senso comum. Socióloga entrevista participante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, em 2012: a coleta de dados empíricos é um dos fundamentos das Ciências Sociais. A formação dos indivíduos será discutida com maior profundidade no capítulo 3, no qual é abordado o tema da socialização. Ciência Estudo sistemático e metódico dos diferentes fenômenos naturais ou sociais. É realizado com base na seleção de um objeto de pesquisa, que é então analisado por meio de um conjunto de técnicas de investigação e procedimentos de verificação aprovados coletivamente por um grupo de profissionais da área do conhecimento em questão. Conhecimento científico O escurecer do céu e a tempestade que o sucede podem ser analisados mediante a aplicação de um método rigoroso de investigação que explicaria as causas e consequências desse fenômeno, as condições em que ele acontece ou sua periodicidade. Ao seguir esse método, o investigador não apenas produzirá um conhecimento válido como também poderá promover sua aplicação útil. No século XX, o conhecimento formal fundamenta- do na observação e na experimentação, aliado a sua aplicação útil, tornou-se a principal característica do que chamamos ciência. O conhecimento científico também é resultado da busca constante por explicações sobre os diferentes eventos que acontecem em nosso mundo. No entanto, essas explica- ções precisam ser construídas mediante rigorosa execução de um método organizado, com base em teorias coerentes e socialmente aceitas. 3 Ciência e senso comum: opostos ou complementares? Desde que a ciência se estabeleceu como o principal meio de conhecimento dos fenômenos naturais e sociais, sua relação com o senso comum tornou-se objeto de de- bates. De um lado, estão aqueles que a consideram um conhecimento hierarquicamente superior ao senso comum; de outro, os que consideram complementares os dois tipos de conhecimento. O sociólogo Pedro Demo defende que a pesquisa é o modo pelo qual se conhece a realidade.Ainvestigaçãoéumacaracterísticafundamentaldaciência.Aocompararosenso comum com a ciência, ele afirma que o primeiro aceita a realidade sem questionamentos nem pesquisas. Isso equivale a afirmar que o Sol se movimenta em torno da Terra porque o vemos nascer no leste e se pôr no oeste. Ao contrário, a ciência é construída com base em pesquisas metodologicamente fundamentadas. hongqI Zhang/alamy/glow ImageS feRnanDo favoRetto 22 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
  • 25. Iluminismo Movimento intelectual surgido na Europa no século XVIII. O Iluminismo teve grande influência nas transformações políticas e econômicas ocorridas nesse período. Suas propostas mais relevantes foram a defesa da liberdade econômica e política e a valorização da ciência como principal meio de compreensão do mundo. Seus ideais serviram aos interesses da burguesia nascente contra a estrutura social do Estado absolutista. John Locke, Voltaire, Charles de Montesquieu, Jean-Jacques Rousseau e Adam Smith são alguns dos principais teóricos do Iluminismo e tiveram papel central na construção do pensamento social contemporâneo. Os defensores da oposição entre ciência e senso comum destacam a ciência como conhecimentoimparcialeracional,enquantoosensocomumévistocomoumolharparcial e irracional sobre a realidade. Essa concepção tem origem no Iluminismo, movimento intelectual e político que, ao longo do século XVIII, defendeu a ciência como o caminho para a superação do chamado Antigo Regime. A defesa da ciência como único conhecimento válido e aceito e a crítica aos outros meios de explicação do mundo, principalmente o religioso, serviram de fundamento para que, no século XIX, se desenvolvesse uma corrente de pensamento conhecida como Po- sitivismo. Nela, a ciência é o único conhecimento útil a ser perseguido pela humanidade, a única maneira de investigar e conhecer a realidade e a única forma legítima de resolver os problemas que a impediriam de atingir sua plenitude. Em uma segunda vertente, estão aqueles que consideram a ciência e o senso comum conhecimentos complementares. O sociólogo Boaventura de Sousa Santos afirma que a oposição entre ciência e senso comum se justificou nos séculos XVIII e XIX, principalmente nas Ciências Naturais, para promover a ciência como o principal meio de conhecimento do mundo. Na atualidade, tal oposição não se justifica e deve ser substituída por uma aproximação que transforme tanto o senso comum quanto a ciência. Assim, o senso co- mum se tornaria menos supersticioso e restrito à tradição, enquanto a ciência ficaria mais acessível e inteligível a todos, mediante o surgimento de novos veículos de divulgação científica e a universalização da educação. Saiba mais Positivismo Corrente de pensamento criada pelo filósofo francês Augusto Comte (1798-1857), o Positivismo está relacionado ao surgimento da Sociologia como ciência. Seu método exige que o investigador assuma uma atitude laica e pragmática na busca dos princípios que governam a vida social, como um físico que procura identificar as leis do mundo natural. O Positivismo defende o princípio de que a ciência é o caminho para o progresso da humanidade e que só se pode afirmar que uma teoria é correta se ela for comprovada por meio de métodos científicos válidos. Esta escola filosófica ganhou força na Europa na segunda metade do século XIX e come- ço do XX, período em que chegou ao Brasil, tendo exercido significativa influência no país, que expressa em sua bandeira republicana o lema positivista “Ordem e progresso”. Considerado um dos fundadores do pensamento sociológico, Augusto Comte é o criador do Positivismo. alBum/akg-ImageS/latInStock Boaventura de Sousa Santos Sociólogo português (1940-), especialista em Sociologia do Direito, é defensor da aproximação entre ciência e senso comum e incentivador da ação dos movimentos sociais como meio de enfrentar crises. Dirige atualmente o projeto de investigação Alice – espelhos estranhos, lições imprevistas: definindo para a Europa um novo modo de partilhar as experiências do mundo. Boaventura de Sousa Santos enfatiza a importância da complementaridade entre senso comum e ciência. mauRIcIo lIma/afP Quem escreveu sobre isso 23 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
  • 26. Essa percepção de ciência e senso comum como formas complementares de co- nhecimento também pode ser encontrada na obra de Paulo Freire. Segundo ele, não há produção de conhecimento sem que haja conexão entre o sujeito que o produz e sua realidade social. Isso significa que o senso comum determina o alcance e o tipo de conhecimento produzido. Contrapondo-se ao Positivismo, Freire defende que o conhecimento da realidade acontece com base no modo como os indivíduos explicam o mundo em seu cotidiano e na valorização do saber popular – uma das modalidades do senso comum. Segundo essa visão, todo conhecimento científico teria por objetivo converter-se em senso comum. Assim, em um tempo no qual a ciência se tornasse popular, o senso co- mum também passaria a adquirir novo caráter, mais crítico e menos receptivo a verdades prontas que não apresentassem fundamentos racionais e objetivos para serem validados. Nesse sentido, ciência e senso comum seriam percebidos como complementares. Por exemplo, a classe burguesa que liderou a Revolução Francesa para depor o rei absolutista e proclamar uma república não aceitou a premissa religiosa que orientava o senso comum, segundo a qual os reis governavam por direito divino. Ao argumentar que os homens eram todos iguais e que seria impossível provar que Deus escolhera um em detrimento dos demais para governar, o pensamento liberal burguês proclamava que os próprios cidadãos deveriam decidir, por critérios definidos por eles mesmos, quem seria o governante. Antes, o senso comum aceitava que os reis fossem coroados por ordem divina; hoje ele rejeita essa hipótese, que durante séculos teve valor de verdade. Nas sociedades de- mocráticas ocidentais, acredita-se que o voto confere legitimidade ao governante pelo período estipulado para seu mandato. A difusão dessa concepção pelo mundo tem sido a base para questionar governos ditatoriais em diferentes épocas e lugares. Mais recentemente, eventos ligados à chamada Primavera Árabe – um conjunto de movimentos sociais que atingiu vários países árabes a partir de 2011 – serviram para questionar um poder solidamente estabelecido e que até então não se mostrava passível de ser questionado. Embora na maior parte dos casos não se tenha alcançado um estado de liberdades democráticas nesses países, houve o questionamento efetivo da situação, com consequências que impossibilitaram o retorno completo ao estado de coisas anterior à eclosão desses protestos. O óleo de Lorenzo Estados Unidos, 1992. Direção: George Miller. Duração: 136 min. Aos seis anos, Loren- zo recebe o diagnóstico de adrenoleucodistrofia (ALD), doença rara que atinge o cérebro e leva à morte. Desenganados pelos médicos, seus pais passam a questionar a ciência médica tradicional e a buscar alternativas que sejam capazes de impedir o avanço da doença. Filme reprodução Paulo Freire Educador e filósofo pernambucano (1921-1997), revo- lucionou a educação ao criar uma pedagogia eman- cipadora, na qual o educando se liberta das visões naturalizadas pelas classes dominantes e constrói seu aprendizado utilizando a realidade de seu pró- prio contexto. Em Pedagogia da autonomia, Freire defende que o conhecimento que o educando traz para a escola deve ser respeitado e orientado para que ele possa produzir uma interpretação crítica e não alienante do mundo em que vive. Paulo Freire propôs uma nova visão sobre a educação, que valorizava as práticas culturais e os saberes populares. clóvIS cRanchI SoBRInho/eStaDão conteúDo Quem escreveu sobre isso 24 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
  • 27. Manifestante protesta na Praça Tahrir, no Cairo, Egito, em 2011. Os eventos da Primavera Árabe contaram com a presença de milhares de pessoas, inclusive mulheres, que buscavam ampliar seus direitos civis. clauDIa wIenS/alamy/glow ImageS Em 2011, uma onda de protestos oriundos das redes sociais tomou conta das ruas em diversos países do Oriente Médio e norte da África, resultando na queda de governantes que ocupavam o poder havia décadas. Cinco anos depois de iniciado o processo, não existia ainda estabilidade nesses países, e a realidade estava muito longe da pretendida “revolução democrática”. Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 6. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. p. 45 e 49. BAHREIN ARGÉLIA SÍRIA JORDÂNIA TUNÍSIA LÍBIA EGITO IÊMEN M a r V e r m e l h o 30º L 30º L OCEANO ATLÂNTICO OCEANO ATLÂNTICO OCEANO ÍNDICO OCEANO ÍNDICO Trópico de Câncer Mar Mediterrâneo Primavera Árabe anderson de andrade pimentel Informe aos alunos que o debate sobre a democracia moderna e os regimes po- líticos será aprofundado na unidade 3. 2.440 km 25 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
  • 28. 4 A contribuição da Sociologia para a interpretação da sociedade contemporânea Diferentemente dos modos de organização da vida social que a precederam, a socie- dade contemporânea tem sido capaz de produzir explicações distintas sobre si mesma, graças ao papel exercido pelo conhecimento científico. Se pensar sobre a vida social é uma característica das sociedades humanas, com a Sociologia esse pensar adquire rigor e perspectiva singulares, que se expressam na construção de diferentes métodos de análise sobre o mundo. A busca por uma interpretação científica da realidade social O estabelecimento da ciência como principal meio de explicar o mundo influenciou o modo como a realidade social passou a ser interpretada a partir do século XIX. As trans- formações sociais, políticas e econômicas que culminaram com as revoluções Industrial e Francesa trouxeram para seus contemporâneos novos dilemas a serem enfrentados. No que se refere à Revolução Industrial, é importante entender que ela alterou pro- fundamente as relações sociais e econômicas vigentes na época. Em lugar da tradicional economia agrária, consolidou-se uma realidade cada vez mais urbanizada, com o aumento da população nas cidades e o rápido desenvolvimento do comércio e da industrialização. Surgiu também uma mão de obra barata e abundante, formada principalmente pelos camponeses que haviam sido expulsos das antigas propriedades comunais, convertidas agora em propriedades privadas. Essa mão de obra foi submetida a condições laborais insalubres e jornadas exaustivas. O trabalho nas fábricas era realizado sem nenhum tipo de proteção contra doenças ou acidentes, sem salário fixo nem garantia de emprego, configurando um novo e terrível quadro social de exploração e desigualdade, cada vez mais afastado dos ideais iluministas que antecederam a sociedade capitalista. A pobreza gerada pela Revolução Industrial e suas consequências foram retratadas em muitas obras de arte ao longo do século XIX. Ao lado, a rua Dudley, em Londres, ilustrada por Gustave Doré em 1872. Filme Os miseráveis Reino Unido, 2012. Direção: Tom Hooper. Duração: 158 min. A obra se baseia no musi- cal de mesmo nome, de Alain Boublil, Claude-Mi- chel Schönberg e Herbert Kretzmer, que por sua vez é inspirado no romance es- crito por Victor Hugo. Na Europa do século XIX, um ex-presidiário é vítima da perseguição de um policial. O filme retrata a situação social vivida pela classe operária no século XIX. reprodução coleção PaRtIculaR 26 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.