1. Macro Visão
terça-feira, 26 de novembro de 2013
Projetamos recuo de 0,3% para o PIB do Brasil no
terceiro trimestre de 2013
Projetamos ligeira contração da atividade econômica no Brasil no terceiro trimestre deste ano,
revertendo parte da expressiva alta do segundo trimestre. Nossa projeção contempla queda da
produção agropecuária e da indústria, pelo lado da oferta. Do lado da demanda, esperamos
contração da formação bruta de capital fixo, após três trimestres de crescimento elevado. Uma
incerteza adicional para o crescimento da economia no terceiro trimestre é a incorporação da
Pesquisa Mensal de Serviços nos dados da Contas Nacionais. Essa mudança no conjunto de
informação causará uma revisão nos dados a partir do primeiro trimestre de 2012. Um conjunto
amplo de dados continua mostrando que a disseminação do crescimento é baixa, o que indica uma
tendência de expansão moderada da economia adiante. Desta maneira, estimamos uma
aceleração gradual no quarto trimestre, levando o PIB para um crescimento de 2,4% neste ano.
Projeções para o PIB do terceiro trimestre de 2013
A partir dos dados do PIB mensal Itaú Unibanco e de outros indicadores de atividade econômica,
projetamos recuo de 0,3% para o PIB do Brasil no terceiro trimestre deste ano em relação ao
trimestre imediatamente anterior, após ajuste sazonal. Na comparação com o terceiro trimestre de
2012, esperamos um aumento de 2,4% (os dados das Contas Nacionais do terceiro trimestre deste
ano serão divulgados no dia 03 de dezembro).
PIB Trimestral
Variação ante o trimestre
anterior com ajuste sazonal
PIB
Oferta
Agropecuária
Indústria
Serviços
Demanda
Consumo
Gasto do Governo
FBCF
Exportação
2012.IV
2013.I
2013.II
2013.III e
0,8
0,6
1,5
-0,3
-8,1
0,2
0,7
9,4
-0,2
0,5
3,9
2,0
0,8
-3,9
-0,7
0,6
0,9
0,6
1,5
6,4
0,0
0,0
4,7
-6,9
0,3
0,5
3,6
6,9
1,3
1,4
-1,2
0,7
Projetamos aceleração do consumo das famílias.
Após alta de 0,3% no segundo trimestre,
projetamos aumento de 1,3% no terceiro (na
comparação com o segundo, após ajuste
sazonal). Esperamos também aceleração do
consumo do governo, de 0,5% no segundo
trimestre para 1,4% no terceiro trimestre.
Para o investimento, nossa expectativa é de um
movimento em direção oposta ao consumo das
0,3
8,7
5,7
0,6
Importação
famílias e do governo. Projetamos queda de
Fonte: IBGE e Itaú
1,2% da formação bruta de capital fixo, após três
trimestres de crescimento elevado. A produção de bens de capital cresceu 1,3% no terceiro
trimestre, mas os insumos da construção civil recuaram 0,1%, e a importação de bens de capital
caiu 4,7%. Avaliamos que os fundamentos apontam para um arrefecimento dos investimentos nos
próximos trimestres (veja o Macro Visão “Brasil: os determinantes do investimento”).
Do lado da demanda externa, estimamos que houve alta de 0,7% das exportações no terceiro
trimestre deste ano, desacelerando em relação ao expressivo crescimento do segundo trimestre
(6,9%). Os dados da Funcex de quantum exportado fecharam o terceiro trimestre com recuo de
0,8%, ante alta de 4,8% no trimestre anterior. Para as importações, projetamos crescimento de
0,3%, após alta de 0,6% no segundo trimestre. O quantum importado, pelos dados da Funcex,
subiu 1,0%.
A última página deste relatório contém informações importantes sobre o seu conteúdo. Os investidores não
devem considerar este relatório como fator único ao tomarem suas decisões de investimento.
2. Macro Visão – terça-feira, 26 de novembro de 2013
Pela ótica da oferta, nossa estimativa é que a produção agropecuária recuou 3,9%, devolvendo a
alta de mesma intensidade observada no segundo trimestre. Entre as culturas com maior peso no
terceiro trimestre, destacam-se a queda de 6,9% da safra de café, o recuo de 14,2% na colheita de
laranja, a contração de 11,3% na produção de mandioca e a alta de 11,5% na safra de trigo.
Projetamos recuo do PIB da indústria, revertendo parte da expressiva alta do segundo trimestre.
Estimamos queda de 0,7% para o PIB da indústria na comparação com o segundo trimestre, após
ajuste sazonal. A produção industrial recuou nesse período. Depois de crescer 0,9% entre abril e
junho, a produção do setor caiu 1,4% no terceiro trimestre. O setor de extrativa mineral recuperou
parte da queda do trimestre anterior e avançou 2,2%. Mas isso não foi suficiente para compensar a
queda da indústria de transformação (-1,8%), liderada pela queda de 4,3% da produção de bens
de consumo duráveis.
Para o setor de serviços, projetamos expansão de 0,6%, ritmo um pouco abaixo do observado no
segundo trimestre (0,8%).
Uma incerteza adicional na divulgação dos dados do terceiro trimestre resulta da revisão das
Contas Nacionais, especialmente devido ao uso da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) no cálculo
do PIB do setor. Essa revisão deve alterar os dados de três subsetores de serviços: (i) transporte,
armazenagem e correio; (ii) serviços de informação; e (iii) outros serviços.
Considerando os dados nominais da PMS e estimativas para os deflatores, calculamos que essa
mudança pode elevar a taxa de crescimento do PIB de 2012 em cerca de 0,5 ponto porcentual (o
PIB cresceu 0,9% em 2012). Os três subsetores de serviços devem apresentar taxas de
crescimento mais elevadas na nova metodologia do que na atual.
No entanto, para 2013 os efeitos são mais incertos. O impacto deverá será menor. Enquanto que
os setores de transporte, armazenagem e correio e serviços de comunicação devem ter crescido
mais na nova metodologia, no setor de outros serviços o desempenho deve ter sido mais fraco.
Como o setor outros serviços pesa quase o dobro da soma dos outros dois, esse seu
enfraquecimento tende a suavizar o impacto dos outros setores no PIB de 2013.
Conjunto de dados continua compatível com crescimento baixo da economia
Crescimento pouco disseminado no 3T
4
3
%
%, var. trimestral
dessazonalizada
90
80
2
70
1
60
0
50
-1
40
-2
30
-3
20
-4
10
PIB
Difusão dos dados (direita)
-5
1998.III
2001.III
2004.III
2007.III
2010.III
0
2013.III
Um conjunto amplo de dados relacionados à atividade
econômica mostra uma disseminação baixa desses
dados, com poucos índices em expansão, o que é
uma indicação de tendência de crescimento
moderado da economia. Esse conjunto de dados, que
incorpora indicadores de vendas, produção, renda,
confiança de empresários e consumidores, intenção
de compra de bens duráveis, emprego, crédito,
despesas do setor público, exportação, etc., é
bastante correlacionado com a taxa de crescimento
do PIB. Esse indicador não tem se alterado de forma
relevante nos últimos trimestres.
Além de ser um indicador coincidente, testes
estatísticos mostram que o índice de difusão desses dados no trimestre corrente possui informação
útil para prever o PIB do trimestre seguinte. Como ilustra o gráfico, o conjunto de dados não
Fonte: IBGE, Itaú
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3. Macro Visão – terça-feira, 26 de novembro de 2013
mostrou, até o terceiro trimestre deste ano, um aumento consistente e robusto da atividade
econômica.
Isso reforça que fatores temporários, como a aceleração da produção de bens de capital e o forte
crescimento do setor agropecuário, contribuíram para a expressiva expansão da economia no
segundo trimestre. Logo, parte disso está sendo revertida no terceiro trimestre, levando a uma
ligeira queda do PIB na nossa estimativa. Na média dos dois trimestres o crescimento continua
moderado, como indicado pelo baixo índice de difusão dos últimos trimestres.
Avaliamos que para a economia ganhar força de forma mais consistente, com retomada duradoura
dos investimentos, a expansão precisa se tornar mais disseminada.
Indicadores correntes sugerem aceleração gradual do PIB no quarto trimestre de 2013
PIB: crescimento trimestral
4
%
3
2,6
2,7
2,0
2
1,5
1,2
1
1,5
1,0 1,0 0,8
0,4
0,2 0,2 0,1 0,4
0,8 0,6
0,6
0
-0,1
-0,3
-1
-2 -1,6
-3
2009.I 2009.IV 2010.III 2011.II 2012.I 2012.IV 2013.III
Fonte: IBGE, Itaú
Os dados já disponíveis apontam para uma
recuperação moderada da atividade econômica neste
trimestre. Indicadores sugerem expansão da
economia, liderada pelas vendas no varejo. A prévia
do PIB mensal Itaú Unibanco para outubro ficou em
0,4%. Apesar da expectativa de alta, ela deve ser
moderada. Alguns indicadores mostram que há
excesso de estoques na indústria. Esse processo de
ajustamento deve afetar o ritmo de crescimento da
economia neste e no próximo trimestre. Além disso, a
confiança em patamares mais baixos e o aumento
das taxas reais de juros são indicações de uma
desaceleração dos investimentos.
Do lado do consumo, a massa salarial real cresce a taxas menores. Apesar da baixa taxa de
desemprego, a população ocupada diminuiu, o que reduz a expansão da massa de rendimento e
afeta o consumo. Além disso, o aumento dos juros e a diminuição do efeito do crédito direcionado
para a compra de bens duráveis devem desacelerar as vendas no varejo. As despesas do setor
público também devem crescer a um ritmo mais lento no fim deste ano.
A baixa disseminação dos dados relacionados à atividade econômica, como mencionado
anteriormente, é outro indício de expansão gradual da economia adiante.
Portanto, estimamos que a economia teve ligeiro recuo no terceiro trimestre, com destaque para a
queda do PIB da agropecuária e da indústria, do lado da oferta, e do investimento, do lado da
demanda. Mas, para o trimestre corrente, as perspectivas são de aceleração gradual. Nesse
cenário, o PIB cresce 2,4% neste ano. Para 2014, projetamos 1,9% para o crescimento do PIB.
Aurélio Bicalho
Economista
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4. Macro Visão – terça-feira, 26 de novembro de 2013
Pesquisa macroeconômica – Itaú
Ilan Goldfajn – Economista-Chefe
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1.
* Custo de uma Chamada Local.
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