Trabalho realizado no âmbito da Unidade Curricular de Enterprise Resource Planning no ano lectivo 2013/2014, último ano da Licenciatura em Informática de Gestão da Universidade Europeia.
1. Business Intelligence, a evolução e o futuro
Pedro Batista
Artigo desenvolvido no âmbito da Unidade Curricular de
ERP
Universidade Europeia – Laureate International Universities
Lisboa, Portugal
Tiago Alberto
Artigo desenvolvido no âmbito da Unidade Curricular de
ERP
Universidade Europeia – Laureate International Universities
Lisboa, Portugal
Abstract — No clima atual as organizações procuram
informações valiosas que permitam tomar decisões
calculadas e assim ganhar vantagem competitiva.
No ponto de vista da tomada de decisão, a transformação
de dados em informação, e mais concretamente em
informação relevante, é fundamental. Hoje em dia, as
organizações colecionam grandes quantidades de dados de
várias fontes, e com a disseminação de soluções enterprise
resource planning (ERP), é necessário que as organizações
compreendam a diferença entre os sistemas ERP e business
intelligence (BI), a nível técnico e operacional, em particular
as mais-valias podem retirar de cada um deles. A outro
nível, as inovações tecnológicas e o desenvolvimento de
sistemas BI promovem uma cada vez maior interligação
entre as componentes técnicas e de gestão, que permitem a
emergência de uma nova abordagem, o corporate
performance management (CPM).
Keywords- business intelligence (BI), enterprise resource
management (ERP), corporate performance management (CPM),
tomada de decisão.
I. INTRODUÇÃO
Atualmente as organizações lidam com grandes quantidades
de dados, provenientes de fontes internas ou externas à
organização, sejam elas, enterprise resource planning (ERP),
customer relationship management (CRM), supply chain
management (SCM), legacy systems, entre outros.
Em resposta a um aumento sustentado da quantidade de
dados a serem analisados e ao aumento da pressão para fornecer
respostas mais rápidas e melhores, muitas organizações
compreenderam o contexto das soluções ERP e viraram-se para
ferramentas business intelligence (BI) de forma a organizar e
analisar vastas quantidades de dados colecionados por outras
ferramentas, com o intuito de auxiliar a tomada de decisão e
ganhar vantagem competitiva.
O potencial do BI é crítico no auxilio às organizações que
pretendem melhorar o se desempenho e adaptar-se ao clima
atual e às mudanças no meio ambiente. No entanto, o verdadeiro
potencial do BI deve ser explorado com recurso ao alinhamento
da estratégia da empresa à sua execução, aos seus processos
operacionais e às diversas atividades. Assim, surge uma nova
abordagem, o corporate performance management (CPM).
Neste artigo vamos procurar compreender as necessidades
atuais das organizações ao recordar a evolução das ferramentas
tecnológicas de apoio à gestão. É imperativo que as
organizações entendam as diferenças entre sistemas ERP e BI,
na sua finalidade. Vamos abordar as características de um
sistema BI, estudar as suas mais-valias na atual realidade das
organizações e antecipar o passo seguinte, o CPM.
II. EVOLUÇÃO
Antes da informatização, a informação era tratada de forma
não estruturada pelo que as tomadas de decisão eram
maioritariamente empíricas e continham fortes índices de
intuição.
Em 1970 surgiram os primeiros sistemas informatizados de
gestão, designados management information systems (MIS),
que tiveram o mérito de integrarem dados originados de vários
processos da organização. No entanto, estes sistemas debatiam-
se com as limitações de tecnologias subjacentes e eram assim
bastante rudimentares quando comparados com os padrões
atuais.
As inovações tecnológicas permitiram que muitas destas
dificuldades fossem esbatidas e as organizações passaram as
últimas décadas envolvidas em projetos destinados a melhorar
a sua eficiência operacional. O desenvolvimento de projetos de
cariz funcional, como CRM, SCM, e document management
system (DMS), cada um com as suas mais-valias em termos de
eficiência, foram essenciais para incrementar os índices de
qualidade. Essencialmente, estes investimentos trouxeram
desenvolvimentos tecnológicos que permitiram informatizar os
processos de BackOffice das organizações.
Mais recentemente, a implementação de sistemas
operacionais integrados, como ERP, permitiram, às
organizações, otimizarem a sua componente transacional,
racionalizando processos e formatando a informação de modo
eficaz, e ainda integrar áreas que anteriormente careciam de
sistematização.
Atualmente os sistemas ERP, CRM, SCM, DMS são as bases
informáticas das organizações. Estes sistemas são
desenvolvidos com o propósito de acesso e armazenamento de
dados de forma eficiente.
2. Os últimos anos elevaram a fasquia dos sistemas de gestão
pois as organizações colecionam grandes quantidades de
informação de inúmeras fontes, ao mesmo tempo que são
pressionadas por uma grande intensidade concorrencial. Em
resposta, as organizações passaram os últimos anos a investir
em sistemas BI para organizar e analisar as vastas quantidades
de dados. Assim, BI fornece atempadamente, à gestão de topo,
informações valiosas que permitem tomar decisões calculadas
e que, em última análise, traduz-se em vantagem competitiva.
III. BUSINESS INTELLIGENCE
As organizações exigem, padrões de qualidade cada vez mais
elevados, reduzir custos operacionais, conhecer melhor o seu
meio ambiente, reduzir os riscos do negócio, capacidade de
decidir em tempo útil. A exigência e complexidade tecnológica
acompanharam estes novos imperativos e tendências, e como
consequência as bases de dados estão a crescer a um ritmo
exponencial. Os sistemas ERP, CRM, SCM, data warehouses
(DWs), entre outos, estão constantemente a oferecer dados aos
gestores.
Para se ter uma rápida visão do negócio, estes dados que se
encontram dispersos, necessitam de ser reunidos e analisados.
É necessário transformar dados em informação útil para
servirem de apoio à tomada de decisão. Por outro lado é notório
que as empresas se tornam mais horizontais, com redução de
hierarquias e funcionários, em contrapartida com o aumento da
sua autonomia, pressupõem a difusão de informação relevante
junto de mais decisores.
Todas estas contingências obrigam a prestar uma atenção
redobrada ao processo de controlo interno e torna-se
fundamental aperfeiçoar a relação entre a estratégia e a
execução, facilitando assim o ciclo de gestão.
Os sistemas BI são atualmente os catalisadores da mudança,
permitindo concretizar na prática estas novas abordagens das
organizações. De uma forma eficaz, pela análise, diagnóstico,
acesso, partilha e relatórios de dados, é possível aos decisores
perceber o que é essencial na sua organização e transformar as
enormes quantidades de dados em informação relevante e
consequentemente em resultados.
IV. ARQUITECTURA DE UM SISTEMA BI
Um sistema BI, na sua vertente tecnológica, está ligado às
fontes de dados e deve ser contextualizado nos sistemas de
informação de uma organização.
Figura 2 – Arqitetura de um Sistema BI [5]
A figura 2 representa o esquema de um sistema tradicional de
BI, desde as ações sobre os dados em back-end, até às
informações produzidas para os decisores, front-end, e são estes
utilizadores finais que retiram partido das informações que fora
produzidas, filtradas e sintetizadas.
Um sistema tradicional de BI é fundamentalmente constituído
por três componentes:
- Um módulo de extract transform and loading (ETL):
Módulo destinado à extração, transformação e carregamento de
dados. É a parte do sistema que extrai os dados das diversas
fontes, ERP, CRM, entre outros já referenciados.
- DW e data marts (DM): após o processo ETL, este é o local
onde se condensam os dados recolhidos.
- Front-end: É a parte do Sistema BI que se encontra
disponível aos decisores, sobre a forma de relatórios, análise
OLAP, data mining, forecasting, entre outros.
V. BI VS ERP
As soluções ERP são sistemas modulares que se adaptam às
áreas funcionais de uma organização. Tornam mais simples a
gestão de uma organização no seu todo, pois é mais prático
utilizar apenas um software de gestão, do que múltiplas
aplicações sem interoperabilidade. Sendo este um dos seus
pontos fortes, muitas organizações investiram numa solução
ERP, na expectativa de acabar com alguns dos seus problemas.
No entanto, no clima atual de constante mudança, as
organizações necessitam de ferramentas melhores para analisar
extensivamente dados e gerir melhor os seus negócios.
Os sistemas BI e ERP têm características distintas, como tal,
não se espera que produzam os mesmos efeitos.
O BI é um sistema online analytical processing (OLAP) e
baseia-se fundamentalmente em DWs. DWs utilizam estruturas
de dados diferentes das estruturas normalizadas de entidade-
relação (utilizadas no ERP). DWs possibilitam a utilização de
modelos de dados multidimensionais que oferecem robustez ao
nível dos relatórios, dashboards, scorecards entre outros
instrumentos de BI que apoiam a tomada de decisão. Para uma
3. melhor ideia, a figura 1 representa um exemplo de modelo de
dados multidimensional.
Figura 1 - Estrutura de dados multidimensionais [4]
Em comparação, ERP é um sistema online transaction
processing (OLTP), uma arquitetura desenvolvida com o
objetivo de proporcionar rapidez na gravação de dados.
Contudo, embora as soluções ERP permitam recolher e
armazenar dados, a maior parte não proporciona a análise
extensiva dos mesmos. A maior parte das soluções ERP utiliza
bases de dados relacionais normalizadas e os relatórios que
disponibilizam são bidimensionais, que correspondem apenas
às necessidades operacionais de uma organização.
As organizações trabalham com enormes quantidades de
dados em múltiplos sistemas. Apesar da maior parte dos dados
encontraram-se em aplicações ERP, as tomadas de decisão
podem ainda requerer dados de outros sistemas, como por
exemplo SCM ou CRM. Como forma de constatação das
limitações dos relatórios e funcionalidades de análise de um
ERP, as organizações que não possuem ferramentas BI,
exportam os dados dos sistemas ERP, CRM, entre outros, e
reúnem-nos em folhas de cálculo e outros documentos para
convergir e analisar informação, como por exemplo elaborar ou
monitorizar um key performance indicator (KPI). Estas fontes
de dados não estruturados e convergidas manualmente, são
instáveis porque dependem da forma de cálculo empregue, das
variáveis consideradas, e estão expostas ao risco de erro
humano. Em resultado o mesmo KPI, em diferentes
documentos, produzidos por analistas distintos, pode não ter
outputs iguais. Com uma ferramenta BI, que recebe dados de
um único local (DW), é eliminada a possibilidade de valores
distintos para o mesmo KPI. Em linguagem corrente, apelida-
se a este facto “A única versão da verdade” [3].
Poder-se-ia ainda pensar em trabalhar os dados diretamente
na implementação típica de ERP, e associar as vantagens de um
sistema BI ao sistema ERP, mas o volume de dados e recursos
computacionais para a sua análise, em paralelo com uma
ferramenta analítica no mesmo sistema iria tornar o sistema
ERP demasiado lento para as tarefas diárias que são
requisitadas pelos utilizadores. Assim, a solução passa pela
introdução de uma camada de ferramentas BI numa fase pós-
implementação do ERP, a fim de serem processados os volumes
de dados promovidos pelo ERP.
É expectável que os sistemas ERP reduzam custos, através
do aumento da eficiência, e até no apoio à tomada de decisão
ao fornecer alguma informação e dados precisos e atempados.
No entanto, não é exequível tomar decisões estratégicas
baseadas diretamente em informações extraídas de uma
implementação típica de ERP. Para se ter visão do negócio mais
precisa, os dados que se encontram dispersos, necessitam de ser
reunidos e trabalhados. Os sistemas de BI têm a arquitetura
necessária e fornecem os instrumentos fundamentais para
apoiar a decisão estratégica. São a resposta para se atingir
análises compreensivas do negócio, e disponibilizam
atempadamente aos decisores, informação critica, de forma a
auxiliar as tomadas de decisão [2].
VI. O FUTURO
Como já vimos, os processos de decisão organizacional são
caracterizados por um meio ambiente em constante mutação e
de grande intensidade concorrencial. Nas últimas décadas as
tecnologias de informação de apoio à gestão têm evoluído
exponencialmente e são o catalisador da mudança. Atualmente,
as inovações tecnológicas promovem, cada vez mais, o
relacionamento entre as componentes técnicas e de gestão, e
que dá origem a uma nova abordagem, o CPM.
BI é um conceito que engloba várias ferramentas
tecnológicas, que permitem realizar análises, produzir
relatórios, e outros outputs relevantes para as organizações. O
crescente envolvimento entre aplicações permite destacar o BI
como um conjunto de tecnologias, de um sistema completo, que
acompanha o ciclo operacional da organização e que
contribuem para a eficácia organizacional. BI envolve os dados
de várias fontes que são triados e integrados na DW. CPM tem
a ver com a transformação desses dados em informação com
sentido, que pode ser utilizada para tomadas de decisão.
O conceito CPM representa a implementação estratégica de
soluções BI [1]. O BI é parte fundamental do CPM mas, CPM
não é só tecnologia, envolve também processos, metodologias
e métricas essenciais na gestão de uma organização. Os
processos de negócio podem incluir a gestão financeira,
marketing, vendas, CRM, SCM, entre outros. BI representa o
axioma de uma análise e implementação CPM. Assim, não se
pode falar de CPM sem falar de BI.
O conceito CPM pressupõe uma abordagem integrada e
sistematizada da estratégia da organização. Consiste em
estabelecer métricas, metodologias e tecnologias para uma
monitorização do desempenho da organização em tempo real e
para a visualização da relação entre as diversas variáveis. CPM
utiliza as metodologias específicas da organização nas suas
atividades e possibilita uma abordagem mais ampla, em vez de
apenas gerar relatórios táticos de processos específicos muitas
vezes divorciados da estratégia empresarial e da perspetiva de
negócio. CPM é implementado sobre processos, de acordo com
um determinada metodologia de negócio, e são utilizados KPIs,
4. previamente definidos, para medir, monitorar e gerir esses
processos de negócio.
VII. CONCLUSÃO
As organizações investiram em soluções ERP com o intuito
de otimizarem a sua componente transacional, racionalizando
processos e formatando a informação de modo eficaz. É
expectável que os sistemas ERP reduzam custos, através do
aumento da eficiência, e até no apoio à tomada de decisão ao
fornecer alguma informação e dados precisos e atempados. No
entanto, não é totalmente fiável tomar decisões estratégicas
baseadas diretamente em dados extraídos de uma
implementação ERP. Para se ter uma visão do negócio mais
ampla e precisa, os dados que se encontram dispersos,
necessitam de ser reunidos e trabalhados. Os sistemas de BI têm
a arquitetura necessária e fornecem os instrumentos
fundamentais para apoiar a decisão estratégica. São a resposta
para se atingir análises compreensivas do negócio, e
disponibilizam atempadamente aos decisores, informação
critica, de forma a auxiliar as tomadas de decisão.
BI é a plataforma empresarial utilizada para relatórios e
análises, tornando-o a base para uma gestão empresarial
eficiente. CPM foca-se na estratégia empresarial, ou seja, na
gestão, monitorização e melhoria dos processos, metodologias e
métricas que conduzem a um aumento do desempenho
organizacional. Como foi mencionado, BI é uma componente
fundamental do CPM. O CPM é o meio atual de atingir o pico
da eficiência organizacional.
REFERÊNCIAS
[1] Cokins, G. 2009. “Performance Management: Integrating
Strategy Execution, Methodologies, Risks, and Analytics”,
John Wiley & Sons, Hoboken, New Jersey.
[2] Geishecker, L., Rayner, N. 2001. “Corporate Performance
Management: BI Collides With ERP”, Gartner Research
Note, Strategic Planning.
[3] King, J. 2003-12-22. "Business Intelligence: One Version of the Truth",
ComputerWorld,
http://www.computerworld.com/s/article/88349/Business_Intelligence_
One_Version_of_the_Truth (Novembro 12, 2013)
[4] Microsoft “Introduction to cubes” http://msdn.microsoft.com/en-
us/library/aa216365%28v=sql.80%29.aspx (Novembro 19, 2013).
[5] Conceição, C. “ERP – Cap 06 – Business Intelligence”, não publicado,
Universidade Europeia, slide 11.