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Perfis Elétricos e Pesquisa de Petról




                 Perfis Elétricos e Pesquisa de Petróleo

	        Após a perfuração de um poço ele precisa ser mapeado.
	        De fato, é o trabalho que completa o mapeamento das duas dimensões da superfície, e entre
os instrumentos de maior uso para conseguir este objetivo conta-se o perfil elétrico. É uma ferramen-
ta que descida ao fundo do poço é tracionada para a superfície pesquisando eletricamente as diversas
camadas de que se compõe a rocha. As leituras feitas pelo instrumento vão sendo registradas em
papel, que mais tarde serão interpretadas pelos geólogos e engenheiros, com diversas finalidades.
	        Quando se conhece a gênese ou a evolução histórica da Bacia, as interpretações que se fazem
a partir dos resultados obtidos com esse instrumento podem ser consideradas razoáveis.
	        Quando, como é o caso da Bacia do Recôncavo, ela é totalmente desconhecida não há como
fazer funcionar o instrumento, as interpretações se tornam tendenciosas, gerando prejuízos muito
grandes como veremos.
	        Usa-se o perfil de várias maneiras, e no campo da pesquisa são três as finalidades principais:
descobrir onde está o óleo na subsuperfície, mostrar onde ficam os contatos entre as diversas forma-
ções geológicas e determinar algumas estruturas da 3a dimensão. Vimos nos arquivos anteriores que
os fósseis estão misturados caoticamente dentro da Bacia e que por isso não existe compatibilidade
entre os prognósticos e a realidade das perfurações.
	        Crê-se, de modo geral, que as altas resistividades registradas nos perfis de indução estão
ligados à ocorrência de petróleo. Examina-se o perfil e diz-se se existem intervalos que podem ou
não produzir hidrocarbonetos. A título de esclarecimento vale assinalar que, em um reservatório de
subsuperfície só existem duas substâncias fluidas: água e hidrocarbonetos. A água pode ser doce
ou salgada. Geralmente as águas doces são mais superficiais e naturalmente tem alta resistividade,
ficando as salgadas mais profundas na Bacia e tem baixa resistividade. Os hidrocarbonetos têm
alta resistividade. Desse contraste deduz-se onde os hidrocarbonetos podem estar acumulados, que
são em seguida testados. Evidentemente, quando os perfis se apresentam com altas resistividades
desconfia-se da ocorrência de petróleo. Os intervalos resistivos são então recomendados para testes
de formação. Se o poço ainda está sendo perfurado, o teste é feito a poço aberto com a ferramenta
testadora ancorada nas paredes ou no fundo do poço. Às vezes as condições mecânicas do poço não
permitem tais testes, e é preciso revestir o poço com tubos de aço para que os testes possam ser rea-
lizados. A segunda condição é muito mais onerosa que a primeira. Por essa razão procura-se testar os
intervalos potencialmente produtores, logo que penetrados pela broca.
	        As companhias que vendem os perfis elétricos se incubem de ministrar aos geólogos cursos
sobre o seu funcionamento, mesmo sem ter alguma noção de Geologia da Bacia. Dessa maneira
eles admitem possibilidades absolutamente sonhadoras para aqueles instrumentos, distorcendo tudo.
Sumariamente, eles invertem a ordem natural das coisas quando conferem aos perfis propriedades
impossíveis de serem obtidas com aquela ferramenta. Enquanto as coisas ficam no terreno da teoria
não há o que comentar. Entretanto, vejamos exemplos factuais, claros, passados na Bacia do Recôn-
cavo, dos prejuízos da aplicação indiscriminada dos perfis na exploração.

                                               321
Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à	Ciência	Ortodoxa

Algumas vezes descobre-se petróleo, fato que justifica o uso do perfil elétrico para a finalidade.
Entretanto há uma quantidade enorme de petróleo deixado nos seus reservatórios apenas porque os
perfis indicam “zona sem interesse para hidrocarbonetos.” Vejamos alguns exemplos desses fatos
existentes na Bacia, lembrando que nos dois capítulos anteriores, em nenhum exemplo dado, os per-
fis funcionaram para o esclarecimento dos contatos ou outra estrutura qualquer.


                                      Área de Conceição
	        Este campo fica ao sul da Bacia de Tucano. Aí foi furado o poço 3-CON-4-BA onde, após
a perfilagem, verificou-se uma zona potencialmente interessante para hidrocarbonetos no intervalo
1510-1525m que os geólogos, durante a perfuração, teriam passado sem testar. Após uma semana de
caríssimos e custosos trabalhos de perfilagem, canhoneio, etc, foi realizado o teste de formação nº8,
o qual mostrou que o intervalo interessante para petróleo, era portador de água doce. Produziu 81
barris de água em 90 minutos de fluxo.

                                  Área de Lagoa do Paulo
	       Em Lagoa do Paulo, no poço 3-LPN-2-BA, após a corrida e análise dos perfis, foram deter-
minados três corpos arenosos que, pelos cálculos, certamente seriam três reservatórios de hidrocar-
bonetos.
	       Foram realizados três testes seletivos que mostraram três intervalos produtores de água sal-
gada sem qualquer indício de petróleo. Observação pertinente: Em Conceição a água produzida era
doce. Em Lagoa do Paulo, salgada. Em ambas supunha-se petróleo.

                                       Área de Boipeba
	        No pioneiro de Boipeba, 1-BP-1-BA, fez-se a completação na Zona A porque os cálculos dos
perfis indicavam boa porosidade e regular saturação de hidrocarbonetos.
	        O poço, durante os testes, somente produziu água salgada. Como as características do perfil
indicavam petróleo, supôs-se que fosse um caso de engenharia e que a água teria sido produzida de
outro reservatório por má cimentação.
	        A sonda foi trazida de volta a locação, o poço foi reaberto, furados os tampões, corrigida a
cimentação e o intervalo foi retestado. Continuou produzindo apenas água salgada, a custos incrivel-
mente altos.

                                       Área de Taquipe
	       Em Taquipe houve caso semelhante: no poço 3-TQ-105-BA, estudados os perfis, revelou-se
determinado intervalo com baixa saturação de água. Por essa altura a sonda já tinha sido desmontada
e transportada para outra locação. Foi trazida de volta para a boca do poço, remontada, furados os
tampões e feitos os teste que revelaram mais um reservatório produtor de água salgada.

                                        Área de Araçás
	       Na região furaram-se doze poços, todos com prospecto para a formação Sergi que deveria
estar abaixo dos 3.000m de profundidade. Entre esses doze poços o 7-AR-9-BA também foi julgado

                                                  322
Perfis Elétricos e Pesquisa de Petról

seco e por isso abandonado. Tempos depois, o funcionário encarregado do campo, notou que pelo
revestimento do poço estava saindo um filete de petróleo. Colheu uma amostra e mandou-a ao labo-
ratório para exame. O exame revelou que o óleo era bom e pelas suas características, de horizonte
raso. Os perfis foram estudados a exaustão, inclusive pelos próprios técnicos da companhia contra-
tista, sem que alguém pudesse dizer que intervalo da subsuperfície poderia produzir o petróleo que
estava minando do poço. No poço 3-AR-12-BA da série, o geólogo, em seu relatório de completação,
diante do insucesso das perfurações em Araçás, recomendou que se fizesse uma parada nas perfura-
ções para reestudo do campo. Apenas a insistência dos engenheiros, levou a que se continuassem as
perfurações que acabaram por descobrir o Campo de Araçás, produtor nos horizontes rasos chamado
de “formação” Ilhas. Até hoje não se sabe de onde vem o óleo do poço nº 9.
	        Ainda no Campo de Araçás, num poço que seria furado para injeção de água, revelou-se
produtor de óleo! Trata-se do poço 8-AR-97-BA, cuja finalidade seria a injeção de água no Arenito
Santiago do Campo de Araçás. Os dados para perfuração, entre outras informações, dizem que os
parâmetros de subsuperfície serão os seguintes:

	       Topo do Arenito Santiago...........-1120m (c/água)
	       Topo do Arenito Araçás.............-1235m (c/água)
	       Topo do S.Paulo/Catu...............-1310m (c/água)
	       Profundidade final.................-1360m ou 50m abaixo do topo do S.Paulo/Catu.

	       No relatório lê-se:
      	 “Este poço inicialmente destinado a injeção de água, revelou-se portador de óleo no
      Arenito Santiago, devendo ser revestido para teste de produção.”

	       Em rádio para o Rio de Janeiro informou-se que o poço tinha sido concluído, o Arenito
Santiago tinha 18m de arenitos permeáveis com óleo e que “...o poço resultou 40m mais alto que
o previsto indicando a inexistência de falha a oeste nos mapas que orientam o plano de injeção de
água.”

                                       Área de Caldeirão
	        Este pioneiro, 1-CAL-1-BA, situado 5,5km a leste de Cabeceiras, teve um prospecto original
que posteriormente foi modificado para dirimir dúvidas sobra a estratigrafia da área. Aos 3.439m o
poço, que iria até o embasamento, teve a sua perfuração e finalidade estratigráfica interrompidas,
pois os perfis indicavam um “...novo Araçás...” ou seja, muito petróleo, como indicavam os cálculos
feitos sobre os perfis elétricos corridos naquele pioneiro.
	        O poço teve de ser completado em caríssima operação e, realizados os testes nos intervalos
com óleo, revelou-se produtor de água salgada ou salmoura de 231.500 mg/l de NaCl. Nem petróleo,
nem estratigrafia evidenciando apenas o grau de desconhecimento da Bacia e a falsa informação do
estudo dos perfis.

                                    Área de Boa Esperança
	       No poço 3-BE-5-BA, da seqüência dos poços furados neste campo, imediatamente a sudoes-
te de Araçás, foi feito um teste de formação para fornecer dados para o mapa da superfície potencio-

                                               323
Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à	Ciência	Ortodoxa

métrica da região. Esperava-se a produção de água salgada, pois o intervalo onde o teste seria feito,
foi testemunhado e o testemunho revelou um altíssimo teor salino, não somente à visão, mas também
ao sabor. Corridos os perfis elétricos, o intervalo mostrou-se com alta saturação de água e por isso
pouco resistivo. O teste tomou o número 3 e foi realizado no intervalo entre 2421-2446m. Aberta a
válvula da ferramenta testadora, aos 17 minutos, jorrou petróleo puro, apanhando todos de surpresa.
Não fosse um teste de formação com outra finalidade o óleo não seria descoberto.


                                        Área de Sauípe
	        Prospecto da sísmica 1-SE-1-BA. Prevê-se a coluna estratigráfica normal da Bacia com a
profundidade final do poço a 1.850m dentro do Sergi, que seria encontrado a 1.800m e a Zona “A” a
1.736m.
	        O poço foi se aprofundando em virtude da desorientação geral sobre a estratigrafia da loca-
ção e provavelmente seria limitado apenas pela capacidade de perfuração da sonda.
	        A 1.913m aconteceu um acidente no poço: a ferramenta do dip-meter caiu ao fundo do mes-
mo. Após 20 dias de pescaria, surgiu óleo no fundo do poço e a areia transformou-se em Zona “A”.
Decidiu-se ir mais fundo para apanhar o Sergi que, segundo a suposição dos geólogos, teria mais
petróleo ainda. Trocou-se a coluna de perfuração por uma mais leve e prosseguiu-se o furo. O Sergi
foi atingido aos 1.958m e o teste realizado revelou 1.510m de coluna com água salgada. O petróleo
apareceu onde não era esperado, e onde o era, revelou-se um reservatório com água salgada. E mais,
se o poço cumprisse o programa do prospecto, aquele petróleo jamais seria descoberto. Uma feliz
pescaria resultou em mais um campo de petróleo.


                                       Área de Miranga
	        Outro caso interessante sobre descoberta de óleo, por golpe de sorte e interpretações ama-
dorísticas sobre os perfis elétricos, passou-se no poço de Miranga Leste, precisamente em 4-MGL-
1-BA. Em reunião técnica para apreciação da locação todos os responsáveis pela aprovação do poço
votaram contra a sua perfuração, achando que era impossível achar-se petróleo 200m abaixo do
contato óleo água do campo.
	        Somente os representantes da sísmica e da gravimetria foram a favor da perfuração do poço.
Fura-se o prospecto o qual se apresenta com as mesmas características dos outros poços da região,
inclusive com a mesma mistura de fósseis já observada anteriormente, mas com petróleo revelado
por teste de formação, contrariando a opinião dos responsáveis pela exploração da Bacia. Como con-
seqüência desse achado fortuito, e entusiasmados com o óleo aparecido, manda-se furar o 3-MGL-
3-BA afim de “...verificar para leste a extensão da descoberta de óleo do MGL-1”.
	        O resultado final do poço é: seco e abandonado. No primeiro poço, todos são contra a per-
furação da locação e o poço dá petróleo. No segundo poço, todos são a favor, mas o poço é seco e
abandonado...

	       Conclusão:

      	 O que se observa do estudo dos perfis elétricos, e de todos os outros métodos de
      investigação, sejam eles paleontológicos, sísmicos ou gravimétricos, sem exceção,
      todos eles falham na Bacia do Recôncavo.


                                                  324
A descoberta do petróleo nesta Bacia, só pode ser decorrente da decisão de furar-se um poço
e de... muita sorte, como vimos acima. Isso não é um método científico de pesquisar petróleo.




                                             325

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Perfis elétricos na pesquisa de petróleo

  • 1. Perfis Elétricos e Pesquisa de Petról Perfis Elétricos e Pesquisa de Petróleo Após a perfuração de um poço ele precisa ser mapeado. De fato, é o trabalho que completa o mapeamento das duas dimensões da superfície, e entre os instrumentos de maior uso para conseguir este objetivo conta-se o perfil elétrico. É uma ferramen- ta que descida ao fundo do poço é tracionada para a superfície pesquisando eletricamente as diversas camadas de que se compõe a rocha. As leituras feitas pelo instrumento vão sendo registradas em papel, que mais tarde serão interpretadas pelos geólogos e engenheiros, com diversas finalidades. Quando se conhece a gênese ou a evolução histórica da Bacia, as interpretações que se fazem a partir dos resultados obtidos com esse instrumento podem ser consideradas razoáveis. Quando, como é o caso da Bacia do Recôncavo, ela é totalmente desconhecida não há como fazer funcionar o instrumento, as interpretações se tornam tendenciosas, gerando prejuízos muito grandes como veremos. Usa-se o perfil de várias maneiras, e no campo da pesquisa são três as finalidades principais: descobrir onde está o óleo na subsuperfície, mostrar onde ficam os contatos entre as diversas forma- ções geológicas e determinar algumas estruturas da 3a dimensão. Vimos nos arquivos anteriores que os fósseis estão misturados caoticamente dentro da Bacia e que por isso não existe compatibilidade entre os prognósticos e a realidade das perfurações. Crê-se, de modo geral, que as altas resistividades registradas nos perfis de indução estão ligados à ocorrência de petróleo. Examina-se o perfil e diz-se se existem intervalos que podem ou não produzir hidrocarbonetos. A título de esclarecimento vale assinalar que, em um reservatório de subsuperfície só existem duas substâncias fluidas: água e hidrocarbonetos. A água pode ser doce ou salgada. Geralmente as águas doces são mais superficiais e naturalmente tem alta resistividade, ficando as salgadas mais profundas na Bacia e tem baixa resistividade. Os hidrocarbonetos têm alta resistividade. Desse contraste deduz-se onde os hidrocarbonetos podem estar acumulados, que são em seguida testados. Evidentemente, quando os perfis se apresentam com altas resistividades desconfia-se da ocorrência de petróleo. Os intervalos resistivos são então recomendados para testes de formação. Se o poço ainda está sendo perfurado, o teste é feito a poço aberto com a ferramenta testadora ancorada nas paredes ou no fundo do poço. Às vezes as condições mecânicas do poço não permitem tais testes, e é preciso revestir o poço com tubos de aço para que os testes possam ser rea- lizados. A segunda condição é muito mais onerosa que a primeira. Por essa razão procura-se testar os intervalos potencialmente produtores, logo que penetrados pela broca. As companhias que vendem os perfis elétricos se incubem de ministrar aos geólogos cursos sobre o seu funcionamento, mesmo sem ter alguma noção de Geologia da Bacia. Dessa maneira eles admitem possibilidades absolutamente sonhadoras para aqueles instrumentos, distorcendo tudo. Sumariamente, eles invertem a ordem natural das coisas quando conferem aos perfis propriedades impossíveis de serem obtidas com aquela ferramenta. Enquanto as coisas ficam no terreno da teoria não há o que comentar. Entretanto, vejamos exemplos factuais, claros, passados na Bacia do Recôn- cavo, dos prejuízos da aplicação indiscriminada dos perfis na exploração. 321
  • 2. Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à Ciência Ortodoxa Algumas vezes descobre-se petróleo, fato que justifica o uso do perfil elétrico para a finalidade. Entretanto há uma quantidade enorme de petróleo deixado nos seus reservatórios apenas porque os perfis indicam “zona sem interesse para hidrocarbonetos.” Vejamos alguns exemplos desses fatos existentes na Bacia, lembrando que nos dois capítulos anteriores, em nenhum exemplo dado, os per- fis funcionaram para o esclarecimento dos contatos ou outra estrutura qualquer. Área de Conceição Este campo fica ao sul da Bacia de Tucano. Aí foi furado o poço 3-CON-4-BA onde, após a perfilagem, verificou-se uma zona potencialmente interessante para hidrocarbonetos no intervalo 1510-1525m que os geólogos, durante a perfuração, teriam passado sem testar. Após uma semana de caríssimos e custosos trabalhos de perfilagem, canhoneio, etc, foi realizado o teste de formação nº8, o qual mostrou que o intervalo interessante para petróleo, era portador de água doce. Produziu 81 barris de água em 90 minutos de fluxo. Área de Lagoa do Paulo Em Lagoa do Paulo, no poço 3-LPN-2-BA, após a corrida e análise dos perfis, foram deter- minados três corpos arenosos que, pelos cálculos, certamente seriam três reservatórios de hidrocar- bonetos. Foram realizados três testes seletivos que mostraram três intervalos produtores de água sal- gada sem qualquer indício de petróleo. Observação pertinente: Em Conceição a água produzida era doce. Em Lagoa do Paulo, salgada. Em ambas supunha-se petróleo. Área de Boipeba No pioneiro de Boipeba, 1-BP-1-BA, fez-se a completação na Zona A porque os cálculos dos perfis indicavam boa porosidade e regular saturação de hidrocarbonetos. O poço, durante os testes, somente produziu água salgada. Como as características do perfil indicavam petróleo, supôs-se que fosse um caso de engenharia e que a água teria sido produzida de outro reservatório por má cimentação. A sonda foi trazida de volta a locação, o poço foi reaberto, furados os tampões, corrigida a cimentação e o intervalo foi retestado. Continuou produzindo apenas água salgada, a custos incrivel- mente altos. Área de Taquipe Em Taquipe houve caso semelhante: no poço 3-TQ-105-BA, estudados os perfis, revelou-se determinado intervalo com baixa saturação de água. Por essa altura a sonda já tinha sido desmontada e transportada para outra locação. Foi trazida de volta para a boca do poço, remontada, furados os tampões e feitos os teste que revelaram mais um reservatório produtor de água salgada. Área de Araçás Na região furaram-se doze poços, todos com prospecto para a formação Sergi que deveria estar abaixo dos 3.000m de profundidade. Entre esses doze poços o 7-AR-9-BA também foi julgado 322
  • 3. Perfis Elétricos e Pesquisa de Petról seco e por isso abandonado. Tempos depois, o funcionário encarregado do campo, notou que pelo revestimento do poço estava saindo um filete de petróleo. Colheu uma amostra e mandou-a ao labo- ratório para exame. O exame revelou que o óleo era bom e pelas suas características, de horizonte raso. Os perfis foram estudados a exaustão, inclusive pelos próprios técnicos da companhia contra- tista, sem que alguém pudesse dizer que intervalo da subsuperfície poderia produzir o petróleo que estava minando do poço. No poço 3-AR-12-BA da série, o geólogo, em seu relatório de completação, diante do insucesso das perfurações em Araçás, recomendou que se fizesse uma parada nas perfura- ções para reestudo do campo. Apenas a insistência dos engenheiros, levou a que se continuassem as perfurações que acabaram por descobrir o Campo de Araçás, produtor nos horizontes rasos chamado de “formação” Ilhas. Até hoje não se sabe de onde vem o óleo do poço nº 9. Ainda no Campo de Araçás, num poço que seria furado para injeção de água, revelou-se produtor de óleo! Trata-se do poço 8-AR-97-BA, cuja finalidade seria a injeção de água no Arenito Santiago do Campo de Araçás. Os dados para perfuração, entre outras informações, dizem que os parâmetros de subsuperfície serão os seguintes: Topo do Arenito Santiago...........-1120m (c/água) Topo do Arenito Araçás.............-1235m (c/água) Topo do S.Paulo/Catu...............-1310m (c/água) Profundidade final.................-1360m ou 50m abaixo do topo do S.Paulo/Catu. No relatório lê-se: “Este poço inicialmente destinado a injeção de água, revelou-se portador de óleo no Arenito Santiago, devendo ser revestido para teste de produção.” Em rádio para o Rio de Janeiro informou-se que o poço tinha sido concluído, o Arenito Santiago tinha 18m de arenitos permeáveis com óleo e que “...o poço resultou 40m mais alto que o previsto indicando a inexistência de falha a oeste nos mapas que orientam o plano de injeção de água.” Área de Caldeirão Este pioneiro, 1-CAL-1-BA, situado 5,5km a leste de Cabeceiras, teve um prospecto original que posteriormente foi modificado para dirimir dúvidas sobra a estratigrafia da área. Aos 3.439m o poço, que iria até o embasamento, teve a sua perfuração e finalidade estratigráfica interrompidas, pois os perfis indicavam um “...novo Araçás...” ou seja, muito petróleo, como indicavam os cálculos feitos sobre os perfis elétricos corridos naquele pioneiro. O poço teve de ser completado em caríssima operação e, realizados os testes nos intervalos com óleo, revelou-se produtor de água salgada ou salmoura de 231.500 mg/l de NaCl. Nem petróleo, nem estratigrafia evidenciando apenas o grau de desconhecimento da Bacia e a falsa informação do estudo dos perfis. Área de Boa Esperança No poço 3-BE-5-BA, da seqüência dos poços furados neste campo, imediatamente a sudoes- te de Araçás, foi feito um teste de formação para fornecer dados para o mapa da superfície potencio- 323
  • 4. Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à Ciência Ortodoxa métrica da região. Esperava-se a produção de água salgada, pois o intervalo onde o teste seria feito, foi testemunhado e o testemunho revelou um altíssimo teor salino, não somente à visão, mas também ao sabor. Corridos os perfis elétricos, o intervalo mostrou-se com alta saturação de água e por isso pouco resistivo. O teste tomou o número 3 e foi realizado no intervalo entre 2421-2446m. Aberta a válvula da ferramenta testadora, aos 17 minutos, jorrou petróleo puro, apanhando todos de surpresa. Não fosse um teste de formação com outra finalidade o óleo não seria descoberto. Área de Sauípe Prospecto da sísmica 1-SE-1-BA. Prevê-se a coluna estratigráfica normal da Bacia com a profundidade final do poço a 1.850m dentro do Sergi, que seria encontrado a 1.800m e a Zona “A” a 1.736m. O poço foi se aprofundando em virtude da desorientação geral sobre a estratigrafia da loca- ção e provavelmente seria limitado apenas pela capacidade de perfuração da sonda. A 1.913m aconteceu um acidente no poço: a ferramenta do dip-meter caiu ao fundo do mes- mo. Após 20 dias de pescaria, surgiu óleo no fundo do poço e a areia transformou-se em Zona “A”. Decidiu-se ir mais fundo para apanhar o Sergi que, segundo a suposição dos geólogos, teria mais petróleo ainda. Trocou-se a coluna de perfuração por uma mais leve e prosseguiu-se o furo. O Sergi foi atingido aos 1.958m e o teste realizado revelou 1.510m de coluna com água salgada. O petróleo apareceu onde não era esperado, e onde o era, revelou-se um reservatório com água salgada. E mais, se o poço cumprisse o programa do prospecto, aquele petróleo jamais seria descoberto. Uma feliz pescaria resultou em mais um campo de petróleo. Área de Miranga Outro caso interessante sobre descoberta de óleo, por golpe de sorte e interpretações ama- dorísticas sobre os perfis elétricos, passou-se no poço de Miranga Leste, precisamente em 4-MGL- 1-BA. Em reunião técnica para apreciação da locação todos os responsáveis pela aprovação do poço votaram contra a sua perfuração, achando que era impossível achar-se petróleo 200m abaixo do contato óleo água do campo. Somente os representantes da sísmica e da gravimetria foram a favor da perfuração do poço. Fura-se o prospecto o qual se apresenta com as mesmas características dos outros poços da região, inclusive com a mesma mistura de fósseis já observada anteriormente, mas com petróleo revelado por teste de formação, contrariando a opinião dos responsáveis pela exploração da Bacia. Como con- seqüência desse achado fortuito, e entusiasmados com o óleo aparecido, manda-se furar o 3-MGL- 3-BA afim de “...verificar para leste a extensão da descoberta de óleo do MGL-1”. O resultado final do poço é: seco e abandonado. No primeiro poço, todos são contra a per- furação da locação e o poço dá petróleo. No segundo poço, todos são a favor, mas o poço é seco e abandonado... Conclusão: O que se observa do estudo dos perfis elétricos, e de todos os outros métodos de investigação, sejam eles paleontológicos, sísmicos ou gravimétricos, sem exceção, todos eles falham na Bacia do Recôncavo. 324
  • 5. A descoberta do petróleo nesta Bacia, só pode ser decorrente da decisão de furar-se um poço e de... muita sorte, como vimos acima. Isso não é um método científico de pesquisar petróleo. 325