Ricardo Alves Silva, sócio da Miranda responsável pelo escritório em Timor-Leste, defende que investir e produzir no país e depois vender para o sudeste asiático é uma melhor estratégia do que exportar de Portugal para Timor. Ele aponta setores como construção civil, serviços e indústrias mais sofisticadas como oportunidades para empresas portuguesas usando Timor como plataforma para a região. Apesar da dependência do petróleo, Timor consegue manter estabilidade financeira graças a um fundo petrol
1. E se Timor for uma
porta de entrada no
sudesteasiático
Timor Talvez exportar não seja a melhor
estratégia Ricardo Alves Silva defende
em alternativa investir e produzir no país
e depois vender para o sudeste asiático
Jornal Negócios
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S/Cor
3156 cm
2
18239
Nacional
Economia/Negócios
Diário
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Temática:Periodicidade:
Classe:
Âmbito:
Tiragem:01062016
Diversos
Suplemento
2. RICARDO ALVES SILVA SÓCIO DA MIRANDA RESPONSÁVEL PELO ESCRITÓRIO DE TIMOR LESTE
Timor não deve ser
visto como destino
de exportações
Exportar de Portugal
para Timor talvez não
seja a melhor ideia
Quem o diz
é o advogado Ricardo
Alves Silva para
quem a estratégia
dos empresários
nacionais deve passar
por investir e
produzir no país
para depois vender
para todo o Sudeste
Asiático
JOÃO MALTEZ
jmaltez@negocios pt
Hádezanoscomum
escritóriopróprioem Timor Leste a
sociedade de advo
gados portuguesa
Miranda Associa
dosquerdarcontinuidadeaoprojec
to RicardoAlves Silva o sócio desta
firmaresponsávelpelo trabalho na
quelageografia afiançaaoNegócios
que o país mostra abertura para a
presençade empresas portuguesas
mas alerta que olhar para Timor
como um destino de exportação
parabens produzidos em Portugal
pode não ser umaboaaposta
A sociedade Miranda é conhecida
internacionalmente pelo apoioju
rídico que presta a empresas do
sector petrolífero Em Timor Les
te é também esse ovosso campo
de actuação
Quando a Miranda é falada em
termos internacionais é numalógi
ca de prestaçãode serviços na área
dos recursosnaturais comopetró
leo e gás E verdade que entrámos
em Timor Leste com algum traba
lho para esse sector mas muito
cedo passámos a desenvolver tra
balho em muitas outras áreas Te
mos uma presença efectiva desde
há muitos anos naáreadabanca as
sim como temos estado envolvidos
no sectordaconstruçãocivil não só
aconstrução de empreendimentos
para particulares mas também
obras públicas
Háespaço para empresasportu
guesas no mercado timorense
Diria que Portugal tem uma sé
rie devantagenscompetitivas em Ti
mor Há empresas portuguesas que
estão no território desde 1999 e que
são muito conceituadas localmente
Só que Timor Leste é um mercado
longínquo É um país comumapo
pulaçãomuitojovem mas de apenas
1 2 milhões dehabitantes Eummer
cadomuitoreduzido e adistânciaco
locadificuldade de logísticae de âm
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3. bito económico Estamos numa
zonado mundo altamente compe
titiva que é o SudesteAsiático
Exportar para Timor face à dis
tância não é competitivo
Olharparaopaís comoumdes
tino de exportação parabens pro
duzidos em Portugal não me pare
ce umaboaaposta
Qual seria uma boa aposta
Onde asempresasportuguesas
podem conseguir resultados mui
to bons e impor se é em sectores
como aconstrução civil e apresta
ção de serviços Se virmos os dois
grandesinvestimentosemTimor
forado sector petrolífero e das in
fra estruturaspromovidas pelo Es
tado são exactamente duas fábri
cas que estão aserconstruídas por
empresas internacionais tendo em
vista produzir localmente mas
também exportar para o mercado
regional
Que fábricas
Uma das unidades é da cerve
jeira Heineken outra é uma fábri
ca de cimentos
Conhece bem a realidade e as
necessidades locais que secto
res de actividade podem ser in
teressantes paraosempresários
portugueses
Toda aquela área do Sudeste
Asiático estáemdesenvolvimento
Penso que um sector como o dos
moldes poderia estabelecer se em
Timor Também aparte dos mate
riais de construção fiscalização de
obras serviços de engenharia E
possívelpegarno know how que
possuímos ao nível dos serviços
mas também nos sectores indus
triais mais sofisticados que temos
e procurar usar Timor como uma
plataforma para produzir local
mente e exportarpara toda aquela
região
A percepção que existe é a de
que Timor Leste é muito depen
dente dos recursos petrolíferos
As autoridades locais têm pro
curado diversificar a economia
do país
Hoje em dia o sector petrolí
fero aindacontribui paracercade
90 do Orçamento do Estado
mas o problema da dependência
do petróleo está devidamente
identificado pelo Governo desde
há vários anos O plano estratégi
co de desenvolvimento nacional
2011 2030 preparado na altura
pelo primeiro ministro Xanana
Gusmão prevê exactamente auti
lização dareceitapetrolíferapara
desenvolver outros sectores da
economia Timor Leste reconhe
ce que existem vários pilares que
têm de ser desenvolvidos para a
economia funcionar
Em que pilaresassenta esse pla
no de desenvolvimento
Umdospilares é o das infra es
truturas Estão a ser feitas várias
reabilitações de estradas Houve
umaforte apostanos últimos anos
na electrificação do país Foi tam
bém dado um passo muito impor
tantecomolançamentodaprimei
raparceria público privada com o
novoportodeTibar aoeste de Díli
Outro pilar importanteé aquestão
dacapacitaçãodosrecursoshuma
nos Háaindaumterceiropilarins
titucional que visa o amadureci
mentodasinstituiçõesdemocráti
cas
Que relações existem hoje em
dia com os principais países vi
zinhos entre os quais a Indoné
sia
Não há qualquermal entendi
docom ovizinhoindonésio quefoi
o ocupante durante 24 anos Até
com o gigante australiano com
quemexiste umadisputano marde
Timor asrelaçõesdiplomáticassão
boas Não há qualquer animosida
de entre as partes
Ao contrário de outros países
onde a sociedade Miranda está
presente Timor consegue man
ter a estabilidade financeira da
economia mesmo dependendo
do petróleo RicardoAlves Silva
lembra para tanto o fundo pe
trolífero de 18 mil milhões de dó
lares cerca de 16 8 mil milhões
de euros
Manter um escritório em Ti
mor Leste ao longo de dez anos
é certamente um investimento
pesado Continuaajustificarse
Quando tomamos adecisãode
abrir um escritório fazemo lo
numa lógicade longo prazo Esta
mosem17paísese regrageral en
trámos nessespaíses numaaltura
emque os outros não queriam Os
nossos investimentos são sempre
feitos numa lógica de maratona e
não numa lógica de sprint
Que factorescontribuíram para
cimentar o projecto
O sucesso ou o insucesso de
um projecto no Sudeste Asiático
depende muito da capacidade de
ganharaconfiançadequem está
no terreno Não só dos colabora
dores locais dos empresários lo
cais mas também das entidades
governativas com as quais vamos
terdenossentaràmesa
A maioria dos mercados onde
estão depende muito do sector
petrolífero agora afectado por
uma baixa de preços Como é
que lidam com este tipo de pro
blema
Diriaque aquestãodopreço do
petróleo é uma questão relevante
naesmagadoramaioriadospaíses
onde estamos É inegável que a
economia angolana sofreu um
abalo muitograndedevidoàbaixa
do preço do crude tal como Mo
çambique ComTimor felizmen
te não háesse problema
Tem um fundo de maneio
substancial
O fundo petrolífero onde en
tram todas as receitas tendo em
vista a sustentabilidade das gera
çõesfuturas contacomumaalmo
fadafinanceiraque nestemomen
to está em cercade 18 mil milhões
de dólares cerca de 16 8 mil mi
lhõesdeeuros oque permiteque
o Estado funcione dentro da nor
malidade já que não depende di
rectamente das vendas do crude
parase financiar
De que forma vai evoluir este
projecto
É projecto que estácom uma
trajectória de crescimento hává
rios anos O nosso objectivoé con
tinuarmos a crescer ao nível do
nosso pessoal timorense É um
processo que queremos prosse
guirdeformacontinuadae susten
tada
PERFIL
Um homem
do mundo
Ricardo Alves Silva tem dupla na
cionalidade Este luso australiano
nasceu em Portugal cresceu na
Austráliae actualmente é o respon
sável pelo escritório que a socieda
deMirandamantémemDíli TimorLeste Advogadodeprofissão está
autorizado a exercer naquele país
lusófono e claro em Portugal Li
cenciado pela Faculdade de Direito
da Universidade de Lisboa em
2000 entrou para a Miranda em
2004 onde tem desenvolvido acti
vidade no apoio jurídico a empre
sas no sector do petróleo e gás que
desenvolvem projectos em África
Entre 2006 e 2008 foi o responsá
vel pelo escritório dasociedade em
Houston nos EUA Em 2009 re
gressou para o escritório de Lisboa
onde é actualmente o responsável
pela coordenação dos escritórios
de Houston e de Timor
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