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Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à	Ciência	Ortodoxa




                Código de Nomenclatura Estratigráfica

	        Sem que se conheça objetivamente, no campo, o que é uma Formação Geológica é impos-
sível fazer-se um mapa, um código de nomenclatura ou tomar qualquer outra atitude relacionada à
Geologia. Esta é a razão porque, até hoje, não existem nem mapas geológicos, nem um código estra-
tigráfico correto, aqui e alhures.
	        Todos os estudiosos e cientistas da Terra, ao longo do tempo, sentiram o problema. Estamos
a quase 130 anos da primeira tentativa de fazer-se um código, sem o conseguir. O Primeiro Congres-
so Internacional de Geologia foi convocado para realizar-se em Paris, em 18781 com a finalidade
de: “...estudar a uniformização dos relatórios relativamente à nomenclatura e simbologia gráfica...”
(1958, p. 290)*.
	        Realmente, nunca houve acordo sobre o que mapear para que houvesse de fato um mapa
geológico.
	        A textura foi a primeira características da rocha a chamar atenção dos geólogos no campo,
para tentar caracterizar uma “formação”. Se a rocha era composta de matacões, areias, siltes ou
argilas, ou se tinha uma cor bem distinta (vermelha, preta, etc.) era o bastante para ser chamada de
formação. Posteriormente verificou-se que, tanto uma como outra característica eram comuns para
muitas formações e isso gerava confusão.
	        Com a invenção do microscópio e a crença de que o instrumento era mais poderoso para
estudo das rochas, apareceram os petrógrafos e uma nova especialização, a petrografia. Por trabalhar
com instrumento mais sofisticado, os petrógrafos passaram a ter mais autoridade, e por isso eram
também mais consultados para estudar e nomear rochas e até especular sobre sua origem, época do
aparecimento de teorias mirabolantes e desse ponto em diante, as rochas passaram a ser contadas aos
milhares2.
	        Os paleontólogos deram contribuição significativa para aumentar a confusão fazendo uma
conexão imprópria entre fósseis achados nos pacotes sedimentares e os próprios sedimentos. Nunca
mais os geólogos mapeadores foram capazes de fazer um mapa, sem consultar as descrições petro-
gráficas dos petrógrafos e esperar resultados de análises paleontológicas dos laboratórios de pale-
ontologia. Existem mapas levados a sério3 dentro da Estatal brasileira de petróleo, que foram feitos
apenas com esses recursos, não tendo por isso qualquer valor científico, mas explicam o fracasso da
pesquisa de petróleo naquela bacia. As variações naturais das porcentagens de minerais formadores
das amostras determinadas pelos laboratórios de petrografia, subjetivas que eram, davam origem a
uma nova rocha e as coisas ficaram cada vez mais complicadas.
	        Entretanto, as tentativas de conseguir um meio que levasse ao esclarecimento sobre a origem
das formações, não pararam por aí. Geomorfólogos, sedimentólogos, geocronólogos, geofísicos,
geoquímicos, químicos, botânicos, zoólogos e mais quem tivesse uma ideia a partir de uma especia-
lização, poderia sugerir uma nova ciência para esclarecer o que mapear. De fato, havia um fator de
origem técnica que impedia chegar à formação geológica, que não podia ser superado naquele tempo.

* “...uniformity in geologic reports with respect to nomenclature and map symbols.”

                                                     214
Código de Nomeclatura Estratigráfi

	         Era o problema da escala do estudo. Todas estas ciências anteriormente nomeadas são pra-
ticadas em escalas muito grandes (escalas humanas), algumas ampliadas e com elas fica impossível
conhecer o que é ou o que venha a ser uma formação geológica. O estudo deste objeto da natureza,
só pode ser feito com o auxílio de uma escala dez, cem e mil vezes menores (escala reduzida) do que
as escalas usadas pelos técnicos dos estudos acima mencionados.
	         A confusão sobre o que mapear se tornou tal que, só nos Estados Unidos, em 1938, haviam
13.000 formações e possivelmente mais de 100.000 se fossem contadas as dos outros continentes1 (p.
289). Os americanos decidiram convocar o primeiro congresso de geólogos para tentar um consenso,
alguma disciplina, uma ordem, sobre o que deveria ser apresentado em um mapa com a finalidade de
facilitar o entendimento do que se chamava geologia naquele tempo (1878). No Primeiro Congresso
Mundial de Geologia nasceu o que viria a ser o atual Código de Nomenclatura Estratigráfica e de lá
(1878) para cá (2008) a confusão apenas aumentou. Aumentou o número de geólogos, mapas, relató-
rios, congressos, escolas, etc., cada um com a sua filosofia própria e pessoal sobre o que deveria ser
chamado de “formação geológica”, ou a unidade de mapeamento. Há geólogos que crêem que dois
mapas da mesma região feitos por pessoas diferentes, sejam naturalmente diferentes. De fato, os dois
mapas estarão naturalmente errados. O mapa geológico de uma região é único e imutável se for feito
corretamente, como a fotografia de uma pessoa ou de um objeto. Dois geólogos que saibam mapear
fazem dois mapas, da mesma região, exatamente iguais.
	         Os atuais participantes de congressos de geologia continuam a se preocupar com o assunto,
sem que até agora tenham encontrado uma solução para o problema.
	         O Código Brasileiro de Nomenclatura Estratigráfica4, uma espécie de tradução do código
americano acrescido de mais e maiores complicações, não tem qualquer chance de funcionar, pois,
certamente, é difícil nomear algo desconhecido, sem que a coisa nomeada se torne empírica, fluida e
subjetiva. Uma de duas hipóteses existe: ou a natureza é confusa e jamais poderemos conhecer o seu
funcionamento e origem das coisas, hipótese descartada neste trabalho, ou ela é de fato algo claro e
simples, apenas que ainda não foi desvendada a maneira correta de estudá-la.

                             Conceito de Formação Geológica
	        Só é possível estudar a natureza através de um mapa correto, e este só poderá  ser construído
se tivermos uma unidade definida para mapeamentos, independente de qualquer princípio matemáti-
co.
	        Os problemas aparecidos com o estudo detalhado da Bacia do Recôncavo geraram a idéia da
lei que governa a arquitetura de uma formação geológica:

                     Um corpo rochoso formado na litosfera como produto
                       final da gravidade atuante no núcleo do planeta.

	       A formação é um corpo rochoso e existe, de fato, no campo. Apenas tende a passar desper-
cebida devido ao seu tamanho. Ela é objeto de estudo em escalas diminutas, e não foi possível des-
cobrir o que deveria ser mapeado ao tempo dos pioneiros, apenas porque não havia instrumentação
e escala própria para que o estudo tivesse sucesso. Em outras palavras, não foi possível descobrir a
existência da formação geológica antes, porque não havia sido descoberta uma maneira técnica de
poder observá-la, predominando o resultado da observação pessoal feita pelos pioneiros, em escala
inadequada, o que a tornava subjetiva nas descrições.
	       Dissemos acima, para poder observar o que é uma formação geológica há necessidade de
escalas diminutas. Esta possibilidade só apareceu no Brasil em 1971, quando foram obtidas imagens

                                               215
Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à	Ciência	Ortodoxa

de radar do território brasileiro em escala de 1/400.000 e ampliadas para 1/250.000. Essas imagens
foram recortadas em quadrículas de um grau por um grau e meio que abrangem 18.481,5 km2 e,
mesmo assim, uma quadrícula dessas, compreende parte mínima de uma formação. São necessárias
várias delas para distinguir uma parte de qualquer formação. Para fazer-se idéia do tamanho de uma
formação, imagine-se que Zeta (basaltos marinhos que surgiram com a separação continental) cobre
cerca de 70% da área do globo terrestre, enquanto a Formação Alpha aparece estimativamente em
10%.
	        A concepção da existência física de UMA e somente uma formação geológica dentro da Ba-
cia do Recôncavo, decorreu da verificação de que todas as dificuldades técnicas existentes nela são
facilmente corrigidas, se, no lugar de tantas formações houvesse uma só. A evidência de que esta é a
atitude correta viria do estudo da paleontologia.
	        Naquela bacia, “inexplicavelmente”, ocorrem fósseis antigos misturados com fósseis jovens
(fósseis anacrônicos nos mesmos sedimentos) sem que haja explicação para o fenômeno que confi-
gura erro geológico. Para não serem admitidos como erros, foram invocadas falsas soluções (desaba-
mento das paredes dos poços, contaminação do fluido de perfuração, má lavagem dos equipamentos
usados em outros poços, diápiros, etc.) a título de explicação para justificar-se o fenômeno. De fato,
incorre-se em um erro grave: mapear refossilizações. Os fósseis que ocorrem na Bacia do Recôn-
cavo são todos redepositados ou refossilizados é o que se conclui do estudo detalhado dos poços
construídos naquela bacia em busca de petróleo (v. “Evidências do Erro Paleontológico”).
	        A inexplicável mistura de fósseis do período Cretáceo da era Mesozóica, com fósseis do
período Devoniano da era Paleozóica e mesmo os fósseis mais abundantes do Cretáceo, que se
misturam entre si (fósseis da formação Ilhas encontrados na formação Aliança, na formação Sergi
etc), causam confusão e prejudicam a correta exploração do petróleo da Bacia e distorcem a História
Geológica.
	        Ora, se a natureza trabalha ordenadamente, é evidente que deve haver uma causa para o apa-
rente absurdo (corrupção da Segunda Lei da Sedimentação). A pesquisa esclareceu o assunto, que se
resume em redefinir a coluna estratigráfica da bacia determinando com isso a razão da mistura.
	        A estratigrafia como chave da ciência geológica necessita uma revisão e conseqüentemente
um novo código. O assunto se torna mais importante porque o problema não se verifica só no Brasil.
Realmente o panorama da ciência geológica no Brasil é apenas um reflexo da ciência praticada no
resto do mundo.
	        A confissão de que a Geologia como atualmente entendida é confusa e desnorteada em todo
o mundo é bem caracterizada em um livro publicado após um congresso sobre estratigrafia realizado
em Bad Honnef (1982), nas vizinhanças de Bonn, na antiga Alemanha Oriental, cujo título Stratig-
raphy, Quo Vadis?5 permite a interpretação de que a desorientação atual da ciência continua. Trinta e
oito Doutores, mais dezesseis professores de quatorze países, ao fim do Congresso, continuaram tão
inseguros como antes dele, porque nada foi resolvido sobre o problema central da Geologia: qual a
unidade de rochas, e como mapeá-las.
	        A solução do problema foi dada no Brasil em 1986 em trabalho apresentado ao Congresso
Brasileiro de Geologia realizado em Goiânia6, quando foram descartadas as várias “formações” em
que era subdividida a coluna estratigráfica da Bacia do Recôncavo (formação Aliança, Sergi, Ilhas,
Candeias etc), substituindo-as por uma só: Formação Eta, no padrão da nova coluna estratigráfica
aqui proposta.
	        Na Coluna ortodoxa, os fósseis aparecem organizados, dando como resultado a coluna es-
tratigráfica incompreensível, confusa e errada. Na nova Coluna, as rochas estão organizadas como
encontradas no campo e os fósseis estão naturalmente desorganizados e justificados historicamente,
resultando numa Estratigrafia coerente e especialmente simples.

                                                  216
Código de Nomeclatura Estratigráfi

	        A configuração da atual Bacia do Recôncavo (Fig. 4.8) é o resultado do ajuntamento na
mesma deformação negativa, dos sedimentos preexistentes em duas bacias fossilíferas diferentes
ao tempo da sua deposição. Neste caso, simplificadamente, na Bacia do Recôncavo existem apenas
cinco formações geológicas, três das quais (Alpha, Beta e Kappa) sem importância para exploração
de petróleo:
         •	 A Formação Alpha, ou embasamento;
         •	 Restos erodidos da Formação Beta;
         •	 Restos erodidos da Formação Épsilon;
         •	 A Formação Eta - A principal armazenadora de petróleo e
         •	 A cobertura horizontal da Formação Kappa.
	        A textura dos clásticos que formam Eta é de clásticos finos e grosseiros, o que evidencia que
a área-fonte dos sedimentos fica perto do seu local de deposição. A existência da falha observada no
embasamento conhecida como Falha de Salvador , sugere o levantamento e o basculamento daquela
parte do embasamento com a deposição ao seu lado, dos sedimentos existentes sobre ele (v. “História
Geológica”).
	        A litosfera é passiva. Move-se impulsionada por movimentos que acontecem no magma do
manto, gerando em superfície várias estruturas, inclusive as formações geológicas. Desse critério de
estudo surgiram três conclusões importantes para a história da Terra:
         •	 São apenas onze as formações existentes constituindo a litosfera do globo;
         •	 A mistura de fósseis antigos e jovens nos mesmos sedimentos é uma evidência física e a
            chave para se compreender a separação e a migração continental.
         •	 A Bacia do Recôncavo como um todo, é uma evidência física das mais claras do fenôme-
            no que deu origem à separação continental.

	       A sucessão vertical das formações geológicas recupera a história geológica e simplifica o
problema do tempo, que não mais depende de análises paleontológicas ou geocronológicas, permi-
tindo a compreensão do processo econômico dependente de estudos geológicos especialmente para
exploração de petróleo.
	       Entre esses benefícios encontra-se a solução para o que mapear e como distinguir e nomear
as formações por critérios puramente físicos verificados no campo.
	       Sucintamente, são onze formações, cada uma representando um período de tempo geológico,
o que une rocha ao tempo indissoluvelmente, coisa impossível de conceber se o tempo for determi-
nado por métodos outros (paleontológicos ou geocronológicos).
	       As onze formações que determinam os períodos geológicos são contadas antes e depois da
separação continental, fato que determina as eras geológicas, e uma dessas formações, precisamente
a mais jovem, Formação Lambda (Fig. 6.11), está em pleno processo de sedimentação ou construção.
	       Conhecida o que é uma formação, o código de nomenclatura fica fácil de conceber, facilitan-
do os mapeamentos feitos com a nova estratigrafia global.

                      As Bases do Novo Código de Nomenclatura
	       A Base Filosófica do Código

	       Art. 1º - Este código tem como princípio o fato da Geologia ser uma ciência histórica e a
Estratigrafia ser a chave dessa história.
	       Art. 2º - Sua base é a formação geológica: a unidade apropriada para mapeamentos regionais
ou estratigráficos.
	       Art. 3º - Os mapeamentos regionais ou estratigráficos têm por objetivo a recuperação da

                                               217
Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à	Ciência	Ortodoxa

história geológica das áreas mapeadas, com finalidade de conhecer as possibilidades econômicas das
diversas formações e indicar a maneira correta de explorá-las.
	        Das Unidades de Rocha

	       Art. 4º - A unidade básica para mapeamento geológico é a formação geológica.
	       Art. 5º - Uma formação geológica é identificada pela sua litologia.
	       Art. 6º - A litologia de uma formação compreende os seguintes parâmetros os quais fazem
parte da sua descrição: nome da formação, origem, ocorrência, correlações, posição estratigráfica,
texturas, estruturas, composição mineral, propriedades físicas e economia.
	       Art. 7º - Os limites, superior e inferior de uma formação, que são os seus contatos, são ne-
cessariamente discordâncias.
	       Art. 8º - O coletivo de formação é um grupo que é termo de referência, mas não é mapeável.
São dois os grupos existentes no globo: o primeiro grupo formou-se antes da separação continental
e o segundo, depois.
	       Art. 9º - Parte de uma formação é um membro e seu mapeamento é facultativo dependendo
da sua importância econômica ou científica.

	       Das Unidades de Tempo Geológico

	        Art. 10º - A unidade de tempo geológico é o período e necessariamente corresponde à espes-
sura de uma formação, sem conotação com número de anos.
	        Obs. - São onze os períodos geológicos: cinco gravados na segunda Era, e seis na terceira
Era.
	        Art. 11º - O coletivo de período é uma Era.
	        Obs. - São três as eras geológicas. A primeira não foi gravada litologicamente. A segunda e
a terceira são referidas a antes e depois da fragmentação continental.
	        Art. 12º - Parte de um período é uma época e corresponde a um membro de uma formação.

	       Nomenclatura das Unidades de Rocha

	        Art. 13º - A nomenclatura da unidade de rocha é formada de dois verbetes: a palavra forma-
ção seguida da letra do alfabeto grego correspondente à unidade como definida. Quando convenien-
te, o primeiro verbete pode ser abstraído. Ex. formação Alpha ou apenas Alpha.
	        Art. 14º - A nomenclatura do grupo é formada por esta palavra, seguida do nome do fenô-
meno físico ligado ao grupo, com a terminação iânico. Ex.: Grupo Atlantiânico para as formações
aparecidas após a separação continental ou Grupo Pangaeiânico para as formações sedimentadas ao
tempo do monocontinente.
	        Art. 15º - A nomenclatura do membro se faz com esta palavra, seguida de um nome geográ-
fico conveniente.

	       Nomenclatura das Unidades de Tempo

	        Art. 16º - A nomenclatura das eras é feita com a palavra Era, seguida do verbete correspon-
dente ao acidente físico que a caracteriza, com a terminação iânica. Ex. Era Atlantiânica.
	        Art. 17º - A nomenclatura do período se faz com esta palavra seguida do nome da formação
correspondente, com a terminação iano. Ex. Período Alphaiano, Betaiano etc. A terminação carac-
teriza o tempo e dessa maneira, quando conveniente, pode-se abstrair o verbete período.
	        Art. 18º - A nomenclatura da época é feita com o nome da formação, seguida do designativo
superior, médio e inferior. Ex.: Eta inferior, Eta superior, Kappa médio, etc.

                                                 218

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  • 1. Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à Ciência Ortodoxa Código de Nomenclatura Estratigráfica Sem que se conheça objetivamente, no campo, o que é uma Formação Geológica é impos- sível fazer-se um mapa, um código de nomenclatura ou tomar qualquer outra atitude relacionada à Geologia. Esta é a razão porque, até hoje, não existem nem mapas geológicos, nem um código estra- tigráfico correto, aqui e alhures. Todos os estudiosos e cientistas da Terra, ao longo do tempo, sentiram o problema. Estamos a quase 130 anos da primeira tentativa de fazer-se um código, sem o conseguir. O Primeiro Congres- so Internacional de Geologia foi convocado para realizar-se em Paris, em 18781 com a finalidade de: “...estudar a uniformização dos relatórios relativamente à nomenclatura e simbologia gráfica...” (1958, p. 290)*. Realmente, nunca houve acordo sobre o que mapear para que houvesse de fato um mapa geológico. A textura foi a primeira características da rocha a chamar atenção dos geólogos no campo, para tentar caracterizar uma “formação”. Se a rocha era composta de matacões, areias, siltes ou argilas, ou se tinha uma cor bem distinta (vermelha, preta, etc.) era o bastante para ser chamada de formação. Posteriormente verificou-se que, tanto uma como outra característica eram comuns para muitas formações e isso gerava confusão. Com a invenção do microscópio e a crença de que o instrumento era mais poderoso para estudo das rochas, apareceram os petrógrafos e uma nova especialização, a petrografia. Por trabalhar com instrumento mais sofisticado, os petrógrafos passaram a ter mais autoridade, e por isso eram também mais consultados para estudar e nomear rochas e até especular sobre sua origem, época do aparecimento de teorias mirabolantes e desse ponto em diante, as rochas passaram a ser contadas aos milhares2. Os paleontólogos deram contribuição significativa para aumentar a confusão fazendo uma conexão imprópria entre fósseis achados nos pacotes sedimentares e os próprios sedimentos. Nunca mais os geólogos mapeadores foram capazes de fazer um mapa, sem consultar as descrições petro- gráficas dos petrógrafos e esperar resultados de análises paleontológicas dos laboratórios de pale- ontologia. Existem mapas levados a sério3 dentro da Estatal brasileira de petróleo, que foram feitos apenas com esses recursos, não tendo por isso qualquer valor científico, mas explicam o fracasso da pesquisa de petróleo naquela bacia. As variações naturais das porcentagens de minerais formadores das amostras determinadas pelos laboratórios de petrografia, subjetivas que eram, davam origem a uma nova rocha e as coisas ficaram cada vez mais complicadas. Entretanto, as tentativas de conseguir um meio que levasse ao esclarecimento sobre a origem das formações, não pararam por aí. Geomorfólogos, sedimentólogos, geocronólogos, geofísicos, geoquímicos, químicos, botânicos, zoólogos e mais quem tivesse uma ideia a partir de uma especia- lização, poderia sugerir uma nova ciência para esclarecer o que mapear. De fato, havia um fator de origem técnica que impedia chegar à formação geológica, que não podia ser superado naquele tempo. * “...uniformity in geologic reports with respect to nomenclature and map symbols.” 214
  • 2. Código de Nomeclatura Estratigráfi Era o problema da escala do estudo. Todas estas ciências anteriormente nomeadas são pra- ticadas em escalas muito grandes (escalas humanas), algumas ampliadas e com elas fica impossível conhecer o que é ou o que venha a ser uma formação geológica. O estudo deste objeto da natureza, só pode ser feito com o auxílio de uma escala dez, cem e mil vezes menores (escala reduzida) do que as escalas usadas pelos técnicos dos estudos acima mencionados. A confusão sobre o que mapear se tornou tal que, só nos Estados Unidos, em 1938, haviam 13.000 formações e possivelmente mais de 100.000 se fossem contadas as dos outros continentes1 (p. 289). Os americanos decidiram convocar o primeiro congresso de geólogos para tentar um consenso, alguma disciplina, uma ordem, sobre o que deveria ser apresentado em um mapa com a finalidade de facilitar o entendimento do que se chamava geologia naquele tempo (1878). No Primeiro Congresso Mundial de Geologia nasceu o que viria a ser o atual Código de Nomenclatura Estratigráfica e de lá (1878) para cá (2008) a confusão apenas aumentou. Aumentou o número de geólogos, mapas, relató- rios, congressos, escolas, etc., cada um com a sua filosofia própria e pessoal sobre o que deveria ser chamado de “formação geológica”, ou a unidade de mapeamento. Há geólogos que crêem que dois mapas da mesma região feitos por pessoas diferentes, sejam naturalmente diferentes. De fato, os dois mapas estarão naturalmente errados. O mapa geológico de uma região é único e imutável se for feito corretamente, como a fotografia de uma pessoa ou de um objeto. Dois geólogos que saibam mapear fazem dois mapas, da mesma região, exatamente iguais. Os atuais participantes de congressos de geologia continuam a se preocupar com o assunto, sem que até agora tenham encontrado uma solução para o problema. O Código Brasileiro de Nomenclatura Estratigráfica4, uma espécie de tradução do código americano acrescido de mais e maiores complicações, não tem qualquer chance de funcionar, pois, certamente, é difícil nomear algo desconhecido, sem que a coisa nomeada se torne empírica, fluida e subjetiva. Uma de duas hipóteses existe: ou a natureza é confusa e jamais poderemos conhecer o seu funcionamento e origem das coisas, hipótese descartada neste trabalho, ou ela é de fato algo claro e simples, apenas que ainda não foi desvendada a maneira correta de estudá-la. Conceito de Formação Geológica Só é possível estudar a natureza através de um mapa correto, e este só poderá  ser construído se tivermos uma unidade definida para mapeamentos, independente de qualquer princípio matemáti- co. Os problemas aparecidos com o estudo detalhado da Bacia do Recôncavo geraram a idéia da lei que governa a arquitetura de uma formação geológica: Um corpo rochoso formado na litosfera como produto final da gravidade atuante no núcleo do planeta. A formação é um corpo rochoso e existe, de fato, no campo. Apenas tende a passar desper- cebida devido ao seu tamanho. Ela é objeto de estudo em escalas diminutas, e não foi possível des- cobrir o que deveria ser mapeado ao tempo dos pioneiros, apenas porque não havia instrumentação e escala própria para que o estudo tivesse sucesso. Em outras palavras, não foi possível descobrir a existência da formação geológica antes, porque não havia sido descoberta uma maneira técnica de poder observá-la, predominando o resultado da observação pessoal feita pelos pioneiros, em escala inadequada, o que a tornava subjetiva nas descrições. Dissemos acima, para poder observar o que é uma formação geológica há necessidade de escalas diminutas. Esta possibilidade só apareceu no Brasil em 1971, quando foram obtidas imagens 215
  • 3. Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à Ciência Ortodoxa de radar do território brasileiro em escala de 1/400.000 e ampliadas para 1/250.000. Essas imagens foram recortadas em quadrículas de um grau por um grau e meio que abrangem 18.481,5 km2 e, mesmo assim, uma quadrícula dessas, compreende parte mínima de uma formação. São necessárias várias delas para distinguir uma parte de qualquer formação. Para fazer-se idéia do tamanho de uma formação, imagine-se que Zeta (basaltos marinhos que surgiram com a separação continental) cobre cerca de 70% da área do globo terrestre, enquanto a Formação Alpha aparece estimativamente em 10%. A concepção da existência física de UMA e somente uma formação geológica dentro da Ba- cia do Recôncavo, decorreu da verificação de que todas as dificuldades técnicas existentes nela são facilmente corrigidas, se, no lugar de tantas formações houvesse uma só. A evidência de que esta é a atitude correta viria do estudo da paleontologia. Naquela bacia, “inexplicavelmente”, ocorrem fósseis antigos misturados com fósseis jovens (fósseis anacrônicos nos mesmos sedimentos) sem que haja explicação para o fenômeno que confi- gura erro geológico. Para não serem admitidos como erros, foram invocadas falsas soluções (desaba- mento das paredes dos poços, contaminação do fluido de perfuração, má lavagem dos equipamentos usados em outros poços, diápiros, etc.) a título de explicação para justificar-se o fenômeno. De fato, incorre-se em um erro grave: mapear refossilizações. Os fósseis que ocorrem na Bacia do Recôn- cavo são todos redepositados ou refossilizados é o que se conclui do estudo detalhado dos poços construídos naquela bacia em busca de petróleo (v. “Evidências do Erro Paleontológico”). A inexplicável mistura de fósseis do período Cretáceo da era Mesozóica, com fósseis do período Devoniano da era Paleozóica e mesmo os fósseis mais abundantes do Cretáceo, que se misturam entre si (fósseis da formação Ilhas encontrados na formação Aliança, na formação Sergi etc), causam confusão e prejudicam a correta exploração do petróleo da Bacia e distorcem a História Geológica. Ora, se a natureza trabalha ordenadamente, é evidente que deve haver uma causa para o apa- rente absurdo (corrupção da Segunda Lei da Sedimentação). A pesquisa esclareceu o assunto, que se resume em redefinir a coluna estratigráfica da bacia determinando com isso a razão da mistura. A estratigrafia como chave da ciência geológica necessita uma revisão e conseqüentemente um novo código. O assunto se torna mais importante porque o problema não se verifica só no Brasil. Realmente o panorama da ciência geológica no Brasil é apenas um reflexo da ciência praticada no resto do mundo. A confissão de que a Geologia como atualmente entendida é confusa e desnorteada em todo o mundo é bem caracterizada em um livro publicado após um congresso sobre estratigrafia realizado em Bad Honnef (1982), nas vizinhanças de Bonn, na antiga Alemanha Oriental, cujo título Stratig- raphy, Quo Vadis?5 permite a interpretação de que a desorientação atual da ciência continua. Trinta e oito Doutores, mais dezesseis professores de quatorze países, ao fim do Congresso, continuaram tão inseguros como antes dele, porque nada foi resolvido sobre o problema central da Geologia: qual a unidade de rochas, e como mapeá-las. A solução do problema foi dada no Brasil em 1986 em trabalho apresentado ao Congresso Brasileiro de Geologia realizado em Goiânia6, quando foram descartadas as várias “formações” em que era subdividida a coluna estratigráfica da Bacia do Recôncavo (formação Aliança, Sergi, Ilhas, Candeias etc), substituindo-as por uma só: Formação Eta, no padrão da nova coluna estratigráfica aqui proposta. Na Coluna ortodoxa, os fósseis aparecem organizados, dando como resultado a coluna es- tratigráfica incompreensível, confusa e errada. Na nova Coluna, as rochas estão organizadas como encontradas no campo e os fósseis estão naturalmente desorganizados e justificados historicamente, resultando numa Estratigrafia coerente e especialmente simples. 216
  • 4. Código de Nomeclatura Estratigráfi A configuração da atual Bacia do Recôncavo (Fig. 4.8) é o resultado do ajuntamento na mesma deformação negativa, dos sedimentos preexistentes em duas bacias fossilíferas diferentes ao tempo da sua deposição. Neste caso, simplificadamente, na Bacia do Recôncavo existem apenas cinco formações geológicas, três das quais (Alpha, Beta e Kappa) sem importância para exploração de petróleo: • A Formação Alpha, ou embasamento; • Restos erodidos da Formação Beta; • Restos erodidos da Formação Épsilon; • A Formação Eta - A principal armazenadora de petróleo e • A cobertura horizontal da Formação Kappa. A textura dos clásticos que formam Eta é de clásticos finos e grosseiros, o que evidencia que a área-fonte dos sedimentos fica perto do seu local de deposição. A existência da falha observada no embasamento conhecida como Falha de Salvador , sugere o levantamento e o basculamento daquela parte do embasamento com a deposição ao seu lado, dos sedimentos existentes sobre ele (v. “História Geológica”). A litosfera é passiva. Move-se impulsionada por movimentos que acontecem no magma do manto, gerando em superfície várias estruturas, inclusive as formações geológicas. Desse critério de estudo surgiram três conclusões importantes para a história da Terra: • São apenas onze as formações existentes constituindo a litosfera do globo; • A mistura de fósseis antigos e jovens nos mesmos sedimentos é uma evidência física e a chave para se compreender a separação e a migração continental. • A Bacia do Recôncavo como um todo, é uma evidência física das mais claras do fenôme- no que deu origem à separação continental. A sucessão vertical das formações geológicas recupera a história geológica e simplifica o problema do tempo, que não mais depende de análises paleontológicas ou geocronológicas, permi- tindo a compreensão do processo econômico dependente de estudos geológicos especialmente para exploração de petróleo. Entre esses benefícios encontra-se a solução para o que mapear e como distinguir e nomear as formações por critérios puramente físicos verificados no campo. Sucintamente, são onze formações, cada uma representando um período de tempo geológico, o que une rocha ao tempo indissoluvelmente, coisa impossível de conceber se o tempo for determi- nado por métodos outros (paleontológicos ou geocronológicos). As onze formações que determinam os períodos geológicos são contadas antes e depois da separação continental, fato que determina as eras geológicas, e uma dessas formações, precisamente a mais jovem, Formação Lambda (Fig. 6.11), está em pleno processo de sedimentação ou construção. Conhecida o que é uma formação, o código de nomenclatura fica fácil de conceber, facilitan- do os mapeamentos feitos com a nova estratigrafia global. As Bases do Novo Código de Nomenclatura A Base Filosófica do Código Art. 1º - Este código tem como princípio o fato da Geologia ser uma ciência histórica e a Estratigrafia ser a chave dessa história. Art. 2º - Sua base é a formação geológica: a unidade apropriada para mapeamentos regionais ou estratigráficos. Art. 3º - Os mapeamentos regionais ou estratigráficos têm por objetivo a recuperação da 217
  • 5. Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à Ciência Ortodoxa história geológica das áreas mapeadas, com finalidade de conhecer as possibilidades econômicas das diversas formações e indicar a maneira correta de explorá-las. Das Unidades de Rocha Art. 4º - A unidade básica para mapeamento geológico é a formação geológica. Art. 5º - Uma formação geológica é identificada pela sua litologia. Art. 6º - A litologia de uma formação compreende os seguintes parâmetros os quais fazem parte da sua descrição: nome da formação, origem, ocorrência, correlações, posição estratigráfica, texturas, estruturas, composição mineral, propriedades físicas e economia. Art. 7º - Os limites, superior e inferior de uma formação, que são os seus contatos, são ne- cessariamente discordâncias. Art. 8º - O coletivo de formação é um grupo que é termo de referência, mas não é mapeável. São dois os grupos existentes no globo: o primeiro grupo formou-se antes da separação continental e o segundo, depois. Art. 9º - Parte de uma formação é um membro e seu mapeamento é facultativo dependendo da sua importância econômica ou científica. Das Unidades de Tempo Geológico Art. 10º - A unidade de tempo geológico é o período e necessariamente corresponde à espes- sura de uma formação, sem conotação com número de anos. Obs. - São onze os períodos geológicos: cinco gravados na segunda Era, e seis na terceira Era. Art. 11º - O coletivo de período é uma Era. Obs. - São três as eras geológicas. A primeira não foi gravada litologicamente. A segunda e a terceira são referidas a antes e depois da fragmentação continental. Art. 12º - Parte de um período é uma época e corresponde a um membro de uma formação. Nomenclatura das Unidades de Rocha Art. 13º - A nomenclatura da unidade de rocha é formada de dois verbetes: a palavra forma- ção seguida da letra do alfabeto grego correspondente à unidade como definida. Quando convenien- te, o primeiro verbete pode ser abstraído. Ex. formação Alpha ou apenas Alpha. Art. 14º - A nomenclatura do grupo é formada por esta palavra, seguida do nome do fenô- meno físico ligado ao grupo, com a terminação iânico. Ex.: Grupo Atlantiânico para as formações aparecidas após a separação continental ou Grupo Pangaeiânico para as formações sedimentadas ao tempo do monocontinente. Art. 15º - A nomenclatura do membro se faz com esta palavra, seguida de um nome geográ- fico conveniente. Nomenclatura das Unidades de Tempo Art. 16º - A nomenclatura das eras é feita com a palavra Era, seguida do verbete correspon- dente ao acidente físico que a caracteriza, com a terminação iânica. Ex. Era Atlantiânica. Art. 17º - A nomenclatura do período se faz com esta palavra seguida do nome da formação correspondente, com a terminação iano. Ex. Período Alphaiano, Betaiano etc. A terminação carac- teriza o tempo e dessa maneira, quando conveniente, pode-se abstrair o verbete período. Art. 18º - A nomenclatura da época é feita com o nome da formação, seguida do designativo superior, médio e inferior. Ex.: Eta inferior, Eta superior, Kappa médio, etc. 218