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(fatos entre 2014 e 2017)
Murilo Rosa
02
03
Onde estão os BILHÕES das nossas contas de ativo?
“Cálculo havia apontado perda de R$ 88,6 bilhões, segundo Graça Foster” (G1 28/01/15)
INSIGHTS CORPORATIVOS
▪ Auditoria Interna com uma posição mais assertiva
em relação ao fortalecimento dos controles.
▪ Necessidade de “dar peso” aos assuntos com
potencial de fraude ou no aprofundamento a partir
de indícios.
▪ Papel da auditoria proativa também no Modelo de
Negócios de forma a auxiliar a sustentabilidade do
business.
▪ Adoção de valores corporativos que convergem
com políticas de compliance.
▪ O escândalo de corrupção na Petrobras
(empresa de controle majoritário do governo
brasileiro) é um dos casos centrais e pioneiro
que desencadeou em larga escala a
operação Lava Jato da Polícia Federal.
▪ O rombo nas contas foi inicialmente
divulgado de forma consolidada pela
presidente da companhia (na época) como
parte do resultado reportado no 3º trimestre
de 2014.
▪ A apuração e divulgação das informações foi
tratada com muita atenção e celeridade, no
final de 2014, já que toda empresa listada na
bolsa de valores tem por obrigação publicar
suas Demonstrações Financeiras
trimestralmente (de acordo com as regras da
CVM).
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04
06
Sobre a auditoria da petroleira brasileira
“Não houve corrupção, diz PwC sobre Petrobras” (Exame 28/04/17)
▪ “Se a empresa de auditoria externa não assinar
uma Demonstração Financeira com suspeitas de
fraude, corre o risco de perder o cliente no futuro?”
▪ Casos de repercussão nacional trazem fortes
implicações à rigidez do processo de auditoria
externa. O modus operandi da rotina de avaliação
tende a ser reavaliado.
▪ Quão profunda deve ser a análise da auditoria
externa? A partir de quais confirmações devemos
nos contentar com o cenário analisado?
▪ Qual o “mix” ideal de senioridade dos auditores?
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▪ Sociedades Anônimas (SAs), grandes grupos
de capital fechado e companhias em setores
sensíveis são obrigadas por lei a pagar por
fiscalização externa de suas contas e
práticas.
▪ Após adiar por 2 vezes a divulgação oficial do
seu balanço patrimonial (após as
repercussões da Lava-Jato), a Petrobras
decidiu fazê-lo no primeiro mês de 2015,
mesmo sem a anuência de sua auditoria
externa contratada.
▪ A mesma auditoria externa vinha desde 2012
assinando as demonstrações da empresa de
petróleo brasileira.
▪ Em 2015 a Petrobras reconheceu a baixa por
desvalorização de ativos (impairments)
associada às práticas de corrupção.
INSIGHTS CORPORATIVOS
06
07
Sobre o poder da IMAGEM
“O ppt roubou a cena durante a coletiva da Lava Jato sobre denúncia contra Lula” (VejaSP 14/09/16)
▪ Poder da estratégia de desconstrução da imagem.
▪ Estar ciente das implicações de um julgamento
antecipado. Efeitos colaterais de uma postura
rígida (até mesmo intransigente).
▪ As consequências de tomar partido publicamente.
▪ PPT com erro gramatical (“proinocracia” e
“governabilidade”). Importância do cuidado nas
revisões dos documentos que são apresentados.
▪ Evento público (coletiva de imprensa)
convocado pela força tarefa da operação
lava-jato para explicar as denúncias
contra o ex-presidente Lula.
▪ Na ocasião foi feito um framework
(através do MS PowerPoint) em que
vários pontos ligados a corrupção na
Petrobras indicavam explicitamente a
figura do ex-presidente como ponto
central do esquema.
▪ O coordenador da operação Lava-Jato,
Delton Dallagnol, ainda teve que se
explicar após a polêmica frase “não tenho
prova, mas tenho convicção!” (não dita
literalmente por ele) ser utilizada no
contexto da defesa de Lula.
▪ Conteúdo viral: “Lula PPT generator”.
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INSIGHTS CORPORATIVOS
08
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A construção da operação ASSISTIDA
“Polícia Federal prende ex-deputado Rodrigo Rocha Loures em Brasília” (G1 03/06/17)
▪ “Engenharia reversa” para coleta de provas.
▪ Sobre as diferenças entre prova, evidência e
indício.
▪ Tabu da “reação perfeita” frente a situação de
propina (foco em áreas comerciais).
▪ Perigo da ansiedade e impulsividade nas
tomadas de decisão. Pode impedir o verdadeiro
sucesso de algo que pode necessitar de tempo
ou ainda atrapalhar um trabalho potencial em
construção.
▪ Deputado e ex-assessor de Temer foi
flagrado recebendo mala com R$ 500
mil que, segundo delator da JBS, era
propina.
▪ Ele era apontado pelos delatores como
intermediário de Temer para assuntos
do grupo J&F.
▪ A cena gravada pela Polícia Federal
mostra o ex-assessor deixando uma
pizzaria em São Paulo e levando uma
mala com o dinheiro até o porta-malas
de um táxi.
▪ Após a divulgação das imagens, Rocha
Loures providencia auxilio de
advogados e então entrega em duas
parcelas o dinheiro para a PF.
link
INSIGHTS CORPORATIVOS
10
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A importância do PATROCÍNIO
“Agora, que esse gesto (receber R$ 500 mil) não é aprovável” (Temer para Folha 23/06/17)
▪ Perigo da escalada de comprometimento com as
contratações ou promoções.
▪ Cuidado com as definições de cargo de confiança
e a seriedade que elas podem carregar.
▪ A armadilha da solidariedade e do eufemismo
seletivo.
▪ Ao mesmo tempo (e em uma vertente positiva), o
patrocínio pode quebrar barreiras e facilitar o
desenvolvimento de trabalhos e projetos.
▪ Após a operação assistida, muito se
especulou sobre o futuro do então ex-
assessor e ex-deputado. A base aliada
da época (incluindo o então presidente
Temer) tratou de amenizar o assunto e
os impactos do que foi tratado apenas
como gesto.
▪ O presidente Temer disse ainda ter
convicção da “muito boa índole” de
Roucha Loures. Fazendo claramente
um juízo de caráter do ex-assessor,
contudo buscando ao mesmo tempo
não atrelar (em entrevista) a imagem de
Rocha Loures e do ato de corrupção
praticado com sua própria imagem.
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INSIGHTS CORPORATIVOS
12
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As RELAÇÕES PÚBLICAS durante a investigação
“Odebrecht assina acordo de leniência com procuradores da Lava Jato” (Folha 01/12/16)
▪ Cuidados sobre o press release inicial.
▪ Impactos na cultura organizacional. Os eventos
devem servir para reflexão e realinhamento da
cultura organizacional (e dos valores).
▪ Surgimento (ou fortalecimento) de departamentos
focados em compliance como resposta imediata
(ex.: GRC).
▪ Desassociação da figura do empresário no negócio.
▪ Lei da Empresa Limpa já trata a chamada
“Responsabilidade Objetiva”.
▪ Logo que as investigações chegaram na
Odebrecht em julho de 2015, Marcelo
Odebrecht declarou: “As autoridades
podem investigar à vontade que não
acharão nada sobre nós.”
▪ No mesmo período o empresário (e
representante da empresa) lamentou o
que considerou uma "irresponsabilidade
da qual a Odebrecht vinha sendo alvo”.
▪ Já ao final de 2016 a empresa assinou
acordo de leniência e delação premiada
para 77 executivos. Com esse acordo a
empresa garantiu o direito de continuar
sendo contratada pelo poder público e
de contratar empréstimos junto a
instituições financeiras.
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INSIGHTS CORPORATIVOS
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A imagem daquele que INVESTIGA
▪ Saber que os limites servem para todos e que
alguns serão mais visados em função do cargo
de liderança que ocupam. Por isso o aspecto
comportamental pode ser fator-chave para o
equilíbrio no trabalho, principalmente em
momentos de tensão.
▪ A diferença entre ser honesto e parecer honesto
(viés da percepção). Importante buscar o
alinhamento entre as duas visões.
▪ Rodrigo Janot foi flagrado (em um bar)
conversando com o advogado da J&F
um dia após a Procuradoria pedir a
prisão de Joesley Batista e Ricardo
Saud (delatores na lava-jato).
▪ O procurador e advogado trataram do
ocorrido como um encontro que ocorreu
“casualmente”, ou seja, sem
premeditação ou agenda definida.
▪ Na época as ações do procurador Janot
reverberavam com força nos políticos e
empresários investigados. Os mesmos
se aproveitaram da situação para
questionar a imagem do investigador,
fixando banners com a foto desse
encontro pela cidade de Brasília.
“Advogado de Joesley e Janot se encontram em bar após pedido de prisão” (Folha 10/09/17)
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INSIGHTS CORPORATIVOS
16
17
ISONOMIA ou mostra de poder?
▪ Não há necessidade de mostrar força e acuar
concorrentes, adversários, etc. Um agente
acuado pode tomar medidas drásticas que
não convergem necessariamente para o
atingimento dos objetivos.
▪ Importância de tratar de forma igual todos,
independentemente de haver relação de
hierarquia ou poder. A percepção dos outros
sobre o tratamento dado é relevante.
▪ Em uma conversa periciada pela PF, o
empresário da J&F reclama para um
político deputado o tratamento que os
empresários vinham tendo no decorrer
das investigações.
▪ Na avaliação de Joesley, métodos como
prisão e bloqueio de bens deveriam ser
usados, por exemplo, com integrantes
da facção criminosa Primeiro Comando
da Capital (PCC), não com
empresários.
▪ Em parte da conversa Joesley exalta
que não poderá mais fazer roadshows
para investidores com o intuito de
captar crédito para a empresa, deixando
claro o prejuízo de sua imagem.
“Em áudio, Joesley diz ter reclamado a procurador sobre tratamento dado a empresários
investigados” (G1 16/10/17)
link
INSIGHTS CORPORATIVOS
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Quando a investigação atinge muitos
▪ O fechamento da lógica nas investigações,
com a condenação completa: quem disse que
cometeu fraude e ofereceu vantagens é
punido, mas quem recebeu (tais vantagens)
ainda precisa ser investigado. Nesse caso há
coerência?
▪ Atenção para evitar o tratamento genérico em
público, mesmo quando a maioria tem
comportamento aparentemente similar.
▪ Em abril de 2017 o ministro do STF
determinou a abertura de diversos
inquéritos contra 8 ministros, 24
senadores e 39 deputados federais.
▪ A leva de inquéritos atendia um pedido
do procurador Rodrigo Janot, que se
baseava na delação de 78 executivos
da Odebrecht.
▪ Entre os crimes mais comuns delatados
estão: corrupção passiva, corrupção
ativa, lavagem de dinheiro, falsidade
ideológica, formação de cartel e fraude
de licitações.
▪ Vários dos investigados apresentam
foro privilegiado, o que restringe o
julgamento de seus processos em
instâncias inferiores ao STF.
“Lava Jato: Fachin abre inquérito contra ministros e parlamentares” (UOL 11/04/17)
link
INSIGHTS CORPORATIVOS
20
21
Faltou “A” prova?
▪ O contexto deve ser suficiente para que
conclusões sejam feitas?
▪ Importante dar o peso necessário em
questões de política organizacional.
▪ Dificuldade em combater as fraudes e crimes
financeiros de “hoje” com técnicas e
ferramentas de “ontem”.
▪ Em 12 de julho de 2017 o juiz federal
Sérgio Moro declara a sentença com
condenação de 9 anos e seis meses
para o ex-presidente pelos crimes de
corrupção passiva e lavagem de
dinheiro, ligadas ao caso do
apartamento triplex no Guarujá.
▪ Na sentença de 239 páginas de Moro o
nome de Lula aparece 557 vezes,
enfatizando a participação criminosa, e
com papel de liderança, do acusado no
contexto investigado.
▪ A sentença de Moro obteve críticas
jurídicas, principalmente no âmbito de
defesa, já que a conclusão foi baseada
em um “conjunto indiciário”.
“Em sentença de 238 páginas, Moro cita o nome de Lula 557 vezes” (Correio Braziliense 13/07/17)
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INSIGHTS CORPORATIVOS
22
23
O publico não é PRIVADO
▪ Falar em nome próprio ou em nome da
Organização. Há distinção clara?
▪ O poder do exemplo que é dado pelas figuras
de liderança.
▪ Dificuldade de reverter uma situação que afeta
imagem ou marca. Muito esforço e tempo com
chances limitadas a depender do ocorrido.
▪ A estratégia de fuga dos holofotes para
controlar danos com a exposição excessiva.
▪ Em gravação feita por Joesley Batista, o
senador Aécio Neves negocia
empréstimo de R$ 2 milhões junto ao
dono da JBS alegando que precisa do
dinheiro para pagar advogados.
▪ Durante a conversa Aécio utilizou vários
palavrões e fez referências a situações
constrangedoras envolvendo políticos e
familiares.
▪ Em nota posterior o senador pediu
desculpas para seus eleitores e fez
questão de dizer que adotou uma
“linguagem não usual” na conversa.
Certamente diferente daquela feita nos
discursos enquanto figura política.
“Aécio e Joesley Batista acertam pagamento de R$ 2 milhões” (G1 19/05/17)
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INSIGHT CORPORATIVO
24
25
CREDIBILIDADE do denunciante
▪ Limites para o uso da informação do
denunciante (3 possibilidades de “verdade” na
interlocução: verdade integral, verdade parcial
e mentira integral).
▪ Trade-off entre obter a informação e aplicar a
punição.
▪ Diferença entre punição do estado e punição
corporativa em casos de crime.
▪ O parlamentar foi preso a pedido do
Juiz Sergio Moro após acusação de
propina na Petrobras e uso de conta na
Suíça com o intuito de lavar dinheiro.
▪ Após período preso ele tenta negociar
uma espécie de delação com a PGR,
sem sucesso.
▪ Cunha, reclamam os procuradores
envolvidos, é incapaz de reconhecer
sua participação em falcatruas na
Petrobras. O peemedebista também
poupa políticos próximos a ele e não
consegue provar as acusações que faz.
▪ Rodrigo Janot, classificara a proposta
de delação de Cunha como “biscoito de
polvilho” porque só fazia barulho.
“PGR encerra negociação de delação premiada com Eduardo Cunha” (Época 11/08/17)
link
INSIGHT CORPORATIVO
26
27
O CUSTO do poder
▪ Quando alguém busca compartilhar riscos
para algo.
▪ Qual o documento assinado que “passa a
régua” no assunto?
▪ Para barrar suas duas denúncias na
câmara dos deputados, o então
presidente Temer decide liberar
emendas parlamentares. Nos meses de
tramitação de suas denúncias, junho,
julho e setembro de 2017 foram
liberados, R$ 2 bilhões, R$ 2,2 bilhões e
mais de R$ 800 milhões,
respectivamente.
▪ As emendas parlamentares são
indicações feitas por deputados e
senadores de como o governo deve
gastar parte dos recursos previstos no
Orçamento. Os parlamentares
costumam privilegiar seus redutos
eleitorais com esse dinheiro.
“Governo reabre cofre para barrar denúncia contra Temer” (Estadão 27/09/17)
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INSIGHT CORPORATIVO
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O RECORDE do dinheiro
▪ O crime compensa em termos de
sustentabilidade e crescimento? O que os
números e cases podem nos dizer...
▪ A empresa não abre mão dos seus valores. O
trabalho não trivial de escolher os valores e
aplica-los em uma empresa.
▪ A visão pode canibalizar o valor? Existem
objetivos conflitantes?
▪ Após negociação com o MPF, a J&F
(controladora da JBS) aceitou pagar
uma multa de R$ 10,3 bilhões pelo seu
papel no escândalo de corrupção
envolvendo a empresa e as instituições
do governo.
▪ Computada como a maior indenização
da história por crime de corrupção, a
multa representa cerca 5% do
faturamento da empresa (referência de
2016)
▪ Esta é a maior multa já fixada para um
acordo de corrupção no mundo,
ultrapassando os cerca de R$ 8 bilhões
que o Grupo Odebrecht concordou em
pagar no Brasil e Estados Unidos,
também ligados a Lava-jato.
“JBS supera Odebrecht e vai pagar maior multa da história por corrupção” (El Pais 31/05/17)
link
INSIGHT CORPORATIVO
30
31
O ATAQUE como defesa
▪ Estratégia clássica de desqualificação do
denunciante.
▪ Consultor para dizer algo que já é de
conhecimento ou algo em que já há uma
percepção forte.
▪ Alguns dias após o vazamento das
conversas com Joesley Batista, Temer
contrata o perito Ricardo Molina para
analisar as tecnicamente a gravação
entre ele e o empresário da JBS.
▪ Em uma coletiva para a imprensa o
especialista classificou a gravação de
“imprestável como prova”.
▪ No ponto mais sensível da conversa, no
qual Joesley cita o ex-deputado
Eduardo Cunha e ouve a resposta de
Temer: “Tem que manter isso, viu?”,
Molina explica que nesse trecho, de 17
segundos, foram encontrados seis
pontos de possível edição.
“Contratado por Temer, Molina diz que áudio não pode ser usado como prova” (Folha 22/05/17)
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INSIGHT CORPORATIVO
32
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POLARIZAÇÃO de ideias e posições
▪ Inteligência emocional e linguagem não-verbal.
▪ Capacidade de articular e negociar sem ser
intransigente.
▪ Não atrair a polarização, buscar posições
ponderadas.
▪ A polarização afasta as intenções de
diversidade. Isso prejudica o ambiente,
restringe inovação e nos prende nas chamadas
“bolhas”.
▪ Em um depoimento presencial no mês de
setembro de 2017 sobre os processos da
Lava-jato, o ex-presidente se diz
injustiçado por não ter tratamento
imparcial do juiz Sérgio Moro. Ao final da
audiência ele pergunta: “[...] vim a
Curitiba prestar depoimento a um juiz
imparcial?”.
▪ Mesmo sem ter a obrigação de responder
o juiz diz: “Não cabe ao senhor fazer
esse tipo de questionamento, mas de
todo modo, sim.”
▪ No mesmo depoimento Lula ainda afirma:
“[...] Querem encontrar alguém para me
criminalizar. Em todas ações, o objetivo é
esse.”
“Lula pergunta a Moro: ‘prestei depoimento a um juiz imparcial?’” (Carta Capital 13/09/17)
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INSIGHT CORPORATIVO
34
35
AMEAÇAS dos investigados
▪ Tomar decisões com base em critérios
subjetivos.
▪ Ignorar ou aceitar o potencial de um pedaço
de informação (heurística da ancoragem).
▪ Saber como vai começar e ter pouca ideia de
como vai terminar. Táticas de xadrez.
▪ Ao condenar Palocci a mais de 12 anos
de prisão o juiz Sérgio Moro escreveu o
seguinte sobre o ex-ministro: “Suas
declarações em audiência, de que seria
inocente, mas que teria muito a
contribuir com a Lava Jato, só não o
fazendo no momento pela 'sensibilidade
da informação', soaram mais como uma
ameaça para que terceiros o auxiliem
indevidamente para a revogação da
preventiva, do que propriamente como
uma declaração sincera de que
pretendia naquele momento colaborar
com a Justiça”
▪ Na ocasião Palocci afirmou que poderia
render mais um ano de operação Lava-
Jato com as informações tinha.
“Moro: soou como 'ameaça' Palocci ter dito que podia ajudar a Lava Jato” (G1 26/06/17)
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INSIGHT CORPORATIVO
36
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A força das “NOVAS” INSTITUIÇÕES
▪ Fazer o certo independentemente do lado.
▪ Perigo de tomar partido (violação de uma das
“regras do poder”).
▪ Empresa integra só se relaciona com empresa
integra.
▪ Em depoimento para a Lava-jato Lula diz:
“Só quero dizer que há uma caça às
bruxas e, então, eu fiquei muito
preocupado com a delação do Palocci
porque ele poderia ter falado eu fiz isso
ou aquilo de errado... Ele espertamente
disse 'não é que sou santo' e pau no
Lula.”
▪ Embora tenha acusado Palocci de mentir,
Lula também o elogiara, destacando seu
o trabalho no comando da economia
brasileira de 2003 a 2005.
▪ O ex-presidente ainda completou que “o
Brasil deve ao Palocci”, mas que ele se
prestou a um serviço pequeno ao
inventar inverdades para tentar incrimina-
lo.
“Lula diz que ficou preocupado com delação de Palocci” (O Globo 13/09/17)
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INSIGHT CORPORATIVO
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Existe MATERIALIDADE?
▪ As definições de materialidade devem ser
flexíveis?
▪ A soma das partes em um esquema de fraude
/ corrupção podem trazer a materialidade
necessária para o inicio da investigação.
▪ Perigo da “aversão ao sistema bancário”!
▪ Em operação da polícia federal
(deflagrada em setembro de 2017) foram
apreendidos R$ 51 milhões no local onde
seria o “bunker” do ex-ministro Geddel
Vieira Lima.
▪ A defesa do ex-ministro afirmou ao STF
(em 2018) que o montante encontrado
decorre da “simples guarda de valores
em espécie”.
▪ Ainda de acordo com a defesa, Geddel e
seus familiares (que também foram
envolvidos na investigação) não podem
ser acusados dos crimes (de lavagem de
dinheiro e associação criminosa) porque
a denúncia apresentada está baseada
em uma “verdadeira teia de ilações e
suposições”.
“Acabou a contagem: R$ 51 milhões no bunker de Geddel” (Estadão 06/09/17)
link
INSIGHT CORPORATIVO
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Novo CONTROLE ou novo modus operandi?
▪ Perigo de criar mudanças de políticas para dar
nova roupagem às operações, sem de fato
endereçar as questões problemáticas.
▪ Ponto de auditoria atendido, mas as ações
tiveram efetividade se olhado o issue
originalmente identificado?
▪ Aperfeiçoamento dos mecanismos de
integridade.
▪ Com uma manobra por parte dos
senadores, o plenário aprovou em
outubro de 2017 o projeto de lei da
reforma política que regulamenta o
fundo público de financiamento de
campanhas eleitorais, estimado em R$
1,7 bilhão para as eleições de 2018.
▪ A ideia é que o “fundão” funcione
apenas em ano eleitoral, e que o
dinheiro venha de uma porcentagem
fixa: 0,5% da receita corrente dos
últimos doze meses.
▪ Com o fim das doações privadas, algum
financiamento público passa a ser
necessário e especialistas consideram
esse investimento como “o custo da
democracia”.
“Senado faz manobra e regulamenta fundão eleitoral de R$ 1,7 bi” (UOL 05/10/17)
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20 situações-chave ligadas à operação Lava Jato e seus insights para o ambiente corporativo

  • 1. (fatos entre 2014 e 2017) Murilo Rosa
  • 2. 02
  • 3. 03 Onde estão os BILHÕES das nossas contas de ativo? “Cálculo havia apontado perda de R$ 88,6 bilhões, segundo Graça Foster” (G1 28/01/15) INSIGHTS CORPORATIVOS ▪ Auditoria Interna com uma posição mais assertiva em relação ao fortalecimento dos controles. ▪ Necessidade de “dar peso” aos assuntos com potencial de fraude ou no aprofundamento a partir de indícios. ▪ Papel da auditoria proativa também no Modelo de Negócios de forma a auxiliar a sustentabilidade do business. ▪ Adoção de valores corporativos que convergem com políticas de compliance. ▪ O escândalo de corrupção na Petrobras (empresa de controle majoritário do governo brasileiro) é um dos casos centrais e pioneiro que desencadeou em larga escala a operação Lava Jato da Polícia Federal. ▪ O rombo nas contas foi inicialmente divulgado de forma consolidada pela presidente da companhia (na época) como parte do resultado reportado no 3º trimestre de 2014. ▪ A apuração e divulgação das informações foi tratada com muita atenção e celeridade, no final de 2014, já que toda empresa listada na bolsa de valores tem por obrigação publicar suas Demonstrações Financeiras trimestralmente (de acordo com as regras da CVM). link
  • 4. 04
  • 5. 06 Sobre a auditoria da petroleira brasileira “Não houve corrupção, diz PwC sobre Petrobras” (Exame 28/04/17) ▪ “Se a empresa de auditoria externa não assinar uma Demonstração Financeira com suspeitas de fraude, corre o risco de perder o cliente no futuro?” ▪ Casos de repercussão nacional trazem fortes implicações à rigidez do processo de auditoria externa. O modus operandi da rotina de avaliação tende a ser reavaliado. ▪ Quão profunda deve ser a análise da auditoria externa? A partir de quais confirmações devemos nos contentar com o cenário analisado? ▪ Qual o “mix” ideal de senioridade dos auditores? link ▪ Sociedades Anônimas (SAs), grandes grupos de capital fechado e companhias em setores sensíveis são obrigadas por lei a pagar por fiscalização externa de suas contas e práticas. ▪ Após adiar por 2 vezes a divulgação oficial do seu balanço patrimonial (após as repercussões da Lava-Jato), a Petrobras decidiu fazê-lo no primeiro mês de 2015, mesmo sem a anuência de sua auditoria externa contratada. ▪ A mesma auditoria externa vinha desde 2012 assinando as demonstrações da empresa de petróleo brasileira. ▪ Em 2015 a Petrobras reconheceu a baixa por desvalorização de ativos (impairments) associada às práticas de corrupção. INSIGHTS CORPORATIVOS
  • 6. 06
  • 7. 07 Sobre o poder da IMAGEM “O ppt roubou a cena durante a coletiva da Lava Jato sobre denúncia contra Lula” (VejaSP 14/09/16) ▪ Poder da estratégia de desconstrução da imagem. ▪ Estar ciente das implicações de um julgamento antecipado. Efeitos colaterais de uma postura rígida (até mesmo intransigente). ▪ As consequências de tomar partido publicamente. ▪ PPT com erro gramatical (“proinocracia” e “governabilidade”). Importância do cuidado nas revisões dos documentos que são apresentados. ▪ Evento público (coletiva de imprensa) convocado pela força tarefa da operação lava-jato para explicar as denúncias contra o ex-presidente Lula. ▪ Na ocasião foi feito um framework (através do MS PowerPoint) em que vários pontos ligados a corrupção na Petrobras indicavam explicitamente a figura do ex-presidente como ponto central do esquema. ▪ O coordenador da operação Lava-Jato, Delton Dallagnol, ainda teve que se explicar após a polêmica frase “não tenho prova, mas tenho convicção!” (não dita literalmente por ele) ser utilizada no contexto da defesa de Lula. ▪ Conteúdo viral: “Lula PPT generator”. link INSIGHTS CORPORATIVOS
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  • 9. 09 A construção da operação ASSISTIDA “Polícia Federal prende ex-deputado Rodrigo Rocha Loures em Brasília” (G1 03/06/17) ▪ “Engenharia reversa” para coleta de provas. ▪ Sobre as diferenças entre prova, evidência e indício. ▪ Tabu da “reação perfeita” frente a situação de propina (foco em áreas comerciais). ▪ Perigo da ansiedade e impulsividade nas tomadas de decisão. Pode impedir o verdadeiro sucesso de algo que pode necessitar de tempo ou ainda atrapalhar um trabalho potencial em construção. ▪ Deputado e ex-assessor de Temer foi flagrado recebendo mala com R$ 500 mil que, segundo delator da JBS, era propina. ▪ Ele era apontado pelos delatores como intermediário de Temer para assuntos do grupo J&F. ▪ A cena gravada pela Polícia Federal mostra o ex-assessor deixando uma pizzaria em São Paulo e levando uma mala com o dinheiro até o porta-malas de um táxi. ▪ Após a divulgação das imagens, Rocha Loures providencia auxilio de advogados e então entrega em duas parcelas o dinheiro para a PF. link INSIGHTS CORPORATIVOS
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  • 11. 11 A importância do PATROCÍNIO “Agora, que esse gesto (receber R$ 500 mil) não é aprovável” (Temer para Folha 23/06/17) ▪ Perigo da escalada de comprometimento com as contratações ou promoções. ▪ Cuidado com as definições de cargo de confiança e a seriedade que elas podem carregar. ▪ A armadilha da solidariedade e do eufemismo seletivo. ▪ Ao mesmo tempo (e em uma vertente positiva), o patrocínio pode quebrar barreiras e facilitar o desenvolvimento de trabalhos e projetos. ▪ Após a operação assistida, muito se especulou sobre o futuro do então ex- assessor e ex-deputado. A base aliada da época (incluindo o então presidente Temer) tratou de amenizar o assunto e os impactos do que foi tratado apenas como gesto. ▪ O presidente Temer disse ainda ter convicção da “muito boa índole” de Roucha Loures. Fazendo claramente um juízo de caráter do ex-assessor, contudo buscando ao mesmo tempo não atrelar (em entrevista) a imagem de Rocha Loures e do ato de corrupção praticado com sua própria imagem. link INSIGHTS CORPORATIVOS
  • 12. 12
  • 13. 13 As RELAÇÕES PÚBLICAS durante a investigação “Odebrecht assina acordo de leniência com procuradores da Lava Jato” (Folha 01/12/16) ▪ Cuidados sobre o press release inicial. ▪ Impactos na cultura organizacional. Os eventos devem servir para reflexão e realinhamento da cultura organizacional (e dos valores). ▪ Surgimento (ou fortalecimento) de departamentos focados em compliance como resposta imediata (ex.: GRC). ▪ Desassociação da figura do empresário no negócio. ▪ Lei da Empresa Limpa já trata a chamada “Responsabilidade Objetiva”. ▪ Logo que as investigações chegaram na Odebrecht em julho de 2015, Marcelo Odebrecht declarou: “As autoridades podem investigar à vontade que não acharão nada sobre nós.” ▪ No mesmo período o empresário (e representante da empresa) lamentou o que considerou uma "irresponsabilidade da qual a Odebrecht vinha sendo alvo”. ▪ Já ao final de 2016 a empresa assinou acordo de leniência e delação premiada para 77 executivos. Com esse acordo a empresa garantiu o direito de continuar sendo contratada pelo poder público e de contratar empréstimos junto a instituições financeiras. link INSIGHTS CORPORATIVOS
  • 14. 14
  • 15. 15 A imagem daquele que INVESTIGA ▪ Saber que os limites servem para todos e que alguns serão mais visados em função do cargo de liderança que ocupam. Por isso o aspecto comportamental pode ser fator-chave para o equilíbrio no trabalho, principalmente em momentos de tensão. ▪ A diferença entre ser honesto e parecer honesto (viés da percepção). Importante buscar o alinhamento entre as duas visões. ▪ Rodrigo Janot foi flagrado (em um bar) conversando com o advogado da J&F um dia após a Procuradoria pedir a prisão de Joesley Batista e Ricardo Saud (delatores na lava-jato). ▪ O procurador e advogado trataram do ocorrido como um encontro que ocorreu “casualmente”, ou seja, sem premeditação ou agenda definida. ▪ Na época as ações do procurador Janot reverberavam com força nos políticos e empresários investigados. Os mesmos se aproveitaram da situação para questionar a imagem do investigador, fixando banners com a foto desse encontro pela cidade de Brasília. “Advogado de Joesley e Janot se encontram em bar após pedido de prisão” (Folha 10/09/17) link INSIGHTS CORPORATIVOS
  • 16. 16
  • 17. 17 ISONOMIA ou mostra de poder? ▪ Não há necessidade de mostrar força e acuar concorrentes, adversários, etc. Um agente acuado pode tomar medidas drásticas que não convergem necessariamente para o atingimento dos objetivos. ▪ Importância de tratar de forma igual todos, independentemente de haver relação de hierarquia ou poder. A percepção dos outros sobre o tratamento dado é relevante. ▪ Em uma conversa periciada pela PF, o empresário da J&F reclama para um político deputado o tratamento que os empresários vinham tendo no decorrer das investigações. ▪ Na avaliação de Joesley, métodos como prisão e bloqueio de bens deveriam ser usados, por exemplo, com integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), não com empresários. ▪ Em parte da conversa Joesley exalta que não poderá mais fazer roadshows para investidores com o intuito de captar crédito para a empresa, deixando claro o prejuízo de sua imagem. “Em áudio, Joesley diz ter reclamado a procurador sobre tratamento dado a empresários investigados” (G1 16/10/17) link INSIGHTS CORPORATIVOS
  • 18. 18
  • 19. 19 Quando a investigação atinge muitos ▪ O fechamento da lógica nas investigações, com a condenação completa: quem disse que cometeu fraude e ofereceu vantagens é punido, mas quem recebeu (tais vantagens) ainda precisa ser investigado. Nesse caso há coerência? ▪ Atenção para evitar o tratamento genérico em público, mesmo quando a maioria tem comportamento aparentemente similar. ▪ Em abril de 2017 o ministro do STF determinou a abertura de diversos inquéritos contra 8 ministros, 24 senadores e 39 deputados federais. ▪ A leva de inquéritos atendia um pedido do procurador Rodrigo Janot, que se baseava na delação de 78 executivos da Odebrecht. ▪ Entre os crimes mais comuns delatados estão: corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, formação de cartel e fraude de licitações. ▪ Vários dos investigados apresentam foro privilegiado, o que restringe o julgamento de seus processos em instâncias inferiores ao STF. “Lava Jato: Fachin abre inquérito contra ministros e parlamentares” (UOL 11/04/17) link INSIGHTS CORPORATIVOS
  • 20. 20
  • 21. 21 Faltou “A” prova? ▪ O contexto deve ser suficiente para que conclusões sejam feitas? ▪ Importante dar o peso necessário em questões de política organizacional. ▪ Dificuldade em combater as fraudes e crimes financeiros de “hoje” com técnicas e ferramentas de “ontem”. ▪ Em 12 de julho de 2017 o juiz federal Sérgio Moro declara a sentença com condenação de 9 anos e seis meses para o ex-presidente pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, ligadas ao caso do apartamento triplex no Guarujá. ▪ Na sentença de 239 páginas de Moro o nome de Lula aparece 557 vezes, enfatizando a participação criminosa, e com papel de liderança, do acusado no contexto investigado. ▪ A sentença de Moro obteve críticas jurídicas, principalmente no âmbito de defesa, já que a conclusão foi baseada em um “conjunto indiciário”. “Em sentença de 238 páginas, Moro cita o nome de Lula 557 vezes” (Correio Braziliense 13/07/17) link INSIGHTS CORPORATIVOS
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  • 23. 23 O publico não é PRIVADO ▪ Falar em nome próprio ou em nome da Organização. Há distinção clara? ▪ O poder do exemplo que é dado pelas figuras de liderança. ▪ Dificuldade de reverter uma situação que afeta imagem ou marca. Muito esforço e tempo com chances limitadas a depender do ocorrido. ▪ A estratégia de fuga dos holofotes para controlar danos com a exposição excessiva. ▪ Em gravação feita por Joesley Batista, o senador Aécio Neves negocia empréstimo de R$ 2 milhões junto ao dono da JBS alegando que precisa do dinheiro para pagar advogados. ▪ Durante a conversa Aécio utilizou vários palavrões e fez referências a situações constrangedoras envolvendo políticos e familiares. ▪ Em nota posterior o senador pediu desculpas para seus eleitores e fez questão de dizer que adotou uma “linguagem não usual” na conversa. Certamente diferente daquela feita nos discursos enquanto figura política. “Aécio e Joesley Batista acertam pagamento de R$ 2 milhões” (G1 19/05/17) link INSIGHT CORPORATIVO
  • 24. 24
  • 25. 25 CREDIBILIDADE do denunciante ▪ Limites para o uso da informação do denunciante (3 possibilidades de “verdade” na interlocução: verdade integral, verdade parcial e mentira integral). ▪ Trade-off entre obter a informação e aplicar a punição. ▪ Diferença entre punição do estado e punição corporativa em casos de crime. ▪ O parlamentar foi preso a pedido do Juiz Sergio Moro após acusação de propina na Petrobras e uso de conta na Suíça com o intuito de lavar dinheiro. ▪ Após período preso ele tenta negociar uma espécie de delação com a PGR, sem sucesso. ▪ Cunha, reclamam os procuradores envolvidos, é incapaz de reconhecer sua participação em falcatruas na Petrobras. O peemedebista também poupa políticos próximos a ele e não consegue provar as acusações que faz. ▪ Rodrigo Janot, classificara a proposta de delação de Cunha como “biscoito de polvilho” porque só fazia barulho. “PGR encerra negociação de delação premiada com Eduardo Cunha” (Época 11/08/17) link INSIGHT CORPORATIVO
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  • 27. 27 O CUSTO do poder ▪ Quando alguém busca compartilhar riscos para algo. ▪ Qual o documento assinado que “passa a régua” no assunto? ▪ Para barrar suas duas denúncias na câmara dos deputados, o então presidente Temer decide liberar emendas parlamentares. Nos meses de tramitação de suas denúncias, junho, julho e setembro de 2017 foram liberados, R$ 2 bilhões, R$ 2,2 bilhões e mais de R$ 800 milhões, respectivamente. ▪ As emendas parlamentares são indicações feitas por deputados e senadores de como o governo deve gastar parte dos recursos previstos no Orçamento. Os parlamentares costumam privilegiar seus redutos eleitorais com esse dinheiro. “Governo reabre cofre para barrar denúncia contra Temer” (Estadão 27/09/17) link INSIGHT CORPORATIVO
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  • 29. 29 O RECORDE do dinheiro ▪ O crime compensa em termos de sustentabilidade e crescimento? O que os números e cases podem nos dizer... ▪ A empresa não abre mão dos seus valores. O trabalho não trivial de escolher os valores e aplica-los em uma empresa. ▪ A visão pode canibalizar o valor? Existem objetivos conflitantes? ▪ Após negociação com o MPF, a J&F (controladora da JBS) aceitou pagar uma multa de R$ 10,3 bilhões pelo seu papel no escândalo de corrupção envolvendo a empresa e as instituições do governo. ▪ Computada como a maior indenização da história por crime de corrupção, a multa representa cerca 5% do faturamento da empresa (referência de 2016) ▪ Esta é a maior multa já fixada para um acordo de corrupção no mundo, ultrapassando os cerca de R$ 8 bilhões que o Grupo Odebrecht concordou em pagar no Brasil e Estados Unidos, também ligados a Lava-jato. “JBS supera Odebrecht e vai pagar maior multa da história por corrupção” (El Pais 31/05/17) link INSIGHT CORPORATIVO
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  • 31. 31 O ATAQUE como defesa ▪ Estratégia clássica de desqualificação do denunciante. ▪ Consultor para dizer algo que já é de conhecimento ou algo em que já há uma percepção forte. ▪ Alguns dias após o vazamento das conversas com Joesley Batista, Temer contrata o perito Ricardo Molina para analisar as tecnicamente a gravação entre ele e o empresário da JBS. ▪ Em uma coletiva para a imprensa o especialista classificou a gravação de “imprestável como prova”. ▪ No ponto mais sensível da conversa, no qual Joesley cita o ex-deputado Eduardo Cunha e ouve a resposta de Temer: “Tem que manter isso, viu?”, Molina explica que nesse trecho, de 17 segundos, foram encontrados seis pontos de possível edição. “Contratado por Temer, Molina diz que áudio não pode ser usado como prova” (Folha 22/05/17) link INSIGHT CORPORATIVO
  • 32. 32
  • 33. 33 POLARIZAÇÃO de ideias e posições ▪ Inteligência emocional e linguagem não-verbal. ▪ Capacidade de articular e negociar sem ser intransigente. ▪ Não atrair a polarização, buscar posições ponderadas. ▪ A polarização afasta as intenções de diversidade. Isso prejudica o ambiente, restringe inovação e nos prende nas chamadas “bolhas”. ▪ Em um depoimento presencial no mês de setembro de 2017 sobre os processos da Lava-jato, o ex-presidente se diz injustiçado por não ter tratamento imparcial do juiz Sérgio Moro. Ao final da audiência ele pergunta: “[...] vim a Curitiba prestar depoimento a um juiz imparcial?”. ▪ Mesmo sem ter a obrigação de responder o juiz diz: “Não cabe ao senhor fazer esse tipo de questionamento, mas de todo modo, sim.” ▪ No mesmo depoimento Lula ainda afirma: “[...] Querem encontrar alguém para me criminalizar. Em todas ações, o objetivo é esse.” “Lula pergunta a Moro: ‘prestei depoimento a um juiz imparcial?’” (Carta Capital 13/09/17) link INSIGHT CORPORATIVO
  • 34. 34
  • 35. 35 AMEAÇAS dos investigados ▪ Tomar decisões com base em critérios subjetivos. ▪ Ignorar ou aceitar o potencial de um pedaço de informação (heurística da ancoragem). ▪ Saber como vai começar e ter pouca ideia de como vai terminar. Táticas de xadrez. ▪ Ao condenar Palocci a mais de 12 anos de prisão o juiz Sérgio Moro escreveu o seguinte sobre o ex-ministro: “Suas declarações em audiência, de que seria inocente, mas que teria muito a contribuir com a Lava Jato, só não o fazendo no momento pela 'sensibilidade da informação', soaram mais como uma ameaça para que terceiros o auxiliem indevidamente para a revogação da preventiva, do que propriamente como uma declaração sincera de que pretendia naquele momento colaborar com a Justiça” ▪ Na ocasião Palocci afirmou que poderia render mais um ano de operação Lava- Jato com as informações tinha. “Moro: soou como 'ameaça' Palocci ter dito que podia ajudar a Lava Jato” (G1 26/06/17) link INSIGHT CORPORATIVO
  • 36. 36
  • 37. 37 A força das “NOVAS” INSTITUIÇÕES ▪ Fazer o certo independentemente do lado. ▪ Perigo de tomar partido (violação de uma das “regras do poder”). ▪ Empresa integra só se relaciona com empresa integra. ▪ Em depoimento para a Lava-jato Lula diz: “Só quero dizer que há uma caça às bruxas e, então, eu fiquei muito preocupado com a delação do Palocci porque ele poderia ter falado eu fiz isso ou aquilo de errado... Ele espertamente disse 'não é que sou santo' e pau no Lula.” ▪ Embora tenha acusado Palocci de mentir, Lula também o elogiara, destacando seu o trabalho no comando da economia brasileira de 2003 a 2005. ▪ O ex-presidente ainda completou que “o Brasil deve ao Palocci”, mas que ele se prestou a um serviço pequeno ao inventar inverdades para tentar incrimina- lo. “Lula diz que ficou preocupado com delação de Palocci” (O Globo 13/09/17) link INSIGHT CORPORATIVO
  • 38. 38
  • 39. 39 Existe MATERIALIDADE? ▪ As definições de materialidade devem ser flexíveis? ▪ A soma das partes em um esquema de fraude / corrupção podem trazer a materialidade necessária para o inicio da investigação. ▪ Perigo da “aversão ao sistema bancário”! ▪ Em operação da polícia federal (deflagrada em setembro de 2017) foram apreendidos R$ 51 milhões no local onde seria o “bunker” do ex-ministro Geddel Vieira Lima. ▪ A defesa do ex-ministro afirmou ao STF (em 2018) que o montante encontrado decorre da “simples guarda de valores em espécie”. ▪ Ainda de acordo com a defesa, Geddel e seus familiares (que também foram envolvidos na investigação) não podem ser acusados dos crimes (de lavagem de dinheiro e associação criminosa) porque a denúncia apresentada está baseada em uma “verdadeira teia de ilações e suposições”. “Acabou a contagem: R$ 51 milhões no bunker de Geddel” (Estadão 06/09/17) link INSIGHT CORPORATIVO
  • 40. 40
  • 41. 42 Novo CONTROLE ou novo modus operandi? ▪ Perigo de criar mudanças de políticas para dar nova roupagem às operações, sem de fato endereçar as questões problemáticas. ▪ Ponto de auditoria atendido, mas as ações tiveram efetividade se olhado o issue originalmente identificado? ▪ Aperfeiçoamento dos mecanismos de integridade. ▪ Com uma manobra por parte dos senadores, o plenário aprovou em outubro de 2017 o projeto de lei da reforma política que regulamenta o fundo público de financiamento de campanhas eleitorais, estimado em R$ 1,7 bilhão para as eleições de 2018. ▪ A ideia é que o “fundão” funcione apenas em ano eleitoral, e que o dinheiro venha de uma porcentagem fixa: 0,5% da receita corrente dos últimos doze meses. ▪ Com o fim das doações privadas, algum financiamento público passa a ser necessário e especialistas consideram esse investimento como “o custo da democracia”. “Senado faz manobra e regulamenta fundão eleitoral de R$ 1,7 bi” (UOL 05/10/17) link INSIGHT CORPORATIVO