O documento discute o poder da fé em três frases:
1) A fé pode realizar grandes feitos quando se acredita firmemente na possibilidade de sucesso.
2) Jesus mostrou o poder da fé ao realizar milagres através de causas naturais ainda não compreendidas na época.
3) A fé religiosa, quando sincera e raciocinada, traz a certeza de que boas ações trarão felicidade futura.
1. C A P I T U L O 1 9
O P O D E R D A F É – A F É R E L I G I O S A .
C O N D I Ç Ã O D A F É I N A B A L Á V E L – P A R Á B O L A
D A F I G U E I R A S E C A – I N S T R U Ç Õ E S D O S
E S P Í R I T O S : A F É , M Ã E D A E S P E R A N Ç A E D A
C A R I D A D E – A F É D I V I N A E A F É H U M A N A
A fé que transporta
Montanhas!
2. O Poder da Fé!
“E depois que veio até o povo, um homem se aproximou Dele,
colocou-se de joelhos aos Seus pés e Lhe disse: Senhor, tende piedade
de meu filho, que é lunático e sofre muito, pois cai muitas vezes no
fogo e muitas vezes na água. Eu o mostrei a Seus discípulos, mas eles
não puderam curá-lo. – Jesus respondeu, dizendo: Oh! geração
incrédula e perversa, até quando estarei convosco? Até quando vos
hei de sofrer?
E tendo Jesus ameaçado o demônio, ele o deixou e desde aquela hora
ficou o menino curado. Então, os discípulos disseram a Jesus: Por que
nós não pudemos lançá-lo fora? Jesus lhes respondeu: Por causa da
vossa incredulidade. Pois Eu vos digo, em verdade, se tiverdes fé do
tamanho de um grão de mostarda, direis a esta montanha:
Transporta-te daqui para acolá, e ela se transportará, e nada vos será
impossível.”
3. A fé Robusta e a Fé Vacilante
No sentido comum, é certo que a confiança em nossas
próprias forças torna-nos capazes de executar coisas
materiais que não podemos fazer, quando duvidamos de nós
mesmos; mas, aqui, é unicamente no sentido moral que se
deve entender essas palavras.
A fé robusta dá a perseverança, a energia e os recursos
necessários para vencer os obstáculos, tanto nas grandes
como nas pequenas coisas.
A fé vacilante gera a incerteza, a hesitação, da qual se
aproveitam os adversários que devemos combater. Ela não
busca os meios de vencer, pois não acredita na possibilidade
de vitória.
4. Fé Sincera e Fé Insegura
Em uma outra concepção, considera-se fé a confiança que
se tem no cumprimento de determinada coisa, na certeza
de se atingir um objetivo. Ela proporciona um tipo de
lucidez, que faz antever, pelo pensamento, os fins que se
têm em vista e os meios de atingi-los.
A fé sincera e verdadeira é sempre calma; dá a paciência
que sabe aguardar, pois, tendo seu ponto de apoio na
inteligência e na compreensão das coisas, tem a certeza de
chegar ao fim.
A fé insegura sente a sua própria fraqueza; quando é
estimulada pelo interesse torna-se furiosa e crê suprir a
força com a violência.
5. Fé é Magnetismo
O poder da fé recebe aplicação direta na ação magnética. Por ela,
o homem age sobre o fluido – agente universal – modificando as
suas qualidades e lhe dando uma impulsão, por assim dizer,
irresistível. É por isso que, juntando-se a um grande poder
fluídico normal uma fé ardente, pode-se operar, unicamente pela
sua vontade dirigida para o bem, esses fenômenos estranhos de
curas e de outra natureza, que antigamente eram considerados
milagres e, que, entretanto, não passam de consequências de uma
lei natural.
Tal é a razão pela qual Jesus disse aos Seus apóstolos: “Se não
conseguistes curar é por causa da vossa pequena fé”.
O Magnetismo é uma das maiores provas do poder da fé, quando
posta em ação. É pela fé que ele cura e produz esses fenômenos
estranhos que, antigamente, foram qualificados como milagres.
6. A fé religiosa - Condição da fé inabalável
Do ponto de vista religioso, a fé é a crença nos dogmas
particulares que constituem as diferentes religiões, e todas
elas têm os seus artigos de fé.
A fé não se prescreve, mas se adquire, e a ninguém é recusado
possuí-la, mesmo entre os mais refratários. Falamos de
verdades espirituais fundamentais, e não de tal ou qual
crença. Não é a fé que vai até elas, mas elas é que devem
procurá-la e, se o fizerem com sinceridade, a encontrarão.
Tomai por certo que aqueles que dizem: “Seria melhor se
acreditássemos, mas não o podemos fazer”, dizem-no com os
lábios, e não sinceramente, pois dizendo isso, eles fecham os
ouvidos. As provas, entretanto, crescem ao seu redor.
7. Fé Cega
A fé cega, nada examinando, aceita sem controle o
falso e o verdadeiro, e se choca a cada passo com a
evidência da razão. Levada ao extremo, ela produz o
fanatismo. Quando a fé se firma no erro, ela
desmorona cedo ou tarde. É essa fé contra a qual,
principalmente, se levanta o incrédulo, o que mostra
a verdade de que a fé não se impõe. Não admitindo
provas, ela deixa no Espírito um vazio, de onde
nasce a dúvida.
8. Fé Raciocinada!
A Fé raciocinada que tem por base a verdade é
a única com futuro assegurado, porque nada deve
temer do progresso do conhecimento, já que o que
é verdadeiro na obscuridade também o é à plena
luz. A fé raciocinada, que se apoia nos fatos e na
lógica, não deixa nenhuma obscuridade: crê-se,
porque se tem a certeza, e somente estamos certos
se compreendemos. É por isso que ela não se
dobra, pois a fé inabalável é somente aquela que
pode encarar a razão face a face em todas as
épocas da Humanidade.
9. Parábola da figueira seca
“Quando saíam de Betânia, Ele teve fome, e, vendo ao
longe uma figueira, foi ver se poderia encontrar nela
alguma coisa. Aproximando-se, encontrou apenas folhas,
pois não era tempo de figos. Então, Jesus disse à figueira:
Que jamais ninguém coma de ti nenhum fruto. No dia
seguinte, ao passarem pela figueira, eles a encontraram
seca até as raízes. E Pedro, lembrando-se das palavras de
Jesus, disse-Lhe: Mestre, vês como a figueira que
amaldiçoastes está seca. Jesus, tomando a palavra, lhe
disse: Tende fé em Deus. Eu vos digo, em verdade, que
qualquer um que disser a esta montanha: Tira-te daqui e
lança-te ao mar sem hesitar, no seu coração, e acreditando
firmemente que tudo o que disse sucederá, realmente,
assim vai acontecer.” (Marcos, XI:12-14 e 20-23)
10. A figueira seca é o símbolo das pessoas que têm apenas a
aparência bondosa, mas, na verdade, nada produzem de
bom: dos oradores que possuem mais brilho do que solidez;
suas palavras têm o verniz exterior, agradam aos ouvidos;
mas, quando as analisamos, nada revelam de substancial
para o coração. Depois de tê-las ouvido, perguntamos que
proveito delas tiramos. É ainda o símbolo de todos os que
têm os meios de serem úteis e não o são; dos sistemas vazios,
de todas as doutrinas sem base sólida. É por isso que Jesus
as condena à esterilidade, pois chegará o dia em que ficarão
secas até as raízes. Isso quer dizer que todos os sistemas,
todas as doutrinas que não tiverem produzido nenhum bem
para a Humanidade, cairão no nada.
11. A fé, mãe da esperança e da caridade
A fé, para ser proveitosa, deve ser ativa; não pode
adormecer. Mãe de todas as virtudes que conduzem a
Deus... A fé, divina inspiração de Deus, desperta todos
os nobres sentimentos que conduzem o homem ao bem:
é a base da regeneração. É preciso, pois, que esta base
seja forte e durável, porque se a menor dúvida vier
abalá-la, o que acontecerá com o edifício que
construístes sobre ela? Erguei, portanto, este edifício
sobre bases inabaláveis.
.Amai a Deus, mas sabei por que O amais.
Crede nas suas promessas, mas sabei por que o
fazeis.
12. A fé divina e a fé humana
O Cristo, que realizou verdadeiros milagres, mostrou, através dos
mesmos, o que pode o homem quando tem fé – ou seja – a vontade
de querer e a certeza de que essa vontade pode realizar-se a si
mesma. Ora, o que eram esses milagres senão os efeitos naturais
de uma causa desconhecida pelos homens de então, mas hoje em
grande parte explicada, e que será compreendida totalmente com
o estudo do Espiritismo e do Magnetismo.
O homem de gênio que persegue a realização de alguma grande
empreitada triunfa, se tiver fé, pois ele sente que pode e deve
conseguir, e esta certeza lhe dá uma força imensa.
O homem de bem que, crendo em seu futuro celeste, quer realizar
em sua vida belas e nobres ações, tira da sua fé e da certeza da
felicidade que o espera, a força necessária.