1. A Europa sofreu um declínio após a Primeira Guerra Mundial, com novas fronteiras dividindo os Estados e interrompendo circuitos econômicos.
2. Os países europeus ficaram altamente endividados com os EUA para financiar a guerra e sofreram inflação, enquanto os EUA se tornaram a principal potência econômica.
3. A década de 1920 trouxe algum crescimento industrial para países selecionados, mas problemas como desemprego e nacionalismo protecionista permaneceram.
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
Declínio da Europa pós-WWI
1. 1. AS TRANSFORMAÇÕES DAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX
A primeira constatação sobre este período é a do declínio da Europa.
Depois da guerra, a Europa, ficou dividida em múltiplos Estados com novas
fronteiras, rompendo-se os circuitos económicos tradicionais.
FIMDA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1918)
ACORDOS DE PAZ
EFEITOS POLÍTICOS
Nova geografia
política
- Desaparecimento
dos impérios
autocráticos
- NovosEstados-
Nação na Europa e
no MédioOriente
- Reajustes
territoriais
- Extensãodos
regimes
republicanose das
democracias
parlamentares
Nova ordem
internacional
- Humilhaçãodos
vencidos
- Insatisfaçãode
algunsvencedores
-Dificuldadesna
aplicaçãodo
princípiodas
nacionalidades
- Pretensões
hegemónicasda
França
- Isolacionismodos
EUA
- IneficáciadaSDN
EFEITOS ECONÓMICOS
Declínioda Europa
- Elevadasperdas
demográficas
-Baixaprodução
- Balançacomercial
deficitária
- Endividamento
- Inflação
- Busca da
estabilidade
monetária
Ascensãodos EUA
- Perdas
demográficas
mínimas
- Ausênciade
destruições
- CredoresdaEuropa
- Progressosdo
taylorismoe
concentraçãode
empresas
- Elevados
empréstimosà
Europa
Sensaçãode um conflitonãoresolvido - “Era da prosperidade”
- DependênciadaEuropaem relaçãoaos EUA
2. Exemplos:
A desagregação do Império Austro-Húngaro deu origem a novos países,
pelo que o carvão da Boémia e da Morávia já não era enviado para
Viena, uma vez que os eixos ferroviários de escoamento pertenciam
agora à Polónia. Assim as indústrias vienenses de transformação
tiveram que reduzir as suas atividades.
No espaço do Império Alemão, metade das minas de zinco da Alta
Silésia ficaram na Alemanha, enquanto as unidades de transformação
estavam agora em território polaco.
A segunda constatação é a do endividamento da Europa. Para financiar a
guerra, os países beligerantes tiveram que recorrer à inflação, com o aumento
das notas em circulação e contrair empréstimos astronómicos, gastando
assim parte importante das suas reservas de ouro. A maior parte destas
reservas foram transferidas para o seu principal credor, os EUA.
A inflação minou as moedas europeias e, em 1919, é abandonado o sistema
padrão-ouro e as trocas internacionais sofrem uma quebra. O dólar é, nesta
altura, a única moeda que mantém a sua paridade com o ouro como antes da
guerra. Com uma moeda forte, exportam capitais, através dos investimentos. O
equilíbrio capitalista rompeu-se a favor dos EUA.
A partir de 1918, os problemas monetários dominam a economia da Europa e
assumem duas formas opostas: a inflação e a deflação. O seu declínio reflete-
se também ao nível da indústria e do comércio – as exportações europeias,
durante este período, diminuíram drasticamente, no contexto da economia
mundial (antes da Guerra, 55 a 60%; depois, 20%).
As necessidades de reconstrução europeia fazem aumentar a procura de
matérias-primas e de equipamentos. A enorme procura de bens de consumo
estimula a atividade económica de novos países cujas capacidades de
produção não foram afetadas pela guerra e “aproveitam-se” da fraqueza da
Europa (EUA, Japão, Canadá, Brasil e Argentina).
Entretanto, países como a França e a Alemanha, reconvertem as suas
indústrias de guerra (ex: da BOSCH). Para o financiamento necessário recorre-
se ao crédito, sobretudo, americano. Em 1921, os EUA, que querem manter
estáveis internamente os seus preços, aumentam a taxa de juros, o que torna o
crédito mais caro. Isso tem consequências imediatas na Europa, que compra
mercadorias americanas com dinheiro emprestado pelos próprios EUA. Assim,
diminuem as importações, uma vez que, na Europa, para além da diminuição
dos créditos, há desvalorização das moedas. Os países europeus deixam
simplesmente de poder comprar.
3. A par com esta política deflacionista, os EUA adotam uma política protecionista
para proteger o seu mercado interno. A crise do crédito americano estende-se
a todo o mundo, sobretudo nos países exportadores. A produção diminui,
aumenta o desemprego e baixam os preços.
O aumento da produção agrícola exigida pela guerra e a consequente baixa de
preços dos produtos faz aumentar os stocks. Mudam os hábitos de consumo,
compram-se menos géneros alimentícios, sobretudo pão. Enquanto os preços
agrícolas baixam, os agricultores têm de comprar os produtos manufaturados
mais caros. Isto conduz ao endividamento progressivo dos agricultores que,
nalguns casos, têm de hipotecar as suas terras e, na maior parte das vezes,
não têm condições de pagar. Os anos 20 tornaram-se anos de êxodo rural.
Deste modo, os agricultores vão engrossar o nº de desempregados.
Os EUA com as barreiras aduaneiras protecionistas que tentam reduzir as suas
importações, tem consequências: os países europeus não vendendo no
mercado americano não recebem os dólares necessários para poderem
comprar, por sua vez, os produtos americanos. A solução passa pelos
empréstimos americanos, para que os outros países lhes possam comprar a
sua produção. De facto, com a implantação do fluxo triangular para a Europa,
os EUA conseguem relançar os seus circuitos comerciais.
FLUXO TRIANGULAR DOS CRÉDITOS
França
Reino Unido Alemanha
ANOS VINTE = Prosperidade
Os países industrializados lançam-se num movimento de crescimento
explorando inovações industriais, tais como a eletricidade e o petróleo. A
eletricidade substitui o gás na iluminação e no aquecimento; o carvão, nas
máquinas a vapor e nas fábricas, apesar de este continuar a ser a fonte de
energia essencial; o petróleo é aplicado nos motores de automóveis e dos
aviões. Há, pois, um crescimento no sector dos transportes. As diversas
indústrias, desde a indústria química, que investe no fabrico de pneus ou de
Estados
Unidos
Capitais
Reparaçõesde
guerra
Dívidas
4. betume para as novas estradas, até à produção de fibras para vestuário,
produtos farmacêuticos, fotográficos e adubos, enquanto aparecem novas
indústrias.
O desenvolvimento industrial (novas indústrias, concentração de empresas,
standardização, taylorismo, diminuição dos preços) não consegue suprir o
problema do desemprego, resultante das políticas económicas, da
mecanização crescente e da contração dos mercados.
Outro grave problema é o espírito nacionalista que se manifesta no
protecionismo económico – fortes barreiras alfandegárias – travam o
desenvolvimento do comércio e da indústria a nível mundial.
Outro aspeto negativo é uma inflação descontrolada que, em alguns países
(Europa Central), paralisa toda a economia e subverte toda a sociedade –
perante a bancarrota e a desvalorização da moeda, os donos de bens
mobiliários começaram a investir em valores seguros, como peças de ouro ou
obras de arte ou exportaram os seus capitais para o estrangeiro, para países
de moeda forte.
Inicia-se assim a especulação internacional, com movimentos incontroláveis
dos capitais flutuantes. A partir de 1928, os lucros elevados na Bolsa de Nova
Iorque atraem estes capitais flutuantes.