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Catrocollastatina –
Presente no veneno da Crotalus atrox
                                           Fillipe Cerdan Silva
                     Pedro Henrique Fernandes Martins da Silva
•   O veneno da Crotalus atrox (à
    dir.) é responsável pelo maior
    número de fatalidades no
    Norte do México, e pelo
    segundo maior nos Estados
    Unidos.
•   Este veneno é proteolítico
    (destrói tecidos) e tem uma
    componente hemorrágica.
    Esta componente é composta
    primariamente pela proteína
    escolhida, a Catrocollastatina.
•   O estudo desta proteína pode
    assim evitar um grande
    número de mortes.
•   Chamada de VAP2 (Vascular Apoptosis-Inducing Protein - 2) essa proteína tem
    papel enzimático na apoptose celular, i.e., na destruição programada das células
    e bem como no ciclo de coagulação do sangue.

•   É uma hidrolase, atuante nas ligações peptídicas através de íon metálicos da
    porção interna da proteína (metaloendopeptidase).

•   Oriunda do veneno da C. atrox.

•   É uma proteína ácida, com 55kDa de massa molecular.

•   Mostra     similaridades      com       proteínas      dos      grupos      das
    Metaloproteases/Disinterinas.

•   Tem 419 resíduos.
1.   Redução do tamanho da célula
2.   O citoplasma aparece denso e
     as organelas se compactam
3.   Cromatina se condensa e se
     espreme contra a carioteca
     (pyknosis)
4.   A carioteca se rompe e o DNA
     que      estava    dentro    é
     fragmentado (karyorrhexis)
5.   Aparecem as chamadas “Blebs”
6.   A célula se rompe em diversas
     vesículas chamadas de corpos
     apoptóticos que são absorvidos
     então por leucócitos.
• Possui
     Estruturas Secundárias
          11 α-Hélices
          21 Folhas-β
     Número de resíduos
          419
     Peso Molecular
          55 kDa
•   A estrutura do M-domínio é
    similar       às      estruturas
    correspondentes da Adamalisina
    II e da ADAM33 contendo uma
    forma elíptica achatada e um
    centro formado por cinco folhas
    β e quatro α-hélices.
•   O domínio C, devido à sua forma
    curva, com a superfície côncava
    de frente ao domínio M,
    aproxima-se da porção catalítica
    da proteína, fazendo com que a
    molécula inteira adote uma
    conformação com forma de “C”.
•   No domínio D há cátions
    bivalentes de cálcio que
    estabilizam a estrutura.
•   Em sua estrutura há três histidinas próximas, His333, His337 e His343, que
    atuam como ligantes do átomo catalítico de zinco e um resíduo de
    Glutamato, Glu334, que funciona como base.
     Essas estruturas são características de uma família de metaloproteases, as
       metzincinas. Isso indica que a proteína em questão tem ação enzimática
       baseada num átomo metálico, nesse caso, o Zinco. Assim, essa proteína
       acelera o processo apoptótico (“morte celular programada”) das células
       que formam as paredes dos vasos sanguíneos.
•   Alguns estudos apontam que essa proteína também age em
    outro processo:

       Ela impede a ligação das plaquetas com a parede das células e
        com as próprias plaquetas, inibindo a coagulação do sangue.

       Ela também se liga ao colágeno interferindo mais uma vez na
        ligação entre plaquetas, pois estas também utilizam um
        mecanismo em conjunto com o colágeno para se agregarem.
•   A principal implicação é entender como a proteína reage com o
    organismo da presa de modo a criar soros antiofídicos para
    interrupção desse processo.

•   Porém a criação de soros não é a única coisa. Estudos feitos pelo
    brasileiro Maurício Rocha e Silva com veneno da jararaca
    resultaram na criação de fármacos anti-hipertensivos baseados
    na Bradicinina. Então pode-se encontrar uma forma de utilizar a
    Catrocollastatina como um anticoagulante para tratamento de
    tromboses, por exemplo.
•   T.F. Huang “What have snakes taugh us about                   integrins?”
    http://www.hotkeepers.com/aho/pdf/menu5/huang1998.pdf

•   T. Igarashia, S. Arakib, H. Moria, S. Takedaa “Crystal structures of
    catrocollastatin/VAP2B reveal a dynamic, modular architecture of
    ADAM/adamalysin/reprolysin                  family              proteins”
    http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0014579307004498

•   http://www.copewithcytokines.de/cope.cgi?key=VAP2

•   http://www.rcsb.org/pdb/explore/explore.do?structureId=2DW0

•   http://www.redetec.org.br/inventabrasil/hiper.htm

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Catrocollastatina

  • 1. Catrocollastatina – Presente no veneno da Crotalus atrox Fillipe Cerdan Silva Pedro Henrique Fernandes Martins da Silva
  • 2. O veneno da Crotalus atrox (à dir.) é responsável pelo maior número de fatalidades no Norte do México, e pelo segundo maior nos Estados Unidos. • Este veneno é proteolítico (destrói tecidos) e tem uma componente hemorrágica. Esta componente é composta primariamente pela proteína escolhida, a Catrocollastatina. • O estudo desta proteína pode assim evitar um grande número de mortes.
  • 3. Chamada de VAP2 (Vascular Apoptosis-Inducing Protein - 2) essa proteína tem papel enzimático na apoptose celular, i.e., na destruição programada das células e bem como no ciclo de coagulação do sangue. • É uma hidrolase, atuante nas ligações peptídicas através de íon metálicos da porção interna da proteína (metaloendopeptidase). • Oriunda do veneno da C. atrox. • É uma proteína ácida, com 55kDa de massa molecular. • Mostra similaridades com proteínas dos grupos das Metaloproteases/Disinterinas. • Tem 419 resíduos.
  • 4. 1. Redução do tamanho da célula 2. O citoplasma aparece denso e as organelas se compactam 3. Cromatina se condensa e se espreme contra a carioteca (pyknosis) 4. A carioteca se rompe e o DNA que estava dentro é fragmentado (karyorrhexis) 5. Aparecem as chamadas “Blebs” 6. A célula se rompe em diversas vesículas chamadas de corpos apoptóticos que são absorvidos então por leucócitos.
  • 5. • Possui  Estruturas Secundárias  11 α-Hélices  21 Folhas-β  Número de resíduos  419  Peso Molecular  55 kDa
  • 6. A estrutura do M-domínio é similar às estruturas correspondentes da Adamalisina II e da ADAM33 contendo uma forma elíptica achatada e um centro formado por cinco folhas β e quatro α-hélices. • O domínio C, devido à sua forma curva, com a superfície côncava de frente ao domínio M, aproxima-se da porção catalítica da proteína, fazendo com que a molécula inteira adote uma conformação com forma de “C”. • No domínio D há cátions bivalentes de cálcio que estabilizam a estrutura.
  • 7. Em sua estrutura há três histidinas próximas, His333, His337 e His343, que atuam como ligantes do átomo catalítico de zinco e um resíduo de Glutamato, Glu334, que funciona como base.  Essas estruturas são características de uma família de metaloproteases, as metzincinas. Isso indica que a proteína em questão tem ação enzimática baseada num átomo metálico, nesse caso, o Zinco. Assim, essa proteína acelera o processo apoptótico (“morte celular programada”) das células que formam as paredes dos vasos sanguíneos.
  • 8. Alguns estudos apontam que essa proteína também age em outro processo:  Ela impede a ligação das plaquetas com a parede das células e com as próprias plaquetas, inibindo a coagulação do sangue.  Ela também se liga ao colágeno interferindo mais uma vez na ligação entre plaquetas, pois estas também utilizam um mecanismo em conjunto com o colágeno para se agregarem.
  • 9. A principal implicação é entender como a proteína reage com o organismo da presa de modo a criar soros antiofídicos para interrupção desse processo. • Porém a criação de soros não é a única coisa. Estudos feitos pelo brasileiro Maurício Rocha e Silva com veneno da jararaca resultaram na criação de fármacos anti-hipertensivos baseados na Bradicinina. Então pode-se encontrar uma forma de utilizar a Catrocollastatina como um anticoagulante para tratamento de tromboses, por exemplo.
  • 10. T.F. Huang “What have snakes taugh us about integrins?” http://www.hotkeepers.com/aho/pdf/menu5/huang1998.pdf • T. Igarashia, S. Arakib, H. Moria, S. Takedaa “Crystal structures of catrocollastatin/VAP2B reveal a dynamic, modular architecture of ADAM/adamalysin/reprolysin family proteins” http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0014579307004498 • http://www.copewithcytokines.de/cope.cgi?key=VAP2 • http://www.rcsb.org/pdb/explore/explore.do?structureId=2DW0 • http://www.redetec.org.br/inventabrasil/hiper.htm