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Contemplando o Invisível
Salmos
Livro IV
Silvio Dutra
NOV/2015
2
Sumário
Salmo 111 4
Salmo 112 6
Salmo 113 8
Salmo 114 10
Salmo 115 11
Salmo 116 13
Salmo 117 17
Salmo 118 18
Salmo 119 23
Salmo 120 64
Salmo 121 66
Salmo 122 67
Salmo 123 69
Salmo 124 70
Salmo 125 71
Salmo 126 73
Salmo 127 74
Salmo 128 76
Salmo 129 77
Salmo 130 79
Salmo 131 84
Salmo 132 85
Salmo 133 87
Salmo 134 89
Salmo 135 90
Salmo 136 92
Salmo 137 94
Salmo 138 96
3
Salmo 139 98
Salmo 140 102
Salmo 141 104
Salmo 142 107
Salmo 143 112
Salmo 144 116
Salmo 145 119
Salmo 146 122
Salmo 147 124
Salmo 148 126
Salmo 149 127
Salmo 150 128
4
Salmo 111
Aleluia!
De todo o coração renderei graças ao SENHOR, na
companhia dos justos e na assembleia. Grandes são as
obras do SENHOR, consideradas por todos os que nelas
se comprazem.
Em suas obras há glória e majestade, e a sua justiça
permanece para sempre.
Ele fez memoráveis as suas maravilhas; benigno e
misericordioso é o SENHOR.
Dá sustento aos que o temem; lembrar-se-á sempre da
sua aliança.
Manifesta ao seu povo o poder das suas obras, dando-
lhe a herança das nações.
As obras de suas mãos são verdade e justiça; fiéis,
todos os seus preceitos.
Estáveis são eles para todo o sempre, instituídos em
fidelidade e retidão.
Enviou ao seu povo a redenção; estabeleceu para
sempre a sua aliança; santo e tremendo é o seu nome.
O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria;
revelam prudência todos os que o praticam.
O seu louvor permanece para sempre.
O salmista está alegre no espírito, e por isso se dispôs a
render graças ao Senhor na comunhão dos santos.
Ele exaltou as grandes obras do Senhor, que são
entendidas somente por aqueles que nelas se
comprazem.
5
As obras de Deus possuem glória e majestade e a Sua
justiça é eterna.
O Senhor fez Suas obras de tal maneira, que o Seu povo
pode e deve trazê-las em memória, especialmente para
terem sempre a convicção de quanto Ele é benigno e
misericordioso.
Ele provê todo o necessário para todos os que O temem,
especialmente no que tange à sua transformação à
imagem de Cristo, porque sempre é fiel à Sua aliança
com eles.
As obras do Senhor são estáveis porque são verdade e
justiça, e são conformes a fidelidade e estabilidade dos
Seus preceitos.
Por tudo isto tem revelado que tem estendido a Sua
redenção, ou seja, libertação do Seu povo, para entrar
em aliança com ele.
Isto se alcança pelo temor do Senhor, que é o princípio
da sabedoria, ou seja, a base e a condição para que seja
sábio segundo Deus.
6
Salmo 112
Aleluia!
Bem-aventurado o homem que teme ao SENHOR e se
compraz nos seus mandamentos.
A sua descendência será poderosa na terra; será
abençoada a geração dos justos.
Na sua casa há prosperidade e riqueza, e a sua justiça
permanece para sempre.
Ao justo, nasce luz nas trevas; ele é benigno,
misericordioso e justo.
Ditoso o homem que se compadece e empresta; ele
defenderá a sua causa em juízo; não será jamais
abalado; será tido em memória eterna.
Não se atemoriza de más notícias; o seu coração é
firme, confiante no SENHOR.
O seu coração, bem firmado, não teme, até ver
cumprido, nos seus adversários, o seu desejo.
Distribui, dá aos pobres; a sua justiça permanece para
sempre, e o seu poder se exaltará em glória.
O perverso vê isso e se enraivece; range os dentes e se
consome; o desejo dos perversos perecerá.
Como o anterior, este salmo também começa com
“aleluia”, que significa no hebraico, “louvado seja
Deus”, e declara ser bem-aventurado, ou seja,
verdadeiramente feliz segundo o plano de Deus, o
homem que teme ao Senhor e que se compraz nos Seus
mandamentos.
Os que andam assim com o Senhor também terão uma
descendência abençoada, porque não somente a
7
ensinarão a andar nos seus mesmos caminhos, como
contarão com a bênção de Deus na vida de seus
descendentes, por causa do bom testemunho dos seus
pais.
Na casa do justo há a verdadeira prosperidade e riqueza,
porque tem o favor do Senhor que é quem o justifica.
O justo achará luz nas trevas, e isto o capacitará a ser
benigno, misericordioso e justo.
O Espírito Santo o fortalecerá em suas fraquezas, e
calcará a seus pés Satanás e todos os demônios.
Ele é feliz porque pode se compadecer e emprestar,
porque não é avarento, e é gentil e misericordioso para
com o seu próximo, conforme a graça de Deus o impele
a não somente a agir, mas a ser tal qual o Seu Senhor.
A quem tem misericórdia do próximo Deus defenderá a
sua causa em juízo, e jamais será abalado, e sua
memória será lembrada eternamente.
Ele também não fica alarmado e atemorizado com más
notícias, porque sua confiança está no Senhor, que faz
com que o seu coração fique firme, a ponto de não
temer, até ver cumprido nos seus adversários
espirituais, o seu desejo de ser livre pelo p0oder do
Senhor das suas investidas malignas.
Nada retém para si mesmo, e é generoso em dar aos
pobres, de maneira que isto lhe é não somente contado
para justiça para o seu galardão, como também faz parte
da justiça que é implantada na sua natureza, e pela qual
será exaltado em glória.
O perverso inveja a integridade dos justos e se
encoleriza, a ponto de ranger os dentes, consumindo-se
no seu próprio ódio, mas o desejo deles perecerá.
8
Salmo 113
Aleluia!
Louvai, servos do SENHOR, louvai o nome do SENHOR.
Bendito seja o nome do SENHOR, agora e para sempre.
Do nascimento do sol até ao ocaso, louvado seja o
nome do SENHOR.
Excelso é o SENHOR, acima de todas as nações, e a sua
glória, acima dos céus.
Quem há semelhante ao SENHOR, nosso Deus, cujo
trono está nas alturas, que se inclina para ver o que se
passa no céu e sobre a terra?
Ele ergue do pó o desvalido e do monturo, o
necessitado, para o assentar ao lado dos príncipes, sim,
com os príncipes do seu povo.
Faz que a mulher estéril viva em família e seja alegre
mãe de filhos.
Aleluia!
Como os dois salmos anteriores, este também começa
com “aleluia”, sendo que também termina com a
mesma palavra.
Isto indica que eram salmos usados especialmente para
a adoração pública, estando a assembleia reunida.
As letras destes salmos elevam a alma a considerar na
grandeza de Deus e de Suas obras, dispondo o espírito à
adoração.
É lamentável que muito do louvor atual das igrejas não
tenha mais esta característica de levar o adorador a
meditar nos feitos e atributos do Senhor para adorá-lo
9
consoante aquilo que Ele é e faz, conforme convém para
uma adoração em espírito e em verdade.
Os servos de Deus são convocados no salmo a louvar o
Seu nome e a bendizer-Lhe o nome no presente e para
sempre.
E que o louvem desde o nascer do sol até a noite.
Porque grande e excelente é o Senhor, acima de todas
as nações, e a Sua glória é maior do que a dos próprios
céus.
Não há quem possa ser comparado a Ele, que tendo o
Seu trono no terceiro céu, inclina-se para ver o que se
passa no céu e sobre a terra.
E o faz para erguer do pó o desvalido, e do monturo o
necessitado, fazendo-lhes assentar-se ao lado dos
príncipes do Seu povo, porque não há acepção de
pessoas na família de Deus.
Tão grande é o poder do Senhor que até mesmo faz com
que a mulher estéril viva em família e seja alegre mãe de
filhos espirituais, ensinando-lhes a andar nos caminhos
do Senhor.
10
Salmo 114
Quando saiu Israel do Egito, e a casa de Jacó, do meio
de um povo de língua estranha, Judá se tornou o seu
santuário, e Israel, o seu domínio.
O mar viu isso e fugiu; o Jordão tornou atrás.
Os montes saltaram como carneiros, e as colinas, como
cordeiros do rebanho. Que tens, ó mar, que assim
foges?
E tu, Jordão, para tornares atrás?
Montes, por que saltais como carneiros?
E vós, colinas, como cordeiros do rebanho?
Estremece, ó terra, na presença do Senhor, na presença
do Deus de Jacó, o qual converteu a rocha em lençol de
água e o seixo, em manancial.
Este salmo destaca que quando Israel saiu do cativeiro
do Egito, a vocação de Judá era a de ser o centro do
santuário de Deus, assim como o poder político estava
espalhado pelas doze tribos de Israel.
Como se soubessem desta vocação de Judá e Israel, o
Mar Vermelho e o rio Jordão se abriram,
respectivamente, nos dias de Moisés, e nos de Josué,
para que o povo do Senhor passasse para o outro lado a
pé enxuto, de maneira que as nações vissem que o
Senhor lutava pelo Seu povo, e cuidada dele.
Os montes da cordilheira do Sinai tremeram com a
presença do Senhor, e até água da rocha Deus tirou para
o seu povo.
11
Salmo 115
Não a nós, SENHOR, não a nós, mas ao teu nome dá
glória, por amor da tua misericórdia e da tua
fidelidade.
Por que diriam as nações: Onde está o Deus deles? No
céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada.
Prata e ouro são os ídolos deles, obra das mãos de
homens.
Têm boca e não falam; têm olhos e não veem; têm
ouvidos e não ouvem; têm nariz e não cheiram. Suas
mãos não apalpam; seus pés não andam; som nenhum
lhes sai da garganta.
Tornem-se semelhantes a eles os que os fazem e
quantos neles confiam.
Israel confia no SENHOR; ele é o seu amparo e o seu
escudo.
A casa de Arão confia no SENHOR; ele é o seu amparo e
o seu escudo. Confiam no SENHOR os que temem o
SENHOR; ele é o seu amparo e o seu escudo.
De nós se tem lembrado o SENHOR; ele nos abençoará;
abençoará a casa de Israel, abençoará a casa de Arão.
Ele abençoa os que temem o SENHOR, tanto pequenos
como grandes.
O SENHOR vos aumente bênçãos mais e mais, sobre
vós e sobre vossos filhos.
Sede benditos do SENHOR, que fez os céus e a terra. Os
céus são os céus do SENHOR, mas a terra, deu-a ele aos
filhos dos homens.
Os mortos não louvam o SENHOR, nem os que descem
à região do silêncio.
12
Nós, porém, bendiremos o SENHOR, desde agora e para
sempre. Aleluia!
O salmista exalta ao Senhor porque é o único Deus
verdadeiro e vivo que abençoa o povo de Israel, e
particularmente a casa de Arão, ou seja, os sacerdotes
de Israel que foram separados por Ele para o serviço do
santuário.
Como o Deus vivo é invisível, o salmista pede ao Senhor
que desse glória ao Seu Nome, manifestando as Suas
obras, para que calasse as nações idólatras que
confiavam em ídolos de prata e ouro, feitos pelas
próprias mãos dos homens, e que não falam, não veem
e nem ouvem, e que deixam seus adoradores nas
mesmas condições deles, ou seja, incapazes de ouvirem,
verem e falarem com Deus.
Todavia Deus não somente se comunicava com Israel
como é o amparo e escudo do Seu povo.
Ele nunca esqueceu o Seu povo e a Sua bênção no
presente e no futuro, para o salmista, era uma certeza.
Uma bênção que não faz acepção de pessoas, porque é
destinada a todos os que O temem, tanto pequenos
como grandes.
É provável que este salmo tenha sido escrito por um dos
sacerdotes porque ele impetra a bênção do Senhor
sobre o Seu povo.
13
Salmo 116
Amo o SENHOR, porque ele ouve a minha voz e as
minhas súplicas.
Porque inclinou para mim os seus ouvidos, invocá-lo-ei
enquanto eu viver.
Laços de morte me cercaram, e angústias do inferno se
apoderaram de mim; caí em tribulação e tristeza.
Então, invoquei o nome do SENHOR: ó SENHOR, livra-
me a alma.
Compassivo e justo é o SENHOR; o nosso Deus é
misericordioso.
O SENHOR vela pelos simples; achava-me prostrado, e
ele me salvou.
Volta, minha alma, ao teu sossego, pois o SENHOR tem
sido generoso para contigo.
Pois livraste da morte a minha alma, das lágrimas, os
meus olhos, da queda, os meus pés.
Andarei na presença do SENHOR, na terra dos viventes.
Eu cria, ainda que disse: estive sobremodo aflito. Eu
disse na minha perturbação: todo homem é mentiroso.
Que darei ao SENHOR por todos os seus benefícios para
comigo?
Tomarei o cálice da salvação e invocarei o nome do
SENHOR.
Cumprirei os meus votos ao SENHOR, na presença de
todo o seu povo.
Preciosa é aos olhos do SENHOR a morte dos seus
santos. SENHOR, deveras sou teu servo, teu servo, filho
da tua serva; quebraste as minhas cadeias.
14
Oferecer-te-ei sacrifícios de ações de graças e invocarei
o nome do SENHOR.
Cumprirei os meus votos ao SENHOR, na presença de
todo o seu povo, nos átrios da Casa do SENHOR, no
meio de ti, ó Jerusalém.
Aleluia!
O início deste salmo é muito parecido com o do Salmo
18, de maneira que é possível que seja também de
autoria de Davi.
O salmista declara o seu amor pelo Senhor porque Ele
ouve a sua voz e súplicas, inclinando os Seus ouvidos
para atendê-lo, motivo porque estava determinado a
invocá-lO enquanto vivesse.
Mesmo com os laços de morte que lhe haviam cercado
em grandes perigos, e as angústias do inferno que se
apoderaram da sua alma, fazendo-o cair em tribulação e
tristeza.
Ele invocou o nome do Senhor pedindo-Lhe que livrasse
a sua alma.
Ele sabia que Deus é justo, mas também compassivo e
misericordioso, e por isso tinha sempre bom ânimo em
Lhe dirigir clamores.
Sabia também que o Senhor vela pelos que são pobres
de espírito, como ele, o próprio salmista, de modo que
achando-se prostrado, foi salvo da sua angústia pelo
Senhor.
Quando Deus opera na alma ela volta ao seu sossego,
que é a condição em que deve se encontrar, conforme o
propósito de Deus na criação do homem.
Assim, em sua confiança no Senhor, o salmista foi
livrado da morte que sentia em sua alma, das suas
lágrimas, e da queda na tentação e na ruína.
15
Como sua segurança estava em andar na presença do
Senhor, então estava determinado a fazê-lo durante
todo o tempo da sua peregrinação neste mundo.
Ele mantinha a fé, mesmo quando dizia que estava
sobremodo aflito.
Enquanto esteve perturbado em sua paz de mente e
espírito, disse que todo homem é mentiroso.
Todavia o Senhor quebrou todas as cadeias que
acorrentavam a sua alma, e o libertou completamente,
de modo que se dispôs a ofertar ao Senhor, pelos
benefícios que havia recebido dEle, e percebeu que não
havia maior oferta do que tomar o cálice da salvação e
invocar o nome do Senhor.
Por isso cumpriria todos os seus votos feitos ao Senhor
na presença de todo o Seu povo, para que lhes servisse
de testemunho da sua consagração.
A citação do verso 15 de que “Preciosa é aos olhos do
Senhor a morte dos seus santos.”, merece uma reflexão
especial quanto ao seu significado, porque à vista do
Senhor a morte dos Seus santos é tão preciosa, que não
satisfará aos desejos ímpios de um Saul, de um Absalão,
nem de quaisquer inimigos de Davi, para que
triunfassem sobre ele, lhe tirando a vida.
Davi sabia, pelo Espírito Santo, que morreria em ditosa
velhice, em seu leito, para que o nome do Senhor fosse
glorificado, por tê-lo poupado de tantos perigos de
morte, revelando assim o Seu poder para preservar os
Seus santos.
Se a alguns deles permite saírem deste mundo pelo
martírio, é pelo mesmo motivo de ser glorificado neles,
pela total falta de temor que eles demonstram em face
da morte, porque são assistidos pelo Seu poder.
Mas nenhum santo, morrerá sem que isto seja do
desígnio de Deus.
16
Então esta citação de ser preciosa a morte dos santos
aos olhos de Deus, deve ser entendida no contexto
bíblico em que se afirma que é preciosa para Ele a vida
deles (II Rs 1.13), bem como o seu sangue (Sl 72.14).
17
Salmo 117
Louvai ao SENHOR, vós todos os gentios, louvai-o,
todos os povos.
Porque mui grande é a sua misericórdia para conosco, e
a fidelidade do SENHOR subsiste para sempre.
Aleluia!
Este salmo convoca os povos gentios a louvarem a Deus,
por ser muito grande a Sua misericórdia tanto quanto
para judeus quanto para os gentios, e porque a Sua
fidelidade subsiste para sempre.
Nele se declara, mesmo no período da Antiga Aliança
com Israel, que o Senhor não é somente Deus dos
judeus, mas de todas as nações.
18
Salmo 118
Rendei graças ao SENHOR, porque ele é bom, porque
a sua misericórdia dura para sempre.
Diga, pois, Israel: Sim, a sua misericórdia dura para
sempre.
Diga, pois, a casa de Arão: Sim, a sua misericórdia dura
para sempre.
Digam, pois, os que temem ao SENHOR: Sim, a sua
misericórdia dura para sempre.
Em meio à tribulação, invoquei o SENHOR, e o SENHOR
me ouviu e me deu folga.
O SENHOR está comigo; não temerei.
Que me poderá fazer o homem?
O SENHOR está comigo entre os que me ajudam; por
isso, verei cumprido o meu desejo nos que me odeiam.
Melhor é buscar refúgio no SENHOR do que confiar no
homem.
Melhor é buscar refúgio no SENHOR do que confiar em
príncipes.
Todas as nações me cercaram, mas em nome do
SENHOR as destruí.
Cercaram-me, cercaram-me de todos os lados; mas em
nome do SENHOR as destruí.
Como abelhas me cercaram, porém como fogo em
espinhos foram queimadas; em nome do SENHOR as
destruí.
Empurraram-me violentamente para me fazer cair,
porém o SENHOR me amparou.
O SENHOR é a minha força e o meu cântico, porque ele
me salvou.
19
Nas tendas dos justos há voz de júbilo e de salvação; a
destra do SENHOR faz proezas.
A destra do SENHOR se eleva, a destra do SENHOR faz
proezas.
Não morrerei; antes, viverei e contarei as obras do
SENHOR.
O SENHOR me castigou severamente, mas não me
entregou à morte.
Abri-me as portas da justiça; entrarei por elas e
renderei graças ao SENHOR.
Esta é a porta do SENHOR; por ela entrarão os justos.
Render-te-ei graças porque me acudiste e foste a
minha salvação.
A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser
a principal pedra, angular; isto procede do SENHOR e é
maravilhoso aos nossos olhos.
Este é o dia que o SENHOR fez; regozijemo-nos e
alegremo-nos nele. Oh! Salva-nos, SENHOR, nós te
pedimos; oh! SENHOR, concede-nos prosperidade!
Bendito o que vem em nome do SENHOR.
A vós outros da Casa do SENHOR, nós vos abençoamos.
O SENHOR é Deus, ele é a nossa luz; adornai a festa
com ramos até às pontas do altar.
Tu és o meu Deus, render-te-ei graças; tu és o meu
Deus, quero exaltar-te.
Rendei graças ao SENHOR, porque ele é bom, porque a
sua misericórdia dura para sempre.
Como no Salmo 115, neste, a casa de Arão é também
citada particularmente a louvar ao Senhor juntamente
com o povo de Israel, porque cabia aos sacerdotes, que
eram daquela casa, a direção do culto do santuário do
Senhor, ou seja, do templo e das sinagogas.
20
São destacadas de modo especial a bondade e a
misericórdia de Deus, como objeto da proclamação
deles e da sua rendição de graças ao Senhor.
A grande lição que permeia quase todos os salmos e que
bem faríamos em aprender não é somente a do dever
constante do louvor e gratidão a Deus, como também o
ato de invocá-lO no meio de nossas tribulações, porque
o testemunho afirmado nos Salmos é o de que Ele
sempre nos ouve e nos dá livramento.
A ponto de se perder o medo do que nos possa fazer o
homem, porque temos a segurança de que o Senhor está
conosco.
Há um grande princípio espiritual declarado neste
salmo, que bem faríamos em observar, que o salmista
expressa nas seguintes palavras:
“Melhor é buscar refúgio no SENHOR do que confiar no
homem. Melhor é buscar refúgio no SENHOR do que
confiar em príncipes.”.
A citação de nações que cercaram o salmista, mas que
foram destruídas por ele em nome do Senhor, pode
indicar uma possível autoria de Davi deste salmo,
porque ele nunca perdeu qualquer batalha durante o
seu reinado, porque o Senhor sempre foi com ele, por
causa da sua piedade e fé nEle, desde a sua juventude,
quando matou um leão, um urso, e Golias, o gigante.
Ele diz que o haviam empurrado violentamente para
fazê-lo cair, mas o Senhor lhe havia amparado, porque
era a sua força e o seu cântico, que o salvou.
Por isso se ouve nas moradas dos justos a voz de júbilo
e de salvação, porque a mão direita do Senhor faz
proezas.
De modo que os que confiam nEle podem dizer com
ousadia que não morrerão antes do tempo determinado
21
pelo Senhor, para que possam dar testemunho das Suas
grandes obras.
Ele pode castigar severamente os seus filhos, mas não os
entregará à morte, como faz com os ímpios, porque
preciosa é a vida de Seus filhos a Seus olhos, porque os
ama e são as Suas testemunhas na terra.
Isto é concedido àqueles que têm entrado pela porta
estreita da justiça de Deus, tal como o salmista entrara
por ela, e desejava continuar entrando continuamente.
Porque esta é a porta do Senhor.
Ele mesmo é a porta do redil das Suas ovelhas.
E por ela podem entrar somente os justos (os que foram
justificados pela fé nEle).
Este salmo foi proferido dentro do contexto do
evangelho porque há citações abundantes nele que se
referem à obra de Cristo e ao nosso relacionamento com
Ele, como o que já comentamos anteriormente, e o que
o salmista dirá adiante, quanto a render graças ao
Senhor porque lhe acudiu e foi a sua salvação.
Ele foi e é, a pedra fundamental de esquina que os
construtores da religião de Israel rejeitaram.
Jesus foi eleito pelo Pai para ser tal rocha de esquina, de
maneira que não há outra que tenha sido dada aos
homens, sobre a qual possam ser edificados
espiritualmente.
Deus fez este dia de salvação, de graça, por meio de nos
ter dado tal Rocha firme, que é Cristo.
Este é o dia aceitável do Senhor, que na verdade é
composto de muitos dias correspondentes à
dispensação da graça, e por este motivo, tal como o
salmista devemos regozijarmo-nos nele, ou seja, todos
os dias de nossas vidas, enquanto durar tal dispensação,
na qual Deus tem feito uma aliança com os pecadores
através do sangue de Jesus.
22
Esta salvação do Senhor é para ser pedida com a boca,
porque é somente pela fé nEle que somos salvos.
Devemos pedir que o Senhor nos faça prosperar neste
caminho da salvação através da santificação de nossas
vidas, de modo que faça prosperar todos os Seus
desígnios relativos à igreja
Por isso é bendito o que vem em nome do Senhor, a
saber, o Messias, o Redentor, o Salvador, nosso Senhor
Jesus Cristo, porque vem para nos salvar dos nossos
pecados e nos tornar filhos de Deus.
Então estes que fazem parte da Casa do Senhor são
abençoados, porque Deus é a luz deles, e é digno de que
seja adorado com ações de graças.
23
Salmo 119
Estamos apresentando este Salmo com a numeração
dos seus versículos, porque cada oito versículos foram
iniciados, respectivamente, com uma das letras do
alfabeto hebraico. Por exemplo, as primeiras palavras
dos versos 1 a 8 são iniciadas com alef (a), que é a
primeira consoante das 22 do alfabeto hebraico; e dos
versos 9 a 16, cada versículo é iniciado com bet, que é a
segunda consoante, e assim sucessivamente. Daí este
salmo conter 176 versículos (22 x 8= 176), assim
distribuídos:
1 a 8 – alef a
9 a 16 – bet ou vêt b
17 a 24 – gimel g
25 a 32 – dalet d
33 a 40 – he h
41 a 48 – vav w
49 a 56 – zain z
57 a 64 – hêt x
65 a 72 – têt j
73 a 80 – yod y
81 a 88 – káf k
89 a 96 – lâmed l
97 a 104 – mem m
105 a 112 – num n
113 a 120 – samech s
121 a 128 – ain [ 129 a 136 – pê ou fê p
137 a 144 – tzade c
145 a 152 – kof q
24
153 a 160 – resh r
161 a 168 – shin v
169 a 176 – tav t
Tendo em vista a grande extensão deste salmo,
estaremos comentando o mesmo, por versículo ou
grupos de versículos:
“1 Bem-aventurados os irrepreensíveis no seu caminho,
que andam na lei do SENHOR.
2 Bem-aventurados os que guardam as suas prescrições
e o buscam de todo o coração;
3 não praticam iniquidade e andam nos seus
caminhos.”
As pessoas que se encaixam nas bem-aventuranças
citadas por Jesus no início do Sermão do Monte, no
quinto capítulo de Mateus, são aquelas que são
irrepreensíveis no seu caminho, porque este consiste na
lei do Senhor. Elas andam por ele guardando as
prescrições do Senhor e Lhe buscando de todo o
coração, e parte disto consiste em não praticar a
iniquidade.
“4 Tu ordenaste os teus mandamentos, para que os
cumpramos à risca.
5 Tomara sejam firmes os meus passos, para que eu
observe os teus preceitos.
6 Então, não terei de que me envergonhar, quando
considerar em todos os teus mandamentos.”
Os mandamentos do Senhor não são para serem
meramente elogiados ou apreciados, mas cumpridos de
fato. Eles devem receber da nossa parte a devida
seriedade como as ordens expedidas por um Grande Rei,
que prestará contas conosco quanto à nossa obediência
25
às Suas ordenanças. Não se pode guardar tais
mandamentos sem que se ande de maneira ordenada e
firme na presença do Senhor, e somente assim fazendo
não teremos do que nos envergonhar diante dEle.
“7 Render-te-ei graças com integridade de coração,
quando tiver aprendido os teus retos juízos.
8 Cumprirei os teus decretos; não me desampares
jamais.”
Não é possível render graças ao Senhor com integridade
coração, caso não se conheça os seus retos juízos e
mandamentos para que sejam cumpridos. Nisto
consiste um viver que não desaponta a Deus e que lhe é
inteiramente agradável. Não basta termos sido
justificados pela graça, mediante a fé para tal viver
vitorioso. É necessário buscar continuamente a
santificação pelo cumprimento dos mandamentos de
Deus, no poder do Espírito, porque é a Sua Palavra
aplicada em nossas vidas, pelo Espírito Santo, o que nos
santifica. A palavra “juízos” do verso 7, vem do hebraico
“mishpat” e significa sentença, julgamento, justiça,
juízo. Nós encontramos esta mesma palavra neste
salmo, também nos versos 23, 20, 30, 39, 43, 52, 62, 75,
84, 91, 102, 106, 108, 120, 121, 132, 137, 149, 156, 160,
164, 175.
“9 De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu
caminho? Observando-o segundo a tua palavra.”
Não há outro modo de alguém guardar o seu caminho
em pureza, mesmo no caso de jovens, a não ser por se
cumprir a Palavra de Deus. É por ela que podemos
distinguir os que é e o que não é a verdade, e também
as virtudes espirituais.
26
“10 De todo o coração te busquei; não me deixes fugir
aos teus mandamentos.”
Os mandamentos de Deus só podem ser cumpridos
quando nós O buscamos de todo o nosso coração.
“11 Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar
contra ti.”
O modo de se manter o coração purificado do pecado, é
por tê-lo cheio da Palavra de Deus.
“12 Bendito és tu, SENHOR; ensina-me os teus
preceitos.”
É necessário ter a iluminação do Espírito Santo para que
possamos aprender de fato os mandamentos de Deus.
“13 Com os lábios tenho narrado todos os juízos da tua
boca.”
Não somente devemos temer e nos sujeitar aos juízos
do Senhor, como também proclamá-los a outros, para
que também eles temam a Deus.
“14 Mais me regozijo com o caminho dos teus
testemunhos do que com todas as riquezas.
15 Meditarei nos teus preceitos e às tuas veredas terei
respeito.
16 Terei prazer nos teus decretos; não me esquecerei
da tua palavra.”
Quando se tem a riqueza do testemunho do Senhor
habitando em nós, as riquezas deste mundo se nos
tornam desprezíveis em face da riqueza da Sua graça. De
modo que meditar na Palavra do Senhor e na Sua
vontade passa ser todo o nosso prazer.
27
“17 Sê generoso para com o teu servo, para que eu viva
e observe a tua palavra.”
O desejo do salmista era o de viver para cumprir a
Palavra de Deus. E este é o mesmo desejo de todos os
que amam verdadeiramente ao Senhor.
“18 Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as
maravilhas da tua lei.”
O salmista sabia que não é possível ter prazer na lei do
Senhor, e conhecer quão maravilhosa ela é, sem que os
nossos olhos espirituais sejam abertos pelo Espírito
Santo. Só podemos conhecer o valor da nossa redenção,
quando estivermos redimidos.
“19 Sou peregrino na terra; não escondas de mim os
teus mandamentos.”
O salmista sabia que estamos apenas em peregrinação
neste mundo como forasteiros, de modo que o que há
de melhor e mais importante para se fazer aqui é
aprender de Deus os Seus mandamentos e vontade.
“20 Consumida está a minha alma por desejar,
incessantemente, os teus juízos.”
Todo aquele que desejar incessantemente conhecer e se
submeter aos juízos de Deus, para que possa andar no
caminho bom e direito, consumirá toda a sua alma nisto,
porque se esforçará para ser achado sempre no caminho
estreito da salvação.
“21 Increpaste os soberbos, os malditos, que se
desviam dos teus mandamentos.”
Os que se desviam de cumprir os mandamentos do
Senhor, por se manterem numa atitude de rebeldia
contra Ele, são tidos por soberbos e malditos, porque
28
permanecem debaixo da maldição da lei, e isto faz com
que permaneçam debaixo da repreensão do Senhor,
sem poderem contar com o Seu favor e os benefícios da
salvação que há em Cristo Jesus, que são para aqueles
que têm fé NEle.
“22 Tira de sobre mim o opróbrio e o desprezo, pois
tenho guardado os teus testemunhos.”
Somente podem contar em serem ouvidos em seu
clamor a Deus para tirar de sobre si o opróbrio e o
desprezo, aqueles que têm se esforçado com
sinceridade para guardarem os Seus testemunhos.
Enfim, Deus não livrará a ninguém que não esteja de
fato se voltando para Ele.
“23 Assentaram-se príncipes e falaram contra mim,
mas o teu servo considerou nos teus decretos.”
Aqueles que têm guardado os mandamentos do Senhor,
não precisam temer as perseguições injustas dos
grandes da terra, porque o Senhor será a fortaleza deles.
“24 Com efeito, os teus testemunhos são o meu prazer,
são os meus conselheiros.”
O homem sábio se aconselha com a Palavra de Deus e é
por ela que dirige os seus passos, de maneira que ela é
todo o seu prazer.
“25 A minha alma está apegada ao pó; vivifica-me
segundo a tua palavra.”
Somente Deus pode nos vivificar segundo os critérios da
Sua Palavra, quando nossa alma se encontra abatida.
“26 Eu te expus os meus caminhos, e tu me valeste;
ensina-me os teus decretos.”
29
Aquele que andar em sinceridade diante de Deus, não
lhe escondendo os seus caminhos, achará graça da parte
do Senhor, que lhe fará conhecer a Sua vontade.
“27 Faze-me atinar com o caminho dos teus preceitos,
e meditarei nas tuas maravilhas.”
Somente o Senhor pode conduzir o nosso coração a ter
prazer nas coisas espirituais, celestiais e divinas, porque
a nossa natureza carnal se opõe e resiste à Sua vontade.
“28 A minha alma, de tristeza, verte lágrimas;
fortalece-me segundo a tua palavra.
29 Afasta de mim o caminho da falsidade e favorece-
me com a tua lei.”
A alma consumida pela tristeza só pode achar
verdadeira fortaleza permanecendo na verdade e na fé,
e sendo fortalecida pela Palavra do Senhor.
“30 Escolhi o caminho da fidelidade e decidi-me pelos
teus juízos.”
É necessário tomar posição, tal como o salmista, para
uma vida consagrada e santificada. E isto consiste em
escolher o caminho da fidelidade e dos juízos de Deus.
“31 Aos teus testemunhos me apego; não permitas,
SENHOR, seja eu envergonhado.”
Aquele que se apegar a uma vida de verdadeiro
testemunho segundo a Palavra e a vontade de Deus,
jamais será envergonhado, porque terá a aprovação do
Senhor.
“32 Percorrerei o caminho dos teus mandamentos,
quando me alegrares o coração.”
30
Enquanto o coração não é fortalecido com a graça, ele
não tem o poder necessário para dar testemunho da
Palavra de Deus, que é fogo e poder.
“33 Ensina-me, SENHOR, o caminho dos teus decretos,
e os seguirei até ao fim.
34 Dá-me entendimento, e guardarei a tua lei; de todo
o coração a cumprirei.”
É necessário perseverança e diligência para cumprir os
mandamentos de Deus, mas isto demanda que se tenha
um verdadeiro entendimento da Sua vontade, e isto
somente o próprio Senhor pode nos conceder por
iluminação do Espírito Santo.
“35 Guia-me pela vereda dos teus mandamentos, pois
nela me comprazo.
36 Inclina-me o coração aos teus testemunhos e não à
cobiça.”
O salmista tinha experiência de que não se pode viver a
vida que é do céu com os recursos da terra. É necessário
que o próprio Deus nos guie pela vereda da justiça.
Como Paulo temos prazer com a mente na lei de Deus.
Mas a lei do pecado que opera nos nossos membros
resiste a tal vontade, e por isso é necessário a
mortificação contínua do pecado, para que se possa
viver e andar no Espírito. Porque é Ele quem inclina o
nosso coração aos testemunhos de Deus, e que nos livra
da cobiça, que é a mãe de todos os pecados, ao lado da
incredulidade.
“37 Desvia os meus olhos, para que não vejam a
vaidade, e vivifica-me no teu caminho.”
É o poder de Deus que guarda o nosso coração puro e
que nos impede de cair em tentações. Somente o Seu
31
poder pode nos livrar do poder do mal que há no
pecado, no mundo e em Satanás. Por isso se nos ensina
na oração do Pai nosso que devemos pedir-Lhe para que
não nos deixe cair em tentação e que nos livre do mal,
porque é dEle o poder para tal, e não propriamente
nosso.
“38 Confirma ao teu servo a tua promessa feita aos que
te temem.”
Somente os que temem ao Senhor podem reivindicar
perante Ele o cumprimento de Suas promessas.
“39 Afasta de mim o opróbrio, que temo, porque os
teus juízos são bons.”
O salmista considera que os juízos do Senhor são bons e
justos, mas Lhe pede que afaste dele o opróbrio que
temia, baseando-se na Sua misericórdia. Não podemos
achar misericórdia da parte do Senhor considerando que
os Seus juízos que visam à nossa correção e
arrependimento, não sejam justos e perfeitos.
“40 Eis que tenho suspirado pelos teus preceitos;
vivifica-me por tua justiça.
41 Venham também sobre mim as tuas misericórdias,
SENHOR, e a tua salvação, segundo a tua promessa.”
Como o salmista amava os preceitos do Senhor e se
empenhava sinceramente em guardá-los, ele Lhe pede
então, com confiança, que o vivificasse não segundo a
sua justiça humana falha, mas segundo a justiça divina
que é perfeita. De maneira que desfrutasse das
misericórdias e da salvação do Senhor, segundo a
promessa que tem feito a todos os que O buscarem com
um coração sincero.
32
“42 E saberei responder aos que me insultam, pois
confio na tua palavra.”
Sendo objeto da misericórdia e da salvação do Senhor,
porque confiava na Sua Palavra, o salmista teria
sabedoria para responder aos que lhe injuriavam.
“43 Não tires jamais de minha boca a palavra da
verdade, pois tenho esperado nos teus juízos.
44 Assim, observarei de contínuo a tua lei, para todo o
sempre.”
O salmista orava para que o Senhor nunca tirasse da sua
boca a palavra da verdade, porque esperava nos Seus
juízos, e sabia que somente assim poderia continuar
observando para sempre a lei do Senhor. Muitos se
desviam dos caminhos de Deus porque não têm o
mesmo posicionamento do salmista quanto a nada
acrescentar ou retirar da Palavra de Deus, e por não se
estribar no próprio entendimento e capacidade para
permanecer na verdade. Deus mesmo preserva o Seu
testemunho fiel em nós.
“45 E andarei com largueza, pois me empenho pelos
teus preceitos.
46 Também falarei dos teus testemunhos na presença
dos reis e não me envergonharei.
47 Terei prazer nos teus mandamentos, os quais eu
amo.
48 Para os teus mandamentos, que amo, levantarei as
mãos e meditarei nos teus decretos.”
O salmista não se envergonhava de dar testemunho do
Senhor e da Sua palavra, mesmo na presença de reis,
porque sabia quão excelentes são os mandamentos de
Deus, e devem ser proclamados a todos, não por timidez
ou vergonha, mas com determinação e grande honra.
33
“49 Lembra-te da promessa que fizeste ao teu servo, na
qual me tens feito esperar.”
Deus não se esquece de nenhuma de Suas promessas,
mas é nosso dever lembrarmos delas e pedir ao Senhor
pelo Seu cumprimento enquanto nos esforçamos com
diligência para permanecermos fiéis, e firmes na fé em
tudo quanto tenha nos prometido.
“50 O que me consola na minha angústia é isto: que a
tua palavra me vivifica.”
Esta é a experiência de todo cristão fiel que sofre.
Quando tem um espinho na carne. Quando se encontra
angustiado em sua alma. Não perde a fé e não se
desespera, porque sabe que será vivificado pela Palavra
do Senhor, mediante o Seu poder operante em nós,
porque não se esquece de consolar a nenhum de Seus
filhos, que buscam fazer a Sua vontade.
“51 Os soberbos zombam continuamente de mim;
todavia, não me afasto da tua lei.”
Somente os justos podem exultar no sofrimento das
perseguições e das injúrias que sofrem da parte dos
ímpios, e dos ataques que sofrem diretamente dos
principados e potestades das trevas, e não permitem
que sejam afastados da lei do Senhor por causa destas
tribulações. Ao contrário a fé deles é aumentada e
aprendem paciência, experiência e esperança cada vez
maiores no Deus em que têm colocado toda a sua
confiança.
“52 Lembro-me dos teus juízos de outrora e me
conforto, ó SENHOR.”
34
Devemos trazer à recordação os grandes juízos do
passado realizados pelo Senhor, como por exemplo
como agiu contra a impiedade dos homens nos dias de
Noé, em Sodoma e Gomorra, no Egito nos dias de
Moisés, e contra o Seu próprio povo quando andou
contrariamente à Sua vontade no deserto. Isto nos ajuda
a achar conforto para nossas almas atribuladas, porque
sabemos que sofremos não por sermos malfeitores, mas
exatamente por causa do nosso amor ao Senhor e ao
Seu evangelho.
“53 De mim se apoderou a indignação, por causa dos
pecadores que abandonaram a tua lei.”
Aqueles que amam a Deus odeiam o pecado tanto em si
mesmos, quanto nos outros. Jamais justificarão os que
andam no pecado, ainda que sejam eles próprios.
“54 Os teus decretos são motivo dos meus cânticos, na
casa da minha peregrinação.”
A casa da nossa peregrinação é este mundo de trevas,
mas por causa da Palavra do Senhor podemos achar
motivo de cânticos de alegria num mundo corrompido
como o nosso, por causa do pecado. Cantamos porque
sabemos que estamos em viagem para a nossa
verdadeira pátria celestial, e que não somos do mundo,
apesar de estarmos nele.
“55 Lembro-me, SENHOR, do teu nome, durante a
noite, e observo a tua lei.
56 Tem-se dado assim comigo, porque guardo os teus
preceitos.”
Aquele que guardar sinceramente os preceitos de Deus,
nunca se esquecerá do Senhor, e terá o seu pensamento
35
e coração continuamente voltados para Ele, mesmo
durante a noite.
“57 O SENHOR é a minha porção; eu disse que
guardaria as tuas palavras.”
Quando nos posicionamos para guardar a Palavra do
Senhor, Ele passa a ser a nossa porção, ou seja, a nossa
única herança e riqueza, tanto nesta vida, quanto na do
por vir.
“58 Imploro de todo o coração a tua graça; compadece-
te de mim, segundo a tua palavra.”
O salmista sempre recorreu à misericórdia do Senhor em
clamores e orações, porque Ele sempre lhe respondeu e
o livrou de todos os seus temores e tribulações, porque
não confiava em si mesmo, na sua própria justiça, senão
somente na graça e na Palavra do Senhor.
“59 Considero os meus caminhos e volto os meus
passos para os teus testemunhos.
60 Apresso-me, não me detenho em guardar os teus
mandamentos.”
O salmista sempre pedia ao Senhor que sondasse o seu
coração. Ele se examinava continuamente segundo os
testemunhos do Senhor, para andar consoante a Sua
vontade. E não era lento em fazer isto. Ele se apressava
e nada podia detê-lo, porque estava determinado a
guardar os mandamentos do Senhor.
“61 Laços de perversos me enleiam; contudo, não me
esqueço da tua lei.”
O salmista não negociava com os ímpios quanto estes o
enredavam. Ele não lutava com as mesmas armas deles.
Ele sempre agia em conformidade com a Lei do Senhor
36
e esperava somente nEle para que fosse liberto dos
laços com os quais o prendiam. Davi nunca pôde ser
prendido definitivamente por nenhum destes laços
porque o Senhor os desatou totalmente para ele, de
maneira que o vemos morrendo em ditosa velhice, e não
nas mãos de quaisquer dos seus muitos inimigos.
“62 Levanto-me à meia-noite para te dar graças, por
causa dos teus retos juízos.”
O salmista começava a louvar e a dar graças ao Senhor
por causa da retidão dos Seus juízos, no primeiro minuto
do iniciar de cada dia. Era com o Senhor que ele desejava
passar os primeiros momentos do dia.
“63 Companheiro sou de todos os que te temem e dos
que guardam os teus preceitos.”
Há uma comunhão santa entre aqueles que amam o
Senhor e a Sua Palavra. Este é o laço misterioso do
Espírito Santo que une num só coração todos os que
creem em Cristo. Não são uma confraria de amigos. Não
são um clube fechado, mas uma porta que está sempre
aberta para dar a destra de companhia a todo e
qualquer que se converta, porque esta é a sua vocação
comum, a de se amarem uns aos outros assim como
Cristo os ama, porque isto é promovido, como já
dissemos, pelo Espírito Santo que neles habita.
“64 A terra, SENHOR, está cheia da tua bondade;
ensina-me os teus decretos.”
Os céus e a terra manifestam a glória e a bondade de
Deus, mas o salmista desejava aprender os Seus
decretos diretamente dEle, por uma revelação
espiritual, a qual não se pode aprender do testemunho
da bondade de Deus que há nas obras da criação.
37
“65 Tens feito bem ao teu servo, SENHOR, segundo a
tua palavra.
66 Ensina-me bom juízo e conhecimento, pois creio nos
teus mandamentos.”
O salmista vinha desfrutando da bondade de Deus em
sua vida, conforme a Sua Palavra, ou seja, tanto pelas
promessas que ela contém, quanto por ser praticada.
Todavia, ele buscava crescimento espiritual pelo
aprendizado do bom juízo e conhecimento. O mesmo se
espera dos cristãos em Cristo, porque devem crescer na
graça e no conhecimento de nosso Senhor.
“67 Antes de ser afligido, andava errado, mas agora
guardo a tua palavra.”
Este versículo comprova que as provações visam ao
crescimento espiritual do cristão. Deus nos corrige por
meio das aflições, para que guardemos a Sua Palavra e
sejamos participantes da Sua santidade.
“68 Tu és bom e fazes o bem; ensina-me os teus
decretos.”
Um Deus que é bom e que só faz o bem, espera que
aprendamos a ser tal como Ele, por aprender a Sua
vontade. Afinal, não podemos amar aquilo que não
conhecemos, daí a necessidade de se crescer no
conhecimento de Deus e da Sua vontade, para que
possamos ser transformados de glória e glória, à Sua
própria semelhança.
“69 Os soberbos têm forjado mentiras contra mim; não
obstante, eu guardo de todo o coração os teus
preceitos.
38
70 Tornou-se-lhes o coração insensível, como se fosse
de sebo; mas eu me comprazo na tua lei.”
A gordura não tem terminações nervosas, e por isso é
insensível. Um coração espiritual só de gordura é aquele
que é insensível para a vontade de Deus. E deste modo
se entregará à mentira, e a perseguir os justos. Todavia,
estes, quando perseguidos, devem continuar guardando
de todo o coração os preceitos de Deus, tal como o
salmista costumava fazer. Não devem permitir ser
vencidos pelo mal, mas devem vencer o mal com o bem.
Não devem se tornar insensíveis tal qual os seus
perseguidores, mas devem amar até mesmo os seus
inimigos.
“71 Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que
aprendesse os teus decretos.”
Este versículo é semelhante ao 67 e comprova que as
aflições visam ao crescimento espiritual do cristão. Deus
nos corrige por meio das aflições, para que guardemos a
Sua Palavra e sejamos participantes da Sua santidade,
aprendendo a ser pacientes, longânimos, perdoadores e
amorosos, tal como Ele.
“72 Para mim vale mais a lei que procede de tua boca
do que milhares de ouro ou de prata.”
As riquezas terrenas que passam e que se gastam pelo
uso, não podem ser comparadas com as riquezas
celestiais, que nos são concedidas como bênçãos
espirituais. Nada trouxemos conosco para este mundo,
e nada poderemos levar quando sairmos dele pela
morte, no que se refere a bens materiais. Então não é
sábio ajuntar tesouros na terra. Não se pode, portanto,
comparar o valor da Palavra de Deus, que permanece
39
para sempre, com o das coisas terrenas que perecem, e
cuja glória é passageira como a fumaça.
“73 As tuas mãos me fizeram e me afeiçoaram; ensina-
me para que aprenda os teus mandamentos.”
Se Deus não tivesse criado o homem, ninguém teria no
que se gloriar, nem mesmo na própria existência. Então
não é em nada deste mundo ou em nós mesmos que
devemos nos gloriar senão somente no Senhor. Fomos
criados para o propósito de aprender os caminhos de
Deus, e a crescer nEle até a estatura de homem perfeito,
conforme foi projetado por Ele desde antes da fundação
do mundo. Enquanto peregrinamos aqui embaixo
estamos em processo de transformação progressiva,
que deve aumentar em graus, até o dia em que seremos
tanto perfeitos no corpo, quanto no espírito, quando da
volta de nosso Senhor para arrebatar a Sua igreja.
“74 Alegraram-se os que te temem quando me viram,
porque na tua palavra tenho esperado.”
Há alegria na comunhão dos santos. Um santo se alegra
à vista de outro santo. A base desta alegria e santidade
é a guarda e confiança na Palavra de Deus, e o mover do
Espírito Santo, que neles habita, que é unidade de fé, de
amor e de espírito.
“75 Bem sei, ó SENHOR, que os teus juízos são justos e
que com fidelidade me afligiste.”
Mais uma vez o salmista declara que a aflição com a qual
estava sendo atingido pela potente mão do Senhor era
justa, e era o resultado da fidelidade de Deus à Sua
promessa de corrigir a todos os Seus filhos, porque os
ama.
40
“76 Venha, pois, a tua bondade consolar-me, segundo a
palavra que deste ao teu servo.
77 Baixem sobre mim as tuas misericórdias, para que
eu viva; pois na tua lei está o meu prazer.”
Como o salmista vivia buscando guardar sinceramente a
lei de Deus, então sentia-se encorajado pelo Espírito a
orar pela manifestação da Sua bondade consoladora,
segundo as Suas boas promessas, e misericórdia, porque
sem isto é impossível ter a vida plena do Espírito, pela
qual temos prazer na lei de Deus. É a nova natureza
obtida no novo nascimento do Espírito, que tem prazer
na lei de Deus, porque a antiga natureza (terrena) não
tem não somente nenhum prazer na lei de Deus, como
também se opõe a ela.
“78 Envergonhados sejam os soberbos por me haverem
oprimido injustamente; eu, porém, meditarei nos teus
preceitos.
79 Voltem-se para mim os que te temem e os que
conhecem os teus testemunhos.”
O salmista entregava-se ao Senhor, para que julgasse a
sua causa contra aqueles que lhe oprimiam
injustamente. Ele dava lugar à ira de Deus, ou seja, ao
Seu atributo de juízo que opera segundo a Sua justiça,
que dá o pago a todos aqueles que agem impiamente. O
salmista sabia que o caso dos seus inimigos era um
assunto para Deus e não para ele próprio se ocupar dele.
Ele buscaria a comunhão dos que temiam ao Senhor e
conheciam os Seus testemunhos. Esta era a sua oração:
que Deus movesse os tais a estarem em sua companhia.
“80 Seja o meu coração irrepreensível nos teus
decretos, para que eu não seja envergonhado.”
41
O desejo de Deus para todos os Seus filhos é que tenham
uma vida irrepreensível, ou seja, que nada se ache no
comportamento deles que seja digno de reprimenda. É
somente quando se é diligente na busca deste alvo da
santificação, que Deus o concretiza paulatinamente em
nossas vidas, de modo que não sejamos motivo de
vergonha ou escândalo, por vivermos de modo diferente
daquele que é esperado, segundo a nossa vocação no
Senhor, a saber, a de sermos filhos da luz, para
andarmos na luz.
“81 Desfalece-me a alma, aguardando a tua salvação;
porém espero na tua palavra.
82 Esmorecem os meus olhos de tanto esperar por tua
promessa, enquanto digo: quando me haverás de
consolar?”
Grande era a angústia do salmista, a ponto de sentir a
alma desfalecida. Todavia, ele não se afastava da
esperança da Palavra, que nos assegura a vitória pela
permanência na fé no Senhor, e por continuarmos na
prática da justiça, independentemente das
circunstâncias em que estivermos vivendo, e que
estejam causando este grande abatimento espiritual. O
salmista estava esperando há muito tempo pelo
livramento do Senhor, mas não desistia de esperar
somente nEle, aguardando e clamando pelo dia em que
finalmente seria consolado. Ele não estava em estado de
passividade, esperando que o livramento viesse por
acaso. Não. Ele estava bem instruído pelo Senhor que
devemos clamar na hora da angústia, para que Ele possa
nos livrar, de modo que venhamos a glorificar o Seu
santo nome.
42
“83 Já me assemelho a um odre na fumaça; contudo,
não me esqueço dos teus decretos.
84 Quantos vêm a ser os dias do teu servo? Quando me
farás justiça contra os que me perseguem?”
O salmista estava velho e enfraquecido, e ainda havia
muitos inimigos que o perseguiam. Ele se sentia como
um odre que fora deixado na fumaça, e que se enchera
de fuligem e ressecara. Isto pode ser uma referência ao
estado de sua pele enrugada e ressecada pelos anos.
Todavia ele declara que jamais se esqueceria da Palavra
de Deus, e não deixaria também de aguardar somente
nEle que fizesse justiça contra os seus perseguidores,
ainda que fossem poucos os seus dias de vida neste
mundo. Ele desejava manter um testemunho fiel até ao
fim, para a exclusiva glória do Senhor.
“85 Para mim abriram covas os soberbos, que não
andam consoante a tua lei.”
Quando os soberbos, ou seja, aqueles que andam
segundo o seu próprio conceito e entendimento, e que
não têm o temor do Senhor, percebem que os servos
fiéis do Senhor estão enfraquecidos, eles lhes
amaldiçoam para que morram de vez.
“86 São verdadeiros todos os teus mandamentos; eles
me perseguem injustamente; ajuda-me.”
Quando se ama a verdade da Palavra, a consequência
imediata disto é que seremos perseguidos
injustamente. Contudo, não devemos recuar no nosso
bom testemunho, e pedir a Deus que nos ajude e nos
guarde do mal com o qual procuram nos atingir os
nossos perseguidores.
43
“87 Quase deram cabo de mim, na terra; mas eu não
deixo os teus preceitos.”
Mesmo em face de perigos de morte os cristãos não
devem abandonar a sua fidelidade em viverem em
conformidade com a Palavra de Deus.
“88 Vivifica-me, segundo a tua misericórdia, e
guardarei os testemunhos oriundos de tua boca.”
É pela graça e misericórdia do Senhor que somos
vivificados espiritualmente para sustentar os Seus
testemunhos, no poder do Espírito.
“89 Para sempre, ó SENHOR, está firmada a tua palavra
no céu.
90 A tua fidelidade estende-se de geração em geração;
fundaste a terra, e ela permanece.
91 Conforme os teus juízos, assim tudo se mantém até
hoje; porque ao teu dispor estão todas as coisas.”
A Palavra de Deus não é deste mundo, ela nos foi
revelada desde o céu, e ela permanece inalterável,
imutável, tal como o próprio Deus. Se a vida continua na
terra é porque isto é da vontade do Senhor que tudo
sustenta pelo poder da Sua Palavra. Mas chegará o dia
em que Ele abalará os fundamentos da terra e os
elementos se desfarão pelo fogo do Seu juízo. De
maneira que devemos andar em santo trato e piedade
em nossa peregrinação terrena, por sabermos que tudo
é sustentado exclusivamente pela vontade do Senhor.
Então é nosso dever conhecer e viver de acordo com tal
vontade divina.
“92 Não fosse a tua lei ter sido o meu prazer, há muito
já teria eu perecido na minha angústia.”
44
Quem mantém o espírito fortalecido na angústia é o
nosso prazer na Palavra do Senhor, que é prazer nEle
mesmo.
“93 Nunca me esquecerei dos teus preceitos, visto que
por eles me tens dado vida.”
Deixar de lado os preceitos de Deus significa o mesmo
que buscar a morte espiritual, porque o pendor da carne
dá para a morte, e somente o pendor do Espírito dá para
a vida e paz (Rom 8.6).
“94 Sou teu; salva-me, pois eu busco os teus preceitos.”
A convicção de que pertencemos ao Senhor e de que
temos buscado guardar os Seus preceitos, é o que nos
encoraja a confiar que seremos libertados de nossas
tribulações quando clamamos por livramento ao
Senhor.
“95 Os ímpios me espreitam para perder-me; mas eu
atento para os teus testemunhos.”
Vivemos num mundo onde há também lobos vorazes,
tal como nosso Senhor nos ordenou que nos
acautelássemos deles com prudência, e eles nos
espreitam para nos devorar, mas nada poderão contra
nós enquanto nos mantivermos ligados à Palavra de
Deus. Provamos que amamos a Jesus por guardarmos os
Seus mandamentos, tal como Ele próprio afirmou.
“96 Tenho visto que toda perfeição tem seu limite; mas
o teu mandamento é ilimitado.”
Todo conhecimento que temos neste mundo é limitado,
é parcial. Toda perfeição terrena é também limitada, e
nisto se inclui o próprio homem. Somente na Palavra de
Deus e no próprio Deus há plenitude de perfeição.
45
“97 Quanto amo a tua lei! É a minha meditação, todo o
dia!”
Os que buscam sinceramente ao Senhor não somente se
esforçam para guardar os Seus mandamentos, como são
inspirados por Ele a amá-los, de modo que será neles
que estará o nosso coração todos os dias de nossas
vidas.
“98 Os teus mandamentos me fazem mais sábio que os
meus inimigos; porque, aqueles, eu os tenho sempre
comigo.
99 Compreendo mais do que todos os meus mestres,
porque medito nos teus testemunhos.
100 Sou mais prudente que os idosos, porque guardo
os teus preceitos.”
A verdadeira e permanente sabedoria não é encontrada
em nenhuma ciência deste mundo, porque tudo que há
nele passará. Todavia a sabedoria que é segundo a
Palavra de Deus é infinita e eterna. Aqueles que crescem
no conhecimento e na prática da Palavra de Deus são
tornados sábios. Não sábios segundo o mundo, mas
sábios segundo Deus, transformados em suas próprias
naturezas, deixando de ser carnais, para serem
espirituais. Esta sabedoria ultrapassa e é superior à dos
mestres e dos idosos deste mundo. E por ela, se chega a
conhecer a verdadeira prudência. Quando Deus fundar
os novos céus e nova terra, usando novos princípios
físico-químicos-mecânicos, e até mesmo podendo
modificar toda a estrutura da matéria na qual a
encontramos presentemente, para onde irá todo o
conhecimento adquirido pelos sábios das coisas deste
mundo? Qual será a sua utilidade? Em que então se
gloriarão? Deus tem dito que envergonhará os sábios
46
deste mundo que se gloriam no seu conhecimento, e
certamente o fará, porque se recusaram a dar glórias
somente a Ele.
“101 De todo mau caminho desvio os pés, para
observar a tua palavra.”
Não é possível guardar a Palavra do Senhor enquanto
não se mortifica a carne, enquanto não se mortifica o
pecado, enquanto não desviamos nossos pés dos
caminhos que não são os caminhos do Senhor.
“102 Não me aparto dos teus juízos, pois tu me
ensinas.”
Se estivermos aprendendo de fato os juízos de Deus, por
sermos ensinados pelo Espírito Santo, jamais nos
desviaremos deles.
“103 Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar!
Mais que o mel à minha boca.
104 Por meio dos teus preceitos, consigo
entendimento; por isso, detesto todo caminho de
falsidade.”
A verdade da Palavra aplicada ao coração pelo Espírito,
em crescimento em santificação, traz um sentido de
doçura à vida que é desconhecido por aquele que não se
aplica de tal forma. Aquele que estiver se santificando
odiará cada vez mais a falsidade, e não se achará a
mentira e o engano em sua boca.
“105 Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz
para os meus caminhos.”
A lâmpada que contem a luz que nos faz enxergar o
caminho da verdadeira espiritualidade é a Palavra de
Deus. Ela ilumina tanto os nossos pés quanto o próprio
47
caminho no qual devemos andar. É o sol que brilha e nos
permite caminhar neste mundo de trevas espirituais
sem tropeçar.
“106 Jurei e confirmei o juramento de guardar os teus
retos juízos.”
O salmista não somente jurara, como vinha
confirmando em sua vida o juramento que fizera de
guardar os retos juízos do Senhor. Ele havia tomado uma
decisão, uma posição, que mais cedo ou mais tarde todo
verdadeiro cristão deve tomar, a saber, de viver
somente para honrar o Senhor guardando a Sua Palavra.
“107 Estou aflitíssimo; vivifica-me, SENHOR, segundo a
tua palavra.”
Mais uma vez o salmista se voltou para o Senhor na sua
grande aflição para que fosse vivificado por Ele, em seu
ânimo e espírito.
“108 Aceita, SENHOR, a espontânea oferenda dos meus
lábios e ensina-me os teus juízos.”
O salmista sabia que o amor verdadeiro é voluntário.
Por isso o louvor dos seus lábios era espontâneo,
conforme inspirado pelo Espírito, por isso tinha a
convicção de que o Senhor atenderia a sua oração
pedindo-Lhe que aceitasse o seu louvor e que lhe
ensinasse os Seus juízos.
“109 Estou de contínuo em perigo de vida; todavia, não
me esqueço da tua lei.
110 Armam ciladas contra mim os ímpios; contudo, não
me desvio dos teus preceitos.”
Como já comentamos anteriormente, não são perigos
de vida ou qualquer outra forma de tribulação que
48
devem desviar o cristão de guardar os mandamentos de
Deus. Ao contrário são oportunidades para crescimento
espiritual e fortalecimento da fé, que não devem ser
desprezados, quando permitido por Deus que nos
sobrevenham.
“111 Os teus testemunhos, recebi-os por legado
perpétuo, porque me constituem o prazer do coração.
112 Induzo o coração a guardar os teus decretos, para
sempre, até ao fim.”
O salmista havia se determinado a guardar os
mandamentos do Senhor por todos os dias da sua vida,
sem dar qualquer dia de folga para a prática da
iniquidade. Este mesmo posicionamento convém a todo
cristão que desejar se consagrar ao Senhor e santificar a
sua vida.
“113 Aborreço a duplicidade, porém amo a tua lei.”
Todo servo do Senhor deveria agir como o salmista, ou
seja, aborrecendo a duplicidade à qual o apóstolo Tiago
se referiu em sua epístola, que nos torna
incompatibilizados a agradarmos a Deus: “5 Ora, se
algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que
a todos dá liberalmente e não censura, e ser-lhe-á dada.
6 Peça-a, porém, com fé, não duvidando; pois aquele
que duvida é semelhante à onda do mar, que é
sublevada e agitada pelo vento. 7 Não pense tal homem
que receberá do Senhor alguma coisa, 8 homem
vacilante que é, e inconstante em todos os seus
caminhos.” (Tg 1.5-8)
“114 Tu és o meu refúgio e o meu escudo; na tua
palavra, eu espero.”
49
Não há fortaleza que possa nos abrigar no dia da
calamidade senão somente o Senhor. Ele é um refúgio
seguro para todos os Seus filhos. Para todos os que
esperam nEle e na Sua Palavra.
“115 Apartai-vos de mim, malfeitores; quero guardar
os mandamentos do meu Deus.”
Não se pode guardar os mandamentos do Senhor
enquanto se anda na companhia daqueles que praticam
males, praticando as mesmas obras que eles praticam.
“116 Ampara-me, segundo a tua promessa, para que eu
viva; não permitas que a minha esperança me
envergonhe.
117 Sustenta-me, e serei salvo e sempre atentarei para
os teus decretos.”
A esperança do cristão jamais será frustrada porque está
ancorada no céu, no Santo dos Santos celestial, no qual
Jesus entrou como nosso precursor. A garantia da nossa
salvação está nos ombros do Senhor e por isso jamais
seremos confundidos ou envergonhados por termos
colocado nEle a esperança de que seremos salvos da
condenação eterna. É pela força do Seu próprio poder, e
mediante o Espírito Santo, que faz com que
perseveremos na verdade, de maneira que
evidenciemos durante toda a nossa vida que somos de
fato filhos de Deus.
“118 Desprezas os que se desviam dos teus decretos,
porque falsidade é a astúcia deles.
119 Rejeitas, como escória, todos os ímpios da terra;
por isso, amo os teus testemunhos.
120 Arrepia-se-me a carne com temor de ti, e temo os
teus juízos.”
50
Deus honra somente àqueles que O honram. Ele
somente concede graça a quem se humilha diante dEle
e se reconhece pecador destituído de qualquer justiça e
que depende portanto, inteiramente da justiça de Jesus
para que possa ser reconciliado com Deus. Então os que
não têm o temor do Senhor, que se desviam da Sua
presença, fugindo sempre da Sua luz, que recusam a Sua
salvação, e que vivem na falsidade e na astúcia, serão
por fim rejeitados totalmente por Deus e entregues a
uma condenação eterna.
“121 Tenho praticado juízo e justiça; não me entregues
aos meus opressores.
122 Sê fiador do teu servo para o bem; não permitas
que os soberbos me oprimam.”
O salmista vinha procedendo em justiça e juízo, mas
debaixo da opressão não se confiou apenas nisto, mas
clamou ao Senhor para que fosse livrado dos seus
opressores, e lhe pediu também que fosse o Seu fiador
para o bem, ou seja, quando lhe faltassem as forças para
continuar na prática do bem, que o Senhor garantisse
Ele mesmo, pelo Seu próprio poder, que ele continuasse
em tal prática, de modo que não permitisse que os
soberbos prevalecessem na opressão que lhe estavam
fazendo.
“123 Desfalecem-me os olhos à espera da tua salvação
e da promessa da tua justiça.”
O salmista esta desfalecido pela longa espera do
livramento do Senhor e de fazer justiça à sua causa,
todavia, continuava esperando, ou seja, na expectativa
em fé de que o Senhor o livraria.
51
“124 Trata o teu servo segundo a tua misericórdia e
ensina-me os teus decretos.
125 Sou teu servo; dá-me entendimento, para que eu
conheça os teus testemunhos.”
O salmista era pobre de espírito, ou seja reconhecia que
era dependente de Deus para tudo, especialmente para
conhecer os Seus mandamentos e testemunhos. De
modo que Lhe orava suplicando que o tratasse segundo
a Sua misericórdia, porque de si mesmo, não tinha como
agradar ao Senhor e corresponder à Sua expectativa de
perfeição em relação a ele. Então orava também para
que recebesse de Deus entendimento quanto ao ensino
que Lhe desse dos Seus decretos eternos. Se não
chegamos a conhecer o que está determinado por tais
decretos, jamais teremos uma fé que descanse
completamente na soberana vontade de Deus, por não
reconhecermos que tudo está debaixo do Seu controle.
“126 Já é tempo, SENHOR, para intervires, pois a tua lei
está sendo violada.”
A tal ponto chegou a iniquidade nos dias do salmista,
que ele orou por um avivamento, para que a lei do
Senhor não continuasse sendo tão grandemente
violada.
“127 Amo os teus mandamentos mais do que o ouro,
mais do que o ouro refinado.”
“128 Por isso, tenho por, em tudo, retos os teus
preceitos todos e aborreço todo caminho de falsidade.”
Estes versos são semelhantes ao verso 72, e o
comentário deste se aplica também aos versos em
apreço.
52
“129 Admiráveis são os teus testemunhos; por isso, a
minha alma os observa.”
A alma santificada e instruída nos caminhos de Deus
ama os testemunhos do Senhor, não por mero dever ou
obrigação, mas por amá-los, porque são admiráveis e
maravilhosos, e encantam a alma santificada. Para o
cristão consagrado a obra de Deus e o Seu culto não são
um peso, mas um prazer.
“130 A revelação das tuas palavras esclarece e dá
entendimento aos simples.”
É justamente aos pequeninos que Deus revela a Sua
grandeza, porque estes têm um coração contrito e
humilde que faz com que se aproximem do Senhor. Os
sábios segundo o mundo, e grandes a seus próprios
olhos não se permitem tal coisa, porque se julgam
muito elevados para necessitarem de Deus. Então a
revelação do Senhor é para os simples, para aqueles que
confiam inteiramente nEle, como uma criança confia nos
seu pais.
“131 Abro a boca e aspiro, porque anelo os teus
mandamentos.”
O salmista tinha grande ousadia no falar porque o poder
do Espírito estava sobre ele, porque amava os
mandamentos de Deus, e cumpri-los era todo o seu
desejo.
“132 Volta-te para mim e tem piedade de mim,
segundo costumas fazer aos que amam o teu nome.”
Por experiência própria, e pelo testemunho do que via o
Senhor fazer em relação aos demais que O amavam, o
salmista clamava para que o Senhor estivesse em
comunhão com ele e tivesse misericórdia dele, porque
53
sabia que era o que Ele costumava fazer com todos os
que O amam.
“133 Firma os meus passos na tua palavra, e não me
domine iniquidade alguma.”
A santidade consiste basicamente em duas coisas:
rejeitar o mal e praticar o bem. Praticar a palavra de
Deus e não se deixar dominar por qualquer tipo de
iniquidade. Então era por isso que o salmista orava a
Deus para que lhe fosse dado por Ele.
“134 Livra-me da opressão do homem, e guardarei os
teus preceitos.”
O salmista não guardaria os preceitos de Deus caso
somente Ele o livrasse da opressão dos homens. Ele
então Lhe pediu neste verso para que o livrasse da
opressão dos homens porque guardava os Seus
preceitos.
“135 Faze resplandecer o rosto sobre o teu servo e
ensina-me os teus decretos.”
É a presença do Senhor que nos santifica. É diante da Sua
glória que somos transformados. Por isso o salmista Lhe
pedia que fizesse resplandecer o Seu rosto sobre Ele,
porque é assim que se aprende como convém os
decretos de Deus, a saber, em íntima experiência
pessoal com Ele.
“136 Torrentes de água nascem dos meus olhos,
porque os homens não guardam a tua lei.”
Entristecia o salmista o pecado que via nos homens que
não guardavam a lei de Deus. Todo cristão que estiver
santificado terá o mesmo sentimento, por ver o nome
do Senhor sendo desonrado na terra.
54
“137 Justo és, SENHOR, e retos, os teus juízos.
138 Os teus testemunhos, tu os impuseste com retidão
e com suma fidelidade.”
Os testemunhos e juízos do Senhor são retos, porque o
próprio Deus é perfeitamente justo. A Sua lei não é
portanto uma imposição mas uma consequência daquilo
que Ele próprio é. De modo que não imporá a Sua
retidão por obrigação involuntária, porque é amor em
Sua própria essência, e o amor demanda
relacionamento e obediência voluntários.
“139 O meu zelo me consome, porque os meus
adversários se esquecem da tua palavra.”
Quando a Palavra de Deus é esquecida por aqueles que
se nos opõem, o Espírito Santo faz com que o nosso zelo
aumente muito, para que defendamos a Palavra diante
da negação deles. Isto faz com que fiquemos ainda mais
apegados à verdade, e que o testemunho seja dado com
o espírito de ousadia, amor e moderação com o qual
convém ser dado.
“140 Puríssima é a tua palavra; por isso, o teu servo a
estima.”
Não há erro na Palavra de Deus. Sua verdade é absoluta.
Por isso é digna de inteira aceitação.
“141 Pequeno sou e desprezado; contudo, não me
esqueço dos teus preceitos.”
O homem nada é diante do Senhor. Todavia lhe está
imposto o dever de buscar a semelhança de Deus, e isto
é feito por meio da prática da Palavra. Daí o nosso dever
de nunca esquecê-la. Porque é a Palavra que dá
testemunho de Deus, e por meio de quem nos vem a fé.
55
“142 A tua justiça é justiça eterna, e a tua lei é a
própria verdade.”
A justiça com a qual somos justificados é a de Cristo, que
sendo eterna, jamais poderá nos ser tirada. A própria
justiça de Adão foi perdida por ele quando pecou no
Éden. Mas a justiça de Cristo com a qual estamos
vestidos não será maior ou melhor do que a que temos
agora, porque é perfeita e eterna, conforme a Palavra de
Deus testifica dela, sendo a Palavra, a verdade.
“143 Sobre mim vieram tribulação e angústia; todavia,
os teus mandamentos são o meu prazer.
144 Eterna é a justiça dos teus testemunhos; dá-me a
inteligência deles, e viverei.”
O salmista tinha tão elevado apreço pela Palavra de
Deus, que ela continuava sendo o seu prazer mesmo
quando lhe sobrevinha a tribulação e a angústia. Ele
vivia pela justiça dos testemunhos de Deus, e por isso
Lhe pedia que lhe desse um conhecimento cada vez
maior deles, para que tivesse uma vida espiritual cada
vez mais plena, cheia da Sua presença.
“145 De todo o coração eu te invoco; ouve-me,
SENHOR; observo os teus decretos.
146 Clamo a ti; salva-me, e guardarei os teus
testemunhos.”
É o mesmo ensino que se repete em todo o livro dos
Salmos: os salmistas invocavam o Senhor com plena
inteireza de fé e de coração, na certeza de serem
ouvidos, porque guardavam com sinceridade os
decretos de Deus. Não se tratava de uma simples
observância externa dos mandamentos de Deus,
56
conforme costumavam fazer os escribas e fariseus, mas
obediência voluntária de coração.
“147 Antecipo-me ao alvorecer do dia e clamo; na tua
palavra, espero confiante.
148 Os meus olhos antecipam-se às vigílias noturnas,
para que eu medite nas tuas palavras.”
Antes que o dia raiasse, o salmista se levantava e
clamava segundo a Palavra de Deus, e ficava em espera
confiante, sabendo que a esperança dos santos não será
frustrada jamais. E antes de dormir ele sempre meditava
na Palavra do Senhor. É este apego à Palavra que
mantém o coração puro. Não a simples leitura, mas a
meditação e prática, conforme iluminação recebida do
Espírito Santo, em nossa comunhão com Ele.
“149 Ouve, SENHOR, a minha voz, segundo a tua
bondade; vivifica-me, segundo os teus juízos.”
O salmista sabia que era ouvido e vivificado pelo Espírito
de Deus, não por causa da sua própria justiça, mas por
causa da Sua bondade e misericórdia divina. No entanto,
também sabia que sem um viver reto perante Ele, não
se pode ter a certeza de ser ouvido.
“150 Aproximam-se de mim os que andam após a
maldade; eles se afastam da tua lei.
151 Tu estás perto, SENHOR, e todos os teus
mandamentos são verdade.”
Há muitos teólogos liberais no mundo que afirmam
pregar e ensinar a Palavra de Deus, mas negam a Sua
verdade. Estes são os que praticam a iniquidade, e aos
quais Jesus se referirá que nunca os conheceu, porque
não andam de fato segundo a Palavra. O fruto deles não
é bom. Todavia, o Senhor está perto, em comunhão com
57
todos aqueles que andam segundo a verdade dos Seus
mandamentos.
“152 Quanto às tuas prescrições, há muito sei que as
estabeleceste para sempre.”
A Palavra de Deus é eterna, e durará para sempre. Tudo
passará, mas não a Sua Palavra. Então não é para ser
guardada por um tempo, mas por toda a vida e por toda
a eternidade.
“153 Atenta para a minha aflição e livra-me, pois não
me esqueço da tua lei.
154 Defende a minha causa e liberta-me; vivifica-me,
segundo a tua promessa.”
Cabe aqui o mesmo comentário relativo ao verso 149.
Conforme se afirma constantemente nos Salmos, é pela
graça e misericórdia de Deus que somos libertados, mas
há uma condicional “se” que deve ser atendida para que
a graça seja eficaz. A saber, que guardemos os
mandamentos do Senhor. Jesus mesmo ensinou isto
claramente, quando dizia que “se” guardássemos a Sua
Palavra, se cumpríssemos os Seus mandamentos, então
pediríamos a petição que quiséssemos (ou seja,
independente do grau de impossibilidade) e que
seríamos atendidos pelo Pai.
“155 A salvação está longe dos ímpios, pois não
procuram os teus decretos.”
A afirmação deste verso confirma o que foi dito antes.
Os ímpios não podem contar com a fidelidade dos
livramentos de Deus justamente por não se
submeterem à Sua vontade. Isto é fundamental (se
submeter a Deus) se desejamos ser ouvidos por Ele,
porque somente honra quem Lhe honra. E tem dito que
58
se alguém não honra a Jesus Cristo, Seu Filho unigênito,
consequentemente também não poderá honrá-lo.
Honra-se portanto a Deus Pai, honrando-se a Deus Filho.
“156 Muitas, SENHOR, são as tuas misericórdias;
vivifica-me, segundo os teus juízos.”
O salmista sempre buscava ser vivificado em espírito
baseado nas misericórdias de Deus, e segundo os
critérios estabelecidos por Ele, e não segundo os seus
méritos, justiça própria ou por quaisquer outras
convicções. Este é de fato o único caminho para sermos
vivificados pelo Senhor, porque sempre o fará pelos
méritos de Cristo, e consoante a Sua misericórdia,
porque jamais o fará por causa das nossas boas obras.
Elas são necessárias como condição para que a graça
seja eficaz, conforme já temos comentado, mas
isoladamente, nada poderão fazer por nós diante de
Deus, que exige uma justiça perfeita para nos abençoar,
e somente em Cristo podemos achar tal justiça.
“157 São muitos os meus perseguidores e os meus
adversários; não me desvio, porém, dos teus
testemunhos.”
Cabe aqui o mesmo comentário relativo aos versos 69 e
70.
“158 Vi os infiéis e senti desgosto, porque não guardam
a tua palavra.”
Cabe aqui o mesmo comentário relativo ao verso 136.
“159 Considera em como amo os teus preceitos;
vivifica-me, ó SENHOR, segundo a tua bondade.”
Cabe aqui o mesmo comentário relativo aos versos 153,
154 e 156, dentre outros deste mesmo salmo.
59
“160 As tuas palavras são em tudo verdade desde o
princípio, e cada um dos teus justos juízos dura para
sempre.”
Cabe aqui o mesmo comentário relativo aos versos 89 a
91, 142 e 152.
“161 Príncipes me perseguem sem causa, porém o que
o meu coração teme é a tua palavra.”
Quem tem o temor do Senhor e da Sua Palavra não
temerá a perseguição injusta dos poderosos da terra,
porque terão ao Senhor por Seu refúgio e proteção.
“162 Alegro-me nas tuas promessas, como quem acha
grandes despojos.”
Há riquezas escondidas nas promessas da Palavra que
são cavadas e achadas pela fé e pela prática desta
mesma Palavra. E o ser alvo do cumprimento destas
promessas traz grande alegria tal como quem acha
grandes riquezas escondidas.
“163 Abomino e detesto a mentira; porém amo a tua
lei.”
Quem ama verdadeiramente a Palavra de Deus, detesta
e abomina toda forma de mentira. Tal pessoa sabe que
Satanás é o pai da mentira e que tudo que passa do sim,
sim, não, não, procede do diabo, e não de Deus. Por isso
se afirma que os mentirosos não herdarão o reino do
céu.
“164 Sete vezes no dia, eu te louvo pela justiça dos teus
juízos.”
O salmista separava sete momentos específicos durante
cada dia, para louvar a Deus pela justiça dos Seus juízos.
60
Era uma forma de agradecimento constante por todos
os livramentos que recebia de Deus. Daí haver fortes
evidências de que este Salmo seja de autoria de Davi,
porque não se conhece nenhum salmista que tenha sido
tão afligido e perseguido, quanto ele.
“165 Grande paz têm os que amam a tua lei; para eles
não há tropeço.”
O efeito da prática da justiça é a paz. É nos que têm
sobre si o jugo da obediência de Jesus, que se cumpre a
Sua promessa de acharem paz e descanso para suas
almas. Estes não tropeçarão andando em dúvidas e em
mau procedimento porque terão a instrução e o poder
do Espírito Santo, para andarem somente nas veredas
aplanadas. O caminho que conduz ao céu é estreito mas
é perfeitamente aplanado, de forma que aqueles que
andam por ele, não tropeçarão em alguma pedra.
“166 Espero, SENHOR, na tua salvação e cumpro os
teus mandamentos.”
Como já comentado fartamente o salmista sempre
esperava no livramento do Senhor, guardando os Seus
mandamentos. Ele não permitia que o abatimento de
sua alma, por causa das aflições, o afastasse do caminho
da verdade.
“167 A minha alma tem observado os teus
testemunhos; eu os amo ardentemente.
168 Tenho observado os teus preceitos e os teus
testemunhos, pois na tua presença estão todos os
meus caminhos.”
O salmista chama ao próprio Senhor como testemunha
de que andava na Sua presença e nos Seus caminhos,
porque tinha a testificação do próprio Espírito, em
61
aprovação em paz e alegria em sua consciência e
coração, de que tudo ia bem com a sua alma, porque
guardava de fato a vontade e os mandamentos de Deus,
o que se comprovava também no seu grande amor por
eles. Quando a alma não é santificada, as ordenanças da
Palavra, especialmente aquelas que consistem em
verdadeira crucificação do nosso ego e vontade, são um
fardo, um peso, mas os mandamentos não são nada
penosos para aqueles que andam no Espírito.
“169 Chegue a ti, SENHOR, a minha súplica; dá-me
entendimento, segundo a tua palavra.
170 Chegue a minha petição à tua presença; livra-me
segundo a tua palavra.”
A base de livramento que o salmista usava era a própria
Palavra, os critérios de Deus estabelecidos nela, e não
seus sentimentos, méritos, emoções, obras, etc. Era por
isso que tinha firme convicção de que suas súplicas
seriam ouvidas pelo Senhor, porque agia em
conformidade com a Palavra, e por isso também orava
pedindo-Lhe um entendimento cada vez maior desta
Palavra, uma vez que era por ela que era abençoado.
“171 Profiram louvor os meus lábios, pois me ensinas
os teus decretos.”
O salmista louvava ao Senhor quando era ensinado por
Ele quanto aos Seus decretos. De fato é coisa
maravilhosa ter revelações da parte de Deus quanto à
Sua vontade, especialmente no caso de Davi, a quem
Deus revelou coisas futuras, especialmente as que se
cumpririam no ministério do Messias. O grande General
do céu, confiou os Seus segredos ao seu general na terra.
Quão grande honra havia nisto, e por isto Davi não
62
somente se alegrava, como também louvava a Deus por
tais revelações.
“172 A minha língua celebre a tua lei, pois todos os
teus mandamentos são justiça.”
Não há nenhuma lei na terra, produzida pelos homens,
que seja tão sucinta e ao mesmo tempo tão perfeita
como a Lei do Senhor. Caso a humanidade se aplicasse
de fato a amar e a cumprir a Lei de Deus, teríamos um
paraíso na terra, caso os praticantes dos Seus
mandamentos se sujeitassem ao principal deles de
crerem em Cristo e mortificarem a natureza terrena pelo
Espírito.
“173 Venha a tua mão socorrer-me, pois escolhi os teus
preceitos.
174 Suspiro, SENHOR, por tua salvação; a tua lei é todo
o meu prazer.”
A escolha que o cristão, e qualquer pessoa deve fazer é
a de guardar a Palavra do Senhor, cumprir os Seus
mandamentos, fazer a Sua vontade, e não propriamente
buscar a Deus para somente resolver seus problemas.
Com isto se inverte a ordem das coisas, porque Deus tem
determinado que busquemos antes o Seu reino e a Sua
justiça, e tudo mais que nos for necessário será
acrescentado por Ele. Devemos lembrar que antes de
tudo, quem deve ser buscado é o próprio Rei deste reino
celestial e divino, a saber, nosso Senhor Jesus
Cristo. Quando o Senhor e a Sua Palavra forem todo o
nosso prazer, até mesmo deixaremos de buscar aquelas
coisas que antes ocupavam tanto a nossa mente e
coração, porque veremos o quão insignificantes são
quando Jesus estabelece o Seu domínio completo sobre
o nosso coração e vontade.
63
“175 Viva a minha alma para louvar-te; ajudem-me os
teus juízos.
176 Ando errante como ovelha desgarrada; procura o
teu servo, pois não me esqueço dos teus
mandamentos.”
Este extenso salmo termina com uma grande nota de
humildade. O salmista reconhece que todos somos
como ovelhas desgarradas que necessitam
continuamente estarem sendo procuradas pelo Senhor,
porque, de outro modo, em razão da natureza terrena,
fugiremos da Sua santa presença. É por esta procura
contínua do Espírito Santo, que não desiste e não abre
mão da nossa presença por um só dia, que
perseveramos e podemos fazer a vontade de Deus. Se
não fosse isto, não poderíamos permanecer firmes
diante dEle, vivendo de modo digno na Sua presença.
Fomos criados para o louvor da glória da graça de Deus,
que nos foi concedida abundantemente em Cristo. Isto
é um dever que deve ser realizado voluntariamente e
por amor. Para tanto, necessitamos ser ajudados pelo
próprio Senhor, o qual tem prometido, para tal
propósito, estar conosco todos os dias, até a
consumação dos séculos. Se não nos esquecermos da
Palavra do Senhor, Ele sempre nos encontrará, e não
andaremos errantes. Por isso nunca devemos deixar de
meditar na Palavra e de nos esforçarmos em plena
diligência, para cumprirmos os Seus mandamentos,
porque ainda que fracos, o Senhor nos fortalecerá,
porque a Palavra tem este poder de vivificar os nossos
corações. Mas se deixarmos o remédio de lado, o qual é
a Palavra, não podemos contar com a cura. É
precisamente isto que o salmista quis deixar registrado
ao fechar este precioso salmo.
64
Salmo 120
Na minha angústia, clamo ao SENHOR, e ele me
ouve. SENHOR, livra-me dos lábios mentirosos, da
língua enganadora.
Que te será dado ou que te será acrescentado, ó língua
enganadora?
Setas agudas do valente e brasas vivas de zimbro.
Ai de mim, que peregrino em Meseque e habito nas
tendas de Quedar.
Já há tempo demais que habito com os que odeiam a
paz.
Sou pela paz; quando, porém, eu falo, eles teimam pela
guerra.
Este salmo é o primeiro dos quinze, contados a partir
dele, até o Salmo 134, sob o título Cântico dos Degraus,
ou Cântico de Romagem.
Há várias conjecturas para o significado deste título.
Alguns afirmam que sendo salmos muito curtos, foram
compostos para serem cantados quando se subia para
as festas em Jerusalém; outros afirmam que para serem
cantados quando se subia os quinze degraus que
conduziam ao interior do templo.
A nota dominante dos salmos se repete neste Salmo
120, em que o salmista declara que na sua angústia
clamava ao Senhor na certeza de ser ouvido por Ele.
Sua petição em oração era a de que Deus o livrasse dos
lábios mentirosos e da língua enganadora.
Como ele carregava o testemunho de Deus, era injuriado
e atacado com calúnias, injúrias e difamações por parte
65
dos habitantes ímpios das regiões em que se encontrava
peregrinando e habitando por força das circunstâncias,
que ele nomeia neste salmo como sendo Meseque e
Quedar.
Os habitantes destas terras odiavam a paz e somente
pensavam na guerra.
É possível que este salmo tenha sido escrito por Davi
quando fugia de Saul.
Ele encontrava-se aflito pelos muitos falsos
testemunhos, que estavam sendo levantados contra a
sua vida, mas sabia que no final Deus destruiria tais
línguas infamadoras com o fogo do Seu juízo.
66
Salmo 121
Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o
socorro?
O meu socorro vem do SENHOR, que fez o céu e a terra.
Ele não permitirá que os teus pés vacilem; não
dormitará aquele que te guarda.
É certo que não dormita, nem dorme o guarda de
Israel.
O SENHOR é quem te guarda; o SENHOR é a tua sombra
à tua direita.
De dia não te molestará o sol, nem de noite, a lua.
O SENHOR te guardará de todo mal; guardará a tua
alma.
O SENHOR guardará a tua saída e a tua entrada, desde
agora e para sempre.
Este salmo afirma a perfeita proteção de Deus para
aqueles que buscam socorro nEle.
O salmista, quando necessitado de auxílio costumava
elevar sua visão para o cume dos montes, especialmente
para o monte Moriá onde se encontrava a arca do
Senhor, o tabernáculo e depois de Davi, o templo.
Isto lhe ajudava a lembrar que todo socorro eficaz não
nos vem dos recursos da terra, mas do alto, de Deus
desde a Sua habitação nas alturas dos céus.
E a vigilância do Senhor é perfeita, porque Ele nunca
dorme e vigia permanentemente os Seus servos, para
guardá-los de todo o mal.
67
Salmo 122
Salmo de Davi
Alegrei-me quando me disseram: Vamos à Casa do
SENHOR.
Pararam os nossos pés junto às tuas portas, ó
Jerusalém! Jerusalém, que estás construída como
cidade compacta, para onde sobem as tribos, as tribos
do SENHOR, como convém a Israel, para renderem
graças ao nome do SENHOR.
Lá estão os tronos de justiça, os tronos da casa de Davi.
Orai pela paz de Jerusalém! Sejam prósperos os que te
amam.
Reine paz dentro de teus muros e prosperidade nos
teus palácios.
Por amor dos meus irmãos e amigos, eu peço: haja paz
em ti!
Por amor da Casa do SENHOR, nosso Deus, buscarei o
teu bem.
Quando este salmo foi escrito por Davi a arca já se
encontrava em Jerusalém, e o culto ao Senhor havia sido
restaurado no tabernáculo que ele mandara construir
para abrigar a arca, e para que oficiassem nele os
sacerdotes e levitas.
Nas datas das festas fixas o povo de todas as demais
tribos de Israel vinha a Jerusalém, para adorar ao
Senhor.
Davi se alegrava como rei em ver o povo do Senhor Lhe
rendendo culto de adoração.
68
Por isso ele conclamava o povo a orar pela paz de
Jerusalém, para que se desse continuidade ao culto de
adoração que era devido a Deus, e conforme previsto na
Lei de Moisés.
69
Salmo 123
Ati, que habitas nos céus, elevo os olhos!
Como os olhos dos servos estão fitos nas mãos dos seus
senhores, e os olhos da serva, na mão de sua senhora,
assim os nossos olhos estão fitos no SENHOR, nosso
Deus, até que se compadeça de nós.
Tem misericórdia de nós, SENHOR, tem misericórdia;
pois estamos sobremodo fartos de desprezo.
A nossa alma está farta da zombaria dos arrogantes e
do desprezo dos soberbos.
Quando este salmo foi escrito Israel estava debaixo de
grande aflição sob a ameaça de povos inimigos que
escarneciam deles e do Seu Deus.
Então elevavam os seu olhos espirituais para os céus,
para clamarem pela misericórdia do Senhor, para que
lhes desse livramento.
70
Salmo 124
Salmo de Davi
Não fosse o SENHOR, que esteve ao nosso lado,
Israel que o diga; não fosse o SENHOR, que esteve ao
nosso lado, quando os homens se levantaram contra
nós, e nos teriam engolido vivos, quando a sua ira se
acendeu contra nós; as águas nos teriam submergido,
e sobre a nossa alma teria passado a torrente; águas
impetuosas teriam passado sobre a nossa alma.
Bendito o SENHOR, que não nos deu por presa aos
dentes deles.
Salvou-se a nossa alma, como um pássaro do laço dos
passarinheiros; quebrou-se o laço, e nós nos vimos
livres.
O nosso socorro está em o nome do SENHOR, criador
do céu e da terra.
Neste salmo Davi exalta o nome do Senhor por ter
estado ao lado de Israel para salvá-lo de um grande
perigo de destruição, por parte de uma nação inimiga,
cujo nome não é citado no salmo.
Assim, como sempre, ele afirma que o socorro de Israel
está em o nome do Senhor, a quem eles clamavam na
angústia e na aflição.
71
Salmo 125
Os que confiam no SENHOR são como o monte Sião,
que não se abala, firme para sempre.
Como em redor de Jerusalém estão os montes, assim o
SENHOR, em derredor do seu povo, desde agora e para
sempre.
O cetro dos ímpios não permanecerá sobre a sorte dos
justos, para que o justo não estenda a mão à
iniquidade.
Faze o bem, SENHOR, aos bons e aos retos de coração.
Quanto aos que se desviam para sendas tortuosas,
leva-los-á o SENHOR juntamente com os malfeitores.
Paz sobre Israel!
Este salmo proclama a firmeza em que se encontram na
graça do Senhor, todos os que verdadeiramente nEle
confiam, porque são tornados inabaláveis tal como o
monte de Sião, que era um monte continuamente
guardado pelo Senhor.
Jerusalém era guardada pela cordilheira de montes de
Sião, e tal como estes montes é o Senhor em relação ao
Seu povo, para sempre.
Os justos não estarão para sempre debaixo do governo
dos ímpios, porque não podem participar da mesma
iniquidade deles, de modo que o Senhor fará o bem aos
retos de coração, e quanto aos que se desviam para
caminhos tortuosos, o Senhor lhes dará o mesmo fim
que está reservado para todos os malfeitores.
72
O salmista impetra paz sobre Israel no final deste salmo,
porque a vocação de Deus para Israel é paz eterna e não
tormentos eternos.
73
Salmo 126
Quando o SENHOR restaurou a sorte de Sião, ficamos
como quem sonha.
Então, a nossa boca se encheu de riso, e a nossa língua,
de júbilo; então, entre as nações se dizia: Grandes
coisas o SENHOR tem feito por eles.
Com efeito, grandes coisas fez o SENHOR por nós; por
isso, estamos alegres.
Restaura, SENHOR, a nossa sorte, como as torrentes no
Neguebe.
Os que com lágrimas semeiam com júbilo ceifarão.
Quem sai andando e chorando, enquanto semeia,
voltará com júbilo, trazendo os seus feixes.
É provável que este salmo tenha sido escrito quando o
Senhor trouxe os judeus de volta de Babilônia para a
própria terra deles sob Zorobabel.
Israel havia semeado ventos e portanto, colhido
tempestades, por causa da idolatria de seus
antepassados, mas esta nova geração que veio de
Babilônia ora para ser plenamente restaurada, porque
semeariam a paz e a verdade, com as lágrimas do
arrependimento, e o resultado disto seria uma colheita
de bons frutos com alegria, e não de ruínas como
consequência de uma semeadura de más obras, tal
como haviam feito os seus pais.
74
Salmo 127
Salmo de Salomão
Se o SENHOR não edificar a casa, em vão trabalham os
que a edificam; se o SENHOR não guardar a cidade, em
vão vigia a sentinela.
Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde,
comer o pão que penosamente granjeastes; aos seus
amados ele o dá enquanto dormem.
Herança do SENHOR são os filhos; o fruto do ventre,
seu galardão.
Como flechas na mão do guerreiro, assim os filhos da
mocidade.
Feliz o homem que enche deles a sua aljava; não será
envergonhado, quando pleitear com os inimigos à
porta.
Os membros de um lar devem trabalhar em prol da sua
edificação, mas se não estiverem debaixo da graça e do
temor do Senhor, todo o esforço deles terá sido em vão,
porque quem edifica o lar é o próprio Deus, pela
restauração de tudo que foi perdido por Adão, por meio
da operação de nosso Senhor Jesus Cristo.
De igual modo, se Deus entregar alguma cidade ao
poder de um povo inimigo de nada adiantará ter
sentinelas para alertar sobre a aproximação do exército
inimigo.
Em tudo o mais na vida é necessário contar com a
providência, o cuidado, instrução e proteção de Deus
para que não nos empenhemos inutilmente.
75
O homem que é abençoado por Deus, recebe dEle o
favor de ver seus negócios prosperarem pela
intervenção da Sua graça, até mesmo enquanto está
dormindo, como o agricultor no campo que não precisa
se preocupar com o crescimento de seus animais e
plantações, enquanto dorme.
É necessário reconhecer a boa mão do Senhor em todas
as coisas, porque é de fato isto o que sucede.
Sabendo que tudo está debaixo do Seu domínio e que
tudo Lhe pertence, até mesmo nossos próprios filhos,
serão vistos como herança não propriamente nossa,
mas dEle, e que os tem colocado debaixo do nosso
cuidado para que façamos deles homens e mulheres de
Deus, para estarem com Ele por toda a eternidade, e não
propriamente conosco.
Todavia, estes mesmos filhos podem ser feitos bênçãos
para os pais, pela providência do Senhor, convertendo-
lhe os corações mutuamente, de modo que serão um
amparo para os pais, especialmente na velhice deles.
76
Salmo 128
Bem-aventurado aquele que teme ao SENHOR e anda
nos seus caminhos!
Do trabalho de tuas mãos comerás, feliz serás, e tudo
te irá bem.
Tua esposa, no interior de tua casa, será como a videira
frutífera; teus filhos, como rebentos da oliveira, à roda
da tua mesa.
Eis como será abençoado o homem que teme ao
SENHOR!
O SENHOR te abençoe desde Sião, para que vejas a
prosperidade de Jerusalém durante os dias de tua
vida, vejas os filhos de teus filhos. Paz sobre Israel!
Como o salmo anterior, este é também dedicado à
prosperidade de nossas famílias, e nos ensina que tal
prosperidade depende da benção do Senhor.
77
Salmo 129
Muitas vezes me angustiaram desde a minha
mocidade, Israel que o diga; desde a minha mocidade,
me angustiaram, todavia, não prevaleceram contra
mim.
Sobre o meu dorso lavraram os aradores; nele abriram
longos sulcos.
Mas o SENHOR é justo; cortou as cordas dos ímpios.
Sejam envergonhados e repelidos todos os que
aborrecem a Sião!
Sejam como a erva dos telhados, que seca antes de
florescer, com a qual não enche a mão o ceifeiro, nem
os braços, o que ata os feixes!
E também os que passam não dizem: A bênção do
SENHOR seja convosco!
Nós vos abençoamos em nome do SENHOR!
Este salmo foi escrito por uma pessoa pública,
provavelmente Davi, porque afirma ter sido angustiado
muitas vezes desde a sua mocidade, e que isto era do
conhecimento da nação de Israel.
E que tais angústias consistiram principalmente na ação
de perseguidores que intentaram tirar-lhe a vida, e que
no entanto, não puderam prevalecer contra ele porque
Deus havia cortado as cordas destes ímpios que
tentaram destruí-lo.
A causa do salmista era a própria causa de Sião, sob a
perspectiva da vontade de Deus para ela, e não segundo
os interesses egoístas dos homens poderosos.
78
Ele orou para que os tais fossem envergonhados e que
não viessem sequer a florescer, por não contarem com
a bênção do Senhor.
79
Salmo 130
Das profundezas clamo a ti, ó Senhor.
Senhor, escuta a minha voz; estejam os teus ouvidos
atentos à voz das minhas súplicas.
Se tu, Senhor, observares as iniquidades, Senhor, quem
subsistirá?
Mas contigo está o perdão, para que sejas temido.
Aguardo ao Senhor; a minha alma o aguarda, e espero
na sua palavra.
A minha alma anseia pelo Senhor, mais do que os
guardas pelo romper da manhã, sim, mais do que os
guardas pela manhã.
Espera, ó Israel, no Senhor! pois com o Senhor há
benignidade, e com ele há copiosa redenção;
e ele remirá a Israel de todas as suas iniquidades.
Mesmo uma alma piedosa, depois de muita comunhão
com Deus, pode, por causa do pecado, ser trazida a um
estado de perplexidade como a que o salmista expressa
no início deste salmo.
Mesmo na aliança da graça não há uma provisão de
permanente consolação para qualquer pessoa debaixo
da culpa de grandes pecados, nos quais elas caíram.
Assim, pelo que significam, tais pecados vêm terrificar a
consciência, quebrar os ossos da alma, e colocá-la em
trevas, e lançá-la em profundezas insondáveis, apesar
do alívio que é provido pelo perdão do sangue de Cristo.
Mas a força de todo e qualquer pecado pode ser
debilitada pela graça, contudo a raiz de nenhum pecado
será completamente arrancada nesta vida.
80
Assim, não será algo estranho que em algumas vezes o
próprio cristão fiel se encontre nestas profundezas de
alma a que se refere o salmista.
A alma regenerada pelo Espírito possui um princípio de
graça que opera e trabalha continuamente para
preservá-la do pecado.
Então o próprio Espírito Santo que habita no cristão há
de incitá-lo a buscar socorro na graça de Cristo, para ser
arrancada deste abatimento de espírito.
Quando a presença de Cristo é perdida, pelos sinais
visíveis de falta de paz no espírito, devemos nos esforçar
com todo empenho para encontrá-lo, porque é nisto
que está a cura da nossa angústia.
É preciso crer na sua bondade, graça e misericórdia, e
manter o coração firme na fé, ainda que debaixo da
fraqueza produzida pelo pecado, porque disto depende
a nossa cura.
Este esforço para curar as feridas da alma deve ser
empreendido, senão elas se ampliarão até a morte
espiritual.
Os ferimentos do pecado devem ser tratados pelo
Médico divino, mas Ele não operará se não for
procurado.
E esta procura é espiritual em oração e entrega do
espírito ao Senhor.
Davi conhecia bem este segredo, e nunca se permitiu
ficar nas profundezas por motivo de indolência ou
acomodação às enfermidades produzidas pelo pecado.
Ele partia em busca de alívio e de cura nAquele que é o
único competente para tratar com os males da alma.
Uma recuperação das profundezas é como uma nova
conversão. O Espírito Santo dá às almas um senso
renovado para que se apliquem no propósito de buscar
81
a Deus. O trabalho inteiro é dele, mas é nosso dever orar
e crer.
Por isso é necessário ter um senso sincero do pecado. E
nesta sinceridade devemos reconhecer a nossa culpa no
que fazemos, deixamos de fazer ou pensamos, e sem
este autoexame e julgamento em razão do pecado não
podemos contar com uma confissão sincera que nos
habilite ao perdão de Deus.
A condição para o nosso perdão é a confissão. Sem
confissão não pode haver perdão. Sem a confissão
ficaríamos insensíveis e faríamos pouco caso do pecado.
Mas, ao termos que declarar as nossas faltas e culpa
reconhecemos que Deus é santo e exige santidade de
nós. E tratamos o pecado com a devida seriedade com
que deve ser tratado.
Devemos nos sujeitar debaixo da potente mão do
Senhor, e receber de bom grado os juízos corretivos, por
mais que estes nos doam, porque é assim que se acha
graça em ocasião oportuna.
Quanto mais tentarmos justificar a nós próprios,
maiores abismos se abrirão e engolirão ainda mais o
nosso espírito em suas profundezas.
A mão poderosa do Senhor tem o controle de tudo e
todos. Ele pode fazer a alma esperar pelo Seu perdão em
profundezas pelo tempo que bem Lhe aprouver, de
modo que se cumpra todo o Seu propósito.
A misericórdia e o perdão não vêm adiante de Deus
como a luz do sol e as ondas do mar, que seguem um
curso fixo e pré-determinado.
Isto é mais um fator para reforçar a necessidade do
nosso temor e reverência diante dEle. A andarmos
humildemente na Sua presença enquanto aguardamos
pelo Seu favor.
É por isso que o seu nome é Senhor.
82
Ele tem o governo de nossas vidas, e cabe a Ele e não a
nós conduzir o nosso caminhar.
Todos os frutos da bondade e graça de Deus são
mantidos exclusivamente pela sua própria vontade
soberana.
Esta é a Sua grande glória.
Por isso Ele afirmou o que disse em Êx 33.19, quando
Moisés lhe pediu que lhe mostrasse a Sua glória (Êx
33.18).
A glória do Senhor está em manifestar a Sua graça e
bondade.
Não é de maneira indiscriminada que Ele concede o Seu
perdão. Com isto dá grande valor à Sua graça. Ela não é
barata porque é graça. Ela não é comum. E faríamos bem
em atribuir a ela o mesmo valor que o Senhor lhe dá.
Ela é preciosa para nós, já que Deus tem misericórdia de
quem quer ter misericórdia.
Quão grande e permanente gratidão devem demonstrar
os cristãos por terem sido alvo de tão precioso favor.
Glórias são dadas a Deus no céu e na terra quando Ele
manifesta a Sua bondade e misericórdia ao pecador.
Por isso devemos ter paciência e fé, enquanto
aguardamos pelo livramento do Senhor, em nos retirar
das profundezas em que nos encontramos.
É no próprio Cristo, na comunhão com Ele, que seremos
livrados.
Assim, o que o salmista busca é o próprio Deus, é o
próprio Jeová que sua alma espera. Não é apenas a
graça, a misericórdia ou o alívio considerados de modo
absoluto, mas o Deus de toda a graça que devemos
esperar com grande expectativa.
O salmista esperava em Deus, e esperava na Sua
Palavra, especialmente nas promessas da Palavra e nas
83
suas demonstrações da bondade, misericórdia, graça,
generosidade e amor de Deus.
Quando as dificuldades surgem, e em nossos dilemas,
tentações e desertos, devemos nos entreter com tais
pensamentos sobre o caráter de Deus.
Isto removerá de a impaciência e a ansiedade.
Contemplando o Invisível - Salmos - Livro IV
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Contemplando o Invisível - Salmos - Livro IV

  • 1. Contemplando o Invisível Salmos Livro IV Silvio Dutra NOV/2015
  • 2. 2 Sumário Salmo 111 4 Salmo 112 6 Salmo 113 8 Salmo 114 10 Salmo 115 11 Salmo 116 13 Salmo 117 17 Salmo 118 18 Salmo 119 23 Salmo 120 64 Salmo 121 66 Salmo 122 67 Salmo 123 69 Salmo 124 70 Salmo 125 71 Salmo 126 73 Salmo 127 74 Salmo 128 76 Salmo 129 77 Salmo 130 79 Salmo 131 84 Salmo 132 85 Salmo 133 87 Salmo 134 89 Salmo 135 90 Salmo 136 92 Salmo 137 94 Salmo 138 96
  • 3. 3 Salmo 139 98 Salmo 140 102 Salmo 141 104 Salmo 142 107 Salmo 143 112 Salmo 144 116 Salmo 145 119 Salmo 146 122 Salmo 147 124 Salmo 148 126 Salmo 149 127 Salmo 150 128
  • 4. 4 Salmo 111 Aleluia! De todo o coração renderei graças ao SENHOR, na companhia dos justos e na assembleia. Grandes são as obras do SENHOR, consideradas por todos os que nelas se comprazem. Em suas obras há glória e majestade, e a sua justiça permanece para sempre. Ele fez memoráveis as suas maravilhas; benigno e misericordioso é o SENHOR. Dá sustento aos que o temem; lembrar-se-á sempre da sua aliança. Manifesta ao seu povo o poder das suas obras, dando- lhe a herança das nações. As obras de suas mãos são verdade e justiça; fiéis, todos os seus preceitos. Estáveis são eles para todo o sempre, instituídos em fidelidade e retidão. Enviou ao seu povo a redenção; estabeleceu para sempre a sua aliança; santo e tremendo é o seu nome. O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria; revelam prudência todos os que o praticam. O seu louvor permanece para sempre. O salmista está alegre no espírito, e por isso se dispôs a render graças ao Senhor na comunhão dos santos. Ele exaltou as grandes obras do Senhor, que são entendidas somente por aqueles que nelas se comprazem.
  • 5. 5 As obras de Deus possuem glória e majestade e a Sua justiça é eterna. O Senhor fez Suas obras de tal maneira, que o Seu povo pode e deve trazê-las em memória, especialmente para terem sempre a convicção de quanto Ele é benigno e misericordioso. Ele provê todo o necessário para todos os que O temem, especialmente no que tange à sua transformação à imagem de Cristo, porque sempre é fiel à Sua aliança com eles. As obras do Senhor são estáveis porque são verdade e justiça, e são conformes a fidelidade e estabilidade dos Seus preceitos. Por tudo isto tem revelado que tem estendido a Sua redenção, ou seja, libertação do Seu povo, para entrar em aliança com ele. Isto se alcança pelo temor do Senhor, que é o princípio da sabedoria, ou seja, a base e a condição para que seja sábio segundo Deus.
  • 6. 6 Salmo 112 Aleluia! Bem-aventurado o homem que teme ao SENHOR e se compraz nos seus mandamentos. A sua descendência será poderosa na terra; será abençoada a geração dos justos. Na sua casa há prosperidade e riqueza, e a sua justiça permanece para sempre. Ao justo, nasce luz nas trevas; ele é benigno, misericordioso e justo. Ditoso o homem que se compadece e empresta; ele defenderá a sua causa em juízo; não será jamais abalado; será tido em memória eterna. Não se atemoriza de más notícias; o seu coração é firme, confiante no SENHOR. O seu coração, bem firmado, não teme, até ver cumprido, nos seus adversários, o seu desejo. Distribui, dá aos pobres; a sua justiça permanece para sempre, e o seu poder se exaltará em glória. O perverso vê isso e se enraivece; range os dentes e se consome; o desejo dos perversos perecerá. Como o anterior, este salmo também começa com “aleluia”, que significa no hebraico, “louvado seja Deus”, e declara ser bem-aventurado, ou seja, verdadeiramente feliz segundo o plano de Deus, o homem que teme ao Senhor e que se compraz nos Seus mandamentos. Os que andam assim com o Senhor também terão uma descendência abençoada, porque não somente a
  • 7. 7 ensinarão a andar nos seus mesmos caminhos, como contarão com a bênção de Deus na vida de seus descendentes, por causa do bom testemunho dos seus pais. Na casa do justo há a verdadeira prosperidade e riqueza, porque tem o favor do Senhor que é quem o justifica. O justo achará luz nas trevas, e isto o capacitará a ser benigno, misericordioso e justo. O Espírito Santo o fortalecerá em suas fraquezas, e calcará a seus pés Satanás e todos os demônios. Ele é feliz porque pode se compadecer e emprestar, porque não é avarento, e é gentil e misericordioso para com o seu próximo, conforme a graça de Deus o impele a não somente a agir, mas a ser tal qual o Seu Senhor. A quem tem misericórdia do próximo Deus defenderá a sua causa em juízo, e jamais será abalado, e sua memória será lembrada eternamente. Ele também não fica alarmado e atemorizado com más notícias, porque sua confiança está no Senhor, que faz com que o seu coração fique firme, a ponto de não temer, até ver cumprido nos seus adversários espirituais, o seu desejo de ser livre pelo p0oder do Senhor das suas investidas malignas. Nada retém para si mesmo, e é generoso em dar aos pobres, de maneira que isto lhe é não somente contado para justiça para o seu galardão, como também faz parte da justiça que é implantada na sua natureza, e pela qual será exaltado em glória. O perverso inveja a integridade dos justos e se encoleriza, a ponto de ranger os dentes, consumindo-se no seu próprio ódio, mas o desejo deles perecerá.
  • 8. 8 Salmo 113 Aleluia! Louvai, servos do SENHOR, louvai o nome do SENHOR. Bendito seja o nome do SENHOR, agora e para sempre. Do nascimento do sol até ao ocaso, louvado seja o nome do SENHOR. Excelso é o SENHOR, acima de todas as nações, e a sua glória, acima dos céus. Quem há semelhante ao SENHOR, nosso Deus, cujo trono está nas alturas, que se inclina para ver o que se passa no céu e sobre a terra? Ele ergue do pó o desvalido e do monturo, o necessitado, para o assentar ao lado dos príncipes, sim, com os príncipes do seu povo. Faz que a mulher estéril viva em família e seja alegre mãe de filhos. Aleluia! Como os dois salmos anteriores, este também começa com “aleluia”, sendo que também termina com a mesma palavra. Isto indica que eram salmos usados especialmente para a adoração pública, estando a assembleia reunida. As letras destes salmos elevam a alma a considerar na grandeza de Deus e de Suas obras, dispondo o espírito à adoração. É lamentável que muito do louvor atual das igrejas não tenha mais esta característica de levar o adorador a meditar nos feitos e atributos do Senhor para adorá-lo
  • 9. 9 consoante aquilo que Ele é e faz, conforme convém para uma adoração em espírito e em verdade. Os servos de Deus são convocados no salmo a louvar o Seu nome e a bendizer-Lhe o nome no presente e para sempre. E que o louvem desde o nascer do sol até a noite. Porque grande e excelente é o Senhor, acima de todas as nações, e a Sua glória é maior do que a dos próprios céus. Não há quem possa ser comparado a Ele, que tendo o Seu trono no terceiro céu, inclina-se para ver o que se passa no céu e sobre a terra. E o faz para erguer do pó o desvalido, e do monturo o necessitado, fazendo-lhes assentar-se ao lado dos príncipes do Seu povo, porque não há acepção de pessoas na família de Deus. Tão grande é o poder do Senhor que até mesmo faz com que a mulher estéril viva em família e seja alegre mãe de filhos espirituais, ensinando-lhes a andar nos caminhos do Senhor.
  • 10. 10 Salmo 114 Quando saiu Israel do Egito, e a casa de Jacó, do meio de um povo de língua estranha, Judá se tornou o seu santuário, e Israel, o seu domínio. O mar viu isso e fugiu; o Jordão tornou atrás. Os montes saltaram como carneiros, e as colinas, como cordeiros do rebanho. Que tens, ó mar, que assim foges? E tu, Jordão, para tornares atrás? Montes, por que saltais como carneiros? E vós, colinas, como cordeiros do rebanho? Estremece, ó terra, na presença do Senhor, na presença do Deus de Jacó, o qual converteu a rocha em lençol de água e o seixo, em manancial. Este salmo destaca que quando Israel saiu do cativeiro do Egito, a vocação de Judá era a de ser o centro do santuário de Deus, assim como o poder político estava espalhado pelas doze tribos de Israel. Como se soubessem desta vocação de Judá e Israel, o Mar Vermelho e o rio Jordão se abriram, respectivamente, nos dias de Moisés, e nos de Josué, para que o povo do Senhor passasse para o outro lado a pé enxuto, de maneira que as nações vissem que o Senhor lutava pelo Seu povo, e cuidada dele. Os montes da cordilheira do Sinai tremeram com a presença do Senhor, e até água da rocha Deus tirou para o seu povo.
  • 11. 11 Salmo 115 Não a nós, SENHOR, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por amor da tua misericórdia e da tua fidelidade. Por que diriam as nações: Onde está o Deus deles? No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada. Prata e ouro são os ídolos deles, obra das mãos de homens. Têm boca e não falam; têm olhos e não veem; têm ouvidos e não ouvem; têm nariz e não cheiram. Suas mãos não apalpam; seus pés não andam; som nenhum lhes sai da garganta. Tornem-se semelhantes a eles os que os fazem e quantos neles confiam. Israel confia no SENHOR; ele é o seu amparo e o seu escudo. A casa de Arão confia no SENHOR; ele é o seu amparo e o seu escudo. Confiam no SENHOR os que temem o SENHOR; ele é o seu amparo e o seu escudo. De nós se tem lembrado o SENHOR; ele nos abençoará; abençoará a casa de Israel, abençoará a casa de Arão. Ele abençoa os que temem o SENHOR, tanto pequenos como grandes. O SENHOR vos aumente bênçãos mais e mais, sobre vós e sobre vossos filhos. Sede benditos do SENHOR, que fez os céus e a terra. Os céus são os céus do SENHOR, mas a terra, deu-a ele aos filhos dos homens. Os mortos não louvam o SENHOR, nem os que descem à região do silêncio.
  • 12. 12 Nós, porém, bendiremos o SENHOR, desde agora e para sempre. Aleluia! O salmista exalta ao Senhor porque é o único Deus verdadeiro e vivo que abençoa o povo de Israel, e particularmente a casa de Arão, ou seja, os sacerdotes de Israel que foram separados por Ele para o serviço do santuário. Como o Deus vivo é invisível, o salmista pede ao Senhor que desse glória ao Seu Nome, manifestando as Suas obras, para que calasse as nações idólatras que confiavam em ídolos de prata e ouro, feitos pelas próprias mãos dos homens, e que não falam, não veem e nem ouvem, e que deixam seus adoradores nas mesmas condições deles, ou seja, incapazes de ouvirem, verem e falarem com Deus. Todavia Deus não somente se comunicava com Israel como é o amparo e escudo do Seu povo. Ele nunca esqueceu o Seu povo e a Sua bênção no presente e no futuro, para o salmista, era uma certeza. Uma bênção que não faz acepção de pessoas, porque é destinada a todos os que O temem, tanto pequenos como grandes. É provável que este salmo tenha sido escrito por um dos sacerdotes porque ele impetra a bênção do Senhor sobre o Seu povo.
  • 13. 13 Salmo 116 Amo o SENHOR, porque ele ouve a minha voz e as minhas súplicas. Porque inclinou para mim os seus ouvidos, invocá-lo-ei enquanto eu viver. Laços de morte me cercaram, e angústias do inferno se apoderaram de mim; caí em tribulação e tristeza. Então, invoquei o nome do SENHOR: ó SENHOR, livra- me a alma. Compassivo e justo é o SENHOR; o nosso Deus é misericordioso. O SENHOR vela pelos simples; achava-me prostrado, e ele me salvou. Volta, minha alma, ao teu sossego, pois o SENHOR tem sido generoso para contigo. Pois livraste da morte a minha alma, das lágrimas, os meus olhos, da queda, os meus pés. Andarei na presença do SENHOR, na terra dos viventes. Eu cria, ainda que disse: estive sobremodo aflito. Eu disse na minha perturbação: todo homem é mentiroso. Que darei ao SENHOR por todos os seus benefícios para comigo? Tomarei o cálice da salvação e invocarei o nome do SENHOR. Cumprirei os meus votos ao SENHOR, na presença de todo o seu povo. Preciosa é aos olhos do SENHOR a morte dos seus santos. SENHOR, deveras sou teu servo, teu servo, filho da tua serva; quebraste as minhas cadeias.
  • 14. 14 Oferecer-te-ei sacrifícios de ações de graças e invocarei o nome do SENHOR. Cumprirei os meus votos ao SENHOR, na presença de todo o seu povo, nos átrios da Casa do SENHOR, no meio de ti, ó Jerusalém. Aleluia! O início deste salmo é muito parecido com o do Salmo 18, de maneira que é possível que seja também de autoria de Davi. O salmista declara o seu amor pelo Senhor porque Ele ouve a sua voz e súplicas, inclinando os Seus ouvidos para atendê-lo, motivo porque estava determinado a invocá-lO enquanto vivesse. Mesmo com os laços de morte que lhe haviam cercado em grandes perigos, e as angústias do inferno que se apoderaram da sua alma, fazendo-o cair em tribulação e tristeza. Ele invocou o nome do Senhor pedindo-Lhe que livrasse a sua alma. Ele sabia que Deus é justo, mas também compassivo e misericordioso, e por isso tinha sempre bom ânimo em Lhe dirigir clamores. Sabia também que o Senhor vela pelos que são pobres de espírito, como ele, o próprio salmista, de modo que achando-se prostrado, foi salvo da sua angústia pelo Senhor. Quando Deus opera na alma ela volta ao seu sossego, que é a condição em que deve se encontrar, conforme o propósito de Deus na criação do homem. Assim, em sua confiança no Senhor, o salmista foi livrado da morte que sentia em sua alma, das suas lágrimas, e da queda na tentação e na ruína.
  • 15. 15 Como sua segurança estava em andar na presença do Senhor, então estava determinado a fazê-lo durante todo o tempo da sua peregrinação neste mundo. Ele mantinha a fé, mesmo quando dizia que estava sobremodo aflito. Enquanto esteve perturbado em sua paz de mente e espírito, disse que todo homem é mentiroso. Todavia o Senhor quebrou todas as cadeias que acorrentavam a sua alma, e o libertou completamente, de modo que se dispôs a ofertar ao Senhor, pelos benefícios que havia recebido dEle, e percebeu que não havia maior oferta do que tomar o cálice da salvação e invocar o nome do Senhor. Por isso cumpriria todos os seus votos feitos ao Senhor na presença de todo o Seu povo, para que lhes servisse de testemunho da sua consagração. A citação do verso 15 de que “Preciosa é aos olhos do Senhor a morte dos seus santos.”, merece uma reflexão especial quanto ao seu significado, porque à vista do Senhor a morte dos Seus santos é tão preciosa, que não satisfará aos desejos ímpios de um Saul, de um Absalão, nem de quaisquer inimigos de Davi, para que triunfassem sobre ele, lhe tirando a vida. Davi sabia, pelo Espírito Santo, que morreria em ditosa velhice, em seu leito, para que o nome do Senhor fosse glorificado, por tê-lo poupado de tantos perigos de morte, revelando assim o Seu poder para preservar os Seus santos. Se a alguns deles permite saírem deste mundo pelo martírio, é pelo mesmo motivo de ser glorificado neles, pela total falta de temor que eles demonstram em face da morte, porque são assistidos pelo Seu poder. Mas nenhum santo, morrerá sem que isto seja do desígnio de Deus.
  • 16. 16 Então esta citação de ser preciosa a morte dos santos aos olhos de Deus, deve ser entendida no contexto bíblico em que se afirma que é preciosa para Ele a vida deles (II Rs 1.13), bem como o seu sangue (Sl 72.14).
  • 17. 17 Salmo 117 Louvai ao SENHOR, vós todos os gentios, louvai-o, todos os povos. Porque mui grande é a sua misericórdia para conosco, e a fidelidade do SENHOR subsiste para sempre. Aleluia! Este salmo convoca os povos gentios a louvarem a Deus, por ser muito grande a Sua misericórdia tanto quanto para judeus quanto para os gentios, e porque a Sua fidelidade subsiste para sempre. Nele se declara, mesmo no período da Antiga Aliança com Israel, que o Senhor não é somente Deus dos judeus, mas de todas as nações.
  • 18. 18 Salmo 118 Rendei graças ao SENHOR, porque ele é bom, porque a sua misericórdia dura para sempre. Diga, pois, Israel: Sim, a sua misericórdia dura para sempre. Diga, pois, a casa de Arão: Sim, a sua misericórdia dura para sempre. Digam, pois, os que temem ao SENHOR: Sim, a sua misericórdia dura para sempre. Em meio à tribulação, invoquei o SENHOR, e o SENHOR me ouviu e me deu folga. O SENHOR está comigo; não temerei. Que me poderá fazer o homem? O SENHOR está comigo entre os que me ajudam; por isso, verei cumprido o meu desejo nos que me odeiam. Melhor é buscar refúgio no SENHOR do que confiar no homem. Melhor é buscar refúgio no SENHOR do que confiar em príncipes. Todas as nações me cercaram, mas em nome do SENHOR as destruí. Cercaram-me, cercaram-me de todos os lados; mas em nome do SENHOR as destruí. Como abelhas me cercaram, porém como fogo em espinhos foram queimadas; em nome do SENHOR as destruí. Empurraram-me violentamente para me fazer cair, porém o SENHOR me amparou. O SENHOR é a minha força e o meu cântico, porque ele me salvou.
  • 19. 19 Nas tendas dos justos há voz de júbilo e de salvação; a destra do SENHOR faz proezas. A destra do SENHOR se eleva, a destra do SENHOR faz proezas. Não morrerei; antes, viverei e contarei as obras do SENHOR. O SENHOR me castigou severamente, mas não me entregou à morte. Abri-me as portas da justiça; entrarei por elas e renderei graças ao SENHOR. Esta é a porta do SENHOR; por ela entrarão os justos. Render-te-ei graças porque me acudiste e foste a minha salvação. A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular; isto procede do SENHOR e é maravilhoso aos nossos olhos. Este é o dia que o SENHOR fez; regozijemo-nos e alegremo-nos nele. Oh! Salva-nos, SENHOR, nós te pedimos; oh! SENHOR, concede-nos prosperidade! Bendito o que vem em nome do SENHOR. A vós outros da Casa do SENHOR, nós vos abençoamos. O SENHOR é Deus, ele é a nossa luz; adornai a festa com ramos até às pontas do altar. Tu és o meu Deus, render-te-ei graças; tu és o meu Deus, quero exaltar-te. Rendei graças ao SENHOR, porque ele é bom, porque a sua misericórdia dura para sempre. Como no Salmo 115, neste, a casa de Arão é também citada particularmente a louvar ao Senhor juntamente com o povo de Israel, porque cabia aos sacerdotes, que eram daquela casa, a direção do culto do santuário do Senhor, ou seja, do templo e das sinagogas.
  • 20. 20 São destacadas de modo especial a bondade e a misericórdia de Deus, como objeto da proclamação deles e da sua rendição de graças ao Senhor. A grande lição que permeia quase todos os salmos e que bem faríamos em aprender não é somente a do dever constante do louvor e gratidão a Deus, como também o ato de invocá-lO no meio de nossas tribulações, porque o testemunho afirmado nos Salmos é o de que Ele sempre nos ouve e nos dá livramento. A ponto de se perder o medo do que nos possa fazer o homem, porque temos a segurança de que o Senhor está conosco. Há um grande princípio espiritual declarado neste salmo, que bem faríamos em observar, que o salmista expressa nas seguintes palavras: “Melhor é buscar refúgio no SENHOR do que confiar no homem. Melhor é buscar refúgio no SENHOR do que confiar em príncipes.”. A citação de nações que cercaram o salmista, mas que foram destruídas por ele em nome do Senhor, pode indicar uma possível autoria de Davi deste salmo, porque ele nunca perdeu qualquer batalha durante o seu reinado, porque o Senhor sempre foi com ele, por causa da sua piedade e fé nEle, desde a sua juventude, quando matou um leão, um urso, e Golias, o gigante. Ele diz que o haviam empurrado violentamente para fazê-lo cair, mas o Senhor lhe havia amparado, porque era a sua força e o seu cântico, que o salvou. Por isso se ouve nas moradas dos justos a voz de júbilo e de salvação, porque a mão direita do Senhor faz proezas. De modo que os que confiam nEle podem dizer com ousadia que não morrerão antes do tempo determinado
  • 21. 21 pelo Senhor, para que possam dar testemunho das Suas grandes obras. Ele pode castigar severamente os seus filhos, mas não os entregará à morte, como faz com os ímpios, porque preciosa é a vida de Seus filhos a Seus olhos, porque os ama e são as Suas testemunhas na terra. Isto é concedido àqueles que têm entrado pela porta estreita da justiça de Deus, tal como o salmista entrara por ela, e desejava continuar entrando continuamente. Porque esta é a porta do Senhor. Ele mesmo é a porta do redil das Suas ovelhas. E por ela podem entrar somente os justos (os que foram justificados pela fé nEle). Este salmo foi proferido dentro do contexto do evangelho porque há citações abundantes nele que se referem à obra de Cristo e ao nosso relacionamento com Ele, como o que já comentamos anteriormente, e o que o salmista dirá adiante, quanto a render graças ao Senhor porque lhe acudiu e foi a sua salvação. Ele foi e é, a pedra fundamental de esquina que os construtores da religião de Israel rejeitaram. Jesus foi eleito pelo Pai para ser tal rocha de esquina, de maneira que não há outra que tenha sido dada aos homens, sobre a qual possam ser edificados espiritualmente. Deus fez este dia de salvação, de graça, por meio de nos ter dado tal Rocha firme, que é Cristo. Este é o dia aceitável do Senhor, que na verdade é composto de muitos dias correspondentes à dispensação da graça, e por este motivo, tal como o salmista devemos regozijarmo-nos nele, ou seja, todos os dias de nossas vidas, enquanto durar tal dispensação, na qual Deus tem feito uma aliança com os pecadores através do sangue de Jesus.
  • 22. 22 Esta salvação do Senhor é para ser pedida com a boca, porque é somente pela fé nEle que somos salvos. Devemos pedir que o Senhor nos faça prosperar neste caminho da salvação através da santificação de nossas vidas, de modo que faça prosperar todos os Seus desígnios relativos à igreja Por isso é bendito o que vem em nome do Senhor, a saber, o Messias, o Redentor, o Salvador, nosso Senhor Jesus Cristo, porque vem para nos salvar dos nossos pecados e nos tornar filhos de Deus. Então estes que fazem parte da Casa do Senhor são abençoados, porque Deus é a luz deles, e é digno de que seja adorado com ações de graças.
  • 23. 23 Salmo 119 Estamos apresentando este Salmo com a numeração dos seus versículos, porque cada oito versículos foram iniciados, respectivamente, com uma das letras do alfabeto hebraico. Por exemplo, as primeiras palavras dos versos 1 a 8 são iniciadas com alef (a), que é a primeira consoante das 22 do alfabeto hebraico; e dos versos 9 a 16, cada versículo é iniciado com bet, que é a segunda consoante, e assim sucessivamente. Daí este salmo conter 176 versículos (22 x 8= 176), assim distribuídos: 1 a 8 – alef a 9 a 16 – bet ou vêt b 17 a 24 – gimel g 25 a 32 – dalet d 33 a 40 – he h 41 a 48 – vav w 49 a 56 – zain z 57 a 64 – hêt x 65 a 72 – têt j 73 a 80 – yod y 81 a 88 – káf k 89 a 96 – lâmed l 97 a 104 – mem m 105 a 112 – num n 113 a 120 – samech s 121 a 128 – ain [ 129 a 136 – pê ou fê p 137 a 144 – tzade c 145 a 152 – kof q
  • 24. 24 153 a 160 – resh r 161 a 168 – shin v 169 a 176 – tav t Tendo em vista a grande extensão deste salmo, estaremos comentando o mesmo, por versículo ou grupos de versículos: “1 Bem-aventurados os irrepreensíveis no seu caminho, que andam na lei do SENHOR. 2 Bem-aventurados os que guardam as suas prescrições e o buscam de todo o coração; 3 não praticam iniquidade e andam nos seus caminhos.” As pessoas que se encaixam nas bem-aventuranças citadas por Jesus no início do Sermão do Monte, no quinto capítulo de Mateus, são aquelas que são irrepreensíveis no seu caminho, porque este consiste na lei do Senhor. Elas andam por ele guardando as prescrições do Senhor e Lhe buscando de todo o coração, e parte disto consiste em não praticar a iniquidade. “4 Tu ordenaste os teus mandamentos, para que os cumpramos à risca. 5 Tomara sejam firmes os meus passos, para que eu observe os teus preceitos. 6 Então, não terei de que me envergonhar, quando considerar em todos os teus mandamentos.” Os mandamentos do Senhor não são para serem meramente elogiados ou apreciados, mas cumpridos de fato. Eles devem receber da nossa parte a devida seriedade como as ordens expedidas por um Grande Rei, que prestará contas conosco quanto à nossa obediência
  • 25. 25 às Suas ordenanças. Não se pode guardar tais mandamentos sem que se ande de maneira ordenada e firme na presença do Senhor, e somente assim fazendo não teremos do que nos envergonhar diante dEle. “7 Render-te-ei graças com integridade de coração, quando tiver aprendido os teus retos juízos. 8 Cumprirei os teus decretos; não me desampares jamais.” Não é possível render graças ao Senhor com integridade coração, caso não se conheça os seus retos juízos e mandamentos para que sejam cumpridos. Nisto consiste um viver que não desaponta a Deus e que lhe é inteiramente agradável. Não basta termos sido justificados pela graça, mediante a fé para tal viver vitorioso. É necessário buscar continuamente a santificação pelo cumprimento dos mandamentos de Deus, no poder do Espírito, porque é a Sua Palavra aplicada em nossas vidas, pelo Espírito Santo, o que nos santifica. A palavra “juízos” do verso 7, vem do hebraico “mishpat” e significa sentença, julgamento, justiça, juízo. Nós encontramos esta mesma palavra neste salmo, também nos versos 23, 20, 30, 39, 43, 52, 62, 75, 84, 91, 102, 106, 108, 120, 121, 132, 137, 149, 156, 160, 164, 175. “9 De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho? Observando-o segundo a tua palavra.” Não há outro modo de alguém guardar o seu caminho em pureza, mesmo no caso de jovens, a não ser por se cumprir a Palavra de Deus. É por ela que podemos distinguir os que é e o que não é a verdade, e também as virtudes espirituais.
  • 26. 26 “10 De todo o coração te busquei; não me deixes fugir aos teus mandamentos.” Os mandamentos de Deus só podem ser cumpridos quando nós O buscamos de todo o nosso coração. “11 Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti.” O modo de se manter o coração purificado do pecado, é por tê-lo cheio da Palavra de Deus. “12 Bendito és tu, SENHOR; ensina-me os teus preceitos.” É necessário ter a iluminação do Espírito Santo para que possamos aprender de fato os mandamentos de Deus. “13 Com os lábios tenho narrado todos os juízos da tua boca.” Não somente devemos temer e nos sujeitar aos juízos do Senhor, como também proclamá-los a outros, para que também eles temam a Deus. “14 Mais me regozijo com o caminho dos teus testemunhos do que com todas as riquezas. 15 Meditarei nos teus preceitos e às tuas veredas terei respeito. 16 Terei prazer nos teus decretos; não me esquecerei da tua palavra.” Quando se tem a riqueza do testemunho do Senhor habitando em nós, as riquezas deste mundo se nos tornam desprezíveis em face da riqueza da Sua graça. De modo que meditar na Palavra do Senhor e na Sua vontade passa ser todo o nosso prazer.
  • 27. 27 “17 Sê generoso para com o teu servo, para que eu viva e observe a tua palavra.” O desejo do salmista era o de viver para cumprir a Palavra de Deus. E este é o mesmo desejo de todos os que amam verdadeiramente ao Senhor. “18 Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da tua lei.” O salmista sabia que não é possível ter prazer na lei do Senhor, e conhecer quão maravilhosa ela é, sem que os nossos olhos espirituais sejam abertos pelo Espírito Santo. Só podemos conhecer o valor da nossa redenção, quando estivermos redimidos. “19 Sou peregrino na terra; não escondas de mim os teus mandamentos.” O salmista sabia que estamos apenas em peregrinação neste mundo como forasteiros, de modo que o que há de melhor e mais importante para se fazer aqui é aprender de Deus os Seus mandamentos e vontade. “20 Consumida está a minha alma por desejar, incessantemente, os teus juízos.” Todo aquele que desejar incessantemente conhecer e se submeter aos juízos de Deus, para que possa andar no caminho bom e direito, consumirá toda a sua alma nisto, porque se esforçará para ser achado sempre no caminho estreito da salvação. “21 Increpaste os soberbos, os malditos, que se desviam dos teus mandamentos.” Os que se desviam de cumprir os mandamentos do Senhor, por se manterem numa atitude de rebeldia contra Ele, são tidos por soberbos e malditos, porque
  • 28. 28 permanecem debaixo da maldição da lei, e isto faz com que permaneçam debaixo da repreensão do Senhor, sem poderem contar com o Seu favor e os benefícios da salvação que há em Cristo Jesus, que são para aqueles que têm fé NEle. “22 Tira de sobre mim o opróbrio e o desprezo, pois tenho guardado os teus testemunhos.” Somente podem contar em serem ouvidos em seu clamor a Deus para tirar de sobre si o opróbrio e o desprezo, aqueles que têm se esforçado com sinceridade para guardarem os Seus testemunhos. Enfim, Deus não livrará a ninguém que não esteja de fato se voltando para Ele. “23 Assentaram-se príncipes e falaram contra mim, mas o teu servo considerou nos teus decretos.” Aqueles que têm guardado os mandamentos do Senhor, não precisam temer as perseguições injustas dos grandes da terra, porque o Senhor será a fortaleza deles. “24 Com efeito, os teus testemunhos são o meu prazer, são os meus conselheiros.” O homem sábio se aconselha com a Palavra de Deus e é por ela que dirige os seus passos, de maneira que ela é todo o seu prazer. “25 A minha alma está apegada ao pó; vivifica-me segundo a tua palavra.” Somente Deus pode nos vivificar segundo os critérios da Sua Palavra, quando nossa alma se encontra abatida. “26 Eu te expus os meus caminhos, e tu me valeste; ensina-me os teus decretos.”
  • 29. 29 Aquele que andar em sinceridade diante de Deus, não lhe escondendo os seus caminhos, achará graça da parte do Senhor, que lhe fará conhecer a Sua vontade. “27 Faze-me atinar com o caminho dos teus preceitos, e meditarei nas tuas maravilhas.” Somente o Senhor pode conduzir o nosso coração a ter prazer nas coisas espirituais, celestiais e divinas, porque a nossa natureza carnal se opõe e resiste à Sua vontade. “28 A minha alma, de tristeza, verte lágrimas; fortalece-me segundo a tua palavra. 29 Afasta de mim o caminho da falsidade e favorece- me com a tua lei.” A alma consumida pela tristeza só pode achar verdadeira fortaleza permanecendo na verdade e na fé, e sendo fortalecida pela Palavra do Senhor. “30 Escolhi o caminho da fidelidade e decidi-me pelos teus juízos.” É necessário tomar posição, tal como o salmista, para uma vida consagrada e santificada. E isto consiste em escolher o caminho da fidelidade e dos juízos de Deus. “31 Aos teus testemunhos me apego; não permitas, SENHOR, seja eu envergonhado.” Aquele que se apegar a uma vida de verdadeiro testemunho segundo a Palavra e a vontade de Deus, jamais será envergonhado, porque terá a aprovação do Senhor. “32 Percorrerei o caminho dos teus mandamentos, quando me alegrares o coração.”
  • 30. 30 Enquanto o coração não é fortalecido com a graça, ele não tem o poder necessário para dar testemunho da Palavra de Deus, que é fogo e poder. “33 Ensina-me, SENHOR, o caminho dos teus decretos, e os seguirei até ao fim. 34 Dá-me entendimento, e guardarei a tua lei; de todo o coração a cumprirei.” É necessário perseverança e diligência para cumprir os mandamentos de Deus, mas isto demanda que se tenha um verdadeiro entendimento da Sua vontade, e isto somente o próprio Senhor pode nos conceder por iluminação do Espírito Santo. “35 Guia-me pela vereda dos teus mandamentos, pois nela me comprazo. 36 Inclina-me o coração aos teus testemunhos e não à cobiça.” O salmista tinha experiência de que não se pode viver a vida que é do céu com os recursos da terra. É necessário que o próprio Deus nos guie pela vereda da justiça. Como Paulo temos prazer com a mente na lei de Deus. Mas a lei do pecado que opera nos nossos membros resiste a tal vontade, e por isso é necessário a mortificação contínua do pecado, para que se possa viver e andar no Espírito. Porque é Ele quem inclina o nosso coração aos testemunhos de Deus, e que nos livra da cobiça, que é a mãe de todos os pecados, ao lado da incredulidade. “37 Desvia os meus olhos, para que não vejam a vaidade, e vivifica-me no teu caminho.” É o poder de Deus que guarda o nosso coração puro e que nos impede de cair em tentações. Somente o Seu
  • 31. 31 poder pode nos livrar do poder do mal que há no pecado, no mundo e em Satanás. Por isso se nos ensina na oração do Pai nosso que devemos pedir-Lhe para que não nos deixe cair em tentação e que nos livre do mal, porque é dEle o poder para tal, e não propriamente nosso. “38 Confirma ao teu servo a tua promessa feita aos que te temem.” Somente os que temem ao Senhor podem reivindicar perante Ele o cumprimento de Suas promessas. “39 Afasta de mim o opróbrio, que temo, porque os teus juízos são bons.” O salmista considera que os juízos do Senhor são bons e justos, mas Lhe pede que afaste dele o opróbrio que temia, baseando-se na Sua misericórdia. Não podemos achar misericórdia da parte do Senhor considerando que os Seus juízos que visam à nossa correção e arrependimento, não sejam justos e perfeitos. “40 Eis que tenho suspirado pelos teus preceitos; vivifica-me por tua justiça. 41 Venham também sobre mim as tuas misericórdias, SENHOR, e a tua salvação, segundo a tua promessa.” Como o salmista amava os preceitos do Senhor e se empenhava sinceramente em guardá-los, ele Lhe pede então, com confiança, que o vivificasse não segundo a sua justiça humana falha, mas segundo a justiça divina que é perfeita. De maneira que desfrutasse das misericórdias e da salvação do Senhor, segundo a promessa que tem feito a todos os que O buscarem com um coração sincero.
  • 32. 32 “42 E saberei responder aos que me insultam, pois confio na tua palavra.” Sendo objeto da misericórdia e da salvação do Senhor, porque confiava na Sua Palavra, o salmista teria sabedoria para responder aos que lhe injuriavam. “43 Não tires jamais de minha boca a palavra da verdade, pois tenho esperado nos teus juízos. 44 Assim, observarei de contínuo a tua lei, para todo o sempre.” O salmista orava para que o Senhor nunca tirasse da sua boca a palavra da verdade, porque esperava nos Seus juízos, e sabia que somente assim poderia continuar observando para sempre a lei do Senhor. Muitos se desviam dos caminhos de Deus porque não têm o mesmo posicionamento do salmista quanto a nada acrescentar ou retirar da Palavra de Deus, e por não se estribar no próprio entendimento e capacidade para permanecer na verdade. Deus mesmo preserva o Seu testemunho fiel em nós. “45 E andarei com largueza, pois me empenho pelos teus preceitos. 46 Também falarei dos teus testemunhos na presença dos reis e não me envergonharei. 47 Terei prazer nos teus mandamentos, os quais eu amo. 48 Para os teus mandamentos, que amo, levantarei as mãos e meditarei nos teus decretos.” O salmista não se envergonhava de dar testemunho do Senhor e da Sua palavra, mesmo na presença de reis, porque sabia quão excelentes são os mandamentos de Deus, e devem ser proclamados a todos, não por timidez ou vergonha, mas com determinação e grande honra.
  • 33. 33 “49 Lembra-te da promessa que fizeste ao teu servo, na qual me tens feito esperar.” Deus não se esquece de nenhuma de Suas promessas, mas é nosso dever lembrarmos delas e pedir ao Senhor pelo Seu cumprimento enquanto nos esforçamos com diligência para permanecermos fiéis, e firmes na fé em tudo quanto tenha nos prometido. “50 O que me consola na minha angústia é isto: que a tua palavra me vivifica.” Esta é a experiência de todo cristão fiel que sofre. Quando tem um espinho na carne. Quando se encontra angustiado em sua alma. Não perde a fé e não se desespera, porque sabe que será vivificado pela Palavra do Senhor, mediante o Seu poder operante em nós, porque não se esquece de consolar a nenhum de Seus filhos, que buscam fazer a Sua vontade. “51 Os soberbos zombam continuamente de mim; todavia, não me afasto da tua lei.” Somente os justos podem exultar no sofrimento das perseguições e das injúrias que sofrem da parte dos ímpios, e dos ataques que sofrem diretamente dos principados e potestades das trevas, e não permitem que sejam afastados da lei do Senhor por causa destas tribulações. Ao contrário a fé deles é aumentada e aprendem paciência, experiência e esperança cada vez maiores no Deus em que têm colocado toda a sua confiança. “52 Lembro-me dos teus juízos de outrora e me conforto, ó SENHOR.”
  • 34. 34 Devemos trazer à recordação os grandes juízos do passado realizados pelo Senhor, como por exemplo como agiu contra a impiedade dos homens nos dias de Noé, em Sodoma e Gomorra, no Egito nos dias de Moisés, e contra o Seu próprio povo quando andou contrariamente à Sua vontade no deserto. Isto nos ajuda a achar conforto para nossas almas atribuladas, porque sabemos que sofremos não por sermos malfeitores, mas exatamente por causa do nosso amor ao Senhor e ao Seu evangelho. “53 De mim se apoderou a indignação, por causa dos pecadores que abandonaram a tua lei.” Aqueles que amam a Deus odeiam o pecado tanto em si mesmos, quanto nos outros. Jamais justificarão os que andam no pecado, ainda que sejam eles próprios. “54 Os teus decretos são motivo dos meus cânticos, na casa da minha peregrinação.” A casa da nossa peregrinação é este mundo de trevas, mas por causa da Palavra do Senhor podemos achar motivo de cânticos de alegria num mundo corrompido como o nosso, por causa do pecado. Cantamos porque sabemos que estamos em viagem para a nossa verdadeira pátria celestial, e que não somos do mundo, apesar de estarmos nele. “55 Lembro-me, SENHOR, do teu nome, durante a noite, e observo a tua lei. 56 Tem-se dado assim comigo, porque guardo os teus preceitos.” Aquele que guardar sinceramente os preceitos de Deus, nunca se esquecerá do Senhor, e terá o seu pensamento
  • 35. 35 e coração continuamente voltados para Ele, mesmo durante a noite. “57 O SENHOR é a minha porção; eu disse que guardaria as tuas palavras.” Quando nos posicionamos para guardar a Palavra do Senhor, Ele passa a ser a nossa porção, ou seja, a nossa única herança e riqueza, tanto nesta vida, quanto na do por vir. “58 Imploro de todo o coração a tua graça; compadece- te de mim, segundo a tua palavra.” O salmista sempre recorreu à misericórdia do Senhor em clamores e orações, porque Ele sempre lhe respondeu e o livrou de todos os seus temores e tribulações, porque não confiava em si mesmo, na sua própria justiça, senão somente na graça e na Palavra do Senhor. “59 Considero os meus caminhos e volto os meus passos para os teus testemunhos. 60 Apresso-me, não me detenho em guardar os teus mandamentos.” O salmista sempre pedia ao Senhor que sondasse o seu coração. Ele se examinava continuamente segundo os testemunhos do Senhor, para andar consoante a Sua vontade. E não era lento em fazer isto. Ele se apressava e nada podia detê-lo, porque estava determinado a guardar os mandamentos do Senhor. “61 Laços de perversos me enleiam; contudo, não me esqueço da tua lei.” O salmista não negociava com os ímpios quanto estes o enredavam. Ele não lutava com as mesmas armas deles. Ele sempre agia em conformidade com a Lei do Senhor
  • 36. 36 e esperava somente nEle para que fosse liberto dos laços com os quais o prendiam. Davi nunca pôde ser prendido definitivamente por nenhum destes laços porque o Senhor os desatou totalmente para ele, de maneira que o vemos morrendo em ditosa velhice, e não nas mãos de quaisquer dos seus muitos inimigos. “62 Levanto-me à meia-noite para te dar graças, por causa dos teus retos juízos.” O salmista começava a louvar e a dar graças ao Senhor por causa da retidão dos Seus juízos, no primeiro minuto do iniciar de cada dia. Era com o Senhor que ele desejava passar os primeiros momentos do dia. “63 Companheiro sou de todos os que te temem e dos que guardam os teus preceitos.” Há uma comunhão santa entre aqueles que amam o Senhor e a Sua Palavra. Este é o laço misterioso do Espírito Santo que une num só coração todos os que creem em Cristo. Não são uma confraria de amigos. Não são um clube fechado, mas uma porta que está sempre aberta para dar a destra de companhia a todo e qualquer que se converta, porque esta é a sua vocação comum, a de se amarem uns aos outros assim como Cristo os ama, porque isto é promovido, como já dissemos, pelo Espírito Santo que neles habita. “64 A terra, SENHOR, está cheia da tua bondade; ensina-me os teus decretos.” Os céus e a terra manifestam a glória e a bondade de Deus, mas o salmista desejava aprender os Seus decretos diretamente dEle, por uma revelação espiritual, a qual não se pode aprender do testemunho da bondade de Deus que há nas obras da criação.
  • 37. 37 “65 Tens feito bem ao teu servo, SENHOR, segundo a tua palavra. 66 Ensina-me bom juízo e conhecimento, pois creio nos teus mandamentos.” O salmista vinha desfrutando da bondade de Deus em sua vida, conforme a Sua Palavra, ou seja, tanto pelas promessas que ela contém, quanto por ser praticada. Todavia, ele buscava crescimento espiritual pelo aprendizado do bom juízo e conhecimento. O mesmo se espera dos cristãos em Cristo, porque devem crescer na graça e no conhecimento de nosso Senhor. “67 Antes de ser afligido, andava errado, mas agora guardo a tua palavra.” Este versículo comprova que as provações visam ao crescimento espiritual do cristão. Deus nos corrige por meio das aflições, para que guardemos a Sua Palavra e sejamos participantes da Sua santidade. “68 Tu és bom e fazes o bem; ensina-me os teus decretos.” Um Deus que é bom e que só faz o bem, espera que aprendamos a ser tal como Ele, por aprender a Sua vontade. Afinal, não podemos amar aquilo que não conhecemos, daí a necessidade de se crescer no conhecimento de Deus e da Sua vontade, para que possamos ser transformados de glória e glória, à Sua própria semelhança. “69 Os soberbos têm forjado mentiras contra mim; não obstante, eu guardo de todo o coração os teus preceitos.
  • 38. 38 70 Tornou-se-lhes o coração insensível, como se fosse de sebo; mas eu me comprazo na tua lei.” A gordura não tem terminações nervosas, e por isso é insensível. Um coração espiritual só de gordura é aquele que é insensível para a vontade de Deus. E deste modo se entregará à mentira, e a perseguir os justos. Todavia, estes, quando perseguidos, devem continuar guardando de todo o coração os preceitos de Deus, tal como o salmista costumava fazer. Não devem permitir ser vencidos pelo mal, mas devem vencer o mal com o bem. Não devem se tornar insensíveis tal qual os seus perseguidores, mas devem amar até mesmo os seus inimigos. “71 Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos.” Este versículo é semelhante ao 67 e comprova que as aflições visam ao crescimento espiritual do cristão. Deus nos corrige por meio das aflições, para que guardemos a Sua Palavra e sejamos participantes da Sua santidade, aprendendo a ser pacientes, longânimos, perdoadores e amorosos, tal como Ele. “72 Para mim vale mais a lei que procede de tua boca do que milhares de ouro ou de prata.” As riquezas terrenas que passam e que se gastam pelo uso, não podem ser comparadas com as riquezas celestiais, que nos são concedidas como bênçãos espirituais. Nada trouxemos conosco para este mundo, e nada poderemos levar quando sairmos dele pela morte, no que se refere a bens materiais. Então não é sábio ajuntar tesouros na terra. Não se pode, portanto, comparar o valor da Palavra de Deus, que permanece
  • 39. 39 para sempre, com o das coisas terrenas que perecem, e cuja glória é passageira como a fumaça. “73 As tuas mãos me fizeram e me afeiçoaram; ensina- me para que aprenda os teus mandamentos.” Se Deus não tivesse criado o homem, ninguém teria no que se gloriar, nem mesmo na própria existência. Então não é em nada deste mundo ou em nós mesmos que devemos nos gloriar senão somente no Senhor. Fomos criados para o propósito de aprender os caminhos de Deus, e a crescer nEle até a estatura de homem perfeito, conforme foi projetado por Ele desde antes da fundação do mundo. Enquanto peregrinamos aqui embaixo estamos em processo de transformação progressiva, que deve aumentar em graus, até o dia em que seremos tanto perfeitos no corpo, quanto no espírito, quando da volta de nosso Senhor para arrebatar a Sua igreja. “74 Alegraram-se os que te temem quando me viram, porque na tua palavra tenho esperado.” Há alegria na comunhão dos santos. Um santo se alegra à vista de outro santo. A base desta alegria e santidade é a guarda e confiança na Palavra de Deus, e o mover do Espírito Santo, que neles habita, que é unidade de fé, de amor e de espírito. “75 Bem sei, ó SENHOR, que os teus juízos são justos e que com fidelidade me afligiste.” Mais uma vez o salmista declara que a aflição com a qual estava sendo atingido pela potente mão do Senhor era justa, e era o resultado da fidelidade de Deus à Sua promessa de corrigir a todos os Seus filhos, porque os ama.
  • 40. 40 “76 Venha, pois, a tua bondade consolar-me, segundo a palavra que deste ao teu servo. 77 Baixem sobre mim as tuas misericórdias, para que eu viva; pois na tua lei está o meu prazer.” Como o salmista vivia buscando guardar sinceramente a lei de Deus, então sentia-se encorajado pelo Espírito a orar pela manifestação da Sua bondade consoladora, segundo as Suas boas promessas, e misericórdia, porque sem isto é impossível ter a vida plena do Espírito, pela qual temos prazer na lei de Deus. É a nova natureza obtida no novo nascimento do Espírito, que tem prazer na lei de Deus, porque a antiga natureza (terrena) não tem não somente nenhum prazer na lei de Deus, como também se opõe a ela. “78 Envergonhados sejam os soberbos por me haverem oprimido injustamente; eu, porém, meditarei nos teus preceitos. 79 Voltem-se para mim os que te temem e os que conhecem os teus testemunhos.” O salmista entregava-se ao Senhor, para que julgasse a sua causa contra aqueles que lhe oprimiam injustamente. Ele dava lugar à ira de Deus, ou seja, ao Seu atributo de juízo que opera segundo a Sua justiça, que dá o pago a todos aqueles que agem impiamente. O salmista sabia que o caso dos seus inimigos era um assunto para Deus e não para ele próprio se ocupar dele. Ele buscaria a comunhão dos que temiam ao Senhor e conheciam os Seus testemunhos. Esta era a sua oração: que Deus movesse os tais a estarem em sua companhia. “80 Seja o meu coração irrepreensível nos teus decretos, para que eu não seja envergonhado.”
  • 41. 41 O desejo de Deus para todos os Seus filhos é que tenham uma vida irrepreensível, ou seja, que nada se ache no comportamento deles que seja digno de reprimenda. É somente quando se é diligente na busca deste alvo da santificação, que Deus o concretiza paulatinamente em nossas vidas, de modo que não sejamos motivo de vergonha ou escândalo, por vivermos de modo diferente daquele que é esperado, segundo a nossa vocação no Senhor, a saber, a de sermos filhos da luz, para andarmos na luz. “81 Desfalece-me a alma, aguardando a tua salvação; porém espero na tua palavra. 82 Esmorecem os meus olhos de tanto esperar por tua promessa, enquanto digo: quando me haverás de consolar?” Grande era a angústia do salmista, a ponto de sentir a alma desfalecida. Todavia, ele não se afastava da esperança da Palavra, que nos assegura a vitória pela permanência na fé no Senhor, e por continuarmos na prática da justiça, independentemente das circunstâncias em que estivermos vivendo, e que estejam causando este grande abatimento espiritual. O salmista estava esperando há muito tempo pelo livramento do Senhor, mas não desistia de esperar somente nEle, aguardando e clamando pelo dia em que finalmente seria consolado. Ele não estava em estado de passividade, esperando que o livramento viesse por acaso. Não. Ele estava bem instruído pelo Senhor que devemos clamar na hora da angústia, para que Ele possa nos livrar, de modo que venhamos a glorificar o Seu santo nome.
  • 42. 42 “83 Já me assemelho a um odre na fumaça; contudo, não me esqueço dos teus decretos. 84 Quantos vêm a ser os dias do teu servo? Quando me farás justiça contra os que me perseguem?” O salmista estava velho e enfraquecido, e ainda havia muitos inimigos que o perseguiam. Ele se sentia como um odre que fora deixado na fumaça, e que se enchera de fuligem e ressecara. Isto pode ser uma referência ao estado de sua pele enrugada e ressecada pelos anos. Todavia ele declara que jamais se esqueceria da Palavra de Deus, e não deixaria também de aguardar somente nEle que fizesse justiça contra os seus perseguidores, ainda que fossem poucos os seus dias de vida neste mundo. Ele desejava manter um testemunho fiel até ao fim, para a exclusiva glória do Senhor. “85 Para mim abriram covas os soberbos, que não andam consoante a tua lei.” Quando os soberbos, ou seja, aqueles que andam segundo o seu próprio conceito e entendimento, e que não têm o temor do Senhor, percebem que os servos fiéis do Senhor estão enfraquecidos, eles lhes amaldiçoam para que morram de vez. “86 São verdadeiros todos os teus mandamentos; eles me perseguem injustamente; ajuda-me.” Quando se ama a verdade da Palavra, a consequência imediata disto é que seremos perseguidos injustamente. Contudo, não devemos recuar no nosso bom testemunho, e pedir a Deus que nos ajude e nos guarde do mal com o qual procuram nos atingir os nossos perseguidores.
  • 43. 43 “87 Quase deram cabo de mim, na terra; mas eu não deixo os teus preceitos.” Mesmo em face de perigos de morte os cristãos não devem abandonar a sua fidelidade em viverem em conformidade com a Palavra de Deus. “88 Vivifica-me, segundo a tua misericórdia, e guardarei os testemunhos oriundos de tua boca.” É pela graça e misericórdia do Senhor que somos vivificados espiritualmente para sustentar os Seus testemunhos, no poder do Espírito. “89 Para sempre, ó SENHOR, está firmada a tua palavra no céu. 90 A tua fidelidade estende-se de geração em geração; fundaste a terra, e ela permanece. 91 Conforme os teus juízos, assim tudo se mantém até hoje; porque ao teu dispor estão todas as coisas.” A Palavra de Deus não é deste mundo, ela nos foi revelada desde o céu, e ela permanece inalterável, imutável, tal como o próprio Deus. Se a vida continua na terra é porque isto é da vontade do Senhor que tudo sustenta pelo poder da Sua Palavra. Mas chegará o dia em que Ele abalará os fundamentos da terra e os elementos se desfarão pelo fogo do Seu juízo. De maneira que devemos andar em santo trato e piedade em nossa peregrinação terrena, por sabermos que tudo é sustentado exclusivamente pela vontade do Senhor. Então é nosso dever conhecer e viver de acordo com tal vontade divina. “92 Não fosse a tua lei ter sido o meu prazer, há muito já teria eu perecido na minha angústia.”
  • 44. 44 Quem mantém o espírito fortalecido na angústia é o nosso prazer na Palavra do Senhor, que é prazer nEle mesmo. “93 Nunca me esquecerei dos teus preceitos, visto que por eles me tens dado vida.” Deixar de lado os preceitos de Deus significa o mesmo que buscar a morte espiritual, porque o pendor da carne dá para a morte, e somente o pendor do Espírito dá para a vida e paz (Rom 8.6). “94 Sou teu; salva-me, pois eu busco os teus preceitos.” A convicção de que pertencemos ao Senhor e de que temos buscado guardar os Seus preceitos, é o que nos encoraja a confiar que seremos libertados de nossas tribulações quando clamamos por livramento ao Senhor. “95 Os ímpios me espreitam para perder-me; mas eu atento para os teus testemunhos.” Vivemos num mundo onde há também lobos vorazes, tal como nosso Senhor nos ordenou que nos acautelássemos deles com prudência, e eles nos espreitam para nos devorar, mas nada poderão contra nós enquanto nos mantivermos ligados à Palavra de Deus. Provamos que amamos a Jesus por guardarmos os Seus mandamentos, tal como Ele próprio afirmou. “96 Tenho visto que toda perfeição tem seu limite; mas o teu mandamento é ilimitado.” Todo conhecimento que temos neste mundo é limitado, é parcial. Toda perfeição terrena é também limitada, e nisto se inclui o próprio homem. Somente na Palavra de Deus e no próprio Deus há plenitude de perfeição.
  • 45. 45 “97 Quanto amo a tua lei! É a minha meditação, todo o dia!” Os que buscam sinceramente ao Senhor não somente se esforçam para guardar os Seus mandamentos, como são inspirados por Ele a amá-los, de modo que será neles que estará o nosso coração todos os dias de nossas vidas. “98 Os teus mandamentos me fazem mais sábio que os meus inimigos; porque, aqueles, eu os tenho sempre comigo. 99 Compreendo mais do que todos os meus mestres, porque medito nos teus testemunhos. 100 Sou mais prudente que os idosos, porque guardo os teus preceitos.” A verdadeira e permanente sabedoria não é encontrada em nenhuma ciência deste mundo, porque tudo que há nele passará. Todavia a sabedoria que é segundo a Palavra de Deus é infinita e eterna. Aqueles que crescem no conhecimento e na prática da Palavra de Deus são tornados sábios. Não sábios segundo o mundo, mas sábios segundo Deus, transformados em suas próprias naturezas, deixando de ser carnais, para serem espirituais. Esta sabedoria ultrapassa e é superior à dos mestres e dos idosos deste mundo. E por ela, se chega a conhecer a verdadeira prudência. Quando Deus fundar os novos céus e nova terra, usando novos princípios físico-químicos-mecânicos, e até mesmo podendo modificar toda a estrutura da matéria na qual a encontramos presentemente, para onde irá todo o conhecimento adquirido pelos sábios das coisas deste mundo? Qual será a sua utilidade? Em que então se gloriarão? Deus tem dito que envergonhará os sábios
  • 46. 46 deste mundo que se gloriam no seu conhecimento, e certamente o fará, porque se recusaram a dar glórias somente a Ele. “101 De todo mau caminho desvio os pés, para observar a tua palavra.” Não é possível guardar a Palavra do Senhor enquanto não se mortifica a carne, enquanto não se mortifica o pecado, enquanto não desviamos nossos pés dos caminhos que não são os caminhos do Senhor. “102 Não me aparto dos teus juízos, pois tu me ensinas.” Se estivermos aprendendo de fato os juízos de Deus, por sermos ensinados pelo Espírito Santo, jamais nos desviaremos deles. “103 Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! Mais que o mel à minha boca. 104 Por meio dos teus preceitos, consigo entendimento; por isso, detesto todo caminho de falsidade.” A verdade da Palavra aplicada ao coração pelo Espírito, em crescimento em santificação, traz um sentido de doçura à vida que é desconhecido por aquele que não se aplica de tal forma. Aquele que estiver se santificando odiará cada vez mais a falsidade, e não se achará a mentira e o engano em sua boca. “105 Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos.” A lâmpada que contem a luz que nos faz enxergar o caminho da verdadeira espiritualidade é a Palavra de Deus. Ela ilumina tanto os nossos pés quanto o próprio
  • 47. 47 caminho no qual devemos andar. É o sol que brilha e nos permite caminhar neste mundo de trevas espirituais sem tropeçar. “106 Jurei e confirmei o juramento de guardar os teus retos juízos.” O salmista não somente jurara, como vinha confirmando em sua vida o juramento que fizera de guardar os retos juízos do Senhor. Ele havia tomado uma decisão, uma posição, que mais cedo ou mais tarde todo verdadeiro cristão deve tomar, a saber, de viver somente para honrar o Senhor guardando a Sua Palavra. “107 Estou aflitíssimo; vivifica-me, SENHOR, segundo a tua palavra.” Mais uma vez o salmista se voltou para o Senhor na sua grande aflição para que fosse vivificado por Ele, em seu ânimo e espírito. “108 Aceita, SENHOR, a espontânea oferenda dos meus lábios e ensina-me os teus juízos.” O salmista sabia que o amor verdadeiro é voluntário. Por isso o louvor dos seus lábios era espontâneo, conforme inspirado pelo Espírito, por isso tinha a convicção de que o Senhor atenderia a sua oração pedindo-Lhe que aceitasse o seu louvor e que lhe ensinasse os Seus juízos. “109 Estou de contínuo em perigo de vida; todavia, não me esqueço da tua lei. 110 Armam ciladas contra mim os ímpios; contudo, não me desvio dos teus preceitos.” Como já comentamos anteriormente, não são perigos de vida ou qualquer outra forma de tribulação que
  • 48. 48 devem desviar o cristão de guardar os mandamentos de Deus. Ao contrário são oportunidades para crescimento espiritual e fortalecimento da fé, que não devem ser desprezados, quando permitido por Deus que nos sobrevenham. “111 Os teus testemunhos, recebi-os por legado perpétuo, porque me constituem o prazer do coração. 112 Induzo o coração a guardar os teus decretos, para sempre, até ao fim.” O salmista havia se determinado a guardar os mandamentos do Senhor por todos os dias da sua vida, sem dar qualquer dia de folga para a prática da iniquidade. Este mesmo posicionamento convém a todo cristão que desejar se consagrar ao Senhor e santificar a sua vida. “113 Aborreço a duplicidade, porém amo a tua lei.” Todo servo do Senhor deveria agir como o salmista, ou seja, aborrecendo a duplicidade à qual o apóstolo Tiago se referiu em sua epístola, que nos torna incompatibilizados a agradarmos a Deus: “5 Ora, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não censura, e ser-lhe-á dada. 6 Peça-a, porém, com fé, não duvidando; pois aquele que duvida é semelhante à onda do mar, que é sublevada e agitada pelo vento. 7 Não pense tal homem que receberá do Senhor alguma coisa, 8 homem vacilante que é, e inconstante em todos os seus caminhos.” (Tg 1.5-8) “114 Tu és o meu refúgio e o meu escudo; na tua palavra, eu espero.”
  • 49. 49 Não há fortaleza que possa nos abrigar no dia da calamidade senão somente o Senhor. Ele é um refúgio seguro para todos os Seus filhos. Para todos os que esperam nEle e na Sua Palavra. “115 Apartai-vos de mim, malfeitores; quero guardar os mandamentos do meu Deus.” Não se pode guardar os mandamentos do Senhor enquanto se anda na companhia daqueles que praticam males, praticando as mesmas obras que eles praticam. “116 Ampara-me, segundo a tua promessa, para que eu viva; não permitas que a minha esperança me envergonhe. 117 Sustenta-me, e serei salvo e sempre atentarei para os teus decretos.” A esperança do cristão jamais será frustrada porque está ancorada no céu, no Santo dos Santos celestial, no qual Jesus entrou como nosso precursor. A garantia da nossa salvação está nos ombros do Senhor e por isso jamais seremos confundidos ou envergonhados por termos colocado nEle a esperança de que seremos salvos da condenação eterna. É pela força do Seu próprio poder, e mediante o Espírito Santo, que faz com que perseveremos na verdade, de maneira que evidenciemos durante toda a nossa vida que somos de fato filhos de Deus. “118 Desprezas os que se desviam dos teus decretos, porque falsidade é a astúcia deles. 119 Rejeitas, como escória, todos os ímpios da terra; por isso, amo os teus testemunhos. 120 Arrepia-se-me a carne com temor de ti, e temo os teus juízos.”
  • 50. 50 Deus honra somente àqueles que O honram. Ele somente concede graça a quem se humilha diante dEle e se reconhece pecador destituído de qualquer justiça e que depende portanto, inteiramente da justiça de Jesus para que possa ser reconciliado com Deus. Então os que não têm o temor do Senhor, que se desviam da Sua presença, fugindo sempre da Sua luz, que recusam a Sua salvação, e que vivem na falsidade e na astúcia, serão por fim rejeitados totalmente por Deus e entregues a uma condenação eterna. “121 Tenho praticado juízo e justiça; não me entregues aos meus opressores. 122 Sê fiador do teu servo para o bem; não permitas que os soberbos me oprimam.” O salmista vinha procedendo em justiça e juízo, mas debaixo da opressão não se confiou apenas nisto, mas clamou ao Senhor para que fosse livrado dos seus opressores, e lhe pediu também que fosse o Seu fiador para o bem, ou seja, quando lhe faltassem as forças para continuar na prática do bem, que o Senhor garantisse Ele mesmo, pelo Seu próprio poder, que ele continuasse em tal prática, de modo que não permitisse que os soberbos prevalecessem na opressão que lhe estavam fazendo. “123 Desfalecem-me os olhos à espera da tua salvação e da promessa da tua justiça.” O salmista esta desfalecido pela longa espera do livramento do Senhor e de fazer justiça à sua causa, todavia, continuava esperando, ou seja, na expectativa em fé de que o Senhor o livraria.
  • 51. 51 “124 Trata o teu servo segundo a tua misericórdia e ensina-me os teus decretos. 125 Sou teu servo; dá-me entendimento, para que eu conheça os teus testemunhos.” O salmista era pobre de espírito, ou seja reconhecia que era dependente de Deus para tudo, especialmente para conhecer os Seus mandamentos e testemunhos. De modo que Lhe orava suplicando que o tratasse segundo a Sua misericórdia, porque de si mesmo, não tinha como agradar ao Senhor e corresponder à Sua expectativa de perfeição em relação a ele. Então orava também para que recebesse de Deus entendimento quanto ao ensino que Lhe desse dos Seus decretos eternos. Se não chegamos a conhecer o que está determinado por tais decretos, jamais teremos uma fé que descanse completamente na soberana vontade de Deus, por não reconhecermos que tudo está debaixo do Seu controle. “126 Já é tempo, SENHOR, para intervires, pois a tua lei está sendo violada.” A tal ponto chegou a iniquidade nos dias do salmista, que ele orou por um avivamento, para que a lei do Senhor não continuasse sendo tão grandemente violada. “127 Amo os teus mandamentos mais do que o ouro, mais do que o ouro refinado.” “128 Por isso, tenho por, em tudo, retos os teus preceitos todos e aborreço todo caminho de falsidade.” Estes versos são semelhantes ao verso 72, e o comentário deste se aplica também aos versos em apreço.
  • 52. 52 “129 Admiráveis são os teus testemunhos; por isso, a minha alma os observa.” A alma santificada e instruída nos caminhos de Deus ama os testemunhos do Senhor, não por mero dever ou obrigação, mas por amá-los, porque são admiráveis e maravilhosos, e encantam a alma santificada. Para o cristão consagrado a obra de Deus e o Seu culto não são um peso, mas um prazer. “130 A revelação das tuas palavras esclarece e dá entendimento aos simples.” É justamente aos pequeninos que Deus revela a Sua grandeza, porque estes têm um coração contrito e humilde que faz com que se aproximem do Senhor. Os sábios segundo o mundo, e grandes a seus próprios olhos não se permitem tal coisa, porque se julgam muito elevados para necessitarem de Deus. Então a revelação do Senhor é para os simples, para aqueles que confiam inteiramente nEle, como uma criança confia nos seu pais. “131 Abro a boca e aspiro, porque anelo os teus mandamentos.” O salmista tinha grande ousadia no falar porque o poder do Espírito estava sobre ele, porque amava os mandamentos de Deus, e cumpri-los era todo o seu desejo. “132 Volta-te para mim e tem piedade de mim, segundo costumas fazer aos que amam o teu nome.” Por experiência própria, e pelo testemunho do que via o Senhor fazer em relação aos demais que O amavam, o salmista clamava para que o Senhor estivesse em comunhão com ele e tivesse misericórdia dele, porque
  • 53. 53 sabia que era o que Ele costumava fazer com todos os que O amam. “133 Firma os meus passos na tua palavra, e não me domine iniquidade alguma.” A santidade consiste basicamente em duas coisas: rejeitar o mal e praticar o bem. Praticar a palavra de Deus e não se deixar dominar por qualquer tipo de iniquidade. Então era por isso que o salmista orava a Deus para que lhe fosse dado por Ele. “134 Livra-me da opressão do homem, e guardarei os teus preceitos.” O salmista não guardaria os preceitos de Deus caso somente Ele o livrasse da opressão dos homens. Ele então Lhe pediu neste verso para que o livrasse da opressão dos homens porque guardava os Seus preceitos. “135 Faze resplandecer o rosto sobre o teu servo e ensina-me os teus decretos.” É a presença do Senhor que nos santifica. É diante da Sua glória que somos transformados. Por isso o salmista Lhe pedia que fizesse resplandecer o Seu rosto sobre Ele, porque é assim que se aprende como convém os decretos de Deus, a saber, em íntima experiência pessoal com Ele. “136 Torrentes de água nascem dos meus olhos, porque os homens não guardam a tua lei.” Entristecia o salmista o pecado que via nos homens que não guardavam a lei de Deus. Todo cristão que estiver santificado terá o mesmo sentimento, por ver o nome do Senhor sendo desonrado na terra.
  • 54. 54 “137 Justo és, SENHOR, e retos, os teus juízos. 138 Os teus testemunhos, tu os impuseste com retidão e com suma fidelidade.” Os testemunhos e juízos do Senhor são retos, porque o próprio Deus é perfeitamente justo. A Sua lei não é portanto uma imposição mas uma consequência daquilo que Ele próprio é. De modo que não imporá a Sua retidão por obrigação involuntária, porque é amor em Sua própria essência, e o amor demanda relacionamento e obediência voluntários. “139 O meu zelo me consome, porque os meus adversários se esquecem da tua palavra.” Quando a Palavra de Deus é esquecida por aqueles que se nos opõem, o Espírito Santo faz com que o nosso zelo aumente muito, para que defendamos a Palavra diante da negação deles. Isto faz com que fiquemos ainda mais apegados à verdade, e que o testemunho seja dado com o espírito de ousadia, amor e moderação com o qual convém ser dado. “140 Puríssima é a tua palavra; por isso, o teu servo a estima.” Não há erro na Palavra de Deus. Sua verdade é absoluta. Por isso é digna de inteira aceitação. “141 Pequeno sou e desprezado; contudo, não me esqueço dos teus preceitos.” O homem nada é diante do Senhor. Todavia lhe está imposto o dever de buscar a semelhança de Deus, e isto é feito por meio da prática da Palavra. Daí o nosso dever de nunca esquecê-la. Porque é a Palavra que dá testemunho de Deus, e por meio de quem nos vem a fé.
  • 55. 55 “142 A tua justiça é justiça eterna, e a tua lei é a própria verdade.” A justiça com a qual somos justificados é a de Cristo, que sendo eterna, jamais poderá nos ser tirada. A própria justiça de Adão foi perdida por ele quando pecou no Éden. Mas a justiça de Cristo com a qual estamos vestidos não será maior ou melhor do que a que temos agora, porque é perfeita e eterna, conforme a Palavra de Deus testifica dela, sendo a Palavra, a verdade. “143 Sobre mim vieram tribulação e angústia; todavia, os teus mandamentos são o meu prazer. 144 Eterna é a justiça dos teus testemunhos; dá-me a inteligência deles, e viverei.” O salmista tinha tão elevado apreço pela Palavra de Deus, que ela continuava sendo o seu prazer mesmo quando lhe sobrevinha a tribulação e a angústia. Ele vivia pela justiça dos testemunhos de Deus, e por isso Lhe pedia que lhe desse um conhecimento cada vez maior deles, para que tivesse uma vida espiritual cada vez mais plena, cheia da Sua presença. “145 De todo o coração eu te invoco; ouve-me, SENHOR; observo os teus decretos. 146 Clamo a ti; salva-me, e guardarei os teus testemunhos.” É o mesmo ensino que se repete em todo o livro dos Salmos: os salmistas invocavam o Senhor com plena inteireza de fé e de coração, na certeza de serem ouvidos, porque guardavam com sinceridade os decretos de Deus. Não se tratava de uma simples observância externa dos mandamentos de Deus,
  • 56. 56 conforme costumavam fazer os escribas e fariseus, mas obediência voluntária de coração. “147 Antecipo-me ao alvorecer do dia e clamo; na tua palavra, espero confiante. 148 Os meus olhos antecipam-se às vigílias noturnas, para que eu medite nas tuas palavras.” Antes que o dia raiasse, o salmista se levantava e clamava segundo a Palavra de Deus, e ficava em espera confiante, sabendo que a esperança dos santos não será frustrada jamais. E antes de dormir ele sempre meditava na Palavra do Senhor. É este apego à Palavra que mantém o coração puro. Não a simples leitura, mas a meditação e prática, conforme iluminação recebida do Espírito Santo, em nossa comunhão com Ele. “149 Ouve, SENHOR, a minha voz, segundo a tua bondade; vivifica-me, segundo os teus juízos.” O salmista sabia que era ouvido e vivificado pelo Espírito de Deus, não por causa da sua própria justiça, mas por causa da Sua bondade e misericórdia divina. No entanto, também sabia que sem um viver reto perante Ele, não se pode ter a certeza de ser ouvido. “150 Aproximam-se de mim os que andam após a maldade; eles se afastam da tua lei. 151 Tu estás perto, SENHOR, e todos os teus mandamentos são verdade.” Há muitos teólogos liberais no mundo que afirmam pregar e ensinar a Palavra de Deus, mas negam a Sua verdade. Estes são os que praticam a iniquidade, e aos quais Jesus se referirá que nunca os conheceu, porque não andam de fato segundo a Palavra. O fruto deles não é bom. Todavia, o Senhor está perto, em comunhão com
  • 57. 57 todos aqueles que andam segundo a verdade dos Seus mandamentos. “152 Quanto às tuas prescrições, há muito sei que as estabeleceste para sempre.” A Palavra de Deus é eterna, e durará para sempre. Tudo passará, mas não a Sua Palavra. Então não é para ser guardada por um tempo, mas por toda a vida e por toda a eternidade. “153 Atenta para a minha aflição e livra-me, pois não me esqueço da tua lei. 154 Defende a minha causa e liberta-me; vivifica-me, segundo a tua promessa.” Cabe aqui o mesmo comentário relativo ao verso 149. Conforme se afirma constantemente nos Salmos, é pela graça e misericórdia de Deus que somos libertados, mas há uma condicional “se” que deve ser atendida para que a graça seja eficaz. A saber, que guardemos os mandamentos do Senhor. Jesus mesmo ensinou isto claramente, quando dizia que “se” guardássemos a Sua Palavra, se cumpríssemos os Seus mandamentos, então pediríamos a petição que quiséssemos (ou seja, independente do grau de impossibilidade) e que seríamos atendidos pelo Pai. “155 A salvação está longe dos ímpios, pois não procuram os teus decretos.” A afirmação deste verso confirma o que foi dito antes. Os ímpios não podem contar com a fidelidade dos livramentos de Deus justamente por não se submeterem à Sua vontade. Isto é fundamental (se submeter a Deus) se desejamos ser ouvidos por Ele, porque somente honra quem Lhe honra. E tem dito que
  • 58. 58 se alguém não honra a Jesus Cristo, Seu Filho unigênito, consequentemente também não poderá honrá-lo. Honra-se portanto a Deus Pai, honrando-se a Deus Filho. “156 Muitas, SENHOR, são as tuas misericórdias; vivifica-me, segundo os teus juízos.” O salmista sempre buscava ser vivificado em espírito baseado nas misericórdias de Deus, e segundo os critérios estabelecidos por Ele, e não segundo os seus méritos, justiça própria ou por quaisquer outras convicções. Este é de fato o único caminho para sermos vivificados pelo Senhor, porque sempre o fará pelos méritos de Cristo, e consoante a Sua misericórdia, porque jamais o fará por causa das nossas boas obras. Elas são necessárias como condição para que a graça seja eficaz, conforme já temos comentado, mas isoladamente, nada poderão fazer por nós diante de Deus, que exige uma justiça perfeita para nos abençoar, e somente em Cristo podemos achar tal justiça. “157 São muitos os meus perseguidores e os meus adversários; não me desvio, porém, dos teus testemunhos.” Cabe aqui o mesmo comentário relativo aos versos 69 e 70. “158 Vi os infiéis e senti desgosto, porque não guardam a tua palavra.” Cabe aqui o mesmo comentário relativo ao verso 136. “159 Considera em como amo os teus preceitos; vivifica-me, ó SENHOR, segundo a tua bondade.” Cabe aqui o mesmo comentário relativo aos versos 153, 154 e 156, dentre outros deste mesmo salmo.
  • 59. 59 “160 As tuas palavras são em tudo verdade desde o princípio, e cada um dos teus justos juízos dura para sempre.” Cabe aqui o mesmo comentário relativo aos versos 89 a 91, 142 e 152. “161 Príncipes me perseguem sem causa, porém o que o meu coração teme é a tua palavra.” Quem tem o temor do Senhor e da Sua Palavra não temerá a perseguição injusta dos poderosos da terra, porque terão ao Senhor por Seu refúgio e proteção. “162 Alegro-me nas tuas promessas, como quem acha grandes despojos.” Há riquezas escondidas nas promessas da Palavra que são cavadas e achadas pela fé e pela prática desta mesma Palavra. E o ser alvo do cumprimento destas promessas traz grande alegria tal como quem acha grandes riquezas escondidas. “163 Abomino e detesto a mentira; porém amo a tua lei.” Quem ama verdadeiramente a Palavra de Deus, detesta e abomina toda forma de mentira. Tal pessoa sabe que Satanás é o pai da mentira e que tudo que passa do sim, sim, não, não, procede do diabo, e não de Deus. Por isso se afirma que os mentirosos não herdarão o reino do céu. “164 Sete vezes no dia, eu te louvo pela justiça dos teus juízos.” O salmista separava sete momentos específicos durante cada dia, para louvar a Deus pela justiça dos Seus juízos.
  • 60. 60 Era uma forma de agradecimento constante por todos os livramentos que recebia de Deus. Daí haver fortes evidências de que este Salmo seja de autoria de Davi, porque não se conhece nenhum salmista que tenha sido tão afligido e perseguido, quanto ele. “165 Grande paz têm os que amam a tua lei; para eles não há tropeço.” O efeito da prática da justiça é a paz. É nos que têm sobre si o jugo da obediência de Jesus, que se cumpre a Sua promessa de acharem paz e descanso para suas almas. Estes não tropeçarão andando em dúvidas e em mau procedimento porque terão a instrução e o poder do Espírito Santo, para andarem somente nas veredas aplanadas. O caminho que conduz ao céu é estreito mas é perfeitamente aplanado, de forma que aqueles que andam por ele, não tropeçarão em alguma pedra. “166 Espero, SENHOR, na tua salvação e cumpro os teus mandamentos.” Como já comentado fartamente o salmista sempre esperava no livramento do Senhor, guardando os Seus mandamentos. Ele não permitia que o abatimento de sua alma, por causa das aflições, o afastasse do caminho da verdade. “167 A minha alma tem observado os teus testemunhos; eu os amo ardentemente. 168 Tenho observado os teus preceitos e os teus testemunhos, pois na tua presença estão todos os meus caminhos.” O salmista chama ao próprio Senhor como testemunha de que andava na Sua presença e nos Seus caminhos, porque tinha a testificação do próprio Espírito, em
  • 61. 61 aprovação em paz e alegria em sua consciência e coração, de que tudo ia bem com a sua alma, porque guardava de fato a vontade e os mandamentos de Deus, o que se comprovava também no seu grande amor por eles. Quando a alma não é santificada, as ordenanças da Palavra, especialmente aquelas que consistem em verdadeira crucificação do nosso ego e vontade, são um fardo, um peso, mas os mandamentos não são nada penosos para aqueles que andam no Espírito. “169 Chegue a ti, SENHOR, a minha súplica; dá-me entendimento, segundo a tua palavra. 170 Chegue a minha petição à tua presença; livra-me segundo a tua palavra.” A base de livramento que o salmista usava era a própria Palavra, os critérios de Deus estabelecidos nela, e não seus sentimentos, méritos, emoções, obras, etc. Era por isso que tinha firme convicção de que suas súplicas seriam ouvidas pelo Senhor, porque agia em conformidade com a Palavra, e por isso também orava pedindo-Lhe um entendimento cada vez maior desta Palavra, uma vez que era por ela que era abençoado. “171 Profiram louvor os meus lábios, pois me ensinas os teus decretos.” O salmista louvava ao Senhor quando era ensinado por Ele quanto aos Seus decretos. De fato é coisa maravilhosa ter revelações da parte de Deus quanto à Sua vontade, especialmente no caso de Davi, a quem Deus revelou coisas futuras, especialmente as que se cumpririam no ministério do Messias. O grande General do céu, confiou os Seus segredos ao seu general na terra. Quão grande honra havia nisto, e por isto Davi não
  • 62. 62 somente se alegrava, como também louvava a Deus por tais revelações. “172 A minha língua celebre a tua lei, pois todos os teus mandamentos são justiça.” Não há nenhuma lei na terra, produzida pelos homens, que seja tão sucinta e ao mesmo tempo tão perfeita como a Lei do Senhor. Caso a humanidade se aplicasse de fato a amar e a cumprir a Lei de Deus, teríamos um paraíso na terra, caso os praticantes dos Seus mandamentos se sujeitassem ao principal deles de crerem em Cristo e mortificarem a natureza terrena pelo Espírito. “173 Venha a tua mão socorrer-me, pois escolhi os teus preceitos. 174 Suspiro, SENHOR, por tua salvação; a tua lei é todo o meu prazer.” A escolha que o cristão, e qualquer pessoa deve fazer é a de guardar a Palavra do Senhor, cumprir os Seus mandamentos, fazer a Sua vontade, e não propriamente buscar a Deus para somente resolver seus problemas. Com isto se inverte a ordem das coisas, porque Deus tem determinado que busquemos antes o Seu reino e a Sua justiça, e tudo mais que nos for necessário será acrescentado por Ele. Devemos lembrar que antes de tudo, quem deve ser buscado é o próprio Rei deste reino celestial e divino, a saber, nosso Senhor Jesus Cristo. Quando o Senhor e a Sua Palavra forem todo o nosso prazer, até mesmo deixaremos de buscar aquelas coisas que antes ocupavam tanto a nossa mente e coração, porque veremos o quão insignificantes são quando Jesus estabelece o Seu domínio completo sobre o nosso coração e vontade.
  • 63. 63 “175 Viva a minha alma para louvar-te; ajudem-me os teus juízos. 176 Ando errante como ovelha desgarrada; procura o teu servo, pois não me esqueço dos teus mandamentos.” Este extenso salmo termina com uma grande nota de humildade. O salmista reconhece que todos somos como ovelhas desgarradas que necessitam continuamente estarem sendo procuradas pelo Senhor, porque, de outro modo, em razão da natureza terrena, fugiremos da Sua santa presença. É por esta procura contínua do Espírito Santo, que não desiste e não abre mão da nossa presença por um só dia, que perseveramos e podemos fazer a vontade de Deus. Se não fosse isto, não poderíamos permanecer firmes diante dEle, vivendo de modo digno na Sua presença. Fomos criados para o louvor da glória da graça de Deus, que nos foi concedida abundantemente em Cristo. Isto é um dever que deve ser realizado voluntariamente e por amor. Para tanto, necessitamos ser ajudados pelo próprio Senhor, o qual tem prometido, para tal propósito, estar conosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Se não nos esquecermos da Palavra do Senhor, Ele sempre nos encontrará, e não andaremos errantes. Por isso nunca devemos deixar de meditar na Palavra e de nos esforçarmos em plena diligência, para cumprirmos os Seus mandamentos, porque ainda que fracos, o Senhor nos fortalecerá, porque a Palavra tem este poder de vivificar os nossos corações. Mas se deixarmos o remédio de lado, o qual é a Palavra, não podemos contar com a cura. É precisamente isto que o salmista quis deixar registrado ao fechar este precioso salmo.
  • 64. 64 Salmo 120 Na minha angústia, clamo ao SENHOR, e ele me ouve. SENHOR, livra-me dos lábios mentirosos, da língua enganadora. Que te será dado ou que te será acrescentado, ó língua enganadora? Setas agudas do valente e brasas vivas de zimbro. Ai de mim, que peregrino em Meseque e habito nas tendas de Quedar. Já há tempo demais que habito com os que odeiam a paz. Sou pela paz; quando, porém, eu falo, eles teimam pela guerra. Este salmo é o primeiro dos quinze, contados a partir dele, até o Salmo 134, sob o título Cântico dos Degraus, ou Cântico de Romagem. Há várias conjecturas para o significado deste título. Alguns afirmam que sendo salmos muito curtos, foram compostos para serem cantados quando se subia para as festas em Jerusalém; outros afirmam que para serem cantados quando se subia os quinze degraus que conduziam ao interior do templo. A nota dominante dos salmos se repete neste Salmo 120, em que o salmista declara que na sua angústia clamava ao Senhor na certeza de ser ouvido por Ele. Sua petição em oração era a de que Deus o livrasse dos lábios mentirosos e da língua enganadora. Como ele carregava o testemunho de Deus, era injuriado e atacado com calúnias, injúrias e difamações por parte
  • 65. 65 dos habitantes ímpios das regiões em que se encontrava peregrinando e habitando por força das circunstâncias, que ele nomeia neste salmo como sendo Meseque e Quedar. Os habitantes destas terras odiavam a paz e somente pensavam na guerra. É possível que este salmo tenha sido escrito por Davi quando fugia de Saul. Ele encontrava-se aflito pelos muitos falsos testemunhos, que estavam sendo levantados contra a sua vida, mas sabia que no final Deus destruiria tais línguas infamadoras com o fogo do Seu juízo.
  • 66. 66 Salmo 121 Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro? O meu socorro vem do SENHOR, que fez o céu e a terra. Ele não permitirá que os teus pés vacilem; não dormitará aquele que te guarda. É certo que não dormita, nem dorme o guarda de Israel. O SENHOR é quem te guarda; o SENHOR é a tua sombra à tua direita. De dia não te molestará o sol, nem de noite, a lua. O SENHOR te guardará de todo mal; guardará a tua alma. O SENHOR guardará a tua saída e a tua entrada, desde agora e para sempre. Este salmo afirma a perfeita proteção de Deus para aqueles que buscam socorro nEle. O salmista, quando necessitado de auxílio costumava elevar sua visão para o cume dos montes, especialmente para o monte Moriá onde se encontrava a arca do Senhor, o tabernáculo e depois de Davi, o templo. Isto lhe ajudava a lembrar que todo socorro eficaz não nos vem dos recursos da terra, mas do alto, de Deus desde a Sua habitação nas alturas dos céus. E a vigilância do Senhor é perfeita, porque Ele nunca dorme e vigia permanentemente os Seus servos, para guardá-los de todo o mal.
  • 67. 67 Salmo 122 Salmo de Davi Alegrei-me quando me disseram: Vamos à Casa do SENHOR. Pararam os nossos pés junto às tuas portas, ó Jerusalém! Jerusalém, que estás construída como cidade compacta, para onde sobem as tribos, as tribos do SENHOR, como convém a Israel, para renderem graças ao nome do SENHOR. Lá estão os tronos de justiça, os tronos da casa de Davi. Orai pela paz de Jerusalém! Sejam prósperos os que te amam. Reine paz dentro de teus muros e prosperidade nos teus palácios. Por amor dos meus irmãos e amigos, eu peço: haja paz em ti! Por amor da Casa do SENHOR, nosso Deus, buscarei o teu bem. Quando este salmo foi escrito por Davi a arca já se encontrava em Jerusalém, e o culto ao Senhor havia sido restaurado no tabernáculo que ele mandara construir para abrigar a arca, e para que oficiassem nele os sacerdotes e levitas. Nas datas das festas fixas o povo de todas as demais tribos de Israel vinha a Jerusalém, para adorar ao Senhor. Davi se alegrava como rei em ver o povo do Senhor Lhe rendendo culto de adoração.
  • 68. 68 Por isso ele conclamava o povo a orar pela paz de Jerusalém, para que se desse continuidade ao culto de adoração que era devido a Deus, e conforme previsto na Lei de Moisés.
  • 69. 69 Salmo 123 Ati, que habitas nos céus, elevo os olhos! Como os olhos dos servos estão fitos nas mãos dos seus senhores, e os olhos da serva, na mão de sua senhora, assim os nossos olhos estão fitos no SENHOR, nosso Deus, até que se compadeça de nós. Tem misericórdia de nós, SENHOR, tem misericórdia; pois estamos sobremodo fartos de desprezo. A nossa alma está farta da zombaria dos arrogantes e do desprezo dos soberbos. Quando este salmo foi escrito Israel estava debaixo de grande aflição sob a ameaça de povos inimigos que escarneciam deles e do Seu Deus. Então elevavam os seu olhos espirituais para os céus, para clamarem pela misericórdia do Senhor, para que lhes desse livramento.
  • 70. 70 Salmo 124 Salmo de Davi Não fosse o SENHOR, que esteve ao nosso lado, Israel que o diga; não fosse o SENHOR, que esteve ao nosso lado, quando os homens se levantaram contra nós, e nos teriam engolido vivos, quando a sua ira se acendeu contra nós; as águas nos teriam submergido, e sobre a nossa alma teria passado a torrente; águas impetuosas teriam passado sobre a nossa alma. Bendito o SENHOR, que não nos deu por presa aos dentes deles. Salvou-se a nossa alma, como um pássaro do laço dos passarinheiros; quebrou-se o laço, e nós nos vimos livres. O nosso socorro está em o nome do SENHOR, criador do céu e da terra. Neste salmo Davi exalta o nome do Senhor por ter estado ao lado de Israel para salvá-lo de um grande perigo de destruição, por parte de uma nação inimiga, cujo nome não é citado no salmo. Assim, como sempre, ele afirma que o socorro de Israel está em o nome do Senhor, a quem eles clamavam na angústia e na aflição.
  • 71. 71 Salmo 125 Os que confiam no SENHOR são como o monte Sião, que não se abala, firme para sempre. Como em redor de Jerusalém estão os montes, assim o SENHOR, em derredor do seu povo, desde agora e para sempre. O cetro dos ímpios não permanecerá sobre a sorte dos justos, para que o justo não estenda a mão à iniquidade. Faze o bem, SENHOR, aos bons e aos retos de coração. Quanto aos que se desviam para sendas tortuosas, leva-los-á o SENHOR juntamente com os malfeitores. Paz sobre Israel! Este salmo proclama a firmeza em que se encontram na graça do Senhor, todos os que verdadeiramente nEle confiam, porque são tornados inabaláveis tal como o monte de Sião, que era um monte continuamente guardado pelo Senhor. Jerusalém era guardada pela cordilheira de montes de Sião, e tal como estes montes é o Senhor em relação ao Seu povo, para sempre. Os justos não estarão para sempre debaixo do governo dos ímpios, porque não podem participar da mesma iniquidade deles, de modo que o Senhor fará o bem aos retos de coração, e quanto aos que se desviam para caminhos tortuosos, o Senhor lhes dará o mesmo fim que está reservado para todos os malfeitores.
  • 72. 72 O salmista impetra paz sobre Israel no final deste salmo, porque a vocação de Deus para Israel é paz eterna e não tormentos eternos.
  • 73. 73 Salmo 126 Quando o SENHOR restaurou a sorte de Sião, ficamos como quem sonha. Então, a nossa boca se encheu de riso, e a nossa língua, de júbilo; então, entre as nações se dizia: Grandes coisas o SENHOR tem feito por eles. Com efeito, grandes coisas fez o SENHOR por nós; por isso, estamos alegres. Restaura, SENHOR, a nossa sorte, como as torrentes no Neguebe. Os que com lágrimas semeiam com júbilo ceifarão. Quem sai andando e chorando, enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes. É provável que este salmo tenha sido escrito quando o Senhor trouxe os judeus de volta de Babilônia para a própria terra deles sob Zorobabel. Israel havia semeado ventos e portanto, colhido tempestades, por causa da idolatria de seus antepassados, mas esta nova geração que veio de Babilônia ora para ser plenamente restaurada, porque semeariam a paz e a verdade, com as lágrimas do arrependimento, e o resultado disto seria uma colheita de bons frutos com alegria, e não de ruínas como consequência de uma semeadura de más obras, tal como haviam feito os seus pais.
  • 74. 74 Salmo 127 Salmo de Salomão Se o SENHOR não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o SENHOR não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela. Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão que penosamente granjeastes; aos seus amados ele o dá enquanto dormem. Herança do SENHOR são os filhos; o fruto do ventre, seu galardão. Como flechas na mão do guerreiro, assim os filhos da mocidade. Feliz o homem que enche deles a sua aljava; não será envergonhado, quando pleitear com os inimigos à porta. Os membros de um lar devem trabalhar em prol da sua edificação, mas se não estiverem debaixo da graça e do temor do Senhor, todo o esforço deles terá sido em vão, porque quem edifica o lar é o próprio Deus, pela restauração de tudo que foi perdido por Adão, por meio da operação de nosso Senhor Jesus Cristo. De igual modo, se Deus entregar alguma cidade ao poder de um povo inimigo de nada adiantará ter sentinelas para alertar sobre a aproximação do exército inimigo. Em tudo o mais na vida é necessário contar com a providência, o cuidado, instrução e proteção de Deus para que não nos empenhemos inutilmente.
  • 75. 75 O homem que é abençoado por Deus, recebe dEle o favor de ver seus negócios prosperarem pela intervenção da Sua graça, até mesmo enquanto está dormindo, como o agricultor no campo que não precisa se preocupar com o crescimento de seus animais e plantações, enquanto dorme. É necessário reconhecer a boa mão do Senhor em todas as coisas, porque é de fato isto o que sucede. Sabendo que tudo está debaixo do Seu domínio e que tudo Lhe pertence, até mesmo nossos próprios filhos, serão vistos como herança não propriamente nossa, mas dEle, e que os tem colocado debaixo do nosso cuidado para que façamos deles homens e mulheres de Deus, para estarem com Ele por toda a eternidade, e não propriamente conosco. Todavia, estes mesmos filhos podem ser feitos bênçãos para os pais, pela providência do Senhor, convertendo- lhe os corações mutuamente, de modo que serão um amparo para os pais, especialmente na velhice deles.
  • 76. 76 Salmo 128 Bem-aventurado aquele que teme ao SENHOR e anda nos seus caminhos! Do trabalho de tuas mãos comerás, feliz serás, e tudo te irá bem. Tua esposa, no interior de tua casa, será como a videira frutífera; teus filhos, como rebentos da oliveira, à roda da tua mesa. Eis como será abençoado o homem que teme ao SENHOR! O SENHOR te abençoe desde Sião, para que vejas a prosperidade de Jerusalém durante os dias de tua vida, vejas os filhos de teus filhos. Paz sobre Israel! Como o salmo anterior, este é também dedicado à prosperidade de nossas famílias, e nos ensina que tal prosperidade depende da benção do Senhor.
  • 77. 77 Salmo 129 Muitas vezes me angustiaram desde a minha mocidade, Israel que o diga; desde a minha mocidade, me angustiaram, todavia, não prevaleceram contra mim. Sobre o meu dorso lavraram os aradores; nele abriram longos sulcos. Mas o SENHOR é justo; cortou as cordas dos ímpios. Sejam envergonhados e repelidos todos os que aborrecem a Sião! Sejam como a erva dos telhados, que seca antes de florescer, com a qual não enche a mão o ceifeiro, nem os braços, o que ata os feixes! E também os que passam não dizem: A bênção do SENHOR seja convosco! Nós vos abençoamos em nome do SENHOR! Este salmo foi escrito por uma pessoa pública, provavelmente Davi, porque afirma ter sido angustiado muitas vezes desde a sua mocidade, e que isto era do conhecimento da nação de Israel. E que tais angústias consistiram principalmente na ação de perseguidores que intentaram tirar-lhe a vida, e que no entanto, não puderam prevalecer contra ele porque Deus havia cortado as cordas destes ímpios que tentaram destruí-lo. A causa do salmista era a própria causa de Sião, sob a perspectiva da vontade de Deus para ela, e não segundo os interesses egoístas dos homens poderosos.
  • 78. 78 Ele orou para que os tais fossem envergonhados e que não viessem sequer a florescer, por não contarem com a bênção do Senhor.
  • 79. 79 Salmo 130 Das profundezas clamo a ti, ó Senhor. Senhor, escuta a minha voz; estejam os teus ouvidos atentos à voz das minhas súplicas. Se tu, Senhor, observares as iniquidades, Senhor, quem subsistirá? Mas contigo está o perdão, para que sejas temido. Aguardo ao Senhor; a minha alma o aguarda, e espero na sua palavra. A minha alma anseia pelo Senhor, mais do que os guardas pelo romper da manhã, sim, mais do que os guardas pela manhã. Espera, ó Israel, no Senhor! pois com o Senhor há benignidade, e com ele há copiosa redenção; e ele remirá a Israel de todas as suas iniquidades. Mesmo uma alma piedosa, depois de muita comunhão com Deus, pode, por causa do pecado, ser trazida a um estado de perplexidade como a que o salmista expressa no início deste salmo. Mesmo na aliança da graça não há uma provisão de permanente consolação para qualquer pessoa debaixo da culpa de grandes pecados, nos quais elas caíram. Assim, pelo que significam, tais pecados vêm terrificar a consciência, quebrar os ossos da alma, e colocá-la em trevas, e lançá-la em profundezas insondáveis, apesar do alívio que é provido pelo perdão do sangue de Cristo. Mas a força de todo e qualquer pecado pode ser debilitada pela graça, contudo a raiz de nenhum pecado será completamente arrancada nesta vida.
  • 80. 80 Assim, não será algo estranho que em algumas vezes o próprio cristão fiel se encontre nestas profundezas de alma a que se refere o salmista. A alma regenerada pelo Espírito possui um princípio de graça que opera e trabalha continuamente para preservá-la do pecado. Então o próprio Espírito Santo que habita no cristão há de incitá-lo a buscar socorro na graça de Cristo, para ser arrancada deste abatimento de espírito. Quando a presença de Cristo é perdida, pelos sinais visíveis de falta de paz no espírito, devemos nos esforçar com todo empenho para encontrá-lo, porque é nisto que está a cura da nossa angústia. É preciso crer na sua bondade, graça e misericórdia, e manter o coração firme na fé, ainda que debaixo da fraqueza produzida pelo pecado, porque disto depende a nossa cura. Este esforço para curar as feridas da alma deve ser empreendido, senão elas se ampliarão até a morte espiritual. Os ferimentos do pecado devem ser tratados pelo Médico divino, mas Ele não operará se não for procurado. E esta procura é espiritual em oração e entrega do espírito ao Senhor. Davi conhecia bem este segredo, e nunca se permitiu ficar nas profundezas por motivo de indolência ou acomodação às enfermidades produzidas pelo pecado. Ele partia em busca de alívio e de cura nAquele que é o único competente para tratar com os males da alma. Uma recuperação das profundezas é como uma nova conversão. O Espírito Santo dá às almas um senso renovado para que se apliquem no propósito de buscar
  • 81. 81 a Deus. O trabalho inteiro é dele, mas é nosso dever orar e crer. Por isso é necessário ter um senso sincero do pecado. E nesta sinceridade devemos reconhecer a nossa culpa no que fazemos, deixamos de fazer ou pensamos, e sem este autoexame e julgamento em razão do pecado não podemos contar com uma confissão sincera que nos habilite ao perdão de Deus. A condição para o nosso perdão é a confissão. Sem confissão não pode haver perdão. Sem a confissão ficaríamos insensíveis e faríamos pouco caso do pecado. Mas, ao termos que declarar as nossas faltas e culpa reconhecemos que Deus é santo e exige santidade de nós. E tratamos o pecado com a devida seriedade com que deve ser tratado. Devemos nos sujeitar debaixo da potente mão do Senhor, e receber de bom grado os juízos corretivos, por mais que estes nos doam, porque é assim que se acha graça em ocasião oportuna. Quanto mais tentarmos justificar a nós próprios, maiores abismos se abrirão e engolirão ainda mais o nosso espírito em suas profundezas. A mão poderosa do Senhor tem o controle de tudo e todos. Ele pode fazer a alma esperar pelo Seu perdão em profundezas pelo tempo que bem Lhe aprouver, de modo que se cumpra todo o Seu propósito. A misericórdia e o perdão não vêm adiante de Deus como a luz do sol e as ondas do mar, que seguem um curso fixo e pré-determinado. Isto é mais um fator para reforçar a necessidade do nosso temor e reverência diante dEle. A andarmos humildemente na Sua presença enquanto aguardamos pelo Seu favor. É por isso que o seu nome é Senhor.
  • 82. 82 Ele tem o governo de nossas vidas, e cabe a Ele e não a nós conduzir o nosso caminhar. Todos os frutos da bondade e graça de Deus são mantidos exclusivamente pela sua própria vontade soberana. Esta é a Sua grande glória. Por isso Ele afirmou o que disse em Êx 33.19, quando Moisés lhe pediu que lhe mostrasse a Sua glória (Êx 33.18). A glória do Senhor está em manifestar a Sua graça e bondade. Não é de maneira indiscriminada que Ele concede o Seu perdão. Com isto dá grande valor à Sua graça. Ela não é barata porque é graça. Ela não é comum. E faríamos bem em atribuir a ela o mesmo valor que o Senhor lhe dá. Ela é preciosa para nós, já que Deus tem misericórdia de quem quer ter misericórdia. Quão grande e permanente gratidão devem demonstrar os cristãos por terem sido alvo de tão precioso favor. Glórias são dadas a Deus no céu e na terra quando Ele manifesta a Sua bondade e misericórdia ao pecador. Por isso devemos ter paciência e fé, enquanto aguardamos pelo livramento do Senhor, em nos retirar das profundezas em que nos encontramos. É no próprio Cristo, na comunhão com Ele, que seremos livrados. Assim, o que o salmista busca é o próprio Deus, é o próprio Jeová que sua alma espera. Não é apenas a graça, a misericórdia ou o alívio considerados de modo absoluto, mas o Deus de toda a graça que devemos esperar com grande expectativa. O salmista esperava em Deus, e esperava na Sua Palavra, especialmente nas promessas da Palavra e nas
  • 83. 83 suas demonstrações da bondade, misericórdia, graça, generosidade e amor de Deus. Quando as dificuldades surgem, e em nossos dilemas, tentações e desertos, devemos nos entreter com tais pensamentos sobre o caráter de Deus. Isto removerá de a impaciência e a ansiedade.