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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS
 FACULDADES INTEGRADAS DE FERNANDÓPOLIS




       CARLA REGINA NOGUEIRA COSTA
     JAMARA OLIVEIRA LEAL DOS SANTOS
        MARIO FALCÃO DA SILVA NETO
        VALDIR APARECIDO DA SILVA




HANSENÍASE: Efetividade da terapia medicamentosa
       na rede pública de Paranaíba - MS




               FERNANDÓPOLIS
                    2012
CARLA REGINA NOGUEIRA COSTA
     JAMARA OLIVEIRA LEAL DOS SANTOS
        MÁRIO FALCÃO DA SILVA NETO
        VALDIR APARECIDO DA SILVA




HANSENÍASE: Efetividade da terapia medicamentosa
        na rede pública de Paranaíba - MS




               Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
               Banca Examinadora do Curso de Graduação em
               Farmácia      da    Fundação       Educacional  de
               Fernandópolis como exigência parcial para obtenção
               do título de bacharel em farmácia.


               Orientador: Prof. Msc. Roney Eduardo Zaparoli




 FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS
             FERNANDÓPOLIS – SP
                   2012
CARLA REGINA NOGUEIRA COSTA
                      JAMARA OLIVEIRA LEA DOS SANTOS
                         MÁRIO FALCÃO DA SILVA NETO
                          VALDIR APARECIDO DA SILVA




     HANSENÍASE: Efetividade da terapia medicamentosa na rede pública de
                                   Paranaíba – MS




                                Trabalho de conclusão de curso aprovado como
                                requisito parcial para obtenção do título de bacharel
                                em farmácia.

                                Aprovado em: 21 de novembro de 2012.




             Banca examinadora                       Assinatura          Conceito
Prof. MSc. Roney Eduardo Zaparoli

Profa. Esp. Rosana Matsumi Kagesawa Motta

Profa. Esp. Vanessa Maira Rizzato Silveira




                        Prof. MSc. Roney Eduardo Zaparoli
                          Presidente da Banca Examinadora
Dedico este trabalho de conclusão de curso
primeiramente a Deus e a Nossa Senhora
Aparecida, por ter me dado força, paciência e
sabedoria, para chegar ao meu objetivo. Dedico
também aos meus pais, família, amigos e
professores, pela confiança e incentivo de todos.
Principalmente aos meus pais, por através das suas
vidas me ensinou a amar a Deus, a humildade, a
afetividade e o respeito ao ser humano; A minha
irmã, sobrinha e o meu namorado por sempre me
apoiar e confiar no meu potencial e por
compreensão; Dedico á eles meus amores...


                      Carla Regina Nogueira Costa
Dedico este trabalho primeiramente, a Deus, pela
força e coragem que me concedeu durante esta
longa caminhada, pois nada seria de mim, sem a fé
que tenho nele. Aos meus pais, José Leal e Dinah
Paula, que já cansados e velhos, limitaram os seus
sonhos para a realização do meu. A minha irmã
Kálita que sempre acreditou em mim.



                   Jamara Oliveira Leal dos Santos
Dedico a Deus primeiramente, e a todos aqueles
que realmente me ajudaram nesta batalha.



                      Mario Falcão da Silva Neto
A minha esposa e filhos, que sempre me
incentivaram, aos meus pais, colegas de sala e a
Deus.



                         Valdir Aparecido da Silva
AGRADECIMENTOS


           Agradecemos por esta conquista e todas as demais de nossas vidas, aos
nossos pais, que sempre acreditaram em nós e nos ensinaram que a vida é feita de
oportunidades, e que deveríamos agarrar esta oportunidade de concluir um curso
superior, oportunidade que muitos não tiveram.
           Também     queremos    agradecer   aos   nossos   irmãos,   familiares   e
companheiros de sala, que nesses quatro anos estiveram junto de nós,
compartilhando conhecimento e ajudando uns aos outros, na realização dos
trabalhos e demais atividades acadêmicas.
           E também ao corpo docente que nos acompanhou nesta trajetória. Em
especial ao orientador prof. Roney que nos dedicou um pouco do seu tempo para a
criação deste trabalho e para a banca formada pelas professoras Rosana e
Vanessa.
           Agradecemos aos mestres e professores, que sempre se encontraram
presentes no nosso dia a dia, utilizando o bom senso para nos orientar em todas as
disciplinas, especialmente neste trabalho.
"Viver devagar é que é bom, e entreviver-se,
amando, desejando, sofrendo, avançando e
recuando, tirando das coisas ao redor uma íntima
compensação, recriando em si mesmo a reserva dos
outros e vivendo em uníssono. Isso é que é viver, e
viver afinal é questão de paciência”.(Fernando
Sabino).
RESUMO


A Hanseníase é um problema social que afeta todo o mundo, presente também no
Brasil, que continua sendo o segundo país em número de casos no mundo, após a
Índia. É uma doença neuro dermatológica, que pode ser infecto-contagiosa, de
evolução crônica e baixa contagiosidade, causada pelo bacilo Mycobacterium leprae
que ataca os nervos periféricos, com alterações na pigmentação da pele e das
mucosas, principalmente pés, mãos e face. Tem como sintomas dores nos nervos
principais e surgimentos de partes anestesiadas com ou sem manchas. A
Hanseníase é transmitida de uma pessoa doente que não esteja em tratamento para
uma pessoa sadia, principalmente por meio da respiração durante o convívio diário.
Porém é uma doença curável, e seu tratamento é disponibilizado pela rede de
Saúde Pública, e os medicamentos utilizados no tratamento são distribuídos pelo
Ministério da Saúde gratuitamente. A cura é mais fácil e rápida quanto mais precoce
for o diagnóstico. O fator que mais influencia para a proliferação da doença é a falta
de informação da população, pois muitas pessoas contaminadas não buscam o
tratamento adequado, e acabam contaminando outras pessoas. Na cidade de
Paranaíba – MS, onde o estudo sobre os casos de Hanseníase foi realizado, os
pacientes aderiram ao tratamento, e tiveram êxito nos resultados, inclusive a maior
parte foi curada. Assim ficou evidente que a medicação é eficaz, e que seguindo o
tratamento corretamente a doença pode ser eliminada. Para a realização deste
trabalho, foi utilizado o método dedutivo. Foram realizadas pesquisas bibliográficas
em livros, teses, sites, revistas e artigos que tratam sobre o assunto. E realizado
também um levantamento em relação à evolução e proliferação da doença, na
cidade de Paranaíba – MS.



Palavras-chaves: Hanseníase. Mycobacterium leprae. Tratamento. Cura.
ABSTRACT


Leprosy is a social problem that affects the whole world, this also in Brazil, which
continues to be the second country in the number of cases in the world after India. It
is a neuron dermatological disease, which can be infectious, chronic evolution and
low contagiousness, caused by the bacillus leprae Mycobacterium that attacks the
peripheral nerves, with changes in pigmentation of the skin and mucous membranes,
especially feet, hands and face. Its main nerve pain symptoms and appearances of
parties anesthetized with or without spots. Leprosy is transmitted from a sick person
who is not in treatment for a healthy person, mainly through respiration during daily
contact. But it is a curable disease, and treatment is provided by the network of
Public Health, and the drugs used in the treatment are distributed free of charge by
the Ministry of Health. Curing is easier and faster for the earlier diagnosis. The factor
that most influences the proliferation of the disease is the lack of information of the
population, because many infected people do not seek proper treatment, and end up
contaminating others. In the city of Paranaíba - MS, where the study of cases of
leprosy was performed, patients adhered to treatment, and the results were
successful, including most was healed. Thus it became evident that the medication is
effective, and that following treatment the disease can be properly eliminated. For
this work, we used the deductive method. Literature searches were conducted in
books, theses, websites, magazines and articles that deal with the subject. And also
conducted a survey regarding the evolution and proliferation of the disease in the city
of Paranaíba - MS.



Keywords: Leprosy. Leprae Mycobacterium.Treatment.Healing.
LISTA DE FIGURAS


Figura 1: Hanseníase Indeterminada............................................................................42
Figura 2: Hanseníase Tuberculóide..............................................................................43
Figura 3: Hanseníase Virchowiana ou Lepromatosa....................................................44
Figura 4: Hanseníase Dimorfa ou Bordeline.................................................................45
Figura 5:Quantidade de casos de Hanseníase por sexo e faixa etária........................48
Figura 6 :Classificação do Bacilo..................................................................................49
Figura 7 : Avaliação no Grau de Incapacidade.............................................................50
Figura 8 :Levantamento Total.......................................................................................51
Figura 9 :Porcentagem de Cura e Abandono do Tratamento.......................................52
LISTA DE ABREVIATURAS


FIN – Ficha Individual de Notificação
IgM – Imunoglobulina M
MB – Multibacilar
MS – Mato Grosso do Sul
OMS – Organização Mundial de Saúde
PAB – Piso de Assistência Básica
PB – Paucibacilar
PQT – Poliquimioterapia
SINAN – Sistema de Informação de Agravos de Notificações
SES – Secretaria Estadual de Saúde
SUS – Sistema Único de Saúde
SVS – Secretaria de vigilância sanitária
SUMÁRIO



INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 16

1 HANSENÍASE........................................................................................................ 18

   1.1 História ........................................................................................................... 18

   1.2 Hanseníase no Mundo ................................................................................... 19

   1.3 Hanseníase no Brasil..................................................................................... 22

2 TRATAMENTO ...................................................................................................... 24

   2.1 Tratamento Quimioterápico .......................................................................... 25

      2.1.1. Esquema Paucibacilar (PB) ...................................................................... 26

      2.1.2. Esquema Multibacilar (MB)....................................................................... 26

      2.1.3. Duração Do Tratamento e Critério De Alta ............................................... 26

      2.1.4. Efeitos Adversos aos Medicamentos ........................................................ 27

   2.2 Diagnóstico da Doença ................................................................................. 28

      2.2.1. Diagnóstico Clínico ................................................................................... 29

      2.2.2. Investigação Epidemiológica .................................................................... 29

      2.2.3. Avaliação Dermatológica .......................................................................... 30

      2.2.4. Avaliação Neurológica .............................................................................. 31

      2.2.5. Diagnóstico Laboratorial ........................................................................... 32

      2.2.6.Diagnóstico Diferencial .............................................................................. 33

3 SINAN .................................................................................................................... 34

4 ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS. ....................................................................... 36

   4.1 Agente Etiológico .......................................................................................... 36

   4.2 Modo De Transmissão................................................................................... 36

   4.3 Aspectos Clínicos .......................................................................................... 37

      4.3.1. Sinais e Sintomas Dermatológicos ........................................................... 38

      4.3.2. Sinais e Sintomas Neurológicos ............................................................... 38
4.4 Evolução da Doença ...................................................................................... 39

  4.5 Prevenção e Tratamento de Incapacidades Físicas ................................... 40

  4.6 Formas Clínicas Da Hanseníase ................................................................... 42

     4.6.1. Hanseníase Indeterminada....................................................................... 42

     4.6.2. Hanseníase Tuberculóide.........................................................................43

     4.6.3. Hanseníase Virchowiana ou Lepromatosa ............................................... 44

     4.6.4. Hanseníase Dimorfa ou Bordeline ............................................................ 45

5 OBJETIVOS........................................................................................................... 47

  5.1Objetivo Geral ................................................................................................. 47

  5.2 Objetivos Específicos.................................................................................... 47

6 MATERIAIS E METODOS........................................................................................48

7 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................49

8 CONCLUSÃO.. ...................................................................................................... 55

REFERÊNCIAS.. ...................................................................................................... 56
16



                                    INTRODUÇÃO


         A hanseníase apresenta-se desde a virada do milênio, e mesmo sendo
curável, é considerada uma das doenças de maior importância de Saúde Pública no
Brasil, devido a sua alta endemicidade.
         Sua eliminação é um problema global e em toda América latina o Brasil é o
único País em que a doença não foi eliminada, mesmo com tantos avanços e
progressos na ciência e na medicina. O Brasil é o país mais endêmico do mundo,
ocupando o primeiro lugar em números de casos novos detectados, e sendo
também segundo em números absolutos (MARTELLI, 2002).
         As maiores dificuldades hoje encontradas são a alta detecção de casos e a
prevalência em níveis elevados em muitos dos municípios brasileiros (problemas
epidemiológicos) e reduzida em muitos outros, muitas vezes como conseqüência da
falta de um trabalho sistematizado de divulgação de sinais e sintomas junto à
população em geral, decorrente da falta de capacitação de pessoal da rede de
serviços para diagnosticar e tratar todos os casos existentes e o preconceito social
ainda presente (ARAÚJO, 2003).
         Diante destes fatos este trabalho de conclusão de curso tem como tema
central a Hanseníase como um problema social brasileiro, seus aspectos gerais, sua
história e evolução. A doença é endêmica em todo o território nacional, embora com
distribuição irregular. No Brasil as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, são as
que apresentam as maiores taxas de detecção e prevalência da doença (BRASIL,
2002).
         O objetivo principal consistirá em demonstrar a evolução da Hanseníase no
Brasil, e também suas causas, diagnósticos, e tratamentos.
         A importância deste trabalho consiste em divulgar as causas, sintomas e
tratamento da Hanseníase. E demonstrar que a Hanseníase é sim uma doença
curável, e que ela faz parte dos Programas Estratégicos que ainda tem aquisição e
distribuição de medicamentos pelo Ministério da Saúde, com vista a garantir o
fornecimento de medicamentos nos níveis estaduais e municipais, ou seja, o
tratamento da Hanseníase é gratuito, porém apenas uma pequena parte da
população tem este conhecimento.
         A monografia será dividida em seis capítulos. O primeiro capítulo apresenta
um contexto geral da hanseníase no Brasil na perspectiva de uma história social da
17




saúde e da doença, para que seja possível uma compreensão melhor dos capítulos
posteriores.
      Dentro desse panorama inicial o trabalho trata de questões mais gerais tais
como o surgimento da Hanseníase, suas origens, causas iniciais e a maneira como
as pessoas em épocas passadas tratavam a Hanseníase, destacando que o
preconceito que se iniciou no passado, mesmo com a evolução dos tempos está
presente nos dias atuais.
      No segundo capítulo o objetivo principal consiste em abordar a evolução da
Hanseníase e seus aspectos gerais e principais, como suas causas, de que forma a
hanseníase é percebida e sentida, seus sintomas, diagnóstico e contágio.
Destacando o Tratamento adequado a ser adotado, e demonstrando que se for
seguido corretamente, o paciente pode ser curado.
      No terceiro capítulo trataremos sobre o SINAN, o Sistema de Informação de
agravos de Notificações, sua importância, e a forma como as informações são
obtidas e contextualizadas por ele.
      No quarto capítulo trataremos dos aspectos que envolvem a doença, como os
medicamentos, o tratamento, o relacionamento com os profissionais de saúde e as
políticas públicas, como o estigma e o preconceito influenciam na vida das pessoas
portadoras de Hanseníase.
      No quinto capítulo abordaremos os aspectos epidemiológicos, destacando os
pontos que pretendíamos analisar e demonstrando a relevância que ele teria nos
dias atuais.
      No sexto e último capítulo deste trabalho o foco principal será em relação à
evolução da Hanseníase na cidade de Paranaíba, estado de Mato Grosso do Sul, e
sua situação atual, levando em consideração a sua incidência e casos
diagnosticados. Destacando o alto índice de cura e o baixo índice de abandono do
tratamento.
      O método adotado para a realização deste trabalho será o método dedutivo. E
para elaboração serão realizadas pesquisas bibliográficas em livros, teses, sites,
revistas e artigos que tratam sobre o assunto.
18




1 HANSENÍASE



1.1 História


      A hanseníase ficou conhecida oficialmente por este nome a partir de 1976,
pois desde os tempos bíblicos ela era conhecida como lepra (Bíblia Sagrada, 1992),
e é uma das doenças mais antigas na história da medicina. As referências mais
remotas datam de 600 anos Antes de Cristo, e procede da Ásia, que, juntamente
com a África, podem ser consideradas o berço da doença (BRASIL, 2002).
      Ela é uma doença infecto contagiosa de evolução crônica que se manifesta,
principalmente, por lesões cutâneas com diminuição de sensibilidade térmica,
dolorosa e tátil, causada pelo bacilo de Hansen, o Mycobacterium leprae M. leprae,
descoberto em 1873 na Noruega pelo médico Gerhard Amauer Hansen, notável
pesquisador sobre o tema, que identificou, em 1873, este bacilo como o causador da
lepra, a qual teve seu nome trocado para hanseníase em homenagem ao seu
descobridor (GOMES, 2000, apud EIDT, p. 77, 2004).
       O bacilo de Hansen é um parasita que acomete principalmente a pele e os
nervos das extremidades do corpo, mas pode afetar outros órgãos como olhos, rins,
testículos, fígado e baço, e também causar uma série de problemas, desde lesões
na pele a deformidades na face, dedos das mãos e dos pés e destruição da
cartilagem do nariz (TALHARI; NEVES, 1997 apud EIDT, p. 77, 2004).
      A hanseníase é uma doença de grande importância para a saúde pública
devido à sua magnitude e seu alto poder incapacitante, atingindo principalmente as
pessoas    em   faixa   etária   economicamente      ativa   comprometendo    seu
desenvolvimento profissional e/ou social. O alto potencial incapacitante da
hanseníase está diretamente relacionado à capacidade do bacilo penetrar a célula
nervosa e também ao seu poder imunogênico.
      A doença tem um passado triste, de discriminação e isolamento dos doentes,
que hoje já não existe e nem é necessário, pois a doença pode ser tratada e curada
(FINEZ; SALOTTI, 2011).
      Com período de incubação que varia entre três e cinco anos, sua primeira
manifestação consiste no aparecimento de manchas dormentes, de cor avermelhada
19




ou esbranquiçada, em qualquer região do corpo. Placas, caroços, inchaço, fraqueza
muscular e dor nas articulações podem ser outros sintomas. Entre os fatores
predisponentes estão o baixo nível sócio-econômico, a desnutrição e a
superpopulação doméstica. Devido a isso, a doença ainda tem grande incidência
nos países subdesenvolvidos (FINEZ; SALOTTI, 2011).
      Com o avanço da doença, o número de manchas ou o tamanho das já
existentes aumenta e os nervos ficam comprometidos, podendo causar deformações
em regiões, como nariz e dedos, e impedir determinados movimentos, como abrir e
fechar as mãos. Além disso, pode permitir que determinados acidentes ocorram em
razão da falta de sensibilidade nessas regiões (ARAGUAIA, 2012).
      Sua transmissão ocorre através do contato direto com doentes sem
tratamento, pois estes eliminam os bacilos através do aparelho respiratório superior
em meio às secreções nasais e gotículas da fala, tosse e espirro. No caso dos
doentes que recebem tratamento médico, não há risco de transmissão.Outra
possibilidade é o contato direto com a pele através de feridas de doentes
(ARAGUAIA, 2012).
      A hanseníase, na sua marcha invasora pelo organismo, acarreta alterações e
deformidades físicas, se não tratada precocemente. Contudo, a vitalidade orgânica e
a consciência do doente não se alteram. O hanseniano sofre mais moral do que
fisicamente (EIDT, 2004).
      Esta moléstia, interpretada até mesmo como castigo divino, representa, desde
os mais remotos tempos até os dias atuais, verdadeiro estigma social. É
considerado mais do que uma doença. Por vezes representa uma humilhação
extrema e uma condenação por um mal que o doente não cometeu (EIDT, 2004).


1.2 A Hanseníase no mundo


      A hanseníase, amplamente conhecida pela designação de lepra, parece ser
uma das mais antigas doenças que acomete o homem e acredita-se que seja
originária da Ásia. Outros autores também apontam a África como berço desta
doença. Ainda hoje, discute-se se a hanseníase é de origem asiática ou africana
(EIDT, p. 79, 2004).
20




      Conhecida há mais de três ou quatro mil anos na Índia, China e Japão, já
existia no Egito quatro mil e trezentos anos antes de Cristo, segundo um papiro da
época de Ramsés II. Há evidências objetivas da doença em esqueletos descobertos
no Egito, datando do segundo século antes de Cristo (SOUZA, 2007).
      Skinsnes (2003 apud EIDT, 2004) nos reporta que uma das mais autênticas
descrições da hanseníase é encontrada no manuscrito chinês intitulado “Remédios
secretos completos”, escrito por volta de 190 Antes de Cristo, no qual encontra-se a
descrição de uma doença que provocava a perda de sensibilidade e o aparecimento
de manchas vermelhas que inchavam e depois se ulceravam, ocorrendo em seguida
queda de sobrancelhas, cegueira, deformidade nos lábios, rouquidão, ulceração das
plantas dos pés, desabamento de nariz e deslocamento de articulações. Ainda
conforme este autor há escritos da China que descrevem os primeiros sintomas do
lai ping como dormência da pele e sensação de vermes andando sob ela.
      Nos tempos Babilônicos, há referências sobre a hanseníase como a palavra
lepra, mas seu significado era de uma doença escamosa. A palavra epqu, que foi
traduzida como lepra no Dicionário Assírio, também significa escamoso. A
hanseníase existia em épocas remotas no Egito e era citada no “Papiro de Ebers”
(1300-1800 a.C.) (Skinsnes, 2003 apud EIDT, 2004).
      Segundo Jopling e McDougall (1991 apud EIDT, 2004), da Grécia a Doença
de Hansen foi lentamente disseminando-se para a Europa, carregada por soldados
infectados, comerciantes e colonizadores, sendo mais prevalente entre os séculos X
e XV. Acontece, porém, que a hanseníase era designada como lepra, como era
assim denominadas várias outras doenças de pele que se supunham ser idênticas
ou ter alguma relação com ela.
      O diagnóstico da doença era feito de uma maneira imprópria, o que pode ter
contribuído, mais ainda, para confusões a cerca da doença hanseníase. A Lei de
Strasbourg, no final do século XV, exigia que quatro pessoas fossem designadas
para examinar um leproso: um médico, um cirurgião e dois barbeiros. Eles tinham
que realizar o teste de urina e de sangue nos pacientes (DANIELLSEN, 1999 apud
ARAÚJO, 2003).
      Conforme o autor acima citado, uma pequena amostra de sangue era
depositada em um recipiente com sal. Se o sangue se descompusesse, o paciente
era são, caso contrário, era considerado doente. Outra técnica consistia em misturar
21




a água com o sangue. Se a mistura dos dois líquidos fosse impossível, tratava-se do
sangue de um hanseniano. Quando se juntavam gotas de sangue ao vinagre, se não
houvesse formação de bolhas, igualmente era firmado o diagnóstico de hanseníase.
      A análise de sangue tornou-se tão importante para o diagnóstico desta
doença que um médico da Alsacia escreveu que o teste sanguíneo era
absolutamente necessário para o seu diagnóstico. Convém ressaltar, aqui, que o
diagnóstico de hanseníase é, predominantemente, feito pelo exame clínico e
neurológico do doente.
      Durante a Idade Média, segundo evidências de que se dispõe, a hanseníase
teve alta incidência na Europa e Oriente médio. De acordo com Pinto (1995, p.134
apud EIDT, 2004), “os médicos medievais consideravam a lepra simultaneamente
uma doença contagiosa e hereditária, ou oriunda de uma relação sexual consumada
durante a menstruação”.
      Por volta de 1870, à hanseníase já havia praticamente desaparecido em
quase todos os países da Europa e, mesmo na Noruega, onde ainda podia ser
considerada endêmica, sua incidência já se achava em declínio. Admite-se que este
declínio teve como causa principal a melhoria das condições sócio-econômicas
experimentadas pelos povos europeus ao longo das Idades Modernas e
Contemporâneas (EIDT, p. 80, 2004).
      Ao mesmo tempo em que a hanseníase tendia ao desaparecimento na
Europa, mantinham-se os foco sindéticos na Ásia e na África e introduzia-se a
doença no Novo Mundo, a partir das conquistas espanhola se portuguesas e da
importação de escravos africanos. Durante o período da colonização, a América
Latina tornou-se, gradativamente, uma nova área endêmica mundial (MONTEIRO,
2007, apud YAMASHITA, 2010).
      Nas Américas, a hanseníase deve ter chegado entre os séculos XVI e XVII
com os colonizadores, pois não há evidências da existência da moléstia entre as
tribos indígenas do Novo Mundo. Nos Estados Unidos foram os franceses,
fundadores do Estado de Louisiana, que trouxeram a doença. Na América do Sul ela
veio, provavelmente, com os colonizadores espanhóis e portugueses, pois os
primeiros doentes de hanseníase observados na Colômbia eram de origem
espanhola. O maior fator de expansão da hanseníase nas Américas foi o tráfico de
escravos (MONTEIRO, 2007, apud YAMASHITA, 2010).
22




      Na atualidade, todos os países sul-americanos têm hanseníase, sendo o
Brasil o que apresenta as mais altas incidência e prevalência desta doença neste
continente (BRASIL, 2002).


1.3 A Hanseníase no Brasil


      Assim como em outras regiões da América, não havia hanseníase entre os
indígenas brasileiros. A doença entrou no Brasil, por vários pontos do litoral, com os
primeiros colonizadores portugueses, principalmente açorianos, e para sua
disseminação muito contribuíramos escravos africanos. Entretanto, outros povos
europeus também colaboraram para sua disseminação posteriormente. (ARAÚJO,
2003 apud EIDT, p. 80, 2004).
      No Brasil, os primeiros casos da doença foram notificados no ano de 1600, na
cidade do Rio de Janeiro, onde, anos mais tarde, seria criado o primeiro lazareto,
local destinado a abrigar os doentes de Lázaro, lazarentos ou leprosos. Os primeiros
documentos que atestam a existência da hanseníase e no território brasileiro datam
dos primeiros anos do século XVII, tanto que em 1696 o governador Artur de Sá e
Menezes procurava dar assistência, no Rio de Janeiro, aos doentes já então em
número apreciável (MONTEIRO, 2007, apud YAMASHITA, 2010).
      Após os primeiros casos no Rio de Janeiro, outros focos da doença foram
identificados, principalmente na Bahia e no Pará. Tal fato, conforme Ministério da
Saúde levou as autoridades da época a solicitarem providências a Portugal, sem,
entretanto, serem atendidas (BRASIL, 2002).
      Ainda segundo consta, as primeiras iniciativas do governo colonial só foram
tomadas dois séculos depois do pedido das autoridades locais, com a
regulamentação do combate à doença por ordem de D. João VI. Entretanto, as
ações de controle se limitaram à construção de asilos e à assistência precária aos
doentes (EIDT, p. 81, 2004).
      São dois os documentos mais antigos, referentes à hanseníase no Estado de
São Paulo. Um é a carta enviada ao Conde de Oyeiras, em 1765, onde o
governador se refere ao perigo que corria a capitania em decorrência da doença.O
outro documento são coletâneas das atas da cidade de São Paulo (1768) sobre o
despejo de uma cigana doente a mando da vereança da cidade.O primeiro censo
23




em São Paulo sobre o número de casos de hanseníase foi em 1822, cujos dados
não são conhecidos integralmente. O segundo censo foi realizado em 1851. Outros
censos foram realizados depois, notando-se sempre um aumento do número de
pacientes, o que acompanhava a marcha do progresso do Estado (CUNHA, 2007).
      Em decorrência do desenvolvimento da agricultura, novas terras foram sendo
colonizadas e surgiu a necessidade de mão-de-obra. Como conseqüência houve a
migração de vários doentes às mais diferentes regiões do território brasileiro. Estes
focos, muito distantes um dos outros, correspondiam às cidades mais importantes
política ou economicamente. Pernambuco era o mais importante centro açucareiro
do mundo, a Bahia, capital da Colônia e o Rio de Janeiro progrediam tanto que se
tornou a sede do Governo posteriormente. São Paulo iniciava o desenvolvimento de
sua agricultura, abandonando o espírito aventureiro que provocara a conquista de
Minas Gerais, Goiás e todo o Sul do País (EIDT, p. 87, 2004).
      De acordo com Maurano (2008 apud EIDT, p. 90, 2004), após a introdução da
moléstia por diversos pontos da costa brasileira, correspondentes aos principais
centros da Colônia, a infecção teria acompanhado a marcha da colonização. De
Pernambuco, um dos mais antigos centros da agricultura usineira, teria a moléstia se
estendido à Paraíba e a Alagoas, devido ao desenvolvimento agrícola dessas
regiões. E ao Ceará, Maranhão, Pará e Amazonas pela ocupação desses Estados.
      De São Paulo, a infecção teria acompanhado os bandeirantes para Minas
Gerais, Mato Grosso e Goiás. E seria de São Paulo, também, o foco da hanseníase
para os Estados do Sul.
      O Amazonas recebeu a hanseníase do Pará, onde era grande a prevalência
nos princípios do século XIX. As relações com Belém, Santarém e Manaus eram
intensas nessa época por causa do desenvolvimento do comércio. Esse mesmo
autor afirma que “os nordestinos que iam à Amazônia voltavam, freqüentemente,
leprosos”. O primeiro leproso registrado em Manaus data de 24 de fevereiro de 1908
(EIDT, p. 91, 2004).
24




2 TRATAMENTO


      Primeiramente o que deve ficar bem evidente, é que hanseníase tem cura,
basta o paciente seguir o tratamento corretamente. O tratamento do paciente com
hanseníase é fundamental para curá-lo, e fechar a fonte de infecção, interrompendo
a cadeia de transmissão da doença, sendo, portanto estratégico no controle da
endemia e para eliminar a hanseníase enquanto problema de saúde pública
(YAMASHITA, 2010).
      A Hanseníase é capaz de contaminar outras pessoas pelas vias respiratórias,
caso o portador não esteja sendo tratado. Entretanto, segundo a Organização
Mundial de Saúde, a maioria das pessoas é resistente ao bacilo e não a desenvolve.
Aproximadamente 95% (noventa e cinco por cento) dos parasitas são eliminados na
primeira dose do tratamento, já sendo incapaz de transmiti-los a outras pessoas.
Este dura até aproximadamente um ano e o paciente pode ser completamente
curado, desde que siga corretamente os cuidados necessários. Assim, buscar
auxílio médico é a melhor forma de evitar a evolução da doença e a contaminação
de outras pessoas (BRASIL, 2002).
      Os pacientes devem ser tratados em regime ambulatorial. Nos serviços
básicos   de   saúde,   administra-se   uma   associação   de   medicamentos,   a
poliquimioterapia (PQT/OMS) (SOUZA, 2007).
      O tratamento integral de um caso de hanseníase compreende o tratamento
quimioterápico específico, seu acompanhamento, com vista a identificar e tratar as
possíveis intercorrências e complicações da doença e a prevenção e o tratamento
das incapacidades físicas (ARAÚJO, 2003).
      Há necessidade de um esforço organizado de toda a rede básica de saúde no
sentido de fornecer tratamento quimioterápico a todas as pessoas diagnosticadas
com hanseníase.
      O tratamento é gratuito, porém uma grande parcela de pessoas doentes não
está ciente disso e não procuram tratamento, com receio de pagá-lo, e na maioria
das vezes não tem condição. O indivíduo, após ter o diagnóstico, deve,
periodicamente, ser visto pela equipe de saúde para avaliação e para receber a
medicação.
25




2.1 Tratamento Quimioterápico


      Não é eticamente recomendável tratar o paciente com hanseníase com um só
medicamento. O tratamento específico da pessoa com hanseníase, indicado pelo
Ministério da Saúde, é a poliquimioterapia padronizada pela Organização Mundial de
Saúde, conhecida como PQT, devendo ser realizado nas unidades de saúde
(BRASIL, 2002).
      A PQT mata o bacilo tornando-o inviável, evita a evolução da doença,
prevenindo as incapacidades e deformidades causadas por ela, levando à cura. O
bacilo morto é incapaz de infectar outras pessoas, rompendo a cadeia
epidemiológica da doença. Assim sendo, logo no início do tratamento, a transmissão
da doença é interrompida, e, sendo realizados de forma completa e corretos,
garante a cura da doença (ZANNATA, 2006).
      A poliquimioterapia é constituída pelo conjunto dos seguintes medicamentos:
rifampicina, dapsona e clofazimina, com administração associada (BRASIL, 2002).
      Essa associação evita a resistência medicamentosa do bacilo que ocorre com
freqüência quando se utiliza apenas um medicamento, impossibilitando a cura da
doença.
      Para crianças com hanseníase, a dose dos medicamentos do esquema-
padrão é ajustada, de acordo com a sua idade. Já no caso de pessoas com
intolerância a um dos medicamentos do esquema-padrão, são indicados esquemas
alternativos (YAMASHITA, 2010). A alta por cura é dada após a administração do
número de doses preconizadas pelo esquema terapêutico.
      Dentre as pessoas que adoecem, algumas apresentam resistência ao bacilo,
constituindo os casos Paucibacilares (PB), que abrigam um pequeno número de
bacilos no organismo, insuficiente para infectar outras pessoas. Os casos
Paucibacilares, portanto, não são consideradas importantes fontes de transmissão
da doença devido à sua baixa carga bacilar. Algumas pessoas podem até curar-se
espontaneamente (SAADEH, et. al., 2006).
26




2.1.1 Esquema Paucibacilar (PB)


      Este tipo de tratamento se dirige aos pacientes que possuem até cinco lesões
na pele. Neste caso é utilizada uma combinação da rifampicina e dapsona,
acondicionados em uma cartela, no seguinte esquema: rifampicina uma dose
mensal de 600 mg (2 cápsulas de 300 mg) com administração supervisionada; e
dapsona uma dose mensal de 100mg supervisionada e uma dose diária auto-
administrada (ZANATTA, 2006).
      A duração do tratamento é de seis doses mensais supervisionadas de
rifampicina. E o critério de alta é de seis doses supervisionadas em até nove meses
(SOUZA, 2007).


2.1.2 Esquema Multibacilar (MB)


      Este tipo de tratamento se dirige aos pacientes que possuem mais de cinco
lesões na pele. Aqui é utilizada uma combinação da rifampicina, dapsona e de
Clofazimina, acondicionados em uma cartela, no seguinte esquema: rifampicina uma
dose mensal de 600 mg (2 cápsulas de 300 mg) com administração supervisionada;
Clofazimina uma dose mensal de 300 mg (3 cápsulas de 100 mg) com
administração supervisionada e uma dose diária de 50mg auto-administrada; e
dapsona uma dose mensal de 100mg supervisionada e uma dose diária auto-
administrada (ZANATTA, 2006).
      A duração do tratamento é de doze doses mensais supervisionadas de
rifampicina. E o critério de alta é de doze doses supervisionadas em até dezoito
meses (SOUZA, 2007).


2.1.3 Duração Do Tratamento e Critério De Alta


      O esquema de administração da dose supervisionada deve ser o mais regular
possível, de 28 em 28 dias. Porém, se o contato não ocorrer na unidade de saúde
no dia agendado, a medicação deve ser dada mesmo no domicílio, pois a garantia
da administração da dose supervisionada e da entrega dos medicamentos indicados
27




para a automedicação é imprescindível para o tratamento adequado (YAMASHITA,
2010).
         A duração do tratamento PQT deve obedecer aos prazos estabelecidos: de
seis doses mensais supervisionadas de rifampicina tomadas em até nove meses
para os casos Paucibacilares e de 12 doses mensais supervisionadas de rifampicina
tomadas em até 18 meses para os casos Multibacilares (SOUZA, 2007).
         A assistência regular ao paciente com hanseníase paucibacilar na unidade de
saúde ou no domicílio é essencial para completar o tratamento em seis meses. Se,
por algum motivo, houver a interrupção da medicação ela poderá ser retomada em
até três meses, com vista a completar o tratamento no prazo de até nove meses
(ARAÚJO, 2003).
         Já em relação ao portador da forma Multibacilar que mantiver regularidade no
tratamento segundo o esquema preconizado, o mesmo completar-se-á em doze
meses. Havendo a interrupção da medicação está indicado o prazo de seis meses
para dar continuidade ao tratamento e para que o mesmo possa ser completado em
até dezoito meses (ARAÚJO, 2003).
         O paciente que tenha completado o tratamento PQT não deverá mais ser
considerado como um caso de hanseníase, mesmo que permaneça com alguma
seqüela da doença.
         Deverá, porém, continuar sendo assistido pelos profissionais da Unidade de
Saúde,     especialmente    nos   casos   de   intercorrências     pós-alta:   reações   e
monitoramento neural. Em caso de reações pós-alta, o tratamento PQT não deverá
ser reiniciado (BRASIL, 2002).


2.1.4 Efeitos Adversos aos Medicamentos


         O uso da Rifampicina pode acarretar efeitos cutâneos, gastrointestinais,
hepáticos,    hematopoiéticos.    A   Clofazimina   acarreta     efeitos   cutâneos   com
ressecamento da pele, e coloração avermelhada (YAMASHITA, 2010).
         Alterações gastrointestinais também podem estar presentes, com diminuição
da peristalse e dor abdominal, devido ao deposito de cristais de Clofazimina nas
submucosas e linfonodos intestinais, resultando na inflamação da porção terminal do
intestino delgado (SOUZA, 2007).
28




      A Dapsona pode apresentar efeitos cutâneos (síndrome de Stevens-Johnson,
dermatite esfoliativa ou eritrodermia), hepáticos, fenômenos hemolíticos, dentre
outros. As drogas utilizadas no tratamento dos episódios reacionais (Talidomida e
corticosteróides) necessitam de monitoramento clínico (BRASIL, 2002).
      A equipe de saúde deve estar sempre atenta para a possibilidade de
ocorrência de efeitos colaterais dos medicamentos utilizados na PQT e no
tratamento dos estados reacionais, devendo realizar imediatamente a conduta
adequada.


2.2 Diagnóstico da Doença


      Para melhor entendimento do quadro clínico e classificação, alguns aspectos
imunológicos devem ser mencionados.
      Demonstrou-se que o M. leprae é um bacilo com alto poder infectante e baixo
poder patogênico. Depois da sua entrada no organismo, não ocorrendo a sua
destruição, este irá se localizar na célula de Schwann e na pele. Sua disseminação
para outros tecidos pode ocorrer nas formas mais graves da doença, nas quais o
agente infectante não encontra resistência contra a sua multiplicação. Nesse caso,
os linfonodos, olhos, testículos e fígado podem abrigar grande quantidade do bacilo
(ARAÚJO, p. 375, 2003).
      O Ministério da Saúde define como caso de hanseníase para tratamento,
quando um ou mais dos seguintes sintomas encontram-se presentes: lesão de pele
com alteração de sensibilidade, espessamento de tronco nervoso ou baciloscopia
positiva na pele.
      O diagnóstico da hanseníase é realizado através do exame clínico, quando se
busca os sinais dermatoneurológicos da doença. O diagnóstico precoce da
hanseníase e o seu tratamento adequado evitam a evolução da doença, e
conseqüentemente impedem a instalação das incapacidades físicas por ela
provocadas (BRASIL, 2002).
29




2.2.1Diagnóstico Clínico


         O diagnóstico clínico é realizado através do exame físico onde se procede a
uma avaliação dermatoneurológica, buscando-se identificar sinais clínicos da
doença.
         Já o diagnóstico epidemiológico, deve ocorrer antes de dar-se início ao
exame físico, deve-se colher informações sobre a história clínica do paciente, ou
seja, presença de sinais e sintomas dermatoneurológicos característicos da doença
e sua história epidemiológica, ou seja, sobre a sua fonte de infecção (SOUZA,
2007).
         De acordo com o Ministério da Saúde o roteiro do diagnóstico clínico constitui-
se das seguintes atividades: obtenção da história clínica e epidemiológica; avaliação
dermatológica;     avaliação      neurológica;     diagnóstico    dos   estados   reacionais;
diagnóstico diferencial; classificação do grau de incapacidade física.


2.2.2 Investigação epidemiológica


         Inicialmente deve ser realizar uma conversa com o paciente a fim de se
descobrir os sinais e sintomas da doença e possíveis vínculos epidemiológicos.
         A pessoa deve ser ouvida com muita atenção e as dúvidas devem se
prontamente esclarecidas, procurando-se reforçar a relação de confiança existente
entre    o   indivíduo   e   os    profissionais    de   saúde.    Devem    ser   registradas
cuidadosamente no prontuário todas as informações obtidas, pois elas serão úteis
para a conclusão do diagnóstico da doença, para o tratamento e para o
acompanhamento do paciente (ZANATTA, 2006).
         Além das questões rotineiras, é fundamental que sejam identificadas as
seguintes questões: alguma alteração na pele como manchas, placas, infiltrações,
tubérculos, nódulos, e há quanto tempo eles apareceram; possíveis alterações de
sensibilidade em alguma área do corpo; presença de dores nos nervos, ou fraqueza
nas mãos e nos pés e se usou algum medicamento para tais problemas e qual o
resultado (BRASIL, 2002).
         As pessoas que têm hanseníase, geralmente, queixam-se de manchas
dormentes na pele, dores, câimbras, formigamento, dormência e fraqueza nas mãos
30




e pés. A investigação epidemiológica é muito importante para se descobrir a origem
da doença e para o diagnóstico precoce de novos casos de hanseníase (ARAÚJO,
2003).


2.2.3 Avaliação Dermatológica


         Essa avaliação visa identificar as lesões de pele próprias da hanseníase,
pesquisando a sensibilidade nas mesmas.
         A alteração de sensibilidade nas lesões de pele é uma característica típica da
hanseníase. Deve ser feita uma inspeção de toda a superfície corporal, no sentido
crânio-caudal, procurando identificar as áreas acometidas por lesões de pele
(SOUZA, 2007).
         As áreas onde as lesões ocorrem com maior freqüência são: face, orelhas,
nádegas, braços, pernas e costas, mas elas podem ocorrer, também, na mucosa
nasal. Devem ser realizadas as seguintes pesquisas de sensibilidade nas lesões de
pele: térmica, dolorosa, e tátil, que se complementam (BRASIL, 2002).
         A pesquisa de sensibilidade nas lesões de pele, ou em áreas suspeitas, é um
recurso muito importante no diagnóstico da hanseníase e deve ser executada com
paciência e precisão.
         A sensibilidade normal depende da integridade dos troncos nervosos e das
finas terminações nervosas que se encontram sob a pele. Sem ela o paciente perde
sua capacidade normal de perceber as sensações de pressão, tato, calor, dor e frio
(YAMASHITA, 2010).
         Por esse motivo, é importante, para fins de prevenção, poder detectar
precocemente essas lesões, já que a perda de sensibilidade, ainda que em pequena
área, pode significar um agravo para o paciente.
         Para realização da pesquisa de sensibilidade, são necessárias algumas
considerações como, selecionar aleatoriamente, a seqüência de pontos a serem
testados; tocar apele deixando tempo suficiente para o paciente responder; repetir o
teste para confirmar os resultados em cada ponto; e realizar o teste em área próxima
dentro do mesmo território específico, quando na presença de calosidades,
cicatrizes ou úlceras (SOUZA, 2007).
31




      A pesquisa de sensibilidade térmica nas lesões e nas áreas suspeitas deve
ser realizada, sempre que possível, com dois tubos de vidro, um contendo água fria
e no outro água aquecida. Deve-se ter o cuidado da temperatura da água não ser
muito elevada (acima de 45º C), pois neste caso poderá despertar sensação de dor,
e não de calor. Deve ser tocada a pele sã e a área suspeita com a extremidade dos
tubos frio e quente, alternadamente, solicitando-se à pessoa que identifique as
sensações de frio e de calor (quente). As respostas como menos frio, ou menos
quente devem também ser valorizadas nessa pesquisa (BRASIL, 2002).
      Já a pesquisa de sensibilidade tátil nas lesões e nas áreas suspeitas é
apenas comum a mecha fina de algodão seco. A pele sã e a área suspeita devem
ser tocadas, alternadamente, com a mecha de algodão seco e, ao indivíduo
examinado, deve-se perguntar se sente o toque. Após a comparação dos resultados
dos toques, pode-se concluir sobre a alteração de sensibilidade tátil nas lesões ou
nas áreas suspeitas (ZANATTA, 2006).
      A pesquisa da sensibilidade protetora é realizada nas lesões, nos membros
inferiores e superiores utilizando-se a ponta de uma caneta esferográfica. Essa
pesquisa é a mais importante para prevenir incapacidades, pois detecta
precocemente diminuição ou ausência de sensibilidade protetora do paciente
(ZANATTA, 2006).


2.2.4 Avaliação Neurológica


      A hanseníase é uma doença infecciosa, sistêmica, com repercussão
importante nos nervos periféricos.
       O processo inflamatório desses nervos (neurite) é um aspecto importante da
hanseníase. Clinicamente, a neurite pode ser silenciosa, sem sinais ou sintomas, ou
pode ser evidente, aguda, acompanhada de dor intensa, hipersensibilidade, edema,
perda de sensibilidade e paralisia dos músculos (SOUZA, 2007).
      No estágio inicial da doença, a neurite hansênicas não apresenta um dano
neural demonstrável, contudo, sem tratamento adequado freqüentemente, a neurite
torna-se crônica e evolui, passando a evidenciar o comprometimento dos nervos
periféricos: a perda da capacidade de suar (anidrose), a perda de pelos (alopecia), a
32




perda das sensibilidades térmica, dolorosa e tátil, e a paralisia muscular (SOUZA,
2007).
         Os processos inflamatórios podem ser causados tanto pela ação do bacilo
nos nervos, como pela resposta do organismo à presença do bacilo, ou por ambos,
provocando lesões neurais, que se não tratadas, podem causar dor e espessamento
dos nervos periféricos, alteração de sensibilidade e perda de força nos músculos
inervados por esses nervos, principalmente nas pálpebras e nos membros
superiores    e   inferiores,   dando   origem   a   incapacidades   e   deformidades
(YAMASHITA, 2010).
         Os principais nervos periféricos acometidos na hanseníase são os que
passam pela face, que podem causar alterações na face, nos olhos e no nariz; pelos
braços, que podem causar alterações nos braços e mãos; e pelas pernas, que
podem causar alterações nas pernas e pés (ARAÚJO, 2003).
         A identificação das lesões neurológicas é feita através da avaliação
neurológica e é constituída pela inspeção dos olhos, nariz, mãos e pés, palpação
dos troncos nervosos periféricos, avaliação da força muscular e avaliação de
sensibilidade nos olhos, membros superiores e membros inferiores (ARAÚJO, 2003).


2.2.5 Diagnóstico Laboratorial


         A baciloscopia é o exame microscópico onde se observa o Mycobacterium
leprae, diretamente nos esfregaços de raspados intradérmicos das lesões
hansênicas ou de outros locais de coleta selecionados: lóbulos auriculares e/ou
cotovelos, e lesão quando houver (ZANATTA, 2006).
         É um apoio para o diagnóstico e também serve como um dos critérios de
confirmação, quando comparado ao resultado no momento do diagnóstico e da cura.
Por nem sempre evidenciar o Mycobacterium leprae nas lesões hansênicas ou em
outros locais de coleta, a baciloscopia negativa não afasta o diagnóstico da
hanseníase (SOUZA, 2007).
         Mesmo sendo a baciloscopia um dos parâmetros integrantes da definição de
caso, ratifica-se que o diagnóstico da hanseníase é clínico. Quando a baciloscopia
estiver disponível e for realizada deve ser utilizada como exame complementar para
a classificação dos casos, não se deve esperar o resultado para iniciar o tratamento
33




do paciente. O tratamento é iniciado imediatamente após o diagnóstico de
hanseníase.


2.2.6 Diagnóstico Diferencial


      A hanseníase pode ser confundida com outras doenças de pele e com outras
doenças neurológicas que apresentam sinais e sintomas semelhantes aos seus.
Portanto, deve ser feito diagnóstico diferencial em relação a essas doenças.
      A principal diferença entre a hanseníase e outras doenças dermatológicas é
que as lesões de pele da hanseníase sempre apresentam alteração de sensibilidade
(SOUZA, 2007).
      As demais doenças não apresentam essa alteração. As lesões de pele
características da hanseníase são: manchas esbranquiçadas ou avermelhadas,
lesões em placa, infiltrações e nódulos (YAMASHITA, 2010).
34




3 SINAN


         O Sistema de Informação de agravos de Notificações – SINAN é um sistema
informatizado de base de dados, gerenciado pelo Ministério da Saúde - MS,
alimentado a partir de informações coletadas pelas Unidades de Saúde e
transferidas para o nível municipal, estadual e federal, através da notificação e
investigação de casos de doenças e agravos que constam da lista nacional de
doenças de notificação compulsória (Portaria GM/MS Nº 104, de 25 de janeiro de
2011) (BRASIL, 2011).
         Seu objetivo é facilitar a formulação e avaliação das políticas, planos e
programas de saúde, subsidiando o processo de tomada de decisões, com vistas a
contribuir para a melhoria da situação de saúde da população (BRASIL, 2011).
         Sua utilização efetiva permite a realização do diagnóstico dinâmico da
ocorrência de um evento na população; podendo fornecer subsídios para
explicações causais dos agravos de notificação compulsória, além de vir a indicar
riscos aos quais as pessoas estão sujeitas, contribuindo assim, para a identificação
da realidade epidemiológica de determinada área geográfica (ZANATTA, 2006).
         O SINAN pode ser operacionalizado no nível administrativo mais periférico, ou
seja, nas unidades de saúde, seguindo a orientação de descentralização do SUS.
Caso o município não disponha de computadores em suas unidades, o SINAN pode
ser acessado nas secretarias municipais, regionais de Saúde e/ou Secretaria
Estadual de Saúde (SOUZA, 2007).
         A Ficha Individual de Notificação (FIN) é preenchida pelas unidades
assistenciais para cada paciente quando da suspeita da ocorrência de problema de
saúde de notificação compulsória ou de interesse nacional, estadual ou municipal.
Este instrumento deve ser encaminhado aos serviços responsáveis pela informação
e/ou vigilância epidemiológica das Secretarias Municipais, que devem repassar
semanalmente os arquivos em meio magnético para as Secretarias Estaduais de
Saúde (SES). A comunicação das SES com a SVS deverá ocorrer quinzenalmente,
de acordo com o cronograma definido pela SVS no início de cada ano (BRASIL,
2011).
         Caso não ocorra nenhuma suspeita de doença, as unidades precisam
preencher o formulário de notificação negativa, que tem os mesmos prazos de
35




entrega. Esta é uma estratégia criada para demonstrar que os profissionais e o
sistema de vigilância da área estão alerta para a ocorrência de tais eventos e evitar
a subnotificação. Caso os municípios não alimentem o banco de dados do SINAN,
por dois meses consecutivos, são suspensos os recursos do Piso de Assistência
Básica - PAB, conforme Portaria N.º 1882/GM de 16/12/1997 (SOUZA, 2007).
      As atribuições do SINAN são coletar, transmitir e consolidar dados gerados
rotineiramente pelo sistema de vigilância epidemiológica, fornecendo informações
para análise do perfil da morbidade da população nas três esferas de governo
(ZANATTA, 2006).
      Vale ressaltar as atribuições do estado e dos municípios, com relação à
gestão, à estruturação e à operacionalização do Sistema de Informação
Epidemiológica Informatizada SINAN, definidas pela Portaria GM /MS n.º 1.399
(BRASIL, 1999) e Portaria GM/MS n.º 95 (BRASIL, 2001) e Instrução Normativa
SVS/MS n.º 2 (BRASIL, 2005), Portaria 3252/2009 – GM/MS, Seção IV parágrafo
XVII, a fim de garantir a alimentação permanente e regular de dados.
      Assim compete aos estados: consolidar os dados do SINAN provenientes dos
municípios; prestar apoio técnico aos municípios para utilização e operacionalização
do SINAN; estabelecer fluxos e prazos para o envio de dados pelo nível municipal,
respeitando os fluxos e prazos estabelecidos pela SVS/MS; distribuir as versões do
SINAN e seus instrumentos de coleta de dados para os municípios; enviar os dados
à SVS/MS regularmente, observados os prazos estabelecidos nesta Portaria;
ocorrência de surtos ou epidemias, com risco de disseminação no país; informar à
SVS/MS a ocorrência de surtos ou epidemias, com risco de disseminação no país;
realizar análises epidemiológicas e operacionais; divulgar informações e análises
epidemiológicas; entre outras atividades (BRASIL, 2011).
      O seu uso sistemático, de forma descentralizada, contribui para a
democratização da informação, permitindo que todos os profissionais de saúde
tenham acesso à informação e as tornem disponíveis para a comunidade. É,
portanto, um instrumento relevante para auxiliar o planejamento da saúde, definir
prioridades de intervenção, além de permitir que seja avaliado o impacto das
intervenções (BRASIL, 2011).
36




4 ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS


         A hanseníase é uma doença infecto-contagiosa, de evolução lenta, que se
manifesta principalmente através de sinais e sintomas dermatoneurológicos: lesões
na pele e nos nervos periféricos, principalmente nos olhos, mãos e pés (BRASIL,
2002).
         O comprometimento dos nervos periféricos é a característica principal da
doença, dando-lhe um grande potencial para provocar incapacidades físicas que
podem, inclusive, evoluir para deformidades. Estas incapacidades e deformidades
podem acarretar alguns problemas, tais como diminuição da capacidade de trabalho,
limitação da vida social e problemas psicológicos. São responsáveis, também, pelo
estigma e preconceito contra a doença (SAADEH, et. al., 2006).
         Por isso mesmo ratifica-se que a hanseníase é doença curável, e quanto mais
precocemente diagnostica e tratada mais rapidamente se cura o paciente.


4.1 Agente Etiológico


         A hanseníase é causada pelo Mycobacterium leprae, ou bacilo de Hansen,
que é um parasita intracelular obrigatório, com afinidade por células cutâneas e por
células dos nervos periféricos, que se instala no organismo da pessoa infectada,
podendo se multiplicar. O tempo de multiplicação do bacilo é lento, podendo durar,
em média, de 11 a 16 dias (FALCÃO, 2011).
         O M.leprae tem alta infectividade e baixa patogenicidade, isto é infecta muitas
pessoas, no entanto só poucas adoecem. O homem é reconhecido como única fonte
de infecção (reservatório), embora tenham sido identificados animais naturalmente
infectados (BRASIL, 2002).


4.2 Modo De Transmissão


         O homem é considerado a única fonte de infecção da hanseníase. O contágio
dá-se através de uma pessoa doente, portadora do bacilo de Hansen, não tratada,
37




que o elimina para o meio exterior, contagiando pessoas susceptíveis (RUFINO,
2011).
         A principal via de eliminação do bacilo, pelo indivíduo doente de hanseníase,
e a mais provável porta de entrada no organismo passível de ser infectado são as
vias aéreas superiores, o trato respiratório. No entanto, para que a transmissão do
bacilo ocorra, é necessário um contato direto com a pessoa doente não tratada
(RUFINO, 2011).
         O aparecimento da doença na pessoa infectada pelo bacilo, e suas diferentes
manifestações clínicas, dependem dentre outros fatores, da relação parasita /
hospedeiro e pode ocorrer após um longo período de incubação, de dois a sete anos
(BRASIL, 2002).
         A hanseníase pode atingir pessoas de todas as idades, de ambos os sexos,
no entanto, raramente ocorre em crianças. Observa-se que crianças, menores de
quinze anos, adoecem mais quando há uma maior endemicidade da doença. Há
uma incidência maior da doença nos homens do que nas mulheres, na maioria das
regiões do mundo (BRASIL, 2002).
         Além das condições individuais, outros fatores relacionados aos níveis de
endemia e às condições socioeconômicas desfavoráveis, assim como condições
precárias de vida e de saúde e o elevado número de pessoas convivendo em um
mesmo ambiente, influem no risco de adoecer.
         Um número menor de pessoas não apresenta resistência ao bacilo, que se
multiplica no seu organismo passando a ser eliminado para o meio exterior, podendo
infectar outras pessoas. Estas pessoas constituem os casos Multibacilares (MB), que
são a fonte de infecção e manutenção da cadeia epidemiológica da doença
(BRASIL, 2002).
         Quando a pessoa doente inicia o tratamento quimioterápico, ela deixa de ser
transmissora da doença, pois as primeiras doses da medicação matam os bacilos,
torna-os incapazes de infectar outras pessoas.
         Assim o diagnóstico precoce da hanseníase e o seu tratamento adequado
evitam a evolução da doença, conseqüentemente impedem a instalação das
incapacidades físicas por ela provocadas (BRASIL, 2002).
38




4.3 Aspectos Clínicos
      A hanseníase manifesta-se através de sinais e sintomas dermatológicos e
neurológicos que podem levar à suspeita diagnóstica da doença. As alterações
neurológicas, quando não diagnosticadas e tratadas adequadamente, podem causar
incapacidades físicas que podem evoluir para deformidades (FALCÃO, 2011).


4.3.1 Sinais e Sintomas Dermatológicos


      A hanseníase manifesta-se através de lesões de pele que se apresentam com
diminuição ou ausência de sensibilidade. As lesões mais comuns são:

                    Manchas pigmentares ou discrômicas: resultam da ausência,
                    diminuição ou aumento de melanina ou depósito de outros pigmentos
                    ou substâncias na pele.
                    Placa: é lesão que se estende em superfície por vários centímetros.
                    Pode ser individual ou constituir aglomerado de placas.
                    Infiltração: aumento da espessura e consistência da pele, com
                    menor evidência dos sulcos, limites imprecisos, acompanhando-se,
                    às vezes, de eritema discreto.Pela vitropressão, surge fundo de cor
                    café com leite. Resulta da presença na derme de infiltrado celular, às
                    vezes com edema e vaso dilatação.
                    Tubérculo: designação em desuso significava pápula ou nódulo que
                    evolui deixando cicatriz.
                    Nódulo: lesão sólida, circunscrita, elevada ou não, de 1 a 3 cm de
                    tamanho. É processo patológico que se localiza na epiderme, derme
                    e/ou hipoderme. Pode ser lesão mais palpável que visível (BRASIL,
                    2002).

      Essas lesões podem estar localizadas em qualquer região do corpo e podem,
também, acometer a mucosa nasal e a cavidade oral. Ocorrem, porém, com maior
freqüência, na face, orelhas, nádegas, braços, pernas e costas (BRASIL, 2002).
      Na hanseníase, as lesões de pele sempre apresentam alteração de
sensibilidade. Esta é uma característica que as diferencia das lesões de pele
provocadas por outras doenças dermatológicas (FALCÃO, 2011).
      A sensibilidade nas lesões pode estar diminuída (hipoestesia) ou ausente
(anestesia),podendo também haver aumento da sensibilidade (hiperestesia)
(RUFINO, 2011).
39




4.3.2 Sinais e Sintomas Neurológicos


         A hanseníase manifesta-se, além de lesões na pele, através de lesões nos
nervos periféricos. Essas lesões são decorrentes de processos inflamatórios dos
nervos periféricos (neurites) e podem ser causados tanto pela ação do bacilo nos
nervos como pela reação do organismo ao bacilo ou por ambas (SOUZA, 1997).
         Elas manifestam-se através de: dor e espessamento dos nervos periféricos;
perda de sensibilidade nas áreas inervadas por esses nervos, principalmente nos
olhos, mãos e pés; perda de força nos músculos inervados por esses nervos
principalmente nas pálpebras e nos membros superiores e inferiores (BRASIL,
2002).
         A neurite, geralmente, manifesta-se através de um processo agudo,
acompanhado de dor intensa e edema. No início, não há evidência de
comprometimento funcional do nervo, mas, freqüentemente, a neurite torna-se
crônica e passa a evidenciar esse comprometimento, através da perda da
capacidade de suar, causando ressecamento na pele (SAADEH, et. al., 2006).
         Há perda de sensibilidade, causando dormência e há perda da força
muscular, causando paralisia nas áreas inervadas pelos nervos comprometidos.
         Quando o acometimento neural não é tratado pode provocar incapacidades e
deformidades pela alteração de sensibilidade nas áreas inervadas pelos nervos
comprometidos (BRASIL, 2002).
         Alguns casos, porém, apresentam alterações de sensibilidade e alterações
motoras (perda de força muscular) sem sintomas agudos de neurite. Esses casos
são conhecidos como neurite silenciosa (SOUZA, 1997).


4.4 Evolução da Doença


         As pessoas, em geral, têm imunidade contra o Mycobacterium leprae. A
maioria das pessoas não adoece. Entre as que adoecem, o grau de imunidade varia
e determina a evolução da doença (BRASIL, 2002).
         A doença, inicialmente, manifesta-se através de lesões de pele: manchas
esbranquiçadas ou avermelhadas que apresentam perda de sensibilidade, sem
evidência de lesão nervosa troncular (BRASIL, 2002).
40




      Estas lesões de pele ocorrem em qualquer região do corpo, mas, com maior
freqüência, na face, orelhas, nádegas, braços, pernas e costas. Podem, também,
acometer a mucosa nasal (RUFINO, 2011).
      Com a evolução da doença não tratada, manifestam-se as lesões nos nervos,
principalmente nos troncos periféricos. Podem aparecer nervos engrossados e
doloridos, diminuição de sensibilidade nas áreas inervadas por eles: olhos, mãos e
pés, e diminuição da força dos músculos inervados pelos nervos comprometidos.
Essas lesões são responsáveis pelas incapacidades e deformidades características
da hanseníase (FALCÃO, 2011).


4.5 Prevenção e Tratamento de Incapacidades Físicas


      As atividades de prevenção e tratamento de incapacidades físicas não devem
ser   dissociadas   do   tratamento   PQT.    Serão   desenvolvidas    durante   o
acompanhamento de cada caso e devem ser integradas na rotina dos serviços da
unidade de saúde, de acordo com o seu grau de complexidade (BRASIL, 2002).
      A adoção de atividades de prevenção e tratamento de incapacidades será
baseada nas informações obtidas através da avaliação neurológica, no diagnóstico
da hanseníase. Estas informações referem-se ao comprometimento neural ou às
incapacidades físicas identificadas, as quais merecem especial atenção, tendo em
vista suas conseqüências na vida econômica e social de pacientes com hanseníase,
ou mesmo suas eventuais seqüelas naqueles já curados (BRASIL, 2002).
      Durante o tratamento PQT, e em alguns casos após a alta, o profissional de
saúde deve ter uma atitude de vigilância em relação ao potencial incapacitante da
doença, visando diagnosticar precocemente e tratar adequadamente as neurites e
reações, a fim de prevenir incapacidades e evitar que as mesmas evoluam para
deformidades (FALCÃO, 2011).
      Deve haver um acompanhamento da evolução do comprometimento
neurológico do indivíduo, através da avaliação neurológica, durante a consulta para
administração da dose supervisionada do tratamento PQT. Serão adotadas técnicas
simples e condutas de prevenção e tratamento de incapacidades adequadas ao
caso (FALCÃO, 2011).
41




         A presença de incapacidades, causadas pela hanseníase em um paciente
curado, é um indicador de que o diagnóstico foi tardio ou de que o tratamento foi
inadequado (BRASIL, 2008).
         No caso de identificação das neurites e reações, devem ser tomadas as
medidas adequadas cada caso, na própria unidade de saúde, ou, quando
necessário, encaminhar a pessoa em tratamento a uma unidade de referência a fim
de receber cuidados especiais (RUFINO, 2011).
         Ações simples de prevenção e de tratamento de incapacidades físicas por
técnicas simples devem ser executadas na própria unidade de saúde, inclusive por
pessoal auxiliar, devidamente treinado e sob supervisão técnica adequada (BRASIL,
2008).
         Casos   que   necessitem   de     cuidados   mais   complexos   devem    ser
encaminhados à unidade de referência, onde haja fisioterapeuta ou outros
profissionais especializados. Cirurgias e atividades de readaptação profissional
serão executadas em hospitais gerais ou em unidades de referência especializadas
em reabilitação (SAADEH, et. al., 2006).
         Os profissionais devem alertar ao paciente para que ele também tenha uma
atitude de vigilância, orientando-o para a realização de alguns auto cuidados para
evitar a instalação de incapacidades, suas complicações e para evitar-se que elas se
agravem e evoluam para deformidades (BRASIL, 2008)
         Auto cuidados são procedimentos e exercícios que a própria pessoa,
devidamente orientada e supervisionada, pode e deve realizar, para prevenir
incapacidades e deformidades (BRASIL, 2008).
         Aqueles que apresentam perda de sensibilidade protetora nos olhos, nas
mãos e nos pés, e incapacidades devem ser orientados a observarem-se
diariamente, e a realizar auto cuidados específicos ao seu caso (RUFINO, 2011).
         Pacientes com hanseníase que não apresentam comprometimento neural ou
incapacidades devem ser também alertados para a possibilidade de ocorrência dos
mesmo se orientados para observar-se diariamente e para procurar a unidade de
saúde ao notar qualquer alteração neurológica, tais como dor ou espessamento nos
nervos (BRASIL, 2008).
         As melhoras e pioras dos processos inflamatórios e da função neural dos
portadores da doença devem ser acompanhadas e relacionadas com as suas
42




atividades diárias. Aqueles que apresentarem incapacidades ou deformidades
devem também, ser orientados quanto aos cuidados nas suas atividades diárias,
tipos de calçado, adaptações necessárias (RUFINO, 2011).
      Tanto as técnicas simples, como os procedimentos de auto cuidados são
selecionados a partir dos sinais e sintomas apresentados pelo paciente com
hanseníase, identificados durante a sua avaliação clínica.




4.6 Formas Clínicas Da Hanseníase


      De    acordo   com     Souza    (1997)    o    quadro     dermatológico   depende
essencialmente da capacidade defensiva do organismo, por isso a hanseníase foi
dividida em quatro formas clínicas:


4.6.1 Hanseníase Indeterminada


      Forma inicial evolui espontaneamente para a cura na maioria dos casos e
para as outras formas da doença em aproximadamente 25% dos casos. Geralmente,
encontra-se apenas uma lesão, de cor mais clara que a pele normal, com diminuição
da sensibilidade (SAADEH, et. al., 2006).


                           Figura 1: Hanseníase Indeterminada




                               Fonte: SAADEH et al., 2012.


      Mais comum em crianças, manifesta-se por máculas hipocrômica, acrômicas,
eritematosas ou eritemato-hipocrômicas, sendo as duas primeiras mais freqüentes.
Os limites são imprecisos, algumas vezes nítidos, medindo de um a cinco
centímetros de diâmetro. O número de início é de uma ou duas manchas,
43




localizadas principalmente nas nádegas, coxas e região deltoidiana e quanto maior o
número de manchas, pior é o prognóstico (BRASIL, 2002).
         Há alteração da sensibilidade, vasomotora e da sudorese por acometimento
de filetes nervosos, com alopecia parcial. As provas da picada e da histamina são
usadas para diagnóstico e o exame bacterioscópico é em geral negativo. Pode
ocorrer evolução para as três outras formas clínicas comentadas a seguir (SOUZA,
1997).




4.6.2 Hanseníase Tuberculóide


         Evidencia-se por micropápulas que se desenvolvem em pele aparentemente
normal ou sobre manchas do grupo indeterminado. Essas pápulas podem ser pouco
mais coradas que a pele normal, acastanhadas ou vermelho-acastanhadas,
acuminadas ou semi-esféricas, tendendo a coalescer medindo cerca de dois
milímetros (BRASIL, 2002).
         Há placas bem delimitadas, únicas ou em pequeno número, com alterações
sensitivas, de sudorese e vasomotoras bem acentuadas, com alopecia. Nervos
espessados podem emergir das placas e a necrose caseosa do nervo pode levar a
distúrbios sensitivos, motores e tróficos (BRASIL, 2002).


                           Figura 2: Hanseníase Tuberculóide




                                  Fonte: SOUZA, 2012.



         A Hanseníase Tuberculóide em reação se caracteriza por lesões infiltradas
com acentuação do eritema. Na figura a lesão em placa, eritematoinfiltrada,
delimitada por bordas bem definidas, com tendência ao aplainamento central, na
44




região do joelho (1A), e lesão hipocrômica, delimitada por micropápulas, em face
lateral do braço, próximo ao cavo axilar (1B),representam características clínicas da
hanseníase Tuberculóide (SOUZA, 1997).
         A Hanseníase Tuberculóide reacional é definida como quadros de hanseníase
tuberculóide que sofrem piora aguda em conseqüência de modificações do estado
imunológico. Há agravamento do quadro cutâneo e neurites, paralisias, amiotrofias e
deformidades (BRASIL, 2002).
         A Hanseníase Tuberculóide infantil ocorre em crianças de um a quatro anos e
se   manifesta    como    pápula   ou   nódulo    em     face   ou   membros.   Não   há
comprometimento neural e tem cura espontânea (SOUZA, 1997).
4.6.3 Hanseníase Virchowiana ou Lepromatosa


         Nestes casos a imunidade é nula e o bacilo se multiplica muito rápido,
levando a um quadro mais grave, com anestesia dos pés e mãos que favorecem os
traumatismos e feridas que podem causar deformidades, atrofia muscular, inchaço
das pernas e surgimento de lesões elevadas na pele (nódulos). Órgãos internos
também são acometidos pela doença (BRASIL, 2002).
         É a forma infectante da hanseníase que tem como características: manchas
infiltradas com bordas imprecisas, com pápulas, nódulos e placas; madarose, fácies
leonina; distúrbios motores, tróficos e anestesia (que surgem tardiamente);
comprometimento de mucosa nasal, oral e laringe; comprometimento ocular;
adenopatia, anemia; infiltração do fígado, baço e supra-renais; infiltração testicular,
levando à impotência e esterilidade; rarefação; atrofia e absorção óssea (SOUZA,
1997).
                    Figura 3: Hanseníase Virchowiana ou Lepromatosa.




                               Fonte: SAADEH, et. al., 2012.
45




         Dentre os distúrbios neurológicos se destaca o mal perfurante plantar onde há
destruição e perda de tecido plantar devido a traumatismos freqüentes que não são
percebidos pelo paciente, pé caído e mão em garra. O espessamento neural
acomete principalmente os seguintes nervos: cubital, poplíteo externo, radial,
mediano e auricular (SAADEH, et. al., 2006).
         As lesões oculares são observadas nas fases mais avançadas e consistem
em ceratite difusa ou pontuada, lagoftalmia, iridociclite e cegueira (BRASIL, 2002).
         Existe a variedade difusa de Lucio, conhecida como hanseníase bonita, onde
há infiltração difusa sem nódulos e comprometimento visceral acentuado (SOUZA,
1997).


         4.6.4 Hanseníase Dimorfa ou Bordeline


         Forma   intermediária   que   é   resultado   de   uma   imunidade   também
intermediária. O número de lesões é maior, formando manchas que podem atingir
grandes áreas da pele, envolvendo partes da pele sadia. O acometimento dos
nervos é mais extenso (BRASIL, 2002).
         Na Hanseníase Dimorfa ou Bordeline as lesões dermatológicas lembram pelo
aspecto e distribuição, as de reação tuberculóide (pápulas, tubérculos, máculo-
pápulas), delas se diferenciando pela imprecisão dos bordos e tonalidades da cor,
que é acastanhada, características estas próprias da hanseníase Virchowiana. Diz-
se que sua placa tem aspecto de queijo-suíço. Parecem haver no mesmo doente
características dos dois tipos de hanseníase: tuberculóide e Virchowiana(SOUZA,
1997).
46




                        Figura 4: Hanseníase Dimorfa ou Bordeline.




                                   Fonte: SOUZA, 2012.



         Na forma Dimorfa pode haver surto eruptivo agudo. Há anestesia, distúrbio de
sudorese (anidrose) e alopecia nas lesões. Na figura 4 as lesões anelares e
foveolares difusas, em tronco (4A), cujas bordas eritematoinfiltrada apresentam
limites internos mais nítidos que os externos (4B), características que se tornam
mais acentuadas na proeminência da reação hansênicas, a exemplo deste caso
clínico de Hanseníase Dimorfa (BRASIL, 2002).
         A hanseníase pode apresentar períodos de alterações imunes, os estados
reacionais. Na Hanseníase Bordeline, as lesões tornam-se avermelhadas e os
nervos inflamados e doloridos. Na forma Virchowiana, surge o eritema nodoso
hansênico: lesões nodulares, endurecidas e dolorosas nas pernas, braços e face,
que se acompanham de febre, mal-estar, queda do estado geral e inflamação de
órgãos internos. Estas reações podem ocorrer mesmo em pacientes que já
terminaram o tratamento, o que não significa que a doença não foi curada (SOUZA,
1997).
47




5 OBJETIVOS


5.1 Objetivo Geral


        Verificar a efetividade da terapia medicamentosa para a Hanseníase na rede
pública de Paranaíba-MS.


5.2 Objetivos Específicos


    •   Verificar a adesão de pacientes com Hanseníase a terapia medicamentosa;
    •   Verificar situações epidêmicas na região de Paranaíba – MS;
    •   Verificar a adesão dos pacientes ao tratamento.
.
48




6 MATERIAIS E MÉTODOS


        O método adotado para a realização deste trabalho foi o método dedutivo. E
para elaboração foram realizadas pesquisas bibliográficas em livros, teses, sites,
revistas e artigos que tratam sobre o assunto.
        Também foi realizado um levantamento de dados nos registros do SINAN
sobre a evolução da Hanseníase na cidade de Paranaíba – MS, nos anos de 2009 a
2012.
49




7 RESULTADOS E DISCUSSÃO


                   Através do SINAN realizamos um levantamento com a população da cidade
de Paranaíba-MS, referente aos surtos ocorridos nos anos de 2009 a 2012, sendo o
Mato Grosso do Sul, o segundo maior do estado em incidência sobre casos de
hanseníase.
                   A meta de cura pelo Ministério da Saúde é de 85%,a Secretaria Municipal de
Saúde é obrigada a encaminhar 52 (cinqüenta e dois) lotes por ano,ou seja, 01 (um)
caso por semana, pois o SINAN tem que ser “alimentado” diariamente.
                   Foi realizada uma pesquisa documental, em todos os registros que a
Secretaria de Saúde, em seu departamento de Saúde Imunológica possui. As
informações coletadas seguem baixo.
                   Em relação ao índice por idade, consta que entre os anos de 2009 (dois mil e
nove) a 2012 (dois mil e doze), foi registrado um caso em homens, de idade entre
zero e quatorze anos, e oito casos em mulheres da mesma faixa etária. Para os
maiores de quinze anos, foram registrados cento e trinta casos em homens, e
duzentos e vinte e cinco em mulheres. Totalizando trezentos e sessenta e quatro
casos.


                   Figura 5: Quantidade de casos de Hanseníase por sexo e faixa etária
                                                                              Masculinos (0 a 14 anos)
                                                                              Masculino (< 15 anos)
       120
                                                                              Feminino(0 a 14 anos)
                                                                              Feminino (< 15 anos)
       100

              80
 Quantidade




              60

              40

              20

              0
                       2009       2010        2011       out/12
                                              Ano
Fonte: Secretaria de Saúde de Paranaíba – MS.
50




         Segundo Silva (2011) os portadores de hanseníase são em sua maioria,
adultos do sexo masculino, o que caracteriza em hipótese, a predisposição do
homem a ter mais relações interpessoais, e uma maior exposição ao meio. Quanto à
faixa etária há uma predominância em pessoas com idade entre 25 a 49 anos.
         Os homens são os maiores responsáveis pela transmissão da hanseníase,
assim como descrito por Curto e Paschoal (SILVA, 2011). Ao se analisar as
características entre os gêneros, apesar de a hanseníase ser mais prevalecente em
homens, no presente estudo, constatou-se que a doença foi encontrada em maior
número de casos, entre as mulheres. Alguns estudos mostram que a hanseníase
afeta mais homens
         No que tange a classificação do bacilo, conforme estudamos acima, no ano
de 2009 (dois mil e nove) tiveram 11 casos de Paucibacilares, e doze casos
Multibacilares. Em 2010 (dois mil e dez) tivemos dezenove casos Paucibacilares, e
sessenta e quatro casos Multibacilares. Em 2011 (dois mil e onze) tivemos vinte e
dois casos Paucibacilares, e setenta e quatro casos Multibacilares. E em 2012 (dois
mil e doze), quarenta e nove casos Paucibacilares e nenhum caso Multibacilares.


                           Figura 6: Classificação do Bacilo


         2009



         2010
   Ano




                                                                     Casos Multibacilares
         2011                                                        Casos Paucibacilares



    out/12


                0     20         40         60        80       100
                                  Quantidade
  Fonte: Secretaria de Saúde de Paranaíba – MS.



         Estudos    demonstram     que    60%     (sessenta   por    cento)    dos     casos
diagnosticados, são na forma multibacilar e constituem importantes fatores de risco
para re-tratamento da hanseníase (TEIXEIRA; SILVEIRA; FRANÇA, 2010).
51




                       De acordo com o gráfico, os pacientes do sexo masculino apresentam um
maior                       risco    de    desenvolvimento   da     forma     multibacilar,     apresentando
predominantemente a forma clínica borderline, com desenvolvimento de reações
hansênicas mais freqüentes durante o tratamento (TEIXEIRA; SILVEIRA; FRANÇA,
2010).
                       Em relação ao grau de incapacidade, é preciso esclarecer alguns pontos,
para melhor entendimento do gráfico abaixo. O IgM é a molécula que é formada
rapidamente no corpo logo após o primeiro contato dele com um organismo invasor.
É através dessa molécula, formada perfeitamente para aquele determinado
organismo, que o corpo organiza o ataque inicial para combater essa determinada
infecção. Essa molécula tem como característica ter uma vida curta, assim não
durando muito tempo no corpo.
                       O grau de incapacidade é determinado a partir da avaliação neurológica dos
olhos, mãos/pés e o seu resultado expressa em valores que variam de zero a 02
(dois), onde: zero significa que não há presença de comprometimento neural; 01
(um) que há diminuição ou da perda da sensibilidade; e 02 (dois) que há presença
de incapacidades e deformidades. E não avaliado, corresponde ao número de
pacientes que não foram avaliados pelos agentes de saúde.
                       Assim, ficou evidenciado de acordo com os registros, o que demonstra o
gráfico abaixo:
                                       Figura 7: Avaliação no Grau de Incapacidade

                       90
                       80
                       70
   Avaliação de Grau




                       60
                                                                                          IGN
                       50
                                                                                          Grau Zero
                       40
                                                                                          Grau 1
                       30
                                                                                          Grau 2
                       20                                                                 Não Avaliado
                       10
                       0
                                    2009        2010         2011           out/12
                                                       Ano
Fonte: Secretaria de Saúde de Paranaíba – MS.
52




                Segundo Finez e Salotti (2011) estudos comprovaram que na maioria dos
casos, o grau dois tem predominância em aproximadamente 53% (cinqüenta e três
por cento) dos pacientes, seguido do grau um em aproximadamente 42% (quarenta
e dois por cento) dos pacientes e do grau zero com apenas 5% (cinco por cento) dos
mesmos. Portanto segundo esses estudos, na maioria dos pacientes com
Hanseníase há a presença de alguma incapacidade ou deformidade.
                Porém o estudo realizado com os registros dos pacientes da cidade de
Paranaíba – MS demonstra que na maioria dos pacientes não há presença de
comprometimento neural, em poucos casos houve a diminuição ou perda da
sensibilidade, e em nenhum caso foi encontrado deformidades ou incapacidades.
                De acordo com os registros do SINAN, foi realizado um levantamento total do
número de casos ocorridos no período de 2009 (dois mil e nove) a 2012 (dois mil e
doze). Em 2009 (dois mil e nove) foram registrados trinta e oito casos, em 2010 (dois
mil e dez) oitenta e sete casos, em 2011 (dois mil e onze) noventa e seis casos, e
em 2012 (dois mil e doze) até o mês de outubro, cento e quarenta e três casos.
A figura quatro demonstra esses dados:


                                   Figura 8: Levantamento Total

                160

                140

                120

                100
   Quantidade




                80                                                             Feminino
                                                                               Masculino
                60

                40

                20

                 0
                        2009          2010          2011        out/12
                                             Ano
  Fonte: Secretaria de Saúde de Paranaíba – MS.
53




                Fica evidenciado assim, um grande crescimento no número de mulheres com
hanseníase, e o aumento dos casos em geral com o decorrer dos anos.
                De acordo com o estudo, a redução pode ser justificada pela ampliação da
oferta de tratamento nas unidades públicas de saúde, pelo aumento da capacidade
de profissionais para realizar diagnósticos e pelo esforço dos profissionais da rede
básica e dos centros de referência (BRASIL, 2002).
                Mesmo com a ampliação do tratamento e a capacitação de mais profissionais,
na cidade de Paranaíba-MS houve um aumento considerável entre os casos em
mulheres, nos anos de dois mil e nove a dois mil doze.
                O estudo, que faz uma análise da situação de saúde dos brasileiros, revela
ainda que o coeficiente de detecção de casos novos por 100 mil habitantes teve uma
queda de 34% (trinta e quatro por cento).
                No que diz respeito à cura e taxa de abandono do tratamento no período de
2009 (dois mil e nove) a 2012 (dois mil e doze) de Paucibacilar e Multibacilar temos
a seguinte situação representada pelo gráfico:


                Figura 9: Porcentagem de Cura e Abandono do Tratamento
                                              (2009 – 2012)

                90
                80
                                                               % de Cura
                70
                                                               % de Abandono do Tratamento
  Porcentagem




                60
                50
                40
                30
                20
                10
                 0
                      2009      2010         2011    out/12
                                       Ano

Fonte: Secretaria de Saúde de Paranaíba – MS.



                No ano de 2009 (dois mil e nove) tivemos 57,6% dos casos de cura, e 2,1%
dos casos de abandono, em 2010 (dois mil e dez) tivemos 73,9% dos casos de cura,
54




e 4,3% dos casos de abandono, em 2011 (dois mil e onze) tivemos 80,5% dos casos
de cura, e 2,8% dos casos de abandono do tratamento, e em 2012 (dois mil e doze)
até o mês de outubro, tivemos 60,9% dos casos de cura, e 2,0% dos casos de
abandono.
      Segundo Finez e Salotti (2011), houve um aumento no número de pacientes
curados, e uma diminuição em relação ao número de pacientes que abandonaram o
tratamento. Em 2009 o índice de cura em casos diagnosticados de hanseníase no
Brasil foi de 82,1%. Em 2010, a proporção de cura pulou para 82.3%. Em 2011, foi
para83% e em 2012 foi para 86,2%.
      Em relação ao abandono do tratamento, de dois mil e nove a dois mil e onze,
houve uma redução de cerca de mais de 40%. Isso devido a campanhas de
conscientização, a divulgação de informações referentes ao tratamento e a
medicação (FINEZ; SALOTTI, 2011).
      Os pacientes de Hanseníase perceberam que se realizarem o tratamento
corretamente, serão curados, pois ao contrário do que era praticado no passado,
como o isolamento, atualmente a cura é possível, basta apenas se tratar
corretamente e ter os cuidados necessários para que a doença não volte.
55




9 CONCLUSÃO


      Nos dias atuais já está comprovado que a hanseníase tem cura, se o
tratamento for seguido da maneira correta e com responsabilidade, pois muitos
pacientes, por falta de recursos e informação, abandonam o tratamento, o que pode
ocasionar reações terríveis e de difícil reversão.
      Os doentes são tratados em ambulatórios municipais e fazem uso diariamente
de comprimidos que são distribuídos gratuitamente pelo governo. A prática de
isolamento, usada no passado para tratar os doentes com hanseníase, não existe
mais em nenhuma região do país, pelo menos oficialmente.
      Esta pesquisa realizada na cidade de Paranaíba – MS demonstra que a
Hanseníase pode ser curada. Basta observarmos os resultados obtidos entre os
anos de dois mil e nove a dois mil e doze na cidade de Paranaíba - MS, e concluir
que o índice de cura foi relativamente considerável, crescendo a cada ano.
      Para que a doença possa ser eliminada, é preciso adesão dos pacientes ao
tratamento e administração dos medicamentos. Pois eles só serão curados se
seguirem o tratamento corretamente. Vale ressaltar que o tratamento é realizado na
rede pública de saúde, e os medicamentos são distribuídos gratuitamente para os
pacientes doentes.
      Apesar da hanseníase nos dias atuais ter cura, a doença ainda representa um
grave problema de saúde pública para o Brasil, pois nosso país é o segundo no
índice de prevalência de hanseníase no mundo.
      Devido a esse quadro, campanhas governamentais de saúde tornam-se cada
vez mais corriqueiras a fim de atingir a meta de eliminação da doença. A
Hanseníase passou por um processo de evolução em todos os sentidos, tanto no
diagnóstico, tratamento, como nas informações relativas à doença.
      Portanto, podemos concluir que na cidade de Paranaíba – MS o tratamento
foi eficaz, pois grande parte dos doentes foram curados. Os pacientes que aderiram
ao tratamento obtiveram êxito na cura em mais de 90% (noventa por cento) dos
casos. Assim fica evidente que se as demais localidades divulgarem campanhas de
prevenção, conscientização dos pacientes infectados, e a divulgação do tratamento
gratuito, a cura vai ser alcançada, e neste caso, estaremos bem próximos de
eliminar a Hanseníase em nosso país.
56




                                REFERÊNCIAS


ARAGUAIA, Mariana. Hanseníase. (2012). Pesquisado em 08 de agosto de 2012.
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/doencas/hanseniase.htm>.

ARAÚJO, Marcelo Grossi. Hanseníase no Brasil. (2003). Pesquisado em 20 de
setembro               de             2012.       Disponível          em:
<http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v36n3/16339.pdf>.

BRASIL. Ministério da saúde. Secretária de política de saúde. Departamento de
atenção básica. Guia para controle da hanseníase. (2011). Pesquisado em 20 de
setembro                de            2012.           Disponível          em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_de_hanseniase.pdf>.   Brasília,
Distrito federal, 2002.

BRASIL. Ministério da saúde. Secretária de política de saúde. Departamento de
atenção básica. Manual de Prevenção de Incapacidades. (2008). Pesquisado em
20          de        setembro          de         2012.       Disponível em:
<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/incapacidades.pdf>.

BRASIL. Ministério da saúde. Secretária de política de saúde. Portal da Saúde.
Hanseníase. (2002). Pesquisado em 08 de agosto de 2012. Disponível em:
<http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/area.cfm?id_area=1466>.

BRASlL. Ministério da saúde. Secretária de política de saúde. Portal da Saúde.
SINAN. (2010). Pesquisado em 08 de agosto de 2012. Disponível em:
<http://dtr2004.saude.gov.br/sinanweb/>.

CUNHA, Marcos Antônio da. História da Hanseníase. São Pulo, 2007. Pesquisado
em        08       de       agosto       de  2012.      Disponível       em:
<http://www.ahistoria.com.br/hanseniase/>.

DAMASCO, Mariana Santos. História e Memória da Hanseníase no Brasil do
século XX: o Olhar e a Voz do Paciente. São Paulo, 2011. Pesquisado em 20 de
setembro                 de              2012.             Disponível         em:
<http://historiaecultura.pro.br/cienciaepreconceito/producao/monomdamasco.pdf>.

EIDT, Letícia Maria. Breve história da hanseníase: sua expansão do mundo para
as Américas, o Brasil e o Rio Grande do Sul e sua trajetória na saúde pública
brasileira. (2004). Pesquisado em 20 de setembro de 2012. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010412902004000200008&
lng=pt&tlng=pt>.

FALCÃO, Fabiana. Projeto de Hanseníase. (2011). Pesquisado em 20 de
setembro de 2012. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/52943508/PROJETO-
DE-HANSENIASE>.
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Hanseníase efetividade da terapia medicamentosa

  • 1. FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS FACULDADES INTEGRADAS DE FERNANDÓPOLIS CARLA REGINA NOGUEIRA COSTA JAMARA OLIVEIRA LEAL DOS SANTOS MARIO FALCÃO DA SILVA NETO VALDIR APARECIDO DA SILVA HANSENÍASE: Efetividade da terapia medicamentosa na rede pública de Paranaíba - MS FERNANDÓPOLIS 2012
  • 2. CARLA REGINA NOGUEIRA COSTA JAMARA OLIVEIRA LEAL DOS SANTOS MÁRIO FALCÃO DA SILVA NETO VALDIR APARECIDO DA SILVA HANSENÍASE: Efetividade da terapia medicamentosa na rede pública de Paranaíba - MS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Curso de Graduação em Farmácia da Fundação Educacional de Fernandópolis como exigência parcial para obtenção do título de bacharel em farmácia. Orientador: Prof. Msc. Roney Eduardo Zaparoli FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS FERNANDÓPOLIS – SP 2012
  • 3. CARLA REGINA NOGUEIRA COSTA JAMARA OLIVEIRA LEA DOS SANTOS MÁRIO FALCÃO DA SILVA NETO VALDIR APARECIDO DA SILVA HANSENÍASE: Efetividade da terapia medicamentosa na rede pública de Paranaíba – MS Trabalho de conclusão de curso aprovado como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em farmácia. Aprovado em: 21 de novembro de 2012. Banca examinadora Assinatura Conceito Prof. MSc. Roney Eduardo Zaparoli Profa. Esp. Rosana Matsumi Kagesawa Motta Profa. Esp. Vanessa Maira Rizzato Silveira Prof. MSc. Roney Eduardo Zaparoli Presidente da Banca Examinadora
  • 4. Dedico este trabalho de conclusão de curso primeiramente a Deus e a Nossa Senhora Aparecida, por ter me dado força, paciência e sabedoria, para chegar ao meu objetivo. Dedico também aos meus pais, família, amigos e professores, pela confiança e incentivo de todos. Principalmente aos meus pais, por através das suas vidas me ensinou a amar a Deus, a humildade, a afetividade e o respeito ao ser humano; A minha irmã, sobrinha e o meu namorado por sempre me apoiar e confiar no meu potencial e por compreensão; Dedico á eles meus amores... Carla Regina Nogueira Costa
  • 5. Dedico este trabalho primeiramente, a Deus, pela força e coragem que me concedeu durante esta longa caminhada, pois nada seria de mim, sem a fé que tenho nele. Aos meus pais, José Leal e Dinah Paula, que já cansados e velhos, limitaram os seus sonhos para a realização do meu. A minha irmã Kálita que sempre acreditou em mim. Jamara Oliveira Leal dos Santos
  • 6. Dedico a Deus primeiramente, e a todos aqueles que realmente me ajudaram nesta batalha. Mario Falcão da Silva Neto
  • 7. A minha esposa e filhos, que sempre me incentivaram, aos meus pais, colegas de sala e a Deus. Valdir Aparecido da Silva
  • 8. AGRADECIMENTOS Agradecemos por esta conquista e todas as demais de nossas vidas, aos nossos pais, que sempre acreditaram em nós e nos ensinaram que a vida é feita de oportunidades, e que deveríamos agarrar esta oportunidade de concluir um curso superior, oportunidade que muitos não tiveram. Também queremos agradecer aos nossos irmãos, familiares e companheiros de sala, que nesses quatro anos estiveram junto de nós, compartilhando conhecimento e ajudando uns aos outros, na realização dos trabalhos e demais atividades acadêmicas. E também ao corpo docente que nos acompanhou nesta trajetória. Em especial ao orientador prof. Roney que nos dedicou um pouco do seu tempo para a criação deste trabalho e para a banca formada pelas professoras Rosana e Vanessa. Agradecemos aos mestres e professores, que sempre se encontraram presentes no nosso dia a dia, utilizando o bom senso para nos orientar em todas as disciplinas, especialmente neste trabalho.
  • 9. "Viver devagar é que é bom, e entreviver-se, amando, desejando, sofrendo, avançando e recuando, tirando das coisas ao redor uma íntima compensação, recriando em si mesmo a reserva dos outros e vivendo em uníssono. Isso é que é viver, e viver afinal é questão de paciência”.(Fernando Sabino).
  • 10. RESUMO A Hanseníase é um problema social que afeta todo o mundo, presente também no Brasil, que continua sendo o segundo país em número de casos no mundo, após a Índia. É uma doença neuro dermatológica, que pode ser infecto-contagiosa, de evolução crônica e baixa contagiosidade, causada pelo bacilo Mycobacterium leprae que ataca os nervos periféricos, com alterações na pigmentação da pele e das mucosas, principalmente pés, mãos e face. Tem como sintomas dores nos nervos principais e surgimentos de partes anestesiadas com ou sem manchas. A Hanseníase é transmitida de uma pessoa doente que não esteja em tratamento para uma pessoa sadia, principalmente por meio da respiração durante o convívio diário. Porém é uma doença curável, e seu tratamento é disponibilizado pela rede de Saúde Pública, e os medicamentos utilizados no tratamento são distribuídos pelo Ministério da Saúde gratuitamente. A cura é mais fácil e rápida quanto mais precoce for o diagnóstico. O fator que mais influencia para a proliferação da doença é a falta de informação da população, pois muitas pessoas contaminadas não buscam o tratamento adequado, e acabam contaminando outras pessoas. Na cidade de Paranaíba – MS, onde o estudo sobre os casos de Hanseníase foi realizado, os pacientes aderiram ao tratamento, e tiveram êxito nos resultados, inclusive a maior parte foi curada. Assim ficou evidente que a medicação é eficaz, e que seguindo o tratamento corretamente a doença pode ser eliminada. Para a realização deste trabalho, foi utilizado o método dedutivo. Foram realizadas pesquisas bibliográficas em livros, teses, sites, revistas e artigos que tratam sobre o assunto. E realizado também um levantamento em relação à evolução e proliferação da doença, na cidade de Paranaíba – MS. Palavras-chaves: Hanseníase. Mycobacterium leprae. Tratamento. Cura.
  • 11. ABSTRACT Leprosy is a social problem that affects the whole world, this also in Brazil, which continues to be the second country in the number of cases in the world after India. It is a neuron dermatological disease, which can be infectious, chronic evolution and low contagiousness, caused by the bacillus leprae Mycobacterium that attacks the peripheral nerves, with changes in pigmentation of the skin and mucous membranes, especially feet, hands and face. Its main nerve pain symptoms and appearances of parties anesthetized with or without spots. Leprosy is transmitted from a sick person who is not in treatment for a healthy person, mainly through respiration during daily contact. But it is a curable disease, and treatment is provided by the network of Public Health, and the drugs used in the treatment are distributed free of charge by the Ministry of Health. Curing is easier and faster for the earlier diagnosis. The factor that most influences the proliferation of the disease is the lack of information of the population, because many infected people do not seek proper treatment, and end up contaminating others. In the city of Paranaíba - MS, where the study of cases of leprosy was performed, patients adhered to treatment, and the results were successful, including most was healed. Thus it became evident that the medication is effective, and that following treatment the disease can be properly eliminated. For this work, we used the deductive method. Literature searches were conducted in books, theses, websites, magazines and articles that deal with the subject. And also conducted a survey regarding the evolution and proliferation of the disease in the city of Paranaíba - MS. Keywords: Leprosy. Leprae Mycobacterium.Treatment.Healing.
  • 12. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Hanseníase Indeterminada............................................................................42 Figura 2: Hanseníase Tuberculóide..............................................................................43 Figura 3: Hanseníase Virchowiana ou Lepromatosa....................................................44 Figura 4: Hanseníase Dimorfa ou Bordeline.................................................................45 Figura 5:Quantidade de casos de Hanseníase por sexo e faixa etária........................48 Figura 6 :Classificação do Bacilo..................................................................................49 Figura 7 : Avaliação no Grau de Incapacidade.............................................................50 Figura 8 :Levantamento Total.......................................................................................51 Figura 9 :Porcentagem de Cura e Abandono do Tratamento.......................................52
  • 13. LISTA DE ABREVIATURAS FIN – Ficha Individual de Notificação IgM – Imunoglobulina M MB – Multibacilar MS – Mato Grosso do Sul OMS – Organização Mundial de Saúde PAB – Piso de Assistência Básica PB – Paucibacilar PQT – Poliquimioterapia SINAN – Sistema de Informação de Agravos de Notificações SES – Secretaria Estadual de Saúde SUS – Sistema Único de Saúde SVS – Secretaria de vigilância sanitária
  • 14. SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 16 1 HANSENÍASE........................................................................................................ 18 1.1 História ........................................................................................................... 18 1.2 Hanseníase no Mundo ................................................................................... 19 1.3 Hanseníase no Brasil..................................................................................... 22 2 TRATAMENTO ...................................................................................................... 24 2.1 Tratamento Quimioterápico .......................................................................... 25 2.1.1. Esquema Paucibacilar (PB) ...................................................................... 26 2.1.2. Esquema Multibacilar (MB)....................................................................... 26 2.1.3. Duração Do Tratamento e Critério De Alta ............................................... 26 2.1.4. Efeitos Adversos aos Medicamentos ........................................................ 27 2.2 Diagnóstico da Doença ................................................................................. 28 2.2.1. Diagnóstico Clínico ................................................................................... 29 2.2.2. Investigação Epidemiológica .................................................................... 29 2.2.3. Avaliação Dermatológica .......................................................................... 30 2.2.4. Avaliação Neurológica .............................................................................. 31 2.2.5. Diagnóstico Laboratorial ........................................................................... 32 2.2.6.Diagnóstico Diferencial .............................................................................. 33 3 SINAN .................................................................................................................... 34 4 ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS. ....................................................................... 36 4.1 Agente Etiológico .......................................................................................... 36 4.2 Modo De Transmissão................................................................................... 36 4.3 Aspectos Clínicos .......................................................................................... 37 4.3.1. Sinais e Sintomas Dermatológicos ........................................................... 38 4.3.2. Sinais e Sintomas Neurológicos ............................................................... 38
  • 15. 4.4 Evolução da Doença ...................................................................................... 39 4.5 Prevenção e Tratamento de Incapacidades Físicas ................................... 40 4.6 Formas Clínicas Da Hanseníase ................................................................... 42 4.6.1. Hanseníase Indeterminada....................................................................... 42 4.6.2. Hanseníase Tuberculóide.........................................................................43 4.6.3. Hanseníase Virchowiana ou Lepromatosa ............................................... 44 4.6.4. Hanseníase Dimorfa ou Bordeline ............................................................ 45 5 OBJETIVOS........................................................................................................... 47 5.1Objetivo Geral ................................................................................................. 47 5.2 Objetivos Específicos.................................................................................... 47 6 MATERIAIS E METODOS........................................................................................48 7 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................49 8 CONCLUSÃO.. ...................................................................................................... 55 REFERÊNCIAS.. ...................................................................................................... 56
  • 16. 16 INTRODUÇÃO A hanseníase apresenta-se desde a virada do milênio, e mesmo sendo curável, é considerada uma das doenças de maior importância de Saúde Pública no Brasil, devido a sua alta endemicidade. Sua eliminação é um problema global e em toda América latina o Brasil é o único País em que a doença não foi eliminada, mesmo com tantos avanços e progressos na ciência e na medicina. O Brasil é o país mais endêmico do mundo, ocupando o primeiro lugar em números de casos novos detectados, e sendo também segundo em números absolutos (MARTELLI, 2002). As maiores dificuldades hoje encontradas são a alta detecção de casos e a prevalência em níveis elevados em muitos dos municípios brasileiros (problemas epidemiológicos) e reduzida em muitos outros, muitas vezes como conseqüência da falta de um trabalho sistematizado de divulgação de sinais e sintomas junto à população em geral, decorrente da falta de capacitação de pessoal da rede de serviços para diagnosticar e tratar todos os casos existentes e o preconceito social ainda presente (ARAÚJO, 2003). Diante destes fatos este trabalho de conclusão de curso tem como tema central a Hanseníase como um problema social brasileiro, seus aspectos gerais, sua história e evolução. A doença é endêmica em todo o território nacional, embora com distribuição irregular. No Brasil as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, são as que apresentam as maiores taxas de detecção e prevalência da doença (BRASIL, 2002). O objetivo principal consistirá em demonstrar a evolução da Hanseníase no Brasil, e também suas causas, diagnósticos, e tratamentos. A importância deste trabalho consiste em divulgar as causas, sintomas e tratamento da Hanseníase. E demonstrar que a Hanseníase é sim uma doença curável, e que ela faz parte dos Programas Estratégicos que ainda tem aquisição e distribuição de medicamentos pelo Ministério da Saúde, com vista a garantir o fornecimento de medicamentos nos níveis estaduais e municipais, ou seja, o tratamento da Hanseníase é gratuito, porém apenas uma pequena parte da população tem este conhecimento. A monografia será dividida em seis capítulos. O primeiro capítulo apresenta um contexto geral da hanseníase no Brasil na perspectiva de uma história social da
  • 17. 17 saúde e da doença, para que seja possível uma compreensão melhor dos capítulos posteriores. Dentro desse panorama inicial o trabalho trata de questões mais gerais tais como o surgimento da Hanseníase, suas origens, causas iniciais e a maneira como as pessoas em épocas passadas tratavam a Hanseníase, destacando que o preconceito que se iniciou no passado, mesmo com a evolução dos tempos está presente nos dias atuais. No segundo capítulo o objetivo principal consiste em abordar a evolução da Hanseníase e seus aspectos gerais e principais, como suas causas, de que forma a hanseníase é percebida e sentida, seus sintomas, diagnóstico e contágio. Destacando o Tratamento adequado a ser adotado, e demonstrando que se for seguido corretamente, o paciente pode ser curado. No terceiro capítulo trataremos sobre o SINAN, o Sistema de Informação de agravos de Notificações, sua importância, e a forma como as informações são obtidas e contextualizadas por ele. No quarto capítulo trataremos dos aspectos que envolvem a doença, como os medicamentos, o tratamento, o relacionamento com os profissionais de saúde e as políticas públicas, como o estigma e o preconceito influenciam na vida das pessoas portadoras de Hanseníase. No quinto capítulo abordaremos os aspectos epidemiológicos, destacando os pontos que pretendíamos analisar e demonstrando a relevância que ele teria nos dias atuais. No sexto e último capítulo deste trabalho o foco principal será em relação à evolução da Hanseníase na cidade de Paranaíba, estado de Mato Grosso do Sul, e sua situação atual, levando em consideração a sua incidência e casos diagnosticados. Destacando o alto índice de cura e o baixo índice de abandono do tratamento. O método adotado para a realização deste trabalho será o método dedutivo. E para elaboração serão realizadas pesquisas bibliográficas em livros, teses, sites, revistas e artigos que tratam sobre o assunto.
  • 18. 18 1 HANSENÍASE 1.1 História A hanseníase ficou conhecida oficialmente por este nome a partir de 1976, pois desde os tempos bíblicos ela era conhecida como lepra (Bíblia Sagrada, 1992), e é uma das doenças mais antigas na história da medicina. As referências mais remotas datam de 600 anos Antes de Cristo, e procede da Ásia, que, juntamente com a África, podem ser consideradas o berço da doença (BRASIL, 2002). Ela é uma doença infecto contagiosa de evolução crônica que se manifesta, principalmente, por lesões cutâneas com diminuição de sensibilidade térmica, dolorosa e tátil, causada pelo bacilo de Hansen, o Mycobacterium leprae M. leprae, descoberto em 1873 na Noruega pelo médico Gerhard Amauer Hansen, notável pesquisador sobre o tema, que identificou, em 1873, este bacilo como o causador da lepra, a qual teve seu nome trocado para hanseníase em homenagem ao seu descobridor (GOMES, 2000, apud EIDT, p. 77, 2004). O bacilo de Hansen é um parasita que acomete principalmente a pele e os nervos das extremidades do corpo, mas pode afetar outros órgãos como olhos, rins, testículos, fígado e baço, e também causar uma série de problemas, desde lesões na pele a deformidades na face, dedos das mãos e dos pés e destruição da cartilagem do nariz (TALHARI; NEVES, 1997 apud EIDT, p. 77, 2004). A hanseníase é uma doença de grande importância para a saúde pública devido à sua magnitude e seu alto poder incapacitante, atingindo principalmente as pessoas em faixa etária economicamente ativa comprometendo seu desenvolvimento profissional e/ou social. O alto potencial incapacitante da hanseníase está diretamente relacionado à capacidade do bacilo penetrar a célula nervosa e também ao seu poder imunogênico. A doença tem um passado triste, de discriminação e isolamento dos doentes, que hoje já não existe e nem é necessário, pois a doença pode ser tratada e curada (FINEZ; SALOTTI, 2011). Com período de incubação que varia entre três e cinco anos, sua primeira manifestação consiste no aparecimento de manchas dormentes, de cor avermelhada
  • 19. 19 ou esbranquiçada, em qualquer região do corpo. Placas, caroços, inchaço, fraqueza muscular e dor nas articulações podem ser outros sintomas. Entre os fatores predisponentes estão o baixo nível sócio-econômico, a desnutrição e a superpopulação doméstica. Devido a isso, a doença ainda tem grande incidência nos países subdesenvolvidos (FINEZ; SALOTTI, 2011). Com o avanço da doença, o número de manchas ou o tamanho das já existentes aumenta e os nervos ficam comprometidos, podendo causar deformações em regiões, como nariz e dedos, e impedir determinados movimentos, como abrir e fechar as mãos. Além disso, pode permitir que determinados acidentes ocorram em razão da falta de sensibilidade nessas regiões (ARAGUAIA, 2012). Sua transmissão ocorre através do contato direto com doentes sem tratamento, pois estes eliminam os bacilos através do aparelho respiratório superior em meio às secreções nasais e gotículas da fala, tosse e espirro. No caso dos doentes que recebem tratamento médico, não há risco de transmissão.Outra possibilidade é o contato direto com a pele através de feridas de doentes (ARAGUAIA, 2012). A hanseníase, na sua marcha invasora pelo organismo, acarreta alterações e deformidades físicas, se não tratada precocemente. Contudo, a vitalidade orgânica e a consciência do doente não se alteram. O hanseniano sofre mais moral do que fisicamente (EIDT, 2004). Esta moléstia, interpretada até mesmo como castigo divino, representa, desde os mais remotos tempos até os dias atuais, verdadeiro estigma social. É considerado mais do que uma doença. Por vezes representa uma humilhação extrema e uma condenação por um mal que o doente não cometeu (EIDT, 2004). 1.2 A Hanseníase no mundo A hanseníase, amplamente conhecida pela designação de lepra, parece ser uma das mais antigas doenças que acomete o homem e acredita-se que seja originária da Ásia. Outros autores também apontam a África como berço desta doença. Ainda hoje, discute-se se a hanseníase é de origem asiática ou africana (EIDT, p. 79, 2004).
  • 20. 20 Conhecida há mais de três ou quatro mil anos na Índia, China e Japão, já existia no Egito quatro mil e trezentos anos antes de Cristo, segundo um papiro da época de Ramsés II. Há evidências objetivas da doença em esqueletos descobertos no Egito, datando do segundo século antes de Cristo (SOUZA, 2007). Skinsnes (2003 apud EIDT, 2004) nos reporta que uma das mais autênticas descrições da hanseníase é encontrada no manuscrito chinês intitulado “Remédios secretos completos”, escrito por volta de 190 Antes de Cristo, no qual encontra-se a descrição de uma doença que provocava a perda de sensibilidade e o aparecimento de manchas vermelhas que inchavam e depois se ulceravam, ocorrendo em seguida queda de sobrancelhas, cegueira, deformidade nos lábios, rouquidão, ulceração das plantas dos pés, desabamento de nariz e deslocamento de articulações. Ainda conforme este autor há escritos da China que descrevem os primeiros sintomas do lai ping como dormência da pele e sensação de vermes andando sob ela. Nos tempos Babilônicos, há referências sobre a hanseníase como a palavra lepra, mas seu significado era de uma doença escamosa. A palavra epqu, que foi traduzida como lepra no Dicionário Assírio, também significa escamoso. A hanseníase existia em épocas remotas no Egito e era citada no “Papiro de Ebers” (1300-1800 a.C.) (Skinsnes, 2003 apud EIDT, 2004). Segundo Jopling e McDougall (1991 apud EIDT, 2004), da Grécia a Doença de Hansen foi lentamente disseminando-se para a Europa, carregada por soldados infectados, comerciantes e colonizadores, sendo mais prevalente entre os séculos X e XV. Acontece, porém, que a hanseníase era designada como lepra, como era assim denominadas várias outras doenças de pele que se supunham ser idênticas ou ter alguma relação com ela. O diagnóstico da doença era feito de uma maneira imprópria, o que pode ter contribuído, mais ainda, para confusões a cerca da doença hanseníase. A Lei de Strasbourg, no final do século XV, exigia que quatro pessoas fossem designadas para examinar um leproso: um médico, um cirurgião e dois barbeiros. Eles tinham que realizar o teste de urina e de sangue nos pacientes (DANIELLSEN, 1999 apud ARAÚJO, 2003). Conforme o autor acima citado, uma pequena amostra de sangue era depositada em um recipiente com sal. Se o sangue se descompusesse, o paciente era são, caso contrário, era considerado doente. Outra técnica consistia em misturar
  • 21. 21 a água com o sangue. Se a mistura dos dois líquidos fosse impossível, tratava-se do sangue de um hanseniano. Quando se juntavam gotas de sangue ao vinagre, se não houvesse formação de bolhas, igualmente era firmado o diagnóstico de hanseníase. A análise de sangue tornou-se tão importante para o diagnóstico desta doença que um médico da Alsacia escreveu que o teste sanguíneo era absolutamente necessário para o seu diagnóstico. Convém ressaltar, aqui, que o diagnóstico de hanseníase é, predominantemente, feito pelo exame clínico e neurológico do doente. Durante a Idade Média, segundo evidências de que se dispõe, a hanseníase teve alta incidência na Europa e Oriente médio. De acordo com Pinto (1995, p.134 apud EIDT, 2004), “os médicos medievais consideravam a lepra simultaneamente uma doença contagiosa e hereditária, ou oriunda de uma relação sexual consumada durante a menstruação”. Por volta de 1870, à hanseníase já havia praticamente desaparecido em quase todos os países da Europa e, mesmo na Noruega, onde ainda podia ser considerada endêmica, sua incidência já se achava em declínio. Admite-se que este declínio teve como causa principal a melhoria das condições sócio-econômicas experimentadas pelos povos europeus ao longo das Idades Modernas e Contemporâneas (EIDT, p. 80, 2004). Ao mesmo tempo em que a hanseníase tendia ao desaparecimento na Europa, mantinham-se os foco sindéticos na Ásia e na África e introduzia-se a doença no Novo Mundo, a partir das conquistas espanhola se portuguesas e da importação de escravos africanos. Durante o período da colonização, a América Latina tornou-se, gradativamente, uma nova área endêmica mundial (MONTEIRO, 2007, apud YAMASHITA, 2010). Nas Américas, a hanseníase deve ter chegado entre os séculos XVI e XVII com os colonizadores, pois não há evidências da existência da moléstia entre as tribos indígenas do Novo Mundo. Nos Estados Unidos foram os franceses, fundadores do Estado de Louisiana, que trouxeram a doença. Na América do Sul ela veio, provavelmente, com os colonizadores espanhóis e portugueses, pois os primeiros doentes de hanseníase observados na Colômbia eram de origem espanhola. O maior fator de expansão da hanseníase nas Américas foi o tráfico de escravos (MONTEIRO, 2007, apud YAMASHITA, 2010).
  • 22. 22 Na atualidade, todos os países sul-americanos têm hanseníase, sendo o Brasil o que apresenta as mais altas incidência e prevalência desta doença neste continente (BRASIL, 2002). 1.3 A Hanseníase no Brasil Assim como em outras regiões da América, não havia hanseníase entre os indígenas brasileiros. A doença entrou no Brasil, por vários pontos do litoral, com os primeiros colonizadores portugueses, principalmente açorianos, e para sua disseminação muito contribuíramos escravos africanos. Entretanto, outros povos europeus também colaboraram para sua disseminação posteriormente. (ARAÚJO, 2003 apud EIDT, p. 80, 2004). No Brasil, os primeiros casos da doença foram notificados no ano de 1600, na cidade do Rio de Janeiro, onde, anos mais tarde, seria criado o primeiro lazareto, local destinado a abrigar os doentes de Lázaro, lazarentos ou leprosos. Os primeiros documentos que atestam a existência da hanseníase e no território brasileiro datam dos primeiros anos do século XVII, tanto que em 1696 o governador Artur de Sá e Menezes procurava dar assistência, no Rio de Janeiro, aos doentes já então em número apreciável (MONTEIRO, 2007, apud YAMASHITA, 2010). Após os primeiros casos no Rio de Janeiro, outros focos da doença foram identificados, principalmente na Bahia e no Pará. Tal fato, conforme Ministério da Saúde levou as autoridades da época a solicitarem providências a Portugal, sem, entretanto, serem atendidas (BRASIL, 2002). Ainda segundo consta, as primeiras iniciativas do governo colonial só foram tomadas dois séculos depois do pedido das autoridades locais, com a regulamentação do combate à doença por ordem de D. João VI. Entretanto, as ações de controle se limitaram à construção de asilos e à assistência precária aos doentes (EIDT, p. 81, 2004). São dois os documentos mais antigos, referentes à hanseníase no Estado de São Paulo. Um é a carta enviada ao Conde de Oyeiras, em 1765, onde o governador se refere ao perigo que corria a capitania em decorrência da doença.O outro documento são coletâneas das atas da cidade de São Paulo (1768) sobre o despejo de uma cigana doente a mando da vereança da cidade.O primeiro censo
  • 23. 23 em São Paulo sobre o número de casos de hanseníase foi em 1822, cujos dados não são conhecidos integralmente. O segundo censo foi realizado em 1851. Outros censos foram realizados depois, notando-se sempre um aumento do número de pacientes, o que acompanhava a marcha do progresso do Estado (CUNHA, 2007). Em decorrência do desenvolvimento da agricultura, novas terras foram sendo colonizadas e surgiu a necessidade de mão-de-obra. Como conseqüência houve a migração de vários doentes às mais diferentes regiões do território brasileiro. Estes focos, muito distantes um dos outros, correspondiam às cidades mais importantes política ou economicamente. Pernambuco era o mais importante centro açucareiro do mundo, a Bahia, capital da Colônia e o Rio de Janeiro progrediam tanto que se tornou a sede do Governo posteriormente. São Paulo iniciava o desenvolvimento de sua agricultura, abandonando o espírito aventureiro que provocara a conquista de Minas Gerais, Goiás e todo o Sul do País (EIDT, p. 87, 2004). De acordo com Maurano (2008 apud EIDT, p. 90, 2004), após a introdução da moléstia por diversos pontos da costa brasileira, correspondentes aos principais centros da Colônia, a infecção teria acompanhado a marcha da colonização. De Pernambuco, um dos mais antigos centros da agricultura usineira, teria a moléstia se estendido à Paraíba e a Alagoas, devido ao desenvolvimento agrícola dessas regiões. E ao Ceará, Maranhão, Pará e Amazonas pela ocupação desses Estados. De São Paulo, a infecção teria acompanhado os bandeirantes para Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás. E seria de São Paulo, também, o foco da hanseníase para os Estados do Sul. O Amazonas recebeu a hanseníase do Pará, onde era grande a prevalência nos princípios do século XIX. As relações com Belém, Santarém e Manaus eram intensas nessa época por causa do desenvolvimento do comércio. Esse mesmo autor afirma que “os nordestinos que iam à Amazônia voltavam, freqüentemente, leprosos”. O primeiro leproso registrado em Manaus data de 24 de fevereiro de 1908 (EIDT, p. 91, 2004).
  • 24. 24 2 TRATAMENTO Primeiramente o que deve ficar bem evidente, é que hanseníase tem cura, basta o paciente seguir o tratamento corretamente. O tratamento do paciente com hanseníase é fundamental para curá-lo, e fechar a fonte de infecção, interrompendo a cadeia de transmissão da doença, sendo, portanto estratégico no controle da endemia e para eliminar a hanseníase enquanto problema de saúde pública (YAMASHITA, 2010). A Hanseníase é capaz de contaminar outras pessoas pelas vias respiratórias, caso o portador não esteja sendo tratado. Entretanto, segundo a Organização Mundial de Saúde, a maioria das pessoas é resistente ao bacilo e não a desenvolve. Aproximadamente 95% (noventa e cinco por cento) dos parasitas são eliminados na primeira dose do tratamento, já sendo incapaz de transmiti-los a outras pessoas. Este dura até aproximadamente um ano e o paciente pode ser completamente curado, desde que siga corretamente os cuidados necessários. Assim, buscar auxílio médico é a melhor forma de evitar a evolução da doença e a contaminação de outras pessoas (BRASIL, 2002). Os pacientes devem ser tratados em regime ambulatorial. Nos serviços básicos de saúde, administra-se uma associação de medicamentos, a poliquimioterapia (PQT/OMS) (SOUZA, 2007). O tratamento integral de um caso de hanseníase compreende o tratamento quimioterápico específico, seu acompanhamento, com vista a identificar e tratar as possíveis intercorrências e complicações da doença e a prevenção e o tratamento das incapacidades físicas (ARAÚJO, 2003). Há necessidade de um esforço organizado de toda a rede básica de saúde no sentido de fornecer tratamento quimioterápico a todas as pessoas diagnosticadas com hanseníase. O tratamento é gratuito, porém uma grande parcela de pessoas doentes não está ciente disso e não procuram tratamento, com receio de pagá-lo, e na maioria das vezes não tem condição. O indivíduo, após ter o diagnóstico, deve, periodicamente, ser visto pela equipe de saúde para avaliação e para receber a medicação.
  • 25. 25 2.1 Tratamento Quimioterápico Não é eticamente recomendável tratar o paciente com hanseníase com um só medicamento. O tratamento específico da pessoa com hanseníase, indicado pelo Ministério da Saúde, é a poliquimioterapia padronizada pela Organização Mundial de Saúde, conhecida como PQT, devendo ser realizado nas unidades de saúde (BRASIL, 2002). A PQT mata o bacilo tornando-o inviável, evita a evolução da doença, prevenindo as incapacidades e deformidades causadas por ela, levando à cura. O bacilo morto é incapaz de infectar outras pessoas, rompendo a cadeia epidemiológica da doença. Assim sendo, logo no início do tratamento, a transmissão da doença é interrompida, e, sendo realizados de forma completa e corretos, garante a cura da doença (ZANNATA, 2006). A poliquimioterapia é constituída pelo conjunto dos seguintes medicamentos: rifampicina, dapsona e clofazimina, com administração associada (BRASIL, 2002). Essa associação evita a resistência medicamentosa do bacilo que ocorre com freqüência quando se utiliza apenas um medicamento, impossibilitando a cura da doença. Para crianças com hanseníase, a dose dos medicamentos do esquema- padrão é ajustada, de acordo com a sua idade. Já no caso de pessoas com intolerância a um dos medicamentos do esquema-padrão, são indicados esquemas alternativos (YAMASHITA, 2010). A alta por cura é dada após a administração do número de doses preconizadas pelo esquema terapêutico. Dentre as pessoas que adoecem, algumas apresentam resistência ao bacilo, constituindo os casos Paucibacilares (PB), que abrigam um pequeno número de bacilos no organismo, insuficiente para infectar outras pessoas. Os casos Paucibacilares, portanto, não são consideradas importantes fontes de transmissão da doença devido à sua baixa carga bacilar. Algumas pessoas podem até curar-se espontaneamente (SAADEH, et. al., 2006).
  • 26. 26 2.1.1 Esquema Paucibacilar (PB) Este tipo de tratamento se dirige aos pacientes que possuem até cinco lesões na pele. Neste caso é utilizada uma combinação da rifampicina e dapsona, acondicionados em uma cartela, no seguinte esquema: rifampicina uma dose mensal de 600 mg (2 cápsulas de 300 mg) com administração supervisionada; e dapsona uma dose mensal de 100mg supervisionada e uma dose diária auto- administrada (ZANATTA, 2006). A duração do tratamento é de seis doses mensais supervisionadas de rifampicina. E o critério de alta é de seis doses supervisionadas em até nove meses (SOUZA, 2007). 2.1.2 Esquema Multibacilar (MB) Este tipo de tratamento se dirige aos pacientes que possuem mais de cinco lesões na pele. Aqui é utilizada uma combinação da rifampicina, dapsona e de Clofazimina, acondicionados em uma cartela, no seguinte esquema: rifampicina uma dose mensal de 600 mg (2 cápsulas de 300 mg) com administração supervisionada; Clofazimina uma dose mensal de 300 mg (3 cápsulas de 100 mg) com administração supervisionada e uma dose diária de 50mg auto-administrada; e dapsona uma dose mensal de 100mg supervisionada e uma dose diária auto- administrada (ZANATTA, 2006). A duração do tratamento é de doze doses mensais supervisionadas de rifampicina. E o critério de alta é de doze doses supervisionadas em até dezoito meses (SOUZA, 2007). 2.1.3 Duração Do Tratamento e Critério De Alta O esquema de administração da dose supervisionada deve ser o mais regular possível, de 28 em 28 dias. Porém, se o contato não ocorrer na unidade de saúde no dia agendado, a medicação deve ser dada mesmo no domicílio, pois a garantia da administração da dose supervisionada e da entrega dos medicamentos indicados
  • 27. 27 para a automedicação é imprescindível para o tratamento adequado (YAMASHITA, 2010). A duração do tratamento PQT deve obedecer aos prazos estabelecidos: de seis doses mensais supervisionadas de rifampicina tomadas em até nove meses para os casos Paucibacilares e de 12 doses mensais supervisionadas de rifampicina tomadas em até 18 meses para os casos Multibacilares (SOUZA, 2007). A assistência regular ao paciente com hanseníase paucibacilar na unidade de saúde ou no domicílio é essencial para completar o tratamento em seis meses. Se, por algum motivo, houver a interrupção da medicação ela poderá ser retomada em até três meses, com vista a completar o tratamento no prazo de até nove meses (ARAÚJO, 2003). Já em relação ao portador da forma Multibacilar que mantiver regularidade no tratamento segundo o esquema preconizado, o mesmo completar-se-á em doze meses. Havendo a interrupção da medicação está indicado o prazo de seis meses para dar continuidade ao tratamento e para que o mesmo possa ser completado em até dezoito meses (ARAÚJO, 2003). O paciente que tenha completado o tratamento PQT não deverá mais ser considerado como um caso de hanseníase, mesmo que permaneça com alguma seqüela da doença. Deverá, porém, continuar sendo assistido pelos profissionais da Unidade de Saúde, especialmente nos casos de intercorrências pós-alta: reações e monitoramento neural. Em caso de reações pós-alta, o tratamento PQT não deverá ser reiniciado (BRASIL, 2002). 2.1.4 Efeitos Adversos aos Medicamentos O uso da Rifampicina pode acarretar efeitos cutâneos, gastrointestinais, hepáticos, hematopoiéticos. A Clofazimina acarreta efeitos cutâneos com ressecamento da pele, e coloração avermelhada (YAMASHITA, 2010). Alterações gastrointestinais também podem estar presentes, com diminuição da peristalse e dor abdominal, devido ao deposito de cristais de Clofazimina nas submucosas e linfonodos intestinais, resultando na inflamação da porção terminal do intestino delgado (SOUZA, 2007).
  • 28. 28 A Dapsona pode apresentar efeitos cutâneos (síndrome de Stevens-Johnson, dermatite esfoliativa ou eritrodermia), hepáticos, fenômenos hemolíticos, dentre outros. As drogas utilizadas no tratamento dos episódios reacionais (Talidomida e corticosteróides) necessitam de monitoramento clínico (BRASIL, 2002). A equipe de saúde deve estar sempre atenta para a possibilidade de ocorrência de efeitos colaterais dos medicamentos utilizados na PQT e no tratamento dos estados reacionais, devendo realizar imediatamente a conduta adequada. 2.2 Diagnóstico da Doença Para melhor entendimento do quadro clínico e classificação, alguns aspectos imunológicos devem ser mencionados. Demonstrou-se que o M. leprae é um bacilo com alto poder infectante e baixo poder patogênico. Depois da sua entrada no organismo, não ocorrendo a sua destruição, este irá se localizar na célula de Schwann e na pele. Sua disseminação para outros tecidos pode ocorrer nas formas mais graves da doença, nas quais o agente infectante não encontra resistência contra a sua multiplicação. Nesse caso, os linfonodos, olhos, testículos e fígado podem abrigar grande quantidade do bacilo (ARAÚJO, p. 375, 2003). O Ministério da Saúde define como caso de hanseníase para tratamento, quando um ou mais dos seguintes sintomas encontram-se presentes: lesão de pele com alteração de sensibilidade, espessamento de tronco nervoso ou baciloscopia positiva na pele. O diagnóstico da hanseníase é realizado através do exame clínico, quando se busca os sinais dermatoneurológicos da doença. O diagnóstico precoce da hanseníase e o seu tratamento adequado evitam a evolução da doença, e conseqüentemente impedem a instalação das incapacidades físicas por ela provocadas (BRASIL, 2002).
  • 29. 29 2.2.1Diagnóstico Clínico O diagnóstico clínico é realizado através do exame físico onde se procede a uma avaliação dermatoneurológica, buscando-se identificar sinais clínicos da doença. Já o diagnóstico epidemiológico, deve ocorrer antes de dar-se início ao exame físico, deve-se colher informações sobre a história clínica do paciente, ou seja, presença de sinais e sintomas dermatoneurológicos característicos da doença e sua história epidemiológica, ou seja, sobre a sua fonte de infecção (SOUZA, 2007). De acordo com o Ministério da Saúde o roteiro do diagnóstico clínico constitui- se das seguintes atividades: obtenção da história clínica e epidemiológica; avaliação dermatológica; avaliação neurológica; diagnóstico dos estados reacionais; diagnóstico diferencial; classificação do grau de incapacidade física. 2.2.2 Investigação epidemiológica Inicialmente deve ser realizar uma conversa com o paciente a fim de se descobrir os sinais e sintomas da doença e possíveis vínculos epidemiológicos. A pessoa deve ser ouvida com muita atenção e as dúvidas devem se prontamente esclarecidas, procurando-se reforçar a relação de confiança existente entre o indivíduo e os profissionais de saúde. Devem ser registradas cuidadosamente no prontuário todas as informações obtidas, pois elas serão úteis para a conclusão do diagnóstico da doença, para o tratamento e para o acompanhamento do paciente (ZANATTA, 2006). Além das questões rotineiras, é fundamental que sejam identificadas as seguintes questões: alguma alteração na pele como manchas, placas, infiltrações, tubérculos, nódulos, e há quanto tempo eles apareceram; possíveis alterações de sensibilidade em alguma área do corpo; presença de dores nos nervos, ou fraqueza nas mãos e nos pés e se usou algum medicamento para tais problemas e qual o resultado (BRASIL, 2002). As pessoas que têm hanseníase, geralmente, queixam-se de manchas dormentes na pele, dores, câimbras, formigamento, dormência e fraqueza nas mãos
  • 30. 30 e pés. A investigação epidemiológica é muito importante para se descobrir a origem da doença e para o diagnóstico precoce de novos casos de hanseníase (ARAÚJO, 2003). 2.2.3 Avaliação Dermatológica Essa avaliação visa identificar as lesões de pele próprias da hanseníase, pesquisando a sensibilidade nas mesmas. A alteração de sensibilidade nas lesões de pele é uma característica típica da hanseníase. Deve ser feita uma inspeção de toda a superfície corporal, no sentido crânio-caudal, procurando identificar as áreas acometidas por lesões de pele (SOUZA, 2007). As áreas onde as lesões ocorrem com maior freqüência são: face, orelhas, nádegas, braços, pernas e costas, mas elas podem ocorrer, também, na mucosa nasal. Devem ser realizadas as seguintes pesquisas de sensibilidade nas lesões de pele: térmica, dolorosa, e tátil, que se complementam (BRASIL, 2002). A pesquisa de sensibilidade nas lesões de pele, ou em áreas suspeitas, é um recurso muito importante no diagnóstico da hanseníase e deve ser executada com paciência e precisão. A sensibilidade normal depende da integridade dos troncos nervosos e das finas terminações nervosas que se encontram sob a pele. Sem ela o paciente perde sua capacidade normal de perceber as sensações de pressão, tato, calor, dor e frio (YAMASHITA, 2010). Por esse motivo, é importante, para fins de prevenção, poder detectar precocemente essas lesões, já que a perda de sensibilidade, ainda que em pequena área, pode significar um agravo para o paciente. Para realização da pesquisa de sensibilidade, são necessárias algumas considerações como, selecionar aleatoriamente, a seqüência de pontos a serem testados; tocar apele deixando tempo suficiente para o paciente responder; repetir o teste para confirmar os resultados em cada ponto; e realizar o teste em área próxima dentro do mesmo território específico, quando na presença de calosidades, cicatrizes ou úlceras (SOUZA, 2007).
  • 31. 31 A pesquisa de sensibilidade térmica nas lesões e nas áreas suspeitas deve ser realizada, sempre que possível, com dois tubos de vidro, um contendo água fria e no outro água aquecida. Deve-se ter o cuidado da temperatura da água não ser muito elevada (acima de 45º C), pois neste caso poderá despertar sensação de dor, e não de calor. Deve ser tocada a pele sã e a área suspeita com a extremidade dos tubos frio e quente, alternadamente, solicitando-se à pessoa que identifique as sensações de frio e de calor (quente). As respostas como menos frio, ou menos quente devem também ser valorizadas nessa pesquisa (BRASIL, 2002). Já a pesquisa de sensibilidade tátil nas lesões e nas áreas suspeitas é apenas comum a mecha fina de algodão seco. A pele sã e a área suspeita devem ser tocadas, alternadamente, com a mecha de algodão seco e, ao indivíduo examinado, deve-se perguntar se sente o toque. Após a comparação dos resultados dos toques, pode-se concluir sobre a alteração de sensibilidade tátil nas lesões ou nas áreas suspeitas (ZANATTA, 2006). A pesquisa da sensibilidade protetora é realizada nas lesões, nos membros inferiores e superiores utilizando-se a ponta de uma caneta esferográfica. Essa pesquisa é a mais importante para prevenir incapacidades, pois detecta precocemente diminuição ou ausência de sensibilidade protetora do paciente (ZANATTA, 2006). 2.2.4 Avaliação Neurológica A hanseníase é uma doença infecciosa, sistêmica, com repercussão importante nos nervos periféricos. O processo inflamatório desses nervos (neurite) é um aspecto importante da hanseníase. Clinicamente, a neurite pode ser silenciosa, sem sinais ou sintomas, ou pode ser evidente, aguda, acompanhada de dor intensa, hipersensibilidade, edema, perda de sensibilidade e paralisia dos músculos (SOUZA, 2007). No estágio inicial da doença, a neurite hansênicas não apresenta um dano neural demonstrável, contudo, sem tratamento adequado freqüentemente, a neurite torna-se crônica e evolui, passando a evidenciar o comprometimento dos nervos periféricos: a perda da capacidade de suar (anidrose), a perda de pelos (alopecia), a
  • 32. 32 perda das sensibilidades térmica, dolorosa e tátil, e a paralisia muscular (SOUZA, 2007). Os processos inflamatórios podem ser causados tanto pela ação do bacilo nos nervos, como pela resposta do organismo à presença do bacilo, ou por ambos, provocando lesões neurais, que se não tratadas, podem causar dor e espessamento dos nervos periféricos, alteração de sensibilidade e perda de força nos músculos inervados por esses nervos, principalmente nas pálpebras e nos membros superiores e inferiores, dando origem a incapacidades e deformidades (YAMASHITA, 2010). Os principais nervos periféricos acometidos na hanseníase são os que passam pela face, que podem causar alterações na face, nos olhos e no nariz; pelos braços, que podem causar alterações nos braços e mãos; e pelas pernas, que podem causar alterações nas pernas e pés (ARAÚJO, 2003). A identificação das lesões neurológicas é feita através da avaliação neurológica e é constituída pela inspeção dos olhos, nariz, mãos e pés, palpação dos troncos nervosos periféricos, avaliação da força muscular e avaliação de sensibilidade nos olhos, membros superiores e membros inferiores (ARAÚJO, 2003). 2.2.5 Diagnóstico Laboratorial A baciloscopia é o exame microscópico onde se observa o Mycobacterium leprae, diretamente nos esfregaços de raspados intradérmicos das lesões hansênicas ou de outros locais de coleta selecionados: lóbulos auriculares e/ou cotovelos, e lesão quando houver (ZANATTA, 2006). É um apoio para o diagnóstico e também serve como um dos critérios de confirmação, quando comparado ao resultado no momento do diagnóstico e da cura. Por nem sempre evidenciar o Mycobacterium leprae nas lesões hansênicas ou em outros locais de coleta, a baciloscopia negativa não afasta o diagnóstico da hanseníase (SOUZA, 2007). Mesmo sendo a baciloscopia um dos parâmetros integrantes da definição de caso, ratifica-se que o diagnóstico da hanseníase é clínico. Quando a baciloscopia estiver disponível e for realizada deve ser utilizada como exame complementar para a classificação dos casos, não se deve esperar o resultado para iniciar o tratamento
  • 33. 33 do paciente. O tratamento é iniciado imediatamente após o diagnóstico de hanseníase. 2.2.6 Diagnóstico Diferencial A hanseníase pode ser confundida com outras doenças de pele e com outras doenças neurológicas que apresentam sinais e sintomas semelhantes aos seus. Portanto, deve ser feito diagnóstico diferencial em relação a essas doenças. A principal diferença entre a hanseníase e outras doenças dermatológicas é que as lesões de pele da hanseníase sempre apresentam alteração de sensibilidade (SOUZA, 2007). As demais doenças não apresentam essa alteração. As lesões de pele características da hanseníase são: manchas esbranquiçadas ou avermelhadas, lesões em placa, infiltrações e nódulos (YAMASHITA, 2010).
  • 34. 34 3 SINAN O Sistema de Informação de agravos de Notificações – SINAN é um sistema informatizado de base de dados, gerenciado pelo Ministério da Saúde - MS, alimentado a partir de informações coletadas pelas Unidades de Saúde e transferidas para o nível municipal, estadual e federal, através da notificação e investigação de casos de doenças e agravos que constam da lista nacional de doenças de notificação compulsória (Portaria GM/MS Nº 104, de 25 de janeiro de 2011) (BRASIL, 2011). Seu objetivo é facilitar a formulação e avaliação das políticas, planos e programas de saúde, subsidiando o processo de tomada de decisões, com vistas a contribuir para a melhoria da situação de saúde da população (BRASIL, 2011). Sua utilização efetiva permite a realização do diagnóstico dinâmico da ocorrência de um evento na população; podendo fornecer subsídios para explicações causais dos agravos de notificação compulsória, além de vir a indicar riscos aos quais as pessoas estão sujeitas, contribuindo assim, para a identificação da realidade epidemiológica de determinada área geográfica (ZANATTA, 2006). O SINAN pode ser operacionalizado no nível administrativo mais periférico, ou seja, nas unidades de saúde, seguindo a orientação de descentralização do SUS. Caso o município não disponha de computadores em suas unidades, o SINAN pode ser acessado nas secretarias municipais, regionais de Saúde e/ou Secretaria Estadual de Saúde (SOUZA, 2007). A Ficha Individual de Notificação (FIN) é preenchida pelas unidades assistenciais para cada paciente quando da suspeita da ocorrência de problema de saúde de notificação compulsória ou de interesse nacional, estadual ou municipal. Este instrumento deve ser encaminhado aos serviços responsáveis pela informação e/ou vigilância epidemiológica das Secretarias Municipais, que devem repassar semanalmente os arquivos em meio magnético para as Secretarias Estaduais de Saúde (SES). A comunicação das SES com a SVS deverá ocorrer quinzenalmente, de acordo com o cronograma definido pela SVS no início de cada ano (BRASIL, 2011). Caso não ocorra nenhuma suspeita de doença, as unidades precisam preencher o formulário de notificação negativa, que tem os mesmos prazos de
  • 35. 35 entrega. Esta é uma estratégia criada para demonstrar que os profissionais e o sistema de vigilância da área estão alerta para a ocorrência de tais eventos e evitar a subnotificação. Caso os municípios não alimentem o banco de dados do SINAN, por dois meses consecutivos, são suspensos os recursos do Piso de Assistência Básica - PAB, conforme Portaria N.º 1882/GM de 16/12/1997 (SOUZA, 2007). As atribuições do SINAN são coletar, transmitir e consolidar dados gerados rotineiramente pelo sistema de vigilância epidemiológica, fornecendo informações para análise do perfil da morbidade da população nas três esferas de governo (ZANATTA, 2006). Vale ressaltar as atribuições do estado e dos municípios, com relação à gestão, à estruturação e à operacionalização do Sistema de Informação Epidemiológica Informatizada SINAN, definidas pela Portaria GM /MS n.º 1.399 (BRASIL, 1999) e Portaria GM/MS n.º 95 (BRASIL, 2001) e Instrução Normativa SVS/MS n.º 2 (BRASIL, 2005), Portaria 3252/2009 – GM/MS, Seção IV parágrafo XVII, a fim de garantir a alimentação permanente e regular de dados. Assim compete aos estados: consolidar os dados do SINAN provenientes dos municípios; prestar apoio técnico aos municípios para utilização e operacionalização do SINAN; estabelecer fluxos e prazos para o envio de dados pelo nível municipal, respeitando os fluxos e prazos estabelecidos pela SVS/MS; distribuir as versões do SINAN e seus instrumentos de coleta de dados para os municípios; enviar os dados à SVS/MS regularmente, observados os prazos estabelecidos nesta Portaria; ocorrência de surtos ou epidemias, com risco de disseminação no país; informar à SVS/MS a ocorrência de surtos ou epidemias, com risco de disseminação no país; realizar análises epidemiológicas e operacionais; divulgar informações e análises epidemiológicas; entre outras atividades (BRASIL, 2011). O seu uso sistemático, de forma descentralizada, contribui para a democratização da informação, permitindo que todos os profissionais de saúde tenham acesso à informação e as tornem disponíveis para a comunidade. É, portanto, um instrumento relevante para auxiliar o planejamento da saúde, definir prioridades de intervenção, além de permitir que seja avaliado o impacto das intervenções (BRASIL, 2011).
  • 36. 36 4 ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS A hanseníase é uma doença infecto-contagiosa, de evolução lenta, que se manifesta principalmente através de sinais e sintomas dermatoneurológicos: lesões na pele e nos nervos periféricos, principalmente nos olhos, mãos e pés (BRASIL, 2002). O comprometimento dos nervos periféricos é a característica principal da doença, dando-lhe um grande potencial para provocar incapacidades físicas que podem, inclusive, evoluir para deformidades. Estas incapacidades e deformidades podem acarretar alguns problemas, tais como diminuição da capacidade de trabalho, limitação da vida social e problemas psicológicos. São responsáveis, também, pelo estigma e preconceito contra a doença (SAADEH, et. al., 2006). Por isso mesmo ratifica-se que a hanseníase é doença curável, e quanto mais precocemente diagnostica e tratada mais rapidamente se cura o paciente. 4.1 Agente Etiológico A hanseníase é causada pelo Mycobacterium leprae, ou bacilo de Hansen, que é um parasita intracelular obrigatório, com afinidade por células cutâneas e por células dos nervos periféricos, que se instala no organismo da pessoa infectada, podendo se multiplicar. O tempo de multiplicação do bacilo é lento, podendo durar, em média, de 11 a 16 dias (FALCÃO, 2011). O M.leprae tem alta infectividade e baixa patogenicidade, isto é infecta muitas pessoas, no entanto só poucas adoecem. O homem é reconhecido como única fonte de infecção (reservatório), embora tenham sido identificados animais naturalmente infectados (BRASIL, 2002). 4.2 Modo De Transmissão O homem é considerado a única fonte de infecção da hanseníase. O contágio dá-se através de uma pessoa doente, portadora do bacilo de Hansen, não tratada,
  • 37. 37 que o elimina para o meio exterior, contagiando pessoas susceptíveis (RUFINO, 2011). A principal via de eliminação do bacilo, pelo indivíduo doente de hanseníase, e a mais provável porta de entrada no organismo passível de ser infectado são as vias aéreas superiores, o trato respiratório. No entanto, para que a transmissão do bacilo ocorra, é necessário um contato direto com a pessoa doente não tratada (RUFINO, 2011). O aparecimento da doença na pessoa infectada pelo bacilo, e suas diferentes manifestações clínicas, dependem dentre outros fatores, da relação parasita / hospedeiro e pode ocorrer após um longo período de incubação, de dois a sete anos (BRASIL, 2002). A hanseníase pode atingir pessoas de todas as idades, de ambos os sexos, no entanto, raramente ocorre em crianças. Observa-se que crianças, menores de quinze anos, adoecem mais quando há uma maior endemicidade da doença. Há uma incidência maior da doença nos homens do que nas mulheres, na maioria das regiões do mundo (BRASIL, 2002). Além das condições individuais, outros fatores relacionados aos níveis de endemia e às condições socioeconômicas desfavoráveis, assim como condições precárias de vida e de saúde e o elevado número de pessoas convivendo em um mesmo ambiente, influem no risco de adoecer. Um número menor de pessoas não apresenta resistência ao bacilo, que se multiplica no seu organismo passando a ser eliminado para o meio exterior, podendo infectar outras pessoas. Estas pessoas constituem os casos Multibacilares (MB), que são a fonte de infecção e manutenção da cadeia epidemiológica da doença (BRASIL, 2002). Quando a pessoa doente inicia o tratamento quimioterápico, ela deixa de ser transmissora da doença, pois as primeiras doses da medicação matam os bacilos, torna-os incapazes de infectar outras pessoas. Assim o diagnóstico precoce da hanseníase e o seu tratamento adequado evitam a evolução da doença, conseqüentemente impedem a instalação das incapacidades físicas por ela provocadas (BRASIL, 2002).
  • 38. 38 4.3 Aspectos Clínicos A hanseníase manifesta-se através de sinais e sintomas dermatológicos e neurológicos que podem levar à suspeita diagnóstica da doença. As alterações neurológicas, quando não diagnosticadas e tratadas adequadamente, podem causar incapacidades físicas que podem evoluir para deformidades (FALCÃO, 2011). 4.3.1 Sinais e Sintomas Dermatológicos A hanseníase manifesta-se através de lesões de pele que se apresentam com diminuição ou ausência de sensibilidade. As lesões mais comuns são: Manchas pigmentares ou discrômicas: resultam da ausência, diminuição ou aumento de melanina ou depósito de outros pigmentos ou substâncias na pele. Placa: é lesão que se estende em superfície por vários centímetros. Pode ser individual ou constituir aglomerado de placas. Infiltração: aumento da espessura e consistência da pele, com menor evidência dos sulcos, limites imprecisos, acompanhando-se, às vezes, de eritema discreto.Pela vitropressão, surge fundo de cor café com leite. Resulta da presença na derme de infiltrado celular, às vezes com edema e vaso dilatação. Tubérculo: designação em desuso significava pápula ou nódulo que evolui deixando cicatriz. Nódulo: lesão sólida, circunscrita, elevada ou não, de 1 a 3 cm de tamanho. É processo patológico que se localiza na epiderme, derme e/ou hipoderme. Pode ser lesão mais palpável que visível (BRASIL, 2002). Essas lesões podem estar localizadas em qualquer região do corpo e podem, também, acometer a mucosa nasal e a cavidade oral. Ocorrem, porém, com maior freqüência, na face, orelhas, nádegas, braços, pernas e costas (BRASIL, 2002). Na hanseníase, as lesões de pele sempre apresentam alteração de sensibilidade. Esta é uma característica que as diferencia das lesões de pele provocadas por outras doenças dermatológicas (FALCÃO, 2011). A sensibilidade nas lesões pode estar diminuída (hipoestesia) ou ausente (anestesia),podendo também haver aumento da sensibilidade (hiperestesia) (RUFINO, 2011).
  • 39. 39 4.3.2 Sinais e Sintomas Neurológicos A hanseníase manifesta-se, além de lesões na pele, através de lesões nos nervos periféricos. Essas lesões são decorrentes de processos inflamatórios dos nervos periféricos (neurites) e podem ser causados tanto pela ação do bacilo nos nervos como pela reação do organismo ao bacilo ou por ambas (SOUZA, 1997). Elas manifestam-se através de: dor e espessamento dos nervos periféricos; perda de sensibilidade nas áreas inervadas por esses nervos, principalmente nos olhos, mãos e pés; perda de força nos músculos inervados por esses nervos principalmente nas pálpebras e nos membros superiores e inferiores (BRASIL, 2002). A neurite, geralmente, manifesta-se através de um processo agudo, acompanhado de dor intensa e edema. No início, não há evidência de comprometimento funcional do nervo, mas, freqüentemente, a neurite torna-se crônica e passa a evidenciar esse comprometimento, através da perda da capacidade de suar, causando ressecamento na pele (SAADEH, et. al., 2006). Há perda de sensibilidade, causando dormência e há perda da força muscular, causando paralisia nas áreas inervadas pelos nervos comprometidos. Quando o acometimento neural não é tratado pode provocar incapacidades e deformidades pela alteração de sensibilidade nas áreas inervadas pelos nervos comprometidos (BRASIL, 2002). Alguns casos, porém, apresentam alterações de sensibilidade e alterações motoras (perda de força muscular) sem sintomas agudos de neurite. Esses casos são conhecidos como neurite silenciosa (SOUZA, 1997). 4.4 Evolução da Doença As pessoas, em geral, têm imunidade contra o Mycobacterium leprae. A maioria das pessoas não adoece. Entre as que adoecem, o grau de imunidade varia e determina a evolução da doença (BRASIL, 2002). A doença, inicialmente, manifesta-se através de lesões de pele: manchas esbranquiçadas ou avermelhadas que apresentam perda de sensibilidade, sem evidência de lesão nervosa troncular (BRASIL, 2002).
  • 40. 40 Estas lesões de pele ocorrem em qualquer região do corpo, mas, com maior freqüência, na face, orelhas, nádegas, braços, pernas e costas. Podem, também, acometer a mucosa nasal (RUFINO, 2011). Com a evolução da doença não tratada, manifestam-se as lesões nos nervos, principalmente nos troncos periféricos. Podem aparecer nervos engrossados e doloridos, diminuição de sensibilidade nas áreas inervadas por eles: olhos, mãos e pés, e diminuição da força dos músculos inervados pelos nervos comprometidos. Essas lesões são responsáveis pelas incapacidades e deformidades características da hanseníase (FALCÃO, 2011). 4.5 Prevenção e Tratamento de Incapacidades Físicas As atividades de prevenção e tratamento de incapacidades físicas não devem ser dissociadas do tratamento PQT. Serão desenvolvidas durante o acompanhamento de cada caso e devem ser integradas na rotina dos serviços da unidade de saúde, de acordo com o seu grau de complexidade (BRASIL, 2002). A adoção de atividades de prevenção e tratamento de incapacidades será baseada nas informações obtidas através da avaliação neurológica, no diagnóstico da hanseníase. Estas informações referem-se ao comprometimento neural ou às incapacidades físicas identificadas, as quais merecem especial atenção, tendo em vista suas conseqüências na vida econômica e social de pacientes com hanseníase, ou mesmo suas eventuais seqüelas naqueles já curados (BRASIL, 2002). Durante o tratamento PQT, e em alguns casos após a alta, o profissional de saúde deve ter uma atitude de vigilância em relação ao potencial incapacitante da doença, visando diagnosticar precocemente e tratar adequadamente as neurites e reações, a fim de prevenir incapacidades e evitar que as mesmas evoluam para deformidades (FALCÃO, 2011). Deve haver um acompanhamento da evolução do comprometimento neurológico do indivíduo, através da avaliação neurológica, durante a consulta para administração da dose supervisionada do tratamento PQT. Serão adotadas técnicas simples e condutas de prevenção e tratamento de incapacidades adequadas ao caso (FALCÃO, 2011).
  • 41. 41 A presença de incapacidades, causadas pela hanseníase em um paciente curado, é um indicador de que o diagnóstico foi tardio ou de que o tratamento foi inadequado (BRASIL, 2008). No caso de identificação das neurites e reações, devem ser tomadas as medidas adequadas cada caso, na própria unidade de saúde, ou, quando necessário, encaminhar a pessoa em tratamento a uma unidade de referência a fim de receber cuidados especiais (RUFINO, 2011). Ações simples de prevenção e de tratamento de incapacidades físicas por técnicas simples devem ser executadas na própria unidade de saúde, inclusive por pessoal auxiliar, devidamente treinado e sob supervisão técnica adequada (BRASIL, 2008). Casos que necessitem de cuidados mais complexos devem ser encaminhados à unidade de referência, onde haja fisioterapeuta ou outros profissionais especializados. Cirurgias e atividades de readaptação profissional serão executadas em hospitais gerais ou em unidades de referência especializadas em reabilitação (SAADEH, et. al., 2006). Os profissionais devem alertar ao paciente para que ele também tenha uma atitude de vigilância, orientando-o para a realização de alguns auto cuidados para evitar a instalação de incapacidades, suas complicações e para evitar-se que elas se agravem e evoluam para deformidades (BRASIL, 2008) Auto cuidados são procedimentos e exercícios que a própria pessoa, devidamente orientada e supervisionada, pode e deve realizar, para prevenir incapacidades e deformidades (BRASIL, 2008). Aqueles que apresentam perda de sensibilidade protetora nos olhos, nas mãos e nos pés, e incapacidades devem ser orientados a observarem-se diariamente, e a realizar auto cuidados específicos ao seu caso (RUFINO, 2011). Pacientes com hanseníase que não apresentam comprometimento neural ou incapacidades devem ser também alertados para a possibilidade de ocorrência dos mesmo se orientados para observar-se diariamente e para procurar a unidade de saúde ao notar qualquer alteração neurológica, tais como dor ou espessamento nos nervos (BRASIL, 2008). As melhoras e pioras dos processos inflamatórios e da função neural dos portadores da doença devem ser acompanhadas e relacionadas com as suas
  • 42. 42 atividades diárias. Aqueles que apresentarem incapacidades ou deformidades devem também, ser orientados quanto aos cuidados nas suas atividades diárias, tipos de calçado, adaptações necessárias (RUFINO, 2011). Tanto as técnicas simples, como os procedimentos de auto cuidados são selecionados a partir dos sinais e sintomas apresentados pelo paciente com hanseníase, identificados durante a sua avaliação clínica. 4.6 Formas Clínicas Da Hanseníase De acordo com Souza (1997) o quadro dermatológico depende essencialmente da capacidade defensiva do organismo, por isso a hanseníase foi dividida em quatro formas clínicas: 4.6.1 Hanseníase Indeterminada Forma inicial evolui espontaneamente para a cura na maioria dos casos e para as outras formas da doença em aproximadamente 25% dos casos. Geralmente, encontra-se apenas uma lesão, de cor mais clara que a pele normal, com diminuição da sensibilidade (SAADEH, et. al., 2006). Figura 1: Hanseníase Indeterminada Fonte: SAADEH et al., 2012. Mais comum em crianças, manifesta-se por máculas hipocrômica, acrômicas, eritematosas ou eritemato-hipocrômicas, sendo as duas primeiras mais freqüentes. Os limites são imprecisos, algumas vezes nítidos, medindo de um a cinco centímetros de diâmetro. O número de início é de uma ou duas manchas,
  • 43. 43 localizadas principalmente nas nádegas, coxas e região deltoidiana e quanto maior o número de manchas, pior é o prognóstico (BRASIL, 2002). Há alteração da sensibilidade, vasomotora e da sudorese por acometimento de filetes nervosos, com alopecia parcial. As provas da picada e da histamina são usadas para diagnóstico e o exame bacterioscópico é em geral negativo. Pode ocorrer evolução para as três outras formas clínicas comentadas a seguir (SOUZA, 1997). 4.6.2 Hanseníase Tuberculóide Evidencia-se por micropápulas que se desenvolvem em pele aparentemente normal ou sobre manchas do grupo indeterminado. Essas pápulas podem ser pouco mais coradas que a pele normal, acastanhadas ou vermelho-acastanhadas, acuminadas ou semi-esféricas, tendendo a coalescer medindo cerca de dois milímetros (BRASIL, 2002). Há placas bem delimitadas, únicas ou em pequeno número, com alterações sensitivas, de sudorese e vasomotoras bem acentuadas, com alopecia. Nervos espessados podem emergir das placas e a necrose caseosa do nervo pode levar a distúrbios sensitivos, motores e tróficos (BRASIL, 2002). Figura 2: Hanseníase Tuberculóide Fonte: SOUZA, 2012. A Hanseníase Tuberculóide em reação se caracteriza por lesões infiltradas com acentuação do eritema. Na figura a lesão em placa, eritematoinfiltrada, delimitada por bordas bem definidas, com tendência ao aplainamento central, na
  • 44. 44 região do joelho (1A), e lesão hipocrômica, delimitada por micropápulas, em face lateral do braço, próximo ao cavo axilar (1B),representam características clínicas da hanseníase Tuberculóide (SOUZA, 1997). A Hanseníase Tuberculóide reacional é definida como quadros de hanseníase tuberculóide que sofrem piora aguda em conseqüência de modificações do estado imunológico. Há agravamento do quadro cutâneo e neurites, paralisias, amiotrofias e deformidades (BRASIL, 2002). A Hanseníase Tuberculóide infantil ocorre em crianças de um a quatro anos e se manifesta como pápula ou nódulo em face ou membros. Não há comprometimento neural e tem cura espontânea (SOUZA, 1997). 4.6.3 Hanseníase Virchowiana ou Lepromatosa Nestes casos a imunidade é nula e o bacilo se multiplica muito rápido, levando a um quadro mais grave, com anestesia dos pés e mãos que favorecem os traumatismos e feridas que podem causar deformidades, atrofia muscular, inchaço das pernas e surgimento de lesões elevadas na pele (nódulos). Órgãos internos também são acometidos pela doença (BRASIL, 2002). É a forma infectante da hanseníase que tem como características: manchas infiltradas com bordas imprecisas, com pápulas, nódulos e placas; madarose, fácies leonina; distúrbios motores, tróficos e anestesia (que surgem tardiamente); comprometimento de mucosa nasal, oral e laringe; comprometimento ocular; adenopatia, anemia; infiltração do fígado, baço e supra-renais; infiltração testicular, levando à impotência e esterilidade; rarefação; atrofia e absorção óssea (SOUZA, 1997). Figura 3: Hanseníase Virchowiana ou Lepromatosa. Fonte: SAADEH, et. al., 2012.
  • 45. 45 Dentre os distúrbios neurológicos se destaca o mal perfurante plantar onde há destruição e perda de tecido plantar devido a traumatismos freqüentes que não são percebidos pelo paciente, pé caído e mão em garra. O espessamento neural acomete principalmente os seguintes nervos: cubital, poplíteo externo, radial, mediano e auricular (SAADEH, et. al., 2006). As lesões oculares são observadas nas fases mais avançadas e consistem em ceratite difusa ou pontuada, lagoftalmia, iridociclite e cegueira (BRASIL, 2002). Existe a variedade difusa de Lucio, conhecida como hanseníase bonita, onde há infiltração difusa sem nódulos e comprometimento visceral acentuado (SOUZA, 1997). 4.6.4 Hanseníase Dimorfa ou Bordeline Forma intermediária que é resultado de uma imunidade também intermediária. O número de lesões é maior, formando manchas que podem atingir grandes áreas da pele, envolvendo partes da pele sadia. O acometimento dos nervos é mais extenso (BRASIL, 2002). Na Hanseníase Dimorfa ou Bordeline as lesões dermatológicas lembram pelo aspecto e distribuição, as de reação tuberculóide (pápulas, tubérculos, máculo- pápulas), delas se diferenciando pela imprecisão dos bordos e tonalidades da cor, que é acastanhada, características estas próprias da hanseníase Virchowiana. Diz- se que sua placa tem aspecto de queijo-suíço. Parecem haver no mesmo doente características dos dois tipos de hanseníase: tuberculóide e Virchowiana(SOUZA, 1997).
  • 46. 46 Figura 4: Hanseníase Dimorfa ou Bordeline. Fonte: SOUZA, 2012. Na forma Dimorfa pode haver surto eruptivo agudo. Há anestesia, distúrbio de sudorese (anidrose) e alopecia nas lesões. Na figura 4 as lesões anelares e foveolares difusas, em tronco (4A), cujas bordas eritematoinfiltrada apresentam limites internos mais nítidos que os externos (4B), características que se tornam mais acentuadas na proeminência da reação hansênicas, a exemplo deste caso clínico de Hanseníase Dimorfa (BRASIL, 2002). A hanseníase pode apresentar períodos de alterações imunes, os estados reacionais. Na Hanseníase Bordeline, as lesões tornam-se avermelhadas e os nervos inflamados e doloridos. Na forma Virchowiana, surge o eritema nodoso hansênico: lesões nodulares, endurecidas e dolorosas nas pernas, braços e face, que se acompanham de febre, mal-estar, queda do estado geral e inflamação de órgãos internos. Estas reações podem ocorrer mesmo em pacientes que já terminaram o tratamento, o que não significa que a doença não foi curada (SOUZA, 1997).
  • 47. 47 5 OBJETIVOS 5.1 Objetivo Geral Verificar a efetividade da terapia medicamentosa para a Hanseníase na rede pública de Paranaíba-MS. 5.2 Objetivos Específicos • Verificar a adesão de pacientes com Hanseníase a terapia medicamentosa; • Verificar situações epidêmicas na região de Paranaíba – MS; • Verificar a adesão dos pacientes ao tratamento. .
  • 48. 48 6 MATERIAIS E MÉTODOS O método adotado para a realização deste trabalho foi o método dedutivo. E para elaboração foram realizadas pesquisas bibliográficas em livros, teses, sites, revistas e artigos que tratam sobre o assunto. Também foi realizado um levantamento de dados nos registros do SINAN sobre a evolução da Hanseníase na cidade de Paranaíba – MS, nos anos de 2009 a 2012.
  • 49. 49 7 RESULTADOS E DISCUSSÃO Através do SINAN realizamos um levantamento com a população da cidade de Paranaíba-MS, referente aos surtos ocorridos nos anos de 2009 a 2012, sendo o Mato Grosso do Sul, o segundo maior do estado em incidência sobre casos de hanseníase. A meta de cura pelo Ministério da Saúde é de 85%,a Secretaria Municipal de Saúde é obrigada a encaminhar 52 (cinqüenta e dois) lotes por ano,ou seja, 01 (um) caso por semana, pois o SINAN tem que ser “alimentado” diariamente. Foi realizada uma pesquisa documental, em todos os registros que a Secretaria de Saúde, em seu departamento de Saúde Imunológica possui. As informações coletadas seguem baixo. Em relação ao índice por idade, consta que entre os anos de 2009 (dois mil e nove) a 2012 (dois mil e doze), foi registrado um caso em homens, de idade entre zero e quatorze anos, e oito casos em mulheres da mesma faixa etária. Para os maiores de quinze anos, foram registrados cento e trinta casos em homens, e duzentos e vinte e cinco em mulheres. Totalizando trezentos e sessenta e quatro casos. Figura 5: Quantidade de casos de Hanseníase por sexo e faixa etária Masculinos (0 a 14 anos) Masculino (< 15 anos) 120 Feminino(0 a 14 anos) Feminino (< 15 anos) 100 80 Quantidade 60 40 20 0 2009 2010 2011 out/12 Ano Fonte: Secretaria de Saúde de Paranaíba – MS.
  • 50. 50 Segundo Silva (2011) os portadores de hanseníase são em sua maioria, adultos do sexo masculino, o que caracteriza em hipótese, a predisposição do homem a ter mais relações interpessoais, e uma maior exposição ao meio. Quanto à faixa etária há uma predominância em pessoas com idade entre 25 a 49 anos. Os homens são os maiores responsáveis pela transmissão da hanseníase, assim como descrito por Curto e Paschoal (SILVA, 2011). Ao se analisar as características entre os gêneros, apesar de a hanseníase ser mais prevalecente em homens, no presente estudo, constatou-se que a doença foi encontrada em maior número de casos, entre as mulheres. Alguns estudos mostram que a hanseníase afeta mais homens No que tange a classificação do bacilo, conforme estudamos acima, no ano de 2009 (dois mil e nove) tiveram 11 casos de Paucibacilares, e doze casos Multibacilares. Em 2010 (dois mil e dez) tivemos dezenove casos Paucibacilares, e sessenta e quatro casos Multibacilares. Em 2011 (dois mil e onze) tivemos vinte e dois casos Paucibacilares, e setenta e quatro casos Multibacilares. E em 2012 (dois mil e doze), quarenta e nove casos Paucibacilares e nenhum caso Multibacilares. Figura 6: Classificação do Bacilo 2009 2010 Ano Casos Multibacilares 2011 Casos Paucibacilares out/12 0 20 40 60 80 100 Quantidade Fonte: Secretaria de Saúde de Paranaíba – MS. Estudos demonstram que 60% (sessenta por cento) dos casos diagnosticados, são na forma multibacilar e constituem importantes fatores de risco para re-tratamento da hanseníase (TEIXEIRA; SILVEIRA; FRANÇA, 2010).
  • 51. 51 De acordo com o gráfico, os pacientes do sexo masculino apresentam um maior risco de desenvolvimento da forma multibacilar, apresentando predominantemente a forma clínica borderline, com desenvolvimento de reações hansênicas mais freqüentes durante o tratamento (TEIXEIRA; SILVEIRA; FRANÇA, 2010). Em relação ao grau de incapacidade, é preciso esclarecer alguns pontos, para melhor entendimento do gráfico abaixo. O IgM é a molécula que é formada rapidamente no corpo logo após o primeiro contato dele com um organismo invasor. É através dessa molécula, formada perfeitamente para aquele determinado organismo, que o corpo organiza o ataque inicial para combater essa determinada infecção. Essa molécula tem como característica ter uma vida curta, assim não durando muito tempo no corpo. O grau de incapacidade é determinado a partir da avaliação neurológica dos olhos, mãos/pés e o seu resultado expressa em valores que variam de zero a 02 (dois), onde: zero significa que não há presença de comprometimento neural; 01 (um) que há diminuição ou da perda da sensibilidade; e 02 (dois) que há presença de incapacidades e deformidades. E não avaliado, corresponde ao número de pacientes que não foram avaliados pelos agentes de saúde. Assim, ficou evidenciado de acordo com os registros, o que demonstra o gráfico abaixo: Figura 7: Avaliação no Grau de Incapacidade 90 80 70 Avaliação de Grau 60 IGN 50 Grau Zero 40 Grau 1 30 Grau 2 20 Não Avaliado 10 0 2009 2010 2011 out/12 Ano Fonte: Secretaria de Saúde de Paranaíba – MS.
  • 52. 52 Segundo Finez e Salotti (2011) estudos comprovaram que na maioria dos casos, o grau dois tem predominância em aproximadamente 53% (cinqüenta e três por cento) dos pacientes, seguido do grau um em aproximadamente 42% (quarenta e dois por cento) dos pacientes e do grau zero com apenas 5% (cinco por cento) dos mesmos. Portanto segundo esses estudos, na maioria dos pacientes com Hanseníase há a presença de alguma incapacidade ou deformidade. Porém o estudo realizado com os registros dos pacientes da cidade de Paranaíba – MS demonstra que na maioria dos pacientes não há presença de comprometimento neural, em poucos casos houve a diminuição ou perda da sensibilidade, e em nenhum caso foi encontrado deformidades ou incapacidades. De acordo com os registros do SINAN, foi realizado um levantamento total do número de casos ocorridos no período de 2009 (dois mil e nove) a 2012 (dois mil e doze). Em 2009 (dois mil e nove) foram registrados trinta e oito casos, em 2010 (dois mil e dez) oitenta e sete casos, em 2011 (dois mil e onze) noventa e seis casos, e em 2012 (dois mil e doze) até o mês de outubro, cento e quarenta e três casos. A figura quatro demonstra esses dados: Figura 8: Levantamento Total 160 140 120 100 Quantidade 80 Feminino Masculino 60 40 20 0 2009 2010 2011 out/12 Ano Fonte: Secretaria de Saúde de Paranaíba – MS.
  • 53. 53 Fica evidenciado assim, um grande crescimento no número de mulheres com hanseníase, e o aumento dos casos em geral com o decorrer dos anos. De acordo com o estudo, a redução pode ser justificada pela ampliação da oferta de tratamento nas unidades públicas de saúde, pelo aumento da capacidade de profissionais para realizar diagnósticos e pelo esforço dos profissionais da rede básica e dos centros de referência (BRASIL, 2002). Mesmo com a ampliação do tratamento e a capacitação de mais profissionais, na cidade de Paranaíba-MS houve um aumento considerável entre os casos em mulheres, nos anos de dois mil e nove a dois mil doze. O estudo, que faz uma análise da situação de saúde dos brasileiros, revela ainda que o coeficiente de detecção de casos novos por 100 mil habitantes teve uma queda de 34% (trinta e quatro por cento). No que diz respeito à cura e taxa de abandono do tratamento no período de 2009 (dois mil e nove) a 2012 (dois mil e doze) de Paucibacilar e Multibacilar temos a seguinte situação representada pelo gráfico: Figura 9: Porcentagem de Cura e Abandono do Tratamento (2009 – 2012) 90 80 % de Cura 70 % de Abandono do Tratamento Porcentagem 60 50 40 30 20 10 0 2009 2010 2011 out/12 Ano Fonte: Secretaria de Saúde de Paranaíba – MS. No ano de 2009 (dois mil e nove) tivemos 57,6% dos casos de cura, e 2,1% dos casos de abandono, em 2010 (dois mil e dez) tivemos 73,9% dos casos de cura,
  • 54. 54 e 4,3% dos casos de abandono, em 2011 (dois mil e onze) tivemos 80,5% dos casos de cura, e 2,8% dos casos de abandono do tratamento, e em 2012 (dois mil e doze) até o mês de outubro, tivemos 60,9% dos casos de cura, e 2,0% dos casos de abandono. Segundo Finez e Salotti (2011), houve um aumento no número de pacientes curados, e uma diminuição em relação ao número de pacientes que abandonaram o tratamento. Em 2009 o índice de cura em casos diagnosticados de hanseníase no Brasil foi de 82,1%. Em 2010, a proporção de cura pulou para 82.3%. Em 2011, foi para83% e em 2012 foi para 86,2%. Em relação ao abandono do tratamento, de dois mil e nove a dois mil e onze, houve uma redução de cerca de mais de 40%. Isso devido a campanhas de conscientização, a divulgação de informações referentes ao tratamento e a medicação (FINEZ; SALOTTI, 2011). Os pacientes de Hanseníase perceberam que se realizarem o tratamento corretamente, serão curados, pois ao contrário do que era praticado no passado, como o isolamento, atualmente a cura é possível, basta apenas se tratar corretamente e ter os cuidados necessários para que a doença não volte.
  • 55. 55 9 CONCLUSÃO Nos dias atuais já está comprovado que a hanseníase tem cura, se o tratamento for seguido da maneira correta e com responsabilidade, pois muitos pacientes, por falta de recursos e informação, abandonam o tratamento, o que pode ocasionar reações terríveis e de difícil reversão. Os doentes são tratados em ambulatórios municipais e fazem uso diariamente de comprimidos que são distribuídos gratuitamente pelo governo. A prática de isolamento, usada no passado para tratar os doentes com hanseníase, não existe mais em nenhuma região do país, pelo menos oficialmente. Esta pesquisa realizada na cidade de Paranaíba – MS demonstra que a Hanseníase pode ser curada. Basta observarmos os resultados obtidos entre os anos de dois mil e nove a dois mil e doze na cidade de Paranaíba - MS, e concluir que o índice de cura foi relativamente considerável, crescendo a cada ano. Para que a doença possa ser eliminada, é preciso adesão dos pacientes ao tratamento e administração dos medicamentos. Pois eles só serão curados se seguirem o tratamento corretamente. Vale ressaltar que o tratamento é realizado na rede pública de saúde, e os medicamentos são distribuídos gratuitamente para os pacientes doentes. Apesar da hanseníase nos dias atuais ter cura, a doença ainda representa um grave problema de saúde pública para o Brasil, pois nosso país é o segundo no índice de prevalência de hanseníase no mundo. Devido a esse quadro, campanhas governamentais de saúde tornam-se cada vez mais corriqueiras a fim de atingir a meta de eliminação da doença. A Hanseníase passou por um processo de evolução em todos os sentidos, tanto no diagnóstico, tratamento, como nas informações relativas à doença. Portanto, podemos concluir que na cidade de Paranaíba – MS o tratamento foi eficaz, pois grande parte dos doentes foram curados. Os pacientes que aderiram ao tratamento obtiveram êxito na cura em mais de 90% (noventa por cento) dos casos. Assim fica evidente que se as demais localidades divulgarem campanhas de prevenção, conscientização dos pacientes infectados, e a divulgação do tratamento gratuito, a cura vai ser alcançada, e neste caso, estaremos bem próximos de eliminar a Hanseníase em nosso país.
  • 56. 56 REFERÊNCIAS ARAGUAIA, Mariana. Hanseníase. (2012). Pesquisado em 08 de agosto de 2012. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/doencas/hanseniase.htm>. ARAÚJO, Marcelo Grossi. Hanseníase no Brasil. (2003). Pesquisado em 20 de setembro de 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v36n3/16339.pdf>. BRASIL. Ministério da saúde. Secretária de política de saúde. Departamento de atenção básica. Guia para controle da hanseníase. (2011). Pesquisado em 20 de setembro de 2012. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_de_hanseniase.pdf>. Brasília, Distrito federal, 2002. BRASIL. Ministério da saúde. Secretária de política de saúde. Departamento de atenção básica. Manual de Prevenção de Incapacidades. (2008). Pesquisado em 20 de setembro de 2012. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/incapacidades.pdf>. BRASIL. Ministério da saúde. Secretária de política de saúde. Portal da Saúde. Hanseníase. (2002). Pesquisado em 08 de agosto de 2012. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/area.cfm?id_area=1466>. BRASlL. Ministério da saúde. Secretária de política de saúde. Portal da Saúde. SINAN. (2010). Pesquisado em 08 de agosto de 2012. Disponível em: <http://dtr2004.saude.gov.br/sinanweb/>. CUNHA, Marcos Antônio da. História da Hanseníase. São Pulo, 2007. Pesquisado em 08 de agosto de 2012. Disponível em: <http://www.ahistoria.com.br/hanseniase/>. DAMASCO, Mariana Santos. História e Memória da Hanseníase no Brasil do século XX: o Olhar e a Voz do Paciente. São Paulo, 2011. Pesquisado em 20 de setembro de 2012. Disponível em: <http://historiaecultura.pro.br/cienciaepreconceito/producao/monomdamasco.pdf>. EIDT, Letícia Maria. Breve história da hanseníase: sua expansão do mundo para as Américas, o Brasil e o Rio Grande do Sul e sua trajetória na saúde pública brasileira. (2004). Pesquisado em 20 de setembro de 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010412902004000200008& lng=pt&tlng=pt>. FALCÃO, Fabiana. Projeto de Hanseníase. (2011). Pesquisado em 20 de setembro de 2012. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/52943508/PROJETO- DE-HANSENIASE>.